JULIANE CAROLINE DE SOUZA
o PAPEL DO PROFESSOR DE
EDUCACAO A D1STANCIA
Curitiba
2004
JULIANE CAROLINE DE SOUZA
o PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCA<;:Ao A DISTANCIA
Trabalho apresentado como requisiloparcial para a obten,ao do titulo depedagogo, do Curso de Pedagogia, daFaculdade de Ciencias Humanas, Letras eArtes da Universidade Tuiuti do Parana.Orientadora: Professora Doutora RejaneAurora Mian.
Curitiba
2004
"Nao e mais incomum ouvir das pessoassobre como a tecnologia causara umarevolu<;ao na educa<;ao".
(Thomas Edison, no inicio do seculo XX).
RESUMO
Este trabalho aborda urn tema que muito se tern discutido no Brasil: aeduC8980 a dis tan cia. 0 tema desperta grande interesse pais, nao apenas noBrasil, a demanda de oportunidades educacionais e infinitamente maior do quesua oferta. E essa demanda vern aumentando par duas causas principais: asdimensoes continentais do Brasil e as exigencias do mercado de trabalho. Faiestabelecido para 0 trabalho 0 objetivo principal de fazer um estudo sobre 0
papel do professor na Educ8yao a Distfmcia. E como objetivos especificos:pesquisar na bibliografia especializada a historia da educagiio a distancia noBrasil e no mundo; pesquisar e aprofundar 0 estudo sabre a qualific89.30 dosprofessores a distancia; propor sugestbes que possam contribuir para 0
encaminhamento da questiio. A metodologia adotada fOi, basicamente, apesquisa bibliografica. Sao abordados, preliminarmente, as conceitos deeducayao a distancia, seu desenvolvimento hist6rico e a educayao a disianciano Brasil. Na sequencia buscou-se na hteratura os meios para 0
desenvolvimento da educayao a distancia, os quais compreendem a alocayaodos recursos necessarios e as principais metodologias e ferramentas utilizadaso tema de maior interesse e 0 que trata 0 papel do professor a distancia emseus varios aspectos: formayao basica, relayao professor-aluno, 0 perfil desseprofissional, sua formayao e capacitayao. Ao final, emerge a dificuldade de seformar e capacitar urn professor para educar a distancia, num contexte em quemesmo os professores do sistema dito convencional de ensino, 0 presencial,nao tern qualifica<;ao necessaria e suficiente, a imprensa divulga que alunosque saem do ensina fundamental nao sabem ler nem escrever, alunos queconcluiram e segundo grau nao estao qualificados para prestar 0 examevestibular. Sao apresentadas propostas que deem uma contribuiyao para amelhoria do ensino brasileiro de modo geral, para abolir de vez 0 que PauloFreire chama de "concep<;ao bancaria de educayao".
Palavras-chave: educa<;ao, educayao a distancia, professor, papel doprofessor, qualificay80 do professor.
SUMARIO
INTRODUCAO. .•••••.•.......• .. ..... 1
1 EDUCACAo A DISTANCIA .....••......••••••••••••• ••••••••. 6
1.J. CONCEITOS. • 6
12 DESENVOLVIMENTO HISTORICO.... . . .. 10
1] EDUCACAO A DISTANCIA NO BRASIL ••••••••••••••••••.. 12
~ OS MEIOS PARA 0 DESENVOLVIMENTO DA EDUCACAo A
DISTANCIA ..........•..............................................•..••....••. 17
£.1 ALOCACAo DE RECURSOS ••••••. 17
2.2 METODOLOGIAS E FERRAMENTAS 19
UJ. Correspondencia •.. 20
2.2.2 Teleconferencia .........••••.....••.....••..••..•....•.•••...••.... 20
2.2.3 Teleducacao: radiodifusao e televisao. •••••••. 21
2.2.4 E-Iearning: ensino virtual 22
~ 0 PAPEL DO PROFESSOR A DISTANCIA •.................................. 24
hl Formacao basica do professor 24
3.2 A RELACAo PROFESSOR·ALUNO .......•........................... 34
3.3 PERFIL DO PROFESSOR DE EDUCACAo A DISTANCIA... 40
3.4 FORMACAo E CAPACITACAo DO PROFESSOR DE
EDUCACAO A DISTANCIA 45
~ PONTO DE PARTIDA •••••..•••...... ..•....•...•......•.. 45
3.4.2 FORMACAo DO PROFESSOR. . 49
CONCLusAo E SUGESTOES ..............•••..••••••.•..••...
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .
. 52
........ 55
INTRODUc;:Ao
Sabe-s8 que, nao apenas no Brasil, a demanda de oportunidades
educacionais e infinitamente maior do que sua ofelia. A consequencia mais
dramatica e urn enorme desperdicio do potencial de capacidade humana, 0 que
traz, no seu rastra, tada uma gama de males, como frustrac;oes, ineficiencia,
desemprego, baixa produtividade, pobreza, subdesenvolvimento. 0 cfrculo
vicioso S8 fecha, entao, dificultando cada vez rna is 0 aces so a eduC8yao.
Atualmente, vern aumentando de forma dramatica as demandas de
formayao continuada, tendo em vista principal mente 0 mercado de trabalho,
que estimula uma perspectiva de aprendizagem aD lango da vida, quando gera
a necessidade da aquisiyao de novas habilidades, rna is do que conhecimentos
pontuais de rapida obsolescencia.
Porem, 0 problema maior reside em que a sociedade, ao contra rio do
que se poderia sup~r, conta com meios e recursos necessarios e mais que
suficientes para incrementar a oferta de educac;ao, atendendo, desta forma, a
demanda reprimida.
As instituic;6es educacionais sentem-se pressionadas devido ao
crescimento e diversificac;ao da demanda de educac;ao e formac;ao, que fazem
parte das mudanc;as mais gerais observadas no mundo contemporimeo. Essa
pressao sobre as instituic;oes educacionais gera dificuldades de atendimento
eficiente atraves dos meios tradicionais, gerando e agravando 0 descompasso
entre a oferta e a demanda.
Poder-se-ia perguntar, entao, quais sao as causas desse
descompasso?
No Brasil, a principal explicac;ao esta no enorme territorio, cuja maior
parte e demograficamente rarefeita, a que e do conhecimento ate mesmo do
cidadao comum. Na zona rural, por exemplo, as crianyas tem que andar a pe, a
cavalo, de carroya, de caminhao, de 6nibus, atravessarem rios e igarapes,
plantayoes e florestas, para chegarem a escola mais proxima, que fica a muitos
quil6metros de distancia. Muitas escolas rurais tem apenas uma professora e
uma unica sal a "multiseriada". A maioria dos professores, por sua vez,
concentram-se nos grandes aglomerados urbanos, gerando insuficiencia na
zona rural e inflayao na zona urbana.
Porem, mesmo nas grandes cidades, ha problemas que dificultam 0
encontro entre quem ensina e quem quer aprender. As favelas sao um bam
exemplo, nelas se va falta de emprego, de condiyoes financeiras, de
seguranya, de saude, etc. Tambem ha a caso de adultos analfabetos, muitas
vezes imigrantes da zona rural, os quais, embora tendo uma profissao (como
mecanico de autom6veis au assentador de azulejos, par exemplo), tem
dificuldade de conseguir um emprego formal por falta de escolaridade. Nao se
pode deixar de citar, tambem, a falta de condiy6es de freqUentar a escola par
parte de pessoas que trabalham em perfodo integral e que necessitam concluir
3
o ensina basico au avan9ar nos estudos. Ou seja, existem inumeras condi90es
ande a educ8y30 a distancia pode S8 constituir na (mica possibilidade de
aces so aos estudos, a um grande numero de pessoas.
NaD apenas no Brasil, mas ao redor do mundo inteiro, estes problemas
vern provocando busca de soluc;oes. E uma das solU/;6es e a EduC8y80 a
distancia',
A magnitude do problema justifica a escolha deste terna para 0
presente trabalho, que buscara oferecer contribui90es para seu
encaminhamento.
Se a educ8yao a distancia pode ser a SOlUy80 para a problema da
dificuldade de acesso a escola formal para muitas pessoas, par outro lado eria
um novo problema: como suprir a necessidade de professores para ministrar
essa educ8y80 a distancia?
Sabemos que a educac;ao a distancia requer uma formac;ao especifica
dos seus professores, 0 que pressup6e uma preparac;ao adequada, tanto nos
aspectos didaticos e organizacionais quanto nos aspectos tecnol6gicos, que
garantirao 0 exito em sua formac;ao, 0 que e prioritario para 0 bom
desempenho no processo de educac;ao a distancia .
. Na expressaa "educac;ao a distancia", pode-se ou nao usar a crase, pois ela e
facultativa neste casa, sen do obrigat6ria somente quando se define a dislancia, par exemplo: a
dislancia de Ires metros.
4
Deve-S8 considerar, ainda, que os centelidos da formac;ao dos
professores devem atender as especificidades que dizem respeito a areas
como Fundamentos em Educ8c;ao a Distancia, Perspectivas Nacionais e
lnternacionais em Educ8c;ao a Distancia, EduC8<;aOde Jovens e Adultos,
Media<;iio Pedagogica em Educa<;iio a Distancia, etc.
Isto posta, fica evidente a necessidade de S8 discutir a formac;ao do
professor de educa<;iio a distancia, 0 que sera 0 objeto deste trabalho.
Tendo consciencia de que uma monografia de conclusao de curso tern
limitac;oes de tempo, busca-se, como objetivos:
Objetivo geral: analisar como suprir a necessidade de professores para a
educayao a distancia.
Objetivos especificos: pesquisar na bibliografia especializada a
hist6ria da edUC8<;:80 a distancia no Brasil; abordar as meios para 0
desenvolvimento da educa~ao a distancia; analisar a qualifica~ao dos
professores de educa~aoa distancia, propor sugestoes que possam contribuir
para 0 encaminhamento da questao.
Para a elabora<;iio do presente trabalho, a melodologia adotada foi a
pesquisa bibliografica, atraves da leitura de autores como ARREDONDO
(2003), BELLONI ( 2003), BORDENAVE (1987), FREIRE (1983), MAlA e
GARCIA (2000), POPPOVIC (1996), ROCA (1998), SANCHO (1998),
SARAIVA (1996), SOUSA (1996), TAROUCO (2003). Tais leiluras se
5
revelaram indispensaveis a elabora<;ao do presente trabalho, porque contem
naa apenas as fundamentas da educa,aa, como FREIRE (1983), em sua
magistral obra "Pedagogia do Oprimido", mas as conceitos basicos,
fundamentas e metadas de educa,aa a distancia (BELLONI 2003;
BORDENAVE 1987; POPPOVIC 1996; ROCA 1998 e SANCHO 1998), as
princlpios da formayao e capacita<;ao de professores para 0 ensina a distancia
(ARREDONDO, 2003; SARAIVA, 1996; SOUSA,1996; TAROUCO, MORO e
ESTABEL 2003) e tambem a relata de experiencias de institui,oes de ensina,
como a Universidade Anhembi Marumbi (MAlA e GARCIA, 2000).
Para melhor entendimento, 0 trabalho esta estruturado em capftulos:
o primeiro capitulo contem abordagens sabre os conceitos de
educ3<;ao a distancia, seu desenvolvimento hist6rico e, especificamente, a
educa<;ao a distancia no Brasil.
o segundo capitulo aborda as meios para 0 desenvolvimento da
educa<;ao a dist§lncia, que compreendem a aloc8yao dos recursos necessarios
e as principais metodologias e ferramentas utilizadas (correspondencia,
videoconferencia, teleducac;ao - radiodifusao e televisao e, final mente, a mais
nova ferramenta utilizada, que e 0 e-Iearning ou ensino virtual.
o terceiro capitulo, de vital interesse para 0 presente trabalho, trata 0
papel do professor a dist2lncia em seus varios aspectos: formac;ao basica,
relac;ao professor-aluno, 0 perfil desse profissional, capacitac;ao.
6
EDUCAc;:Ao A DISTANCIA
Neste capitulo serao abordados os conceitos de edUC8yaO a distancia,
o desenvolvimento hist6rico e a educ8c;ao a distancia no Brasil.
1.1 CONCEITOS
Segundo 0 enlendimento de PETERS (1983. p.ll1), educa,ao a
dislancia e um metodo racionalizado (envolvendo a defini<;§o de trabalho) de
fornecer conhecimento que (tanto como resultado da aplic8yao de prindpias de
organizayao industrial, quanta pelo usa intensive da tecnologia que facilita a
reprodu,ao da atividade objetiva de ensino em qualquer escala) permite a um
grande numero de estudantes a acesso aos estudos, independentemente de
seu lugar de residencia e de ocupay3o.
EduC8yao aberia e a distancia (educ8c;ao a distancia) caracteriZ8-se
pela distancia entre professor e aluno, tanto geografica como temporal e pela
postura do aluno diante do processo de aprendizagem. 0 aluno passa a ser
agente deste processo, pais depende muito do seu interesse e da sua aC;3o
para que haja aprendizado. Na educaC;3o a distancia, a comunicaC;3o entre
alunos e professores e mediada por documentos impressos ou por alguma
forma de tecnologia e pode ser materializada por meio de material de estudo
impresso, pessoas assistindo a tele-aula, documentarios, comunicaC;3o
intermediada por computador, biblioteca virtual, TV interativa, computador
multimidia, videoconferencia, e-mail, entre outros. Atualmente, uma boa
definir;ao para educar;ao a distancia seria estabelecer uma rede entre pessoas
e recursos ut.ilizando as tecnologias de informar;ao e de comunicar;ao para fins
de aprendizagem (TAROUCO, 2003, p.31).
Educar;ao a distancia e 0 ensino que nao implica a presenr;a ffsica do
professor indicado para ministra-Io no lugar onde e recebido, ou no qual 0
professar esta presente apenas em certas ocasioes ou para determinadas
tarefas (lei francesa, 1971, apud BELLONI, 2003, p.25).
Educar;ao a distancia pode ser definida como a familia de metodos
instrucionais nos quais as comportamentos de ensino sao executados em
separado dos comportamentos de aprendizagem, incluindo aqueles que numa
situa,8o presencial (contigua) seriam desempenhados na presen,a do
aprendente de modo que a comunicar;ao entre 0 professor e a aprendente
deve ser facilitada par dispositivos impressos, eletronicos, mecanicos e outros
(MOORE, 1983, apud BELLONI, 2003, p.25).
Educagao a distancia e uma relagao de dialogo, estrutura e autonomia
que requer meios tecnicos para mediatizar esta comunicagao,. Educagao a
distancia e um subconjunto de todos os programas educacionais
caracterizados par grande estrutura, baixo dialogo e grande distancia
transacional. Ela inclui tambEim a aprendizagem (MOORE, 1990, apud
BELLONI, 2003, p.25).
[Educagao a distancia] e uma especie de educagao baseada em
procedimentos que permitem a estabelecimento de processos de ensino e
8
aprendizagem mesmo cnde naD existe cantata face a face entre professores e
aprendentes - ela permite urn alto grau de aprendizagem individualizada
(CROPLEY e KAHL, 1983, apud BELLON1, 2003, p.26).
[Educac;:ao a distancia] e urn modo nao contiguo de transmissao entre
professor e centeudos do ensina e aprendentes e conteudo da aprendizagem -
possibilita maior liberdade ao aprendente para satisfazer suas necessidades de
aprendizagem, seja par modelos tradicionais, nao tradicionais au pela mistura
de ambos (REBEL, 1983, apud BELLON1, 2003, p.26).
EduC8C;:80 a distancia e urn termo generico que inclui 0 eleneD de
estrategias de ensina e aprendizagem referidas como "educac;:ao par
correspond en cia" ou Uestudo par correspondencia" em nivel p6s-escolar de
educac;:ao, no Reina Unido; como "estudo em casa", no nivel p6s-escolar, e
"estudo independente", em nivel superior, nos Estados Unidos; como "estudos
externos", na Australia; e camo "en sino a distancia" au "ensina a uma
distancia", pela Open University. Na Fran9a, e referido coma "tele-ensina" au
ensina a distancia; e coma Westudo a distElncia" e "ensina a distancia" na
Alemanha; "educac;ilo a distancia", em espanhol e "teleeducac;ilo", em
portugues (PERRAULT, 1996, apud BELLONI, 2003, p.26).
Neste trabalha utilizaremos sempre a expressaa "educac;ao a
distancia", inclusive porque e a expressao mais empregada em toda a
bibliografia consultada, embara se possa subentender, aqui, varias outras
expressoes, como ensina a distancia, aprendizagem a distancia, estudo a
9
distancia, que S8 referem a modalidades especificas de Educa<;3o nao
presencial.
Educayao a distancia S8 refere aquelas formas de aprendizagem
organizada, baseada na separa9ao fisica entre as aprendentes e as que estao
envolvidos na organiza<;3o de sua aprendizagem. Esta separayao pode aplicar-
S8 a todo 0 processo de aprendizagem ou apenas a certes estagios ou
elementos deste processo. Podem estar envolvidos estudos presenciais e
privados, mas sua fun<;ao sera suplementar ou refor<;ar a intera<;ao
predominantemente a distancia (MALCOM TIGHT, 1988, apud BELLONI, 2003,
p.26).
Educa<;ao a distancia e um metoda de transmitir conhecimento,
competencias e atitudes que e racionalizado pela aplica<;ao de principias
organizacionais e de divisao do trabalho, bern como pelo usa intensive de
meios tecnicos, especial mente com 0 objetivo de reproduzir material de ensino
de alta qualidade, 0 que torna possivel instruir urn maior numero de estudantes,
ao mesmo tempo, onde quer que eles vivam. E uma forma industrializada de
ensino e aprendizagem (PETERS, 1973, apud BELLONI, 2003, p.27).
Educayao a distancia e aprendizagem pJanejada que geralmente
ocorre num local diferente do ensino e, par causa disso, requer tecnicas
especiais de desenho de curso, tecnicas especiais de instruc;:ao, metodos
especiais de comunica9ao atraves da eletr6nica e outras tecnalagias, bern
como arranjos essenciais organizacionais e administrativos (NISKIER, 1999,
p.50, apud BARROS, 2003, pA8).
10
Como S8 pode ver, ha uma profusao de conceitos, cujo vnica
parametro comum e a distancia, entendida em termos de espayo. Ja a
separa<;ao entre professores e alunos em termos de tempo, que talvez seja
mais importante no processo de ensina a distancia, nao e explicitada entre os
diversos autores, quem sabe peJa razao de que tal separaC;:8o seja considerada
a partir do para metro da contigOidade da sal a de aula, que inclui a
simultaneidade.
1.2 DESENVOLVIMENTO HISTORICO
A ideia de que a educac;:ao 56 e passive I quando professor e atuno
estao fisicamente no mesma lugar, e heranc;:a do tempo em que as unicos
meies de comUniC81f80 eram a palavra, 0 gesto e 0 desenho. Param, assim que
surgiram novas meios de comunicayao, 0 papel do professor foi partilhado com
esses novas meios. Exemplo disso e 0 livra (assim que surgiu 0 invento de
Gutenberg, em 1453), 0 radio, a televisao e, mais recentemente, a internet.
Pode-se afirmar, entao, que 0 eaminho para a edueayao a distElncia
come\=ou a ser trayado quando as pessoas comeyaram a estudar diretamente
dos livros e nao diretamente com 0 professor. Evidencia disto sao as "deveres
de casa", que as alunos recebem durante a aula, au seja, estudam um pouco
com 0 professor, urn poueo sem 0 professor.
o primeiro grande impulso do estudo pelos livros veio do
aperfeiyoamento dos serviyos de correia ao redor do mundo, quando aumentou
11
ainda mais a distancia fisica passivel entre professor e aluno. Quando os
correios alcanlfaram urn grau razoavel de penetraC;c30 e confiabilidade, varios
paises europeus e tambem os Estados Unidos adotaram a educayilo a
distancia.
Embora 0 crescimento e 0 desenvolvimento da educ8c;ao a distancia
no mundo tenha acontecido principatmente a partir da decada de 70, foi
somente a partir de 1990 que ela teve um grande impulso. Esse impulso,
segundo SOUSA (1996, p.9) ocorreu a partir do surgimento das mega
universidades, que despertaram a aten<,;:ao dos governos de todo a mundo para
a importancia da educ8c;:ao a distancia como SOlUy80 para 0 enfrentamento da
grande pres sao social par maior acesso ao ensina. E quando a Internet invadiu
a economia, tornando quase instantaneas as tranS8c;oes comerciais de urn pais
para 0 Dutro. seu impacto S8 fez sentir nas universidades do mundo inteira.
Termos como e-mail.hipertexto.WorldWideWeb.CO-rom. navegar, cllat,
grupos de discusseo, e Qutros, passaram a fazer parte da linguagem de
professores e alunos.
No [inicio] do terceiro milenio, os paises estao vivendomomentos drarnaticos em rela9<3oas suas possibilidades de oferecereduca~ao de qualidade para sua populac;ao, e a aprendizagemindependente sera a grande estrategia da educac;ao. Oaqui parafrente, muitos aprenderao atraves de cursos por correspond encia,muitos serao as que aprenderao atraves do computador, e asteleconferencias serao urn veiculo excelente para trazer os melhoresespecialistas do mundo a nossa sala de aula. Qutros recursossurgirao e serao utilizados para mediatizar tecnologicamente aeduca~ao.(SOUSA.1996,p.9).
12
1.3 EDUCAC;;Ao A DISTANCIA NO BRASIL
Segundo MOREIRA ALVES, inexistem registros precisos ace rca da
cria<;ao da educa<;:aoa distancia no Brasil. Porem, tem-S8 como marco hist6rico
a implanta<;ao das "Escolas Internacionais", em 1904, representando
organiz3c;oes norte-americanas. Entretanto, 0 Jarnal do Brasil, que iniciou suas
atividades em 1891, registra na primeira edi<;ao da se<;ao de classificados,
anuncio oferecendo profissionaliza<;ao por correspondencia (datiI6grafo), 0 que
faz com que S8 afirme que ja S8 buscavam alternativas para a melhoria da
educ3<;ao brasileira, e calaca duvidas sobre 0 verdadeiro momento inicial da
educ3C;80 a distancia.
Nessa epoca, segundo MOREIRA ALVES, a crise na educa<;ao
nacional ja era natada, buscando-se, desde entaD, opc;oes para a mudanC;3 do
status quo. Vale transcrever a cita,ao contida no relat6rio de 1906, do Dr.
Joaquim Jose Seabra, Minislro da Jusli<;a e Neg6cios Interiores (que, no Brasil
do inicio do seculo passado, abrangia a Educa.,ao), ao Presidente da
Republica. Textualmente, assim S8 manifestava a Ministro: "0 ensina chegou
(no Brasil) a urn estado de anarquia e descredito que, au faz-s8 a sua reforma
radical, ou preferivel sera aboli-Io de vez".
Devido a pouca importimcia que se atribuia a educac;ao a distancia e
as muitas vezes alegadas dificuldades dos correios, pouco incentivo recebeu 0
ensino por correspond en cia por parte das autoridades educacionais e orgaos
governamentais.
13
Em 1923, com a funda9ao da Radio Sociedade do Rio de Janeiro, por
urn grupo liderado por Henrique Morize e Roquete Pinto, iniciou-se a educac;ao
pelo radio. A emissora foi doada ao Ministerio da Educac;aoe Saude em 1936,
e no ana seguinte foi criado 0 Serviyo de Radiodifusao Educativa do Ministerio
da Educac;ao.
Outra experiencia surgida em Sao Paulo foi a do Instituto Radio
Tecnico Monitor, fundado em 1939, com opc;aono ramo da eletronica.
Em 1941, surge 0 Instituto Universal Brasileiro, objetivando a formac;ao
profissional de nivel elementar e medic.
A Igreja Adventista lanc;ou, em 1943, programas radiofonicos atraves
da Escola Radio-Postal de "A Voz da Profecia", com a finalidade de oferecer
aDs ouvintes as curs~s biblicos par correspondencia.
o SENAC (Servic;oNacional de Aprendizagem Comercial), iniciou em
1946 suas atividades e desenvolveu, no Rio de Janeiro e Sao Paulo, a
Universidade do Ar, que, em 1950, ja atingia 318 localidades e 80 alunos. Em
1973, iniciou os cursos par correspondencia, seguindo a modele da
Universidade de Wisconsin (USA).
A Diocese de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte, criou em 1959
algumas escolas radiofonicas, dando origem ao Movimento de Educac;ao de
Base, que foi urn marco na educayao a distancia nao formal no Brasil.
14
Em 1962, foi fundada, em Sao Paulo, a Ocidental School, de origem
norteamericana, sendo atuante no campo da eletronica, Em 1980, tinha alunos
no Brasil e em Portugal.
Na area de educayao publica, 0 IBAM (lnstituto Brasileiro de
Administrar;ao Municipal) iniciou suas atividades de educ8yao a distancia em
1967. utilizando a metodologia de ensina par correspondencia.
Em 1967, a Fundayao Padre Landell de Moura criou seu nucleo de
EDUCA~Ao A DISTANCIA, com metodologia de ensino por correspondencia e
via radio.
A historia da educ8Cfao a distancia no Brasil registra tambem que, nas
decadas de 60 a 80, novas entidades foram criadas com fins de
desenvolvimento da educ8c;ao par correspondencia, sendo que algumas ja
estao desativadas. Urn levantamento feito com apoio do Ministerio da
Educ8yao, em fins dos anos 70, apontava a 8xistencia de 31 estabelecimentos
de ensino utilizando-se da metodologia de educayao a distancia, distribuidos
em grande parte nos Estados de Sao Paulo e Rio de Janeiro.
Segundo 0 documenta, as entidades que atuavam no setor tinham par
objetivos basicos:
- levar 0 ensina as mais diferentes partes do pais;
- fornecer conhecimentos especificos sabre determinadas materias
(profissionalizantes, de modo geral):
15
- transmitir conhecimentos a pessoas que ja exerciam uma profissao,
mas careciam de embasamento teo rico;
- orientar pessoas que pretendiam fazer exames especializados.
o mesma documento relata tambem que as recursos financeiros para a
manuten<;3o dessas organiza~6es eram provenientes, em sua maior parte, dos
pagamentos efetuados pelos alunos a titulo de compra do material elaborado
para 0 curSD. Cerca de 5.000 cartas eram remetidas diariamente petas
organiza90es que desenvolviam, naquela epoca, a educac;ao a distancia.
E provavel que outras instituic;oes tenham iniciado suas atividades de
educay30 a distimcia nesse periodo, entretanto a (alta de registro em qualquer
6r98o taz com que S8 cometam falhas na formay3o hist6rica da educay30 a
distancia brasileira.
No final da decada de 80 e inicio de 90, observa-se um grande avan<;o
da educayao a distancia brasileira, especial mente em decorrencia dos projetos
de informatizac;ao. bem como 0 da difusao das Iinguas estrangeiras. Hoje se
tem um numero incontavel de cursos que oferecem formas de auto-
aprendizagem, por meio de instruc;aoprogramada para microcomputadores,
videos e fitas K-7.
Porem, apesar dos avan<;os observados no desenvolvimento da
educa<;aoa distancia, observa-se que, segundo entendimento de BELONI, a
educa<;ao a distancia tem uma grande dificuldade, que e a sua posi<;aode
baixo prestigio no campo da educa,ao, tendo sido considerada, por muito
16
tempo, como uma soluttao paliativa, emergencial au marginal com relaC;:80 aos
sistemas dilos convencionais (educ8980 presencial).
A conseqOencia mais evidente e que a educa<;:ao a distancia e vista
pelo publico como uma segunda oportunidade para aqueles que nilo tiveram
acesso ao ensina formal na faixa etaria apropriada, ou aqueles que
abandonaram 0 ensina regular. Tal perspectiva pode levar 0 indivfduo a
considerar a educac;ao a distancia ate mesma com urn certa descredito,
passando a alimentar duvidas quanta a qualidade do ensina oferecido per
sistemas de educ8y80 a distancia e tendendo a enfatizar as (racassos, nao
obstante a credibilidade que algumas grandes universidades vern construindo
ao longo de muitas 8xperiencias de $ucesso.
A partir dos conceitos apresentados neste capitulo, a desenvolvimento
hist6rico da educayao a distancia, e tendo feito um apanhado da educay80 a
distancia no Brasil, sera apresentado no proximo capitulo os meios para 0
desenvolvimento da educaC;8oa distancia.
17
2 OS MEIOS PARA 0 DESENVOLVIMENTO DA EDUCACAo A
DISTANCIA
Nesse capitulo sera abordado as metodologias e ferramentas utilizadas
para 0 desenvolvimento da educaC;8o a distancia.
Ah~mde sistemas e programas bern definidos, a educac;ao a
distancia depende, para seu exito, de recursos humanos capacitados, materiais
didaticos adequados e, fundamentalmente, de meios apropriados de S8 levar 0
ensina desde os centros de produc;ao ate 0 aluno, devendo existir instrumentos
de apaio para orientac;ao aos estudantes atraves de polos regionais. E facil
perceber que 85sa conjuga<;8o de ferramentas possibilita resultados alta mente
positiv~s em qualquer lugar do mundo, para qualquer conteudo que S8 queira
transmitir, em qualquer curso, desde que este va ao encontro das
necessidades dos alunos.
2.1 ALOCA<;:AO DE RECURSOS
Impoe-se, natural mente, como elemento que antecede 0 trabalho, 0
completo diagnostico das necessidades, tanto do discente em potencial quanta
da regiao onde esta inserido e, durante 0 desenvolvimento dos cursos e a
posteriori, a avaliayao.
18
No Brasil, poucos sao os trabalhos desenvolvidos que analisam todos
esses fatares e, por essa razac, acentuam-se as evasoes, 0 que representa urn
grande desperdicio de recursos e contribui para 0 descredito da educac;ao a
distancia.
o custo da educac;:ao a distancia e elevado, 56 S8 viabilizando
financeiramente em economia de escala. Contudo, 0 custo total e
extremamente baixo S8 considerar que auxilia 0 resgate da imensa divida
social nDtada em nOSSDterritorio.
No Brasil, nota-s8 como principal carencia a falta de recursos humanos
capacitados. Ainda sao poucos as tecnicos capazes de levar avante 0 trabalho
de planejar, desenhar, produzir, implantar e avaliar as programas.
As institui90es de educac;ao a distancia e tambem 0 governo federal
tern buscado apoio de organiza<;oes internacionais para alavancar as
programas; contudo, a participac;ao dessas organizac;oes se restringe a rapidas
visitas, conferencias e atendimento a pessoas do Brasil que visitam au fazem
cursos de curta e media dura<;ao naquelas nac;oes do primeiro mundo da
educa<;ao a dis tan cia.
A carencia brasileira e exclusivamente de recursos humanos. Recursos
financeiros existem e sempre foram alocados quando foram apresentados bans
projetos. Assim, com pessoas capacitadas, pode-se montar excelentes
sistemas e programas, eis que 0 mercado existe e a infra-estrutura e
excepcional.
19
Superando-se a fase das equipes, deve-s8 teeer considerac;6es sabre
as redes de comunicaC;3o para 0 desenvolvimento da educ8c;ao a distancia no
Brasil.
A definir;:3o dos meios de acesso do estudante a educ8c;ao varia
conforme os projetos e 0 publico-alvo. Somente as instituic;oes que os leva ram
avante podem equacionar adequadamente este ponto.
Ou seja, 0 Brasil vive urn grande paradoxa: de urn lado, estamos na
pre-hist6ria da educac;ao a dis tan cia, ou talvez na Idade Media da educ8c;ao
em alguns bolsaes de pobreza; porem, de outro lado, estamos no seeulo XXI
nas comunicac;6es.
o primeiro grande veiculo de comunic8c;;ao e os correios. 0 servic;o
estatal e efieiente e ja tern dado provas dessa efieieneia. Temos todas as
cidades cobertas pelos servic;osde correia, chegando as mensagens aDs mais
longinquos locais do imenso territ6rio nacional.
2.2 METODOLOGIAS E FERRAMENTAS
Atualmente, os recursos oferecidos pela tecnologia de informacyaoe de
comunicacyaosuperam e muita qualquer expectativa que se pudesse ter a vinte
anos. Porem, 0 usa de tais recursos nao e garantia de que as aulas vao se
tamar mais atrativas ou mais dinamicas.
20
Para 0 exito do processo de ens ina e de aprendizagem, compete aos
protagonistas - professor e aluno - trabalharem em conjunto para construfrem
urn ambiente de interac;ao, estabelecerem uma relaC;8o de confianc;a e
supera<;:ao das dificuldades.
Dentre as ferramentas dispon!veis, destaca-se a correspondemcia, a
videoconferencia, a teleeducac;ao (nidio e televisao) e 0 e-Iearning' (ensino
virtual).
2.2.1 CORRESPOND~NCIA
E urn sistema que ainda S8 faz necessaria em regiees que nao
disponham de condi9oes de acesso a Internet au mesma ao radio e a televisao.
Pelos correias sao enviadas aos alunos apostilas, testes, enfim, todo 0
material didatico. Tambem pelo correia 0 aluno devolve testes e provas ao
professor, para conferencia.
2.2.2 TELECONFERENCIA
E uma tecnologia que permite a comunicac;ao entre varias pessoas.
estando estas geograficamente separadas, permitindo que se comuniquem em
tempo real e compartilhem recursos de audio, video, alem de poderem
transferir arquivos e compartilhar programas .
. E-Iearning e um terma que significa aprendizagem eletronica, da mesma forma queo termo e-mail significa correia eletronico e e-commerce significa comercia eletrOnico. A
21
A teleconferencia vern solucionar urn problema anteriormente sentido,
que era a Falta de interac;ao. 0 aluno sentia-se muito isolado pais samente
recebia a informac;ao e nao tinha como realizar tracas com colegas au com a
professor. A videoconferencia passou a S8r 0 recurso que mais S8 aproxima da
aula presencial. NeJa e passivel visualizar 0 professor, ouvi-Io, talar com ele,
trocar informac;6es com os colegas que tambem podem S8r visualizados, enfim,
estabelecer uma relayao de traca e cooperac;ao.
Atualmente, a teleconferencia e utilizada de forma integrada e constitui
uma das mais relevantes e disseminadas aplica<;oes avanc;adas que requerem
e aproveitam as novas funcionalidades da internet.
2.2.3 TELEDUCA<;Ao: RADIODIFUsAo E TELEVISAo
o ensina via radiodifusao e televisao nao tem as vantagens da
videoeonferencia, porque nao aeonteee em tempo real. As aulas sao gravadas
previamente, em audio (radio) ou audio e video (televisao). Em horarios
predeterminados, 0 aluno preeisa ligar a radio au a televisao para assistir a
aula. 0 sistema pode ser combinado com 0 de correspondeneia, quando 0
aluno envia as provas e testes para 0 professor, ou com 0 ensino presencia I,
quando ele compareeera a determinados lugares para fazer as pravas.
condir;ao "eJetronica" e possibilitada pe/o computador e pefa internet, a rede mundiaf decomputadores.
22
2.2.4 E-LEARNING: ENSINO VIRTUAL
Via Internet, 0 aluno matricula·se em cursos que sao disponibilizados
na www. 0 aluno pode estar no seu pr6prio fitmo, em dias e horarios que the
sejam mais convenientes, ou nac, pois atualmente ha cursos que exigem
sincronicidade. Assim, ele pr6prio determina a dura<;3o do seu curso, sendo
que, ao final, ele faz as provas pelo mesmo meio, via Internet. Neste sistema, a
contata com 0 professor pode ser dinamizado atraves de chats, emails, listas
de discussao, f6runs (TAROUCO, 2003, p.39).
Chats ou salas de bate-papo sao ferramentas que somente podem ser
utilizadas em tempo real. Neles e passive I estabelecer uma relayao de traca
entre alunos e professores.
E-mail e a ferramenta que permite 0 envio de mensagens para urn ou
mais participantes. Apesar da possibilidade de enviar mensagens para diversas
pessoas, a e-mail tem um carater mais pessoal, quando e enviado para uma
(mica pessoa. A limitayao do e-mail equeeleeumaferramentaassincrona.ou
seja, nao estabelece uma interayao em tempo real.
Lista de discussao possibilita a todos as participantes estabelecerem
um dialogo. Diferencia-se do e-maiJ porque permite uma comunicayao entre
diversas pessoas. A lista de discussao possibilita a cria,ao de verdadeiras
comunidades virtuais as quais e possibilitado que se organizem e se
comuniquem entre si.
23
Forum e uma ferramenta que permite aD aluno registrar suas
mensagens. Diferente da lista de discussao, 0 forum permite que as
contribui<;6esfiquem sempre visiveis na tela para que todos possam acessar e
sejam informados de todos os registros feitos pelos participantes.
Estas sao as principais ferramentas disponiveis para 0 ensina a
distancia e suas possibilidades. Porem, lodas essas ferramentas se tamarao
in6cuas S8 naD houver 0 professor que faya a intermedia<;ao. 0 papel do
professor sera abordado no proximo capitulo.
24
3 0 PAPEL DO PROFESSOR A DISTANCIA
Nesse capitulo sera analisada a forma<;ao do professor e a relac;ao
professor aluno na educac;ao a distancia.
A dinamica do rnundo moderno imp6e aos profissionais aprimoramento
e atualiza<;3o. 0 questionamento, 0 pensamento autonomo e a capacidade de
decisao sao essenciais para que cada profissional ultrapasse as limites da
simples execuc;ao. adaptando-se e assimilando mudanc;as bern como
enfrentando novas desafios que surgem no cotidiano. Como afirma LEVY
(1996, p.54), "As pessoas nao apenas sao levadas a mudar varias vezes de
profissao em sua vida, como tambem, no interior da mesma 'profissao', os
conhecimentos tern um cicio de renovac;ao cada vez mais curto", Inclusive,
ainda segundo LEVY (1999. p.173) "a propria n09ao de profissao torna-se cada
vez mais problematica",
No que S8 refere ao professor de ensino a distancia, a situayao nao ediferente. Oaf a importancia de se abordar, aqui, a formayao basica desse
professor, sua relayao com 0 aluno, seu perfil, sua forma9ao e capacitac;ao.
3.1 Formac;ao basica do professor
Atualmente, devido ao rapido avanc;o da tecnologia, 0 exercicio de uma
profissao e necessaria mente acompanhado de mudanc;as frequentes e
25
radicais. Os conhecimentos e habilidades necessarios ao desempenho em
cad a area profissional sao cad a vez menDS estaveis; em intervalos de tempo
cad a vez mais curtest transformam-se e ate mesma, tarnam-S8 obsoletes. Nao
faltam exemplos que justifiquem tal afirma,ao: os telegrafistas da primeira
metade do seculo passado, que transmitiam e recebiam mensagens atrav8S do
c6digo Morse, as telefonistas que completavam ligac;6es a distancia, os
datil6grafos que tiveram a maquina de escrever substituida pelo computador, 0
que exigiu urn novo aprendizado; as operadores e os tecnicos que davam
assistencia tecnica a equipamentos de telex, que naD existem mais. Tais
profiss6es desapareceram do mercado de trabalho. Acrescente-se que,
segundo RIFKIN (citado por BARROS, 2003, p.56),
...0 trabalho humano esta sendo sistematica mente eliminadodo processo de produ<;ao (...). Maquinas inteligentes estaosubstituindo seres humanos em incontaveis tarefas, for<;ando milh6esde trabalhadores de escrit6rio e operarios para as filas dodesemprego ou, pior, para as filas de auxflio do desemprego.
Por outro lado, minuto a minuto, a ciencia introduz avan90s em todas
as areas do conhecimento, que alcanyam nao s6 as formas de fazer, mas
tambem os sistemas de comunieayao, de transporte, e mesmo nas formas de
rela98o, organiza98o e lazer. Em consequelncia, novas profiss6es surgem no
mercado de trabalho, que exigem das institui90es de ensino novos cursos para
qualifieayao dos profissionais necessarios, tais como os web-designers, web-
masters, especialistas em comercio exterior, que aumenta dia a dia gra9as aglobaliza9ao da economia e a formayaO dos grandes bloeos economicos.
especialistas em e-commerce, interliga9ao de computadores em fede,
transmissao de dados, etc.
26
Considere-se, ainda, as profissionais que necessitam reeiclar
total mente a seu conhecimento tecnico S8 quiserem permanecer no mercado
de trabalho, como os tecnicos em equipamentos de video-cassete, que
gradativamente estao sendo substituidos per computadores que a cada dia sao
lan9ados com novas tecnologias, equipamentos de fax, telefone, cameras
digitais, scanners, etc. Tudo isto requer urn maior aces sa a novas informa<;oes
e urn continuo desenvolvimento de novas habilidades para a adapta<;ao e
assimila980 das mudan<;8s decorrentes dos avan<;os da ciencia, que trazem
consigo novas formas de fazer.
No que se refere ao professor, nao poderia ser diferente. Seu
desempenho profissional exige, necessariamente, a forma<;ao continuada.
Esta forma<;ao continuada pressup5e uma preparac;c3o sistematica que
e 0 ponto chave para a modernizac;ao do ensino. Tal necessidade de formac;ao
continuada oj justificada pelo fato de que as mudan9as que a tecnologia
introduz na sociedade ocorrem com tal freqOencia e velocidade que, como
salienla PERRENOUD,
"...s passivel que a formac;ao basica do professor naode mais conta das mud an gas rapidas e diversificadas queacompanham a evoluc;ao das condic;6es do exercicio domagisl"rio" (PERRENOUDapud CHAKUR, 1995, p.80).
Alem da atuac;ao do professor ocorrer num quadro de mudanc;as, e
interessante observar que nenhuma profissao envelhece mais rapidamente do
que a do professor, precisamente porque lida mais de perto com a 16gicado
conhecimento.
27
E necessaria que as professores compreendam a importancia de S8
manterem profissionalmente atualizado e que concebam sua formayao como
urn modo de viver.
Se ja ficou clara a importancia da formac;ao continuada do professor,
muito mais S8 pode dizer da formayao continuada do professor de educ8yao a
distancia, devido as proprias caracteristicas deste sistema de ensino.
A educa<;ao a distancia responde a proposta de um modelo pedag6gico
alternativQ, que tern par objetivo 0 acesso a informac;ao aDs que desejam
aprender. Desde que bern direcionada e com 0 apoio dos meies adequados,
efetivamente pode contribuir para veneer barreiras do aces so a educ8980,
assumindo 0 papel de mobilizadora de estrategias que viabilizem os principios
e fins da educ89ao permanente, par conseguinte, da formac;ao continuada. E
entre os "meios adequadas" e 0 papel mobilizador da edUCay80, deve-se
considerar 0 papel do professor.
Sabemos que a educa<;ao a distancia e uma das modalidades
alternativas para superar as limita<;oes da aula tradicional ou en sino presencia I.
Porem, este modelo apresenta alguns riscos: se numa sala de aula a classe
socioeconomica, a origem, as condiyoes de vida, dos alunos sao semelhantes,
na educay80 a distancia isla nao ocorre. Pessoas de variadas regioes podem
estar fazendo 0 mesmo curso, porem pertencem a realidades s6cio-
ecan6micas distintas. 0 professor necessita ter isto em mente quando faz um
atendimento a distancia. Ate mesmo a forma de colocar as duvidas deve ser
28
diferente para os alunos. E 0 professor precisa proporcionar respostas
satisfat6rias a ambos.
S8 considerarmos que a dissemina9<3o do saber, nos padr6es como
prey€! a educayao a distancia, vern para romper barreiras, para aqueles que
nao tiveram oportunidades de frequentar as bancos de uma escola no tempo
devido, acessando novas oportunidades de trabalho, concluiremos pela
importancia da qualifica9ao do professor, pais, mais importantes que tudo iSSQ,
a educay30 a distancia deve permitir uma compreensao mais clara e mais
critica dos fatos que cercam os educandos, tornando~os verdadeiros cidadaos.
Ora, os fatos que cercam os educandos da zona rural sao diametralmente
opostos aos que cercam as educandos da zona urbana, os fatos que
acontecem no Norte sao diferentes dos do Sui; a qualificac;:aopara 0 mercado
de trabalho e diferente numa area notadamente industrial e noutra onde
predomina 0 turismo como fonte de divisas, e assim par diante, colocando ao
professor a necessidade de se manter constantemente atualizado e em
atualizac;ao, e ainda ser suficientemente flexivel para lidar com as diferenc;as.
Tais pre-requisitos sao valid os tambem para a professor na educac;ao
presencial, e 6bvio. 0 fatar que diferencia 0 professor presencial do professor
a distancia e que este ultimo precisa lidar com realidades diferentes ao mesmo
tempo. Sua usala de aula" nao e geograficamente localizada num bairro, numa
comunidade ou numa cidade, mas numa regiao muito mais ampla, que pode
abranger todo 0 territ6rio nacional, ou ate mais.
Outro aspecto importante a considerar no papel do professor de
educac;:aoa distancia e a necessidade de se manter atualizado no que diz
29
respeito aos modos de transmissao do material pedagogico ao aluno; a escolha
e a utilizal'iio dos recursos did"ticos em programas de Educa980 a distancia
dependem do diagnostico da popula9iio-alvo e do planejamento da instru9iio
previa mente estabelecido.
Porem, atualmente, 0 meio informatica permite 0 tratamento integrado
de diferentes noc;6es: graficas, lingOisticas, musicais, matematicas, resoluc;6es
de problemas diversos e 0 desenvolvimento das habilidades meta cognitivas
necessarias de aprendizagem (Marti 1993, pag. 38). Dai, ressalta-se a
importancia de 0 professor estar familiarizado com esse meio, capacitado para
participar de chats e listas de discussiio, por exemplo.
A educac;ao a distancia tern limitac;:6es e caracteristicas proprias, assim
como 0 ensina presencial tambem, mas que nem par isso deixa de ser uma
modalidade de ensina seria, rica em experiencias e comprometida com a
qualidade do processo de ensinar e aprender, visando sempre a autonomia, a
colaboral'ao, a afetividade e a interatividade entre seus participantes. Ao inv,;s
de S8 constituir ~Iimitac;aon a educac;ao a distancia, tais caracteristicas devem
se constituir em desafios constantes ao professor, para que esteja sempre em
sintonia com as necessidades de seus alunos.
A educa9iio (presencial ou a distiincia) ,; uma atividade triadica que
envolve tres componentes: aquele que ensina (0 professor), aquele a quem se
ensina (0 aluna), e aquila que a primeiro ensina a segundo (um canteuda). E
impassivel urn pracesso de educaC;80 sem estes tres elementos. Significa dizer
que, mesma na educ8c;aa a distflncia, e impassivel a aprendizado sem a
30
atuayao do professor. E este 56 podera ter sucesso S8 conhecer
adequadamente 0 conteudo que ensina e 0 educando que aprende, fazendo a
media,Bo entre ambos.
Cabe aqui uma pergunta: como pode 0 professor conhecer 0 aluno a
distancia? A res posta e simples: 0 professor pode conhecer 0 aluno a distancia
analisando cada manifestaC;80 deste. Urn exercicio respond ida e enviado pelos
correios, urn cantato verbal (por telefone, por exemplo), urn cantato pessoal,
como oeorre em cursos em que 0 aluno estuda em casa mas periodicamente
vai a escola para fazer provas e testes, sao comportamentos que 0 professor
pode analisar para poder individualizar seus alunos.
E na individualiza,Bo e personaliza,Bo que os defensores da educa,Bo
a distElncia daD maior enfase. Eis 0 que diz Octavia Roca, no artigo: " A auto
forma9ao e a forma9ao a distancia: As tecnologias da educayao nos processos
de aprendizagem" publicado no livre: Para Uma Tecnologia Educacional,
organizado por Juana M. Sancho (ArtMed, Porto Alegre 1998):
"Na maioria dos profissionais da educa9ao jil. existe aconsci€mcia de que cada pessoa e diferente das outras, que cada umtem as suas necessidades pr6prias, seus objetivos pessoais, umestilo cognitiv~ deterrninado, que cada urn usa as estrategias deaprendizagem que Ihe sao rnais positivas, possui urn ritmo deaprendizagem especifico, etc., alem disso, quando se trata deestudantes adolescentes ou adultos, e preciso aerescentar novoselementos, como as diferentes possibilidades horarias, asresponsabilidades adquiridas OU 0 aumento da eapacidade dedeterminayao pessoais de necessidades e objetivos. Assim pareee6bvio que e preciso adaptar 0 ensino a todos estes fatores" (ROCA,apud SANCHO, 1998).
Esta reflexao nao e nova. As diferen«as sempre tem side reconhecidas.
Mas, antes, eram vistas como um problema a ser eliminado, uma dificuldade a
31
mais para 0 educador. Em uma fase posterior, considerava-se que esta
diversidade devia ser considerada e isso jil bastava. No entanto, agora se
considera que e a partir dai que devemos organizar a forma<;ao e enos tra905
diferentes que devemos fundamentar a tarefa de formagao: as capacidades de
cada pessoa representam uma grande riqueza que e conveniente aproveitar.
No Brasil e em varios Qutros paises da America Latina, apreparayao para 0 exercicio do magisterio tern caracterfsticas muitosimilares: a inexistencia de urn sistema articulado de forma<;ao iniciale continuada; ineficacia dos cursos de formayao inicial. a que ternlevado a praticas compensat6rias de forma<;ao em servi<;o;heterogeneidade muito grande na oferta e qualidade de forma<;aocontinuada; descontinuidade das a<;oes de forma<;ao (LARANJEIRAet ai, 1999,p.21).
A diversidade de canais de comunicac;ao - impressao, radio, televisao,
projetos na Internet, audioconferencias, videoconferencias, TV interativa, etc -
permitem inumeras possibilidades e combinag6es de uso das diferentes midias
na educaC;Bo presencial, e muito mais na educac;ao a distancia.
A educac;ao a distancia requer cuidado na preparac;ao dos materiais
adequados de estrategias tradicionais ao ambiente de aprendizagem. A
interac;ao no ambiente da educac;ao a distancia da-se numa perspectiva
diferente da que existe na educa<;ao presencial. Na relagao presencial, 0
docente atua como mediad or pedag6gico entre 0 conhecimento a oferecer e a
aprendizagem par parte dos estudantes, sendo que esta mediac;ao ocorre em
tempo real; jil que na educagao a distancia a mediagao e feila atraves dos
textos e outros materiais postos a disposic;ao do estudante. E facil entender
que, na educagao a distancia, 0 papel do professor e diferente daquele em que
ocorre a relal(ao presencia!.
32
As atividades serao selecionadas considerando que a comunic8C;8o
sera estabelecida par alguma forma de tecnologia. Diversos meios podem ser
utilizados separadamente au de forma combinada, de modo que a presen<;a do
professor seja sentida por intermedio de pelo menos um canal de
comunic8c;ao.
A verdadeira revoluC;80 nas areas da comunic8C;8o e da informaC;8o
tern criado canais amplamente experimentados e explorados como
instrumentos da educ8c;ao a distancia, que, em si, nao privilegia qualquer urn
dos canais de comunic8<;:8o, devendo ser escolhido aquele au aqueles que
respondam as necessidades e as possibilidades do aluno e da institui980
formadora.
A capacidade de difusao de informac;ao e uma caracteristica basica da
educa<;ilo.Mais do que uma qualidade, a capacidade de difusilo da informa<;ilo
e uma conquista da edUC8<,;:aOa distElncia. Porem, em seu sentido pleno, nao
pode aterwse a transmissao de informa<,;:6es, sob 0 risco de reproduzir a
educa<;ilo que FREIRE (1983) classifica como "concep<;ilo bancaria da
educa<,;:ao".Ou seja, 0 papel do professor e imprescindivel para que haja, nao
apenas a transmissao de informa<,;:6es, mas a conquista do conhecimento par
parte do aluno.
E desejavel que 0 professor lembre que a informa<,;:aoe um dado bruto,
que em si mesmo nao e suficiente, enquanto 0 conhecimento tem 0 processo
de aprendizagem como eixo central e articulador. Por conseguinte, a
informac;ao precisa ser organizada de maneira a viabilizar a construc;ao e 0
33
fortalecimento de uma mentalidade critica e criativa, ampliando as
possibilidades de progresso do conhecimento.
Ha necessidade de uma seleyao de atividades e intera90es, com a
escolha de situa90es e exemplos significativos, estnuturando-os numa
seqOencia 16gica,de modo que nao S8 restrinjam a observayao e assimilayao
de conteudos, mas que instiguem a atu8C;80 e a investigay8o.
Uma aprendizagem 56 e significativa quando S8 estabelece uma
relayeo concreta entre 0 novo e 0 ja conhecido, ou seja, quando em uma
situa9ao de aprendizagem as conhecimentos dos alunos podem ser pontos de
referencia para a articulaC;8ocom as novos canhecimentos. Portanto, deve-S8
promover urn dialogo mediatizado pelo material, par meio de atividades
voltadas a contextualiz8y80 das novas informac;oes. Oesta maneira, as novas
referencias teoricas nao S8 tornam simples objetos de memoriza<;ao.mas parte
de um repertorio a ser relacionado com conhecimentos previos.
Assim, com 0 auxilio do professor, cada aluno, podera construir seu
proprio conhecimento, nao apenas sobre referenciais proprios do seu percurso
anterior (tais como a experiencia cultural e social que adquire no meio onde
vive), partindo das novas informac;6es ou que buscou por sua iniciativa, de
suas experiencias, de suas representac;6es sobre a sua realidade e do seu
proprio saber -, podera construir seus proprios conhecimentos sobre
referenciais proprios de seu percurso.
34
3.2 A RELAgAO PROFESSOR·ALUNO
Na relayao professOf-aluno, e desejavel que nao haja uma
dependencia do aluno em relayao ao professor, a que representaria uma
contradic;ao, ja que a educaC;8o a distancia tern como elementos essenciais a
autocondUC;8o e a autonamia para 0 estudo.
o professor e 0 responsavel pelo dialogo com a aluno, na educay80 a
distancia. E 0 responsavel pela interac;ao do aluno com a instituic;ao
responsc3vel pelo curso que e ministrado a distancia. Par esta razao, e
necessaria que a professor seja cuidadoso na selec;ao das informac;oes
pertinentes e articuladas com a vida cotidiana, com a cultura e com as
necessidades especificas do grupo a que se dirige.
Para a exercicio da fun980 de professor a distancia sao indispensaveis
alguns requisites internos e externos. 0 educador que trabalha a distElncia nao
e simplesmente um mestre au professor convertido em divulgador, mas sim um
profissional com conhecimentos e habilidades especificas.
o aluno de urn curso a Distancia tern como apoio a interar;;:ao com a
professor e com outros elementos da instituir;;:ao educativa. Esta relar;;:ao entre a
estudante e a organizar;;:ao contribui para incrementar a motivar;;:ao e a prazer
pelo estudo ao dar-s8 uma relar;;:ao au sentimento de amizade (conversar;;:ao
amigilVel) entre a docente e a estudante; estimulando-se tal sentimento como
materiais didaticos que possuam uma comunic8r;;:ao de duplo sentido. As
mensagens transmitidas em forma de conversa9ao sao compreendidas e
35
recordadas mais facilmente e para alcanc;ar esta forma de conversac;ao podem
ser empregados todos os meios disponiveis no ensina a distancia.
o estabelecimento de urn vinculo, a presenc;a constante da interac;ao
professor - aluno. favoreee uma peri6dica revisao do planejamento inicial do
curso, possibilitando as correc;6es necessarias para 0 seu aperfeic;oamento.
Alem disso, permite a flexibiliza,ao do processo de ensino - aprendizagem de
acordo com as possibilidades e necessidades de alunos e professores. Os
relatos dos alunos contribuem para uma maior compreensao de Educac;ao a
distancia. Suas experiencias e sua visao do cotidiano assumem papel mais
ativo no desenrolar do curso.
Alem de profundo conhecedor do tema, relacionando-se com os alunos
de forma objetiva, comunicativa, 0 professor precisa respeitar e privilegiar a
realidade vivida e apresentada pelos alunos. Afinal,
...a forma9ao de professores, inicial ou continuada, nao devese ater aos aspectos meramente tecnicos, apesar de nao sedesejar que estes sejam renegados. A incorpora9ao da praticada reflexao na a9ao, para que se de conta das muitassituaC(6es imprevisiveis, pode ser incorporada aos programasde forma<;ao (QUEIROZ, 2001, p.115).
Nosso entendimento sobre a afirma,ao de QUEIROZ e de que, no
relacionamento com 0 aluno, 0 professor necessita sentir·se qualificado para
enfrentar situa<;6es imprevisiveis como: duvidas dos alunos, perguntas,
solicita<;6es de esclarecimento, posi<;oes ado tad as pelos alunos em rela<;ao
aos conteudos; considere-se, ainda, que tais situa<;6es podem ser ainda mais
diversificadas tendo em conta que na educa<;ao a distElncia os alunos vivem em
36
regioes diferentes, realidades socio-economico-culturais diferentes, uscs e
costumes diferentes.
o estabelecimento de urn dialogo pode ocorrer de diferentes formas,
Par isso e importante que 0 professor utilize bern a tecnologia empregada.
Qualquer que seja ela, 0 fundamental e que 0 aruno nao fique sem resposta.
De nada adianta estruturar 0 atendimento com a utilizac;.3o dos mais modernos
recursos S8 professores e alunos nao estiverem preparados para 0 seu manejo
e, tarn bam, cientes das vantagens e das limitay6es da tecnologia empregada.
Ainda sao atuais as palavras de PIMENTEL (1995, p. 106) quando
afirmava que a educ8c;ao a distancia esta lange de ser urn componente
reconhecido no sistema educativo brasileiro, ate porque sua oferta e ainda
limitada e assistematica. Hoje, certamente, existe maior popularizac;ao de
ofertas que ha alguns anos, porem 0 reconhecimento desses cursos ainda e
limitado. E este fen6meno representa uma rejeic;ao mais a modalidade em si do
que a qualidade do curso, pois tanto a educac;ao a distancia quanta a educac;ao
presencia I sao, potencialmente, boas ou mediocres, dependendo do projeto e
da seriedade dos profissionais envolvidos. Tais considerac;6es reafirmam, mais
uma vez, a importancia da qualidade no dialogo entre professor e alunos.
No caso de tratar-se de curso destinado a publico infantil e
adolescente, e fundamental que, nesse dialogo, se observe a necessidade de
urn forte apoio pedag6gico-institucional que promova meio permanente de
estimulo social e motivac;ao individual, quer incorporando as instituic;6es sociais
37
locais, quer dando forte destaque aDs meios de comUniC8C;<30 com apelo
emotivD.
No caso de popula<;ao adulta, a maioria da clientela da educa<;ao a
distancia, e fundamental que 0 professor tenha, desde 0 inicio, a perspectiva
de valoriz8c;ao da experiencia individual de cada aluno, nao somente no que S8
refere ao tema a ser estudado mas, principalmente, no que S8 refere 80
tratamento dos conteudos a partir da experiencia de vida e Gultura de cad a urn,
a que deve ser elaborado pelo professor.
No que S8 refere a valoriz8y.30 da experiencia anterior, e necessaria
levar em conta aspectos importantes da cultura geral e local. Em S8 tratando de
pessoas com pouca escolaridade formal ou individuos educados em processos
que pouco incentivam a iniciativa individual, e imperativD que as cursos sejam
precedidos QU, em todos os seus estagios, incorporem pequenos cursos (ou
modulos) que ensinem como estudar, como utilizar seu tempo e estimulem 0
aluno a tomar iniciativas e a construir sua autonomia. Os problemas e 0 grau
de complexidade do curso, tambem devem levar em considera<;ao os aspectos
culturais eo aprendizado anterior do aluno.
Esse processo sera adequadamente controlado, como meio de avaliar
se 0 curso esta reaJmente atingindo seus objetivos e se os aJunos estao
verdadeiramente superando estagios de apatia e subordina9ao, vencendo
barreiras e desenvolvendo sua autonomia e independencia.
Mesmo para os projetos/cursos que sejam fortemente baseados na
recep9ao grupal, e imprescindivel que 0 professor considere este aspecto
38
importante: 0 estudante e urn individuo com caracteristicas proprias, que
precisam ser respeitadas; do mesma modo, merecer aten<;8o 0 ritmo de estudo
individual. Portanto, deve-S8 considerar seu comportamento e as mecanismos
facilitadores de aprendizagem nessa situ8yao.
No respeito as caracterfsticas individuais de cad a aluno, 0 professor
pode reconhecer que, como forma integradora de parcelas da sociedade, a
edUC8yao a distancia sera empregada para a formayao e atualizay80 de
contingentes populacionais com pouca escolaridade mas grande experiencia
de vida, adaptando-se as multiplas realidades dessas pessoas e buscando,
inclusive, transforma-Ias em cidadaos ativos na sociedade.
De modo geral, a professor tern a perspectiva de manter-se em
constante aperfeiyoamento, S8 estiver atento as novas tecnologias. Porem, nao
e isto que ocorre, segundo pesquisas relatadas par POPPOVIC, as quais dao
conta de que
..a atitude dos professores em relayao a novas tecnologiaseducacionais distribui-se numa curva normal. A direita, hacerca de 7% a 10% de professores altamente motivados paraa incorpOra9aO da tecnologia. Destes, boa parte possui umcomputador em casa; todos sao favoraveis ao "novo". Aesquerda da curva, verifica-se que cerca de 15% sao "f6bicos"no que se refere a tecnologia. Eles "odeiam" computadores eracionalizam seu medo de inova90es usando toda sorte deargumentos. Entre esses p6los, a grande maio ria dosprofessores esta num continuum. Representamaproximadamente 75% do professorado.
Embora 0 autor nao especifique se suas considerac;6es referem-se a
educac;ao presencial ou a distancia, as mesmas estao contidas em texto
sabre educayao a distancia, a partir do que podemos subentender que tal
39
afirmac;:ao tern muito mais apJicabilidade na educac;:ao a distancia, tendo em
vista que, nesta modalidade de ensina, as tecnologias naG sao apenas
desejaveis, mas ate mesmo necessarias, principalmente S8 considerarmos que
atualmente a Internet e 0 meio de comunicac;:ao cuja utilizac;ao mais vern
crescendo na educac;:ao a distancia, embora ainda tenhamos amplas faixas de
popula<;ao sem aces so a Internet.. POPPOVIC argumenta tambem que 0 exito
ou fracasso no proceSSD de ensino/aprendizagem, aD menos no que S8 refira
as tecnologias educacionais, depende da adesao dos professores. Assim,
aponta 0 autor, e necessaria a "conversao" desses 75% aD novo processo.
(POPPOVIC, 1996, p.5). Alirma ainda esse autor:
A "maio ria silenciosa" vai aderir somente S8 estiver convencidade que tern algo a ganhar, ou seja, que e proveitoso abrir maode metod os aprovados e tradicionais de ensino, em favor denovas formas que exigem grandes esfon;:os de adaptayao,mas que ajudarao a melhorar sua pratica docente.
Assim, pode-se afirmar a importElncia de que a formayao curricular do
professor de educayao a distElncia inclua, necessaria mente, cursas em
computayao, assim como cursos que promovam a reflexaa sabre a questao da
tecnologia no processo ensino-aprendizagem.
Ap6s todas as considerayoes que se fez a respeito do papel do
professor na educayao a distElncia, necessario se faz abordar a importancia da
capacita<;ao desse professor.
40
3.3 PERFIL DO PROFESSOR DE EDUCA9AO A DISTANCIA
Educayao a distancia requer do professor a adoyao de diferentes
estrategias pedag6gicas, em relayao as adotadas habitualmente no ensina
presencia!. Embora S8 faya imprescindfvel, tambem no ensina presencia!, que
o professor esteja constantemente a par dos avan<;:os das teorias e tecnologias
didaticas, na modalidade de educagao a distancia esta continua atualizagao se
faz imprescindfvel, dado 0 avan90 das tecnologias da informa<;:8o e
comunicayao, essenciais que sao nos processos de educayao a distancia. Em
outras palavras, as tecnologias da informac;ao e comunicay<3o sao as
responsaveis pela maneira peJa qual as conteudos VaG do professor aD aluno,
seja na forma de apostilas, conteudos de internet, videos, etc;. a importancia
disto decorre de que 0 bom aproveitamento do aluno a distancia depende, nao
apenas da qualidade dos conteudos, mas tambem da forma como ele os
recebera. Fica implicita, aqui, a interligayao entre 0 professor, os conteudos e
as formas de transmissao destes ao aluno.
Urn outro aspecto a ser considerada, e que, muitas vezes, a professor
de educayao a distancia tem experiencia anterior no ensino presencial, a que
pode ser alta mente desejavel, desde que esse professor seja flexivel para
trabalhar com as diferenyas entre ensino presencial e a distancia. E 0 caso das
universidades que abrem cursos a distancia au, como tem ocorrido
recentemente no Brasil, cursos de MBA a distancia. ARREDONDO cita que, na
Espanha,
...como en otros parses, la mayorfa del profesorado de suUniversidad Nacional de Educacion a Distancia (UNED) ha side
41
farmada para ensenar en sistemas presenciales, y solo en casasreducidos 58 ha recibido una formaci6n especffica posterior paraensenar a distancia (ARREDONDO, 2003, p.18).
No casa da educa~ao a distElncia, as funr;6es desempenhadas par urn
professor de ensina presencial geralmente de forma individualizada,
necessitam da atuayao de Qutros profissionais para sua adequada
implementayao, em casas que S8 pode exemplificar: preparar;ao de materiais
didaticas especificos para educar;ao a distancia, elabora<;.3o de Gurriculos,
administrar;80 dos meiDs de comunicayao, tecn61ogos em computar;ao, etc.
Alem disso, requerem que 0 pr6prio professor domine, 0 rna is passivel,
algumas das seguintes qualidades:
1. Que tenha perieito dominic dos conteudos da disciplina ou do
curso que se pretende implementar.
2. Que tenha perfeito dominio do projeto, elaboragao e produgao de
materiais didaticos: tecn61ogos em educay80 elaboray8o e
estruturay80 dos conteudos, editores, especialistas em
comunicay80 e meios tecnicos, tais como prodUC;80, transmiss80
de materiais didaticos audiovisuais e informaticos, etc.
3. Que seja responsavel na orientayao e aprendizagem dos alunos, 0
que envolve planificaC;8o e coordenay8o das diversas ayoes
docentes, tanto a distancia quanto presenciais, integray030 dos
diferentes materia is didaticos, estabelecimento de criterios e niveis
de exigencia, organizaC;8o das atividades de aprendizagem e
avaliagao, etc.
42
4. Assessores, conselheiros e facilitadores que motivam e
acompanham 0 aluno no processo de aprendizagem, ac1aram
duvidas e ajudam na solUl;ao de problemas surgidos durante 0
estudo etc.
Ate aqui naD afirmamos nada de novo, pon§m, urna releitura cuidadosa
dos itens listados aeirna permite 0 entendimento de que 0 professor a distancia
necessita desenvolver um 8xcelente entrosamento com as dernais profissionais
envolvidos no processo.
Par outro lado, e importante enfatizar que existe urna difereny8 entre 0
professor de ensina presencial e de educ8yao a distancia: e que este ultimo
ensina a um alune invisiveJ, que ele sa be que existe em algum lugar e 0
converte no epicentro da 89<30 didatica. Por esta razac, nao apenas ele nao
pode descuidar 0 nivel e as exigencias dos conteudos, mas, ao contra rio,
redobrar seus esfon;:os na visao que tem da forma de comunicar tais conteudos
aos seus alunos, sem a necessidade de sua presen9a fisica e a exclusividade
da expressao oral na comunica9ao com esses alunos "invisiveis".
FREIRE condena 0 que chama de concep~ao "bancaria" da educa~ao,
"para a qual a educa9ao e 0 ato de depositar, transferir, transmitir valores e
conhecimentos"; nessa conceP9ao, nao se verifica a supera9ao da contradi9ao
educador-educando, de tal maneira que se fa9am ambos, simultaneamente,
educadores e educandos. (FREIRE, 1983, P.67).
No entender de WEDEMEYER, 0 professor de educa~ao a distancia e
basicamente um coordenador que relaciona os meios da institui9ao com as
43
necessidades do aluno. Da mesma forma, MOORE entende que 0 professor de
uma instituiyao de educac;ao a distancia e urn planificador que dave satisfazer
as necessidades dos alunos medianIe a facilita~ao do estudo independente e
individualizado, atraves dos meios tecnicos disponiveis. Ja SEWART 0 define
como membra de uma equipe de trabalho na qual colaborarn diferentes
profissionais e especialistas (autores citados par ARREDONDO, 2003, p.19),
Assim, verifica-se que as func;oes basicas de urn professor a distancia
sao aparentemente as mesmas do professor na educac;ao presencial, porem
acrescidas de algumas diferenc;as significativas e diferentes nlveis de
especializ8<;:ao. Essas diferenc;as podem sar assim apresentadas:
a) Planifica~30: compreende a antecipa~ao no tempo em rela~ao a
todas as atividades a serem desenvolvidas, a previsao de recursos e toda e
qualquer atividade que contribua para a eliminac;ao de improvis8c;6es de ultima
hora.
b) Elabora930 do material didatico: por si mesmo, ou com ajuda
tecnica. 0 professor de educaljao a distfmcia e responsavel pela determinaljao
do tipo de material mais adequado para comunicar ao aluno as conteudos de
determinada materia. Tais materia is substituem sua voz e sua aljao em sala de
aula, portanlo, devem ler suficienle capacidade explicativa para facililar a
compreensao e aprendizagem por parte do aluno.
c) Orienta.;:ao: tanto nos materiais didaticos como em oulros meios
tecnol6gicos de comunicayao, 0 professor de educayao a distc'3ncia procura
orientar seus alunos no desenvolvimento de sua aprendizagem.
44
d) Avalia9ao: 0 professor e 0 responsavel pelo processo de avaliac;:§o,
nao apenas da aprendizagem do aluno, mas do proprio curso que ministra,
dando garantias do rigor e confiabilidade de todo 0 processo de avaliac;:§o.
Como afirmamos anteriormente, as func;6es basicas de urn professor a
distancia sao, aparentemente, as mesmas do professor na educac;ao
presencial. 0 que faz, realmente, a diferenc;:a entre ambos e 0 fato de que 0
relacionamento do professor com 0 aluno na educac;ao a distancia nao ocorre
nurn continuum de tempo, como no ensina presencia I, 0 professor tala e 0
aluno Quve, no mesma momento, 0 tempo de aula e 0 mesma para ambos, no
momento em que 0 aluno entrega a prova 0 professor a recebe, e assim par
diante.
Na educ8C;80 a distancia, professor e aluno interagem em tempos
proprios. A questao proposta pelo professor 56 recebera a atenC;80 do aluno no
tempo deste, da mesma forma as perguntas do aluno nao necessariamente
serao respondidas no mesmo instante pelo professor, inclusive porque
pergunta e res posta serao intermediadas pelo meio de comunicac;:ao, seja ele
correios, e-mail, etc. Esta caracteristica exige do professor um entendimento do
que seria 0 dialogo com 0 aluno e como fazer deste dialogo urn aliado no
processo de transmissao da informac;:ao x construc;:ao do conhecimento.
45
3.4 FORMAC;;Ao E CAPACITAC;;Ao DO PROFESSOR DE EDUCAC;;Ao A
DISTANCIA
3.4.1 PONTO DE PARTIDA
Quando 58 faz presente urn programa de educayao a distancia numa
instituiy<30, e necessaria, antes de tudo, diagnosticar-se urn ponto de partida,
au seja, e necessario relacionar-se uma serie de perguntas, cujas respostas
devem estar bem claras e definidas antes de se deflagrar a educa,8o a
distancia.
E necessaria considerar-se, previa mente, que a educa<;ao a distancia
requer uma formaC;3oespecifica dos seus professores, pais e necessaria que
este detenha conhecimentos proprios a esta modalidade de educa,8o. Esses
professores necessitam de uma preparayao adequada, tanto para os aspectos
didaticos e organizacionais quanta para as tecnol6gicos, aspectos estes que
garantirao 0 exito em sua formayao.
Os conteudos de sua formayao devem, necessariamente, incluir
fundamentos em educay80 a distancia, perspectivas em educaCfao a distancia,
educa~ao a distancia de jovens e adultos, media~ao pedagogica, fundamentos
da a,aD pedagogica e outros.
Antes de tudo, e imperativo 0 investimento em recursos humanos, que
continua tambem sendo imperativo na educaCfao presencial. Somente desta
forma a educaCfao a distancia podera alcan~ar um de seus principais objetivos,
que e 0 de promover a democratizaCfao do saber, a qualidade do ensino, a
46
ampliac;ao de oportunidades de formaC;8o a urn grande numero de pessoas
que, de outra forma, estariam a margem das oportunidades.
A aprendizagem e urn processo que ocorre dentro do individuo. Mesma
quando ela e decorrente de urn processo bern sucedido de ensina, ela ocorre
dentro do individuo e 0 mesma ensina que pade resultar em aprendizagem em
algumas pessoas pade ser totalmente ineficaz em relayeo a outra.
ARREDONDO sugere que as seguintes temas sao fundamentais na
formaC;80 e capacitaC;80 de pessoas envolvidas em urn programa de educ8c;ao
a distancia:
a) Bases metodol6gicas do ensina a distancia- desenho, programacyao e execu9ao de urn curso a distimcia- elaborac;ao de materiais didaticos para 0 ensine a distancia- sistemas de intercomunic89ao didatica a distancia.
b) Componentes do ensino a distancia- 0 aluno. Caracteristicas peculia res, a aprendizagem a
distancia. Ajuda tutorial.- a professorado. Professor titular. Professor tutor.
Competencias.- Pessoal de administra9ao e servi90s.
c) Aspectos organizacionais- Sede central. Corpo docente. Gestao de matriculas.- Centres tutoriais. Competencias. Intercomunica~ao.- Serviyos varios. Produyao e distribuic;ao de material didatico.- Assistencia tecnol6gica. Incorporayao de novas tecnologias.
(ARREDONDO, 2003, p.15).
o ponto de partida para a qualifica<;ao dos professores deve ser a
marco da situac;c3o, que compreende a formulaC;8o de perguntas basicas que
devem ser respondidas antes de se completar 0 projeto de educac;c3o a
distancia. Tais perguntas basicas sao as seguintes:
- Para que? (finalidades e objetivos).
47
o que S8 pretende conseguir com educac;ao a distancia, onde S8 quer
chegar (ampliar 0 campo de 8<;aO au da influemcia de uma instituic;ao
de ensina, complementar 0 ens ina presencial. desenvolver cursos de
ensino regular ou formal, etc).
- Por que? (Razoes e motivos).
Razoes de polftica educativa au de conveniencia institucional. Solu96es
a uma necessidade educativa, que possibilita levar educac;ao a
pessoas que de Dutra forma naD teriam aces SO, etc .
•Para quem? (Destinatarios).
Dirigida a alunos ou participantes que tambem passam ter urn ensina
presencial, au aqueles a quem ista e impassivel, para alunos urbanos
au rurais. Para grupos numerasos au reduzidos; para alunos jovens au
adultos, etc.
- Quem e responsitvel? (Instituic;ao de ensina}.
Uma universidade publica ou privada, uma instituic;ao de ensino
superior au de grau medio, uma entidade seria, de prestigio, ou uma
entidade nova, sem experiencia, etc.
- Como se organiza? (Estrutura organizacional).
E uma entidade exclusivamente de educa9ao a distiincia ou a
educa980 a distancia e apenas 0 anexo de uma instilui980 de ensino
48
presencial; tern plena autonomia organizativa e dedicayao exclusiva;
compartilha-se espa<;os, recursos e professores com 0 ensina
presencia!. Sede central, centros tutoriais, etc .
•Com que meios? (Recursos materiais, administra~ao e servic;os).
E necessaria definir quais sao as meios didaticos: materia is impressos,
tecnologias, ensina on-line, etc. Por Dutro lado, tambem e necessaria
estabelecer-se com que infraestrutura S8 conta administrativamente,
para S8 proceder matriculas, distribui<;ao de materiais didaticos, etc.
- Com que recursos humanos? (professores)
Esta e a pergunta crucial que precisa ser respondida. Os professores
lem dedica980 exclusiva a educayao a distancia? Ou compartilham seu
tempo com 0 ensino presencia I? Ha professores titulares, em uma
sede, com responsclveis administrativos? Ha professores tutores,
facilitadores do aprendizada, que se mantem em cantato com os
alunos?
Estes sao os aspectos principais que se deve levar em conta para que
urna proposta de educa~ao a dist,mcia tenha a suficiente garantia de exito e
naD venha a se tarnar mais uma experiencia falida. As respostas a tais
quest6es sup6em naa apenas uma conceitualizayao da educayao a distancia,
mas tambem a convicyao e 0 convencimento da validade e eficacia dessa
modalidade de ensino.
49
Porem, entre tais quest6es, ha que S8 considerar que as professores
constituem 0 fatar mais determinante, 0 que deve determinar, entaD, a
necessidade de uma forma<;:ao especifica.
3.4.2 FORMA<;:AO DO PROFESSOR
Quando se fala de forma,ao e capacita,ao de professores e docentes,
refere-s8 a um dos fins mais nobres da educa<;:ao. Trata-se de atua96es que
conduzem ao desenvolvimento equilibrado de todas as faculdades e
capacidades que comp6em 0 potencial human~ de um individuo (aluno).
Oai a importancia de S8 pretender que a formac;ao do professor que vai
desenvolver tais ay6es seja a mais completa e seletiva passivel,
proporcionando uma salida dotayao de atitudes e recursos que prepare para 0
desenho de uma atividade humana com a devida competencia e idoneidade.
Formar urn quadro de professores com adequada formavao e uma
preocupa9ao generalizada nas instituic;oes e sistemas educativos do mundo
desenvolvido, tanto por suas repercussoes economicas como pela preparac;ao
no conhecimento de avanc;ados recursos pedag6gicos e nas novas tecnologias
da informa9ao. alem da comunicac;ao para apoio na intercomunicac;ao didatica.
Desta forma, S8 a formac;ao se refere ao campo dos docentes, entao se
propicia nao apenas a melhora qualitativa do professor, mas tambem uma
melhor qualidade de ensino desse professor.
Encontrar professores com uma adequada formac;ao e uma
preocupaC;8o generalizada nas instituic;oes e sistemas educativos de todo a
50
mundo, tanto par suas repercussoes econ6micas quanta pel a preparay80 em
avanc;ados recursos pedag6gicos e nas novas tecnologias da informac;ao e a
comunicay.3o para apoio da intercomunicay30 didatica.
Na formay8o do professor para ensinar a distancia, al6m da formac;ao
academica na materia que vai ensinar, e necessario 0 professor qualificar-se
lambem em algumas areas especificas, conforme sugere ARREDONDO (2003,
p.24)
1) Fundamentos, estruturas e possibilidades do ensine a distancia;2) Identificayao do estudante adulto. Caracteristicas
biopsicosociol6gicas condicionantes da aprendizagem;3) Teorias da aprendizagem. Formas de aprender, e5ti105, ritmos,
possibilidades e metodos, recursos, etc.;4) Conhecimento te6rico-pratico da comun;ca<;ao. Utmza<;ao dos
diferentes recursos tecnol6gicos que a facilitam. Pie no dominiodo espa<;o virtual, em casos de curso on-line;
5) Integra<;o3ode recursos didaticos proprios da modalidade(impressos, audio, video, informatica, telematica, etc),adequando-os a aprendizagem independente e dos alunos;
6) Conteudos cientificos, tecnol6gicos e praticos do curso ou materiaque ensina;
7) Organizay.3o do curricula individual. Adaptayao do curso asnecessidades formativas do estudante, etc.
8) Tecnicas de tutoria presencial e a distancia. Tecnicas de dinamicade grupos, de tratamento telef6nico, postal e telematico com osalunos. Tecnicas de feedback, etc.;
9) Tecnicas para fomentar nos alunos a criatividade, a autonomia, 0auloaprendizado, 0 autocontrole, a automotiva<;ao, 0 autoconceitoe a autoreflexao sobre a proprio estilo de aprendizagem;
19) Tecnicas de avaliayao. Criterios de corre<;ao e qualifica<;ao, berncomo mod as de realizar cornentarios aos trabalhos e provas.
o Brasil lem apresenlado avan90s na forma9ao e qualifica9ao de
professores, pesquisadores lem produzido bons lexlos sobre 0 lema, porem
nao podemos deixar de considerar que a teoria, na pratica, ainda deixa a
desejar. Eo importanle, e vilal para a inser9ao do Brasil no mundo globalizado,
um ensino de qualidade, um ensino que realmente qualifique 0 aluno e 0
prepare para ingressar no mercado de trabalho ou alcanyar seus objetivos
51
pessoais de progresso profissional e pessoaL Se nao tivermos uma educac;ao
presencial de qualidade, nao teremos jamais qualidade na educac;ao a
distancia. E isto se pode reafirmar na possibilidade de que a educa9ao a
distancia venha a substituir a educaC(ao presencial, mas islo somente se dara
de forma gradativa. Ah3m disso, muitas atividades continuarao exigindo a
presenc;a do aluno na escola, lais como atividades de laborat6rio, frequencia a
bibliotecas,etc.
52
CONCLusAo E SUGESrOES
Comprova-se que a edUC8«c30a distancia pode (e vern sendo) a
SOIU«80 para urn pais de dimensoes continentais, como e 0 casa do Brasil,
ande as alunos estao situados em imensas distancias dos granctes centres, e
principalmente ande a populayao e rarefeita, nao justificanda grandes
inveslimentos em escalas e instituiyoes de ens ina presencial.
Par Dutro lado, fon;oso e reconhecer que, mesmo que assim fosse,
difieil seria conseguir-se professores que S8 dispusessem a S8 deslocar para
tao lange dos grandes centres urbanos.
Porem, permanece 0 problema inicialmente diagnosticacto: a
necessidade de melhor qualific8C;80 dos professores para atuarem na area de
educ8c;ao a distfmcia.
Assim, nos sa contribuiy80 e concretizada na formula<;ao das seguintes
propostas
- Intensificar 0 debate sobre a educat;:ao a distancia;
- Promover 0 intercambio de experiencias entre pesquisadores e
educadores de educat;:8o a distancia;
- Facilitar curs~s de qualifica<;ao e aperfei<;oamento de professores
para atuarem nessa area;
53
- Melhorar as condic;oes de trabalho para essa categoria de
professores, de modo a incentivar a migra<;:aode professores presenciais
qualificados.
- Inserir a modalidade de educ8c;ao a distancia como uma disciplina
nos cursos de licenciatura, especialmente Pedagogia, em igualdade de
condic;oes com as metodologias de ens ina presencial
- Ampliar as condic;oes de acesso a Internet, disponibilizando lodas as
condic;oes necessarias para que professores e alunos S8 familiarizem com as
novas tecnologias da informa9.30 e de comunic8c;:03o.
A implemental(ao destas propostas melhorara consideravelmente a
qualidade da educa,ao a distancia, contribuindo, ao mesmo tempo, para
reduzir as indices de eva sao. maximizando, desta maneira, os beneflcios
advindos dos recursos arocados nessa modalidade de ensino.
Com a implementa9ao de tais sugest6es, teriamos, portanto, a
comprova9ao de que Thomas Edison foi um bom ouvinte, quando afirmou que,
ja no inicio do sEkulo passado, nao era incomum ouvir das pessoas sabre
como a tecnologia causaria uma revolu9aa na educa9ao.
Causou. E agora, compete a nos, professores, trabalharmos para que
essa revolu9aa tenha a melhor desenvolvimento passivel, 0 que passa,
necessariamente, pela qualifica98a daqueles de nos que vaa ensinar a
distancia.
54
Cabem a n6s, professores, trabalharmos para extirpar, da area da
educa9ao (inclusive da educa9ao a distancia), a "concep9ao bancaria" de que
fala FREIRE, de modo a qualificarmos 0 educador que atuara na edUCalt30 a
distancia, pra que seja urn ~educador humanista, revolucionario", cuja 8930,
identificando-se desde logo com ados educandos, oriente-se no sentido da
humaniza9ao de ambos. Do pensar autentico e naD no sentido da doay3o, da
entrega do saber.
E e com as palavras de FREIRE (1983, p.71) que concluimos este
trabalho: "Sua a9ao (do educador humanista) deve estar infundida da
profunda cren~a nos homens. Cren~a no seu poder criador."
55
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