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Oliveira Gurguel Costa Aquar 2014 Saude-Mental-x-Sindrome-De-Bur 32662

Date post: 11-Nov-2015
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saude mental x sindrome de burn out estudo comparativo
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53 Revista Raunp, v.6, n.2, p. 53-66, abr./set. 2014 ISSN 1984-4204 SAÚDE MENTAL X SÍNDROME DE BURNOUT: REFLEXÕES TEÓRICAS MENTAL HEALTH X BURNOUT SYNDROME: THEORETICAL REFLECTIONS Hilderline Câmara Oliveira Doutora em Ciências Sociais. Professora da Universidade Potiguar. E-mail: [email protected] Fernanda Fernandes Gurguel Doutora em Psicologia Social. Professora da Universidade Potiguar. E-mail: [email protected] Mateus Estevam Medeiros Costa Mestre em Administração. Universidade Potiguar. E-mail: [email protected] Walid Abbas El-Aouar Doutor em Administração. Professor da Universidade Potiguar. E-mail: [email protected] Envio em: Maio de 2014 Aceite em: Outubro de 2014 RESUMO No cenário contemporâneo a consignação dos efeitos do trabalho na saúde mental e o crescimento dos adoecimentos psíquicos oriundos do trabalho estão sendo alvo de debate e reflexões por diversos pesquisadores. De tal modo, este estudo de cunho bibliográfico tem como escopo refletir teoricamente a relação existente entre Saúde Mental e a Síndrome de Burnout. Para tanto, foi necessária a realização da discussão acerca dos conceitos, aportes técnicos e teóricos dos constructos em questão, com respaldo de autores que discutem as categorias trabalho, saúde mental e síndrome Burnout, como por exemplo, Mendes e Marrone (2002), Borges (1998), Dejours (1992), Albornoz (1992), Brito (2005), Codo; Soratto; Vasquez-Menezes (2004) dentre outros que serão elencados no decorrer do artigo. Para as organizações, o adoecer na labuta implica no aumento de custos, diminuição da produtividade e dano na competitividade empresarial. A sociedade por sua vez, representa perdas na qualidade das relações interpessoais e aumento nos custos previdenciários referentes à saúde-doença mental de trabalhadores. Palavras-chave: Saúde Mental. Trabalho. Síndrome de Burnout. ABSTRACT In the contemporary scenario the assignment of effects of work on mental health and mental illnesses arising from growth of labor are being targeted for discussion and reflection by many researchers. Such, this study of bibliographical die is scoped theoretically reflect the relationship between mental health and burnout syndrome. To do so, was it necessary to carry out the discussion of concepts, technical and theoretical contributions of the constructs in question, with the backing of authors who discuss the categories work, mental health and burnout, such as Mendes and Marrone (2002 ), Borges (1998), Dejours (1992), Albornoz (1992), Brito (2005), Codo; Soratto; Vasquez - Menezes (2004 ) among others that will be listed throughout the article. For organizations, the sick in the drudgery implies increasing costs, decreased productivity and damage to business competitiveness. The company in turn represents losses on the quality of interpersonal relationships and an increase in pension costs relating to mental health and illness of workers. Key words: Mental Health. Work. Burnout Syndrome.
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  • 53 Revista Raunp, v.6, n.2, p. 53-66, abr./set. 2014 ISSN 1984-4204

    SADE MENTAL X SNDROME DE BURNOUT: REFLEXES TERICAS

    MENTAL HEALTH X BURNOUT SYNDROME: THEORETICAL REFLECTIONSHilderline Cmara OliveiraDoutora em Cincias Sociais. Professora da Universidade Potiguar. E-mail: [email protected]

    Fernanda Fernandes GurguelDoutora em Psicologia Social. Professora da Universidade Potiguar. E-mail: [email protected]

    Mateus Estevam Medeiros CostaMestre em Administrao. Universidade Potiguar. E-mail: [email protected]

    Walid Abbas El-Aouar Doutor em Administrao. Professor da Universidade Potiguar. E-mail: [email protected]

    Envio em: Maio de 2014Aceite em: Outubro de 2014

    RESUMONo cenrio contemporneo a consignao dos efeitos do trabalho na sade mental e o crescimento dos adoecimentos psquicos oriundos do trabalho esto sendo alvo de debate e reflexes por diversos pesquisadores. De tal modo, este estudo de cunho bibliogrfico tem como escopo refletir teoricamente a relao existente entre Sade Mental e a Sndrome de Burnout. Para tanto, foi necessria a realizao da discusso acerca dos conceitos, aportes tcnicos e tericos dos constructos em questo, com respaldo de autores que discutem as categorias trabalho, sade mental e sndrome Burnout, como por exemplo, Mendes e Marrone (2002), Borges (1998), Dejours (1992), Albornoz (1992), Brito (2005), Codo; Soratto; Vasquez-Menezes (2004) dentre outros que sero elencados no decorrer do artigo. Para as organizaes, o adoecer na labuta implica no aumento de custos, diminuio da produtividade e dano na competitividade empresarial. A sociedade por sua vez, representa perdas na qualidade das relaes interpessoais e aumento nos custos previdencirios referentes sade-doena mental de trabalhadores.

    Palavras-chave: Sade Mental. Trabalho. Sndrome de Burnout.

    ABSTRACTIn the contemporary scenario the assignment of effects of work on mental health and mental illnesses arising from growth of labor are being targeted for discussion and reflection by many researchers. Such, this study of bibliographical die is scoped theoretically reflect the relationship between mental health and burnout syndrome. To do so, was it necessary to carry out the discussion of concepts, technical and theoretical contributions of the constructs in question, with the backing of authors who discuss the categories work, mental health and burnout, such as Mendes and Marrone (2002 ), Borges (1998), Dejours (1992), Albornoz (1992), Brito (2005), Codo; Soratto; Vasquez - Menezes (2004 ) among others that will be listed throughout the article. For organizations, the sick in the drudgery implies increasing costs, decreased productivity and damage to business competitiveness. The company in turn represents losses on the quality of interpersonal relationships and an increase in pension costs relating to mental health and illness of workers.

    Key words: Mental Health. Work. Burnout Syndrome.

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    1 INTRODUO

    Ao fazermos uma retrospectiva histrica, observa-mos que o trabalho se constitui algo muito importan-te se no o principal determinante da formao das sociedades, sendo o meio atravs do qual o homem constri o seu ambiente e a si mesmo. Ao longo da histria e na atual conjuntura, o trabalho e as relaes de trabalho vm sofrendo mudanas significativas de-correntes de transformaes que afetam a economia e o modo da produo.

    Mendes e Marrone (2002, p. 27), pontuam que o ato de produzir permite um reconhecimento de si prprio como algum que existe e tem importncia para a existncia do outro, transformando o traba-lho em um meio para a estruturao psquica do ho-mem. Por isso, ao transformar a natureza, o homem tambm se transforma, pois cada ato de trabalho o ser humano se aperfeioa.

    Brito (2005) fundamentada no pensamento mar-xista, caracteriza o trabalho como: a afinidade do in-divduo com o produto do seu trabalho como objeto alheio ao trabalhador e tendo poder sobre ele; e a rela-o do trabalho com o ato de produo dentro do tra-balho, como exerccio voltado contra o trabalhador, tornando o trabalho alheio ao trabalhador, transfor-mando o prazer em sofrimento, fora em fraqueza, a procriao em emasculao e a energia vital do ho-mem num exerccio voltado contra si prprio.

    De acordo com os autores supracitados, entende-mos que em qualquer modo de produo, o ser hu-mano est condenado a produzir sua existncia, in-dependente da sociedade na qual ele esteja inserido, onde ele precisa buscar suprir suas necessidades e conservar a sua vida, pois o trabalho opera mudanas significativas na subjetividade do indivduo, permi-tindo, desta forma, que o homem descubra novas qua-lidades, habilidades e se torne um ser social. O traba-lho, essencialmente, uma ao prpria do homem, mediante a qual ele transforma e melhora os bens da natureza, estabelecendo uma constante relao com o meio-ambiente.

    Um dos fenmenos mais debatidos na atualidade so os danos acarretados pelo trabalho e, suas conse-quncias atreladas sade e bem-estar do trabalhador. Este o resultado da interao das caractersticas do empregado com o ambiente de trabalho, sendo que as exigncias do trabalho excedem as habilidades do em-pregado para enfrent-las, prejudicando a sua qualida-de de vida dentro e fora do trabalho. Uma das respostas a estas manifestaes so os transtornos de deteriora-

    es menores em sade mental e a Sndrome de Bur-nout ocasionados por meio das condies de trabalho.

    Cabe ressaltar, portanto, que o trabalho passou por muitas mudanas em seu contexto histrico social, tendo em vista que algumas civilizaes passadas como Grcia destinavam o trabalho braal classe inferior composta de escravos e mulheres. Eram des-tinadas a estes, atividades de manuteno das cidades salientando que naquela poca no ter um escravo transmitia pobreza. Apenas quatro em cada dez cida-dos de pleno direito, que se dedicavam poltica, filosofia, ginstica e poesia, materialmente, vivam custa dos outros a quem eram relegadas todas as atividades de natureza e de servio (DE MAIS, 2000).

    Nesse interim, o artigo visa contextualizar teori-camente a questo do trabalho e sade mental luz de teorias, bem como respaldo legal sobre a questo, em outras palavras, realiza um passeio acerca da Sa-de Mental & Trabalho (SM&T) com nfase na Sn-drome de Burnout, acerca dos conceitos, dos aportes tcnicos e tericos que norteiam o universo dos dois constructos em questo. Estas relaes tm sido alvo de debate e reflexes por diversos pesquisadores. A consignao dos efeitos do trabalho na sade mental e o crescimento dos adoecimentos psquicos oriundos do trabalho revelam a importncia de novas reflexes sobre o presente fenmeno aqui estudado.

    O artigo foi baseado na pesquisa bibliogrfica, ressalta-se que esse tipo de pesquisa pode ser enten-dida como um processo que envolve etapas, como: escolha do tema, levantamento bibliogrfico prelimi-nar, formulao do problema, elaborao do plano provisrio de assunto, busca das fontes, leitura; ficha-mentos organizao lgica do assunto e a redao do texto (GIL, 2002).

    O artigo est composto por sees estruturadas de forma que possa conduzir ao leitor a reflexes sobre o tema, assim, a primeira aborda a questo da sa-de mental no espao do trabalho, a terceira apresenta conceitos, fatores, aspectos e teorias sobre a sndrome de Burnout, e por fim, apontamentos finais acerca do objeto de estudo.

    2 DA SADE MENTAL NO TRABALHO A SNDROME DE BURNOUT: APORTES TERICOS

    A palavra trabalho, por sua vez, origina-se do latim Tripalium, o qual era um instrumento de tortura cons-titudo por trs pontas afiadas. Com esta ideia, o juda-

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    smo-cristo acreditava que o trabalho era uma forma que Deus encontrou para punir o homem: do suor do seu rosto comers o teu po. Para as seitas romanas do sculo XI ao XIV, o trabalho era tido como atividade penosa. Mas, foi na reforma protestante que o tra-balho foi exaltado, sendo o caminho para a salvao. Mais tarde Max Weber chamou a tica protestante de esprito do capitalismo (ALBORNOZ, 1992).

    Um marco notrio foi a passagem de uma economia baseada na comercializao de produtos manufaturados industrializao, em que existiu um grande crescimen-to econmico e tecnolgico. Por outro lado, estavam as condies precrias de trabalho que os operrios eram colocados. No se pode, diante de tal quadro, falar em sade em relao classe operria do sculo XIX. pre-ciso antes assegurar a subsistncia, independentemente da doena, a luta pela sade nessa poca se identificou como a luta pela sobrevivncia: onde viver para o ope-rrio no morrer (DEJOURS, 1992).

    Afora toda discusso acerca da centralidade do trabalho, correto mencionar que sem qualidade no trabalho no possvel antever uma concomitante melhoria nas condies de vida dos indivduos e mui-to menos o necessrio desenvolvimento socioecon-mico de uma nao. Todavia, se os problemas sociais originados da desigualdade de distribuio de renda e acesso ao mercado formal, to acentuados na so-ciedade, assumem uma importncia capital, portanto, no s o trabalho absolutamente necessrio, mas, as condies em que este se configura, como um aspecto decisivo no que concerne maneira como se processa o agir, bem como na qualidade do que produzido, afetando, ainda, sade (fsica, psquica e social) e o bem-estar dos trabalhadores.

    O trabalho que no se tem um suporte organiza-cional e nem boas condies propicia o surgimento de doenas associadas ao contexto laboral, trazendo, consequentemente, um custo financeiro e social ao sistema de sade. A recente promulgao da Lei 11. 430 de dezembro de 2006, que determina o nexo epi-demiolgico causal entre certas doenas tidas como endmicas para determinadas ocupaes, s vem es-clarecer a inevitvel preocupao com aos aspectos jurdicos e trabalhistas abarcados nessa questo.

    Ao longo da histria, o mundo do trabalho atraves-sou profundas mudanas que influenciaram na manei-ra de se ver e fazer o trabalho. Um marco notrio foi passagem de uma economia baseada na comerciali-zao de produtos manufaturados industrializao, onde existiu um grande crescimento econmico e tec-nolgico. Por outro lado estavam as condies prec-

    rias de trabalho em que os operrios eram colocados.As transformaes complexas do trabalho surgem

    como fonte causadora de tenso e sobrecarga fsica e psquica, prejudicando relaes profissionais e inter-pessoais, com deteriorao crescente da qualidade de vida nos diversos mbitos do trabalho humano (DE-JOURS, 1992).

    A ao transformadora do homem no solitria, mas social, j que os homens ao se relacionarem para produzir sua prpria existncia, desenvolvem condu-tas sociais, a fim de atender s necessidades do grupo. Por isso, a condio humana no apresenta caracte-rsticas universais e eternas, pois variam, e assim o fazem para encontrar as solues atravs das quais os homens respondem socialmente aos desafios do coti-diano, a fim de continuar existindo.

    Durante muito tempo, a sade do trabalhador foi negligenciada. A partir da promulgao da Constitui-o Federal Brasileira em 1988, essa realidade come-a a sofrer mudanas, pois a mesma estabelece a am-pliao do atendimento do SUS e a interveno nas causas do adoecimento, inclusive, nos ambientes de trabalho (MUROFUSE, 2004).

    Portanto, a sade e a doena so processos din-micos, estreitamente entrelaados com os modos de desenvolvimento produtivo da humanidade em deter-minado momento histrico. Assim, a forma de inser-o dos homens, mulheres e crianas nos espaos de trabalho contribui para formas especficas de adoecer e morrer (BRASIL, 2002).

    As aes implicadas no ato de trabalhar podem atingir o corpo dos trabalhadores, produzindo disfun-es e leses biolgicas, mas tambm reaes psqui-cas, desencadeando processos psicopatolgicos. Foi durante a dcada de 1960, que fatores no biolgicos, como meio ambiente, os fatores sociodemogrficos, condies de vida e fatores de experincia passam a ser considerados para entender os processos de sa-de e doena mental. A partir desta nova anlise, para alm do paradigma biomdico, concentram-se os avanos sobre as questes que envolvem o fenmeno sade mental (BARBOSA, 2008).

    Seguindo esse percurso e pensamento, neces-srio lembrar que at meados de 1970, a expresso condies de trabalho era usada para se referir ob-jetivamente aos aspectos fsicos e ambientais do lo-cal de trabalho (gases txicos, rudos, luminosidade, poluentes, temperatura, esforo fsico). Aps esse perodo, apesar de existir consentimento, so apre-sentadas definies mais amplas incluindo dimenses psicossociais (emprego, salrios, relaes interpesso-

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    ais e proatividade) e, frequentemente, incluem-se nas pesquisas fatores fsicos de trabalho, tempo, controle e sistema de incentivos, dentre outros, como determi-nantes centrais do bem-estar psicolgico (LVARO; GARRIDO, 2006).

    Cabe esclarecer que a questo da Sade Mental & Trabalho se classifica, ultimamente, como um campo relativamente novo e a abordagem terica, aqui em-preendida, compe um dos caminhos possveis para a articulao e desenvolvimento da temtica aqui estu-dada. Qualifica-se como uma abordagem que abarca o trabalho como um fenmeno scio-histrico, com maneiras de realizao distintas e uma multiplicidade de significados que variam ao longo da vida humana, segundo os conhecimentos, as influncias dos modos de organizao social e as relaes de produo. Sen-do assim, o trabalho constitui um elemento primrio no processo de construo do sujeito e funciona como uma unidade estruturadora do psiquismo humano, ou seja, da formao humana.

    Neste sentido, Barbosa (2008, p. 42), coloca que o movimento em que o homem estabelece relaes com o seu trabalho, o sentido originrio do trabalho como elemento estruturante do psiquismo , ao mesmo tempo, fonte de prazer e sofrimento dependendo das condies e formas em que o trabalho executado. Nesse interim, quando o homem no encontra sentido naquilo que produz e avalia suas condies de traba-lho desfavorveis, ele atribui significado negativo ao trabalho. O trabalho, desta maneira, passa a ser visto como uma permanente fonte causadora de tenses que pode lev-lo ao padecimento psquico, caso no sejam encontrados meios de eliminar as tenses acumuladas.

    As evidncias de estudos j realizados apontam que o burnout est associado a profisses de servi-o, que exijam cuidados e ateno de terceiros. Nesta perspectiva, toma-se como referncia o conceito ado-tado por Maslach & Jackson (1986), segundo o qual um problema que atinge profissionais de servio, principalmente aqueles voltados para atividades de cuidado com outros, no qual a oferta do cuidado ou servio frequentemente ocorre em situaes de mu-danas emocionais. Ajudar outras pessoas sempre foi reconhecido como objetivo nobre, mas apenas recen-temente tem sido dada ateno para os custos emocio-nais da realizao do objetivo. O exerccio destas pro-fisses implica uma relao com o cliente permeada de ambiguidades, como conviver com a tnue distin-o entre se envolver profissional e no pessoalmente na ajuda ao outro (CODO, 2002).

    Para Dejours, Abdoucheli e Jayet (2009), o so-

    frimento no trabalho significa uma situao de luta entre o sujeito e as foras causadas pela organizao do trabalho, que o levam em direo doena men-tal. Echternacht (2004) afirma que sade e doena so fatos construdos a partir de uma complexa interao entre as concretudes da condio humana e a atribui-o de significados. Desta maneira, o processo sade--doena no trabalho no pode ser abarcado apenas enquanto experincia biolgica e objetiva.

    Vale ressaltar que as discusses acerca da sade, o bem-estar e a vida dos trabalhadores remota aos acontecimentos da Revoluo Industrial. Iniciando por Karl Marx e Max Weber, chegando a Elton Mayo, at que se chegue presente discusso entre inmeros autores ligados aos estudos sobre a sociopsicologia do trabalho.

    O estudo da fora de trabalho em sade ganhou destaque uma vez que a relao direta entre gesto de Recursos Humano e efetividade dos sistemas de sade, tornou-se cada vez mais evidente. Todavia, apesar do papel fundamental desta fora de trabalho, ainda muito pouco conhecido sobre sua composi-o, treinamento e desempenho. Os primeiros estudos em psicopatologia do trabalho se iniciaram nos anos 50, que segundo Chanlat (1996), esses estudos chega-ram a descrever sndromes estreitamente associadas situao de trabalho.

    No cenrio atual, os transtornos mentais relaciona-dos ao trabalho aumentam em inmeros pases. A jus-tificativa para esse crescimento controversa e mlti-pla. Existe uma tendncia a considerar como fatores explicativos para esse aumento os atuais modelos de gesto implantados nas organizaes de trabalho, onde novas maneiras de trabalhar geram novas formas de adoecer, e o crescimento das doenas psquicas rela-cionadas ao trabalho uma expresso dessa realidade (LANCMAN; TOLDR; SANTOS, 2010).

    J na concepo de Merlo (2011, p. 369), o mes-mo aduz:

    Aspectos relacionados (re)estruturao do mundo do trabalho e diviso internacional da economia tambm tm, ainda que indire-tamente, repercusses sobre a sade psqui-ca (e fsica) dos trabalhadores, na medida em que contribuem para definir as formas de trabalhar, que destina aos pases de ca-pitalismo perifrico atividades produtivas muito exigentes de mo-de-obra, tal como o que ocorre na produo do vesturio ou do calado, que ainda funcionam em mol-des tayloristas e/ou fordistas criados h pelo menos cem anos e podem produzir impor-tantes agravos sade fsica e psquica dos trabalhadores.

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    nessa conjuntura que emergem doenas ocupa-cionais fsicas e psquicas, trazendo consequncias graves vida dos trabalhadores. Na abordagem psi-cossomtica existe uma interrelao das dimenses biolgicas, psicolgicas e social que so intrnsecas a cada ser humano e que cada uma dessas caractersti-cas humanas contm aspectos que se diferenciam, em termos de funcionamento e modos de reao (FRAN-A; RODRIGUES, 2002).

    Para Seligman-Silva (1997), as mudanas organi-zacionais e tcnicas do trabalho vm se acelerando e adotando novas configuraes, no apenas em conse-quncia do progresso cientfico e dos avanos tecno-lgicos, mas tambm pelo processo da globalizao, intensificado nas ltimas dcadas. Foras econmicas e polticas regem tais transformaes. A interrelao trabalho e sade acompanham essas mudanas, trans-formando-se tambm.

    No possvel cair no esquecimento que as orga-nizaes e as condies de trabalho que se refere, incide nos marcos de condies especficas de pon-derao do lucro e de estruturas de poder, histrica e socialmente originadas, definidas como modo capita-lista de produo (ALMEIDA; MERLO, 2008).

    Guimares (1992) retalha que a influncia das condies de trabalho, principalmente da organiza-o do trabalho de modo geral, continuou como tema a ser evitado. O autor discute de forma fulgente em suas pesquisas no Brasil, o que j havia sido consta-tado em outros pases, a vinculao entre condies organizacionais do trabalho ligados vida laboral de um lado, e, de outro, sade mental.

    Conforme dados da Organizao Mundial da Sa-de, os transtornos mentais menores acometem cerca de 30% dos trabalhadores ocupados e os transtornos mentais graves, cerca de 5 a 10%. J no cenrio bra-sileiro, de acordo com estatsticas do INSS, reminis-centes apenas aos trabalhadores com registro formal, os transtornos mentais emplacam a 3 posio entre as causas de concesso de benefcio previdencirio como auxlio doena, afastamento do trabalho por mais de 15 dias e aposentadorias por invalidez (BRA-SIL, 2001).

    Para Clot (2011), sem dvida a exacerbao da crise do trabalho contemporneo, em sua hetero-geneidade mundial, que mostra o fato de uma nova demanda social se exprimir e questionar a pesquisa acadmica, a ponto de ensejar novas iniciativas. As-sim inmeras linhas tericas e mtodos foram criados para investigar as relaes inerentes SM&T, valendo ressaltar que nenhum mtodo sozinho capaz de dar

    conta de todos os seus aspectos. (CODO; SORATTO; VASQUEZ-MENEZES, 2004; MERLO, 2011).

    O autor Jacques (2003, p. 99) critica, afirmando que:

    O que se verifica, frequentemente, uma impreciso terica e metodolgica visto o desconhecimento do tema, o que produz tentativas ingnuas de combinar conceitos e tcnicas com fundamentos epistemolgicos diferentes. Constata-se, no uma tentativa de articular pressupostos diversos, mas, simplesmente, emprestar conceitos e tc-nicas sem uma reflexo sobre as diferentes concepes de homem, homem/sociedade, cincia e pesquisa que lhes fundamentam.

    Descobrir a afinidade entre trabalho e sade men-tal, tentando mostrar os nexos entre aspectos do tra-balho e sofrimento psquico ainda merecedor de ateno, a despeito da tnue existente entre esses dois constructos, trabalho e sade. Pode-se notar que a despeito das distncias terico-metodolgicas entre elas, existe pelo menos um consenso: desencadeador, determinante ou constituinte, o trabalho pode ser con-siderado, de alguma maneira, motivo de sofrimento que muitas vezes limita o trabalhador, quando no impede efetivamente de trabalhar (BORSOI, 2007).

    Vale ressaltar que a discusso acerca da sade psquica do trabalhador vem ganhando sua forma no cenrio brasileiro, sendo disseminadas outras abor-dagens relativamente jovens na academia nacional, podendo citar Mendes (2007), Mendes, Merlo e Mor-rane (2010) os autores discutem a SM&T por meio da psicodinmica do trabalho, abordagem essa defendi-da por Dejours (1992), Dejours (2007), Dejours, Ab-doucheli e Jayet (2009). Outra obra importante foi a de Bendassolli e Soboll (2011), os organizadores reu-niram pesquisadores brasileiros para discutir sobre as clnicas do trabalho (Psicodinmica do trabalho, Cl-nica da atividade, Psicossociologia francesa e a Ergo-logia), tais linhas que vm se fortalecendo no Brasil.

    Ao analisar os trabalhos que buscam congregar a trade sade, trabalho e subjetividade, o pesquisador se depara com uma diversidade de orientaes e de aportes terico-metodolgicos que o campo da sade do trabalhador comporta. Essa diversidade, quando se busca focar o objetivo de conhecimento incorporando numerosos saberes, traduz-se em diferentes perspec-tivas e acepes nomeadas como: multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar (LIMA, 2011).

    Jacques (2007) salienta que o movimento crtico em oposio ao reducionismo na compreenso dos processos sade-doena mental, fragmentao e s

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    concepes tericas incapazes de considerar a mul-tiplicidade e complexidade na formao e estrutura-o do ser humano e de seu psiquismo, impulsionou a elaborao de modelos mais amplos nesse campo e contriburam para da visibilidade s relaes entre trabalho e sade mental.

    No atual cenrio brasileiro, as abordagens esto divididas em: Teoria do estresse; Abordagem epide-miolgica, as Clnicas do Trabalho (Psicodinmica do Trabalho, a Clnica da Atividade e a Psicologia Social Clnica) e a Psicossociologia. Este estudo ser abordado teoria do estresse, por ser um tema que afeta muito trabalhadores no cenrio atual da socie-dade brasileira.

    3 SNDROME DE BURNOUT

    A terminologia Burn out foi acrescida no mundo acadmico atravs do trabalho realizado por Brandlay (1969 apud Benevides-Pereira, 2003). J em 1974 nos Estados Unidos, Freudenberger realiza-ra estudos para retratar a conjuntura fsica e mental dos trabalhadores de uma clnica de desintoxicao. Analisou-se que no decorrer de suas atividades ocu-pacionais, esses trabalhadores se sentiam esgotados, irritados e desencadeavam, tambm, uma atitude cni-ca em relao aos seus pacientes (BUENDA, 1998).

    Mas, alguns achados literrios mostraram que o presente fenmeno j havia sido mencionado anterior-mente nos ensaios de romance de William Shakespe-are, publicado em 1599 (SCHAUFELI; ENZMANN, 1998, p. 2). A expresso burn out tambm estava presente nas ruas de subrbios americanos como jar-go, referindo-se aos consumidores de drogas (BE-NEVIDES-PEREIRA, 2003).

    Porm, no cenrio acadmico, a origem do termo burnout sucede de uma conversa informal entre a psicloga e pesquisadora Christina Maslach e um ad-vogado. Aps dar incio a alguns estudos na rea m-dica e apanhar algumas ideias referentes s relaes de trabalhos, Maslach sujeitou suas ideias em relao preocupao que tinha sobre as estratgias cogniti-vas de descomprometimento e autodefesa por meio da desumanizao a um advogado e este lhe disse que os advogados das pessoas mais pobres chamavam essa situao de esgotamento. A partir desse momen-to, a pesquisadora encontrou no s que a situao que estava estudando tinha um nome como tambm acontecia em outras reas do conhecimento. Desco-briu, ento, que trabalhar com outras pessoas era o corao do fenmeno burnout, verificando, portanto,

    que tal sndrome acontece, sobretudo com as pessoas que trabalham em contato com outras pessoas (CHI-MINAZZO, 2005).

    De acordo com Cadiz (et. al, 1997), a demarcao de burnout no incide de uma teoria preexistente, en-tretanto de anos de investigao emprica por meio de entrevistas, pesquisas e observaes diretas de traba-lhadores de uma ampla variedade de profisses carac-terizadas pelo trabalho com pessoas. Na Espanha, no diferente dos Estados Unidos, o termo foi utilizado para descrever uma sensao de se estar consumi-do ou queimando, como uma forma de expressar o sentido de perda da esperana atribuda ao trabalho ou qualquer esforo destinado a fazer bem as tarefas intil (PREZ, 1997).

    Na academia brasileira a definio mais usada para descrever a sndrome a de Maslach & Jackson (1986), em que o burnout (Sndrome do Esgotamen-to) acenado como uma sndrome multidimensional constituda por exausto emocional, desumanizao, tida tambm como despersonalizao e/ou cinismo. E a outra dimenso a decepo no trabalho, esta por sua vez, caracterizada pela falta de realizao pessoal. Rodriguez-Marin (1995) ilustra ainda que, alm de definir burnout como uma sndrome que se manifesta pelo esgotamento emocional, a desumani-zao e a decepo no trabalho, considerada como um tipo peculiar de mecanismo de copping e auto-proteo frente ao estressor, suscitado por meio das relaes profissional-cliente e na relao profissional--organizao.

    Benevides-Pereira (2003) afirma que alguns au-tores ainda optam pela utilizao do termo estresse, contudo, para diferenci-lo de Burnout, nomeiam de estresse ocupacional. Desta maneira, explicitam o estresse corriqueiro no campo do trabalho, em ati-vidades profissionais, em especial aquelas em que o contato com o outro, o usurio do trabalho, muito prximo. Neste campo, o Burnout tambm deno-minado de estresse ocupacional assistencial, ou ainda estresse laboral, designando uma sndrome que acon-tece especificamente na conjuntura do trabalho.

    Para que se possa observar o Burnout como um processo, importante distingui-lo do estresse, que embora exista forte semelhana entre tais fenmenos, tm seus construtos divergentes. Na medida em que o Burnout acatado a intensificao da sintomatologia prpria de estresse laboral, a relao temporal que o diferencia do estresse, ou ainda quando os mto-dos de enfrentamento empregados pelo profissional so insuficientes. Ainda mais, a base da sndrome se

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    origina na tenso emocional e nos recursos que o in-divduo emprega para encarar o processo nas interre-laes nas quais convive no espao de trabalho.

    Neves (2012) expe que no cenrio nacional a primeira publicao sobre a temtica data de 1987, e foi realizada pelo mdico cardiologista Hudson Fran-a, na Revista Brasileira de Medicina. Na dcada de 1990, apareceram as primeiras teses, e em escoltada outras publicaes comearam a aparecer, alertando alguns profissionais sobre este tema.

    O burnout reconhecido no Brasil como uma doena ocupacional, sendo identificado como Sen-sao de Estar Acabado (Sndrome de Burn-Out, Sndrome do Esgotamento Profissional), ressalta-se os Agentes Patognicos causadores de Doenas Pro-fissionais est prevista no Decreto n3048/99 de 6 de maio de 1996 que dispe sobre a Regulamentao da Previdncia Social , conforme previsto no Art.20 da Lei n 8.213/91, ao se referir aos transtornos men-tais e do comportamento relacionado com o trabalho (Grupo V da CID-10), o inciso XII aponta a Sensao de Estar Acabado (Z73.0) (BRASIL, 1999).

    A Sndrome de Burnout discutida por cinco abordagens, sendo a clnica, social-psicolgica, orga-nizacional e social-histrica, como bem coloca Car-lotto (2001) e Leite (2007).

    a) Clnica tem como precursor Herbert Freu-denberger, por relacionar seus estudos etiologia, sin-tomas, evoluo clnica e ao tratamento da sndrome. Considerava que o profissional, ao se sentir exausto, j no conseguia preocupar-se com as necessidades do indivduo que o procurava.

    b) A Social-psicolgica Christina Maslach identifica no ambiente de trabalho caractersticas b-sicas da sndrome. Relaciona o estresse ao papel que o indivduo desempenha em seu trabalho;

    c) A Organizacional considera as definies dos autores mencionados anteriormente, ampliando

    o modelo social-psicolgico considerando afinidades organizacionais como geradoras de Burnout (CHER-NISS, 1980 apud CARLOTTO, 2001);

    d) A Social-histrica tendo a ideia de que o impacto da sociedade pode determinar a sndrome bem mais que as relaes individuais e/ou organiza-cionais; e

    e) A Psicologia do Trabalho apoia-se no refe-rencial terico da Psicologia do Trabalho fundamen-tada em Marx e Leontiev, foi desenvolvida por Codo e colaboradores no Laboratrio de Psicologia do Tra-balho da UnB e tm como base pesquisa nacional re-alizada com trabalhadores em educao no perodo de 1996-1998.

    De acordo com Silva (2008), na descrio de Freu-denberger haveria uma fase inicial de entusiasmo, alta expectativas e idealizao, passando para uma fase de paralisia e depois de frustrao, na qual seria ques-tionada a utilidade do trabalho, destacando-se todas as dificuldades e aspectos negativos, e aparecendo os problemas emocionais e de conduta. Por fim, se de-senvolveria um estado de apatia ou indiferena em relao ao trabalho.

    Outra probabilidade trazida por Leiter (1993 apud Silva, 2008) em que surgiria primeiro a exausto emocional, por meio da sobrecarga atribuda ao traba-lho e demandas interpessoais. Para suportar a exaus-to, o trabalhador desenvolveria atitudes de defesa (isolamento e indiferena de tratamento) surgindo despersonalizao e, seria a falta de recursos pessoais e institucionais que levaria tanto despersonalizao quanto baixa realizao pessoal.

    O modelo desenvolvido por Gil-Monte (2005) institudo por quatro dimenses, sendo evidencia-do nos trabalhos desenvolvidos por Carlotto (2010-2012) e Braun (2012). Sendo apresentada uma pe-quena explanao do modelo em questo na mostra a figura a seguir:

    Figura 1: Modelo de Gil-Monte (2005)

    Fonte: Gil-Monte (2005).

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    As evidncias de estudos j realizados apontam que o burnout est associado a profisses de servi-o, que exijam cuidados e ateno de terceiros. Nes-ta perspectiva, toma-se como referncia o conceito adotado por Maslach & Jackson (1994), segundo o qual um problema que atinge profissionais de ser-vio, principalmente aqueles voltados para atividades de cuidado com outros, no qual a oferta do cuidado ou servio frequentemente ocorre em situaes de mudanas emocionais. Assim, ajudar outras pessoas sempre foi reconhecido como objetivo nobre, mas, apenas recentemente tem sido dada ateno para os custos emocionais da realizao do objetivo.

    O desencadeamento do burnout pode ter caracte-rsticas individuais e organizacionais, como bem co-loca Veja, Prez e Amador (2003), j as caractersticas organizacionais, os autores classificam desta maneira:

    Necessidade de reconhecimento encontra-se relacionada ao conjunto de aes que a organizao pode enaltecer ou estimular as atividades tcnicas. A carncia destas aes so atitudes importantes na pre-sena do Burnout;

    Subvalorizao do profissional o profissional tem o sentimento de inferioridade. No mbito da sade, sente-se inferior figura do mdico, da insti-

    tuio ou dos pacientes;Necessidade de superao profissional a existn-

    cia de programas que valorizem o perfil ocupacional deve estar ao alcance do profissional. Quando estes programas ficam longos tempos sem serem executados aumentam as possibilidades de apario do Burnout;

    Sobrecarga de trabalho ocasionada pelo exces-so de trabalho assistencial na instituio, juntamente com outras atividades;

    Necessidade de trabalho em equipe a valoriza-o do trabalho em equipe auxilia os profissionais a enfrentarem a carga de trabalho, depositando no gru-po suas diferenas individuais;

    Necessidade de autonomia associada possibi-lidade do profissional de planificar seu trabalho indi-vidual, respeitando as metas da equipe e os objetivos do departamento; e,

    Caracterstica da tarefa (rotina ou diversidade) referncia s atividades que podem ser rotineiras ou montonas e, por outro lado, tarefas que caracterizam por permitirem satisfazer interesses amplos e diversos.

    Na teoria de Trigo (2010), classifica as caracte-rsticas individuais em duas, maiores ou menores n-dices de burnout. Onde sero apresentadas a seguir nas tabelas 2 e 3.

    Figura 1: Modelo de Gil-Monte (2005)

    Tabela 1: Fatores individuais (caractersticas de personalidade) associados a ndices mais baixos da sndrome de burnout

    Fonte: Gil-Monte (2005).

    Fonte: Trigo (2010).

    Tipo de personalidade com caractersticas Envolve-se em tudo o que se faz; acredita possuir o domnio da situao;resistentes ao estresse, ou hardiness. encara as situaes adversas com otimismo e como oportunidade de aprendizagem Locus de controle interno Responsabiliza-se pelos sucessos de sua prpria vida e estes so encarados como consequncia de suas habilidades.Autoestima, autoconfiana, autoeficcia -

    FATOR CARACTERSTICAS

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    Com base nas informaes, observa-se muitos pontos que permanecem no esclarecidos e diver-gentes, mas os pesquisadores, de uma forma geral, concordam que o burnout interfere nos nveis institu-cional, social e pessoal. Estes pesquisadores apontam trs dimenses encontradas na sndrome, este adven-to caracterizado em exausto emocional, desumani-zao e decepo no trabalho. A exausto emocional representada como o componente bsico do estresse individual no burnout, alm de ser o elemento mais importante e central da sndrome (BORGES et. al.; 2002; BORGES; ARGOLO; BAKER, 2006; TA-MAYO, 2002; BORGES, 2005; TAMAYO, 2008 e 2009, dentre outros).

    Para Maslach & Jackson (1994) esta dimenso referem-se s sensaes de estar alm dos limites e exauridos de recursos fsicos e emocionais. Os tra-balhadores que esto sofrendo deste mal carecem de energia suficiente para enfrentar mais um dia ou ou-tro problema. Como resultado, o sofrimento surdo e gradativo explode na exausto emocional, sendo re-conhecido por uma srie de sintomas fsicos, emo-cionais, organizacionais ou relacionados ao prprio trabalho, e ultimado na desistncia simblica, entre permanecer e fugir.

    Nessa proposta, a despersonalizao e a baixa rea-lizao no trabalho surgem como formas alternativas possveis desenvolvidas pelo trabalhador como res-posta ao sofrimento decorrente da situao de exaus-to emocional em que se encontra, ou seja, surgem por meio da desistncia simblica, eliminando o outro, ou eliminando a si mesmo, com sentimentos de baixa re-alizao profissional (VASQUES-MENEZES, 2005).

    A segunda manifestao a desumanizao deno-minada tambm como despersonalizao, no entanto, esta representa o componente da dimenso de con-texto interpessoal da sndrome, constituindo-se de atitudes negativas, de distanciamento emocional com respeito a vrios aspectos do trabalho. Neste momen-to, o vnculo racional toma a vez do afetivo, em que se desencadeiam atitudes insensveis, prevalecendo o cinismo e o endurecimento afetivo em relao s pessoas destinatrias do trabalho; ocorre uma coisi-ficao da relao (MASLACH et. al., 2001).

    Maslach (2005) destaca que os trabalhadores que passam por esta dimenso reduzem a quantidade de tempo que passam no escritrio ou no local de tra-balho e a quantidade de energia que dedicam ao seu trabalho. Por sua vez, eles continuam a exercer suas funes, mas apenas o mnimo necessrio, de modo

    Tabela 2: Fatores individuais (caractersticas de personalidade) associados a ndices elevados da sndrome de burnout

    Fonte: Trigo (2010).

    Padro de personalidade tipo A descritivo como mais competitivo, esforado, impaciente, com excessiva necessidade de controle das situaes e dificuldades em tolerar frustraes.Locus de controle externo Considera que suas possibilidades e acontecimentos de vida so consequncias da capacidade de outros, da sorte ou destino.Superenvolvimento Sujeitos empticos, sensveis, humanos, com dedicao profissional, altrustas, obsessivos, entusiastas, suscetveis a se identificarem com os demais.Indivduos pessimistas Costumam destacar os aspectos negativos, preveem insucesso, sofrendo por antecipao.Indivduos perfeccionistas Bastante exigentes consigo mesmos e com os outros, no tolerando erros e dificilmente se satisfazendo com os resultados das tarefas realizadas.Indivduos com grande expectativa e Podem deixar de ser realistas e tm grandes chances de se decepcionarem. idealismo em relao profisso Se associado ao otimismo, pode levar a baixos ndices de burnout.Indivduos controladores Inseguros, preocupam-se excessivamente, tm dificuldades em delegar tarefas e em trabalhar em grupo.Indivduos passivos Mantm-se na defensiva e tendem evitao diante das dificuldades.

    Gnero As mulheres apresentam maior pontuao em exausto emocional; os homens, em despersonalizao.Nvel educacional Indivduos com nvel educacional mais elevado.Estado civil Maior risco em solteiros, vivos ou divorciados. Porm, h estudos que demonstram o oposto.

    FATOR CARACTERSTICAS

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    que a qualidade de seu desempenho acabe caindo. Portanto, sentimentos de desumanizao prejudicam o desempenho do trabalhador e os levam a uma per-cepo de baixo comprometimento, fechando-se o circuito causal de desenvolvimento da sndrome.

    Realizando um panorama sobre a investigao do burnout, Maslach et al. (2001) distingue dois pero-dos histricos sobre esta sndrome, a fase pioneira partindo em 1974 e a fase emprica a partir da dcada de 1980. Na primeira etapa, mencionada acima, abar-ca um carter exploratrio, com ostentao nos es-tudos de cunho qualitativo, empregando entrevistas, estudos de caso e observaes in loco.

    O primeiro momento, logo, buscou lidar o fen-meno do burnout, instituindo sua descrio, deno-minando-o e evidenciando que no era uma resposta rara, consistindo em surgir principalmente em servi-os humanos e de cuidados de sade caracterizados por estresse emocional e interpessoal. Assim, segun-do Maslach et al. (2001), desde o incio, o burnout foi estudado no tanto como uma resposta individual ao estresse, mas sim em relao ao contexto interpessoal do indivduo no trabalho.

    O segundo momento de evoluo do construto, consistiu na dcada de 1980, momento marcado por investigaes empricas com o desenvolvimento de diferentes instrumentos de medida para a avaliao do burnout. Dentre eles, destaca-se o Maslach Inventory Burnout (MBI) concebido por Maslach e Jackson em 1981. Assim sendo, a caracterstica vista dessa fase foram os estudos mais sistemticos, empregando ins-trumentos padronizados que permitiram a realizao de surveys cingindo amplos extratos populacionais (NEVES, 2012; LOPES, 2010; MASLACH et al., 2001).

    O MBI um instrumento multifatorial com trs verses. Duas verses so compostas por 22 itens cada, alastrados entre os fatores Exausto Emocional (9 itens), Despersonalizao (5 itens) e Realizao Pessoal (8 itens). Cada subitem est acompanhado por uma escala de resposta de 7 pontos (nunca at todos os dias) que busca mensurar a frequncia de emoes relacionados sndrome. Uma dessas ver-ses se destina aos profissionais cujo trabalho tem ca-rter assistencial (MBI Human Services Survey) e a outra se direciona aos trabalhadores do ensino (MBI Educators Survey). A terceira verso do MBI, a Ge-neral Survey, com 16 itens, utilizada em categorias profissionais que no se enquadram nos dois grupos anteriores (MASLACH; JACKSON; LEITER, 1996).

    O Burnout Measure (BM) avalia a sndrome de

    burnout de forma unifatorial, reduzindo o fenmeno a um simples esgotamento (Enzmann, Schaufeli, Jans-sen, & Rozeman, 1998). Por essa razo, esse instru-mento no consegue captar os aspectos atitudinais e de autoavaliao presentes na sndrome, assemelhan-do-se mais a uma medida ortodoxa de estresse. No recomendvel desenvolver um instrumento unifato-rial a partir de um construto multidimensional. Alm disso, o Burnout Measure foi desenvolvido para ava-liar essa sndrome em um contexto geral, razo pela qual nenhum dos seus itens faz referncia ao trabalho (TAMAYO; TRCCOLI, 2009).

    Tamayo e Trccoli (2002) listam outros instru-mentos que avaliam a sndrome de burnout, como o Cuestionrio de Burnout del Profesorado (CBP) e o Cuestionrio Breve de Burnout (CBB), constru-dos na Espanha por Moreno-Jimnez, Oliver e Ara-goneses (1993) e por Moreno-Jimnez, Rodriguez, Alvarez e Caballero (1997), simultaneamente vem o Copenhagen Burnout Inventory (CBI), desenvolvi-do por Kristensen, Borritz, Villadsen e Christensen (2005) na Dinamarca, o Oldenburg Burnout Inven-tory (OLBI), construdo por Halsbesleben e Deme-routi (2005) na Holanda; o Shirom-Melamed Burnout Measure (SMBM) desenvolvido em Israel por Shi-rom e Melamed (2006).

    A discusso acerca dos instrumentos desenvolvi-dos para averiguar o burnout, cabe ressaltar que, a questo da interao entre o trabalhador e o mundo do trabalho aprofundada. Estes analisam a dinmica de aproximao e distanciamento entre o trabalhador e fatores que consideram importantes na realidade do trabalho, como: carga, controle, recompensa, relacio-namento com a comunidade, percepo de justia e valores. O Burnout estaria relacionado ao confronto entre o exigido e o que o trabalhador consegue dar em relao a esses fatores surgindo em razo do desequi-lbrio crnico entre exigncias do trabalho e capaci-dade de resposta do trabalhador.

    Ressalta-se que, mesmo havendo um relativo con-senso em relao ao processo de desenvolvimento do burnout, este fenmeno s ser bem esclarecido com o incremento de estudos longitudinais, com um maior uso de tcnicas de anlises mais sofisticadas e com a introduo de tcnicas de carter qualitativo, como a entrevista. (TAMAYO, 2002). possvel admitir tambm que a sndrome de burnout uma sndrome de esgotamento fsico, psquico e emocional, em con-trapartida ao estresse crnico. A sndrome de burnout descreve um fenmeno qualificado por um conjunto de sinais, sndrome, que pode ser esclarecido por teo-

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    rias divergentes, estes modelos e teorias explicativas da referida sndrome se encarregam de explicar esse fenmeno multidimensional.

    4 A GUISA DAS CONSIDERAES FINAIS

    Na contemporaneidade, o trabalho ocupa um lugar de grande relevncia na vida dos indivduos. Tornan-do-se mediador na concretizao das relaes sociais, alm de cumprir com seu papel na manuteno da subsistncia. O trabalho vem se configurando como atividade fundamental na construo da subjetivi-dade, esta afirmao visvel na obra elaborada por Freud (1930), onde o trabalho exposto como uma atividade to importante quanto o amor, j que amar e trabalhar esto inclusos na construo da sade e bem-estar psquico do indivduo. Pelo amor temos a capacidade de reproduzir e pelo trabalho que produ-zimos dando continuidade a nossa existncia.

    Para desfecho desta discusso, cabe salientar que nas profisses que exigem diariamente uma interao entre as pessoas, esta sndrome pode se manifestar, como uma possvel decorrncia adversa desse conta-to. Em outras palavras, qualquer espao de trabalho, o trabalhador pode manifestar/desenvolver a sndrome de burnout, tendo em vista, os fatores internos ao pr-prio trabalho, bem como questes externas, como, por exemplo, relaes familiares, doenas, dentre outras

    que pode acometer qualquer ser humano. Dessa forma, com base nas pesquisas, cabe ao

    trabalhador e empresa/organizao pensar em me-canismos, aes e propostas que possam prevenir as doenas relacionadas ao trabalho, bem como em al-ternativas que visem melhorias da qualidade de vida dos trabalhos, evitando assim, maiores danos e conse-qunciais, que podem ser fatais.

    Ressalta-se que, o mundo do trabalho, no cenrio atual exige muito do trabalhador em virtude do modo de produo capitalista, o qual demandar novas con-figuraes no s na esfera da produo, mas tambm na esfera da vida do trabalhador, exigindo que o mes-mo seja cada vez mais polivalente, propositivo, cria-tivo e, em especial, sempre disponvel para atender s demandas do mundo globalizado.

    Observou-se que nenhuma teoria, por mais ela-borada que seja, no d conta de explicar todos os fe-nmenos e processos (MINAYO, 1994, p. 18). Por isso, sugere-se ento, novas pesquisas que busquem compreender e analisar a configurao desta ativida-de, estudos com delineamentos longitudinais, apro-fundando-se em discutir acerca dos fenmenos que norteiam a sade do trabalhador e suas condies no ambiente de trabalho, no tocante, imprescindvel a realizao de investigaes que congreguem o uso de tcnicas qualitativas no intuito de se verificar os fen-menos que influenciam a sade psquica nos espaos de trabalho.

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