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MUNZEL Mark Notas Preliminares Sobre Os Kabori Maku Entre o Rio Negro e o Japura

Date post: 20-Dec-2015
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etnologia maku
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NOTAS PRELIMINARES SCBRE OS KABORf (MAKO ENTRE 0 RIO NEGRO E 0 JAPURA) HABITAT Mark Miinul (Frobtnlu l_ In,litut, Frankfort am Main) Alt o Un.iuxi, .n. dir. do mMio Rio Negro. A",sso flmi.l a I""t;r de Tapuruquar.: cC"" t. do: 3 di .. <Ill mo to r' ote . primoir. cos .. Kabor;. A< esso a partir do J.p url.: .ubindo 0 BoJ. _BoJ., depot. d. um tamlnbo de urn •• bon . pelo mato ate um ig ... pe na cabt«ira do U ... ;uJi. En! .. " d<o<mbocadura do Uneiuxi 0 .. primo ;r. a. ... Kabo'l, c<r<a de 80 !><MOos, con ",ntr aw perto da fo •. OUimo Ur<;o do CIImlnbo &:sabibdo. Dificuldades de acesso. islo i, a di stflncia das vias de comunica .. ao po- dem explicar a fraca dens id ade demogclfica, significam maior dificuldade na aquisi .. oo de mercadorias: Kabor! mais pr6ximos de Tapuruquara ainda mntam duas semanas para dcscer a este lug:1r em canoa a remo, vender produtos ali e voltar is suas terras . 0 C USIO elevado que urn transporle motorizado para cobrir lais disti'incias represenla para as empresas pouco endinhc;radas de subcentros corncrdais cnmo Tapuruquara, e 0 numero reduzido tanto de e ve ntuais ronsumidores de produtos manufaturados como de para os seringais diminuem 0 estimu'o para visitar a alto Uneiuxi, que destarle nao cbega a funcionar como via de rra.fego comercial, embora pa ra indios e caboclos nas suas canoas a remo sirva de caminoo de tri'insito individual entre as areas do Solimoes e do Rio Negro . Os Kabori prefcrem denominar-se "brasilciros de Unciuxi" 01,1 "ca- boclos do mato" (aqui, "caboclos" = "noobrasileirQ.\"; "mato', marca a de outros neobras ilei ros mais inte-grados, i . e, mais ligados aos centros urbanos). Usam ainda autodenomina<;Oes, mas ofendem·se quan· do estas lbes dadas por estranhos. Esta atitude ambivaiente parente ia <l dificil emotional dos Kabori em face, pa r urn lado. do desprho generalizado por parte dos regionais, que os rc jeitam, e,- por outro, da necessidadc economica de Reoonhecendo·se membros da so- ciedade nadonal, cujas autoridades ac eitarn, c negando a sua pr6pria iden-
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Page 1: MUNZEL Mark Notas Preliminares Sobre Os Kabori Maku Entre o Rio Negro e o Japura

NOTAS PRELIMINARES SCBRE OS KABORf (MAKO ENTRE 0

RIO NEGRO E 0 JAPURA)

HABITAT

Mark Miinul (Frobtnlul_In,litut, Frankfort am Main)

Alto Un.iuxi, .n. dir. do mMio Rio Negro . A",sso flmi.l a I""t;r de Tapuruquar.: cC""t. do: 3 di .. <Ill <lno~ . moto r' ote . primoir. cos .. Kabor;. A< esso a partir do J.purl.: .ubindo 0 BoJ._BoJ., depot. d. um tamlnbo de urn • • bon. pelo mato ate um ig ... pe na cabt«ira do U ... ;uJi.

En! .. " d<o<mbocadura do Uneiuxi 0 .. primo;r. a. ... Kabo'l, c<r<a de 80 !><MOos, con",ntraw perto da fo •. OUimo Ur<;o do CIImlnbo &:sabibdo.

Dificuldades de acesso. islo i, a distflncia das vias de comunica .. ao po­dem explicar a fraca densidade demogclfica, significam maior dificuldade na aquisi .. oo de mercadorias: Kabor! mais pr6ximos de Tapuruquara ainda mntam duas semanas para dcscer a este lug:1r em canoa a remo, vender produtos ali e voltar is suas terras . 0 CUSIO elevado que urn transporle motorizado para cobrir lais disti'incias represenla para as empresas pouco endinhc;radas de subcentros corncrdais cnmo Tapuruquara, e 0 numero reduzido tanto de eventuais ronsumidores de produtos manufaturados como de bra~os para os seringais diminuem 0 estimu'o para visitar a alto Uneiuxi , que destarle nao cbega a funcionar como via de rra.fego comercial, embora para indios e caboclos nas suas canoas a remo sirva de caminoo de tri'insito individual entre as areas do Solimoes e do Rio Negro .

Os Kabori prefcrem denominar-se "brasilciros de Unciuxi" 01,1 "ca­boclos do mato" (aqui, "caboclos" = "noobrasileirQ.\"; "mato', marca a distin~ao de outros neobrasilei ros mais inte-grados, i . e, mais ligados aos centros urbanos). Usam ainda autodenomina<;Oes, mas ofendem·se quan· do estas lbes s~o dadas por estranhos. Esta at itude ambivaiente parenteia <l dificil situa~ao emotional dos Kabori em face, par urn lado. do desprho generalizado por parte dos regionais, que os rcjeitam, e,- por outro, da necessidadc economica de intcgrn~1io. Reoonhecendo·se membros da so­ciedade nadonal, cujas autoridades aceitarn, c negando a sua pr6pria iden-

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'" lidade ~tnica .trav~s da denominal;ao, 0$ Kabor~ entretanto. nlio JC abst~m de pronunciar os termos "brasilciros" c "cabocJos" de maneira a deixar daro que n~o se considerarn como tais".

Kaborl: "Homem" na Ilngua dos Kabor!. que ainda b VClU se cha­mam assim . Oe5igna<;lio tambl!m prefend. pc:lO$ regiollilis, parcee-me justo uSli-la para os Maku do Uneiuxi romo grupo aU16nomo .

p.,., ... do BoIo , 8 0i, SdI~!1J ( 1'59: 111 ) eta " ltaboriM <_0 otD6nl.o .pIic"cSo pc-100 .....torasileir<oo, nlo como outocltnomill&(io. 0 n_ .. uoa puo virlet .... 01 ... ] ... ontipno",t. 1«ad0i pOT Makit, oem 'fIIC • ot ...... r .. ....un' ptnIIita 1~1cuar ...... tutidio u r<l.~lIn : C.buri, .n. c!i. _ do Rio Nte.o (SpiI. N .. t i", lUI: DI.po l; Marti ... 1861 ,561; Coud ..... u IN' : Alias: pr o IV) _ Cau, k (USAF (966 ). CIII, lMIn, .n • .,qu. do R. Nevo (USAF 1966) ~ C. habwi (SplJ._N lrllus IIl I: mapa; C""drn.u lUI: Alta. : pr o IV; Koo:h-G,Qnbe" 1909·10: I: p. IV). C. b .. bi, a.bt<oi .. do Uneiu li {SpiJ:­. Mart;". 11l1 : m .... l . I",ropi Copaulry. an . QqU . do Cantu""n (Kocll_Crilnbt/"l 1_11:20.; 1<K19 10: I: p . IV; II : lU. l14) . lC"o~ Cabo".. ofl . tsqu . do nquu (iM.) • Cabon (Bril .. t 1961:56) . Ip .. "" Cobori., an . dif . do "J\qu~ (B.iiui 1962: I'-apo.). Rio Capuri (SpU.Martl", 11ll1: ..... ; B, lltd 1961 :11 ) _ Popun . No Ria n.,..... - !t.bor!- pOdo dnirnar .,. Vuolm •• ...,.. ....... <e ... do c. ... bu.ri (p . .... . Bodd.ke 1951:10 •. ) . Anot ....... q ....... ok . II "Cabcri" podia t .. 0 Kotldo do "met­~o do oosroo c Indios" (Bo"ide 1960: 1l9).

MaJr.u : £ a denom;na~o gtral mais pnitita para 0 bloco Iingii!sl ico integrado pc:los Kaborl. por ser a mais freqllente na Iiteratura etnogrMica. cmbora rej.ei ladn pe ~a maioria dos que a r«:ebcm. Os regionais apUcamona a diversos v upos indfgc nas de linguas e culluras diferenles (p. ex . Wil6to. d . Koch-Grunberg 19109110: II : 302; Vanoima. d . Nimuendaju 1950: 172) que lim em comum nlio pal1icipatcm plenilmente da cullura indfgena dominanle e soiurem discrimin~io da parte dos oulros Indios da :hea. que os ronsfderam mais primitivos, "bithos do mato", "indios brabos" etc .o. Os anim chamados proj.etam 0 mesmo nome s6bre vwnhos linda mais desprezados . Os MakU por nm visilados usam C"xpreuOes como "(j­Iho de Maku", "india Maku·· como insultos . Definindo como segue suas difere n~as dos Tukuna e de oulros indios do SolimOes. que se vio intro­duzindo na regioo como imivantcs nem scmpre bcm-vistos. chamam-nos por seu lado "Mak6" .

" M.1ui p : p _ pod;. ; .-.10. quando q ........... UIDO wba, ... din, ... . Hol<6 .-I 1010 • pn. ""'Ie ; 11M .. bnaos lola< porl~ e bnIII (DbecapI6). Malt6 CO_ tolD .. ID1ot ; ..0. .. btmos com.' COal colbtr. EI< . .. .

Esta crlticil assemtlha-se no!lvelmente ~s que aos proprios criticos aplicam os vizinhos mais a jusante . Na reaHdade. os indigenas vindos do SolimOes, ja ti m mail tra~os da cjvmza~io brasi!eira do que os Kaborf. falando. inclus ive. urn porlugub mais correlO. Nao ~. pais. s6 0 nome "Maku". mas todo urn conceito de indio nio integrado que se projeta como au todefesa inconsciente .

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NOla. pr.lim'nar .. wbro "" Kabori '" Orto grupo do alto Uneiuxi, os "Kabori de R~ada", mencionados

mais adiante se autodenomina "Maku", 0 unieo neste rio a man;[esta r C'rgulho em vez de vcrgonha de ser "indio", e 0 menos aculturado e 0 que por mais tempo soube manter sua independencia ,

Tambem os Maku do Boa-Boa "afirmavam ser este 0 nome de sua [ribo" (SchUltz 1959: I II ). Pareee, assim, exeluida a hip6tese de se tra­tar de nome originariamente dcprcciativo. Talvez tenha adquirido 0 sentido atual, humilhante, ao alingirem os Maku uma dependencia eada vel maior e muitas v8zcs humi:hante com rela<;iio a seus vizinhos, continuando a ser honrado onde se eonserva 1 antiga liberdade.

Kama: Termo poueo usado as v~les desconhccido pelos regionais, ser­ve aos Kaborl mais raramenle como autodetermina<;au c com maior fre­qiiencia, para des ignar grupas Maku fora da rcgiao do Unciuxi.

G.lvao (I959:1J) indi<a "KIm .. " po .. o. Mak" d •• pro.imid. do. do Uaup<. 'Iuo 0 mapa do MaJch . r (l96t) chama "Kam. " . Em < .. Ia aO . uto,,' N.w Tn"" Mi"";on do Mantu. comunie> qu, 0, M.koi do , It<> Curicuriar, oe aulod,nomin'm "Kama".

De outros nomes para os Maku entre Rio Negro e Japur:i.., s6 en­cuntramos urn em uso no Uneiuxi:

Nad6b: "Gente" na lingua dOl KaboT!; designa<;ao dada por e1cs aos Maku ainda scm contaClO com a sociedade nacional.

Nau.n, (dano inidito). DPtod Koeh-G,iinh,,, (l905a:S81) oncont'ou <m 18ll 0' Mok" _ "AnMoub" no TIa, <uj~ nom~ Koch_G,iinb<tl (ibtf., nola 1) ,dadona a pa­lovn ~y,hllh" a "gont<" do. Max" do Tiqui<. No didoml.,io Ii< Giacone (lingua M.k1i onl .. 0 Tiqui<' . 0 Papuri) <n<onl,amO. "HliM. 011 iibdo~ "' "Gont,'· (Giaeon. 1955,59) o "HuM, N.h/rn~ .. "lingUA Mak~" (1M., S).

De acardo com Taslevin (1923:107), os Maku do Urubaxi usavam "Nadobo" como autodenomina~iio e no sentido de "gcnte", mudando mais t~rde a pronuncia para "Nadopa" com 0 fim de se distinguirem dos Maku h05tis a sociedade nadonal. Consideraodo os problemas psieo16gicos pro­vocados por discrimina.;;iio, nao scria impossivcl tal autonega<;;iio, que, alias, eorresponderia a evolu<;iio acima Ira<;;ada do nome "Maku". Suponho que tambtm entre os Kabori 0 desejo de se dislinguirem dos Maku "brabo$" tenha sido cstimulo para uma mudan<;;a de nome; pois pareee eslranho cha­marem "gcnte" a indios com que ncgam !ravar contactos (quando nao con­cedem 0 titulo nem aos outros indigenas, nem aos neobrasi~eiros) e evita­rem chamar de "gente" a 5i pr6prios, ao contclrio do uso corrente entre lantos outros indigenas.

Ve-se a inlima liga<;ao entre 0 problema his t6rico da posi<;~o ;nferior e conseqiiente diserimina<;iio dos Maku, de urn lado, c a questao dos etn6-nimos Matu. eonfusos e vari:i.veis, de outro. A inseguran<;;~ psicu16gica do:; Maku em rcla<;ao aos seus vizinhos eorresponde a inseguran<;;a na denomi-

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"" Mark MUI!Ul

na~10 . Em Vel de se al'irmllf, s6 se esforo;:am por projetar a dhcriminao;:iio s6bre QuIrOS de situao;:iio semelhante. Scm uma caracterizao;:ii.o geraJ do em­bate intersociel:irio que liga os Maku aqueles que os denominam com desprelo, nao sera posslve! esclarecer 0 3ssunto dos nomes tribais, faceta de urn lodo mais amplo .

SITIOS E GRUPOS NO ALTO UNE!UXI

S/nos 0. . iti". na .... U.ocia do rio aha;"o par. rio arimo:

1";"'G~"'A: 18 POOOO" 0'" mal"" •. LuSH onde vi"om" • . A,,,,,,,, A urn. hora d. Primav .... Uma CUI. C<>m 20 O<\IjXInte., .. m. cuinha prov;""ia pol .. 8 pto.l<>&S que d"n­rom Primave,a. SiQ l'.dro: a um dia de Primov..-. ; Wu d. JQ Koborl em 1 (Ui'i 2 famm .. d. oril;em TuUM do Sollmo.. em .. ncbloho •. Out.o .It;o nUm is~"pO afluent. do Un.jui, • uma hora de 5io Pedro: 1 taU, ~". d, LO p<W>U. Ro~: a dois dlu d. Primavnl, <m;>. de 60 Kobo.l em 2 m"lGUs • vUio. ra"cbiob ... ; 20 pnso .. (MalW do 1.puri < Indios d. eooa do Solim6to) que alnda nio .. fixaram definitivamtnte aU .

Aldtitz N~diib: c~rea de 4 di .. de R<><;ada no rlo.inho Natal, um. d .. eabe<:ei,.., do Uneiu:U. Urn. each""'r. delimila 00 territ6riOo aoesslvol sem perigo de ala'!." Nadlib. SegundOo inlorm.~;; .. de abGdD' de Tapunlquar •. 00 ~rup<> .. ria numero"" "un, mil". A. medilla que nos ap'Oolimavarnos da . !doIa, dimi"ula 00 .. ume.o indicado .

A palavra "a'deia" niio se apHea a lodos 0$ agrupameuros KabOrL Os meoores se rcduzem a vma uniea malaca . No caso dos maiores, os pe­quenos ranchns iudividuais impedem-n05 de fa!ar em "ma!ocas", mas lam­bt!m Ihes lalta a unidade de grupo que 0 lermo "aldeia" implica: os peque­nns ranehos s~o habiladas por pc"ssoas de origem eslranha que nao se in­legram no grupo da casa ao lado. Parcee mais simples seguir 0 costume local usando 0 lermo "silio". Mas deve-se Dotar que niio se trata de sitins do tipo neobrasileiro ( resid~nc;a isolada de famna nuclear). Num sitio Kabori mora, alem dos eventuais est ranhos, urn grupo local unido por Ja­~os de pal'C'ntesco e com urn chefe local. Os est raohos procedem geralmen­Ie da zona do SolimOes . A maioria passa pclo Uneiu:d para mais tarde fixar-se no Rio Negro, ficando uma minuTia junto aos Kabori .

GRUPOS

Mill "do T~Ii': ItO !ga .... pf pe.to de SOG Pod.G. F. I. sO diflcibnrnt" entendilia pelO$ Dulr",. bduid". cia o,ganiu~iG poUtia dot de!nals do Unoiu:d. Cbogados dD RiD Nqro U UrIS san"', G"de . ind. tbn parent .. na ilba do Talali. £Sl .. "Itim'" tencionam junlar.:Ie a", par<nt .. , continuando ..... im um movlmonto MaU quo :Ie al"'a do RIo Nq.o. 0. av6. das otuai. crian~ .. cb<8uam do Cul.rl (Irobl.; .... colombi.no).

t; esle urn eXCrnp!O das migra~Oes Maku s6bre grandes distandas. Urn homem deste grupo contou (convincente pelos conhecimentos geogni­lieos que dcltl(lnstrou) tcr visitado parcn!cs no Cuiari; como alguns destes

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NOla. preiirninares 56b,c os Kabo,' '" j:\. nao se encontrassem ali, seguiu-os ate cntrar em tcrrit6rio venezuela no, oode eles lhe fa!aram de viagens na Venezuela e de OUlros parenles nas favelas de Caracas.

Em relar;ao aos outros Maku do Uneiuxi este grupo mostra a Hpica ambivaleneia: distaneiando-se dO'; "pobres Kabon daqui", aecnma ainda assim 1) parenlesco dc lingua e costumes. Schaden analisou como as re­la¢>es de subord ;na~ a1) com repreScnlan!eS da sociedade nadonal induzem o indigena a primeiro lenlne eorrcsponder ao modelo ideal neobrasileiro, para depois, urna vilz rrustrado oeste esf6~0, exacerbar e!emenlos de sua eultura lribal ~. Em nosso caw, 35 dua. fas es se fundem talvez em uma, ambivalente, sendo a dislin~iio de outros Maku urn esf6~ de se aproximar do branco, contrabalan~ado por urna afirma~io .b vilzes violenta de iden­tidade M;!tu . A dife ren~a dos casos dcscritos por Schaden, aqui a ambi­valencia se exprime nr.o tanto com rcla~ ~o ao pr6prio grupo, mas antes a outros grupos Maku, menos aculturados.

Nadiib: Veja_", copitulo . , pori.1. Kobo.; d. Ro<;od4' • ", .. ",a lingua d", out,o. K..aborl, oOm dif.·u('" minim~ •. Fe.l", co",un. , .. nli",."lo de uniio. Ai.d • • uim, fi_ earn . !go ;I. rn. l"ll .... da unidade ; n;'o ,eocnh,«rn ° capilio .«ilo ~Ios outro.; .. 0 os m.us .0tigOI na rqiio; pri",.;,. fa.., do. <ont. c'o. maio I.rd,. Koborl. de p,,,,,.,,tTa, llpU" S. P<r!,o: I.ma principol dO. l. Ir.b.lho; ,erio I,,!ado. ",.is p",rn. no:iudo",..,t •.

LlTERATURA ETNOGRIfFICA

o gTUpo espccia.! em questiio ainda nao foi abordado na litcratura, enquanto a presen~a Mal.:u em geral entre 0 Japur:\. e 0 medio Rio Negro j:\. se aeha documentada na bibliografia do sCculo pas~ado, que em parle ta:vez ainda indique antiga eX!enS30 para mais ao Jeslc, ate afiuentes do baixo Rio Negro .

Em 1820, Mor,iu. <olh.u inform ... ab" o. Maku no J&j>urlo, romo no. rio. "C.u.bu.i, p.dauarl, Drub •• i; M .. ,. c Coriuriay" (t367:547); pel>. l6gica da seqUencia da <itao;io, ... que pa' KO d ..... I oe.", "CauaburiH p.rec. ",r, no c...,." 0 rio ,.mbern ch.",.do por M .. tiu. <k "Cabori" (ibd. 561, 6J(1) _ Cou,e., .11. do b.ho Rio N<g'o. Em 1531 N. tl, .. , .ncontrou M.k(; no TO. < no Ij. (an . do Mati<; Kod>-Grunbel"ll 19061.:881). Enl ... IM8. 1851, w.n.« (!S89:J4J • . ) tomou co"nh«i",en,o d. 10C3liza~io d. Maku n .. "mat1J • or"" no. pro, I"'idade do. riM M.de, Curl,uria;, • D,ubui·' . E", 185 I Herndon ouvlu fala r fm ~MaC\l'" no Japuri (1853:253) • tm ~Ma,gu" (dcscritos como os M. ku de oulra. lont .. ) .nt .. o. ,ios Cuiuni, D,ub .. , • Japuri (ibd. 1190 . ). Em IS5] Sprue< ttv. notlei .. do Maku " .... qua .. tada • ext"" •• o do Rio N<\:'o" ( 1908:344) e .nl,. 0 Rio Nq,o. 0 J.pu,i, de and. "",tum"Vam droe<r GIl ,mo de Maora .... (Ibd . 417). Cou­d"au (1 887:11: 161, 163) focali .. .,. M,kol DU"" ";men ... ttWuh, n. ma"'m di"i!> do Rio Negro < do V . ....... dos orredor .. d. Manaus at. os Andes" .

Sendo dificil provar que se Irata de Maku em lodos os casas (uma vez que os viajantes nao nos deixaram vocabuhlf'osl. nad3 impede que se le­vanlem teses conlrarias. Tamb6m a hip6lese de Biocca, de que os Maku

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'" Mark MUnul

"brabos" ou "Guariba", entre 0 Rio Negro C 0 Japuni, sedam Yanoama", nao ~ de canller a seT negada por provas contnhias, visto que indios "bra­bas" sao, por dcfini<;~o, dificeis de estudar. 0 certo e que os Maku al6 agora lingiiil;licamenle estudados nesta zona pertenccm de fain ao Broco Maku, p. ex. os do Boa-Boa', an tigamrnle considerados "braoos" por mOo fadores da rcgiiio8, indicada cxatamente como parte do rroulo dos Guaribal •

Loukotka afinna 0 parenlesco lingiiistioo entre os Maku "braOOs" entre 0 Rio Negro C 0 lapud em geral, e os "mansos" estudados (XIf Koch-Griin­berg'· . Tastevin, em quem Biocca ap6ia sua hip6tese, aeenlua a rilia<;iio autenlicamentc Maku dos Guariba" , Nimuendaju, que ja notou bern a confusao de nomes e a diferen~a entre Makli e "Xiriami e Uaica", aeeotua que 0 Rio Negro constitui 0 limite. vivendo os Maku ao sui e os Yanoama ao norte".

As caracterfsticas dos Maku, de acordo com as fontes eompulsadas, sao bastante uniformes, fazendo supor que se trata sempre de indios do mesmo povo OU, pelo menos, de ambito cultural homogeneo: sao ca .. ado­res oomades e selvagens'", que se alimentam nfio s6 de came, mas tam­bern muito de frutos do mato"; nao possuem casas", nem ro.;as", nem boas canoas!T; usam tapiris18, dormem sobre f6lhas de palmeiras (esteiras)'", de vez ern quando em r&les provis6rias de cip620; sao especiaJistas no fabrico de urn veneno para as [Iechas (prov3ve1mente 0 curare)!'; segundo Martius, sao antr0p6fagos; nao usam man::a de tribo no corpon . Tipo fis;co: tra­.. os que fazcm pcnsar em influencia europt:ia'", cabelos um lanto (lndulados (Mart ius julga ter havido mesti,.agem com negros)".

Antes de submeter as dcscri .. Oes a aprecia .. iio crilica, dcvemos escla­re~r 0 quadro 110 qual viveram os indios descritns . As fontes fazem supor urn contacto relativameote antigo dos neobrasileiros com a zona atua[ ou antigamente habitada por Maku entre 0 Rio Negro e 0 Japur:i .

] ! Marti"., em 1310, ttv~ a Informatio de que 00 rioo Un.iuri • Urubari .. am os camioboo mol. u .. dos !>tlo. brane"" que qu.i . ..... m ir do Rio N.".o ao ]apuri ($pix _ _ Martlu. 1831:111:1283) , trlruito it <onh. cido . 0 tempo de Condamin. ( 1745, In ... ) que <ita, no <ontedo, 0 .. latori" do P.dre Friu, de 1681, com noticia> de urn SIIl>"'to (omercio de ouro com os portu~u~" pelo m..."o caminho (wi. 9tI .. . ).

No quadro de'ineado _ contactns corn a regiiio ja h.i certo tempo e a antiga extend.o Mal::U ate mais perro das localidades brasilciras do baixo R io Negro - integram-se nolleias do secu[o XIX !obre contactos intensns entre Maku e brasileiros. Ouvimns fal3r de Makii "dcscidos" e "amansadOll",

Segundo Martiu., bou,·. Maku intqrodo. om lugar .. brui!eiros do medio Rio Nqt<> _ <til N. S. d .. Cald .. (no marg"'" .... u. , entr. T'pu,uquaro < 0 rio Cauaburi) e Santo Antonio do Ca.tonbei,o (no marJl'm direi .. , entre Loreto. S. J. N . de CamuodO, SpU _Marti". 1831:"', 130.), e om ,eral aldeados "c! e 0.<:011 no Rio Nqro" (Martiu. 1867:474, not.). S.....,do BtUtzi, bavia Ji 00 ok. XVIII Mal", aldeado. tm Santo babel

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Nota. prdiminareo wbre 0$ Kabar; 143

(Topuruqu.ta ; Rruui 1961:1. ). " .. m..",o perlodo. tambCm j:i <ram d....:ido. no baixo J.purl. _ tm S. A. d. M.ripi (porto de M .... t; Spix.Matliu. 18JI:IIL1 201, Doto, .... gundo Rib<ito).

Em principios do sCculo XIX, os Maku do Japura sfo citados entre os indios especiaJizados na ca.,a aos e~cravos para venda aos comerciantes:\ i. e, cujas atividades se modific~r~m profundamente por causa desse con­tacto. Herndon explica a vida nomade e gl,lcrrcira dos Maku como rcsul ta­do das ca~as de escravos de que foram vrtimas". No sa:ulo XX, Tastevin menciona Maku "brabos" e suposmmente "scm contacto", que falavam urn pouco de portugues e usavam instrumento de ferro e f6sforos"'. Koch­-Grunberg frisa 0 primitivismo Maku, mas nem por isso omite a mcno;ao de conlaCIOS, atraves do com~rcio e do trabalho, com os neobrasi!eiros,ij.

Chando os Maku do Curicuriari como e:'tcmp'o dos Maku primitivos, indica ao mesmo tempo que os indios do Curicuriari seriam em parte reli­Tal'l/es dQ col'l/acto /6 eSl(1belecido com 0 mundo d051 bTIJt!COS, (lOrn cerlOS contactos ainda persislind02".

A culmra Maku pode, pois, ter 9Ofrido mudan~as ret:entes que lor­nam problcmalica a hip6tesc de cultura cspecialmentc "primitiva". Martius, falando de indios ca .. adores de escravos, entre os quais os Maku, salienta a foro;a do impacto de contaclos recentcs:

"At" ' 0' bondo< moi, distant .. 0 .. t.-allon. 0 ,·agalbii .. do <om!>.io ouropeu >e .. -

t<nd.u . .. M ... produo;io •• rol.t. d ... u .. m.,cadGri .. (do. {n~ios} i pono .. , na ir<>eO .. 0 compulada, Com valor incrlv<lmoni. baixo, 0 rom .. " br1l1<o ron,id.r. a Obt'D~'" "" bra,o. pa .. lrabalho. "" ""'ravo 0 <omoreio maio IU<rativo ... ,. grand. par. 0 ... Ivagom a t<nta<;io de ir t co,, d. gont. ' . Continua, Iolando do <x<mplo do. Mironba , melbor <0_ nheddo. PO' t ie; "Maio ... Ih<'S .proximO'·om 0. ro10no •. maio .. I~m.nt. (co Indios) ... • nt~avam ~ ~U<T" rom vizinbo. maio padficos 0 a d...:ida "" homcns. POt .. tranh, combina,10 do drrun,tlnd .. orontteo, poi" aqui quo Just.m.nto •• pto.ima,io do dvin_ ... ,10 ouro!"'i. ma"t'm hiO. Indio. na hatMric'"30.

Quailto ao fato est ranho de os Maku "manses" do Rio Negro possui­rem cullura male rial mais primitiva que os "bravos", Metraux procura el­plica-Io pela "decadel)cia em virtudc do contacto com os brancos"" . .£ possivel que uma das causas principalS dcs!a decad~ncia se encontre nas cao;as que devem leT obrigado os Maku a uma vida meoos tranqiiila, quer fOssem etes cao;adores, quer ca~ados. Comparando os processos de dcsen­volvimcnto cultural nas Grandes Planicies da America do Norte e DOS pampas e no Chaco sul-amerlcanos, Galvao analisa 0 incremento das all­vidadcs guerreiras e a pcrda de comple:'tos culturais, como a horticultura, em fun .. iio da crescenle pressao de invasores brancos. Conclui que "a in­trodu~ao do cavalo nao roi 0 fator eXclusivo dessas mudano;:as . Ol,ltras cau­sas que dcrivam dos efeitos cumula!ivos do contaclo e pressao das frentes colonizadoras . .. t~m que ser tomadas em considerao;ao no procesoo"".

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'" Mark MUru:cl

Para 0 caso dos Maku cumpriria ana[isar em maior detalhe urn eventual processo paralelo, embora nem tao nl.pido, nem de conseqijencias igual· mente imporlantes.

[)evemos encarar tambtm a possibilidade de haverern side transfor­madas pe!a interferencia de preconceitos as informa¢Cs s6bre os Maku, pouco contactados diretamente por etn6grafos . Sem pOf em diivida 0

carliler mais arcaico da cultura Maku em compar~lio com a dos vizinhos, devcmos observar 0 aspecro urn tanto cstereolipado das descri~Ocs e a ea­tranha ooincidencia com a imagem europ~ia do seJvagem brabo e feio.

P .••.• par. K<><b_GrOnbelli. Cfftam.nte um dot Informant .. "'lis "bjdi"", • cu.t.,. slib .. '" Makol, .. u. Idiom ... poosutm "'lIS "anlm.ois, <:Omo !ado " <aliter dbl .. 5ilvicolu do twxo nlv.l" (l906o:S3.l; 1909-10,1:13 ), ... " "Unl"" mnito primltiv •• " (t906b:lSO) eMbor. nio tivr ... podido .. Iudar • faf. Mak':' sonio "'Ullo .upedlciokn.nl~ (0 ponoo quo indqou In .upor .. 1 .... 1 .. """ nio tt1ais prlmlti, .... do quo •• do OUI, .. IlDJII" da rtliio; I9Otia,mss .). Qu,nl" .. o .om, /, '1 .... 110 do ouvido e ,asto; p. 01., '" Mak" .. .;:h ..... '1"0 .. U,,&11>. ThUll" OOa <"tt10 I TiI.,. de bleb.,. (islo lem ba .. na lDilolocia Mak6, e tom·.", indasar at. que ponlo a oplniao de Koch.G runi>«ll noo .. bas:i. lombtrn em eerta ",itofolia). Para Koch.Griinbe'l, os M .. k" PO, . inda, tt1uito lei.,. (i9Otia:UO; 1909-10:11:150), de upre"''' eshipida (1909.10;1:171), de bOca qu . .. em forma de 10-einho, a .. melhan~a d.,. animais (1909.10;1:114, 211); u 101"lrali .. tomad .. pelo p,6. plio Koch ·Griir.b.rg uio deilam rnt,.,· .. um ti5>O bumano especialm.nto frio, ptlo ",en". do ma" frio do que" de oulros indio, rdraladoJ na. m .. ma. <>b,.o (1906_: f"". J.S, d. p. u. co'" 1909· to:i:fip. 60, 119, 1I: figs. S, 181, 191, lOll.

o que Koch.GrUnberg du sM,,~ a cultur. M. k" pO !guaImtnle e<.>nd...&:s basud .. em lal"" que por 01 ..... ",<militiam tambtrn oulras interp«ta\On. Eneontroll urn "n!co at2mpam'nto Mak" (aiiiJ abandonado no maiO; I,piris provi06ri.,. ,Ioi. como OUlros Indios. ate uplorador .. ourope"s "" corutr';'m quando em via~em aprOS$Oda 1>'10 malo. So:m ",ais p,ov .. , Koch. Griinbertl <ltdu. da! quo os Makoi ... iam nam. des ..." casu. Sque .. eOlDI,ar,,~'o COm "0 anim.l f",itiva do tt1ato" < 1909-10: 217) .

Koch -G.Unbcrl pa,eee influenri.do 5>0' inlormo\Oes lo,,,edd .. por indios d. reciio. ABim, lI",a V", dt_ primei,. ind;tI~Oes indige.o, J6bre ruin .. I,n!htie .. 00 mOlo, classilicando..... como "m.nlirai d. Indio 0 ougeros", logo depois reprodu. IndiCII~6H

"'dlge ...... .obr. Makil b,avos 0 n<lmadts, consider."do-.. como 1001. ,Inog,irica in .... • pelto (1909_10:1:170.). Em oul,a. 05>O" .. nidadr .. darea prim';.o 0 quanla um iofor· mantt, MoH _cuJlutado .• ra d. pouca confi.,,~., que<rndo difer.ncia ..... dos oulr.,. Mu:u, para dopois citar como v •• dadeiras ;nditl~oes d.'peitada, dkle IObr • .,. Maku (",d. 1:2U ... , 211). [nquanlo .. ,.rula. om ludo 0 qu. all,ma. 0 primitivismo Maku, lorna· .. c<tico ao ouvlr d. inlonnant .. Indigen .. quo.,. kG .... lu.l.pujo·" do cu.itu,a lllais des<nvolvida, .. ri.m M. ku (1906a:879: 1909_10:n:JIS·JI1). Embo,. dl< iodlcato...obrc Makii S<dentarios, nos r .. um.,. ~Ies l parecem ""1110 namades puros (1909-IO:l:1J8-1906a: 877: 19061>: 179; 1912:160,161). Pal. dt Makoi n6mades.o ritar Tillevin. Rivel, os quai., ,nl .. Unlo, nio .,. <iH<<rVtin romo n6madn (1912 ,262, nota; Ri .... I·T .. tevin 1920: 760$.; TutrviD 1913: 100, IOJ). Ali"". 0 d",onhedm<nlo do lavoura ao me.."o I=po quo mendona 0 ".halho <los Maku n .. !O~ .. de fHOlrks de oul.os 5>OVOI quo nio .. ocupaVUll muilo, fles pr6prios, oom ..... ""' .. (1906&: 577; 19061>: 119; 1909-10:1:23, Z69) .

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'" NAo lograrcmos comprttnder essa alilUde, sem kvar ern «Inta u duas

fonln do sa~r de urn etn6gnr.fo europeu: a !rad~ao cientifica do scu pr6-prio imbilo cu"tural, cas informa¢n indigenas. Urn ante.:ecsor de Koch· GrUnberg, dlado por &ite quando fa la dos Mak('u, Caudreau, sob innuen­cia da anlropologia fiska do seu tempo, que nile se emancipara ainda do cvolucionismo do sCculo XIX, procura dislinguir, entre os indios amazOni­cos, uma "multidiio de ra~a primitiva", mongol6ide, e "conquistadores bran­cos ou semi!as ou hamilas ou kuxitas po"eo numcrosos". Os descendences dos conquistadores seriam os Tupf e Karfu, enquanto dos mongoJ6ides pri­mitivos e conquistados desccnderiam os OUII\)! indlgenas e, em parte, os caboc:os". Notcmos que Coudreau nHo apresenta QUlras provas que 0 aspeclo mais europeu de alguns c rnenos turopcu dt outros Indios, 0 tc­rna da conquista de indios inferiorts por conquistadores superiores ~ reto­made po! Coudreau quando fala dos Mak:u, ''probabJement les vestiges d'unt ancitnnt race aborigtnt redulte tn esclavage par [es uibus conqu6-rantes"u,

Destar!e, os Makli rcccbcm 0 pape[ de "missing link" na piramide evolutionista. Visto que sempre os povos superiores e mais bonitos 000-quistaram c escraviza,ram os inferiores e mais feios, os Mak:e. - de falo C5(:ravizados por oul ros indios - devcm ser inferiores e, para Koch·GrOn· berg, mais ftios. Visto que deve haver, na piramide, uma base de ~nle feia e primiliva, pr6xima dos anima is, os Maku devem comlituir esta base, Considerando sob estc angulo as fontcs clnogrMicas, estes namade! St'm eira nem bel ra nao vern do mato, mas de uma tradi<;ao eu~ia que iA no ~ulo XVI descrevia os TupinambA, mais sedcntarios e lavradores do que muilOS ()I,Il rOS indios. como selvagen! nrantes, "Neste e em inumcros ou­tros casos se observa que a tstrulUra do esttre6l:ipo resiste l J6gica das obstrva~ reais, principa~mente nos a.cus aspectos negativos, qLle castu· mam ser postos em ter!1lO$ mais concrclos c prccl:$os do que os posit'vos''H. A panir do siculo XIX, na :rona do Rio Negro, as descri<;6es ttnognl.fins mais pormcnorizadas de outras tribas co~ram a limitar a pouibilida­de de indigcnas semi-animais., ficando no sicu[o XX quasc exchuiva­mente os Malr;:u ainda pouco descri tos por testcmunhas oculares . Que os "MagLl" de Herndon, p. ex" trcpavam pelas arvores como ma­eaco$", comprecndc-sc a panir do evolucionismo europeu. que pre.­cisava de homens-macacos, e cuio represcntante mais t minente na etnolo­gia, Morgan. julsava que os bondos humanos mais primi livClS vivC$scm nas 'rvorcs. £ congrucllte a reprodu<;lo, por Spix, Martius e Herndon, de atit­ma~ da existentia de Indios corn rabo de macaco".

Mas islo nao txplica por si s6 a atitude de urn cientisla tilo eitieo, pouen evolucionista c em geral tin amigo do indigcna como 0 'oi Koch· _Griinberg. 0 precoDccilo curopeu enconlrou urn a1iado no indigena. Koch·Griinberg alude freqOcntcrnente ao despr~ dos ugionais pot tudo

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'" Mark Milnul

quanto e Maku··. OU~ He considera 0 idioma Maku "horrive1", pareee ter side sugestiio dos oulros indios, que acompanhavam com ris0s de des­peilo os esfor90S do explorador c de seu informante Maku para estabeJc­eer urn vocabulario·o. Justamentc a amizade pe:os indigenas, a capacidade de sentir com eles, pOde levar 0 pesquisador sensivel a desprczar os Maku.

Podemos formular h;p6teses para as raz6es do preconCt'ito indigcna. Pri rneiro, os indios do Rio Negro nel::cssitavam de justifica~lio para 0 sell dominio sObre os Maku. Segundo, a compara,lio dos bichos nao se reserva somente aos Makli. "No subconsciente em pane talvez essa imagem per­man~a tao arraigada gra,as a sua fun,iio de descncargo de consciencia pero IcatamenlO desumano que olio raro se dispcnsa aos silvicolas". (Cf. nota 36). Os indigenas do Rio Negro, tidos como "bictlos" por braneos e mest~os que os dominam, qual ificam da mesma maneira os Maku por eles pr6prios dominados. Relata Koch-GrUnberg que para os Tubno os Mal::U serviam de bodes eltpiat6rios, seudo acusados de pajelan~a em caso de morte suspeita, atacados e vendidos aos branens" . Possivelmcnte, face t! emu'a~ao da ~uperioridade do branco, 0 proccsso t algo semelhante.

Outro fator: a veracid:lde parcial de certas informa~OcS indigenas sObre os Maku. Ikntro do sistema hier:irquico que abrange as tribos do mtdio e alto Rio Negro, o~ Maku. ocupam de fato posi~ao inferior; sua cultura t de falo arcaka sob alguns aspectos . Uroa situa~iio de fato e urn prcconccito indigena, talvez oriundo de abslra~iio a parti r da situa~jo, ali­cc!?ram 0 estere6tipo dO!; Maku quc se integra na hist6ria das idiias ge­nul.uamente europiias. As indica~OeS sabre os Maku. podem ser defonna­das, mas nem por isso careccm de fundo concreto; assim, p . elt., a lavoura 6 de fato relat ivamente pobre, embora ate agora nao ellista ncnhum teste­munho ocular de etn6grafo s6bre a ellistencia de Mal:u nbmades.

HlSTORIA KABORI RECENTE

Com recurso a depoimemos de varios Kaborf sabre a sua vida c a dos seus pais, foi possivel cstabelecer sua hist6ria dos ultimos 40 anos.

Procedem das cabec~iras do Tea, ellceto os que hoje moram em Ro­ii'3da e que antes se estendiam sabre lodo 0 alto Uneiuxi. Os Kabori, os Makli do Japura e os Nadob (entao perto de R~ada) mantinham Tela­~s mais pacificas que guerreiras, visitando-se freqUentemente (a p6,des­prezando as vias fuviais, provllve!mente ja atingidas por outros Indios). Parccem ler sido estreitas as rela"Oes entre os Kabori no Uueiuxi e os Maku do Japura, as re1ao;iks entre Uneiuxi e Boa-Boa (afluente do Japura) sic confirmadas por Schultz". Por outro lado, as reJa~OcS com os Nadiib parecem ler sido dominadas por desconfian!;a e amea~as mutuu; houve casamentos, mas "nao deram cerlo". TambCm houve eontaclos, at~ easa­menlos, com Maku mais ao norte e oeste. Com grupes nao-Maku s6 te­riam travado contaclos superficais, semprc guerreiros, nOO sc integrando,

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Nota. preliminares 06bre os Kaborl '" pois, nas regras de convivio, muitas vezes pacifico, da area.. As t.:iticas de guerra, freqUentes e fapidas i ncursOc~ de rapina, podem ter, de urn la­do, contribuido para 0 estere6tipo dos Maku errantes, e, de outro, difi­cultado a ocupaor1io da zona poT caboclos, 0 que nos indicaria talvez mais uma causa, tanto pratica oorno psico!6gica, da rardaorao demogrMica . 0 slique de sitios neobrasileiros representava para os Maku oportunidade cresceote de aquisiorao de produtos manufaturados; tomou-se destarte 00-perioso estabelccer oontactos comen::iais, desdc que a superiorida.de mililar dos oeobrasileiros impedia os saques.

Ha cerca dc triota anos, cornerciantes do Rio Negro procuraram os Kaborf do Tea para oom e1es encetar as primeiras rela",oes (pouoo OOIlS­tantes e fTl'qUentemente inlerromp~das por oonflitos violentos) . lslO o1io tocava dirctamente nem aos Kabori do Uneiuxi, nem aos Nadiib; porem, mais ou menos it memla altura tcria surgido uma diseussao enlre urn Kabori do Tea e urn Nad6b, seu cunhado, no decorrer da qual os Nadob teriam motto e depois comido wna mulher Kabori, e por isso os Kaborf teriam cortado as relaorOcs, migrando para 0 baixo Tea (i . t, para rnais perto dos comerciantes). Por outro lado, uma parte dos Kabori do Tea, rompeu com os comerciantes, fi~o nova residencia no Uneiu:d. Os re­tiranles ermtinuarnm mantendo rela~Oes estreilas com os que ~rmanece­ram 00 Tea, fato que lembra os supostos contactos entre Maku "brabos" e "maosos", niio obstante a atilUde diferenle para com os oomerciantes, no Japura·l . Mas olio houve mais contactos padficos oom os Nadob.

Koch-GrUnberg mc-neiona os Maku do mMio e bailo Tea, em con­tacto pacifioo com os neobrasilelros, mas em guerra conSlanle com os "Guariua" (Maku "brahas"), das cabeceiras dos afluentes da margem di­reita do Rio Negro, (i. ~,tambem do Tea) e dos af.uentes da margem es­querda do Japuni". Os Kabori, vindos das cabeceiras do Tea, seriam, por conseguinte, mais provAvelmente urn grupo dos "Guariua", 0 que con­fere tambCm com suas reial;Oes (outrora ~obretudo pacf6cas) com as gru­pas de outras cabeceiras e do territ6rio do Japuni . 0 falO de estas rela­oriies terem piorado urn pouco quando da abertura de COlitaCtos comerciais com os Ileobrasiieiros, podc ser agora inlerpretado oomo sinal da integra­orao d()!; Kabori entre os "Maku mansos", em paz com os comerciantes e em guerra com as "brabos" . Os Kabori, seriam, pois. an!igos Guariba vi­rados Maku "mansos"; considerando-se os Guariba como MaW tambCm, es!a transform~ao nada tern de exlraordin'rio . Os Kabori entao nn Uneiuxi, mais dis!antes da civilizaorao neobrasileira, alcanoraram mais tarde a fase dos cootactos (i. t, viraram "mansos" e romperam as relao;6es amigaveis com os "brabos") . Nesta nossa interpreta,.ao, os Guariba se diferenciam dos outros Maku sobretudo pela atitude hostil A sociedade nacional. Sabe­mas que tambCm diferem urn tanto pela cuhura material mais evo[ufda" . J:i cilamos posslveis causas hist6rcias. Encontramos indlcios para uma coo-

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, .. Mark MUnzel

tinuidade da si~lio bist6rlca at6 a primeira metade do s&:uJ.o XX: des­cr~6es do carnler dw; rela .. oes dos Maku "mamas" com Indios aculturados e com neobrasileiros. Informam as fonles que os Mal.::u cram ohrigados II trabalhar para patrfles, p . ell. Tukano··, que cram cao;:ados como escravos (emOOra 0 tratamento fOsse normalmente amavel, familiar) , vendidos para longe das suas terras' f , entregues lOS servi~ de viajantes europeusta, Vi­viam em caslnhas de carater provis6rio (talvez pela pobreza e lalta de tempo livre dos Maku) DO maIO, perIn des sili05 dos patr6es". Confonne as necessidades econ6micas deslcs"", eram empregados sobretudo na coleta de produtos silvestres·'. Freqiientemente se viam obrigados a viajar por grandes dist&ncias, on tratavam de escapar ao lrabatha, fugindo malo aden­W·. Ceria zona chegou talvez a servir como terra de refUgio no malo, node os Makli ql!c haviam logrado cscapar passaram a viver em certa mis6ria" .

A intima rclal;iio dos Makli "mansos" oom 0 mato pode ter sido re­fo~a pew atividades de coleta e por sua inevitavel vida urn tanto er­rante, na qual 0 malo tern fun~ao de zona de seguran~ . t:sle ultimo aspeeto 6 ilustrado por uma narra~io Maku em que urn Kaborl, levado rio abaixo por urn regatiio, consegue refugiar-se no mato ao pC dos sew; antepassa­dos. oode vita queixada, i . 6, urn bicbo brabo, tipioo do interior da mala; justamente 0 contacto com a civiliza~o apro:tima·o destarte dos antepassa­do! e de sua vida errante. Segue a primeira parte do canto, abrcviada, mas s6 oom ligeiras coue~ do defeiluoso portugues gravado.

0. guardas <ho!!a.am, belli J(I pns<>as. Dlsoeram • Yoy&dn: " Vam os tmbo.a". PtJlOO

Que <) env;anaram. Foram ""m Ole, .io aha;';". Chqa.am em Manaut. Ai tlDha a.. de ...,da . ... YayOdn Ull<lll, fol Ii "'" cim ••

F".am de ano.a, mnud". YoyOdn fo; n. pro.a . Remaram, .ema .... m. Quando .. ti­v ...... 00 melo do rio, " rapu COID.U wn f.ulo QU. lev .... , do nom. pedOu-&(, pu!ou no 'sua, fuaiu. Ficou em baixo da i.JILl, mo.ond" .1 hem quauo ........ D.pois aa111, loi i. beira, udaodo por ai. E ntrou nO main, (oi, loi, lot. 0. luud .... " persquiram, muda-.om wn <adlOHO muito ,,,,,,de auis dtl. - loi on<;a m...."o! YoyOdn eo.,""u, caiu, Ie_ VUIOU· .. , eoutll, caiu, \evanlOu-ot, cornu, caiu. Afina~ t,q:oou Dum pall. A ou<;a u . pou tamb&n. 0 hom"'" ofuoe: "T\I m. 'III'" P"I;ar lOts/llor ''Quer<I, sim i" "Tu nio podt, porqll' t il • IOtII parente I" Al silO , • ono;o. foi .... ho' • . 0 hOlD .... [oi, (oi, n. btl ... do rio, o.ndando po. al. Arnou um. pegada de queixad., muilo veIh.a. Quebrou wna va­... . Seguiu os ,ast", do queixada . Banboll~ DO banhei.o da <tlleind .... Ji .. Ii. hanbando no hub';.o do Queixada 10...,.0 . . . Eneonl"'" .. ""rind .. 'I"' oortaram (rut"" no lOato. ~Eu veabo, 10 ..... tio •• Fugi. Qo ... perdi 0 aminho . 0. i:uardas qua.. 10. 1OI.tara.m". " Olba, noao pa'OJlI< vai cbegar &<lui, I",iu". Fizeram. I .. ta do Jumpor!. Comeram um caribl' v . ... oo..,. "Ell nl0 mo.", disso/" (YoyMn pe'luntOU) . "Nlo morr~, niol" ..•• tt.

YoyMn, virado qll .... d·, oua com l mulberu queiJ:.du. Vl0 YO. ". parentes humonos de YoyOdn rio aciJua - mas lotes os <a~.m; 0 p.6prio f,",o (bum.no) do YoyOdn mata .. II poi (queixada) • as mlllb"u-animais dflo. A his\6.ia .CI~ descnvondo COIDO os parent .. hWnlLoo. co ....... YoyOdn ..... (:unilia qutlnda.

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Nota' preliminares sObre os Kabori .. , o tema dcsta narrativil - a vida crrante de urn Kabori entrc dois

rnundos, urn tao hostH torno 0 outro, e rctornado em outro conto, que des­creve, de rorrna rant<istica, as relao;3es com os Maku ainda hostis a socicda· de oacional, os "Nadob" .

o t<>nto ptrmite outt .. int.rp"I'~Oe" como muitu na,ra~Oes indlgen.a. , resume uma >om> d. idCiu vviad ... Acenlucmo, 0 .. ptOlo de inl"~"" bist6rioo. A lamilia Kabo'i dot "Komt16" mOfaVa inidalme .. le .I<m duma rochl, <0010 linda boj • .,. N'dob habillm Il<m d .. pn.",;,,, <acboeiras grande!. A .... cado. por doen>;as ,,,bill, - obra do blcll .. "m,Old", resporui.\'tJ por doen ...... p .• x. as imp<utadu "r"vb do t<>ntacto t<>m a dvili­:tI~io _ 100em. Con .... ,t"m o. Nadob. MIS hIes. depoi. dt inki.,. padlicos. "fm uml amu"" • ,.jeilam o. Klborl . que pt .. «m enlr' do;' 1010' , Como no <onlo aOlttio •• n • .. ~i~iio . abe papol important ... lip, io Inlima d ... Kabor! t<>m ., ambi."t. d. flo,..,."". p. ex., t<>m as on>;as. Inle,pt<llndo hist"ri""me.,I •• poMm.,. ve, 0 connit .. en~ os Koborl ji "man.os", chei.,. d. doen, .. que matam, e d •• ultura de cunbo primilivo, mai, ligad.,. ao m.lo •• .,. Guarib, "bubo.". que vivem no int .. ior d. 01.10, m .. 010 bon. Jav,adores. E' • Darr.~10 d. urn povo que I"", Ie\'ado um. vida In><gu ...... mp,e lugindo.

_ Um born em. Kom<1/l·Kome.6, 0 p"i d.le, • mulber e maio parenl .. morav ..... tm

dma da podr. g .. nd •. AI tinhm ,UI cu . (d. Ta,ibilini 196t:9. milologia dOl Maku do Cli.ri.Uaupes: .,. prime;ro, bomens " alltr'''1 b.bit .. d. ... de 8 ... .,dt. mo.ioo ... de pierre, qui sonl m. intenanl une g,andt monl.,,,,, en 0,,"1 du ,io Nogro"). Era g.n .. ( .. Mak u).

o blebo cb<!l'0u, de noite, canlando . Perto do c ... ,rllOU. D.po;' 0 pai morr", - ° bicllo ° maton. Inpoi. a mie _ 0 blcllo a matOu. A i""i. mltO\l·. u mWm; .ra 01690 •• •

morren. Fieatam um hom.m e sua mulb.r. carr<!:a.,do 0 fillllnho de oulra mle. Fuglr ..... , Indondo pelo mato. Foram longo, anda.am. andl"m. IU oh.,ar bem al. "Embo .. faJa <I"'! 0 bkho agora nio vern mai, trh de n6, IH. I mulb" di_ . 0 blebo vtio. Ch<!:ou 56 dt noite' W ........ oo<>uuu! W .......... ooouuu!~ GritO\l dt Ii, depoi. d. d, depolo malo para Ii. dtpo;, gdton d. no.o par. ct. Era um .6 bicllo. <o"enoo, «rcando, ... dando para Ii. pa ... d. "E 0 biebo "cio alth d. n6." - .. born ..... malo. um. Mlha, bateu n. la. mor .... m 01 grilo,! "Vamo, <mho,. I ... r a n ..... .... muilo lo",el~ Andara"" and.ra",. II~ ehqa' ftum lugar .... inco • mria do tarde. Co ... tro!"m urn barraco. "At;o,. 0

bkho ji ,"ollou .I,h, po'que ji fom ... muilO longe", Anoi,.",", nleb. }u qUOItO bora. da m. deUSlda. <h<!l'nu. GriIO., "Wbhooooh I" E.pe'. ai, val matar os Kln .. 6, vio ... b .... Gritou para <a, poi. par, Ii, a lfve Ii, polo 0:1. gritnu all. <OTT. U. DtpOio, <om m. l. 100, fnl .mhora. Perlinho Inl d.ila •. Virou . . ... dt cupim, viron f6lh, !rande. A. 16th .. u", • • am 0 blrr.t<> par. mltar , 00 K.n .. 3 fugiram, foram. fo,am, Indlndo, andando ... Eneonlrltam nul," g'''le. partn ... _ nio .. 0 partnl ... 010 Oulra t,ibn, NadOb . (Not.oM I llilnde ambi valent. do nlrrldo •• quo primei,o O/i",," 0 par."t .. co. pa.a dtp.oi ••• ,.. pond ..... diant. do branco). "Qutm f vadl" ~Sou .n". "Tn estio pa .... .,dol .. "A~ ... qu<ftmOS junlor.no, t<>mo voc&~ "'a .. & dWe. ~Entio v ........ Ii p"ra " ..... cau l" 0 bicho velo Itrio.

A noile, 0 bkbo ch<!l0u . 0 NadOb po""'.: "Kan .. 6 vi"," bimol Vou m.ti·lo~. De muhi, d ... m <ariM ao Kon.,,&. Quando estova hebead". mlloram·no >;(1m a bordunl. Mallram • mulb.r, um filho _ 06 lit<>\l urn mho a,oiruinbo. A vov6: "Deila hIe fica. 56 plra mim. ficar no .... enteadol VlKt jl. matou e >;(Imou 0 pai. cbt,; .. ". 0 mho lieou com a vov6 Nadob, 0. Nldob lu~ram , "At;o" 0 bicllo noo vem moi, I lro.. dt nM. vai /icar ond. 0 ddum ... ". Foram. dorm;r , A>;(Irdaram .om m!do _ n. da , Adorm ......... de n~'·o , At<>.doram <It n6vo _ nada. Adonnmram. Dormir.m , A, <into da ",anhi, 0

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'" Mark Milnul

bi.bo . GritOIl muito. ~tst. i <lU"'" matou mloba mhl Matoll mLnba avo, lod.,.~. "Aul "aora compr .. ndo ! !'iquri enganado, po""; que 10... teu p&i que viflra bitho". uNi o vir ..... 1=: que me .. pal. ~.nl. !" ("ge01<" .. nadob .. M aku). N. IDanhi, o. N.dOh .. i<alQ para cao;a' 0 bicho. Acboralll urna lotba vo~d<, novinha l Bateram Mia com a borduna . 0 bicbo thoroll. Malar.m_no. Tir.tam a pde, <0,1 ... ", a «une, Iil:. rarn fogo, depcis joguam_no oa ,"! .. oira .

0. N.doh fugiro,., . 0 filhinho foi ""m fin . "Qu'"" ""o;a', vov6. ("Cuidado, Kanu6, on~. vli <om<l "ocC!" "Nt o, vov6, 00(0 ~ DO..., parente"). Fe; <.(ar . A avo I .. IlID 1>.\".<:<> pa •• aguardi ·lo no malo. Ka~.6 eneonl",,, m\lita co;'" no malo, lrouxe II. avo. Urn. V O< loi busear 0 taft I''''"''' no male - • av6 linda ni e ccnh.o. 0 cari. "Ah, Kanu&, cuidado ... n"" va; fica, para Jj! On~. "aj mordor vod". "1'10, "",,6, ono;a ~ no""o par,nle" . ~'oi, and.nde, .n .... ndo, cho,:ou p<'rto do cari. CavolI, tiro .. tudo. Voltou, andou, andou, an""", cbo,:ou na brit. da r~ do Cu,upi .. (mdid). Ali .. tavam u on~. , .. rm.Ih .. , K.nu6 lei potlo dol.,. ~Kh .. ti l", .. on~ .. dWeram : "Ab, on~I', voW .. tio aqui r "Eolam'" .qui~ . "Estlo brin<ando aqui 1" "£Stamo, briocaDdo'·. Brincam ",csmo, aqurla. on~ .. 1 "Esti, pa_ ando, K.nax~I" "P.nti 0 c.",inho no ... ato. Cad. a ",inb •• VU~ "Potlo, con,INiu Urn I»rra<o par. "IIua,da •. t.". Kanax~ >quiu '" tastos d. avo. Fo;. foi, cb.gou, "'n tou ludo . Uvou •• v6 para vor .. on .....

A avo tinb urn cachorro ,rG~t:k, "", ... dor do on~ ... Cblmou-o . Chq . .. m 1 ro>Ql. do Curup; .. . 0 <acho: ro correll logo .tr1o da, on~ .. , l>.dn ndo_ A aY6 gritou: "Agon VOII <om .. cotn~ de on .... '" A. on .... ' corr . .. m. Cb~u 0 N. dOb quo m.ta .. 0 poi do rapaz, n.ron •• ontu tM .. , Nlo go.lava de Kana.~.

Tado. os di., KanaxO ia c . ... ', trozor latu . Por i .... linh. muil'" piolboo na cab<~ • . Os outroo zombav.m d~l<_ KannO ti",,, trul. , C ........ , ficou fott •. 0 Nadiib -",p, ou 01 .. ,.hatan_ , flo<:hou bem no. olh .. de Kan.,6. Os ",. dob ji 0 m.taram, porqu. j1 fi ­cava muito grand •.

o priml:"iro conto descreve a integra .. iio malograda de urn Kabod na sociedade nacional, depois sua rejei .. ao pelos pr6prios parentes . 0 segundo Dana a integra .. ao malograda na vida dos parentes mais rio acima. Em ambos os casos, os Kabori s6 encontram urn ambiente propicio e amilJlde no interior da mala, sendo rejeitados ~los parentes, justamcnle por iSlo . Mas obtive tambem dos Kabori uma narra .. ii.o na qual urn deles consegue inte­grar-se na sociedade nacio!l1\I; como no primeiro conlO, 0 caminho para 0

mundo dos brancos ~ pelo rio .

Urn K.beri ... iva u"'. m6<;. do rio, lilb. do poto, "Ji .. I porqu. \loe< m. pq:ou". <liz • m4<;o, trist., "tu ,·.i. me <o",er asora" _ Par ... Iv .. • .. , .ntroga urn pent. 00 hom...". _ Dtpou , <1. botou pena d. pat~ no bn~o do born..,. . 0 bta~o <om.~ou • virar pua trio , Dtpou d. mandou: "Agora vii corru .tm do mimi" "Como po_I Vou morre. no. i guII" "V,; nlol U. na!ua ' tudo i!l:uo) como aqLli", di ... eta, pogou urn .. falhu, l<flIdtu -l • • ..,prou • luma~ • .obt. 0 hom..". o.poi>, pq;oo uma ",ulh •• deu Uml

in jo'(io .nlre '" dod"" do bom.,.,. AI 0 homem ficou com d<doo de poto. Voao. Cont. nt., • m~ ~,ltou: "A";m vocf vira home", &!Oral~ (Pormenor int ....... nt< em conto de urn povo que nia c considerado hu",ano por !Ont., por .. 0 tado nio co"';dorada boman. pelo povo). Os dois vouam pll. 0 oulra Iad~ do I.l,;o, dq>ou merl(UIh" '''' ' CboKaram .... casa do!,&w "Voc~ cbegau, me .. ,<nro?" "Ch. guri, "'.u >ogre" . 0 oogro palo <0'

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Nota, preliminarf/S $Ilbre OS K.abori 15 1

1Il'~OU • (amber 0 h •• (o do hom.m, dopo;' morde,,_o .a. orelh ••. "Voc. vai morar DO meio do rio ~t>.Dd., me" ,.nro. rOm .u~ mulh ..... "Vod que. nlgan"_m,. Sci .omo "ods , io <spo lia. , """ro~.

Urn D.vio ~Tande • motOr ch.,ou \><,rto . . , mh. do pato pt,ou 0 hom, m, IIIOUU _O no navio: "Nio tem mfdo, marido, hi. " ... io nao cai. Quando . ,<"10 morl ne~, e ;gual tomo ,",on , no t, .. a". Asoim, 0 hom.m e a Iilha do pato Ikarom morondo b<m no meio do rio grande. No n.vio grande, loram at< M •• au., ""mpraram mereadorias, Irou.en.m-D" pat>. .-noder . 0 hom_ floou oomerciaD!'. Assim, LrOu, p.no, put ... d. I. rro, <olher .. , <>ntclS. Trouu v .. tid .... agulhas. A lilha do poto 101 qU<m primtlro «>sturou . Eta <o, lurou 0 pan~ ",im, 1000 "I .. ,ado, que 0 marido d.1o. "endi.. po .... genIe. Depo;' .1. eminou todo ° mundo • «>slUT". AgOTO, al' hoj •. todD mundo "".tura.

Por volta dc 1940, a maioria dos Kabori rnudou-~ para 0 Urubaxi. Sucedcu uma integra~ao dos novos com os antigos habilantes Maku deste rio, a par de maior cntrcla~amcnto interttnico, ao trabalharem com os Kabori como seringueiros. Em 1945, mais ou rnenos, vitimados por uma epidemia de gripe, que lhes causou grande mortandadc, 05 Kabori entao no Urubaxi mudaram-se para 0 Rio Negro, ao [ado de Tapuruquara, i. t, pa­ra mais p~rto ainda dos comerciantes. Aumentou 0 cstimu[o de tTabalhar a ser\l;~o de patTOes, a rim d~ ganharem meios para as suas compras. Nas novas rela¢es, os Kabori eram protcgidos por urn comerciante, que ficou patr1iQ de todos os Kabori ja "mansos". Uma parte deSles sublraiu-se a esta dcpendencia, subindo 0 Uneiuxi, onde se integrou nO\lamente no siste­ma eeon6mico nadonal a partir de 1950, quando 0 mencionado comcrciante com~ou a organizar viagens de regatao. Nisto foi ajudado pclos Kabon ja seus conhecidos quc asscguraram urn contacto pacifico com os Kabon ate clllao hostis 11 sociedade nadonal. Continuaram host is 56 QS Nadiib do alto Uneiuxi. Pouco dcpois, por voIla de [953, os Maku do Japura tcriam atacado os Nadlib, dizirnando-os c destruindo ma aldeia. Os poucos Nadob sobrevivenles se teriam refugiado no sitio que ainda ocupam, evilando a part ir dc ent30 qua[quer contacto com outra gcnte. Outra vez a data da ruptura ooincide aproximadamelllc com 8 do in!cio de contactos pacificos enlrc os Makli cntao em oontacto com os Nadob. e a sociedade nadonal. o ataque mcndonado talvez se enquadrc nos conf1itos entre Mak6 "brabos" c "mansos", ja citados. Su~ conseqiiencia roi, para os Kabori e pequena parte dos Maku do Ja~ura, a possibilidadc dc usurpar a zona do alto Unciu­xi pcrto das cabecciras at~ cnlao oontro[ada pclos Nad1'Jb, A necessidadc dcsta expansao Meorreu ta[vcz do aumcnto gradalivo da prcssiio (sobrclu­do invo[untaria, pelas doen~as) da sodedadc nacional s6bre os Maku "mansos" . Talvez estes acontccimentos constjluam urn modelo lamhem de oulros oonfHIOS entre "brabos" e "mansos", conflitos em que a pressiio s6bre estes e dcsca rrcgada sobre aqucles.

Entre [955 e 1958, os Kabor! ainda no Rio Negro subiram tamhem 0 Unciuxi, fixando residencia junto 80s ja ali instalados,

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Mark Miinzel

Resumindo, trata·se de grupos muito inst!vcis, que f~eilmente mu­dam de lugar, num prOCC'sS(l ora de desagrcga<;~o, ora de aglulina<;ao in­tergrupal. Nao careee, POi5, de todo fundo conereto a sua qualifica<;iio, pelos viziobos, de "vagabuodos" . Coostiluem cllce<;50 os Kabori de Ro",a­da, que sempre continuaram no Unciuxi, sem dissolu<;ao do grupo, nem in­tegra<;iio de outros Maku, e os Nadob . £Stes sao, ao mesmo tempo, os gru­pas com menor influencia da socicdade nacional. N~o obstante a desagre­ga<;Ao de grupos, nao sc deu a transformacao em sociedades abertas: os Maku desta zona permaneccram entre sl. Ta[vez a di scrimina~iio dos Ka­bor' rejeitados pclos viz.jnhos tenha exercido fun~iio coc:rcitiva.

ECONOMIA

LAVOURA

Tubertulos, tnandioca brava, mataxei,a. cara. ba~~ do<e (du .... varied..des). Froto.: bluaa (quatro \"arler:bdes, em Primav .. a), .,.. •• OIj! (van,dade .wV03tU),

.bin, coviu. m.mao, iagi, ,"cura, limio, caiu. mellnril, paimei, .. (pupunba, """,u';1"O, ..... n. PI,nw mrdidnols "" ""nen""". Plmttlta, tn;mum, cana. Ao !ado da ... a~J;""a b.ava, produto poind!,.l, o. oul,o. tuMreulo. - im""r!antH

~mMm - pl.ntam_ ... ma"em d .. ' ''9U. 0 <:>,I.nl po&, <"",titoi, p1aat.~lo <:ootipa, "' .... paroda do , .. to da 1"0 ..... Em <ompara~io com ... <><; .. no,,,,.i. da ir .. (d. Calvao 1959:21-24), • meno ... t ... ita a l~~io COm OS 111lIar03 .ttssiv.1s J>O' vi. fluvial.

l'lul ... 1 ... '11 ..... n •• mo"en. du ro<; ... peTlO d .. <;»a •• Mai .... <rntomeate: ",e-Jancla, ]imlo. Plan!!o mols t,adidoo.l: banana. mlracuja, abill, cabiu, CUCU", a .... 1. A ron~ntra~lo d. palmeir .. nos lug ..... citldo •• indlcio de um pbntio que acompanha 0 <ul!!vo de oul ... planl .. ; bi d,,,,, de ,j() ano., aind.> no Tb, 0 plantio de a<;liz.irOl teda s.ido de imJ>Orllr><:la, dimlnuindo dtpoi. pot 0 Itrra no Unriuai ~ ,,,",,,or mttl"".

PI<mI ... ,.",lkinm.: em pequ~a qllantidad., No, capOe\ . ... Oul, .. , .,.,~em p.>,a misty ... v.naoosu (p. u. um para matar ptbe, • " rura ... ) e out ••• preparao;On, tal 0 "parkl~. Pi ...... 'a: om plaol.~ii .. "du.id .. lndtptndttlt .. d .. ,o~'" en 0 <oodim.nto principal alo a lnlfodu~io do ... 1 hi uas 30 """".

] erimllm e tanl 010 de imJ>O'ta~io do, ,,[tlmo. .".,..

Cabc importfmeia relativa ao cuitivo de plantas fmliferas e de "dro­gas", medicinais c outras. As "drogas" !ervem famMm para 0 eom6reio com os regionais. Vemos, pois, os Kaborf parliciparem da tradi<;iio de for­necinlento de "drogas" ptlo indigena amaz6nieo, com a dife ren<;a de que, boie e aqui, 0 interesse reduz;do dos eomerciantes limila esle com6rcio i eseala regional e individual. 0 Kabori vende eorare, ·'paric.i" , rem6dias caseiros e pimenta em pequenas quantidadcs aos regionais, que n~o as en­caminham para 0 mercado. A cnltora da mandioca. ao eon!r!r;o. dest;­na-se a urn mercado maior, sendo grande parte da farinha com prada e re­distribukla por comerciantes de TapuruQuara. Tarnb6m nOlamos superpro­du~ao e uma conseqijente tcndeocia i wnda dos oUlros tub6rculos, sem que haia, portm, compradores. A lavoura aprescnta-sc, pois, parcialmenle des-

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Nota$ pr~liminares s6br~ os Kabori

tinada a urn mercado iusuficieute, talvez empobrccido; limiTa~ao da produ­~ao (i. e, justamente 0 que ja se nOlOu ent re outros Maku, entre os quais ~ interpretado como resullante do primitivismo MaJc(j) seria uma conse­qUencia a tirar desla situa~io do mcrcado oonsumidor. 0 cu:livo de fru­lOs - cuia importancia aproxima os Kaborl de urn povo como os Yanoama - deslina-5e exclusivamente ao consumo do grupo, scm que isto exclua relal,'iio com 0 mercado: 0 consumo maior de frulos talvez reduudc em menot consumo de mandioca, que ass im pode ser vend ida em maior quan­tidade. Ademais, a cconomia de tempo e trabalho neste plantio, em oon­fronto com 0 trabalho da mandioca ou a pcsca, libera mais fo~a e tempo para traballlO a servi~o dos palrOrs.

COLETA

Frol",: bacabo., .,"punta, mirili, u.~, uap!xuma, pall.ut, casunho do Pari, cunur!, cucun, cumi, jalobi, peq"ii.

PIaDW: medicinals 0. que (onUm voneno. Mo:riloJ. Mel de abelba,

As freqUentes excurs5es na mata combinam varias atividades com 0 fim primordial de busear fT'.llos : scguir pegadas, procurar certas madeiras, oomer moxilos, etc . As flautas sagradas podem acompanhar os homens; neste casa celebrar-se-a na volta a festa do "dabucuri" (mais importanle, freqilente e de carater mais c)aramente religioso entao do que quando se ce1ebra exilo na ca~a, pesca ou lavoura) . Nas narrativas, as excursiks tern rclevo importanle; nelas, p. ex ., os her6is culturais encontraram muita coisa essencial para a vida alua!, como 0 Sol, a Lua e plantas . Em cou­traste com a silua~iio de boje, os contos descrevem uma vida em que a maudioca e 0 trabalho na rDC;a nao tern grande relevo.

M.",Uer",: aMa, queludo, v .. do, ma.,cos, cuw., quati, patl, II.IU (du •• v.riedodn).

Av<o: Ioambu (co.,. de d..t.oquc nos conlo.) , orara (para t1liDIida, n10 prla.. prn .. ), (ujubin>, j.e_in>, mulum (para romid. e prt .. prn .. ), pato <lag" •.

R<!pleis: jacarotin,., Iagartoo, robr ... Par..,. ,&10 evw:i' l d", Makii (cf. Gilro,," 1949:87, 1955:1, Terribmn! 1961:4).

Coracler!.lica e a pa.rticipa.~lo .liva da mulber, que poKyi a maior;' dOl cathorr"" o produlo da ca.,. ~ .n\lqu. pr!mdro b mulb .... , que 0 prcpar.m, gu.rdam urn. parle para Ii c dopeis dUtribucm 0 ... 10 • tod", '" bom .... do lropo, cabondo It) cao;ador • a'-.

A Import1oda da ca"", aloda I,ande (]lire todo. '" Kabo,l (ca"" e coleta juntu ocupam quo~ tanto IflIl!>O na vida do. bomro. como 0 trabalbo com • mabdioca), di. minui" um II.nto para '" hom en. culo inftncia ji. .. ";1"0. DO tem!>O d", roolacto! !n1t1UOJ.

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'" Mark M iinzel

S.,cbc'cUI: do;. tubo. grand .. par. animais maior .. ; urn tubo Bunde paf" mata_ cos, paea, culiA, 01<. (uma .. ,abatana dtole tipo dei .. mo. aD Mu.eu Par •• noe). Sar"ba­tan ... meno ... par. "" .... 'mhos •• ca.,. m. nor (p ..... trmp<l <!os menioos, ..", out .. uti­U<Llde nutritiv. do que Os ,-boo «'In ioca). nard", uveno.ados 56 par. maa.e<>s e cao;a maior. VArl", tipo. de (utaro, ,ujo fabric.> ~ ><!IrMo para .. Inob"". molb ..... <r;'n, ... Bordu,.,., /ora d. OlIO (nio vi n,nhuma); <fa a arm. principal, at'; hi uns JO ano" ronl .... homen •• ca .... maior. MIl<~ado: arma prof.rido d. mnlh ... (substitui a .... tip OOrd"o. ) par. motor jacarolinp. ou ca,a mai", (p. ex. quei •• d .. ). T ... ;odo: outr • •• Mlitoi,io d;o aoli/l;. bOrnUDO, sobrotudo par. cob ..... Es,;~I"'dlu' ponco usadu, po' Iolta d , muni<;io . A,,,,odil~.,, par. animai. l>«I"ono •. «lIDO" culia; arm . diill •• COm ",!,incarda par. " <;0 ",.io •. An" • II«;/uo: 06 de DID til"', ,runuscutos, usados pel"" m.­nino. "" ClI~a m.nor ou n. peso>. C~.~ cO ... <<><lIo"os: prioa.>alm ' nte tn b • .!ho f'miniM, com ajudtl do machado , • ma ... ;ra mai. ""mum de obler "",n •.

PESCA

AD.DI (no maiorl. cia. vhn ftlto dum. qulba), a parLi. cia ""noa. F1'thinlu.. (501 uoacia. 1"'''''' mtnin",), cia boir • . V.n.no, (plantado, ou timbO de cip6, larefa d. mulher .. • jove"" wit.; .... ), "" Oguas Iranquila • . P .... m '" mtnin ... (muilo, di ..... m de manbi • ,-oitam :Ii. tantinha), •• mulhera • '" hom'D, _ !llbo •. P .. ca_ .. mab n ... 0111", ",ais aculturad",.

o TRABALHO PAGO

Antes do que como grllpO de parentesco, a comunidade de urn sitio sc define como unidade ao dispor de urn mesmo patlio, que a~ambarca tan­to os produtos vendidos em maior escala como 0 trabalho pago (corte de gomas au pia~aba). Para as Kabori, que niio tern canoas grandes, que vi­vern distanles dos subcenlros cornereiais e mio pO$suem quantidade sufi­ciente de prodlilos para a v~nd a. estando, J>O!S, priHicamcnle impossibil ita­dos de adquirir por sua propria iniciativa produtos rnanufal urados, e grande a dcpend~neia dos eomcrciantes-patrOes, ainda mais pelo reduzido numero de comercmntes que visita 0 alto Unciuxi. A ambival~ncia de atitudcs dos Kabori em face do mundo ncobrasile iro 6 condidonada em parte pela am­biva!':ncia das re!a~Oes com 0 patrao. marcadas, de urn lado, por profundos la~os pessoais refor~ados por interesses econ6micos comuns (0 patrao. s6 re1ativamentc rico. precisa mais de bra~os do que estes de rnereadoriasj, de outro pelo reeeio de sercm engJnados. Querendo urn patrao empregar urn "fregues" de outro cosluma pagar-lhe !,Ima indl'niza",ao. que sc pede tJmbem, mas entao aos outros habitnntcs do sitio do "Ircgues", quando cstc sc afasta da ;o:ona sob observa~ao do patrao. Neste caso, havendo deswntentamento com urn pattao, os moradorts de urn sftio prefcrem afa$­tar-se em blooo; este sistema pOOl' l'xplicar ~m parte a grande mobj jidade dos grupos Kabori.

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Nota. preliminares I16bre os Kabo.i '" A liga"ao com urn palrao e refor~ada pelo costume de cntregar-Ihe as

criauoyas na idade de cerca dc 8 anos, sendo 0 pai rccornpensado por urn prescnte , At~ mais ou meuos a idade adulta, a crian~a fica na casa do pa­trao, obrigada a trabalhar p~ra ele, que por seu 1000 cuida de scu bern e de sua alimenta~~o. este per/ado na vida da crian~a pode ligli-Ia sentimental­mente ao patTaO, considcrado urn segundo pai. Ao mesmo tempo, os pais da crian<;a ficam dependentcs do pat rao enquanto este a controla. Natu­ralmente, a natureza dessas rela~Ocs depende bastante da boa vontad~ e do caniter do palrlio. Diniz~' con~idern 0 sistema. observado por ele no Ro­rairna, "urn mccanismo de escravidlio disfaroyada", e com razio, se defini­mos como "e~cravidlio" todo sistema de trabalho scm pagamento de sallirio. Mas existem diferen"as da cscravidlio, tal como se define normal mente . Assim. 0 "filho de cria<;fo" pode por sua iniciatica romper a liga~lio com o "pai". Ademais, Diniz frj~a que a "cria~1io" ~ para 0 "filho" urn canal de ascenslio social, 0 que contrasta com 0 car{iler da escravidiio. Mais jus-10 seria a comparaoyiio com sistemas tradicionais indigcnas como a apren­dizagcm do futuro pajc, que deve. lis vczes, trabalhar para 0 mestre, nlio obtendo em IrOCll nenhuma remunera~iio imediala, mas posterior ascenslio social", ou tambem com 0 trabalho do jovem para os futuros sogros··. Em nosso caso, natura1mcnte, 0 sistema se integra na te!a de rela~Oes no inlerior da sociedade nacional. Justamente_ por isoo n50 cabc 0 tcrmo "es­cravid~o", conceito que n~o se apEca nem 3S sociedades indigenas, nem a sociedadc ocidental contemporanea. Seria necess{irio desenvolver eonceitos e term05 que traduzam 0 procesSQ pe!o qual as rel a~OeS t'picas de trabalho e dependencia no interior dn sistema nadona1 moderno cnntinuam, no am­bito regional, As margens d{' sistema, sob formas adaptadas 11 sit ua~ao tra­dicional .

o pat rao costuma chcgar pelo fim do ano para levar de barco os ocupantcs disponiveis do sitio - via de regra familias inteiras _ att 0 lugar de trabalho. onde passam uns quatfO meses. Depois, leva-os de volta. Oeste modo, 0 ano ~e divide em dQis perfodos d;stintos: 1.0 , 0 d~ vida comum no S1IiQ, em que se exercem as atividadcs tradieionais para a subsistenda propria, 2.°. 0 p.eriodo em quc grande parte da comunidade trabalha para 0 patrao, fora do sitio. £ durante 0 segundo que 5e cviden­ciam melltor os processos rcspon~veis pela ambival~cia que a urn tempo afasta e aproxima os indigenas da civriza~iin ncobrasilei ra: a) scm tempo para a r~a nem para a eonstru~iio de grande casa comum, os Kahnri de­vem mudar de alimcnta"iio (de urn [ado, concentrar-se mais em ca~as e eoletas ocasionais; de oUlro, em al imcnt05 que possam ser guardados em cstoque de rescrva, tal enmo a farinha) e de tipo de casa (vivcm .neste periodo, em ranchinhos scparados para cada familia. bastante primitivos); b) os lugares de trabalho podem ficar mais perto dos s[tl0s de eaboclos, 0 que nao sO favorece a acultum<;;~o, mas tam bern a resistcncia culiural peran-

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'" Mark Miinzel

Ie a discrim;Da~iio (nos shios Kaborf, a adlude dos caboclos, entao minori­l~rios, e mais cautelosa); c ) e no fim deste pcdodo que reccbem em maior quantidade, como pagarncnto e crCdito, as mercadorias de prodll~iio neobra­si'ciTa, do que resulta nan 56 acuhura~iio material, mas tamb.!m endivida­mento c, poT conseguinte, lima posi~i'io social inferior, que indta a rejci~iio e a a[itudes de defcsa.

o chefe local trammHe as ordcns do patroo, rcecbe urn pagamento coletivo para d istribui"ao e guarda lima soma maior para si . Cada indi­viduo reccbc, ainda, uma rcmunera,.iio ellra . Em principia, calcula-se 0 pagamcnto pelo trabalho exccutado . Mas j;i por sua igooraneia, os Kabori sao incapazes de avaliar, quer 0 valor de seu trabalho, quer 0 das mcrca­dorias fornecidas como pagamento. Na pd.tica, prevalece a remunera~o segundo as necessidadcs individuais, que eonstituem algo mais concreto a discutir do que 0 valor de trabalbo e de mcreadorias . Assim, dois homens que execularam lraba'ho igual podem reeeher, urn lima rCde e urn te~ado, o outro somentc anrois. Considera-se I)briga.,~o do patrao fomeeer an seu "fregues" tudo 0 que este neec!sita urgentemente; por i\.CU tumo, 0 fregues deve trabalhar para 0 patrao quando esle precisa de (rabaloo . Em teoria, i\.C justifiea 0 sistema alegando que os fregueses devem dinheiro ao patrao, de maneira que lhe! cumpr~ trabalhar para "regular as contas"; de outro lado, os (regu~ses (ieis teri am "eroWito Himil3do" na loja do patrao, que lhes fomeceria () que nCl:es!itam . Mas na pnitiea estes tcrmos se tradUlem segundo 0 esquema descrito . 0 que resuha dai e urn compromisso cntre as necessidades do patrao (f0~a de traba!ho por pr~o bai:to) eo m!n;mn de exigencias dos Kehori (nive! minimo de vida "civilizada" por meio de quanlidade minima de produtos manu(aturados), possibilitado pelo en­contro de val6res di ferent es - desejo de renda mbima por parte do co­merciante, desinterisse pela renda e avaJia<;ao muito alta de eertas merca­dorias que garantem urn status social dcsejado, por parte dos fregueses Kaborf. Para compreender 0 mecanismo que permitiu a popul31;ao neobra­sHeira em'Olver 0 indigena neste sistema, devemos lembrar que 0 Kahor!, para evitar a discrimina<;iio como membro de urn grupo marginal, procura qua 'quer meio que se the ofcrec;a para integrar-se no sistema Cl:onomico dominante.

COZINIIA

Trabalha-sc a mandioca na "casa da farinha" ao lado da moradia. Duas tcndencias caracterizam a prepara<;no: a preferencia por alimentos de estoque - farinha e heiju de reserva - e, ta lvcz para contrabalan<;ar a pouca aten<;ao dada a mandioca (resea, 0 requinte dos oondimentos. Isto coincide oom a mobilidade dos Kabor! . A far inha freqlientemente sl,IbstilUi o beiju amedndio, n~o sOmcnte nos ~cringais, mas tambtm em casa . 0

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Notas preiiminam eObre os Kaborf

1\ _ anlip locali ... ~iio dos Kabon II --' .. ~i:io alualmenle habila(l.a ~lo. Kabo.f

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Esquema do. casamenlo.

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". Mark Miinzc!

beiju, de menor consumo do que entre oulros ind i05 da licea"T, e com maior freqOencia lcllo da Massa que sai do tipiti como farinha, e conado em pc­da!;OS de nicil transporlc.

£Ole !>elj" d ...... rvl: diAmeC,o: 60-70 CIIl; ~r""ufl: ponto men.,. de lem. Bern Corrado do. doi. lad.,., quebram -no em un. 15 0\1 ZO p<:do~os, que so <o!ot>.m 01 borda da cbapa do f~mo par. seca,em melbar. Dc;pois, o. peda~. sao post.,. nUm prau esp<...ul, and. secam "" ..,1 do meio-dia aU 0 lim da larde. Ao anoitectr, colocam .... 01 peda<;". numa peneirl, empilhad"" ruidadosameot< dt maneir. I <loin, b.o..tante eq>a(O livl'< <m tarno de ada r>tdo{O . Aindl no ru. ~u!D!r o. 1"'<1>.<;0, ficam oxj>OSlo, ad sol. Con .. rvam .... btm. ~re hi un. 1 miD, nl r .... da farinha • tambhn DO caDto in_ divirlual de ada urn na tau. de motadia.

o DUtro tipo de !>elj" • I,ito da Ill ...... do t1pitl mbtunda <om qUlntidadeo vuiivois d. tapioca. DI tapioa granul&do f ... ..,. um mlnalu aD qUII juntam blnon .. OU cubi". D. flrinh. f...." " chit.!. 0 cam; d. mandioa laz-", rarameoto. Prato "",m,,,, e 0 ~"" de beiju de , ... rva, em m6lho de farinh. to.ida 110 tucupi com .. I. Tal como na allm.nla~io cabocla, • farinh. e indi>poraiv.l para ..,,,,,,panhr (Uno ou poin.

BalDI", • =6: sio assados Il. b, ..... 0 caxlri do ca,' f 0 ",lis comum. Fn<I<J.I: ~rtant" na a!!m<nta~lo, de pr<ferfnci.l na lo,m. de ,um.,. (mai.. popula, 0 do bl_ caba). C .... ~e: e normalmoote t'o<ida nl qua. Tal como ao briju, juntaol._ie P'''Pln.tOoa =00 lucupi, 0 u",ube ou 0 juquilal. Pm" t cozido; jum._ gefalmo"te , u<o de fmla, p. n. d. !!mlo. A. vb .. . . ... do; fln.m ... t< moqu •• do; rem ... pequ, n .. qUlntidades d. pel'" apanhado, nb vale a POOl <oMtrair urn mcqulm.

ORGANIZA{:AO SOCIAL

Tra<;:o distintivo: a impcrtancia da mulher, evidenciada pela matriloc:a­lidade e pe1a heranl;'a da ehefia em linha materna. Quem chega a urn sitio Kabari depois de teT viajado entre caboclos e indios do Rio Negro, nota logo a diferen<;:a no tratamento mais ~~peitoso das mulheres e na atitude mais desembara<;:ada destas.

GRUPOS WCAIS

T~m a ascend~ncia oomum peJa Hnha rtWlerrm, distinguindo-se ill­tidamente dos grupos Iocais de outros indigenas da area15 . Como entre estes, 0 grupo local Kabori e ex6gamo. Porem, a residfncia e matrilocal.

CASAMENTOS (V. esquema)

CaJamentos preferenciais e proibidm

Considera-se ideal 0 casamento tipo 1 (esquema). Neste caso, a pode ser irma de b, (variante 2, casamento ideal tamt>em). Por (Iutro lado, 0

casamento 3 e proibido . Os tipos 4, 5, e 6 nao se oonsideram ideais, mas slio perroitidos; nos casos 5 e 6, os c6njuges devem seT de idade aproxima-

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Nota. preliminare. IIiIbre os Kabori '" da; estes easamentos, freqiienlcs c na praliea tao estaveis como quaJqucr outro, oem sempre sao vistos com bons o-hos; podcm scrvir como pretexto para aeusa~6es por ocasiao dc brigas" ,

D:reren~as fundamentais das regras em vigor entre outros indios da area""; ocorre aqui a casamento com parente paterno (tipo 2 e 4 para ambos as c6njuges, tipe 1 ao menos para a marido) e pode ate ser ideal (tipo I e 2); par seu tumo, a casamento cntre parentes rna/cmos aqui e muitas vezes proibido (proibi~ao eerta no easo 3, freqiientes erilieas contra os easos 5 e 6) . Quando emrc parente, paterno, 0 casamento e sempre per­mitido, enquanto 0 que une parentes maternos au e proibido ou nao se con­sidera born, A seguir tratarcmos de reduzir as preferencias e proibi~6es ao minimo de regras basicas passivel.

Exogamia local

Esta rcgra expliea talvez as eritiea, contra os easos 5 e 6: nao sao casamcntos no mesmo grupo, mas entre pessoas cujOg grupos antigamente formavam uma uoidade (scndo os grupos Incais uoidos pela ascendeneia oa Iinha materna, e tendo os dais oonjuges, no caro, ascendencia materna comum). As criticas talvcz provcnham da lembra~a da antiga unidade.

MATRILOCALfDADE

Em conseqiiencia desta regra, sao os P'lrentcs do lado materno que coab;tam no mesmo grope local . Assim, na maioria dos casos em que 0 homem bmcaria urna mu.her parente materna, seria urn casamento contra a regra da exogamia. I: natural, p _ ex . , que 0 caso 3 nao se conforme a csta regra. Parec.:·nos mais cnto procurar a primeira razao da proibi~iio no lata de estes casamentos se realizarcm dentro do mesmo grupo local, e nao do parentesco do lado materno; pois podemos citar 0 caso 2: e com parente materna, mas permite· se, nan sendo no mcsmo grupo local.

Erulagarnia Maku

Nao vale aqui a regra de exogamia tribal geralmente seguida por outros Indios da area. Esta exogamia, Galvao a considera regra recente· '. A sua ausenc1a entre os Kabori podia ser, cntao, caraeteristica de urn tipe mais areaieo de eultura, em que a exogamia local ainda nao se tornou triba l . Prov~velmente, podcmos ate falar de endofamia Matu. 56 vimos casais em que ambos os conjuges eram Maku, ou da mesma regiuo (Kabor!) ou de regi6es diferentes". lnterro:;ado por que nilo queria easar-se com m~a nilo-Maku, urn Kabori respondeu: "Niin posso, nao e parente", exalamcnte o eontrario da regra de outros indios da area ("indio nilo easa com paren­te") , entendido esle como individuo da mesma tribo" . Assim como a exo-

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.. " Mar~ Muru:.l

gamia tr ibal c citada por Koch·Griinberg como urn dos fatores de aCllltu­ra<;iio iDl~rt ribal oa area"" :l endogamia Maku pode SC I urn dos que impe­dem integra,.iio total. ISla se ooaduna com 0 possivc1 falo, ja mencionado, de os Kabori de out rora haverem lido relm;OcS amigaveis 56 corn grupos Maku . Devemos tamt>em levar em conta a alllal J)OSioyi!o social do! Kabori: imp.ica decadencia social 0 casamento com individuo desle grupoM.

o denominador comum das prefercncias n6-lo [evela 0 local em que passa a residir 0 ruarida ap6s 0 casameno . Nos casos 1 e 2 (ideais), 0 hornern, casando-se com parente paterna e devendo morar no gmpo local da espOsa, passa a residir no dos scu~ parentes palernos . 0 mesma raciocfuio 6 aplicaveJ a todns os caws de 1 a 6, e nos pennite deS(:obrir certas regras que consistem a abslra"ao mais breve possivel neste trabalho preliminar . A mulher, mesmo depois dr casar, deve ficar perto dos pais. 0 homem, casando--se deve afastar-se dos seus pais . B prderencial para 0 homem juntar·se por casamento, ao grupa de parcntesco do paL

Reiari5es rom os vaill da mulher

o pai ou a mae do rapaz dir!ge 0 pedido de casamento dSste ao pai ou II mae da m&;a. Havendo rela~Oes de parentesco do lado matcmo do rapaz, e a mae do rapaz quem pede. 0 pedido () fdto sempre II parte que tcnha rel~Oes de parentesco com 0 rapaz. Assim , nos casos I e 2 0 pai do rapaz se dirige II mae da m&;a; no caso 4 0 pai do rapaz ao da m&;a; nos 5 e 6, a mae do rapaz II da m&;a . Nan teado 0 rapaz outra rela"an de pareotesco com a m&;a alem do fato de ambos serem Maku, 0 rapaz parle usar urn intcrmedilirio, como p. ex. 0 patrao, para fazer 0 pcdido II mle da m&;a . Mostram estas regras que 0 casamento depende em larga escala da miie da m&;a. Nos casas ideais I e 2, 0 pcdido apareee como que 0

reflexo do pr6prio casamento ao olvel da gera"ao ante rior: 0 homem faz 0

pedido II mulher. Por sua vez, nos casos duvidosos ou proibidos nao se pOOe falar em renexo: 0 pedido se dirige a pessoa do mesmo sexo. Falan­do de ca!amentos, os Kabori as vezcs descrevem 0 parcntesco entre os c6njugcs unleamente pe:a d~fini~iio do parentesco das duas pessoas envol­vidas no pedido .

Antes de casar-st, 0 homem trabalha algum tempo para os futuros sagrns; se nikJ os contenta, deve ou desistir ou traba lhll r mai, ainda antes de casar·st. A mae da m&;a pOOe exigir, alem do trabalho na r~a, que 0

futuro gcnrn trabalhe para urn patrao . As mercadorias ganhas pertcncem ao gemo, mas como nle viveni com a sogra, esta tamt>em se aproveilarli do lucro. Depois do casamento, a ajuda do genro pode ser requedda pelos sagras, que, porem, dispondo do trabalho dos filhos ainda solteiros, nem sempre 0 fanio, uceto para a ca"a e para a coleta de frUlas, em que os meDores DaO tern mUlto ClIIO . Quando 0 genro colela fmlas, a sogra recebe a maior parte.

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Nolas preliminares s6bre os Kaborl '" o marido que se afasta do grupo local para 0 traba'ho a se rvit;:o de

urn palri o, deve dcixar a esp&a, que, na sua amencia, ITabalha para a mile como se f6sse solteira. Assim sOmente individuos, e nao falllllias inteiras, podem ficar separadas do s rupo local pela influencia dissolvente do tra­balho fora do grupo. Ao mesmo tempo, a regra interessa ao patrao, que assim nao perde faciJmente urn frcgues que vi trabalhar cm outro Jugar. Durante a nossa pcsquisa, urn homem quis sair do grupo em busea de tra­balho; os outros obri~ram-no a dcixar a mu 'her e a filha. Yohou dias depois e levou a familia as eseondidas . Os outros perseguiram os fugiti­'lOS e queriam mati- los. Afirmaram que a mu~h er abandonando a mae co­me!era urn crime por haver demonstrado maiS amor pelo marido. Recea­'lam que os fugi!ivos se fixassem entre genIe noo-Makli . A ideia de urn pos­s1vcl casamento entre uma mulher Kaborf e urn homem nao-Maku enehia-os de pavor: tinham medo de que gente estranha sc apoderasse das fi'm;as dos Malr.u . 0 incidcntc mostra a Jigat;:iio entre a matriJocaJidadc, crem,as em f6rt;:as Malr.u transmissiveis pela mulher, e 0 interesse do palriio: estes ele_ mentos ronnam urn Indo intcgradv. A luz do incidente, a matriJocahlade aparece sobretudo como expressiio do direi to da mile sabre a mha .

DIVISAO DO TRAB,ALHO

Mats acentuada entre as idadcs do que entre os sexos, foj talvez cn­fraquecida em tempos recentes. Em geral, as normas de divisao parecem seguir a 16gica das f"rt;:as fisicas : assim, embora 0 ttabalho da mandioca scja essencialmente feminino, os homellS ajudam nas ocupllt;:o3es cansat ivas de arranear e ralar; a muJher buseD a ICDha, mas 0 homem corta a arvore.

T,obalho, ".,,' ............. " '" '"c~u.o" <"(or ("<1m arma do 108 0 Oil .. rabotana: "",tar irv<> ..... : Jimpa, 0 malo para. ,<><;a; ,!"timor a ro;;a, COlI$lru;r • tag: bavendo ralador de mandioC&. loroo, a r<>do; tonl..,cionar a. arm .. : fabri t ar balai", • pen.tru; lu.e ""1<1t .. do d.n .... < in,lrumenl'" mUlkai.; negoci.a, <om", rqi<>nais.

T rabalh ... ud ... i\>O"'<~I. J.",i~;"o" plantar a mlndioca; tlrrqar a marldiOCl; .. _ premor & m .... «>m 0 tipltl; 10 .. ' <> beiju; corinhar; busc:ar Ionl>&; Jimpar 0 terr ... o em volta do ta ... Da r .......

Otupa~o.. mais tlpk .. d ... ,ap"" (woo de S a is on .. ); pesc .. : IlKb.r pnr.o.riDb .... ""lUI'" ete; toDIr:«ionar flouta. inl.nti. ; prepa,. r OS dordo. para •• ..... batan1ll.

O<upa""'" maio lipir:: ...... ln6Qao: ajudar I mae DO, trabalh ... do ro~a e n. pr~· ta~io do «Imido.

A atividade (methor, 0 6cio) dos rapazes distingue-se mais clara­mente. Fieam qua~e excluidos da ca~a. Na busea de frutns 110 mato podem participar, porem scm papel esseneial . Na ro<;a, ajudam poueo. Sio mais uteis no traba'ho da mandioca em casa (tomar a roda do ralador, tortar a farinha). Mas fiea m as vexes scm ocupat;:iio. Resta saber se a ent~ga de rapazes ao patrio foi facililada pelo &'0 dns jovens, ou se a necessidadc de

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'" Mark Mill\l':cl

'liver scm tIes levou 05 Kaborf ~ alDal divisiio do trabalho; po5slve1mcnle, antes da pacifica",tio outras atividades, como a guerra au a confeo;iio de jnstrurnentO$ de combate, ocupassem parte dos jovcns, ficando dcpois uma lacuna fik:iJrnenle preenchida peJo trabalho para 0 patrao.

o CHEFE

o chefe do grupo local pareee antes urn encarregado das rela~Oes ex­teriores. Nunca 0 'limos dar uma ordem, sa'vo a pcssoas que jii haviam decidido, por pr6pria in idativa fazer 0 que ia mandar. 0 chefe do grupo local em que vivemos afirmou tcc poder de mando Sc6bre !Mas as muihcrcs _ na realidade eca antes 0 oonttiirio.

No interior do grupo, a fun",;to mais destacada do chefe partee ser a de "dono do dabucuri" . t:: ele quem decide a data desl3 festa. "£ posstvel celebrar urn dabucuri sem a participa",iio de qualquer urn des oUlros memo bros do grupo, mas nao scm 0 chefe. Deve s.cr paje usando seus conheci­menlos em prol do grupo, "sopralldo", por ex.: quando falta peile. Mas nao e sempre 0 paje mais respeilado e enlendido do gruPoO.

Em Primavera, maioOr ,ue a aUlor;dade do chefe e a de sua mae, ver­dadeira dona do SilioO. Aproveila 00 rllho-chefe (que afinal nao pusa de in­lennedilirio enlre ela e 00$ outros) para loOroar publica sua vontade. ViUva doO chefe anterior e tambtm a mu:her mais velha, e ao mesmo tempo, 0

dxoO de liga~iio de parentesco entre os membros doO grupo. Nlio sabemos se seu poder e caso isolado, 01.1 caraclerfstico de todos os sItios.

o chefe de Primavera assumiu 0 poder comG filho do chefe anleriGr e pOT ter sidoO nGmeado pelo pafriio doO grupo . Scu direitoO ao tilulo (naoO suas fun~Oes noO dabucuri e nas rela~6es exleriGres) e discutidoO, alcgando-se que entre os Kabori, exeelG os de R~da, 56 pode haver urn unico chefe. Cerro velhG em sao PedroO e rccoOnhecidG poOr todos CoOmoO chefe dos tres s[tios, inclusive pelos cheles locais, aG rnenos em teoria. Na realidade, naG exerce atualmente noOUlvci poder, uma vet que os silios ficam afaslados urn dG outro. Pareee-me que outrora os Ires grupos locais fonnavam urna 56 comunidade. atrav~s de contacto fntimo e conslante, com urn chefe comum. Recentemenle, a unidade leria sidoO dismlvida pelos movimentos migral6-nos e pela aceita~ao de patf6es diferentes, surgindo chefes locais que ainda nao se afinnaram de lodo, e mantendo-se 0 respeito, ao menos, peloO chefe comum . A infiucncia da mlilher mais velha pode ler aumentado pcla dimi­nu~iio do poder do chere comllm. PoOrem, parece que jli tradicionalmente 0

titu:oO de chefe se transmitia de maneira a ressaltar a importilncia da mulher 01.1 mba doO ehefe. Segue a represent1H;ao grlifica da transmissao nas u ltim1l$ gera~Oes .

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Nota, prelimioares J6bre OS Kaborl '"

E>:1~jD: _ J : Cbefe <los X.bo.f ~ Primav."a, Aaulat e S. Pedro; Z: ,OCQsO' de I; J: lIU<:<:SSOt ~ Z; 4: ouc",so. de J e atoal chef. Kaborl; ~: pal. antocesso. do alual chef. de Primavua; b : filbo de 0 • alual c1.de de Primav ... ; <: poi e antecessor do chel_ alual de A!;uiar; d: mho de ~ • atual chef. de Acuia.; .t : viun dp falecido eMf. de Apia', i=1 do aloal chefe comum Kaborl; 8: vi"va do faJ.cido clode de Prim.v .... , mie do al.al (befe de Prlmav . ....

1,2. J, 4: Chef .. oomun. dOl Kaborl; A, b, c, d: cbel .. \ocaio; .t, 8, e.p6su <I._ clod ... Pessou oem Importloda no <onleilo .... ou<tuio do. thefos, foram omitidu nO p lico.

o Jucessor de I era 0 marido do IiIha maio velba, . mbar. 1 liv .... fi lbo. maio veJboo do 'I"" 0 filba maio veu... • do que 2. A 2 ~uiu J, marido do ,"",ndo filbo de J . 1 tlnha maio u",a lilba, laII>bbn ( .... do, "'u 0 ma.ido d"'ta j:l mOlT"., quando fal"""u J; em .. u I ...... segulu COmO <bole a filbo do terce.ira fllba d. I. 1:1; notive! que, e",bora lanto 2 <01110 J liv ....... !illlo (nio monoonad.,. no ,rifi(o), • oucasio ooubesK a 4. Dq:>ois, ernbo .... J liv, ... filbo, maio v.lbo. do que a .u mila 8, foi 0 marido de B quem veio a ... thefe IOCII de Prim."" ..... b, ch.f. aluol de Prim."",", Ca,Ou_ .. co", .t, em parte, 00 quo pareee, para a1irmo. a sua po,i~io pelo " ... monto com m"Iber maio prOlima do Hnh",<m dos ,hef .. , irml do cbelt OOm"m alual do. Kaborl .

IDEOLOGfA

CONCEITO DO MUNDO

A visao dos Kaborf estende a todo 0 mundo a rep resent~'i o esquemA. tiea do ambiente em que vivem. Assim, a terra se compreende como se­quencia de rios e matas que com~a em uma monlanha e leva a urn rio grande" . Quem vive mais rio abai,;o. ~ mais rico do quem vive rio acima, eoneeilo natural para uma regiiio em que "rio abai,;o" equivale a ma;or proximidade das grandes vias de trMcgo e de Manaus e. por conuguinte,

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". Mark MUnu!

das mercadorias. Tanto no conceito como Da realidade da vida DO Uneiuxi, o mals rico 6 patrao do mals pobre. De fato, 0$ patr0e5 dos Kaborl vivem rio abaixo, 0 mals importante quase Da b6ca do Uneiu:d, poT sua vex su­hordinado a urn patriio ainda mals rio abaixo, em Tapuruquara no Rio Negro. Esta situa1;iio, jt na realidade relativarnente simples, tt semelhanc;a de urn esquema, permitiu urna abstra~ao que feune elementos reais da geografia (concorrcDcia das liguas abaixo de Manaus) e da ordem s6cio­-econ6mica (sistema de trabalho em dCpc'ndencia de patrOes, que pOT seu lado dependem de Manans e dos ~ntros industrials mais al6m), integran­do-os perfeitamente em ideias tradicionals que parccem leT colocado os KaboT! no C('otro do mundo, entre dois polos representados pc'os irmlios mitiC<lS !Iaap. A posiC;.!I.o real dos Kabori, ambivalentc entre os indios mais "brabos" das cabccciras e os caboclos do r io grande, se enquadra no es­quema indigena do duaHsmo dos irmaos-ner6is culturais.

o mito seguinte, abreviado, descreve primdro a instala~lio de urn re· gime de trabalho em dependencia do palrilo, e depois a origem de uma po­la~1io do mundo entre "rio acima" e "rio abaixo" (onde vai morar 0 palr:io) .

T .... dols imli ... , ltaip , Itd.p. No COID~O, 010 tive ..... Lua. Tudo .. tava <S<:U'O, • noito nunca parava. At o. IWp lo,am 10 malo com MI~id (tnto mltko tdaclonado <om 0 "Ju",.","" do Rio Ne,ro). Tonrlm u Dauta. de M.~ld . MoQid o. \evou polo mato adenl,o; «I, ... ra", no mato, d. um lado ao out,o, at<! que ~ntra'.", a LUI: urn Jaboti. ]opra,m-no 10 duo Ita's> nio jogon c"", butaol. 10, ... , 0 jaboti cain de nO\"o no cbio; ° I""i o Itaip «InseJuiu, al 0 jaboti liton Lua no duo "Assim. I: que e bom .... I Vod nl0 ",O,nlon ° pfso do jaboti, .~ora eu coo~I", Itaip dIs$e til Innio Iu.i.p. es!e ",spoodeu: "Melbo, uaIm, seu l ta'p. AI'''' tOda a ,ente vai lit .. se,,"Irquese51 Vio 10<1 ... lie., """Kndo farinha, ,,,,,,a <Ie tapioca. Vio ."OAC. ' • ",.ndi ... , lrul-Ia para cua, dtpois plantar mandioca de o6vo. Vio dm"uba, 0 mato, dopals lue. I qurimada".

Oepois, IWp CI>t<In!n)u ° Sot no malo: um disco de pat ... i. Tronxe .... par. casa, jOlou .... rio abaixo. NI manhi, 0 Sol volto" rio ad,.,.. A. tarde, ItaJip jogo" 0 Sol rio . baixo. Semp., agora 0 Sol volta rio acilD. cia ","obi, '-1''' Itaip 0 jop rio abalxo i lOrde (em outro ",ilo, urn <los irmlo> .. tt rio ad",", outtt rio lbailO, • ""'Pre jopm o Sot de urn bdo para .. outrO. No ",.io do camlnbo, I. " 10 meio-dill, pas>I. pola ,qiio dol Koborll .

Maio lO,de, bripram, Ita", loi lone<, rio abaixo, 0 I"nlo Itoip ficou rio adrnl. itaip ff< urna canlla ,'"Ode «1m (UO d, pa1b. dentro. D .... u 0 rio, mnilO! di ... DeKen. Cbecou. Parou. Poi .... urn. Del1iJbou 0 ",.10 . NI cla"';,a, bolou • c .... d. palbl. Poi 0 com~o de M."" ... . i taJip 10; quem primoi,o derrubou 0 malo . ... M. ""u • • botou • prime!ra cua.

A seqilencia dot nos, que dl'sccm cada Vel: mals largos. corresponde a seqllencia dos palrOes cada Vel: mais ricO$ e dos ]lIgaTes cada Vel: ma.i.5 imporlanles, mais cbeios "de mercadorias". 0 supremo palri.o de todos os patrOcs caboclos stria 0 "Govemador do Brasil" em Manall!, homem gi. SaDte, comerciante poderoso, com muitas mercadorias e muitos "fregueses",

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Now. pr~lim;nares 06br~ 011 Kabori ,os

que nunea se desloea a pe, s6 de aviiio~'. Enquanto e:e ~ "boa gente", em Manaus ha tambem entes lerdveis: p. ex., biehos que ataeam as pessoas por Iras para rasgar a roupa e depois comer a came humana (lobisomens?). Segundo alguns, parte dos habitantes de Manaus scriam anlr0p6fagos . e tambtm a terra de origem dos "Cumpiras", que se espalharam rio acima com os caboclos; assim, no Uneiuxi M poueos Curupiras porque ainda M poucos eaboclos, mas, p . e:l:., ao Urubaxi, onde vivem ja muitos catloCos, ehegou grande numeIQ de Curupiras, que oomeram todos os Maku ali permaneeidos (pode haver uma rela~o entre esta eren~ e as epidemias decorrentes dos conlaetos).

Dcscendo mais 0 rio, ehega-se ao rio Arad, que se atinge lambem pelo Japura. Descendo 0 Arad, chega-se ao pars dos mortos". La os antepas­sados vivem sob forma de queixadas, oneas ete., amigos das Kabori seus de~cendentes, ao lado de Curupiras e monstros amigos dos brancos. Des­cendo ainda mais 0 Ar&!, chega-se a uma grande eaehoeira, no meio da qual se eleva uma pedra giganleSCa, que com sua b6ca enorme eogo\c a quem chegar" . Do outro lado, eslende-sc urn pais mortalmenle frio, es­curo, sem astros, sem vegeta<;iio, nem quaisquer allmentas'o. Nos confins, o mundo aeaba ainu de uma barreira quase lmpenetravel de ehuva. Al~m, s6 mora urn dos dois Itaftp, 0 patrao-m6r de quem at~ 0 "Governador" ~ "tregu!s" .

Partindo da regiiio Kaborf em sentido oposto, as vias fluviais e comer­eiais tornam-se cada vez mais estreilas, a gente mais "braba", com menas mercadorias. Jft os moradores de R~ada sl!o mals pobres, menos "elvili­zados" . Subindo mais, 0 rio se transforma em riozinho; ehega-se 11. aldeia dos Nadob inteiramente "brabos" e scm eom~rcio. A seqUencia de rios e riquez.as desenvo[ve-sc, pois, em sentido OPOSIO 11. que sc nota ao bai.ur. Uma vez mais, a imagina<;iio estende para al~m do ambito conhecido os fa­tas da e:l:perieneia: Mais adiante, 0 riozinho tambtm tennina, em zona de mata den~a habitada por seres ainda mais brabos que os Nad6b, mas, como &te5, niio fundamental mente inimigos dos Kabori . Enquanto os seres bra­bas do rio abai:l:o se eomportam stgundo os moldes gerais das ali tudes dos caboclos ( no conceito Kaborf, que atribui aos neobrasileiros inimizade pro­fun~a aos Kabori), os seres brabos de rio acima adotam em face dos Kabori a mesma atitude fundamental como os Nad6b; em ambos os easos, os seres da imagina~ao se caraeterizam por urn exagero dos aspectos lerriveis dos homens que serviram de modelos, Nadob ou eaboclos. Os seres terriveis de rio acima protegem 0 maio contra a penetra~iio humana (urn tanto como os Nad6b impedem 0 ae~sso), mas cerlOS Kabori eonseguml ganhar sua amizade e a permisslio de ca<;2T em suas matas . Os mais poderosos e mals distantes entre estes seres 5aO. jft nos eonrlIls da mala, a "mae-do-veado", a

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'" Mark MUnul

"mae-dos-queixadas" e II "mie-das-autas", "velhas mllilQ brabas". Mais a1tm, 0 mundo acaba allis duma grande monta~. Por ali mora 0 Dutro IWp.

Debai~o da terra e des Tios 'live KeTti -XOII, mae-dos-peil:es, de aspcelo horrivel . Dela, s6 homens podem aprOldmar-se sem perigo de ficaT para oomida do monstro all de 110 menos enlouquecer. Em cert1lS ocasi5cs csta liaS flaulas de "MaGid", uma dlls razOes dadas para II proibi~iio As mulheres e crian~ de ve~m essas Ilautas. Oulrmll, cram as mulheres que dan .. a­yam com as flaulas, que aos homens era proibido ver. Houve uma revo\ta dos homens que esconderam Ketti-Xoll na <igua e ioverteram II ordem. Abaixo da terra mOTam lambtm bichos de aspecto igual aos da oossa terra (Jontras, ararns e Dutros). Tern f()(Jas, vao eaorar, buscam frow, i. t, Ie­nID uma vida como as horneos . Portm, 0 mundo de baixo t mais evoluido que 0 nosso. Enquanlo aqui 56 h~ malo e rios, embaixo hi cidades, prCdios altos de pedra, luz elttrica, caminhos largos e trMego de camioh5es e jipes . '7udo como se fOsse Manaus··. Debaixo de cada rio do nosso mundo hli urn camioho. Luzes fosforescentes, que de noite sobem de igarape perto de Primavera, ~iio 0 reflexo da luz eletriea que ilumina a eslrada sob 0 igara­pC. Em eerto lugar, a pouens melros da easa de Primavera, os Kabor! que colam 0 ouyido a terra ouv~m 0 barulho dos eaminhOes. Os botos sao gente de baixo em visita Ii superficie.

Adma das nuvens, !"!lora Xe.u (chamado em portugul;s "Deus" e em nheengatu "Tupana", embora teuba pouco em comum com 0 Deus cristlio), prelexto para hist6rias c6mieas, geralmente pieantes, nas quais tern papel de hobo. Mas nao deila de ser pa~ perigoso, temido por sua e:o;peri6ncia de vclho sabido. Com ele coat-ilam no ceu bichos e planlas gigalltes, anlepas­SlIdos da fauna e da flora lerrestees, como 0 pau-de-abiu grande, 0 iapixuna grande, 0 uacu grande, muitas aves grandes, uma on~a . Xau descc 1I terra sob forma de pbsaro, As vezes acompanhado de seu pessoa1 de bichos e planlas. Tern vlirias mulhelCS (nem sempre 68s, para pudio dos narfa· dores de hisI6rias) , uma no ceu e OUlfas na terra.

Segundo os mitos, os Itaap habitavam anligameole a terra Kabori, tal como, talvel: na mesma ~poca, Xou e Kerti-Xou. Talvez iSIO signifique ha­ver existido uma ullidade inicial entre os mundos, rasgada depois por aeOD­lecimenlos lais como a briga entre os ltalip e a revolta mascu:ina . A insti­tui~iio da dano;a dos homens (complexo reladonado com 0 do "Jurupari" de OUlros indios da lirea) pode cstaf Ligada ao fim da unidade, pois pareee ter-se dado ao mesmo tempo. A estratifica~ao, no espa,.o, dos mundos des­eritos deve ser posta em rela~lio com a evolu~ao no tempo: em volta da tefra Kabon do presente, hi os diferentes elementos do passado. £Ste t tambfm 0 futuro: tempo villi em que as lirvores gigantes, antepassados das plantas do prescote, cairao do ceu para derrubar as matas e casas de agora, e os antepassados giganles dos animais chegariio pilla devorar os seus des-

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Nola. preliminare. s6bre OS Kabor£ .. , cendentes . Num diluvio terrive! , Ker6-Xou e OS pdxes sairlio dos rios para invadir a terra e .;omer os homens. Prov1\velmente. iSlo signiflca que ceu, terra e mundo subterrAneo se uniriio, findo 0 tempo humano, restabelc.;endo o coos do passado, sem limiles no tempo, nem entre os mundos . Islo aoon· tecera quando, urn dia, inevitllvelmente, uma mu"her enxergar as [[aulas de "Matlid", invertendo ar.sim a ordem instalada pela dan~a dos homensTl,

Em nossa i n terprela~a o, a fuu~ao atual da dan~a (chamada "Jumpa­ri", quando os Kaborf falam portugues) 6 manter a ordem que separa os mundos, que de outro modo ficariam unidos . :£ inte ressante 0 confronto com urn mito dos Banfwa segundo 0 qual "0 mundo era enllio muito peque­no, Kowai (Jumpari ) deu urn grilo e alargou 0 mundo"T!.

o scnlido OOsrnico dos mitos que inlegram 0 cornplexo das dan~as e flauta!, talvez scja mais acentuado que entre oulros indios da Area que ~rn mais em destaque a liga~lio entre 0 Jumpari e as insti tui~Oes sociais humanas . Os dois aspectos, 0 c6srn ico e 0 social. niio se cODtradizcm, com­pletam·se . Que os Kabor! acentuam menos 0 aspecto social do dominio masculino, ta:vez se relacione coin a posi~1io difcrente da mulhcr Kabori. Importante e a provAvel ~usencia do personagem milico "Jumpari"; seu mito nao figura entre os numerosos milus Kaborl por n6s oolhidos . Pareee auscute, pois,o her6i masculino . A voz das flautas 6 a de v'rios seres extra­-humam>s, alguns de sexo feminino, p . ex. Kero5i·Xou . Nao hi!: liga~lio fixa de certas f1autas com ccrtos ~eres : em ocasi5es diferentes, entes dire­rentes podem escondcr-se na mesma flauta, que assim vern a ser 0 eixo de liga~ao com urn mundo fantAslico de monst ros e bichos, em vez de se-lo com antepassados e her6is. Mai! uma vez isto nao contradiz lis cren~as de oulros indios da 'rea, ap:nas se desloca 0 acento: tambem para os Tu­kino, 0 persona~m correspondente a Jumpari pode tomar 0 cadter de espiritos da mala, com a diferen~a de nao Sl' esquecer de todo 0 aspecto de heroi civilizador'" . Para os Kabori, as Hautas traduzem mais freqiiente­mente as vozes dos " Mal\id", cujo nome ~ a as dan<;as: espiritos mal6vo[os e enganadores que apareccm sob muitas formas; a de base ~ uma ave gi. ganlesca cuja sombra tern a forma duma grande on~a. Namoram as m~as, seduzindo-as par sua aparencia bonita e urn penis de dimensOes descumu­nais". Via de regra, matam as m~as depois da sedu~lio ; algumas j.1 mor­rem de prazer durante as reJa~Oes . Espiritos aparentados sao Me6id (com aparcncia de on~a vermelh3 ),Tehai (que tern fonna de venlo e com cuja ajuda outros espiritos levam longe os homens; d. 0 nome "thahei" duma cobrazinha, na qual, para os Maku do Caiari-UaupCs, se escoude 0 "espi­rita do mal")'" e Maxa~in (de forma menos definida ainda, s6 se manife!ta aD ouvido). Parece-nos original a liga~ao entre as flaulaS e as onoyas, com os quais os mitos Kahnr! mostram, em geral, certa intimidade (d. acima, os mi tos de YoyOdn e Komexo): liga~iio evidente nao 56 nas fonuas de Matlid e Meeid, mas tamhl!m no fato de transparecer, em ccrtas narrativas,

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... Mark Miinzel

equivalencia entre dan~a r com as naulas e dan~ar com ono;as au atl! ter rela<;6es sexuais com or~as femininas. Em outra narrativa, a dan<;a de itaap, que se toea na nauta, se confunde com rela<;5es sexuais com urna cobra gi­gantt. Foi 0 palma Ita<ip quem primeiro dano;ou rom as flaDlas, que Ihe sc rviram tambem como inslrumento para urinar - em geral a dano;a 6 interpretada como "urinar de Tta<ip". Talvez sc esconda atriis di:stes indicios a ideja da equivalencia entre a naula c 0 6rgilo sexual, permitindo a dano;a entrar em rela<;~s oom seres normatmente dificeis a contaetar, tais como "sombra! de on~as" all "cobras" . Tanto cste possivel fundo de idCias como o decorrer da festa, cujas rases decisi vaos sc: desenrolam no malo, indicam urna !ig~iio [mima com 0 mato, menos evidentc no oomplexo de "Jurupari" de outro indios da :irea . A ligal;rn ~ exdusiva dos homcns; para as mu­Iheres, Mauid nao reprcsenta :senae 0 extremo prazer sexual .

No portugues c nbeengatu dos KaOOn, os seres ligados ru; flautas se chamam indiscriminadamente "Curupira" ou "Yurupari"', nomes que se con­fundem. 0 esfOrt;O de adapta"lio ;\ nomenclatura dos regionais mostra os problemas duma pcsquisa entre os KaOOn, em que muitas vezes se deve if alem duma fachada "cabocla" para vcr 0 fundo Maku; mostra tambtm os problemas dos Kaborf, que ~ e ~sforl;am POr esconder atras da fachada as suas difcren"as dos reg'onais . No caso, devemos dist inguir entre os "Curu­piras" de Manaus ja mencionaoos c os "Curupiras" cujo nome nlio passa de urna tradu"iio de nomes Kaoon. Os primeiros n"o possuem outro no­me na lingua KaOOr! e slio eertamente cmprtstimo caboclo. Nos outros ca­ws de aplica,,~o de !JOmes brasileiros a entes da cosmogon;a Kaborf, partee trata r-sc nao de indentifical;iio sincrc tis!a (como para outros indios da :irea), mlS de simple~ tradu<;io. Assim. Ha:ip t chamado "Adao" ou "Pai­zinho". uma esp6sa de xou·Deus t "Virgemaria" . Seme(han~as de idiias e cmprestimos de nnmes indiC2m uma re'aciio nao lanto com 0 catolicismo oficial do que com as "supersti~s" cablocias'e, 0 que pennile lirar condu­sOes sobre a religios;dade dos region ai~, que, antes de expi icar que Deus 0 ' 0 e marido de adullera , pareeem ler ensinado aos KaOOri cxpressOes e peda~ de ean~OcS da ' 'paje)an~a'' ou de cullo seme)hante", ta)vez lam­btm noovOes do "reino encantado" e da cren~a nos lobisomens .

FESTAS E ATIVIDADES RELIGIOSAS

Festus exc!us;VlU dos homen.l adu/los

Os "dabucuris" com a~ dan~as, "de Mauid" organizam-se com fre_ quencia (durante oossa pesquisa, se reali.zavam de Ires em Ires semanas, aproximadarnente), portm gllase sempre com urn numero reduzido de par­ticipanlcs c !em arnbienle de festa; ~ mais urn rito necessario, nem scmpre popular, em momentos de abundinda de certa comida, sobretlldo de rru­los do mato.

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Not .. p,eJim;nar= 5Ob,~ os Kabori '" o DUm •• o minimo de porticipanlt. l do;'. D. maDba, 0. bom""" '-ao bu",", o. frut ...

00 out.a <omi<11 . Lev.,., a. flaol .. , que lora do,ta. ""a"o .. ficam eocendid .. num ip_ rapt. Havendo maio de dol. participanl". dois hom .... vio na fr.-nlt com du ... flauta .. alastando_ .. """ outrw T*ra depois n... indic.r 0 caminbo, de lon~. com ° .om <11. lLau­I ... Dllo volt .. em 1M., .. dl.e~Ou. alulando_ .. dO> caminh"" aborto., para pttltttar mata adenl'o. Aconl.« que pa,a <hog .. a um I",or que fica a cinco mlnut". de .. miRho abo'lo, d10 volt .. de vi,i .. hora" ...."p,. OIquitldo .. nauta. ("MaOId leva_no. pelo maio"). Na volra, I,ar..., ..., Jundt. enl"" "" lru t", colblOO" alti .. OS doi. au qual'o toaodnlU d. nau!.as, qu loeam du,anlo lodo a .. minho de volta. AproKimando_st da .... (gnalm'"I, pew 4 bor .. da tarde), gril'''' para avi>ar a. mulb., .. , que log..., pa.a o mato, onde lomam banho nu", igarapt. Em c ... , o. carugador .. depo.oitom os IruI". s6bu 161has de bana"rir ... <ot...,did •• no <hio, <nqu.nto a. flauta. continuam t""ondo. Dtpoi. , dirig ....... naut .. d. ",aneira a apontor 1""0 0, Irutos •• melodio muda par • ...... mais a5udo, • • Ilmo o<<1 ... do. Tombhn ... npressa .. de ro. to e tOlla a _titudo <los born .... mudo, tI~imindo ITande ucil.~io . Continu"", "';m durante un. S min"t"., dtpois corum pa'" urn lug .. ...:ondido n. mlto, perlo da "", ondt depo"to", .. fLautao. Voltam I. n. .. "ilando, "nil de que •• mulh<!<o podtm volta •. Depois OS bom .... tomam banbo colttivo no rio. All mu\ber .. prtpaum "" frutos, • lodo. COm<"ln • bobem juntos.

A noito, 0. home", bll.cam .. flautao para dan~or num lug .. e",oodido no mato. AU lium, dano;ondo, canlando e discu ... ndo ate po! ... 1 ho.a, da monbi. Vim.,. do;' p .... de llaul .. de laqua .. , urn maio" "Kerti-yao", IOu do por bomrn, madu,.,. e urn menOf, de som maio asudo, "Huad", tocodo PO' bomen. jov,n •. Conh«em lambrn> a. t,ombow de cas<a, ttnbora nio as t<Rh.m u .. do duranlo no ... pesqui ... A. vh ..... lLaula' a<ompanhm urn hom..., que conta uma bistliria ou lombra em discu, ... «rimoDial .. proibi,o.. li5ad .. b flauta •. Ao m. lodio. Itvam como nom .. o. d. animals (m .. acaji, ono;o, j ... mim el<.) 0" 0111'0', de slgnificad'" mais div .. ", .. ""'"0 " .... ", "pu,anga", "ca~ d. pviio", 0" de pllnta •.

Na idade de UIIS 11 a 15 anos, os rapazes sao iniciados, juntando-sc geralmente varios rapazes de varios sitios em uma festa atua'mcnte semple em Roc;ada (talvez por ser 0 ~ itio com maior n(jmero de vethos capazes de ensinar a tradi~ao). Embora muthercs c crjan~as tamb6m acompanhem os iniciantes na viagem a. Roc;ada, nao participam da festa, salvo no pape1 ha­bitual de preparar a comida.

Cbq;ad.,. t, Ro.;ada, os inidondo, puJam urn perl<>do de c~rca de du .. S<1DaD" .m uma wnha provisO ria, «,me ndo 06 chib< • minp u Irio . P.ra malar a [om., tOmam Urn rapf . Rf «bom iD,lru,O .. """ , .. lbo, • aprendem can,;:; ... Em coml"'nhia d.,. homeD' ja fnfd.do., tomam cada dia urn bonho d. manhi, um 00 m.ig-dia, um a larde, • urn du .. nl. a noit •. Findo h te ptl"f<>do, os paj" moi, optrimentado. (al.almenlo, em Ro­o;oda. hi quol.o tapa ... da 11 .. laj ",,,,tram • .,. joven ... lIau, .. , • enoinom •• mr1<>dia. maio important ... 0. inlormant .. menein .. ram uma cohra !randt qu ... moot .. 00, iDician_ dos. A inid.~io termlna com urn dabu<uri Com ... flaut .. de MaUid . Volt . do. ao .... S£tio ,0 pai kv. 0 IiIho pata uma grand. ,"o;oda, oa quat tr.tam de matar ludo 0 qu, ."""ntram .ehret"do pu.ar.,., m .. lamMto maca"", • outrO. animai • .

FcstflS com Q pIlrriciPllfiio de totios

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Mart MUnz.e1

Niio se d;stinguem cssencialrnenle das que se obscrvarn em oulros po­vos Da lirea. "E!sas festas sao mais de carliter social-recreativo do que religioso". 7 • . As f!:SlllS com participarwao s6 dos mcmbros de urn grupo l0-cal, se realizam freqilentcmente, de prefercncia no dia seguiDte a urn dabu· curi com flautas; as canQOes sAo em parte as mesmas, mas sem a atitude s~ria da v6:pera. A festa niio passa, geralmenle de divertimento da tarde para os jovens, embora em prindpio lodos passam participar. Os rapazcs que danrwam usam cocares de penas brancas de caraeari. 0 espirito geral e de alegria e algazarra, em fort e contraste com a seriedade da festa de Mauid.

As feslas grandes com participarwlio de varios gropos locais organizam-se talvcz cada dois anos . Duram vlirios dias, com consumo de cachiri . As vtzes, no final da fesla urn grupo convidado agradece os anfitriOes, eonvi­dando-os para continua-Ia em seu proprio sitio, e lodos dcslocam-se juntos para la, recom~ando as danrwas e 0 consumo de cachiri. A festa pode com­binar-se com grande carwa Oil, mals raramenle, pesta, em que parlicipam membros de diversos grupos locais. A carne e preparada pelas rnuiheres enquanlo os homens "danr;am com Mauid" em lugar urn pouco distante. As canrwOes parecem na maioria de carater profano .

OPAJE:

Em seu grupo, distingue-se rnenos do que seus colegas em outros povos da arealt • Nlio mora separado, nlio e mais rico, trabalha na ror;a ,etc. ro­mo os outros. Ja 0 numero relalivamente grande de pajes·· impede toma­rcm-se figu ras excepcionais. A falta de urn status social especial se coaduna com a ausencia de forte estratifica~o da sociedade Kaood e com 0 paga­menlO mfnimo, que nao pennile aos pajes uma posi~ilo econOmica de desta­que. 0 paje e pago 56 quando nao se trata de servirwo para parente pr6ximo (definindo-se como "pr6:dmo" 0 parcntesco com a maioria dos componenles do gropo local, de modo que as mais das vezes 0 paje trabalha de grarwa) ou em prol da comunidade, considerado obrigat6rio. A obrigarwao imp6e-se primeiro ao chefe ; se suas f6rrwas nao alcam;am 0 efeito desejado, os outros paj& do gropo devem apoia-Io . Podcmos distinguir uma ealegoria inferior de pajes, que trabalham para fins mais individuais, de utiJidade 56 para individu05 ou urn (iuico gropo local, e outra, superior, de pajes experimen­lados, eujas atividades silo de utilidade mais geral e que se empenham por afastar dos Kabod (em sua totalidade, e is vezes ainda de outros Mak:u) ccrtos grandes males, como 0 perigo de guerras ou epidem1as. Sao estes os que iniciam os jovens. No Uneiuxi ba alualmente quatro paja desta cate­goria, no Bo<i-B~ mais dois. OUlro, muilo poderoso e procurado por Maku ate do a~to Japurli, viveria no Jutai com UID pequeno grupo local MakU.

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Notas prcliminares ~.c os J{abor(

M~todoSl de traballw

I) 0 pall canto clno;&. com, ..,b"tudo, ... nom .. do< "'res que que. dominar. Bkhos. l . nte ~u"", mullO. oom .. , na mllo,lo .. <woo; quonto maio .. paie 'Mhoa., m.lor .. u podo • . P .... combat .. as ob.as de outro paje, dove conb .. o. os nom .. d~le e os de "u' """irilos l ulli.res. Mordida alp'Om PO' urna cobra, 0 paje tanla O. nom .. dela. Em <as<' de eu.a, comeo;o, de ocd;nbio, • tant .. a" .noll .... e ICrmlna 10 Im.nbeetr.

1) Dt>Cn\Ieu-nos urn ;nlonnanlC 0 I •• balho que Ih para que bnUVH$O maio ptlu no rio: "",nden quatro 1",0' em drculo (a" lado dJ. ca ... d. larinba, i. I , .. vi,ta de mnlh ...... <rian<;as). botou peiu em tada 10000uol,., I"ProU a lomo<;> nu diU\;o .. em qUO quo, I. priJ:o. "De 'eponlC, Ikou ludo 00<\1'0. AI .",.1 ••• um lram. De oonde <II

10\>"", <hegon lrovio como rung""" de no. ouvir •. "-"'rectu urn rellmpOIo .norme no duo N. maobi, ludo aqui .. tava dI,io de pei ... ".

Processo ...".lbanlC oa enra: a(Oode-.. nm. locn,I •• 00 Lado da tMe do d"ttm, e ° pal. "'P" 0 fum .~. oObre ht •. Pod<, lambOrn, ..,pro, • Ium.~o s6b,.. um wI><' oopttlal_ m.nlO p~ .. do para" dotnt • .

J) 0 pale -"'fIca oeu bilit" ou sbbr. 0 dotntc on .ob" 0 rhlbl, seguindo tknica especial: ..,p .. no m10 ........ da qu ... loch.d>, abr._a no momenlo de "'P"', dando " imprt,",o de ."lta. 0 .apro em del .. rninado .. ntido , • produ. 00 _.mo IOmpo, <om os Uibi ... , urn ..,rn partcid .. a urn ..... blo. 0 pajO pod" lambOrn pronunci .. uma Iru. que deveri lornar_ .. v<rdadc (p. ex., "agora vii parar a <huva") e logo d.pois "soprar" " .. or. 1"00 mito" loi uoim que pails ;nlrodu.zlram e<tl •• , tg ... qu e boje govOln,m 0

mundo. Kisto, 0, ""i" mHieo. "'1"",'011'1 b v ..... numa .. rabatano .m v.t de no mio, uol<o iodido duma ewntuo] rtla~io tntu 1";11~0 • Il«hu.

A paielan<;a se desenrola em geral ilt vista de todos, retirando-se os pajes ao mato s6 em oeasi6es especiais (sobretudo para malar por paielan<;a). Ao contnbio de colegas de outros povos da area, 0 pajc Kabod nao usa 0

maraca, nem defuma<;ao. Talvez 0 tabaco fiisse desconheddo antigamente. o pajc conhece plantas curativas, mas nao t urn saber exclusivo dele: quem sabe melhor ulilizar esses reecurws sao as velhas, embora uma mulher nunca possa vir a set paje. Nfio M pajt ou curador com fun<;i'io especifica no cam­po da me~licina vegetal .

A inidafQo do fXlji

A aprendizagem nlio t processo comp'ieado que isole da comunida­de 0 futuro paic. £ste vive a sua vida normal no grupo, podendo, p . ex" casar-se. 0 ensino prolonga a educa~llo normal que pais e tios dispensam ao rapaz. Quando h Ie atinge os seus 20 anos de idade, urn pajt do gropo local, geralmcnte 0 pai, decide se t digno do papcl . Em caso positivo, come<;a 0 ensino.

Em interval ... I"tgular .. (talv .. tada melo ano), ° paj. e candidato .. retinm pua a flo,uto para urn ,"rso inltn';vo, que dura mai' ou men.,., du .. "mlUla,. Para. ini_ cla<;lo, 0 candidatao p<",I .. no malo .o.inbo 0 .. m comida, alimebtondo_ .. da cokta . • 10 quo, dal a vi r;o, diu, .. ","""Ira corn 0 ""j' em Jugar de...,nhecido, PO' hIe Indica_ do tom anlttedlnda. A~, du"'nl. Ire. di .. , 0 POi< da u li(iks . ... nciais, aUmenl.ndo_ .. ambo .. "" do produlo da <ol.ta. O,po;" 0 Inicl.ando lorna Urn ",pO alucin6g<no ("papa_

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on Mark Miinzcl

nd", mas .. acm~ no" laraDte a idrDlidadel, que di>: .. a oer tio foru quo .. pod< torni·[O lima VH sb na vida e, "";m In....," .• omtnte quando .. O$li de boa "'''de /ilk.. • ",tntal. Qu01ll aio ob.l<rv ...... las prtuu~~ morro, ia ou naria [ .. urn.

Soh 11 inf:uencia do rap~ que [Omoll, 0 iniciando cai proslrado no chao, ficando qual mono durante tres dias (segundo os informaotes). Neste tem­po, ve imagens terriveis: bichos 0 a!saitam sob as fonnas mais fantftsticas. chefiados por uma cobra gigante", amea~ando 0 rapaz com bordunas enor­meso Alguns rapazes ja morreram rea[mente de mMo, diaDIc dcssas ima­gens. Se a candida!o e digno, vcnce a{jnal 0 m&lo e zomba dos bichos, gri­lando: "Voces nao passam de bichos, mas eU, ell sou homem, nao lenba medo" . Entao acordar!!: e Icr:!: paie. A scguir, os dais pajes voltam para easa. No dia seguinte, celebra-sc urn dabucuri com as [aulas de Mal1id, do qual participam s6 os pajes.

Esta e a descri~ao ideal que, pelo menos hoje em dia, nem sempre corresponde 11 realidadc/. Assim, urn paj6 de Primavera s6 passou pcta etapa final scm as temporadas anteriores no mato . A atitude em facc dos monstros das visiies, que accntua a superioridade humana, 6 tfpica da re­Jigiosidade Kabod: embora se temam os sares e:ura-humanos, hi urna confian~a muito grande nas IOr~as humanas, podendo 0 homem, p. ex., matar urn Maitid a tiros 01,1 a go'pc-s de ten;ado. Nao observamos nada que indique mCdo profundo das f6r~as do Alem, apenas a preocupa~ao de tomar as preca~iies neccsdrias.

OS NA.D()B

H se evidenciou que os Nad6b, no con,cito dos Kabon. se integram perfeitamente numa ordem do mundo dflerminada pela seqUencia de poves e terras. Vivem, segundo cste conceito, em po>~iio inlermediJiria enlre os Kabori de R~ada e os espirilos protetores de animais. Sua terra e coberta de mata, menos densa e terrivel do que a moradia des espfritos, mais impe­netrnvel do que a de R~ada. Correspoode a e51e me;o-tcrmo na posi~iio geognUica uma atitude intermediaria entre os Kabori de R~ada, "mansos", mas nem tanto como os outros Kabori, e os espiritos do fundo da mata rio acima, mais "brabos". Os Nadob, sao mais "brabos" que os Kabori de R~ada, menos que os espfritos .

Interpretamos 0 conceito dos espiritos como, em parte, prolonga!i'lio da seqUencia al~m do ambito conheddo. Inversamente, devemos tambhn admitir a possibi: idade de os Nadob prcencherem, no conceito Kaborf, uma lacuna na seqUeoda _ entre os fatas da expcriencia real, que se estende ate R~ada , e os espldtos na mata alem. Se, p. ex., os Kabori de R~ada 530 mcnos perigosas que os espiri las, uns e autros nilo sendo fundamental­mente inimigos, os Nadob, na sua posi~lio intermedi:iria, serlio considerados mais perigosos que os Kabori de R~ada, menos que os espiritas, e tamb6m

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Nous prelimiparH s6bre os Kaborl m

como nao fundamentalmenle inimigos, sendo os conflilos entre Kabor! e Nad6b explicados como devidos a simples "erros" au "rna compreensao", mas n~o a ma~dade esselleial dos Nad6b (lIQ eontrario da maldade dos outros indios da area e dos caboclos); para dcseulpar os Nadob, vai-se ao ponlo de dtar a falta de compreensao lingilistica, embora os Kabori acen­luem em outras ocasi6cs a seme'hlln~lI dos idiomas. Frisamos isto para aponlar 0 valor Iimitado das indica~Oes dos Kabori s6bre os Nadob: deve­mas conlar com Iransforma~Oes da realidade em favor de uma adapta~ao dos fatOS ao conceito Kabod, da mesma fonna como as info~s s6bre 0 Mundo rio abaixo, alcm de Tapuruquara, slio gcralmente transformadas e adaptadas ao conceito ja existenle. Assim, a par da informa~ao, talvcz. correta, de que as casas NadOb se ergueriam s6bre eSlacas, existe oulra versilo, que as localiza nas copas das arvores, de onde as Nadob espanla­, iam os visilanles au ale cairiam s6bre eles, para os malar e comer . En­tramas aqui no ambito das explica~Oes que aproximam os Nadob dos bichos do mato, quer dos macacos, quer, p. ex., dos Curupiras. Levariam a barri­ga nas costas e as costas na frenle do corpo, seriam pcqucnos como crian~as (quem ja os viu de falo, os descreve como genie normal) gritariam como guaribas, leriam cabclos compridos como os guarihas, etc. Urn Kabori chamou urn guariba morto, especial mente forte, "urn tuxaua Nadob" . N~o nos pareee impassivel que 0 etn6nimo "Maku-Guariba" lenha nascido da preocupa~ao, nao 56 dos regionais, mas tambem dos Kabori e de OIIlIOS Maku "mansos", de caracterilllrem seus ponadores como semi-humanos. Ds Kabori, tal como outros Mahj", oonsideram os brancos e os indios nao­-Maku como "bichos"; os Nadob - Maku. mas nao "mansos" - nao sao nem "bichos" - como, p . ex., os Tukino - nem inleiramente "gente", como os que vivem no sistema de trabalho para patri)es, instituido pelo mitico Jtatip. Falando deles em presen~a de "civilillldos", os Kabar! se distanciam dos seus parentes mal-afamados, acentuando os aspectos oao­-humanos dos Nad6b; falando entre si, scm testemunha, a t6nica talvez. scja diferenle, como jii a etnonimo usado, "Nad6b" = "~nte", fllZ supor.

De acordo com a maioria dos informantes, os Nad6b ainda nao te riam iniciado contaclDS pacificos com os neobrasileiros, porem nto sao agressi­vos; apenas vedariam 30$ seringueiros a ent rada em sua terra rica em ucuqu;rana. Pintariam de ucuquirana a corpo todo para apresentar-se aos introws, que amea~a riam com seus arcos grandes, scm atirar. J:i passui­riam algumas ferramentas roubadas a visilantes maJogrados, mas nao usa­riam roupa . Sua distiincia do Rio Negro e a provavel hostilidade tambcm aos Indios "mansos" fazem supor serem fracas as infiuencias reeentes da cultura indfgena da area. Par oulro lado, devcmos considerar a relativa proxim;dade do So imOes e contar com a possibilidade de movimentos ja antigos i\ manei ra das atuais migra~OeS individuais de Tukuna e Oulros Indios do SolimOes at~ a pane do alto Uneiuxi mais pr6x.ima do Japura,

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Marl; MUIIUl

em vista, sobretudo, da pressao maior que a frtote pioneira tern exercido sobre 0 SolimOes em compara~ao com 0 Rio Negro.

Os caboclos chamam os Nadob tamb6n "Piranhas", porque leriam os dentes afiados e seriam antropOragos. Os Kabon falam. ainda em "Pessoai de Makure" segundo 0 nome ou titulo de urn chefe de guerra dos Nadob, escolhido atraves de uma prova de resistcncia adores £isicas, teste tam~m apontado como antiga tradi~ao dos Kabori. Outros costumes comuns $C­

[iam. p. ex., a maneira de se prcpararem para a guerra e as dan~as de Mauid . Por outro lado, os Kabori negam que sens antepassados leriam pra­licado os ritos antropofagicos atribuidos aos Nadob; 0 evidente praur, so­bretudo dos velhos, e a exatidiio nos pormenores, scm nenhuma contradi~ao entre diferentes inform antes, ao falarem da anlropofagia, permitem certas snspeitas. Difcren~a mais ceria e 0 uso, pelos Nadob, de a[(:os compridos (de cerca de 1.70 m) com flechas igualmente longas. n Koch-Griinberg menciona os arcos grandes e t:echas com ponta dura, dos "Guariua-Tapu­jo"": Airtda em contraste com os Kaboci, que dormiam antigamente, e b vezcs ainda dormem hoje, s6bre esteiras, os Nadiib fabricariam rides de fibras de palmeira. DevemOli admilir que arco e rede nao sao elementos culturais cuja falla se explique fi'lcilmente pelos contactos com os caboclos. de maneira que transparece aqui a possibilidade de cecta difertn~a cultural entre Maid! "brabos" e "mansos" nlio devida a diferenles silua~Oes de contaclo, mas antes a diferen~as hist6rico-culturais ainda nao esclarecidas; isto nao pOe em duvida, 0 falo de os Nadob serem, certamente, parentes pr6ximos dos Kabori.

CONCLUSAO

Quem espera encontrar entre os Maku urn tipo de cultura i'l parte, produto de urn passado j.i esquecido entre outros indios amaz6nicos, talvez fique desi udido. Certo, descobrirnos tra~os arcaicos ou pelo menos diver­gentes, como 0 rel8vo do cultivo de plantas frutiferas e a pouca importiin­da da peSta. Mas Irala-se, antes, de aspectos mais ou menos acentuados. nao de diferen~as fundamentais. Partindo dai pndemns observar, como exemplo, a ~~ao da mitologia Kabori no conjunto das mitologias brasi­leiras. 0 material co:hido compOe-se de elementos j.i nossns velhos conhe­cidns dOli tempos de Barbosa Rodrigues, mas talvez a situa~30 de gropos como os Kaborl permita. mais c1aramente do que a de outros influenciadns pelo contacto com a sociedade moderna. analisar 0 condicionamento tam­btm de aspectos aparentemente tradiciooais, como 0 e a mitologia, por uma situa~ao de contaclo . 0 exempJo de lais sociedades nos habilila a de­seovolvcr mEtod05 para descobrir as correntes de Iransi~1io tambtm em so­ciedades aparentemente pouco trandonnadas. Na interpreta~ao de mitns indigenas, a preocupa~ao de descobrir a filnsofia indigena, pre-europeia,

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Nota. proliminare. s6bre 0$ !(abo""

dificulta As vizes a compreensiio dos elementos integrantes que tenham mu­dado 0 seu sentido pela silua~ao modificada dos indigenas. A mito~ogia

Kaborf, lao manifcstamcnlc imbuida de reflexos da situa~ao alual, jii nao pennite fechar os olhos . A liga~ao, por exemplo, enlre espfritos "brabos", responsiiveis peJas doen~as, e a frente pionel ra, que, involuntAriamente, lraz as doen,.as fatais, ~ evidente nas eren~as Kabori que localizam em Manaus a terra de origem dos Curupiras - mas e lambtm 16gica, e lalvez nao exclusiva da filo50lia Kabori, wmcntc mais abertamente expressa e niio fundamentalmente diferenle das reflexOes dc oUlros indigenas; 0 mes­rno vale para a Iiga~ii.o enl re a cren~a em regi6es milieas "rio abaixo", onde M riquezas, e a situa~ao economica dos indigenas, evidenle. quando, no coneeito Kabori, 0 personagem milico dos confins do mundo ~ urn co­merciante.

Seria adesiio II milologia ctnol6giea do stculo XIX acredilar que 0 mundo de oUlros indios JXIssa eonsliluir ainda urn universo fechado, onde nem a coloniza~iio de muilOS stculos, nem a expansiio moderna passariam de acontecimenlOS marginais. Na milo:ogia xinguana, p. ex., a cria<;iio do branco e sua diferenciar,iio do indio ocupam lugar de destaque, nem lanlo nas interpreta~ nossas dessa mitologia"· . Nossa lendencia e antes a de considerar a men~ao dos brancos como pormcnor ex6tico il. maneira das referencias aos indios em nossa Iiteratura; mas nao devemos esquecer que o impaclo de nossa civiliza~ao sobre 0 indio foi maior que 0 do indio sabre nOO e que, por conseguintc, 0 branco no mito indio e mais significativo. Para fiear com 0 exemplo escolhido, lalve:l mere~a alen~iio que os Sakairl do seculo XIX deram ao Govemo brasileiro urn lugar mitieo estranhamente semelhante ao que Ihe dao, no seculo XX, os Kabori: tal como 0 patrao­-m6r, 0 "Governador", da eren~ Kabori, 0 "Imperador Dum Pedro II" da eren~a Bakairi foi identificado com 0 her6i cultural". Em ambos os casus, o heroi vai, no fim do milO, a urn pais mitieo para 0 lado das grandes cida­des. A mesma ideJa volta lanlas vhes em milos de diversos grupos indfge­oas que jii: nao a podemos considerar, como ainda 0 fazia von den Stemen, como fantasia individual de urn velho original. Enconlramo-Ia, p. ex ., na mitologia Munduruku (que, lambtm, conhece 0 reino encanlado com ci­dades modemas), onde Tupii viaja por lerras de povos mais avan~ados que os indiosSI • Assim, a milologia Kabori fomeee elementos para uma anillisc comparativa dos esror~os inleleeluais dos indios brasileiros por compreen­der a sua situa<;iio modificada e interpreta-Ia nos moldes do seu pensamen­to original"r.

A maior cJareza com que 0 aspeeto rcferido se apresenta na mi!ologia Kabori talvez se expJique pela r6r~a da situa~iio de con!aeto. Os Kabori, euja mobilidade talvez arcaica pode ler facilitado a adapla~110 a urn sistema modemo que ~quer mobiJidade, que faum parte do povo Maku mais hu­milhado que OUlros indigenas, e para os quais a dependencia do branco

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no Mark MUnzel

talvez signifique certo aIivio da dependencia de oulros indios, accitaram mais f~cilmente a posio;.ao superior do braneo e a integrao;ao em urn regime de dependencia e, posslvelmentc, tambCm integraram com maior facilida­de cues aspectos em sua ideo'ogia. 0 carsler desta talvez rdJita maior tendencia dos Kabori para adaptar-se 11 nova situa~o, e pode eslar Iigado tambCm a OUUOS aspeclos, como a persistcncia duma ordem social tradi­clonal num sistema economico de intcgrao;ao.

Por outro lado, cenas aspectos, C(lmo a ambivalcncia em face dos Nad6b, j:i indicam uma verdadeira destruio;.ao, e nilo 56 reinterpretao;;ao, de id6ias tradicionals: guardando em parte a simpatia oriunda de urn sen· limento tradicional de unidade cultural, em parte nao deixam os Kaoori de adotu dianlc dos Makli "brabos" os preconceitos caboclos . Estio no mein do caminho que os levani a serem cab-odos autenticos, nlio s6 na ecoao­mia, mas taml>l!m na conce~iio do mundo .

NOTAS

I) AI ~stllnci.o • ..,.in in<li<:uLu segubdo 0 t .... po gloLo no ptrC\I..... .... clnoa • moto, d. 8 cavaLoo. A ."u ..... n (de outubrn de 1961 I jlowo <I. 1968) 101 (loud.do com bol .. dl Friedrich-Ek,t-Sliftunc (A\tmaoba), .Judo <I .. auloridades bruilw .... colaboratlo do Museu P., ...... .

2) Em co"sonloda com 0 que .... lat. de outrOJ indls.na, b,uikiros, p. nO, OJ do U.(i (Arnlud 1969:30) .

J) "m."dei dIur . . . que eu oio i •• m le,ra po'que • t<nte era m'" m,dr .... do que In~". Mlci,", COhl& NlmutfldojU (I950:1l9) < nota que com ata 01 ..... coJUquiu mudu .. Itllude d. o<u. int .. loculo,a .

4} P. n.: GUiUiba (TI5IO\'in 1923:101; MOtraUJI 1948:165; Malch .. 1964:61). GUI 'IUJI-I' puyo (K""b·G,ynbor:c 19060:819; 19061>:104; 1909_10: 1:15: II; !!, JU; bl. lutO' distingue OJ Gu.riba doo Mak", op;niio h'O pa,tllhado pot T:utO\"in). MakunabOdli ( M aklon 1964:61). Ubd.·N.be,n (M.lcbe, 1964:49). Namcoltode (Giacone 1955:5).

5) 1965:2550. 6) Biocca 1965: 1;491. 7) Lcukotka ;~ , Scbultz 1959: 131. I) Schultz 1959:110. 9) Tul<vin 191J: 101.

10) Loukolh m: Schultz 1959: 131. OIlt ... alinn.to.. do Imatio Jingiilstica Malr.6 de Itup05 "a ' Obl' Inl.n: Lcu kotka 1939:141 (mapa), ISS; 1944:8. Eol,. " RIo Negro • 0 l apud.: M'lraux 1946:160\0. Urubui: Rivel-Kok-T:ulevin 1925:1.0 ... M.,u: Rlvet_ -TukVin 1920:16 ... T&. : Koch-Grunbe'l l \106a;1!81 (squn<lo NaUer"'). Curiouiari: Koch-G,Unbtr& 111061:8-8551. ; l '106b:J02, 1909-10, II :J24 - apb>dice.

11) T utevin 192J :101. 12) Nimu.odajilI950:171 •. Ul Martha 1861:541; Willace 11!89:354; n ,m<lon 1853:153, 219; Spnice 1908:344;

Coudrcau 1887:11:16.l. W ... 'ecebl ..... nle Kocb-Grllnbtr& 196Oa,117; b:179 ; 1922:260,262.

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Nota. prcliminares s6brc os Kaborf

14) Walb"" 1889:JS4. Moi. re""nl.monl<: Kocb-G,ijober. 1960&:811 ; l%Ob:119: Giacone 1 9~5'2; Boddeke 1958:133; Schultz 1959:U9t.

IS) Maniu. 1561:547; Wa Ua"" 1839;354; H.rndon 1853;,53; Coudeau 1837 ,11: 163. Mais ,-=ol.,.,enlO: Kocb_Grunbul! 1960&:819; b:179; 19O'J-10:1:23; 217, 224 .

16) Mani ... 1867:541. Mais recenl.,.,.nt.: Koch_Grunberg 1906ooS11; 1960b: 179. 11) H<rndoD 185J:2N; Coudr,au 1831:11: 163. Mais r"",n!<mont<: Kocb _G,unb' ...

196Oa:877; 1906b:179; 1~1O:1 :lJ. 18) Wallau 18-89:354. R«""lem.nt<: Kocb_G.linbel"!: 1906a:819; 19O'J_1O: 1:211;

Gioco .. 1955:3. 19) Matliu. 1867:SH; W.llace 1839:3H . R«onl<monto: Kocb-G riinbtrc 1909_10:

1:2l1. 20) Walla<. 1&89:354. 21) WaUa« 1&89:354. Para ",.i, bibliog .. li" Bioctt 1948: 1949; 191'; 1965:1:450. 11) Marti"" 1861:547. Mois """nl<menle: Schull.l 1959:114. n) Spnoce 1903:344. Mais .-=nl<menle: Koch · G,un berg 1906.: 819; 19O<J_1O:1:214 ,

HI, II:lll: T.,IC";n 19lJ:99, 106; fI,ii .. ; l<)(il:71. H. M .. tiu. 1861:54J •. "L. da Silva Anui" • Amuona., Dido";'';o Top",dfko

IOJ, 161"; Wallace 1889;3';4. Mai. "cenl • ."onte; lot"K,.Ii.., Bioca. 1965: 1:«0; Koclt­G, iinber, 1<JQ6.0: lig . 4. Enlre os Kabod "otei cabtlo. b.,tonte ondub""'.

15) Marti", 11167:534. 16) Herndon 18!J:l!l. 21) Toslevin 1913: 10:' •. N"lid .. de <>-.'IS urn unto semelhanlH de oulr .. pa,IH

do a .. ",i]: Francilco S. G. S<b.d, n 1958:106, sq. Fr'; Schmidt (Indios, p.dfleos mt uma it.a, sc deslocam para oUlra, onde apa"am "brab","); Las·Casu !964: 25 (lftdios "b .. boo" sabem urn pou<o de po,tuguk).

18) 1909 · \0:1:18,12,224, 1I: 2S1.1; l006a:817; 1906b:lJ9. 19) 19O'J_10: 1:223s., 116. 30) Martiu. 186J:5JJ. 5JS. 31) 1943:866. 32) 196J:HO. 33) Kocb · G,unbertl 1906a:878; 1906b:180, nota 1.

H) Coud,eau 1&87:11:121. 35) Ibidem, 163s . 36) S<had.n 1965:254 •. 37) H.,ndon 1853:119 •. J5) Embora aqui nio .. 101 ..... Mak,,: Spix_Mutiu. 1&31:1101; Htrodon 195J:25Oo. 39) 1906>.:817; b:119s.; 1909_\0:1:23 , 169,270; 19Z2:161 . 40) Koch_Griinbe.g 19O'J_1 0: 1:110 . 41) Ibilk .... 41) Schultz 1959:110. 43) Cf. T omvin 19l3:101. 44) 1~10:1I: I 's. ~S) T .. !.vin 1923:108; MOirou. 1948:S66. 46) KD<h_GrUnbtrg 10060:877; 1906b:119; 19O'J_10:1:13, 16q; 11:59, 250; 19Z1:160.

M.traux 1948:1165 •. ; Gia<one 19S~:l; B""ldoke 1958:1J2: Biocca 1965:11:411. 47) Koch_G.unberg 1<JQ6.0:~17; b:179 ; 19O'l _1O: 1:23; Mol ron.> 1048:866; Gi.",n.

19S5:J. 4!) Kocb · GrOnberg 1909_10:1:213.

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171 Mart M ilnu.I

49} l />id . ... 169 : II :Hg. SO) V. atr". Golvlo 1959:\8. 51) Kocb.Grilnber, 1909·10:1:21, IU. 51) T l$levin 19IJ :106, lOS . SJ) V. alrh. 54) Din4 1966:10. 55) CI. , p. u ., Mluou:. 1967:81: W..,loy·Gatvlo 1~9;1l0. 56) CI . • p. '1 . , W..,loy·Gd..-Io 1~9:16 : Galvio 19lJ.:17I., .30: e lDuiw .... Ir ..

l""us. 57) Cf. Galvlo 1919:15 •. 58) Cf. Galvlo 1959:J'. 59) Fal.o. ... t:aI "'pmeot ......... ad ..... e em .. ""'~ ..... , em , ... d. esp6ou. 60} CI. Galvio 1959:38 .. . 61) G.lvio 1959:41. 6l) P . U. : UI K.borl e.a viuvo de ... uLhH MaH do I(aJ;I , um .... .,llIer K.bo.1

<asada com hOlDe", Mak~ Pfocedc:nt. do Ro ....... (ap 0 bOlll"" a!irmOll: ~a lit •• olura et .. """fica aie bi .u .. ora noll .... de Malta,,""," ."".) .

63) Galvio 1959:41 ; W.Ila"" 19J9: i>U. i4) 190HO:II :111. 65) 0 Pe. Bebto (M .... u) ;,,10 ............. de que ... rqiio do 1lquil "'orma .,..

H_at ...... tre hom .... Tullio .... "Ibe ... M.k(, ; f ,,,,1,,,,,. aio I ....... IiIh .... 66) S.ria l.t<rqSallte ~pa .... 0 COIIetito do ... "ndo <los tq:tonaIs que \'Iv .... no

.... sm. paisa,"", de riol que .. sq"'''' • II< ...... ".." ........ rio .,.ande. T llvOl 010 ... j. UIII .onctilo muito diluen l, . .. ....,.lh . n(. do q.e tin"" ... 01 babiUlnl .. d. SlnUl.lm ... prinl,ir. m.lade do tkulo XIX. que ",:,.ollram de que "'do do rio fio;avi Poria (Sal .. 1966: 196) .

67) ......... uplkom po. qu. 0 "Gov ... ....so." alftda nl0 os vWtOll ; potque 1110 bJ. • ... UDri.m, pisUl pan. .... viio. S. 0 -Go~- os ~ ~ oolmeDl ...... nda· ria ""rum ... l. p' ..... I .. aos ltoborl. \ ·.rial ."fuI !>OJ pedia ... quo 16aemos vl-Io .... MI· .... "" pan. Ibe 1.10. elf"'.

68) '" distlnc.ial 1110 do ' ... n ..... COIIIO "'" llI ..... n\amot Pfovir d, YII> PAlo ~ doe M . ... u .. um Itabor! do qual .,..,vamOi cano;ks !>OS pediu que, d . ... olUl l ...... ter .... lic .... moo .!to·I . ... nl ... o 5ravldor, po'. que leU filli o, J' ... 0.10, 0 ouviue canUl • .

69) .0.0 "'OIt.lrmOi imOgefl' de ddad ... 0, Klbor! P''IUnUlVI''' . ... do InIq .... de <dIlieio Innde 0\1 <It .. tAt .... ....... . pedn. llfluopM .... .

70) QIoando ",",Ulmoo quo .... n ..... IOrrl nio bJ. mandi .... . I .. frio, dissor .... qll< do:veria 50. 0 ""Is .Ibn cia pod •• .

71) Cf. Schill 19S9:IlS: ~s. aleuml .. u!be. vir as baril<ai. foco tlPlodiri nos dus ... Milita dlua coir" u inwos5Odo .,,,,ba.u. 0 mwl ... irlo "'o ..... l~

71) Calvlo 1959:4$. )3) Brim 1\I6l:119P. H) Um. Inform.nl. TuUDo .finnou quo "., mulberes MoU. que vi...,.. qu _

_ p'e no inl<r!or dll m.UI .. mu!tu vb .. Ilo;am ,ri\'l.u. do coilO com Blslu" (J " . upo.!) ; Britn; 1%I:lJl.

7S) T ... ibllinl 1961 :9: 0 "' .. ..,0 O!jlhilo tamW ...... a<ood. I1l$ flaut.at dbl .. Maki!. 16) Par ... uen(l$ .. hoc ..... d . • p . 01 .• Caocudo 195&, Ca]vio 195Jh. 195$. 17) Elp!" m m COfDO "'tch.,. 0 <0'1"'-... n<;6a como - <abodo, • lua m.UI " v .. de".

- .. '-!o fkcbdro~.

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Nola. prcliminares w hrt os Kabon

78) G. lvio 1959:43. CI. tambem Kocb-Grtinber, 1909-10:1:316 .. . ; Biocca 1965 : 1:2 cP9s1 .

79} CI. Goldman 1948:796; Bru .. i 196::27o.s . ; BioCQ 1965:I :18<1ss . 80) Prima .... a: t ; Aguiar: 2, Sio Ptdro: 3 ; RO(:lda: 9. 81) Ct . a vido do uma rob .. p and, Da lDlci.(io pubertiril, e, eDtre .. Mlkil do

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14) AU agora tOmenle Schade" (1965:95) l ralou de inlqrar bte aoptClo dt mito_ I",ia xingu,,," numa a~ dt ac"ltura~io no alto Xingu.

as) Von den Stein ... 1894:380.

36) MUl]>hy 1958:81 •• 87) 100 mtsmo tempo, 0 .. tudo de patte da lit .. alura etnocrilica antiga S<lbre o.

M. kil pode 10rD,,,,r . I=.nl .. por" urn. anaU .. comparollv. dO> .. 10ro;oo do> pesquisa­do, .. por compreender uma situa,i o origioal • , int<l]>« t:i.-la nos mold .. da lua milolotPa europCia.

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