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Orando no espírito com spurgeon parte 2

Date post: 05-Apr-2017
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Parte II
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Page 1: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

Parte II

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Orando no Espírito com Spurgeon

Parte 2

Traduzido, adaptado e editado

por Silvio Dutra

FEV/2016

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S772 Spurgeon, Charles H. Orando no Espírito com Spurgeon./ Charles H. Spurgeon : tradução e adaptação Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 288p.; 14,8x21cm 1. Oração. 2. Pregação. 3. Alves, Silvio Dutra. I. Título. CDD 252

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Sumário

Nossa Oração Pública...................................... 5

Verdadeira Oração, Verdadeiro Poder...... 22

Oração de Davi na Caverna........................... 39

A Oração Espontânea...................................... 49

Oração de Intercessão................................... 62

Ordem e Argumento na Oração.................... 73

Orai, Orai Sempre............................................ 86

Oração a Deus em Angústia - um

Sacrifício Aceitável.........................................

114

Incentivo a Confiar e Orar............................. 122

A Intercessão do Espírito Santo.................. 134

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Nossa Oração Pública

Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e

adaptado por Silvio Dutra)

Estejam seguros de que a oração livre e

espontânea é a mais bíblica, e deve ser a forma mais excelente das orações públicas.

Se perdes a fé no que estás fazendo, nunca o farás bem. Fixem em suas mentes, portanto, que

na presença do Senhor estão tributando-Lhe

adoração de um modo garantido por sua divina Palavra e aceito por Ele. A expressão “orações

lidas” a que estamos tão acostumados, não se

acham nas Santas Escrituras, ricas como são em

palavras para dar a direção aos pensamentos religiosos; e tal frase não se acha nelas, porque a

coisa mesma não existe. Em que parte dos

escritos dos apóstolos podemos encontrar algo

que dê apoio a uma liturgia? A oração nas congregações dos crentes da igreja primitiva,

não estava restringida a nenhuma forma de

palavras. Tertuliano escreve: “Oramos sem

monitor porque oramos de coração.”. Justino Mártir descreve o ministro que presidia os

cultos, como orando “segundo sua habilidade”.

Seria difícil descobrir como e quando tiveram

princípio as liturgias, sua introdução foi gradual, e segundo cremos, coextensiva com a

decadência da pureza na igreja. A admissão

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delas pelos não conformistas, marcaria

claramente a era da nossa decadência e queda.

A natureza deste assunto me tenta a estender-

me mais sobre ele, porém, não é o ponto que venho tratando, e portanto o deixo neste estado,

não sem adverti-los que acharão o assunto das

liturgias habilmente tratado pelo Dr John Owen, a quem farão bem em consultar.

Tenhamos especial cuidado em provar a superioridade da oração improvisada e

espontânea, fazendo-a mais espiritual e

fervorosa do que a devoção litúrgica.

É uma grande lástima que um ouvinte se veja obrigado a fazer a observação de que seu

ministro prega melhor do que ora. Isto não é

tomar por modelo a nosso Salvador que falava como ninguém falou e impressionou com suas

orações de tal maneira a seus discípulos, que

estes lhe pediram que lhes ensinasse a orar.

Todas as nossas faculdades devem concentrar sua energia, e todo nosso ser deve elevar-se a

um ponto mais alto de vigor, ao fazer a oração

pública, e enquanto o Espírito Santo batizará a

alma e o espírito com sua sagrada influência, porém uma palavra desalinhada, incoerente e

sem vida, pronunciada à guisa de oração,

somente para encher certo espaço de tempo no

culto, é coisa cansativa para o homem e abominável para Deus. Se a oração livre fosse

sempre de um modo mais elevado, nunca se

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teria pensado na liturgia, e as formas de oração

que hoje se usam não têm outra desculpa que a

debilidade da devoção espontânea e das orações

improvisadas. E isto consiste em que não somos tão realmente devotos de coração como

deveríamos ser. Devemos ter uma comunhão

habitual com Deus, sob pena que nossas orações públicas sejam insípidas e rotineiras. A oração

privada é o meio mais a propósito de que

devemos valer-nos para dispormo-nos à prática

de nossos exercícios mais públicos: não devemos pois, ser negligentes nela, se não

queremos nos expor a fracassar quando

tivermos que orar diante das pessoas.

Nossas orações nunca devem se arrastar pela terra; devem subir. Necessitamos dar-lhes

forma em nossas mentes num molde celestial. Nossas solicitações ao trono da graça

necessitam ser solenes e humildes, não

petulantes e estrondosas, ou formais e feitas

com desfaçatez. A forma coloquial de discurso é imprópria diante do Senhor, devemos inclinar-

nos com a mais reverente e humilde submissão.

É certo que podemos falar francamente com

Deus, porém não esqueçamos que Ele está no céu e nós na terra, e evitemos por conseguinte

toda presunção. Ao orar, coloquemo-nos de um

modo especial diante do trono do infinito; e

assim como o cortesão no palácio do rei põe outro semblante e observa outros modos

distintos dos que costumam ter os demais

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cortesãos seus companheiros, assim também é

preciso que se dê conosco. Temos notado nas

igrejas da Holanda, que tão logo o ministro

começa a pregar, todo mundo coloca seu chapéu, porém no momento em que começa a

orar, todos os tiram no ato.

Que unicamente o Senhor seja o objeto de suas orações. Tenham cuidado em se dirigir de algum modo aos ouvintes, cuidado em não se

fazerem retóricos para agradar aos que os

escutam. A oração não deve se transformar num

sermão oblíquo. Há algo de blasfemo em fazer da piedade um motivo de ostentação. As orações

polidas são no geral más orações.

Na presença do Senhor dos Exércitos fica mal a um pregador fazer gala de suas plumas com o fito de ganhar o aplauso dos seus semelhantes.

Os hipócritas que se atrevem a se conduzir desse

modo, podem estar certos de que terão a sua

recompensa, mas não devemos aspirar a tal recompensa. Uma grave sentença de

condenação recaiu sobre um ministro quando

lisonjeando-lhe se dizia que sua oração era a

mais eloquente de quantas se haviam oferecido em uma congregação de Boston. Não nos é

proibido que procuremos excitar os

sentimentos e as aspirações dos que ouvem

nossa oração; porém cada uma das palavras e pensamentos dela, devem elevar-se a Deus, e

somente desse modo impressionam o auditório

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para levar aos que o formam, juntamente com

suas necessidades, à presença do Senhor.

Evitem todo tipo de vulgaridades na oração. Tenho que confessar que tenho ouvido algumas, porém de nada serviria que as

trouxesse à baila, tanto menos, quanto que cada

dia se faz mais raro escutá-las. Poucas vezes, de

fato, sucede agora que nos encontremos na oração com essas vulgaridades que eram num

tempo tão comuns nos cultos de oração

celebrados pelos Metodistas.

É muito lindo o espetáculo que se apresenta quando um homem luta com Deus dizendo-lhe:

“Não te deixarei ir antes que me abençoes”;

porém isso deve ser dito com a maior mansidão,

e não com um espírito de fanfarronice próprio dos que se creem com o direito merecido de

exigir bênçãos do Senhor. Com efeito, a vitória

que Jacó logrou alcançar naquela noite não foi

resultante de uma força que existisse nele mesmo. Se me tem ensinado a dizer: “Pai

nosso”, porém é contudo: “Pai nosso que estás

nos céus.”. Pode haver familiaridade, porém

uma santa familiaridade; intrepidez, porém essa intrepidez que nasce da graça e é obra do

Espírito Santo; não a audácia do rebelde que

ergue uma fronte impúdica na presença do seu

rei ofendido, senão a confiança de um menino que teme a seu pai porque o ama, e o ama porque

o teme. Nunca adotem, pois, um estilo de oração

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cheio de amor próprio e de impudência. Deus

não deve ser assaltado como antagonista, senão

suplicado como nosso Senhor e Deus. Sejamos

humildes de coração quando orarmos.

Os homens de negócios dizem: “um lugar para cada coisa, e cada coisa em seu próprio lugar”.

Assim, preguem no sermão, e orem na oração.

Os preâmbulos sobre nossa necessidade de

auxílio na oração, constituem a oração. Por que não começam os homens desde logo a orar? Por

que tardam e titubeiam? Em vez de dizer o que

devem fazer e querem fazer, por que não

começam no nome de Deus a fazê-lo? Peçam a satisfação das necessidades grandes e

constantes da igreja, e não deixem de

apresentar com o fervor mais devoto as

exigências especiais do tempo e do auditório que têm. Façam menção dos enfermos, dos

pobres, dos moribundos, dos pagãos, dos judeus

e de toda classe de homens necessitados, tanto

quanto todos eles lhes afetem o coração. Roguem por nosso povo como composto de

santos e de pecadores, e não como se todos

fossem santos. Façam menção dos jovens e dos

anciãos; dos sérios e dos indiferentes; dos devotos e dos que estão apostatando. Nunca se

afastem nem para a direita, nem para a

esquerda, senão sigam o caminho da oração

fervente. Sejam verdadeiras e práticas suas confissões do pecado e ações de graças; e sejam

oferecidas suas petições como se cressem em

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Deus e não pusessem em dúvida a eficácia da

oração; digo isto, porque as orações de muitos

são tão formais que os ouvintes não podem

menos que concluir que em seu conceito a oração é uma prática muito decente, porém que

não vá seguida de nenhum resultado proveitoso

para o homem. Roguem como os que têm tido ocasião de provar a Deus e que por isto voltam

com toda confiança a fazer outras petições; eu

lhes suplico que não deixem de rogar a Deus em

todo o curso de suas orações, não misturando nunca com elas práticas ou pregações, nem

muito menos, segundo fazem alguns,

repreensões e murmurações.

Tenho ouvido chamarem algumas vezes a oração e o louvor, de “serviços preliminares”,

como se fossem somente prefácio do sermão, eu creio que isto é raro entre nós, se fosse

comum, seria um defeito muito grave. Eu

procuro invariavelmente dirigir todo o culto por

meu próprio bem, e creio que também, por conseguinte o de toda a congregação. A meu

ver, não é verdade que qualquer pessoa possa

dirigir a oração. Não, senhores, tenho a

convicção solene de que a oração é uma das partes mais importantes do culto, mais

proveitosa e mais honorável, e que se deve

considerar ainda mais do que o sermão. Não

devemos pedir a qualquer um que dirija a oração, e depois eleger o irmão mais capaz como

pregador. Pode suceder que por debilidade

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corporal ou em alguma ocasião especial, o

pastor necessite do auxílio de um irmão e lhe

peça que ofereça a oração; porém se o Senhor os

tem feito amar seu trabalho, não o cumprirão a contento nem prontamente com esta parte dele

na pessoa de um outro. Se às vezes se delega o

serviço a outra pessoa, que seja uma cuja espiritualidade e atitude tenham a confiança

mais ampla; porém designar repentinamente a

um irmão desprevenido para dirigir as

devoções, me parece vergonhoso. Serviremos o céu com um respeito menor do que aquele com

que ministramos a nós mesmos, sendo como

somos tão pouco dignos? Peçam ao homem

mais capaz que ore, antes que o acesso a Deus seja menosprezado.

Sirvamos a Jeová da melhor maneira que possamos: que se considere com muito cuidado,

e se apresente com toda a força de um coração

desperto e de um entendimento espiritual, a

oração que seja dirigida à Majestade Divina. O que se tem preparado para pregar,

comunicando-se com Deus, ordinariamente

tem a maior aptidão para a oração e formar um

programa que põe a outro irmão em seu lugar, transtorna o culto, defrauda ao pregador um

exercício que o fortaleceria para apresentar seu

sermão, e muitas vezes pode sugerir

comparações entre as diferentes partes do culto, coisa que nunca deve ser tolerada. Se

irmãos despreparados são enviados por mim ao

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púlpito para que me sirvam com suas orações

quando eu tenho que pregar, não posso

entender por que não me seja permitido orar, e

então retirar-me e deixar a estes irmãos que preguem, Não posso ver nenhuma razão

convincente para ausentar-me do exercício

mais santo, precioso e proveitoso que meu Senhor me tem concedido; se posso eleger,

cederei o sermão antes que a oração. Tenho dito

tudo isto para lhes inculcar a persuasão de que

devem estimar de um modo especial a oração pública, e pedir ao Senhor os dons e as graças

necessárias para que possamos cumprir este

dever fielmente.

Para que uma oração pública seja o que deve ser, é necessário que provenha do coração. Um

homem deve ser realmente sincero em suas súplicas. A oração deve ser verdadeira, e se é,

cobrirá como o amor, uma multidão de pecados.

Poderá perdoar as familiaridades de um homem

e também suas vulgaridades, se vemos claramente que é do mais íntimo do seu coração

que está falando com seu Criador, e que suas

faltas são devidas somente aos defeitos de sua

educação e não a vícios morais ou espirituais de seu coração. O que ora publicamente deve ser

ardente, porque não pode haver pior preparação

para um sermão, que uma oração suporífera.

Que coisa pode fastidiar os homens da casa de Deus, mais que uma oração inerte? Ponham

toda sua alma em tal exercício. Se toda sua

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energia pode ser aplicada numa coisa, que seja

em acercar-se de Deus publicamente. Roguem

de tal maneira que possam, por um atrativo

divino levar toda a congregação com vocês até o trono de Deus. Orem de tal modo que pelo poder

do Espírito Santo, descansando sobre vocês,

expressem os desejos e os pensamentos de todo o auditório, e os constituam em uma voz ardente

de fervor diante do trono de Deus, intercedendo

pelas centenas de corações palpitantes ao sentí-

lo.

Além disso, nossas orações devem ter propósito. Não quero dizer que devemos entrar em cada

detalhe minucioso das circunstâncias da

congregação.

Como disse antes, não há necessidade de se fazer menção na oração pública de todos os

sucessos da semana, nem de comemorar todos

os nascimentos, mortes e matrimônios de nossa

membresia, porém o coração cuidadoso do pastor deve notar todos os movimentos gerais

que têm acontecido na congregação; deve

recordar tanto as alegrias como as tristezas da

sua congregação diante do trono da graça, e pedir que a bênção divina descanse sobre seu

rebanho em todos seus movimentos, seus

exercícios, e empreendimentos santos, e que o

perdão de Deus se estenda ao pecados inumeráveis. Além disso, não sejam prolixos na

oração.

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Livingstone disse relativamente a Robert Bruce de Edinburgo, que “nenhum outro homem de

seu tempo manifestou tanta convicção e

energia como as que a Ele conferira o Espírito Santo. Nenhum outro teve tantas provas de

conversão de almas, e muitos de seus ouvintes

até pensavam que ninguém desde o tempo do apóstolos, havia falado com tanto poder como

ele. Quando outros estavam presentes, oferecia

orações muito breves, porém cada uma de suas

sentenças era como um raio lançado aos céus. Ouvi ele dizer que se enfastiava quando outros

ofereciam longas orações, porém que estando

só, empregava muito tempo orando.”.

Um homem pode, em ocasiões especiais,

ocupar vinte minutos na oração principal da manhã, porém isto não deve suceder com

frequência. Mas uma oração pública não deve se

estender por mais de dez minutos. Nossos antepassados sabiam orar por três quartos de

hora ou menos; porém devem recordar que não

poderiam estar seguros de ter outra

oportunidade para fazê-lo, e portanto oravam até saciar-se. Ademais, naqueles tempos, a

congregação não se inclinava a se queixar da

duração das orações e dos sermões, tanto como

alguns o fazem agora.

Estamos agora falando das orações públicas que vêm antes do sermão ou depois dele, e para

estas, dez minutos são melhor limite que quinze.

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Somente uma pessoa entre mil, se queixará de

vocês pelo motivo de que suas orações são

muito breves, porém muitas murmurarão da

duração fastidiosa delas.

Todas essas áridas, pesadas e prolixas práticas na oração, não fazem mais do que embotar a atenção dos ouvintes, cujos ouvidos ficam

saturados de palavras. As orações longas

consistem em repetições ou em explicações

supérfluas que Deus não requer, ou degeneram em puras pregações, de sorte que não há

diferença alguma entre a oração e a pregação,

exceto que naquela o ministro tem seus olhos

fechados, e nesta os mantém abertos.

Não nos é exigido que nossas orações consistam em uma série de textos bíblicos, nem que

citemos a Davi e Daniel, ou Jó e Paulo, e Pedro e todos os demais sob o título de “teu servo do

passado”. Nunca deem a impressão de que estão

para concluir sua oração e depois continuem

orando por mais cinco minutos. Quando o auditório supõe que estão para terminar, não

podem repentinamente proceder com um

espírito devoto. Isto é imprudente e fastidioso.

Evitem também o uso de frases altissonantes. Elas são um grande mal. Quem pode justificar

expressões tais como esta: “não deveríamos

correr para a tua presença, assim como o cavalo incapaz de pensar o faz na batalha?”. Como se os

cavalos alguma vez pudessem pensar. Uma

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sentença bizarra como esta incita mais ao

pecado, do que à oração. Coisas como “teu pobre

povo indigno” é geralmente um epíteto usado

para ser aplicado a si mesmos pelos homens mais orgulhosos da congregação.

Deve-se também ter o cuidado, quando não se pode citar as passagens da Bíblia corretamente, em suas orações, seria melhor não fazer uso

delas. Porque a mudança de uma só palavra

pode lhe alterar totalmente o significado.

Empreguem uma expressão nascida de sua própria mente, e será igualmente aceitável a

Deus, mas não usem uma frase bíblica

adulterada.

Tenho notado o costume entre alguns (que lhes rogo que não o adotem) de orar com os olhos

abertos. É antinatural, indecoroso e repugnante.

Olhar os objetos que nos rodeiam enquanto professamos que estamos nos comunicando

com o Deus invisível, é detestável em extremo.

Os pais da igreja primitiva condenaram esta

prática indecorosa.

Devemos também fazer uso de poucas gesticulações ao orar. A voz deve estar sempre

em conformidade com o assunto, e nunca deve

ser violenta, nem audaz, porque os tons do homem que fala com Deus devem ser humildes

e reverentes.

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Para evitar que se estabeleça entre nós uma rotina monótona e fastidiosa, recomendo que

vocês variem a ordem das diferentes partes do

culto, tanto quanto seja possível. O que o Espírito livre nos impele a fazer, façamos logo.

Alguém começa o culto com o louvor em vez da oração e depois de tudo é advertido pelos

diáconos que não deve fazer inovações. Até

agora temos entendido que as igrejas

congregacionais e batistas não estão escravizadas a tradições, nem a regras fixas

quanto ao modo da adoração, e sem dúvida,

estes pobres desejando fazer-se soberanos e

exclamando em alta voz em favor de uma liturgia, querem que seu pastor se submeta a

cerimoniais introduzidos pelo costume. É

preciso que se ponha um fim a tais absurdos.

Pretendemos dirigir os cultos assim como o Espírito Santo nos ensina e segundo nosso

melhor juízo. Não nos submeteremos a uma

regra que nos exija que oremos agora e que

louvemos depois; Variaremos a ordem do culto para evitar a monotonia, e não estabeleceremos

nenhuma regra fixa relativa a isto.

“A adoração verdadeira não é o som estrepitoso que se repete por lábios clamorosos, mas é o

silêncio profundo de uma alma que se abraça

aos pés de Jeová.”.

Variem a duração de suas orações públicas. Não pensem que seria muito melhor às vezes em

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lugar de empregar três minutos na primeira

oração e quinze na segunda, ocupar nove em

cada uma? Não seria mais proveitoso às vezes

determos mais tempo na primeira e menos na segunda? Não seriam melhores duas orações

medianamente longas, que uma longa em

extremo e outra muito curta? Não seria um bom caminho cantar um hino depois de ler o

capítulo, ou cantar uma ou duas estrofes antes

da oração? Por que não seria bom às vezes

cantar quatro hinos no culto? Não devemos estar contentes às vezes com dois hinos e

mesmo com um? Por que é necessário cantar

sempre depois do sermão? Por que, por outro

lado, nunca cantam alguns ao fim do culto? É conveniente sempre, ou ainda com frequência,

uma oração depois do sermão? Não é verdade

que ás vezes é muito comovedora? Se fôssemos

guiados pelo Espírito, não conseguiríamos uma variedade desconhecida?

Variem os temas comuns de suas orações na intercessão. Há muitos tópicos que requerem a

sua atenção: a igreja com suas fraquezas, suas

infidelidades, suas tristezas e suas consolações:

o mundo exterior, a vizinhança, os ouvintes não convertidos, os jovens, a nação. Não orem por

tudo isso todas as vezes, ou senão as suas

orações serão longas e provavelmente

desinteressantes. Qualquer que seja o tópico predominante em seu coração, façam-no

predominar em suas súplicas. Há um modo de

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seguir um curso na oração, se o Espírito Santo os

guiar por ele, isto dará coesão ao culto, e se

harmonizará com os hinos e com a pregação.

É muito proveitoso manter unidade no culto, onde possível; não servilmente, mas com

sabedoria, de sorte que o efeito seja unificante.

Certos irmãos nem sequer procuram manter

unidade no sermão, mas vagueiam da Inglaterra ao Japão e introduzem todos os assuntos

imagináveis. Mas vocês, que já atingiram a

preservação da unidade no sermão, poderiam ir

um pouco além, e demonstrar algum grau de unidade no culto, sendo cuidadosos quanto ao

hino, à oração e à leitura bíblica, para manter

em proeminência o mesmo assunto. Pouco

recomendável é a prática, comum em alguns pregadores, de reiterar o sermão na última

oração. Pode ser instrutivo para os ouvintes,

mas é um objetivo totalmente alheio à oração. É uma prática inconveniente, não a imitem.

Como fugiriam de uma víbora, evitem todos os esforços para conseguir fervor espúrio na

devoção pública. Não se esforcem para parecer

fervorosos. Orem segundo os ditames do seu coração sob a direção do Espírito de Deus, e se

vocês estiverem embotados e tediosos, digam-

no ao Senhor. Não será ruim confessar a sua

falta de vida, deplorá-la e clamar por vivificação. Será uma oração real e aceitável. Mas o ardor

fingido é uma vergonhosa forma de mentir.

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Nunca imitem os fervorosos. Vocês conhecem

um bom homem que geme, e outro cuja voz vira

um grito estridente quando ele é arrebatado

pelo ardor, mas, nem por isso vocês deverão gemer ou chiar para parecerem fervorosos

como eles. Simplesmente sejam naturais do

começo ao fim, e peçam a Deus que os guie nisso tudo.

Finalmente, preparem-se para orar publicamente. Não preparando uma liturgia,

mas preparando o coração. Ordenando os

argumentos que apresentarão diante do Senhor

na oração. Inteirem-se antes de orar das coisas pelas quais orarão. Tenham-nas bem definidas

em sua mente, para que não entrem ao esmo

diante de Deus. Este preparo consiste em ponderar previamente a importância da oração,

em meditar nas necessidades espirituais dos

homens, e em recordar as promessas que

havemos de pleitear – indo, desta forma, à presença do Senhor com uma petição escrita

nas tábuas de carne do coração. Seguramente

isso é melhor do que ir a Deus a esmo, correr

para o trono divino ao acaso, sem mensagem ou desejo definido. “Nunca me canso de orar”,

disse alguém, “porque sempre tenho uma

mensagem definida quando oro.”.

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Verdadeira Oração, Verdadeiro Poder

Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e

adaptado por Silvio Dutra)

“Porque em verdade vos afirmo que se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te ao mar,

e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele. Por isso vos

digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede

que recebestes, e será assim convosco.”. Mc

11.24

Um homem que tivesse fé para fazer o sol parar

já viveu neste mundo, pois Josué fez tal pedido a

Deus e Ele o atendeu. Feitos poderosíssimos já

foram realizados pela fé. Mas ainda não se viu quem enviasse com sua fé uma montanha para

o mar. Se alguém contasse com a aprovação da

vontade de Deus para um tal feito, segundo

Jesus, ele ocorreria como a coisa mais natural, pois no texto paralelo de Mt 17.20 se diz que nada

é impossível ao que tem fé, e que uma montanha

poderia ser removida por uma pequena fé, como

a de um grão de mostarda. Certamente, o capricho de mover montes de cá para acolá,

promoveria uma grande conturbação na terra, e

daí não ter sido ainda atendido um tal pedido por

Deus, se é se alguém já lho dirigiu. Mas, o que o Senhor quer nos ensinar com isto é que por

maior que seja o desafio, e por impossível que

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possa parecer, ele poderá ser realizado pela fé,

caso possa contar com a aprovação de Deus.

Assim, esta porção da Escritura tem a ver com a fé de milagres; mas eu penso que ela faz muito mais referência ao milagre da fé, em vez da fé de

milagres. Eu creio que este texto não é somente

a herança dos apóstolos, mas de todos aqueles

que têm a mesma fé dos apóstolos, enquanto creem nas promessas do Senhor Jesus Cristo. O

conselho que Cristo deu aos doze e para os

seguidores imediatos dele, é repetido a nós na

Palavra de Deus esta manhã. Que nós possamos ter constantemente a graça para obedecer isto.

“que tudo quanto em oração pedirdes, crede

que recebestes, e será assim convosco.”. Depois

de ter passado por um certo círculo de expressões vocais habituais, nós talvez nos

levantemos de nossos joelhos mais aborrecidos

na consciência e mais afligidos na mente do que nós estávamos antes. Se eu puder lhe mostrar

um modo mais excelente; de se orar, você

poderá vir a olhar daqui em diante para a oração

como seu elemento, como um dos exercícios mais encantadores de sua vida; se você vir a

estimar isto mais do que o seu alimento

cotidiano.

Primeiro, OLHE PARA O TEXTO. Se você olhar

cuidadosamente para isto, eu penso que você perceberá as qualidades essenciais que são

necessárias a qualquer grande sucesso e

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24

prevalência em oração. De acordo com o

descrição de nosso Salvador da oração, deveria

haver sempre alguns objetivos definidos nos

quais nós deveríamos nos concentrar. Ele fala de coisas "tudo quanto pedirdes".

Parece então que ele não pôs isto em termos que os filhos de Deus deveriam orar quando eles não

tivessem nada pelo que orar. Outra qualificação essencial da oração é o desejo sincero; porque o

Mestre supõe aqui que quando nós oramos que

nós temos desejos.

Realmente não é nenhuma oração, pode ser algo como a oração, a forma externa ou o

esqueleto nu, mas não é a coisa viva, chamada

oração, a menos que haja um completo

transbordamento de desejos. Também, observe que fé é uma qualidade essencial da oração

próspera – “crede que recebestes, e será assim

convosco.”. Você não pode orar para ser ouvido

no céu e receber a resposta que satisfaça a sua alma, a menos que você creia que Deus

realmente ouve e lhe responderá. Uma outra

qualificação aparece aqui na mesma sentença,

isto é, que uma expectativa sempre deveria ser acompanhada de uma fé firme – “crede que

recebestes, e será assim convosco.”. Não

somente creia mas também que recebestes,

contanto como se tivesse já recebido, considerando como se você já o tivesse, e agindo

como se você o tivesse recebido, porque crê que

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o receberá, e o terá. Deixe-nos revisar estas

quatro qualificações, uma por uma.

Para fazer oração de qualquer valor, deveria haver objetos definidos pelos quais fazer

petições. Meus irmãos, nós vagueamos frequentemente em nossas orações, e depois

disto, nós não recebemos nada porque não

desejamos realmente nada. Nós tagarelamos

sobre muitos assuntos, mas a alma não se concentra em qualquer objetivo. Às vezes não se

permita cair sobre seus joelhos sem pensar

antes no que você pretende pedir a Deus. Você

faz para um assunto de hábito, sem qualquer movimento de seu coração. Você está como um

homem que deveria ir a uma loja e não sabe que

artigos obteria lá. Ele pode fazer uma compra

feliz talvez quando ele estiver lá, mas certamente não é um plano sábio para se adotar.

E assim o crente em oração pode atingir depois

um real desejo, e alcançar o seu objetivo, mas

seria melhor que ele preparasse a sua alma em autoexame e consideração quanto ao objetivo

que estava a ponto de apresentar a Deus como

pedido. Quando Jesus perguntou ao cego o que

queria que Ele lhe fizesse, não seria de se esperar que o curasse se ele não fosse objetivo

no seu pedido de cura da sua cegueira. Imagine

um arqueiro atirando suas flechas sem saber

onde está o alvo. Seria provável que ele tivesse sucesso? Por isso é necessário que tenhamos

objetivos claramente definidos em nossas

Page 26: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

26

orações para serem apresentados a Deus,

porque como receberemos aquilo que não

esperamos. Lançar um monte ao mar. Isto é um

objetivo bem definido. Se isto fosse um desejo e uma necessidade sincera em meu coração eu

lutaria por isto em oração diante de Deus até

consegui-lo, crendo em todo o tempo que tinha recebido de Deus a aprovação do meu pedido.

Você achará isto mais útil para suas orações se

você tiver alguns objetivos para os quais

apontar, e eu também penso que se você tiver algumas pessoas pelas quais interceder, você

deve mencioná-las. Não somente se dirija a

Deus genericamente em favor dos pecadores,

como também mencione sempre o nome de alguns deles em particular. Seja específico no

que deseja para eles. Se você for um professor de

EBD, não peça simplesmente para que seus

alunos sejam abençoados, mas definitivamente ore apresentando os nomes e necessidades

deles ao Altíssimo.

E se há uma misericórdia para sua casa que você almeja, não entre numa generalização, mas seja

simples e direto em seu pedido a Deus. Quando

estiver orando seja objetivo em relação àquilo que deseja. Conte ao Senhor o que você quer. Se

você não tiver dinheiro suficiente, se você

estiver em pobreza, se você estiver em dilemas,

declare o caso. Não use nenhuma falsa modéstia para com Deus. Vá imediatamente ao ponto; fale

honestamente com ele. Ele não precisa de

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27

nenhuma justificativa da sua parte, como coisas

do tipo: “eu não tenho dinheiro, eu estou aflito,

mas não te peço nada, porque eu devo me

contentar com nada.”. Certamente isto não corresponderá ao desejo do seu coração. Na

verdade você precisa ser provido para ver suas

necessidades atendidas, de sua família, da igreja, das pessoas que necessitam da sua ajuda,

e para isso você precisa de recursos. E o Senhor

é o dono da prata e do ouro. Peça com confiança

a Ele, crendo que o tem recebido, e assim se fará. Se você quiser uma misericórdia temporal ou

espiritual, diga assim. Não folheie a Bíblia para

descobrir palavras com as quais possa expressar

isto. Expresse seus desejos nas palavras que naturalmente se apresentam em sua mente.

Elas serão as melhores palavras, dependa disto.

As palavras de Abraão eram as melhores para

Abraão, e as suas serão as melhores para você. Alguém está doente ou triste? Faça oração como

diz a Palavra. Não seja hipócrita, tentando

dissimular a necessidade de receber a cura do

Senhor. Vá a Ele com fé e seja direto no seu pedido de cura. Você não precisa estudar todos

os textos da Bíblia, para orar da mesma maneira

que Jacó e Elias fizeram, enquanto usa as

expressões deles.

Mesmo que você pudesse imitá-los em suas

palavras, você não pode imitá-los quanto à alma que sugeriu e animou as palavras deles. Ore com

suas próprias palavras e seu próprio estado de

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28

alma. Fale claramente com Deus; peça o que

você quer imediatamente. Nomeie pessoas, dê

nome às coisas, e seja direto ao apontar para o

objeto de suas súplicas, e eu estou seguro que você achará logo que o cansaço e estagnação dos

quais você reclama frequentemente em suas

intercessões, não vão durar muito tempo, ou pelo menos não tão habitualmente como

dantes.

"Mas", diz alguém: "eu não sinto que eu tenha qualquer objeto especial pelo qual orar.". Ah! Meu querido irmão, eu não sei quem é você, ou

onde você vive, para estar sem objetos especiais

para a oração, porque eu acho diariamente isso,

pois eu tenho algo para contar diariamente ao meu Deus.

Mas, se nós não tivéssemos uma dificuldade, meus queridos irmãos, se nós tivéssemos

atingido a uma tal altura em graça que nós não temos nada para pedir, nós amamos tanto a

Cristo que nós não temos nenhuma

necessidade de orar para que nós o possamos

amar ainda mais? Teremos alcançado por nossas orações o atendimento definitivo e total

das necessidades de todos os que nos cercam?

Não há necessidades pelas quais orar em nossa

igreja? Temos tanta fé que deixamos de clamar para que Deus a aumente? Você pode estar

seguro, que sempre há objetos legítimos pelos

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quais bater na porta da misericórdia para que

sejam atendidos.

Há um modo com que devemos orar a Deus. Nós temos que ter um tal desejo pela coisa que queremos, que nós não deixaremos de clamar

até que nós a tenhamos recebido, não obstante,

em submissão à sua vontade divina. Sentindo

que a coisa que nós pedimos não pode estar errada, e que ele tem prometido isto, e se temos

guardado a sua Palavra, cumprindo os seus

mandamentos, e se o nosso coração não nos

acusa porque estamos em falta com Deus por pecados cometidos. Por exemplo infidelidade

no dízimo e nas ofertas. Roubamos de Deus e

esperamos que Ele abra as janelas do céu para

nós. Ele pode abençoar por misericórdia, mas perdemos a autoridade de apelar para o

cumprimento da sua promessa, porque como

protestaremos diante dele: “Senhor tenho sido fiel, e tenho te honrado, agora pois, mostra a tua

fidelidade a mim, e honra-me!”. Não seria isto

uma oração mentirosa? Mas se não é o caso, nós

alegaremos a promessa, novamente, e novamente, até que os portões do céu tremam

diante de nossos argumento. Oh, essas orações

frias que sequer movem os corações dos

homens, moveriam o coração de Deus?

Nós devemos ser sinceros, caso contrário nós não temos nenhum direito de esperar que o

Senhor ouvirá nossa oração. Ah, meus irmãos!

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nós sabemos muito pouco quanto de nossas

orações são uma abominação diante de Deus.

Seria uma abominação para você e para mim

ouvir os homens nos pedirem nas ruas, como se eles não quisessem o que eles pediram. Mas nós

não fazemos o mesmo com Deus? É necessário

uma fé firme em Deus. Irmãos, vocês creem na oração? Eu sei que você ora porque você é filho

de Deus; mas você crê no poder da oração? Há

muitos crentes que não creem, eles pensam que

a oração é uma coisa boa, e eles creem que às vezes faz maravilhas; mas eles não pensam que

a oração, a real oração, sempre tem êxito. Eles

pensam que seu efeito depende de muitas

outras coisas.

Agora, a convicção de minha própria alma é que a oração é o poder principal de todo o universo; que tem uma força mais onipotente que a

eletricidade, atração, gravitação, ou qualquer

outra dessas forças secretas que os homens

chamaram através de nomes, mas que eles não entendem. Quando um homem realmente ora,

não deve perguntar se Deus o ouvirá ou não, ele

tem que ouvi-lo; não porque há qualquer

compulsão na oração, mas há uma doce e santificada compulsão na promessa. Deus

prometeu ouvir a oração, e ele cumprirá a sua

promessa. Como ele é o Deus mais alto e

verdadeiro, ele não pode se negar. Oh! pensar disto; que você um homem fraco pode se

levantar aqui e pode falar com Deus, e por Deus

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pode mover todos os mundos. Ainda quando sua

oração é ouvida, a criação não será perturbada;

embora os fins mais principais sejam

respondidos, a providência não será desarranjada por um único momento.

Nenhuma folha cairá mais cedo da árvore, nem

uma estrela ficará sem o seu curso, nem uma gota de água a mais sairá de sua fonte, tudo irá

como dantes, e ainda assim sua oração terá

efetuado tudo. Falará com os decretos e

propósitos de Deus, como eles estão sendo cumpridos diariamente. Nossas orações são os

decretos de Deus em outra forma, porque

operam suas realizações na terra.. Se o crente

tem fé em Deus, não há nada impossível para ele. Ele será salvo da maior das profundezas, das

dificuldades mais dolorosas, da escassez de

alimentos, da pestilência, e caminhará firme e

forte, porque ele crê na promessa e a sustente firme diante dos olhos de Deus.

Não há nada, eu repito isto, não há nenhuma força tão tremenda, nenhuma energia assim

maravilhosa, como a energia com que Deus

dotou todo homem que como Jacó pode lutar,

como o Israel que pode prevalecer com ele em oração. Mas nós temos que ter fé nisto; nós

temos que acreditar que a oração é o que é, ou

então não será para nós o que ela deveria ser. A

menos que eu creia que minha oração é eficaz ela não o será, porque em grande parte, ela

depende da minha fé. Deus pode até mesmo me

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conceder misericórdia quando eu não tiver fé;

isso será a própria graça soberana dele, mas ele

não prometeu fazer isto. Mas quando eu tenho

fé e posso alegar a promessa com desejo sério, já não é mais um assunto de probabilidade se eu

adquirirei a bênção, ou se meu desejo será

atendido. A menos que o Eterno se desvie da fidelidade em cumprir a sua Palavra, a menos

que o juramento que ele deu fosse revogado, e

ele deixasse de ser o que ele é: "Nós sabemos que

nós recebemos o que lhe pedimos.".

Aprendamos sobre a oração com Daniel. Ele está sobre os seus joelhos em oração, e Miguel, o arcanjo vem a ele. Ele fala com ele e lhe fala que

assim que Daniel começou a aplicar o seu

coração para entender, e para se humilhar

diante de Deus, foram ouvidas as suas palavras, e o Senhor tinha despachado o anjo. Então ele

lhe fala "eu deveria ter estado aqui antes, mas o

Príncipe da Pérsia me resistiu; não obstante

Miguel, um dos primeiros príncipes, veio ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da

Pérsia. Agora vim para fazer-te entender o que

há de suceder ao teu povo nos últimos dias.”.

Veja agora. Deus coloca o desejo em nossos corações, e assim que o desejo esteja lá, antes de

que nós clamássemos ele começa a responder.

Antes de as palavras terem chegado ao céu,

enquanto elas ainda estão tremendo no lábio – para saber as palavras que nós queremos dizer -

ele começa a respondê-las, envia o anjo; o anjo

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33

vem e derrama a bênção que foi buscada.

Porque a coisa é uma revelação se você pudesse

ver isto com seus olhos. Algumas pessoas

pensam que coisas espirituais são sonhos, e que nós estamos falando de fantasias. Não, eu creio

que há muita realidade na oração de um crente

como um flash de raio; e a utilidade da oração de um crente pode ser conhecida sensivelmente

da mesma maneira que o poder do flash do raio

quando rasga a árvore. A oração não é uma

fantasia de ficção; é uma coisa real.

Mas nós sempre precisamos crer nisto. Nós precisamos de uma garantia percebida na oração. Contar as misericórdias antes que elas

cheguem. Estar seguros que elas estão vindo!

Agir como se nós as tivéssemos! Quando você

pediu seu pão diário, nenhum cuidado mais deveria perturbá-lo, mas crer que Deus o ouviu,

e dará isto a você. Quando você levou o caso de

seu filho doente diante de Deus, não deve ficar

pensando se a criança se recuperará, ou não, mas será uma maior bênção para você e mais se

gloriará em Deus, se deixar isto com ele. Poder

dizer, "eu sei que ele me ouviu agora; Eu me

colocarei em minha torre de vigia e procurarei ouvir o que o meu Deus dirá à minha alma.".

Você já foi desapontado crente, quando você

orou com em fé e esperou a resposta? Eu dou

meu próprio testemunho esta manhã que eu nunca tenho confiado nele e contudo o tenho

achado em falta comigo. Eu confiei no homem e

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fui enganado, mas meu Deus nunca negou uma

só vez o pedido que eu fiz a ele, quando eu apoiei

o pedido com convicção na vontade dele, e na

garantia da sua promessa.

Mas, eu ouço alguns dizerem: ´”podemos orar por coisas temporais?”. Sim, vocês podem. Em

tudo façam conhecidos seus desejos a Deus. A promessa diz: “tudo quanto pedirdes”. Tudo é

tudo. Não inclui somente o que é espiritual, mas

também as preocupações cotidianas. Leve suas

menores necessidades diante dele. Ele é um Deus que ouve a oração; ele é seu Deus

doméstico como é também o Deus do Santuário.

Leve tudo o que você tem diante de Deus.

Os homens dizem que o Sr. George Muller, de Bristol é entusiástico, porque ele juntará

setecentas crianças e crê que Deus proverá para

elas; embora não haja nada na bolsa que ele está

fazendo o que deveria ser a ação comum de todo homem cristão. Ele está agindo em uma regra à

qual o mundo sempre tem que ridicularizar,

porque ele não entende isto; um sistema que

sempre tem que se sujeitar a julgamento fraco de senso, não em bom senso, mas em algo mais

alto que o senso comum - em fé incomum. Oh

que nós tenhamos essa fé incomum para levar

Deus a cumprir sua palavra! Ele não pode e ele não permitirá que o homem que confia nele seja

envergonhado ou maldito.

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Tendo lhe pedido que olhasse para o texto, eu quero agora que você OLHE PARA VOCÊ. Olhe

para você, para nossas reuniões de oração, e

olhe para você quanto às suas intercessões privadas, e julgue segundo o teor deste texto.

Primeiro, olhe para você, para as reuniões de

oração. Eu não posso falar muito sugestivamente neste assunto, porque eu

acredito honestamente que as reuniões de

oração que normalmente são celebradas entre

nós, tenham menos faltas que outras que eu já assisti.

Mas, ainda elas têm algumas faltas, e eu espero que o que nós diremos, será levado para casa

pessoalmente por todo irmão que está no hábito

de se ocupar publicamente da súplica em

reuniões de oração. Não é isto um fato que assim que você entra na reunião, você sente, que o

pedido de muitos são mentiras (falo com

dificuldade, mas é o que penso honestamente),

mentiras de uma boa memória para lembrar grandes promessas da Bíblia, mas cujo coração

não crê de fato nas mesmas. Mentem também

por não pedirem nada em particular, mas

atravessando uma gama de assuntos desconexos através da oração, não lançam uma

só flecha ao alvo, pois que apontando para tudo

sem se concentrar num objetivo determinado,

acabam não atingindo nada. Esses irmãos são frequentemente os que mais pedem em oração,

e que têm esse estranho hábito. Agora, se ao

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36

invés disso, algum homem é chamado a orar, e

que nunca orou antes em público; suponha que

ele diga: "Oh Deus, eu me sinto um mísero

pecador que mal posso falar contigo, Senhor, ajuda-me a orar! Oh Deus salve minha alma,

assim como tu salvaste os meus companheiros.

Senhor, abençoe o nosso pastor! Agrada-te em dar-nos um avivamento. Oh Deus, eu não posso

dizer nada mais, a não ser que tu me atendas por

causa de Jesus. Amém!”. Bem, então, você sente

de alguma maneira, que alguém começou a pedir de fato. Você sente que aquele homem

disse o que ele queria de fato dizer. E se mais

alguém se levanta e ora com o mesmo espírito,

você dirá: “Isto é uma oração real.”. Eu prefiro três minutos de uma oração como essa do que

trinta minutos do outro tipo, porque neste caso

a pessoa está pregando, mas o outro está orando

de fato.

Permita-me citar o que um antigo pastor disse sobre o assunto da oração, e dê a você com isto

uma pequena palavra de conselho: "Lembre-se,

que o Senhor não lhe ouvirá, por causa da aritmética das suas orações; ele não conta o

número delas. Ele não lhe ouvirá por causa da

retórica das suas orações; ele não quer o idioma

eloquente com o qual elas são proferidas.

Ele não lhe ouvirá por causa da geometria das suas orações; ele não as computa pelo tamanho

delas, ou pela amplitude delas. Ele não lhe

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considerará por causa da musicalidade das suas

orações; ele não se importa com doces vozes,

nem com períodos harmoniosos. Nem olhará

para você por causa da lógica das suas orações; porque elas são bem organizadas, e

excelentemente pronunciadas. Mas ele lhe

ouvirá, e ele medirá a quantidade de bênçãos que lhe dará, de acordo com a piedade das suas

orações. Se você pode pedir em nome de Cristo,

levando em conta a sua pessoa divina, e se o

Espírito Santo lhe inspira com zelo e seriedade, as bênçãos que você lhe pede, seguramente

virão a você.”.

Se nós viemos falar com Deus, nós devemos fazê-lo com os nossos próprios corações. Nossas

reuniões de oração seriam melhores se todos falassem com Deus como uma criança fala com

o seu pai. Olhe bem para isto se você deseja

realmente orar: não aprenda o idioma da oração, mas busque o espírito da oração. Porque

os lábios podem se mover e o coração não pedir

de fato. Os lábios se moveram, mas o coração

estava calado.

É possível que a alma peça apontando para a promessa divina, sem que o coração creia de

fato que a oração foi ouvida, e que Deus

cumprirá de fato o que tem prometido. Nós

temos insultado frequentemente a Deus com a nossa incredulidade e com nossa pressa, e com

todo o tipo de pecados. Nós o insultamos até

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mesmo no seu trono de graça, naquele mesmo

lugar onde a condescendência dele é

manifestada completamente. Não se dá assim

com você? Não devemos, cada um de nós, confessar isto ao Senhor? Cuidem disto, irmãos

para que um conserto seja feito, então o Senhor

o fará mais próspero em suas orações do que antes.

Nosso último ponto é: olhe para cima, OLHE ACIMA. Não com um olhar altivo, mas com um

espírito contrito, próprio a quem se põe de joelhos diante do Senhor. Vá até o seu Deus e lhe

fale que se almas não são salvas, não é porque

ele não tenha poder para salvar, mas porque

você nunca tem lutado em intercessão em favor dos pecadores que estão perecendo.

Embora você pecasse contra o Senhor, ele ainda o ama. Não oraram e não buscaram a sua face, mas Ele ainda chora por vocês. Veja, ele diz a

vocês que sempre está pronto para lhes ouvir.

Não olhe querido irmão a oração como um hábito solitário, como uma ficção romântica ou como um dever árduo; olhe para isto como um

real poder, como um real prazer.

Abra a boca tão amplamente quanto Ele a possa

encher; vá ao Senhor com mais fé firmada em suas promessas; aventure, arrisque, exceda o

Eterno se é possível; tente.

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Oração de Davi na Caverna

Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e

adaptado por Silvio Dutra)

Salmo 142 – Salmo didático de Davi. Oração que

fez quando estava na caverna.

1. Ao Senhor ergo a minha voz e clamo, com a minha voz suplico ao Senhor.

2. Derramo perante ele a minha queixa, à sua presença exponho a minha tribulação.

3. Quando dentro em mim me esmorece o espírito, conheces a minha vereda. No caminho

em que ando me ocultam armadilha.

4. Olha à minha direita e vê, pois não há quem me reconheça, nenhum lugar de refúgio,

ninguém que por mim se interesse.

5. A ti clamo, Senhor; e digo: Tu és o meu refúgio, o meu quinhão na terra dos viventes.

6. Atendes ao meu clamor, pois me vejo muito fraco. Livra-me dos meus perseguidores, porque são mais fortes do que eu.

7. Tira a minha alma do cárcere, para que eu te dê graças ao teu nome: os justos me rodearão,

quando me fizeres esse bem.

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Quando Davi fez a oração deste Salmo ele estava fugindo de Saul, que o procurava com o exército

de Israel para tirar-lhe a vida. Ele estava na

caverna de Adulão, onde se juntaram a ele seus pais, seus irmãos e todos os homens que se

achavam em aperto, e os endividados e todos os

amargurados de espírito – cerca de quatrocentos homens (I Sm 22.1,2).

“Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também

com o contrito e o abatido de espírito, para

vivificar o espírito dos abatidos, e vivificar o

coração dos contritos.” (Is 57;15). O Senhor habita no terceiro céu, mas habita também nos

corações dos contritos e abatidos de espírito na

terra, que se humilham perante Ele e o buscam.

Isto não renova a tua esperança em meio aos teus sofrimentos e problemas? O Altíssimo vem

ao teu encontro para te dar livramento. Davi

começa muitos Salmos com lágrimas mas os

termina com louvor e alegria, isto porque Deus nos visita no meio da nossa tribulação, no meio

do nosso clamor angustiado, e nos livra dando-

nos um cântico de vitória e de alegria.

Davi orou quando estava na caverna.

Deus ouvirá a oração que for feita na terra, no

mar e até no fundo do mar. Ele não é somente Deus das montanhas, mas também dos vales. O

trono de graça do Senhor sempre está acessível

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aos que o buscam com um coração sincero e

contrito.

As melhores orações são feitas nas cavernas da aflição porque vêm do profundo do nosso

coração. Se alguém esta noite encontra-se em posição em que sua alma esteja angustiada, e

sentindo nuvens a cercar o seu coração, este é

um momento especial para comunhão e

intercessão que prevaleça, para provar a fidelidade de Deus à sua promessa de estar junto

do abatido e contrito de coração.

O Salmo 142 começa com Davi dizendo que pediria misericórdia a Deus com sua voz.

Podemos cometer dois grandes erros na aflição. O primeiro está na acomodação ao mal. Na

nossa descrença pensando que Deus não está

interessado em fortalecer o nosso coração e alegrar a nossa alma. Com isto, não clamamos

por socorro como fez Davi. Não oramos. Não

confiamos. Não cremos.

O segundo grande erro é o de subestimar a dor. E tocarmos a vida com o coração atribulado

julgando que somos mais fortes do que qualquer problema. Davi não tinha vergonha de assumir e

reconhecer que há situações que o nosso

inimigo, seja ele qual for, e venha na forma que

for, é mais forte do que nós. E não temos outra alternativa senão a de recorrer ao auxílio do

Altíssimo, do Todo Poderoso. Há um mistério

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nisto, que Paulo bem conheceu: quando somos

fracos então somos fortes. A graça do Senhor se

revela poderosa na nossa fraqueza. O ato de

prosseguir tentando parecer ser mais fortes do que as forças que nos oprimem e deprimem,

pode fazer com que nós, nesta nossa

autoconfiança venhamos a ficar amargurados, endurecidos, obstinados e frios. O poder não é

nosso e nem das forças que nos assolam, mas é

exclusivo de Jesus Cristo. Todo o poder Lhe foi

dado nos céus e na terra, Ele tem autoridade sobre tudo e todos. É seu prazer ajudar-nos

quando clamamos por socorro.

Assim nossa primeira ocupação é a de recorrer a Deus. Façamos conhecidas de Deus nossas

dúvidas e temores. Se tens de sair do teu estado

atual de depressão, corra imediatamente para Deus, como fez Davi. Ele diz nos dois primeiros

versículos do Salmo 142:

1. Ao Senhor ergo a minha voz e clamo, com a minha voz suplico ao Senhor.

2. Derramo perante ele a minha queixa, à sua presença exponho a minha tribulação.

Se não tens força para clamar com tua voz, ou não há um lugar adequado para tal, clama com o

coração, grita com a tua alma, fala com o Senhor

em silêncio, mas não deixes de clamar. Contempla somente ao Senhor, porque

somente nele há esperança.

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Se tens pecado contra Deus, saiba que Ele está disposto a perdoar. Ele pode perdoar

completamente a maior das ofensas. Lembra

que Jesus pagou com sua morte o preço exigido para o perdão de todos os nossos pecados.

Basta apenas confessar. Davi confessou que estava com o seu espírito abatido. Mas determinou-se não ocultar nada de Deus. Faça o

mesmo. Ele diz nos versos 2 e 3 do nosso Salmo.

2. Derramo perante ele a minha queixa, à sua presença exponho a minha tribulação.

3. Quando dentro em mim me esmorece o espírito, conheces a minha vereda. No caminho

em que ando me ocultam armadilha.

Quando estamos na caverna da aflição não são palavras religiosas que irão nos ajudar. Não são

meras palavras que temos que falar, mas

colocar toda nossa angústia diante de Deus. Tal como uma criança devemos dizer ao Senhor

todas as nossas angústias, nossas queixas,

nossas misérias, temores. Se lhe confessarmos

tudo, Ele dará ao nosso espírito um grande alívio, pois tem prometido libertar do cativeiro a

alma que lhe clama por socorro na angústia (Sl

50.15).

Vão é o socorro humano quando estamos na caverna. Deus pode levantar homens para virem

em nosso auxílio, mas devemos reconhecer que

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eles não viriam e não agiriam bem em nosso

favor se o Senhor não os dirigisse em tal sentido.

É importante destacar que quando Davi fez esta oração ele se encontrava num grande refúgio

que era a caverna de Adulão, e estava em

companhia de seus familiares e de quatrocentos

homens que haviam feito dele o seu chefe, mas Davi sabia que não há segurança confiável em

nada neste mundo. E dispôs-se a buscar o único

e verdadeiro e seguro refúgio, o Senhor nosso

Deus.

É preciso reconhecer como Davi que somente no Senhor há esperança e interesse em socorrer

a nossa alma. Por isso ele orou assim nos versos

4 e 5:

4. Olha à minha direita e vê, pois não há quem me reconheça, nenhum lugar de refúgio,

ninguém que por mim se interesse.

5. A ti clamo, Senhor; e digo: Tu és o meu refúgio, o meu quinhão na terra dos viventes.

As tribulações aprisionam a nossa alma,

colocam-na no cárcere. Ali perdemos a alegria da salvação, porque a alma é como um pássaro

que só canta em liberdade. Os grilhões da

maldade, da perseguição do inimigo que busca

aprisionar a nossa alma, não podem resistir ao poder de Jesus que quebra todas as cadeias que

nos prendem, e nos dá perfeita liberdade.

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45

Podemos caminhar livremente em Jesus. E por

isso Davi orou:

6. Atendes ao meu clamor, pois me vejo muito fraco. Livra-me dos meus perseguidores,

porque são mais fortes do que eu.

7. Tira a minha alma do cárcere, para que eu te dê graças ao teu nome: os justos me rodearão,

quando me fizeres esse bem.

Quando os homens são livrados da prisão, eles agradecem e louvam à pessoa que os libertou.

Muito mais nós devemos adorar e louvar a Jesus

pela liberdade que Ele nos dá. Devemos

glorificar o seu santo nome porque somente ele é digno de adoração.

Há uma coisa para ser conhecida em relação às tribulações que sofremos:

Quando Deus quer fazer grande a uma pessoa, ele primeiro a quebra em pedaços.

Deus queria fazer de Jacó, um príncipe, o que fez o Senhor? Saiu numa noite e lutou com ele até

raiar o dia. E lhe tocou no nervo da coxa de forma

que ficou manco antes de mudar seu nome para

Israel, que significa príncipe de Deus. A luta era para retirar-lhe as próprias forças, e quando

estas se esgotaram o chamou de príncipe.

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46

Agora Davi seria rei sobre todo Israel. Por onde passava o caminho para o trono de Davi? Pela

caverna de Adulão. Deveria ir para lá,

perseguido por Saul, como um pária, um proscrito, porque esse era o caminho que o

levaria a ser o rei que era segundo o coração de

Deus.

Vocês não têm reparado em suas próprias vidas, que cada vez que Deus vai dar-lhes um

crescimento, para lhes levar a uma esfera maior de serviço, ou nível mais elevado na vida

espiritual, que primeiro vocês são derrubados?

Por isso a Palavra diz que devemos ter por

motivo de toda a alegria o passar por várias provações. Porque esta é a maneira de Deus

trabalhar conosco. Faz com que tenhamos fome

antes de dar-nos de comer. Desnuda-nos antes

de vestir-nos. Faz de nós nada, antes de fazer algo de nós.

Por que devemos passar pela caverna como Davi? Primeiro porque para sermos uma pessoa de grande utilidade, Deus precisa antes ensinar-

nos a orar. Se chegarmos a ser grandes sem orar,

nossa grandeza será nossa ruína. A caverna nos

ensina que dependemos inteiramente de Deus e que vão é o socorro do homem e nenhuma é a

nossa força.

Há situações na vida em que ficamos totalmente entregues nas mãos de Deus. Dependentes da

sua misericórdia e auxílio. Com isso quer nos

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47

ensinar a não confiarmos em nós mesmos, em

nossa própria força, sabedoria, capacidade.

Mais, acima de tudo isso, o Senhor deseja ser conhecido. Quer que aprendamos que Ele é o nosso melhor amigo. Quer que aprendamos que

somente a Ele pertence todo o poder. Quer que

aprendamos que Ele é totalmente bondoso,

misericordioso, amoroso e fiel.

Por isso Davi disse:

5. A ti clamo, Senhor; e digo: Tu és o meu refúgio, o meu quinhão na terra dos viventes.

Na aflição da caverna aprendemos a chorar com os que choram. Aprendemos a valorizar o

sofrimento dos nossos irmãos e

compartilhamos com eles as suas lutas, intercedendo por eles e socorrendo-os em suas

tribulações.

Sem a caverna não aprenderíamos nenhuma destas coisas, e por isso somos exortados a

sermos gratos a Deus por tudo, e a entender que todas as coisas cooperam juntamente para o

bem dos que amam a Deus.

Lembremos que quando Deus nos retirar da caverna, uma vez cessado o perigo, ou por

termos recebido forças para enfrentá-lo, devemos vigiar para não sairmos nos

lamentando da experiência que passamos, ao

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48

contrário o Senhor quer que o louvemos pelo

seu poderoso livramento, porque os que cantam

são os que seguem adiante. Fora com todo o

pessimismo e nuvens de tristeza que venham sobre nós, depois que temos sido libertados por

Deus. Que se encontrem somente palavras de

louvor e gratidão em nossos lábios, e outros se juntarão a nós, para receberem da mesma

alegria e unção. Davi agia assim e devemos agir

do mesmo modo, orando juntamente com ele:

7. Tira a minha alma do cárcere, para que eu te dê graças ao teu nome: os justos me rodearão,

quando me fizeres esse bem.

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49

A Oração Espontânea

Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e

adaptado por Silvio Dutra)

“Então orei ao Deus dos céus” (Ne 2.4)

Neemias havia perguntado sobre o estado da

cidade de Jerusalém, e as notícias que ouviu lhe causaram grande dor. “Como não me estaria

triste o rosto se a cidade, onde estão os

sepulcros de meus pais, está assolada e tem as

portas consumidas pelo fogo?” (Ne 2.3). Não poderia suportar que fosse um puro montão de

ruínas – aquela cidade que havia sido formosa.

Guardando o assunto em seu coração, não

começou a falar com outras pessoas sobre o que poderiam fazer, nem traçou um programa

maravilhoso sobre o que poderia fazer se vários

milhares de pessoas se unissem ao

empreendimento, porém lhe ocorreu que poderia fazer algo ele mesmo. Esta é a forma em

que o homem prático inicia um assunto: o que

não é prático fará planos, arranjos e

especulações acerca do que poderia ser feito, porém o genuíno e dedicado amante de Sião fez

a si mesmo esta pergunta: “Que podes fazer

Neemias? Que podes fazer? Vamos, tens que

fazê-lo, e tu és o homem que tem de fazê-lo – pelo menos deves fazer tua parte. Que podes

fazer?

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50

Tendo chegado a este ponto, resolveu separar tempo para orar. Nunca teve o assunto fora de

sua mente durante quase quatro meses. Dia e

noite parecia ter escrito Jerusalém em seu coração, como se o nome estivesse pintado no

globo de seu olho. Via somente a Jerusalém.

Quando dormia sonhava com Jerusalém. Ao despertar seu primeiro pensamento era

Jerusalém. O homem de uma ideia fixa, vocês

sabem, é um homem terrível. E quando somente

uma paixão tem absorvido toda a sua humanidade, algo terá que vir como resultado.

O desejo de seu coração se converterá em

alguma demonstração aberta, especialmente se

apresenta o assunto diante de Deus em oração. Algo surte disto. Antes que transcorresse muito

tempo, Neemias teve sua oportunidade.

Homens de Deus, se querem servir a Deus e não

encontram a ocasião propícia, esperem um tempo em oração e sua ocasião irromperá sobre

vocês como um raio de sol.

Nunca houve um coração verdadeiro e valente que não lograsse achar uma esfera adequada

num lugar ou outro para realizar seu serviço.

Todo obreiro diligente faz falta em algum lugar da vinha. Pode ser que tenhas que esperar, pode

parecer que estás ocioso no mercado, porque o

mestre não te tem contratado, porém espera ali

em oração, e com teu coração ardente com seu propósito cálido, e aparecerá a tua

oportunidade. A hora necessitará seu homem, e

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51

se estás pronto, tu como homem, não ficarás

sem a tua hora. Deus deu a Neemias uma

oportunidade. A oportunidade veio, é certo, de

um modo que era inesperado. Veio através de sua tristeza de coração. Este assunto lhe ocupou

a mente até que começou a se ver sobremaneira

infeliz.

Não posso dizer se os demais não notaram, porém quando entrou no salão real, com a taça, o rei ao qual servia notou a angústia no rosto do

copeiro e lhe disse: “por que está triste teu rosto,

se não estás doente? Tem de ser tristeza do

coração.”. Pouco se dava conta Neemias que sua oração estava lhe brindando a ocasião. A oração

estava registrada em seu rosto. Porém quando

se lhe apresentou a ocasião teve problemas

porque disse: “Temi sobremaneira”. Então o rei lhe pergunta: “Que me pedes agora?”. Pela

maneira de perguntar parecia querer ajudar-

lhe, e aqui nos surpreende um tanto notar que

em vez de se apressar em dar uma resposta ao rei – a resposta não foi dada de imediato – ocorre

um incidente, e isto está registrado. Embora

tivesse se entregado por inteiro à oração, ocorre

este pequeno parêntesis: “Então orei ao Deus dos céus.”. Quero pregar sobre esta oração.

Segundo minha opinião aparecem três

pensamentos aqui, e sobre cada um deles quero

estender-me um pouco: o fato de que Neemias orara nesse momento preciso; o modo da

oração; e o excelente tipo de oração que utiliza.

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52

I. O fato de que Neemias tenha orado chama a atenção.

Seu soberano lhe havia feito uma pergunta. Supõe-se que o correto seria responder. Porém

não fez isso. Antes de responder orou ao Deus do céu. Não creio que o rei tenha notado a pausa.

Provavelmente o intervalo não tenha sido

suficientemente grande para ser notado, porém

teve a extensão necessária para que Deus o notasse – suficientemente grande para que

Neemias buscasse e obtivesse a direção de Deus

quanto à resposta que deveria dar ao rei. Não

lhes surpreende encontrar um homem de Deus que tem tempo para orar entre uma pergunta e

uma resposta? Neemias encontrou esse tempo.

Mais nos surpreende sua oração porque estava

tão perturbado que, em conformidade com o versículo dois, temeu grandemente. Quando

estás nervoso e desconcertado poderias

esquecer-te de orar. Alguns de vocês não

consideram isto como uma desculpa válida para omitir suas devoções regulares? Contudo,

Neemias pensa que se está alarmado, isso é uma

razão para orar e não para deixar de orar. Tão

habitualmente estava em comunhão com Deus, que tão logo se encontrava num dilema voava

para a presença de Deus. sua oração foi mais

extraordinária nesta ocasião, dado que se sentia

apaixonado por seu objetivo. O rei lhe pergunta que é o que necessitava, e põe todo o seu coração

na reconstrução de Jerusalém. Não te

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53

surpreende que não tenha dito imediatamente:

Oh rei, vive para sempre. Anelo construir os

muros de Jerusalém. Concede-me toda a ajuda

que me possas dar. Porém embora estivesse ansioso para lançar-se ao objetivo desejado,

retém a mão até que se diz: “Então orei ao Deus

dos céus.”. Confesso que o admiro. Desejo imitá-lo. Quisera que cada coração crente possa ter a

santa precaução que não lhe permitiu apressar-

se insensatamente.

Certamente quando o desejo de nosso coração

está muito próximo, diante de nós, estaremos mais seguros de que tomaremos o pássaro que

estamos espiando entre os galhos da árvore, se

nos determos silenciosamente, elevamos

nossos corações e oramos ao Deus do céu. E é ainda mais surpreendente que tenha orado

deliberadamente neste preciso momento,

porque ele já havia estado orando nos últimos três ou quatro meses sobre a mesma matéria.

Alguns de nós poderia ter dito: “Isto é aquilo pelo que tenho orado, tudo o que tenho que

fazer agora é tomá-lo e usá-lo. Que necessidade

tenho de voltar a orar?”. Porém não é assim. Vocês sempre verão que o homem que tem

orado muito é o homem que seguiria orando.

“Ao que tem lhe será dado e terá mais”. Se estás

familiarizado com o trono da graça, o visitarás continuamente. Embora Neemias tivesse estado

orando todo o tempo, não obstante, deve

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54

oferecer outra petição. “Então orei ao Deus do

céu.”.

Vale a pena recordar uma coisa mais, a saber, que Ele estava num palácio real, e no palácio de

um rei pagão, e estava no ato mesmo de por

diante do rei a taça de vinho. Estava cumprindo sua tarefa na festa do estado, no meio do

resplendor das lâmpadas e do brilho do ouro e

da prata, em meio dos príncipes do reino. Ou

ainda que fosse uma festa privada do rei e da rainha somente, os homens se impressionam de

tal maneira em tais ocasiões com as

responsabilidades de seus cargos elevados, que

facilmente se esquecem de orar. Porém este israelita devoto, nesse lugar e nessa ocasião,

quando está aos pés do rei para servir-lhe a taça

de outro, se refreia em dar uma resposta ao rei

antes de ter orado ao Deus do céu.

II. Observemos agora o modo desta oração.

Bem, muito brevemente, foi o que poderíamos chamar de uma oração espontânea – que é como

se lança o dardo. Não era a oração que se para

junto à porta da misericórdia a chamar, chamar

e chamar. É a concentração de muitos chamados num só. Começou e terminou em um

só golpe. Quero recomendar-lhes esta oração

como uma das melhores formas de oração. Note

que deve ter sido muito breve. Aconteceu entre a pergunta do rei e a resposta de Neemias. A

oração partiu como um raio de eletricidade, em

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55

forma verdadeiramente rápida. É maravilhoso

tudo o que pode passar pela mente num tempo

muito curto. Como os que estavam morrendo

afogados, ao se recobrarem têm contado que enquanto afundavam viram todo o panorama de

suas vidas passar diante dos seus olhos em

breves segundos. Assim, a oração foi apresentada como um abrir de olhos; foi feita

intuitivamente, contudo foi feita e demonstrou

ser uma oração que prevaleceu diante de Deus,

porque o rei deu resposta favorável a Neemias, depois que ele orou. A ajuda que ele daria a

Neemias já não seria a que ele teria determinado

em sua mente e coração, mas segundo a direção

que Deus lhe daria, e conforme a vontade de Deus. Apesar de tão curta, esta oração de

Neemias nunca mais ficou esquecida em sua

memória, porquanto ele a registrou da seguinte

forma: “Então orei ao Deus do céu.”.

III. Agora, irmãos amados, em terceiro lugar passo a lhes recomendar este excelente estilo de

oração. Não lhes peço que sempre usem este

método da oração espontânea, mas que não se esqueçam de fazer petições breves e ferventes,

como a do publicano no templo: “Deus, sê

propício a mim, pecador.”.

Então para tratar de forma prática este assunto,

é dever e privilégio de todo crente ter horas estáveis para orar. Não posso entender que um

homem possa conservar a vitalidade da piedade

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56

a menos que se retire regularmente para orar,

pelo menos pela manhã e pela tarde ou noite.

Daniel orava três vezes ao dia e Davi diz: “Sete

vezes ao dia te louvo”. É bom para os seus corações, bom para sua memória, bom para sua

solidez para que dediquem certas porções de

tempo e digam “Pertencem a Deus. Terei encontros com Deus a tal e tal hora, e procurarei

ser tão pontual em meu horário com Ele como

se houvesse feito um compromisso para reunir-

me com um amigo.”. Quando Sir Thomas Abney era alcade de Londres lhe molestava ter que

participar de banquetes, porque Sir Thomas

sempre havia orado com sua família numa hora

determinada. O problema era como sair do banquete para poder conservar a devoção

familiar. Considerava isto tão importante, que

deixava a sala, avisando ao seu vizinho de

assento que tinha um compromisso com um amigo querido ao qual não poderia faltar. E se ia,

cumpria seu compromisso com Deus e

regressava a seu lugar, ninguém mais sábio, e

sendo ele o melhor por observar o hábito acostumado de adorar. A Sra Rowe dizia que

chegado o momento de orar, não pararia a

oração ainda que estivesse pregando o apóstolo

Paulo. Porém agora, tendo enfatizado a importância do hábito piedoso da oração

privada, quero que fiquem impressionados pelo

valor de outro tipo de oração, a saber, as orações

imprevistas, breves, rápidas, muito curtas e frequentes, das quais Neemias nos dá uma

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57

mostra. E a recomendo, porque não atrapalha os

compromissos e não ocupa tempo. Poderias

estar fazendo compras, e falar com Deus entre

um item e outro: “Senhor, ajuda-me.”. Não te faltará tempo. Este modo de orar é uma grande

vantagem para pessoas que estão pressionadas

pelos negócios, porque nem no menor grau lhes incapacitará para atender aos assuntos que

tenham em mãos. Poderás fazer esta oração em

qualquer lugar que estiveres.

Uma oração desse tipo pode ser oferecida em qualquer lugar, e sob qualquer circunstância.

Na terra, no mar, enfermo ou com saúde, em meio de perdas ou ganhos, nos grandes reveses

ou nos momentos de alegria, o crente pode

desafogar sua alma dirigindo-se a Deus em

sentenças breves e rápidas. A vantagem desta forma de oração é que podes orar com

frequência e podes orar sempre. O hábito da

oração é bendito, porém o espírito de oração é

melhor. E o espírito de oração é a mão destas orações instantâneas, e assim podemos falar

com Deus nosso Senhor, muitas vezes durante o

dia. Este tipo de oração está livre de qualquer

suspeita de haver sido motivada de maneira corrupta para agradar aos homens. Há

hipócritas que têm orado durante horas. Mas

nestas orações não há hipocrisia. Nelas há

realidade, força e vida. O hábito de oferecer estas breves orações também impedirá que

deposites confiança em ti mesmo. Mostrará tua

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58

dependência de Deus. Evitaria que te tornasses

mundano. Orações como estas foram

apresentadas frequentemente por Davi, e são as

que têm êxito diante do Altíssimo. Portanto, abundem nelas, porque Deus quer estimular

seu uso e lhe agrada respondê-las.

Deus não nos ouve devido à extensão de nossas orações, mas pela sinceridade delas. A oração não se mede por metros nem se pesa por quilos.

É seu poder e força, a verdade e a realidade dela,

a intensidade e a energia dela o que vale. Se tens

uma mente tão pequena e rápida que não podes usar muitas palavras, ou não podes pensar tão

amplamente sobre qualquer coisa, deveria ser

para teu consolo saber que a oração espontânea

é aceitável a Deus. E poderia ser, querido amigo, que estás numa condição física em que não

poderias orar de outro modo. Então resulta

como refrigério dirigir-se a Deus uma e outra vez, cinquenta a cem vezes no dia, em orações

breves, rápidas, estando a alma em todo seu

fervor. Este é um estilo bendito de oração.

O Sr Rowland Hill era um homem notável por

sua piedade, e estava sempre orando, não importava onde estivesse, o bom homem

sempre estava orando. Parecia que toda sua

vida, embora a tivesse gastado fazendo o bem

entre seus semelhantes, a passou em oração perpétua. Sempre estava derramando sua alma

diante de Deus. Havia chegado a estar num

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59

estado constante de oração. Creio que é a

melhor condição em que um homem pode estar

quando está orando sempre, orando sem cessar,

sempre se aproximando de Deus com suas orações espontâneas.

Quando tiveres uma grande alegria, clama: “Senhor, converte isto numa bênção verdadeira

para mim.”. Não exclames como os demais: “Sou um tipo com sorte”, mas, “Senhor, dá-me mais

graça e mais gratidão, agora que tens

multiplicado os teus favores.”. Quando tens uma

empresa difícil ou um assunto pesado não os toques desde que em tua alma haja uma

dificuldade, e te sentes mui perplexo, quando os

negócios chegam a uma encruzilhada, ou a uma

confusão que não podes desembaraçar ou ordenar, ora. Não é necessário que ocupes um

minuto, porém é maravilhoso dar-se conta de

quantos nós podes desatar depois de uma palavra de oração.

Os teus filhos te parecem particularmente molestos, boa mulher? Parece que tua paciência

quase se tem esgotado devido às preocupações

e hostilidades? É o momento de uma oração instantânea. Os conduzirás de forma mais

adequada e suportarás seus maus

comportamentos de forma mais tranquila. Em

todo caso, tua própria mente estará menos perturbada. Sentes que há uma tentação diante

de ti? Começas a suspeitar que alguém está te

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preparando armadilhas? Tens que orar. “Leva-

me por um caminho plano por causa de meus

inimigos.”. Estás trabalhando entre pessoas que

têm conversações obscenas e vergonhosas? É tempo de uma breve oração. Tens notado que

um pecado te assedia? Mova-te à oração. Estas

coisas te recordam que deves orar.

Sentes que teu coração está saindo dos limiteis? O pecado começa a fascinar-te? É tempo de orar,

de um clamor ardente, sincero e apaixonado:

“Senhor, ajuda-me”. Viste algo com teus olhos,

e teus olhos estão infectando teu coração? É tempo de orar. “Senhor, sustém-me com tua

destra.”. Tem ocorrido algo completamente

inesperado? Te tem tratado mal um amigo?

Então, ore como Davi: “Senhor, desfaz agora o conselho de Aitofel.”. Podemos falar com Deus

enquanto estudamos, ou quando conversamos

com alguém.

Quanto temos grande dor. E quanto maior for a ferida, mais urgente e importante deveria ser

teu clamor diante de Deus. E quando as sombras

da morte te rodeiam, e estranhos sentimentos

te sufocam ou te enchem de calafrios, e claramente te dizem que está próximo o fim da

tua jornada, então ore. Oh, esse é tempo de orar

breve e ferventemente. “Senhor Jesus recebe

meu espírito”, foram as palavras emocionadas de Estevão quando estava à porta do seu fim, e

“Pai, em tuas mãos entrego meu espírito”,

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61

foram as palavras do Mestre mesmo,

pronunciadas no momento antes de inclinar

sua cabeça e entregar seu espírito.

Agora, se há alguém que esteja aqui em nossa igreja, e que não tenha ainda conhecido a Cristo,

antes que deixe teu assento, não seria bom que

orasses? Diga: “Senhor, tem misericórdia de

mim; Senhor, salva-me, Senhor, muda meu coração; Senhor, dá-me que possa crer em

Cristo; Senhor, salva-me agora.”. Não querem,

cada um de vocês, fazer uma oração como esta?

Que o Espírito Santo te guie a fazê-lo, e se uma vez começas a orar de forma correta, não tenho

medo que venhas a abandonar alguma vez,

porque há algo que sustém firme, a alma na

verdadeira oração. As orações fingidas, que têm de bom? Porém as súplicas verdadeiras do

coração, a alma que conversa com Deus, uma

vez que começa nunca termina. Terás que orar

até que troques a oração pelo louvor, e passes do trono da graça de baixo, ao trono de Deus de

cima.

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Oração de Intercessão

Por Charles Haddon Spurgeon (adaptado)

"E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando ele

orava pelos seus amigos" Jó 42:10.

Assim, então, nossas tristezas mais longas têm

um fim, e há um termo aos mais profundos abismos da nossa miséria. Nossos invernos não

durarão para sempre; o verão logo sorrirá. A

maré não vazará eternamente; as inundações

deterão a sua marcha. A noite não perdurará sua escuridão para sempre sobre nossas almas; o sol

ainda surgirá com a cura debaixo das suas asas.

"O Senhor virou o cativeiro de Jó". Nossas

tristezas terão um fim quando Deus pôr um fim nelas. Os fins no caso de Jó eram estes, que

Satanás poderia ser derrotado, anulado com as

suas próprias armas, dinamitado nas suas

esperanças quando foi derrotado por seus próprios argumentos. Deus, no desafio de

Satanás, tinha esticado a sua mão e tocou Jó no

seu osso e em sua carne, e ainda o tentador não

pôde prevalecer contra ele, mas recebeu a sua repulsa nessas palavras vencedoras: "Ainda que

Ele me mate, nele eu confiarei”. Quando Satanás

é derrotado, então a batalha deve cessar. O

Senhor também colocou a fé de Jó à prova. O fogo foi bastante intenso, mas o ouro não foi

diminuído, e somente a escória foi consumida.

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Outro propósito que Deus teve foi a sua própria

glória. E Deus foi glorificado abundantemente.

Jó tinha glorificado Deus na sua aflição.

Deus teve ainda outro objetivo, e que também foi cumprido. Jó foi santificado pelas suas aflições. O seu espírito foi aperfeiçoado, e

qualquer resquício de justiça própria que havia

nele foi lançado definitivamente fora. Agora os

desígnios de Deus estão cumpridos, ele removeu o açoite das costas do seu servo. Deus

que não aflige de boa vontade, nem aflige os

filhos do homem para nada, revela isto no fato

de que ele nunca os aflige por um tempo maior do que o necessário, e nunca os faz sofrer por

um período maior na fornalha que é

absolutamente necessária para servir aos

propósitos da sua sabedoria e do seu amor. "O Senhor virou o cativeiro de Jó". Irmão amado em

Cristo, tu tens estado num cativeiro longo em

aflição. Deus te vendeu na mãos de teus

adversários, e tu tens lamentado pelas águas de Babilônia. Não se desespere! Ele que virou o

cativeiro de Jó pode virar também o teu

cativeiro. Ele fará o teu vinhedo florescer

novamente, para que o teu campo renda os seus frutos. Tu sairás novamente adiante com

aqueles que estão alegres, e mais uma vez a

canção de alegria estará nos teus lábios. Não

deixe nenhum desespero acorrentar a tua alma. Espere ainda, porque há esperança. A tua

confiança nele fará com que Ele te traga da terra

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do cativeiro, e tu dirás dele: “Ele tem

transformado o meu luto em dança.”.

A circunstância que assistiu à restauração de Jó é para o que eu chamo sua atenção particular. "O Senhor virou o cativeiro de Jó quando ele orava

pelos seus amigos”. A oração de intercessão era

o presságio da grandeza que seria devolvida a

ele. Era o arco na nuvem, a pomba que carrega o ramo de oliveira, a voz da cigarra que anuncia o

verão que se aproxima. Quando a sua alma

começou a se ampliar em oração santa e

amorosa pelos seus amigos errados, então o coração de Deus se revelou a ele dando-lhe de

volta a sua prosperidade, e alegrando a sua alma

no seu interior. Deixe-nos aprender hoje para

imitar o exemplo de Jó, e orar pelos nossos amigos, e provavelmente, se nós estivemos em

dificuldade, nosso cativeiro será virado.

A oração intercessória foi praticada por todos os maiores santos de Deus. Nós não podemos achar exemplos disto juntado ao nome de todo

santo, mas sem dúvida, nunca houve

pessoalmente um homem eminente em

devoção, que não tenha sido sempre preeminente nos desejos ansiosos dele em

relação ao bem de outros, e nas suas orações em

favor deles. Olhe para Abraão, o pai dos crentes.

Como seriamente ele se declarou em favor de seu filho Ismael! "O que Ismael possa viver

diante de ti!". Com que importunidade ele se

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65

chegou a Deus nas planícies de Manre, quando

ele lutou novamente e novamente com o

Senhor em favor de Sodoma; como

frequentemente ele reduziu o número de justos que poderiam justificar a não destruição da

cidade: foi de cinquenta, para quarenta e cinco,

depois para quarenta, trinta, vinte e somente parou em dez, quando o Senhor lhe declarou

que nem tal pequeno número de justos havia

naquela cidade. Lembremos de Moisés, o mais

manso dos homens, com que frequência ele intercedeu! Como frequentemente você se

encontra com tal registro como este: "Moisés e

Arão caíram sobre suas faces diante de Deus!".

Lembre-se que ele se dispôs a que o seu próprio nome fosse riscado do Livro da Vida em troca do

perdão do pecado do povo de Israel. O profeta

Samuel disse que ele pecaria contra Deus se

deixasse de orar em favor de Israel. Jeremias derramou seu coração em lágrimas em

intercessão fervorosa em favor do povo de Deus.

Veja o exemplo que nos foi deixado por Jesus e

pelos apóstolos.

Pela boca de Paulo o Espírito Santo nos exorta a

orar pelos ministros! "Irmãos", diz Paulo, "orem por nós"; e então depois de exortá-los a oferecer

orações e súplicas em favor de todas as classes e

condições de homens, ele acrescenta: "E

também por nós para que possamos ter coragem para falar como devemos falar".

Enquanto Tiago que é um apóstolo prático nos

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incita a orar uns pelos outros, porque nós

também recebemos alguma bênção especial

quando nossos corações são dilatados para o

povo do Deus vivo.

Se na Bíblia não houvesse nenhum exemplo de súplica intercessória, se o Cristo não tivesse

deixado isto registrado que era da sua vontade

que nós deveríamos pedir em favor dos outros,

e até mesmo se nós não soubéssemos que era a prática de Cristo interceder, contudo o mesmo

espírito de nossa religião santa nos

constrangeria a fazê-lo. Seguramente o amor de

Cristo não pode estar em quem é egoísta. Eu sei que há alguns cuja devoção está amarrada

confortavelmente dentro dos limites dos

próprios interesses egoístas deles. É bastante

para eles se eles ouvem a Palavra, se eles são salvos, se eles adquiriram o céu. Ah, espírito

miserável, tu não experimentas o céu desta

forma egoísta! Precisaria haver outro céu para

ti, porque o céu de Cristo é o céu do desinteressado, o céu daqueles que, como

Cristo, estão dispostos a se tornarem pobres

para que outros possam ser ricos. Irmãos, eu

recomendo a oração intercessória, porque abre a alma do homem, dá um sentido saudável às

suas condolências. É bom saber que a cruz não

foi levantada somente para ele, porque seus

braços de longo alcance foram estendidos com bênçãos para milhões da raça humana. Eu

recomendo o privilégio santificado da

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intercessão, por causa da sua doce natureza

fraterna. Você e eu podemos ser naturalmente

duros, e severos, e desamorosos de espírito, mas

pedindo muito para outros nos lembraremos, realmente, de que os interesses dos santos, são

também nossos, que nós estamos juntamente

preocupados com eles em todos os privilégios da graça. Eu não sei nada que, pela graça de

Deus, possa ser um meio melhor para nos unir

do que a oração constante de uns pelos outros.

Você não manteria a inimizade em sua alma contra seu irmão depois que você aprendesse a

orar por ele. Seguramente você não pode ser tão

hipócrita invocando bênçãos sobre a cabeça

dele diante de Deus e então vir depois a amaldiçoar a sua alma.

Quando houver reclamações trazidas de irmão contra irmão, geralmente o melhor modo de

agir é dizer: "Deixem-nos orar antes de nós

entrarmos no assunto.". Onde quer que haja um

caso a ser decidido pelo pastor, ele sempre deve dizer aos irmãos que combatem: "Deixe-nos orar

primeiro", e acontecerá frequentemente que

através da oração as diferenças logo serão

esquecidas. Eles ficarão tão leves, tão triviais, que quando os irmãos ficam sobre seus joelhos

eles têm os seus corações transformados diante

do trono de Deus. Eu ouvi falar de um homem

que tinha feito reclamações contra o seu pastor, e sabiamente o pastor disse a ele: "Bem, não fale

comigo na rua; venha para minha casa, e nos

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68

deixe ouvir tudo.". Ele foi, e o ministro disse:

"Meu irmão, eu espero que o que você tem a me

dizer possa me abençoar grandemente; porque

eu não tenho nenhuma dúvida que eu tenho minhas imperfeições como qualquer outro

homem, mas nos ajoelhemos e oremos juntos a

Deus.”. Assim nosso amigo briguento orou primeiro e o pastor logo depois. Quando eles se

levantaram de seus joelhos, ele disse, "Agora,

meu irmão, eu penso que ambos estamos em

um estado bom de mente; conte-me o que você deseja falar-me..". O homem se ruborizou, e

gaguejou, e gaguejou, e disse, que não havia

nada de errado a não ser ele mesmo. "Eu esqueci

de orar pelo Senhor", ele disse, "e claro que eu não poderia esperar que o Senhor alimentasse a

minha alma por você quando eu negligencio o

dever de mencionar o seu nome diante do trono

da graça.". Ah, irmãos, se vocês se exercitarem muito em súplica em favor de seus irmãos,

vocês perdoarão os temperamentos deles, vocês

esquecerão a precipitação deles, vocês não

pensarão nas palavras severas deles; mas sabendo que vocês também podem ser

tentados, por serem homens sujeitos a paixões

como eles, vocês cobrirão as faltas deles, sendo

pacientes com as suas fraquezas.

Não questione o valor da oração intercessória,

porque a oração de Cristo é deste caráter. Em todo o incenso que agora nosso Sumo Sacerdote

põe no incensário, não há um único grão que

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seja para ele. O trabalho dele está concluído; ele

obteve a sua recompensa. Agora você não

duvide que a oração de Cristo é a mais aceitável

de todas as súplicas. Muito bem, meus irmãos, quanto mais a oração de vocês for igual à de

Cristo, mais doce ela será.

A oração intercessória deteve pestilências. Removeu a escuridão que veio sobre o Egito;

afugentou as rãs que saltaram na terra; espalhou os piolhos e gafanhotos que

infestaram os habitantes de Zoar; removeu

todas as devastações que Deus estava trazendo

com sua mão sobre faraó e o seu povo. A oração intercessória curou doenças; nós sabemos o que

ela fez na igreja primitiva. Quando Miriam foi

atingida duramente com lepra, Moisés orou, e a

lepra foi afastada. A oração intercessória levantou o morto, porque Elias ele estirou sobre

o menino sete vezes, e ele espirrou, e a sua alma

lhe foi devolvida. Não há nada que a oração de

intercessão não possa fazer. Oh! crente, você tem uma arma poderosa em sua mão, use-a

bem, use constantemente, use agora com fé, e

tu seguramente prevalecerás. Mas talvez você

tenha uma dúvida sobre interceder porque alguns caíram no pecado. Irmãos, já ouviram

falar de homens dos quais se pensou que

estavam mortos mas que ainda estavam vivos?

Eu posso também lhes falar que espiritualmente houve muitos homens que apesar de mortos,

ainda estavam ao alcance da graça. Houve

Page 70: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

70

muitos que foram até mesmo amaldiçoados por

crentes, por ministros de Cristo, pelos seus

próprios parentes. Mas ainda em perdição eles

não vieram a Cristo, mas Deus os achou, e os levou a sair da cova horrível e fora do lamaçal, e

fixou os pés deles na Rocha que vive. Oh! não

deixe ninguém; ainda ore, não ponha nenhum fora porque está espiritualmente morto. Mas

talvez você diga: "eu não posso orar por outros,

porque eu sou tão fraco, tão impotente.". Você

adquirirá força, meu irmão, pelo esforço. Mas além disso, a prevalência da oração não

depende da força do homem que ora, mas do

poder do argumento que ele usa. Agora, irmão,

quando você semeia a semente você pode ser muito fraco, mas não é sua mão que põe a

semente no chão que produz a vitalidade na

semente. E assim se dá com a oração da fé.

Dou agora a vocês uma sugestão sobre as pessoas pelas quais nós deveríamos orar mais

particularmente. Os amigos de Jó o acusaram de

hipocrisia, no entanto ele intercedeu em favor

deles. E apesar de ser um homem justo conforme o próprio testemunho de Deus acerca

dele, Jó foi também acusado de egoísmo por

seus amigos. E mesmo assim ele intercedeu por

eles.

Os amigos de Jó eram muito arrogantes e orgulhosos, mas ele orou por eles. Porque, você

não estaria bravo, eu suponho, com um homem

Page 71: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

71

por ter enfermidades físicas; ao contrário, você

teria pena dele. Por que estaria então bravo com

seu irmão por causa de ser ele orgulhoso? É uma

doença, uma doença muito ruim, o orgulho; vá e peça a Deus para curá-lo; sua raiva não fará isto;

pode torná-lo pior do que antes.

Os amigos de Jó não poderiam interceder por ele porque Deus disse que não aceitaria a oração

deles se eles a fizessem. E há crentes cujas

orações não são aceitas em certas épocas. Quando um homem tiver cometido pecado, o

arrependimento deve ser o seu primeiro

trabalho, não oração; ele tem que primeiro

corrigir os assuntos que se interpuseram entre sua alma e Deus, antes que ele possa interceder

por outros. E há muitos crentes que não podem

orar; a dúvida entrou, o pecado roubou a

confiança deles, e eles não ousam ir além do véu.

Além disso, há milhões de pecadores que estão mortos no pecado e eles não podem orar, ore por eles.

Eu lhes digo irmãos, como nós poderemos

reembolsar a dívida que nós temos para com a igreja a menos que nós oremos pelos outros?

Como foi que você se converteu? Não foi porque

alguém orou por você? Há filhos que devem sua

conversão à oração de seus pais. Há maridos que devem a conversão deles às orações das suas

esposas; irmãos que têm que reconhecer que

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72

foram ganhos pela oração de seus professores

da Escola Dominical. Foi pela oração de outros

que fomos trazidos a Cristo, como nós

poderemos reembolsar esta bondade senão orando também pela salvação de outros.

Então, novamente, me permita dizer, como é que você pode provar seu amor a Cristo ou pela igreja dele se você se recusa a orar pelos

homens? Não deixe que o Senhor lhe diga:

“infeliz egoísta, tu sempre bates à minha porta,

mas sempre é para chorar para o teu próprio bem-estar e nunca pelo dos outros; já que tu

nunca pediste uma bênção para um dos

menores destes meus irmãos, nem eu te darei

uma bênção. Tu não amas os santos, tu não amas os membros da tua raça humana, como tu podes

me amar se não me tens visto, se não amas

àqueles a quem tu vês, e como eu te amarei e te

darei a bênção que tu pedes de minhas mãos?

Como você pode ser um crente se não ora em favor de outros? Crentes são sacerdotes, mas

que sacerdotes eles são se não oferecem nenhum sacrifício? Crentes são luzes, mas

como iluminarão a menos que eles brilhem para

outros?

Deus virará nosso cativeiro quando nós orarmos pelos nossos amigos.

Page 73: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

73

Ordem e Argumento na Oração

Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e

adaptado por Silvio Dutra))

“Ah! se eu soubesse onde o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal. Exporia ante ele a minha causa, encheria a minha boca de

argumentos.” (Jó 23.3,4)

Jó na sua maior dor, chorou diante de Deus. O

desejo ardente de um filho aflito de Deus é ver

mais uma vez a face do seu Pai. A primeira oração dele não é: "Oh que eu possa ser curado

da doença que se espalha por todas as partes do

meu corpo!". Nem mesmo até: "Oh que eu possa

ver meus filhos sendo retirados das mandíbulas da sepultura, e minhas propriedades trazidas de

volta a mim!". Mas o primeiro pedido é elevado:

“Ah! se eu soubesse onde o poderia achar! Então

me chegaria ao seu tribunal.”.

Os filhos de Deus correm para casa quando chega a tempestade. É o instinto do céu que

nasce na alma que busca abrigo para todos os seus sofrimentos debaixo das asas de Jeová.

"Aqueles que fizeram de Deus o seu refúgio",

poderia servir como título de um verdadeiro

crente. Um hipócrita, quando ele sente que ele foi afligido por Deus, se ressente com a aflição,

mas não ocorre o mesmo com um verdadeiro

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74

herdeiro do céu, ele beija a mão que o golpeou,

e busca abrigo da vara da disciplina no seio

daquele mesmo Deus que o desaprovou. Você

observará que o desejo para comungar com Deus é intensificado pelo fracasso de todas as

outras fontes de consolação. Quando Jó viu os

amigos dele se aproximando no início, ele pode ter entretido uma esperança que a ação

bondosa deles e sua ternura compassiva

compensariam a aflição que estava sofrendo;

mas eles colocaram sal nas suas feridas, eles juntaram combustível às chamas da sua tristeza.

Eles chegaram mesmo a ousar a lançar sombras

sobre a sua reputação. O patriarca com isto se

voltou para o trono celestial, exclamando as palavras do nosso texto. Meus irmãos, nada nos

ensina tanto a preciosidade do Criador quanto

quando nós aprendermos o vazio de tudo o mais

neste mundo. Desviando-se com desprezo do amargo das urticárias da terra onde você não

achou nenhum mel, mas muitas picadas

afiadas, você se alegrará nele cuja palavra fiel é

mais doce do que mel e o destilar dos favos.

É fato que um homem justo acelera na direção

de Deus na sua dificuldade, e corre com maior velocidade ainda por causa da descortesia dos

membros da raça humana, contudo, às vezes, a

alma do justo fica partida sem a presença

confortável de Deus. Esta é a pior de todas as aflições; o texto é um dos gemidos profundos de

Jó, muito mais profundo do que qualquer outro

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75

que teve por causa da perda dos seus filhos e das

suas propriedades. “Ah! se eu soubesse onde o

poderia achar!”. A pior de todas as perdas é

perder a face do meu Deus. Ele teve um antegozo da amargura do grito do seu Redentor: "Meu

Deus, meu Deus, por que me abandonaste?".

Você pode ser amado de Deus, e ainda não ter nenhuma consciência daquele amor em sua

alma.

O fato de Jó estar ansiando pela presença de Deus, denuncia que ele poderia orar a ele. Ele

tinha orado, mas ele desejava orar na presença de Deus, como quem apresenta a sua causa a um

juiz. Ele desejava apresentar seus argumentos

Àquele que ele sabia que julga com justiça. Um

Juiz imparcial, que não faria o mesmo julgamento injusto que seus amigos estavam

fazendo. Um Juiz que conhece perfeitamente,

causas, circunstâncias, propósitos das coisas que nos sucedem. Ao dizer: “Exporia ante ele a

minha causa, encheria a minha boca de

argumentos.” (Jó 23.4) Jó nos ensina como ele

pretendia interceder junto de Deus. Ele nos ensina aqui a arte e mistério da súplica em

oração. Há duas coisas aqui apresentadas como

necessárias: 1) apresentar a nossa causa; e 2)

encher a nossa boca de argumentos. Nós falaremos dessas duas coisas.

Primeiro, É NECESSÁRIO QUE NOSSA CAUSA SEJA APRESENTADA DIANTE DE DEUS.

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76

Há uma noção vulgar que a oração é uma coisa muito fácil, um tipo de negócio comum que

pode ser feito de qualquer maneira, sem

cuidado ou esforço. Os santos antigos não pensavam deste modo. Não é isso que vemos na

Bíblia e no exemplo dos homens de Deus na

história da igreja. Eles parecem ter pensado seriamente que a oração é uma grande

transação. Parece ter sido algo poderoso para

eles, a prática de um longo exercício no qual

alguns deles atingiram grande eminência, e eram assim singularmente abençoados. Eles

colheram grandes colheitas no campo da

oração, e acharam o trono da misericórdia como

uma mina de tesouros não contados.

Os santos antigos costumavam, como Jó, ordenar a causa deles diante de Deus; quer dizer, como um solicitante que entra num

Tribunal, e que não vai para lá sem ter se

preparado para expor os argumentos em favor

da sua causa. Além disso, ele leva em conta o modo como deverá se portar na presença do

Juiz. Quando vamos a Deus estamos indo à

presença do Rei dos reis, do Senhor dos

senhores, do monarca do universo, do Pai celestial, do Juiz de vivos e de mortos, e seríamos

descuidados na nossa apresentação e

argumentação? Em épocas de perigo nós

poderemos voar para a presença de Deus rapidamente, sem qualquer preparo, assim

como a pomba que busca refúgio de seus

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77

inimigos nas rochas. Mas em dias ordinários

nós não deveríamos vir com um espírito

desprevenido. Veja o sacerdote apresentando o

sacrifício. Ele tinha todo um preparo diante de si, tanto para si mesmo nas purificações

cerimoniais, quanto em relação à oferta

propriamente dita. Assim o crente como sacerdote é chamado a apresentar sacrifícios

espirituais a Deus, mas deve considerar de igual

modo que deve se preparar como o sacerdote,

primeiro zelando por manter a sua vida santificada diante de Deus, e por apresentar

suas orações intercessórias como sacrifícios

muito bem preparados, antes de apresentá-los

ao Senhor.

Deus não se agrada que alguém salte da cama ao acordar, se ajoelhe e lhe diga qualquer coisa que lhe venha aos lábios. Ao contrário, que

possamos esperar no Senhor com santo temor.

Davi costumava primeiro refletir sobre a

bondade divina e sobre a condição da sua própria alma, e só então passava a orar. Nós

vemos isto claramente nos Salmos. Ele era um

mestre na arte da oração. Ele entrava na oração

quando obtinha o espírito da oração, auxiliado pelo Espírito Santo. Davi apontava suas orações

na direção de Deus como o arqueiro que faz

pontaria para lançar flechas com o seu arco. Ele

não lançava flechas ao léu. E depois que atirava a flecha ele ficava observando se ela estava se

dirigindo para o alvo. Ele desejava observar o

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78

efeito da sua ação, porque ele esperava uma

resposta às suas orações, e não era como muitos

que escassamente pensam nas suas orações

depois que eles as proferiram.

Davi sabia que a oração, como a adoração, exige a aplicação de todos os poderes mentais, do

coração, do vigor do espírito, porque o modo que

se deve amar a Deus é com toda a mente, força e coração. Por isso nossa oração deve ser

diligente, bem conduzida e preparada,

administrada. George Muller não costumava

orar somente. Ele anotava os pedidos, e a sua data, e acompanhava a resposta de Deus,

anotando-as em seu diário.

Isto não significa que as orações devem ser mecanicamente elaboradas, porque isso é contra o espírito da oração, que deve ser de

coração. Não é a nenhuma ordem meramente

mecânica que estou me referindo, porque

nossas orações serão igualmente aceitáveis, em qualquer forma; porque há espécies de orações,

em todas as formas, no Antigo e no Nov

Testamento. A verdadeira ordem espiritual da

oração parece consistir em algo mais do que mero arranjo. É primeiro para que nós sintamos

que estamos fazendo algo que é real; que nós

estamos nos dirigindo a Deus a quem nós não

podemos ver, mas que está realmente presente. Sentindo a realidade da presença de Deus, nossa

mente será conduzida por graça divina a um

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79

estado humilde. Por conseguinte nós não nos

entregaremos à nossa oração como meninos

que repetem as lições deles, como um mero

assunto de rotina. Nós seremos humildes contudo solicitantes corajosos. Nós não teremos

a reserva de um escravo mas a reverência

amorosa de um filho, contudo não um filho descarado, impertinente, mas um filho

obediente, que honra o seu Pai, e que então lhe

pede sinceramente, mas com submissão à sua

vontade.

Quando eu sinto que eu estou na presença de Deus, eu estou convicto de que Ele não me

atenderá a não ser pela sua exclusiva graça e por

causa de seu Amado Filho Cristo Jesus. Por isso

eu me coloco debaixo do patronato do grande Redentor e peço com santa ousadia porque sei

que posso fazê-lo quando isto é em seu Nome.

É por causa dele que somos atendidos pelo Pai. Por isso eu apresento em meus argumentos no que peço ao Pai, as feridas de Cristo, a vida dele,

a morte dele, o sangue dele, enfim, tudo o que

Ele é, fez e tem feito por nós. A oração deveria

ser distinta, e definitivamente e distintamente pedir algo porque a mente percebeu sua

necessidade de tal coisa, e então tem que se

declarar quanto a isto. Quando nós estamos

seguros que o que nós pedimos é para a glória de Deus, então, nós podemos pedir com santa

ousadia. Ainda a oração é uma arte que somente

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o Espírito santo pode nos ensinar. Ele é o doador

de toda a oração.

A segunda parte da oração está em ENCHER A BOCA DE, não encher a boca de palavras nem frases boas, nem bonitas expressões, mas

encher a boca de argumentos pelos quais o

portão do céu é aberto. Por que os argumentos

devem ser usados? Certamente não é porque Deus seja lento em atender, não porque nós

podemos mudar o propósito divino, não porque

Deus necessita ser informado de qualquer

circunstância com respeito a nós mesmos ou de qualquer coisa com relação à graça solicitada: os

argumentos devem ser usados para nosso

próprio benefício, não para o dele. Ele requer

que nós supliquemos a ele, e com razões fortes, porque isto revelará que nós sentimos o valor da

graça e da misericórdia que buscamos. Quando

um homem procura argumentos para alguma coisa, estes serão mais fortes e convincentes e

preparados em razão proporcional ao valor

daquilo que está buscando.

Um homem que viesse a Deus com o argumento

do próprio mérito pessoal dele, nunca teria sucesso; o argumento próspero sempre está

fundado na graça, não se dizendo isto apenas

com a boca, mas reconhecendo e crendo no

coração, e consequentemente a alma que alega assim entenderá intensamente que é por graça

e somente por graça que o pecador obterá

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qualquer coisa de Deus. Além, disso se pretende

que o uso de argumentos incite o nosso fervor.

O homem que usa um argumento com Deus

adquirirá mais força usando o próximo, e usará o próximo com poder ainda maior.

Outro aspecto poderoso para a ordenação na apresentação de argumentos diante de Deus é a

promessa de Deus. Fale com Deus argumentando sobre suas promessas. Diga:

“Senhor, está prometido na tua Palavra.”. Não

que Ele necessite ser lembrado do que tem

prometido, mas para que você mostre em que está fundado o seu pedido. Se os homens

honrados se esforçam e se preocupam em

cumprir a palavra dada por eles, quanto mais o

Deus que é todo honra e fidelidade. Ele não manterá a sua Palavra? Ele vela sobre ela para a

cumprir. Deus nunca desonra suas contas, ainda

que o homem não honre as suas. Quando alguém tem uma nota promissória para honrar,

pode ser que não a honre, mas o Altíssimo

jamais desonrará as suas contas. O seu crédito

nunca foi impugnado e nunca será. Ele é pontual ao prazo estabelecido por Ele mesmo, nunca no

nosso próprio tempo, para honrar todos os seus

compromissos, com os quais se aliançou

conosco por meio de Jesus Cristo e das promessas de sua Palavra.

Meu irmão, se você tiver uma promessa divina, você não precisa alegar isto com um "se"; você

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pode declarar com uma certeza. Se para a graça

que você está pedindo agora, você tiver uma

palavra solenemente empenhada de Deus, você

não precisa ter qualquer precaução quanto ao argumento que lhe apresentará. Você sabe que

a vontade do Senhor está revelada na sua

promessa. Alegue, argumente com base nesta promessa.

Um terceiro argumento que deve ser usado é o mesmo que foi empregado por Moisés, a saber:

o grande nome de Deus. Se Deus não atender

como ficará o seu grande nome? Se Deus não nos atender o mundo dirá: “Onde está o Deus

deles?”.

Veja o caso de nosso respeitado irmão, o Sr. Muller, de Bristol. Este, durante muitos anos declarou que Deus ouve a oração, e firme

naquela convicção, ele começou a construir

casa após casa para abrigar órfãos. Agora, eu

posso muito bem conceber que, se ele foi dirigido a um ponto de carecer de meios para a

manutenção dessas mil ou duas mil crianças,

ele pode muito bem usar o argumento, o que se

dirá do seu grande nome?". E você, em alguma dificuldade severa, quando você recebeu a

promessa poderá também dizer: "Deus, tu

disseste: 'Em seis dificuldades eu estarei

contigo, e em sete eu não te abandonarei.'. Eu contei a meus amigos e vizinhos que eu coloquei

inteiramente minha confiança em ti, e se tu não

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me atenderes, o que será do seu nome? Levanta-

te ó Deus, e faz esta coisa, para que o teu nome

não seja lançado ao pó”.

Podemos também alegar as tristezas do seu povo. Isto é frequentemente encontrado em

Jeremias, que foi o grande mestre desta arte.

Lembremos de argumentar com o Senhor que

precisamos cumprir o mandamento de estar sempre alegres como é da vontade dele, e por

isso lhe peçamos que remova a causa das nossas

tristezas ou que nos dê o suporte da sua graça

para suportar nossos sofrimentos com alegria.

Irmãos, é bom argumentar com Deus quanto ao que Ele fez no passado. Podemos dizer como

Davi, que tendo sido Ele nossa ajuda, nos

deixaria agora desamparados? Isto é impossível. Recordemos pois das bênçãos e cuidados

demonstrados por Deus a nós no passado

enquanto lhe apresentamos nossos pedidos

com tais argumentos no presente. Nós podemos usar a nossa própria fraqueza, incapacidade,

indignidade, como um forte argumento diante

de Deus. “Senhor lembra que sou pó. Não há

força em mim para resolver tal problema.”. O argumento do publicano se fez muito forte

quando se reconheceu um pecador indigno

diante do Senhor. O cego de Jericó pede por

misericórdia ao Filho de Davi. A mulher cananeia não se ofendeu por sua gente ter sido

comparada aos cães, e soube contra argumentar

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dizendo que até mesmo dos cachorrinhos o

Senhor pode cuidar com as migalhas da graça

que caem da sua mesa. A grandeza do meu

pecado me faz uma plataforma para a grandeza da misericórdia do Senhor. Peçamos a Deus que

faça a grandeza do seu amor ser revelada em nós

que somos pobres e necessitados da sua graça.

Finalmente, o principal argumento do crente são os sofrimentos, a morte, o mérito, a

intercessão de Cristo Jesus. Quando nós

pedimos a Deus que nos ouça, enquanto o

alegamos no nome de Cristo, nós normalmente queremos dizer: "O Deus, teu querido Filho

merece isto de ti; faça isto por mim por causa do

que Ele merece. Ele se deu por mim, pecador, na

cruz, em troca dessa alegria que poderia experimentar pela sua vitória na vida daqueles

que comprou com o seu sangue para Ti.”. Jesus

mesmo ordenou que usássemos o seu nome para pedir o que necessitamos ao Pai. Ele não

nos dará qualquer coisa por nossa própria causa,

mas por causa de Cristo.

É a assinatura de Cristo que está no cheque que

apresentamos a Deus. Somente cheques com tal assinatura podem ser descontados no banco

celestial. Nenhum outro é aceito. Se o Espírito

Santo nos ensinar como ordenar nossa causa, e

como encher nossa boca de argumentos, o resultado será que NÓS TEREMOS NOSSA

BOCA CHEIA DE LOUVOR. O homem que tem a

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boca dele cheio de argumentos em oração terá a

boca dele logo cheia de bênçãos em resposta à

oração. Querido amigo, se a tua boca está cheia

de murmurações, reclamações, peça a Deus para lavá-lo dessa negridão, porque isto não te

será de qualquer proveito, e tornará amargo o

teu coração, até mesmo tuas entranhas. Substitua isto pela oração, enchendo tua boca

de argumentos em tuas petições a Deus, e isto

trará delícias à tua alma, e o atendimento dos

desejos do teu coração.

Nossas necessidades são grandes, então nossos pedidos devem ser grandes, e a provisão

também será grande.

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Orai, orai sempre

(Por Charles Haddon Spurgeon, traduzido por

Silvio Dutra)

“Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai; pois o Pai

mesmo vos ama; visto que vós me amastes e crestes que eu saí de Deus”(João 16:26-27).

O tempo em que vivemos é muito favorecido e

deve ser também muito valorizado. Que nós

nunca tenhamos inveja dos Patriarcas e sua comunhão com Deus, quando às vezes Ele falava

pessoalmente em seus ouvidos ou se revelava

visivelmente a eles. Abençoados são os nossos

olhos e os nossos ouvidos, que veem e ouvem o que os reis e os profetas esperaram em vão.

Aquilo que lhes foi negado nos foi revelado e por

isso somos especialmente privilegiados.

Embora João Batista, vivendo dentro da dispensação do Evangelho, tenha sido o maior

entre os mortais nascidos de uma mulher, o

menor no reino dos céus é maior do que ele. E

nós estamos hoje vivendo naquele reino dos céus, embora exista ainda muito o que desfigura

o reino de Cristo na terra. Sejam gratos,

portanto, vocês que são filhos dos homens e são

também filhos de Deus, sejam gratos por viver nesta verdadeira época de ouro, pois com todas

as suas tristezas e todas as suas falhas, é uma

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época de grande misericórdia e de muito

privilégio!

Ouso até considerar nosso atual período acima daquela magnífica época na qual Jesus habitou aqui entre os homens. Temos a tendência de

considerar aquela época como sendo a melhor

que a Igreja de Deus desfrutou, mas não é assim.

A dispensação do Espírito Santo é uma época acima da dispensação do humilhado e sofrido

Salvador. Aqueles foram os dias de infância da

Igreja, quando o Senhor a instruía por meio de

ilustrações e lhe ensinava as letras, mas não revelava muitas das grandiosas e mais

profundas verdades de Deus porque ela ainda

não tinha condições de suportá-las. Mas agora o

Espírito Santo nos foi dado para nos guiar a toda a Verdade e Ele nos mostra tudo sobre Cristo.

Quando o Nosso Senhor esteve aqui foi apenas o

crepúsculo da dispensação do Evangelho, ou apenas o seu alvorecer. É verdade que Ele é o Sol

da retidão, mas os seus discípulos viram apenas

um pouco da sua glória, pois seus olhos estavam

apenas entreabertos e eles tinham menos luz da parte dele do que nós temos, embora a bênção

de sua presença corpórea nos seja negada.

Àquela época havia muito atraso na oração, mesmo entre os apóstolos de Cristo. Pouco

antes do nosso texto acima lemos que Cristo lhes disse: Até agora nada pedistes em meu

nome- João 16:24. E lemos muito pouco a

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respeito das orações dos discípulos. Eles

chegaram até a dizer, em certa ocasião: Senhor,

ensina-nos a orar – Lucas 11:1. Conheciam muito

pouco do poder da oração. Hoje em dia não só o Senhor nos ensinou a orar como também nos

deu o Espírito Santo para nos ajudar em nossas

enfermidades e para interceder por nós: o Espírito nos ajuda na fraqueza; o Espírito mesmo

intercede por nós com gemidos inexprimíveis. –

Romanos 8:26. em muitos outros aspectos, que

não precisamos detalhar agora, estamos bem mais adiantados do que os doze altamente

favorecidos que conviveram com Cristo, ou que

os setenta privilegiados que foram enviados por

Ele para ensinar, pregar e curar os enfermos – O SENHOR DESIGNOU OUTROS SETENTA; E OS

ENVIOU – Lucas 10:1. É um período abençoado

este em que vivemos e eu desejo que vocês, que

são crentes em Cristo, valorizem estes seus privilégios. Se você estiver lamentando a sua

sorte, quero que sinta que seu nascimento

jamais poderia acontecer em tempo mais

próspero, e que estar vivendo no tempo em que o Espírito de Deus nos foi dado e em que sua

influência sagrada é exercida em sua Igreja, é

uma elevada honra que Deus te concedeu.

Faço estas considerações porque o nosso texto começa com as palavras Naquele dia, que é o

presente período, quando Cristo já subiu para estar à destra do seu Pai depois das horríveis

dores do Calvário, o período em que não mais

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estamos tristes porque Ele morreu, mas nosso

lamento se tornou em alegria, por sua conta e

por nossa causa também. Este é AQUELE DIA em

que as bênçãos sobre as quais vou falar são dadas a nós, para que possamos usufruir delas

agora, ou pelo menos, deveríamos estar.

Tomando o texto como se referindo ao tempo em que vivemos, eu noto, em primeiro lugar, o

exercício diário do crente: “Naquele dia pedireis

em meu nome”. Em segundo lugar, temos a posição privilegiada do crente: “não vos digo

que eu rogarei por vós ao Pai; pois o Pai mesmo

vos ama; visto que vós me amastes e crestes que

eu VIM de Deus”. Então, em terceiro lugar, tentarei sugerir qual deveria ser a conclusão

natural por parte do crente a respeito dessa

abençoada Verdade de Deus que aqui nos é

revelada.

I – Primeiro, assim, vamos notar o EXERCÍCIO DIÁRIO DO CRENTE. É pedir e continuar

pedindo: “Naquele dia pedireis em meu nome.”

é uma coisa muito simples pedir, mas como é gracioso da parte de Deus acrescentar a algo tão

simples a promessa de dar! Ele não disse “mereça a bênção”, mas sim, “peça por ela”. Ele

não falou “compre-a”, mas sim “peça por ela”.

Não, “Trabalhe até finalmente consegui-la por

seu próprio esforço” mas, “peça por ela”. Irmãos e irmãs, se alcançar o céu depender apenas de

nosso pedido, quem não irá pedir? Tudo o mais

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90

que um crente possa deixar de fazer nunca

deverá, certamente, ser deixar de pedir. Se

nunca pedimos nada a Deus podemos estar bem

certos de que nunca fomos convertidos. Uma alma sem oração há que ser uma alma sem

Cristo; mas se estamos realmente em Cristo,

devemos ter praticado a sagrada arte de pedir e nós devemos continuar a fazê-la sempre. Se há

alguma dificuldade em nossas mentes, vamos

pedir, o Espírito Santo pode resolver. Se existir

alguma necessidade em nosso lar, vamos pedir, pois Nosso Pai Celestial pode supri-la. Se houver

alguma fraqueza em nossa natureza espiritual,

vamos pedir, pois Deus pode nos fortalecer. Se

existir algum desejo da nossa alma que perturbe nosso espírito, vamos pedir, pois nosso desejo

pode ser atendido se for correto, e nossa

perturbação pode ser eliminada. Pedir, meus

irmãos e irmãs, é muito simples, e graças sejam dadas ao nome do Senhor, porque, geralmente,

a melhor maneira de pedir é aquela que é a mais

simples.

Pedir alguma coisa a Deus não requer o uso de palavras adequadas. Os filhos na família não

fazem pedidos elaborados quando pedem aos pais alguma coisa; eles dizem qual é a

necessidade em suas próprias palavras, os pais

entendem e concedem o pedido, se for correto e

adequado, e se estiver dentro de suas possibilidades. Aja exatamente da mesma forma

com Deus! Às vezes somos por demais

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91

cuidadosos em escolher e usar frases para usar

em nossas orações. Você acredita que Deus se

agrada com uma demonstração de oratória, ou

que Ele analisa sua eloquência quando você comparece ante o Trono da Graça? Pode

agradar a um professor de literatura fazer a

crítica das suas frases, mas Deus pensa muito mais nos seus desejos do que nas palavras com

que você os expressa. Pode ser uma coisa

natural para um professor analisar a exatidão

dos termos que você emprega, mas Deus observa especialmente o ardor da sua alma. Não

existe outro lugar onde o coração deva estar tão

livre quanto diante do Trono de Misericórdia.

Ali você pode falar por meio de sua própria alma, pois esta será a melhor oração que poderá

ser feita. Não peça aquilo que alguém disse que

você devia pedir, mas sim aquilo de que você

sente que precisa – aquilo que o Espírito Santo fez você ter fome e sede de pedir; peça isto.

Peça sempre. Toda a sua vida deveria ser gasta em pedir. Quando o dia amanhece, peça a

misericórdia de que precisará durante aquele

dia; e quando o dia cerrar as pálpebras e você for

para a cama, peça a proteção e o descanso que precisar para aquela noite. Peça quando sua voz

só puder ser ouvida por Deus em segredo, e peça

quando a sua língua talvez não possa se mexer,

mas apenas o seu espírito possa falar ao ouvido de Deus. Nunca hesite pedir por causa da

grandiosidade da bênção que você deseja. O

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92

Senhor é um grande Deus embora você seja tão

pequeno, e Ele se delicia em dar grandes coisas

para aqueles que vêm à sua presença pedir. E

não hesite em pedir por julgar que você não tem merecimento. Você nunca terá nenhum

merecimento em você mesmo, portanto, se um

senso de indignidade fosse checar sua oração agora, ele provavelmente iria sempre o impedir

de orar. Ainda assim, o Senhor determinou que

pedíssemos, logo, deve ser certo pra você, pedir.

Peça quando estiver enfrentando alguma coisa que não consiga vencer; peça quando tiver

lutado para conseguir algo sem tê-lo

conseguido; peça, e irá receber. Vá à presença

de Deus mesmo com os trapos do seu pecado e peça, é só o que você tem a fazer. “pedi, e

recebereis” – João 16:24, esta é a mensagem que

brilha com a luz celestial vinda do Trono da

Misericórdia. Leia e obedeça: ABRE bem a tua boca, e eu a encherei. – Salmos 81:10.

Nosso Senhor disse aos seus discípulos que, além de pedir, deveriam pedir em seu nome:

“Naquele dia pedireis em meu nome.” Esta é a

mais deliciosa maneira de pedir. Geralmente

dizemos no final de nossa oração que pedimos por amor de Jesus, e essa é uma maneira certa

de pedir. Significa: “considerando o que Jesus

fez, Você não me atenderia? Eu não fiz nada que

possa garantir uma resposta favorável à minha súplica, mas Você não daria a mim,

considerando que Jesus merece isso? Por amor

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93

a Ele, ouça-me, oh Senhor!”. Essa é uma boa

forma de orar, mas é melhor ainda se você

puder usar o nome de Cristo e pedir em seu

nome.

É como se fossemos a uma loja, mandados por alguém para comprar alguma coisa em seu

nome e para ser debitado na conta daquela

pessoa. Ou se autorizássemos um subordinado

nosso a ir a uma loja tendo dito ao comerciante que o que esta pessoa pedisse fosse fornecido.

Provavelmente um subordinado, sem dinheiro

próprio, muito pobre, mas que vá munido de sua

autorização, poderá receber daquele comerciante tanto quanto se você mesmo

tivesse ido lá. A garantia dada irá até o ponto do

limite do nome que foi dado. Então, Jesus nos

disse: “Use Meu nome quando estiver falando com o Meu Pai;” e até onde eu posso ir usando

esse nome? Até onde o próprio Cristo pode ir.

Todo o poder que exista no nome de Jesus, toda

a influência que Ele tenha no coração do seu Pai, este poder e esta influência nos são permitidos

exercer por meio da oração. Senhor Meu, eu

costumava pedir ao Senhor para fazer certas

coisas por amor ao Teu Filho, mas agora eu venho com um pedido ainda mais forte pois Ele

me autorizou a usar o seu nome, e pedir que

Você faça por mim assim como Você faria por

Ele. Meu Pai, se não podes recusar o teu Primogênito também não podes me recusar. E

se estou pedindo alguma coisa que Ele não podia

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94

pedir e que eu mesmo não desejasse pedir,

quero fazer esse o limite da minha oração e da

sua aceitação. Se Ele tivesse recusado orar

pedindo isso, eu também iria. E se o que estou pedindo parece ser uma bênção do meu ponto

de vista mas não para Ele, sejam minhas

palavras: todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres – Mateus 26:39. Ninguém de

bom senso usaria o nome de outra pessoa

indevidamente, e se você está pedindo a Deus

alguma coisa motivado por egoísmo, você não deve desonrar aquele nome abençoado ligando-

o a tal tipo de oração. Mas usando

adequadamente o seu nome temos grande

liberdade e um alto privilégio de nos ser permitido ir e orar, não apenas por amor a Jesus,

mas também no nome de Jesus.

O texto nos diz que pedir no nome de Cristo deve ser o exercício constante dos cristãos Naquele

dia. E que dia será esse? De acordo com o

contexto, será uma época de perseguição: Expulsar-vos-ão das sinagogas; ainda mais, vem

a hora em que qualquer que vos matar julgará

prestar um serviço a Deus – João 16:2. Em tal

situação os cristãos certamente irão orar. Prosseguindo na leitura do capítulo vemos que

AQUELE DIA é quando o Espírito de Deus

instruiu os seguidores de Cristo. Cristo disse

Naquele dia nada me perguntareis – João 16:23. O que quer dizer que não perguntaremos, pois o

Espírito Santo nos instruirá para sua glória, dele

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95

recebendo para nos transmitir. Ah, Amado,

quando irmãos e irmãs estão na prisão por causa

da fé, quando eles são susceptíveis de ser

colocados na tortura – quando a pequena igreja tem que ser convocada porque o pastor está para

ser queimado amanhã de manhã e todos os

jovens querem estar de pé cedo para permanecer ao redor e animá-lo, com os olhos

cheios de lágrimas, se eles não puderem fazer

nada mais por ele; e quando os jovens voltam

para casa e seus pais perguntam-lhes porque eles foram lá, eles dizem que foram para

aprender o caminho pra se eles tiverem que

morrer da mesma maneira – ah, aí sim, a oração

é uma realidade! E quando eles se reúnem em cantos isolados e em cavernas solitárias, quando

não se atrevem a levantar suas vozes para os

observadores não ouvi-los e levá-los para a

prisão, ainda assim, em tons solenes clamam ao Senhor, a oração, então é real!

É esta oração eficaz e fervorosa dos justos que vale muito. Assim é, se acontecer, que a Igreja

de Deus realmente ora! Se algum de vocês está,

em sua pequena jornada, em tudo sujeito a

perseguições, não deixe de orar, pois o nosso Salvador disse: “Naquele dia você vai pedir em

Meu nome.” Deixe que a perseguição seja uma

espécie de lembrete para você do seu dever e

privilégio! Se você tiver sido negligente na oração e alguém te tratar mal por causa de

Cristo, diga: “Agora é a hora para eu orar mais

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96

fervorosamente do que nunca, pois Jesus disse,

especialmente sobre o tempo de perseguição,

NAQUELE DIA PEDIREISEM MEU NOME.”

Prosseguindo na leitura do capítulo vemos que AQUELE DIA é quando o Espírito de Deus instruiu os seguidores de Cristo. Cristo disse

Naquele dia nada me perguntareis – João 16:23.

O que quer dizer que não perguntaremos, pois o

Espírito Santo nos instruirá para sua glória, dele recebendo para nos transmitir. Agora, quanto

mais ensinamento e entendimento alguém

receber do céu, mais ele irá orar. Se existe

alguma coisa chamada de luz que faça com que um homem deixe de orar, essa “luz” é a

escuridão. Algum tempo atrás, quando havia

um grande número de pessoas que professavam

ser perfeitas, eu ouvi de alguém que tinha crescido tão vaidosa que ela disse que sua mente

estava tão conformada com a vontade de Deus

que não havia necessidade para ela orar, porque

sua mente e a mente de Deus estavam perfeitamente unidas. Sim, e se alguém se

imagina tão bom que nem precisa orar, seria

bom que exclamasse: Ó Deus, sê propício a mim,

o pecador! Lucas 18:13. Eu ouso dizer que você já ouviu falar daquelas pessoas que sobem tão alto

na escada, que caem do outro lado, e que é

exatamente o que as pessoas fazem quando

começam a transportar qualquer Verdade de Deus à extravagância e a empurrar um ponto

além da sua legitimidade. Aquilo que te faz

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97

deixar de orar é coisa do diabo, a quem devemos

dizer: Para trás de mim, Satanás – Mateus 16:23.

a mera sugestão de que você pode fazer sem

oração deve ter vindo de baixo, não pode ter vindo de cima. Quanto mais o Espírito de Deus

ensina ao cristão sobre as coisas de Deus, mais

ele irá pedir em nome de Jesus Cristo. Mais uma vez, aquele dia será um dia de grande alegria: a

vossa tristeza se Converterá em alegria – João

16:20. Naquele dia pedireis em meu nome- João

16:26. Talvez alguém dirá “mas as épocas de tristeza são o melhor tempo para orar, não são?”

Eu garanto a você que elas são, mas quando a

tristeza se torna em alegria, a dúvida dá lugar à

fé, e a própria esperança fica eclipsada por um delicioso gozo, então, essa é a hora de orar.

Quando seu coração estiver pronto para dançar

e sua boca cheia de doçura, é hora de aproximar-

se de Deus em oração. Quando Ele tiver te dado tudo o que você pediu, é hora de pedir a Ele

ainda mais. Suponha que seja este um dia bom

para você – um dia de boas notícias; aproveite

esta oportunidade para orar. Os negócios vão bem; aproveite a hora para que isso também te

leve ao crescimento de tua riqueza espiritual, e

achegue-se a Deus.

Amados, se alguma vez nas suas vidas vocês forem orar, que seja especialmente quando o

Senhor se revela tão gracioso para contigo que seu coração fica alegre e você se regozija em sua

glória. Que esse seja um dia de pedir em nome

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98

de Jesus Cristo! Irmãos e irmãs, eu gostaria de

poder falar de uma forma ainda mais

impressionante sobre este tema tão agradável.

O ponto que, mais do que os outros, toca de maneira vital a existência cristã, é a devoção

pela oração – o pedir a Deus e receber dele a

resposta à nossa prece sincera. A oração no que se refere a você é uma realidade ou uma

imitação? É uma espécie de rito religioso que

você se sente obrigado a realizar, ou tornou-se

uma coisa essencial para a sua vida espiritual tanto quanto o respirar é para o seu corpo? É

óbvio para você agora que você deve orar? É

natural para você pedir ao Pai que está no céu

como é natural que seus filhos venham pedir a vocês que são pais terrestres? No meu caso sinto

que não oro simplesmente porque tenho de

fazê-lo, mas porque amo este sagrado exercício.

Não o orar em certa hora porque aquela é a hora em que se deve orar, mas orar porque quero

orar, orar porque devo orar.

Um homem não precisa ser lembrado de que deve respirar. É essencial para a sua vida que

respire, e é essencial para nossa vida espiritual

que oremos. Jamais pensei em preparar um sermão para falar sobre a necessidade de você

se alimentar, da mesma forma como não devia

ser necessária a exortação aos cristãos para que

orem. Deveria ser um instinto de nossa nova natureza, tão natural para o nosso ser espiritual

como o é um bom apetite para alguém se

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99

manter saudável. Deveria existir uma fome e

uma sede santas para orarmos, e a alma nunca

ora tão bem quanto quando é lembrada, não

pela hora do dia ou da noite, mas por sua real necessidade, e quando se refugia em seu lugar

particular para orar, não porque acha que deve,

mas porque sente que deve, e o faz com o deleite do privilégio da comunhão com o seu Deus.

Meu objetivo, na segunda parte do meu sermão, será agitar-lhe até você sentir dessa forma, então não vou dizer mais nada sobre esta

primeira parte do meu tema, o exercício diário

do crente – “Naquele dia pedireis em meu

nome.”

II – E agora, em segundo lugar, temos A POSIÇÃO PRIVILEGIADA DO CRENTE com

referência à oração.

Os crentes devem ser abundantes em oração porque, em primeiro lugar, têm o Espírito Santo

para motivá-los. Isto consta no texto? Sim, ou pelo menos está implícito nele, pois Jesus disse:

Naquele dia pedireis. Como iria Ele afirmar de

maneira tão categórica que deveríamos pedir a

não ser que pretendesse que o seu Espírito nos conduzisse a pedir por esta promessa? Sendo

esta em si mesma uma garantia de que Ele

providenciará para que seja atendida. Temos

assim o Espírito Santo para nos animar a orar, e não apenas para nos animar a orar, mas para nos

dizer pelo que deveríamos orar: porque não

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100

sabemos o que havemos de pedir como convém

– Romanos 8:26, até que Ele nos ensine! Alguém

poderá perguntar por que orar se tudo é

resolvido pelo decreto divino. É verdade que tudo é solucionado desta maneira, e é

exatamente por esta razão que devemos orar! O

Espírito de Deus nos leva a desejar exatamente o que Deus decretou, e embora não possamos

abrir e ler o livro dos seus decretos, o Espírito

Santo pode ler aquele Livro e assim nos guiar de

acordo com seus registros secretos e também interceder por nós segundo a vontade de Deus –

Romanos 8:27. Pois, qual dos homens entende as

coisas do homem, senão o espírito do homem

que nele está? assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito de

Deus – I Coríntios 2:11. E o que o Espírito de Deus

entende ser a mente de Deus, Ele faz com que

seja também a nossa mente e em consequência nós oramos segundo a vontade de Deus. A

oração verdadeira é o eco do propósito eterno.

Nossas orações são as sombras das

misericórdias de Deus. Quem não oraria quando a oração torna-se para ele um mistério

consagrado em que uma Pessoa da Santíssima

Trindade opera em seu espírito e revigora os

seus desejos? Isto deve nos conduzir a orar com frequência porque nossos pedidos são

motivados pelo Espírito Santo.

“Orem, orem sempre, o Espírito Santo pede dentro de você

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101

todas as suas necessidades a cada dia, a cada hora.”

Devemos orar também porque temos a elevada honra de nos ser permitido usar o nome de Cristo em nossas orações. Naquele dia pedireis

em meu nome. Se um Rei nos entregasse o seu

selo ou se tal Rei tivesse o poder de criar

dinheiro tão rapidamente quanto o desejasse com a sua simples assinatura e nos permitisse

usar aquela assinatura, não creio que muitos de

nós continuaríamos sendo pobres. Se ele

realmente nos desse privilégio certamente iríamos assinar muitas vezes antes de devolver o

selo e a assinatura para aquele Rei. Mas o Nosso

Senhor Jesus fez coisa semelhante ao tirar do

seu dedo o sinete real e dizer aos seus servos: “Peçam em Meu Nome!” TUDO QUANTO

PEDIRDESEM MEU NOME, EU O FAREI – João

14:13. Por isso nós estamos sempre sacando destes fundos da infinidade de Deus. E Ele não

estabeleceu limite para estes nossos pedidos, a

não ser: tudo o que pedirdes na oração, crendo,

recebereis. – Mateus 21:22. Como isto deveria nos encorajar a orar! Será que vamos deixar

passar essa oportunidade de ouro sem dela fazer

uso? Oh amados, com o Espírito Santo a nos

dizer o que pedir e o Senhor Jesus a endossar nosso pedido, por que não orar sem cessar?

Além de tudo isso, existe um grande encorajamento para a constante oração pelo

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102

fato de que o Senhor Jesus Cristo está

continuamente intercedendo por nós. Nossas

pobres orações são obscuras e confusas, e são

manchadas de pecado, mas o Nosso Grande Sacerdote as salpica com o seu sangue precioso,

e as purifica de maneira completa, e com suas

próprias mãos as coloca diante do Trono de Misericórdia, e por amor ao seu nome elas

certamente serão aceitas. se alguém pecar,

temos um Advogado para com o Pai, Jesus

Cristo, o justo – 1 João 2:1. E Ele está sempre pleiteando a nosso favor. Se temos um

Intercessor Divino, dentro do véu, que nunca se

esquece de levar nossas orações diante do

Trono da Graça do seu Pai, com que ousadia devemos ir até ao Trono de Misericórdia, e

quantas e quantas coisas deveríamos pedir a

Deus em nome de Jesus!

Parece-me que o texto sugere que o Senhor Jesus desejava evitar que os seus discípulos

errassem ao interpretar sua intercessão. E por isso disse, nesta ocasião: não vos digo que eu

rogarei por vós ao Pai. Não havia razão para que

Ele dissesse isso naquele momento, pois já o

havia dito e repetido muitas vezes antes. Mas naquela ocasião parece que Ele queria dizer:

“Não quero que exagerem minha intercessão às

custas do Meu Pai. Vou interceder por vocês,

mas vocês não devem pensar que faço isso porque Meu Pai não está disposto a ouvi-los

quando vocês forem até Ele em meu nome. Não

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103

fiquem imaginando erroneamente que por

causa da minha intercessão Eu farei com que o

Meu Pai se disponha a abençoar-vos, pois Meu

Pai, Ele próprio, ama vocês.” Isso nos leva a um ponto muito precioso que é que devemos ser

muito incentivados a orar, não só porque o

Espírito nos impele e o Filho intercede por nós, mas porque o próprio Pai nos ama.

Como deveríamos orar agora que temos o ouvido, e mais do que isso, o próprio coração do

Rei! Ter como professor o Espírito Santo e como

Advogado o Nosso Senhor Jesus Cristo deveria

ser encorajamento suficiente para nós; mas termos o coração do próprio Rei é o melhor de

tudo: pois o Pai mesmo vos ama. Vocês sabem,

queridos irmãos e irmãs, que pensadores

supérfluos frequentemente erram concernente ao Pai e ao Filho com relação à expiação. Eles

creem que a expiação de Cristo era necessária

para que o Pai amasse o seu povo, enquanto que

a verdade é que o Pai, porque Ele amava seu povo, deu seu Filho Unigênito para ser a

propiciação deles. Deus sempre foi amor, tão

verdadeiro amor como o Filho foi e é, não nos

enganemos sobre isso. De modo que, concernente à intercessão de Cristo, existe a

tendência de certos pensadores em caírem no

erro de supor que o Pai é difícil de agradar, e que

Jesus deve pacificá-lo para que Ele possa atender aos nossos pedidos. Não é assim, pois o Pai

mesmo vos ama. Creio que quando um não

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104

convertido vai a Deus, deveria, primeiramente,

fixar seu olhar inteiramente em Jesus o

Mediador, mas para nós que acreditamos em

Jesus, estamos perdoados, estamos em uma situação inteiramente diferente daquela em que

se encontra o descrente. Nós tivemos nossos

pecados apagados, e podemos ir diretamente ao Pai – naturalmente, sempre por intermédio do

Mediador – e enquanto isso nos regozijando

nesta graciosa garantia de que O PAI MESMO

VOS AMA.

“Ore, ore, sempre,

apesar de cansado, fraco e solitário,

a oração se aninha no Trono de abrigo do Pai “.

O texto diz que o Pai nos ama porque nós amamos Jesus, e cremos que Ele veio do Pai. Não

cometa o erro de imaginar que o amor de Deus

por nós é causado por nosso amor para com

Cristo. Não! Nós amamos, porque ele nos amou primeiro – 1 João 4:19. O primeiro amor de Deus

é um amor de benevolência – um amor de

compaixão – um amor para com os indignos e

para os sem nenhum mérito. Deus, por amor, nos perdoa e nos salva; mas existe outro amor,

além desse, do qual nunca devemos esquecer.

Quando Ele nos faz amar o seu Amado Filho,

quando Ele nos faz confiar nele porque cremos que Ele veio do Pai, então o Pai tem um amor de

complacência e de regozijo para conosco. É fácil

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105

distinguir a diferença entre estes dois tipos de

amor, já que ele é frequentemente ilustrado na

história humana. Um homem encontra na rua

uma pobre criança, e tendo piedade dela, leva-a para casa, a veste e toma conta dela. Este é um

tipo de amor – o amor da benevolência. Mas

suponha que a criança se desenvolva em um belo rapaz ou numa bela moça que por meio de

sua maneira sedutora se insinue ao próprio

coração daquele que foi tão bondoso com ela na

sua infância, e aí surge um segundo tipo de amor.

O homem diz, “Eu amei aquela criança quando a resgatei, um monte de trapos, coberto de

sujeira, de miséria; mas veja a sua beleza agora.

Veja como este pequenino se afeiçoou ao resto

da família, como ele é grato, como ele me ama; não posso deixar de amá-lo mais do que no

começo”. Este é um outro tipo de amor

inteiramente diferente, e o Senhor ama desta

maneira, apenas de modo infinitamente maior, para com todos os que confiam e amam o seu

Filho! Sabemos que o Pai ama tanto o Filho que,

ao ver que você também O ama, Ele o ama ainda

mais por essa razão. Ele tinha ilimitada confiança em Cristo quando O enviou para este

mundo – e quando Ele vê que você também tem

confiança nele, Ele o ama também, pois vocês

dois concordam neste assunto. Nada une duas pessoas mais do que o amor comum para com o

mesmo objeto. Se existe alguma pessoa que é

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106

querida para ambos, de imediato existe uma

ligação entre os dois. Frequentemente o

coração de um homem é conquistado pela

esposa porque, entre os dois, existe um pequenino ser que é querido de ambos! Talvez,

durante uma tola ocasião de raiva, os dois

possam se separar, mas o filho é o laço que os mantém juntos. E entre nós e nosso Deus, num

sentido infinitamente maior do que esta minha

pobre comparação, existe uma maravilhosa

união porque Ele confia em Jesus e nós também confiamos nele. Ele ama Jesus e nós também o

amamos; e por causa disso Nosso Salvador nos

diz: o Pai mesmo vos ama; visto que vós me

amastes e crestes que eu saí de Deus.

Não consigo explicar este maravilhoso mistério, mas quero que saibam que eu amo Cristo e creio que Ele saiu de Deus, apenas para abrir nossas

almas e tentar estabelecer esta sublime verdade

de que o Pai mesmo vos ama. Não é tem pena de

vós, nem promete vos ajudar, nem tem consideração por vós e sim o Pai mesmo vos

ama. Não adianta tentar explicar o que é o amor

– você tem que senti-lo para entender o que ele

é. Você não duvidou das palavras de sua mãe quando era pequeno, e ela o segurou em seus

braços e disse Eu te amo. Você acreditou nela, e

descansou em seu amor e o correspondeu tanto

quanto pôde. Assim o grande Deus lhe diz: Eu o amo porque você ama o meu Filho. Existem

muitos defeitos e muitas falhas em você, mas

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107

você ama o meu Filho e por isso eu te amo. Você

não disse há pouco: Senhor, tu sabes todas as

coisas; tu sabes que te amo – João 21:17? Você

disse isso ao Senhor Jesus e porque isto é verdade, o Pai mesmo vos ama. Lembro-me de

quando uma das suaves passagens em Cantares

de Salomão alcançou o meu coração com arrebatadora força – aquele versículo em que o

Noivo Celestial diz à sua esposa: Tu és toda

formosa, amada minha, e em ti não há mancha –

Cantares de Salomão 4:7. Isto é o que o Senhor diz ao seu povo quando os veem Cristo. Quando

Ele percebe que eles amam Cristo, Ele diz efzib

chamar-te-ão Hefzibá – Isaias 62:4, que quer

dizer Meu Regozijo está nela. o Pai mesmo vos ama. Esta pequena frase é não tanto um tema

para pregação como o é para uma calma

meditação. Você precisa ficar sozinho em seu

quarto, sentar e tocar repetidas vezes aquela campainha de prata: o Pai mesmo vos ama. Você

me ama? E por que deveria amar-me? Como

poderia amar-me? Mas Jesus sabe e quando Ele

assim o declara, assim é, glória seja dada ao seu amado Nome!

III – Vamos abordar rapidamente A CONCLUSÃO NATURAL DO CRENTE que ele

deduz destas palavras de Cristo.

A primeira seria: Se tudo isso é verdade, que poder enorme que eu tenho! O Espírito Santo

me predispõe, Cristo pede em meu nome e o

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108

próprio Pai sorri para mim dizendo: Vinde, sede

bem-vindo pois eu te amo: ninguém é tão bem-

vindo quanto você é. Peça o que quiser que será

atendido. Mas, amado, você alguma vez realmente acreditou ter tanto poder? Ou você

tem pedido e aguardado quando na realidade

deveria ter pedido e acreditado? Não ficou imaginando que haveria uma pequena

possibilidade de ser ouvido? Já orou como se

seus muitos pedidos e suas abundantes

lágrimas pudessem tocar o duro coração de Deus? suas súplicas têm sido apresentadas

neste estado de espírito? Se assim for, espero

que no futuro você possa assumir a verdadeira

posição de quem crê e diz: Eu sou filho de Deus, e Ele me ama. E eu vou até Ele, por meio do seu

Filho Jesus Cristo, e motivado pelo Espírito

Santo, vou pedir-lhe tudo o que eu precisar, pois

sei que receberei aquilo que pedir no nome de Jesus e por amor ao seu Nome.

Se algum dia você descobrir que tem esse poder – e espero que assim aconteça – não deixe de

usá-lo. Use para os seus filhos, para todos os seus

parentes, para os seus amigos e para os que não

são convertidos. Escolha-os e ore por eles e não descanse até que eles estejam salvos. Ore

também pelo seu pastor, que ficará muito

enriquecido com a oração que você fizer por ele,

você que tem tanto poder junto a Deus. Ore pelas nossas Igrejas. Estes são dias sombrios, mas

você pode trazer um verão espiritual, se você

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109

sabe como orar aquela oração fervorosa do justo

que vale muito. A Verdade de Deus parece, por

um tempo, estar sofrendo derrota, e a batalha

pelos direitos cresce mais quente e mais feroz, mas a bandeira da vitória em breve vai flutuar na

brisa se você souber como orar corretamente! A

legião da oração é a legião da conquista! Tragam à frente os homens e mulheres que podem orar

e o diabo vai tremer e fugir, pois ele bem sabe

que aqueles que são poderosos com Deus são

mais poderosos até mesmo do que ele. A história do futuro depende muito das orações do

presente. Se você e outros crentes contiverem

as orações, vocês podem ajudar a trazer um

longo, escuro, inverno frio para a Igreja de Deus, mas se você e eles são despertados a subir, como

Elias que foi ao Monte Carmelo, e com o seu

rosto entre os joelhos, clamou ao Senhor de

Israel, com certeza – assim como o Senhor vive – os céus ficarão cobertos com nuvens e haverá

ruído de abundante chuva – 1 Reis 18:41.

Falo reverentemente, mas com veracidade, quando digo que as chaves dos céus giram

quando usadas pela pessoa que sabe orar. Não

me refiro à oração comum, como alguns fazem, mas à oração como a que estou falando: induzida

pelo Espírito de Deus, inicialmente purificada e

apresentada pelo Salvador, e feita por quem

sabe que o próprio Pai o ama. Fico abismado ao pensar no tremendo poder da oração. Não é

onipotente, mas comanda a onipotência. Não é

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110

onisciente, mas a oração é como os próprios

olhos de Deus. Quem pode realmente orar leu

em primeiro lugar o coração de Deus e

pronunciou o que ali está. A oração suplanta o Eterno; o que mais pode ser dito a seu respeito?

Quando Israel pecou contra o Senhor, Moisés

pleiteou a favor da nação culpada mesmo depois que Deus lhe havia dito: agora, pois, deixa-me,

para que a minha ira se acenda contra eles, e eu

os consuma; e eu farei de ti uma grande nação –

Êxodo 32:10. Mas a oração prevaleceu afinal, pois o Senhor se arrependeu do mal que dissera

que havia de fazer ao seu povo – Êxodo 32:14. Que

Deus possa ensinar a você, que é amado do Pai

porque ama o Filho, a orar como Moisés!

De maneira bem cuidadosa, meus irmãos e irmãs em Cristo, devemos mencionar as respostas às orações que tenhamos recebido.

Não seria nem prudente, nem adequado, nem

mesmo possível mencioná-las todas, pois

existirão assuntos de oração entre Cristo e a alma que jamais deverão ser reveladas, a não ser

junto a pessoas especiais ou em ocasiões

especiais. Algumas partes da nossa comunhão

com o Senhor Jesus são por demais sagradas, por demais espirituais, por demais celestiais

para serem mencionadas deste lado dos portões

de pérolas – mas a maioria das respostas do

Senhor aos nossos pedidos poderia até ser escrita nas nuvens para que todos soubessem

delas. Esteja atento para não reter apenas com

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111

você estes fatos graciosos, o que seria uma

ingratidão de sua parte. Faça como Davi, que nos

diz: Do meio da angústia invoquei o Senhor; o

Senhor me ouviu, e me pôs em um lugar largo– Salmos 118:5.

Sim, e não só proclame como Deus tem respondido às suas orações, mas conte do poder

da fé em todas as ocasiões que tenha ocorrido.

Fale dos resultados da fé aos seus filhos, para que eles possam contar aos seus filhos no

futuro, e às gerações que virão, para que todos

saibam que TUDO É POSSÍVEL AO QUE CRÊ –

Marcos 9:23. Conte sobre as promessas cumpridas pela fé, sobre a solução de problemas

por meio da fé e o regozijo de suprema

felicidade por meio da fé. Conte à sua vizinhança

que É melhor refugiar-se no Senhor do que confiar no homem. É melhor refugiar-se no

Senhor do que confiar nos príncipes – Salmos

118:8-9. Diga em alto e bom som: Confiai sempre

no Senhor; porque o Senhor Deus é uma rocha eterna – Isaias 26:4. Diga a todos porque você

sabe que isto é verdade, pois procurou amigos

na hora das dificuldades e não foi ajudado. Que

cometeu até a tolice de esperar por auxílio de homens poderosos, que tinham condições de

ajudá-lo, mas que encontrou apenas desdém e

espanto por estarem sendo incomodados. Conte

a todos que a Majestade Suprema nunca tratou assim nem mesmo o mais simples dos seus

pedidos. Que nunca houve uma resposta ríspida

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112

por parte do Trono do Altíssimo, nem uma

rejeição nem desprezo ao menor dos seus

pedidos.

O Senhor tem sido melhor para com você, até mesmo mais do que a sua esperança ou a sua fé acreditavam e esperavam. Deus respondeu

ricamente, ajudou-o eficientemente, alegrou-o

abundantemente e encheu o seu espírito de

conteúdo agradável. Não é em vão que esperamos no Senhor. O caminho da fé é o

caminho da força e da segurança. Como é triste

a sina de quem nunca ora! Pouco importa que

outros poderes você possua; se não tiver poder com Deus, significa que não tem poder nenhum.

Àqueles que nunca oram ou que insultam Deus

com uma forma vazia de orar sem a participação

do coração, chegará um dia em que irão orar. E tão certo quanto vivem e morrem, irão orar e

suas orações não serão atendidas. O rico orou

por uma gota de água para esfriar sua língua

ardente, mas seu pedido foi recusado, pois já era tarde demais para orar – ele poderia ter tido a

Água da Vida para beber se ele tivesse orado

enquanto ele estava sobre a terra! O inferno está

cheio de orações não atendidas, que tiveram como resposta: Mas, porque clamei, e vós

recusastes; estendi a Minha mão, e não houve

quem desse atenção; antes desprezastes todo o

meu conselho, e não fizestes caso da minha repreensão; também eu me rirei no dia da vossa

calamidade; zombarei, quando sobrevier o

Page 113: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

113

vosso terror – Provérbios 1:24-26. Peça a Deus, e

Ele o ouvirá se você pedir agora. Mas Quando o

dono da casa se tiver levantado e cerrado a porta

(ver Lucas 13:25) não adiantará bater na porta Naquele dia. Nenhum pedido, gemido ou choro

prevalecerá nessa hora, pois terá passado o dia

da oração e a justiça, de espada em punho, estará à frente do Trono da Misericórdia

impedindo o acesso para sempre.

Possa o Senhor levar todos vocês a acreditarem em Jesus, e amá-lo com um coração ardente e puro, antes que seja tarde, por amor ao seu

nome. Amém.

Page 114: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

114

Oração a Deus em Angústia - um

Sacrifício Aceitável

Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio

Dutra.

"invoca-me no dia da angústia: eu te livrarei, e tu me glorificarás." (Salmo 50.15)

O Senhor Deus neste Salmo é descrito como

tendo uma controvérsia com o seu povo. Ele

convoca o céu e a terra para ouvi-lo enquanto

pronuncia sua reprovação. Somos informados mais claramente que o Senhor não tinha

qualquer controvérsia com o seu povo sobre o

exterior da sua adoração. Ele não os reprovou por seus sacrifícios e holocaustos. Ele mesmo

fala destes sacrifícios simbólicos e diz, "De tua

casa não aceitarei novilhos, nem bodes, dos teus

apriscos." (v.9). sua queixa não foi a respeito de cerimônias e rituais visíveis e isso mostra que

Ele não dá tanta importância às coisas

exteriores, como a maioria dos homens supõe.

Sua reclamação foi a respeito de adoração interior, da adoração da alma, do culto

espiritual! sua reprovação era de que o seu povo

não oferecia ação de graças e oração e que o seu comportamento era tão incoerente com suas

profissões que, claramente, seus corações não

Page 115: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

115

acompanhavam suas formalidades exteriores.

Esta foi a essência da acusação contra eles. Não

tinham a verdadeira comunhão com Deus, e

mantinham apenas a aparência dela. Vemos, então, que o culto de coração é a coisa mais

preciosa aos olhos do Senhor.

Também não é difícil ver por que é assim, pois é claro que se um homem tivesse mantido o ritual da antiga Lei até o máximo, ele ainda poderia

não ser, com sinceridade, um adorador de Deus

afinal. Ele poderia conduzir rebanhos inteiros

de suas ovelhas para a porta do templo para o sacrifício e ainda assim poderia não sentir

qualquer reverência espiritual em relação ao

Altíssimo. Provou-se vezes sem conta que o

maior cuidado e zelo para com cerimônias externas é bastante consistente com a ausência

absoluta de qualquer verdadeira compreensão

de Deus e do amor sincero por Ele. O hábito pode manter um homem exteriormente religioso

enquanto sua mente se esqueceu do Senhor!

Sim, a consciente falta de graça interna e vital

pode levar um homem a um zelo mais intenso em formalidades, a fim de esconder o seu

defeito.

Está escrito: "Israel abandonou o seu Criador e construiu templos." Você acha que se ele

constrói templos ele deve reconhecer o seu Deus, mas não foi assim. Dentro desses edifícios,

ele se escondeu dAquele que não habita em

Page 116: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

116

templos feitos por mãos. Sob as dobras das

vestes, os homens sufocam seus corações para

que não venham a Deus. Belas música afogam o

grito da alma contrita e a fumaça de incenso torna-se uma nuvem que esconde a face do

Altíssimo! Grandes sacrifícios podem muitas

vezes ser uma oferta feita para alimentar o orgulho pessoal de um homem rico. Sem

dúvida, alguns reis que deram grandes

contribuições para a casa de Deus fizeram isso

para mostrar a sua riqueza ou para mostrar sua generosidade, um pouco no espírito de Jeú, que

disse a Jonadabe, filho de Recabe, "Venha

comigo e veja o meu zelo para com o Senhor."

Um grande sacrifício pode ser nada mais do que

uma oferta para a popularidade e por isso é uma oferta ao egoísmo e vaidade. Com tais

sacrifícios, Deus não poderia estar satisfeito. Ai,

como é fácil contaminar a adoração de Deus e anular a sua qualidade até que, como o leite que

fica azedado, pode ser totalmente rejeitada.

Antes de proclamar as palavras do nosso texto, o Senhor disse no verso anterior o seguinte:

"Oferece a Deus sacrifício de ações de graças e cumpre os teus votos para com o Altíssimo;”,

porque havia perdido de seu povo, em primeiro

lugar, a sua gratidão. E em seguida, perdeu neles

aquela confiança santa que iria levá-los a recorrer a Ele na hora da necessidade, e

portanto, lhes diz: "Invoca-me no dia da

Page 117: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

117

angústia, eu te livrarei, e tu me glorificarás ".

Irmãos e irmãs, vocês têm falhado nessas duas

coisas preciosas? Você falha em

agradecimento? O Senhor multiplica os seus favores para muitos de nós - devemos

multiplicar nossos agradecimentos? A terra

devolve uma flor para cada gota de orvalho - devemos nós, da mesma forma, responder à

misericórdia abundante? Será que as bênçãos

da sua Providência e os favores de sua Graça nos

ensinam a cantar salmos para o sempre Misericordioso?

Será que não é muito frequente permitirmos que as misericórdias divinas venham a nós sem

serem dignas de uma palavra de gratidão?

Dedicamos um tempo para o louvor de Deus? Vocês, meus irmãos e irmãs, dão graças

em tudo? Eu também posso me aventurar a

perguntar se você paga seus votos a Ele? Em tempos de doença e tristeza você diz, "Gracioso

Senhor, se eu for recuperado, ou se eu for

livrado dessa condição, eu vou ser mais crente,

eu serei mais consagrado. Vou me dedicar somente a Ti, ó meu Salvador, se agora me

restaurares."

Você está atento a estes votos? É uma questão delicada, mas eu a coloco claramente, porque o

voto não resgatado é uma ferida no coração. Se você falhou em seus agradecimentos, lembre-

se que estas são as coisas para as quais Deus olha

Page 118: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

118

mais do que qualquer observância cerimonial

ou serviço religioso. Ele quer que você traga sua

gratidão diária e seja fiel a seus votos a Ele, pois

é digno de ser louvado e isto é conhecido a Ele pelo cumprimento do voto.

Deixe-me dizer que Deus deve considerar isto como sendo uma das formas mais aceitáveis de

adoração, a saber, que devemos invocá-lo no dia

da angústia! Ele nos diz que o nosso apelo por

sua ajuda na hora da angústia será mais aceitável para Ele do que as oblações que sua

própria Lei ordenou, mais agradável do que

todos os bois e bodes que príncipes poderiam

apresentar em seus altares!

São nossos gritos de angústia e nossos apelos de esperança aceitáveis a Deus? Então vamos

clamar fortemente a Ele! Alguns de vocês estão em águas turbulentas? Invocai-o! Você está no

deserto com fome? Invocai-o! Você está em

covas de leões e entre as montanhas dos

leopardos? Invocai-o! Se você está em perigo, assim como sua alma ou seu corpo, não hesite

em orar de uma vez, mas diga para si mesmo:

"Por que eu deveria desistir? Deixe-me dizer ao

Senhor da minha tristeza rapidamente, pois se Ele conta o meu apelo como um sacrifício digno,

com certeza eu vou apresentá-lo com todo o

meu coração!"

Que o Espírito Santo, o Consolador, nos permita clamar a Deus no dia da angústia porque isto traz

Page 119: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

119

glória a Ele. Peço que você observe o tempo que

é especialmente mencionado. Invocar a Deus

em qualquer tempo honra a Ele, mas invocá-lo

no dia da angústia tem uma marcação especial que é peculiarmente agradável ao Senhor,

porque isto produz Glória peculiar ao seu nome.

Observe, então, em primeiro lugar, que quando um homem clama a Deus, sinceramente, no dia

da angústia, isto é um reconhecimento

verdadeiro de Deus.

Devoções exteriores supõe um Deus, mas a

oração no dia da angústia prova que Deus é um fato para o suplicante. O suplicante aflito não

tem dúvida de que há um Deus, porque está

recorrendo a Ele quando a mera formalidade

pode produzir nenhum conforto. Deus não é um mero nome ou uma superstição para ele, pois

tem certeza de que há um Deus, porque está

clamando a Ele numa hora quando uma farsa seria uma tragédia e uma impostura seria uma

zombaria amarga. O suplicante aflito percebe

que Deus está perto dele. Tem uma percepção

da onipotência de Deus, pela qual Ele pode ajudar, e da bondade de Deus, que o levará a

ajudar.

Observe a seguir, que a promessa é pessoal. "Eu te livrarei." Não é dito: "Meus anjos devem fazê-

lo", mas o Senhor Deus se compromete a resgatar seu povo. "Eu serei um muro de fogo ao

redor deles." Então, também, é pessoal ao seu

Page 120: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

120

objeto pois o próprio homem que clama a Deus

em apuros deverá ser um participante da

bênção! "Invoca-me no dia da angústia, eu te

livrarei". É pessoal, pessoal para você! Portanto, caro amigo, acredite nesta promessa pessoal do

seu Deus!

Lembre-se, também, que é permanente. Você pediu esta promessa, alguns de vocês, há 50

anos, é tão certo hoje como era então. A

promessa de Deus que foi feita há 2.000 anos

atrás é tão válida como se tivesse sido proferida este dia.

Por último, se você confiar no seu Deus em sua aflição será livrado, e o Senhor será glorificado na sua conduta. Quando um homem ora a Deus

nas horas de angústia e recebe livramento,

assim como ele tem a certeza de obtê-lo, então

ele honra seu grande Ajudador ao contemplar a maneira em que a promessa foi cumprida,

adorando e bendizendo o Senhor amoroso por

tal interposição graciosa.

Em seguida, você irá honrá-lo pela gratidão do seu coração no qual a memória de sua bondade

estará sempre gravada. Esta gratidão devota de

vocês vai levá-los, no devido tempo, a darem

testemunho da sua fidelidade. Outros ficarão impressionados quando contar a história

daquilo que o Senhor tem feito por sua alma.

Page 121: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

121

Ao mesmo tempo, você, pessoalmente, vai crescer na fé pela experiência do amor e do

poder de seu Pai celestial. E nos próximos dias

você vai glorificá-lo pelo aumento da paciência e confiança. Você vai dizer: "Ele esteve comigo

em seis angústias e Ele vai estar comigo na

sétima. Tenho provado, meu Deus, e eu não me atrevo a duvidar dele." sua serenidade de

espírito será mais profunda e duradoura, e você

será capaz de desafiar o poder de Satanás ao

tentar roubar a sua alegria em Deus.

Page 122: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

122

Incentivo a Confiar e Orar

Partes de um sermão de Charles Haddon

Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.

“certamente, se compadecerá de ti, à voz do teu clamor, e, ouvindo-a, te responderá.” (Isaias

30.19 b)

O grande pecado do homem é sua alienação de

Deus. Ele tem dito em seu coração: "Não há

Deus", e em sua vida, ele trabalha para fugir da Presença Divina. A viagem para o país distante

não é feita apenas por causa da vida desregrada,

mas para que ele possa sair da casa do seu Pai.

Alguém poderia pensar que o homem tornaria para o Senhor, no dia da angústia, como disse

Oseias: "Na sua aflição eles vão procurar-me

mais cedo." Mas isso, infelizmente, não ocorre

na verdade e com sinceridade, pois muitas vezes o pecador segue o exemplo de Acaz, de quem

está escrito: "No tempo da sua angústia

transgrediu ainda mais contra o Senhor."

Todas as provações e dificuldades do mundo não irão, por si mesmas, levar um homem a

Deus, mas em vez disso o apressarão para a

rebelião, o desespero, e dureza de coração! O homem vai olhar para todas as direções antes do

que olhará para Deus. Ele vai antes, como Saul,

Page 123: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

123

procurar a ajuda de uma bruxa ou de um

demônio para buscar o Deus vivo. Ele vai, sim,

fazer uma aliança com a morte e uma aliança

com o inferno do que transformar o seu coração para o seu melhor Amigo e Ajudador. Está

escrito: "Ai dos que descem ao Egito para buscar

socorro, e que se estribam em cavalos, e têm confiança em carros e nos cavaleiros, porque

são muitos, porque são muito fortes, mas não

atentam para o Santo de Israel, e não buscam o

Senhor! "

Vão é o aviso, pois o homem ainda se inclina sobre um braço de carne e confia numa coisa

tola e fantasiosa em vez de confiar no Deus

Todo-Poderoso. O homem muda totalmente a

sua posição de confiança muitas vezes e agora depende disto, e depois, daquilo.

Nem é somente quando ele é enganado que ele persiste na sua insensatez, pois continua na

mesma, quando ele sabe que pagou caro por sua loucura e tem sido empobrecido por gastar seu

dinheiro naquilo que não é pão. O Egito esvaziou

o seu tesouro e não lhe deu qualquer ajuda. Ele

tem pensamentos dolorosos. Usa sua força mental. Faz esquemas. Ele se preocupa.

Preocupa-se em encontrar, em suas

confidências carnais, alguns poucos consolos. E

assim gasta a sua vida e seca até a medula dos ossos em busca na criatura daquilo que pode tão

facilmente ser encontrado no Criador!

Page 124: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

124

Mesmo quando empobrecido e desgastado com incredulidade, o homem não vai olhar para o

Senhor! Mesmo assim, ele adora alguma coisa

nova, que lhe promete assistência. Ele parece ansioso e disposto para ser enganado! Se, enfim,

toda a confiança carnal é excluída por pura

incapacidade de toda esperança, ele vai deitar e morrer, antes do que buscar o Senhor! Ele sofre,

ah, quão cruelmente, pelas alegrias vãs em que

confiava, mas que ainda as perseguiria se

pudesse. Ele vai mais cedo perecer com fome do que confessar o seu pecado contra o céu e

começar a viver pela fé em Deus!

Este é o fruto da Queda, a evidência negra da nossa depravação, a mãe fecunda de destruição

- "o pendor da carne é inimizade contra Deus."

Devemos ter algo para confiar, aquilo que possamos ver com nossos olhos e apalpar com

as nossas mãos - no Jeová invisível não podemos

confiar e ainda assim, sozinho, é o Deus vivo e

verdadeiro! Oh que fôssemos sábios, que entendêssemos e disséssemos isso em nossos

corações: "Vinde, e tornemos para o Senhor,

porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a

ferida e a ligará." Agora todo esse tempo, enquanto o homem está lutando para ficar

longe de Deus, o Senhor está disposto o

suficiente para recebê-lo, perdoá-lo, para

abençoá-lo e enriquecê-lo com toda a alegria! Nem somente está disposto, mas é capaz,

plenamente capaz de ajudar o coração

Page 125: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

125

perturbado em cada dificuldade e confortar

debaixo de toda angústia.

Por isso que o Senhor espera para que possa ter misericórdia e Ele é exaltado por mostrar

misericórdia. Se a falta de vontade fosse da parte

de Deus, poderíamos muito facilmente compreender e, em certa medida, justificar a

falta de vontade do homem para voltar-se para

Deus. Mas quando o Senhor incentiva o homem

a retornar, convida-o, arrazoa com ele, suplica-lhe e faz todos os preparativos para a sua

recepção, por que então é que o homem ainda se

recusa? seu Senhor deu ricas promessas de toda

a ajuda que ele possa desejar e é ingratidão imperdoável e obstinação perversa por parte do

homem que ainda persista em se manter

distante do seu Criador! Ele escolhe perecer

para sempre, antes do que confiar no seu Deus! Não é este o caso de alguns que leem estas

minhas palavras?

Desejo neste momento expor a graça de Deus e a sua prontidão para ouvir o clamor dos

necessitados, com a esperança de que alguns

aqui presentes, que possam ter esquecido isso,

possam ouvi-lo e serem encorajados a dizer: "Eu me levantarei e irei ter com meu Pai".

Ao tentar expor a Graça transbordante do

Senhor, nosso Deus, vou em primeiro lugar falar sobre o fato de que essa garantia é

particularmente adequada para certas pessoas.

Page 126: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

126

"Ele certamente, se compadecerá de ti, à voz do

teu clamor, e, ouvindo-a, te responderá.” Isto é

aplicável e confortável para todas as pessoas

aflitas! Para os tais eu me dirijo. Você que está deprimido neste momento pela dor pesada. As

coisas têm ido mal com você, e não prospera nos

negócios, ou está doente no corpo ou um ente querido está em casa definhando. Não admira

que esteja se sentindo extremamente

sobrecarregado em espírito! Ao mesmo tempo,

você está pouco à vontade quanto ao seu próprio estado. O ferro está entrando em sua alma!

Enquanto atravessa esta escuridão, você será

fortemente tentado a pensar duramente de

Deus e culpá-lo pelos problemas que agora o cercam! No entanto, isso só vai piorar as coisas e

aumentar o seu pecado e sua tristeza! Talvez,

também, você estará pronto para se desesperar

e dizer: "Não há esperança, estou tomado como em uma rede e não há escapatória para mim."

Possivelmente, você estará pronto para tentar algum método errado por meio de ajudar a si

mesmo das presentes angústias. Satanás irá

sugerir a você caminhos desonestos, impuros, ou imprudentes, que possuem alguma sombra

de alívio. Este é o seu perigo neste momento e,

compadecido de você, o Senhor nos convida a

assegurar-lhe que há um caminho muito mais sábio aberto para você, ou seja, voltar-se para

Ele, pois Ele vai se compadecer de você com a

Page 127: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

127

voz de seu clamor, e quando Ele ouvir, Ele irá lhe

responder!

Existe ajuda em Deus para a sua provação presente, qualquer que seja a forma que ela

assuma. A Infinita Sabedoria, entende isto e o

Poder Infinito pode ajudá-lo através disto. Deus pode retirar de você o que está sofrendo, ou

pode prevenir a ocorrência daquilo que você

teme. Ou, se, em sua sabedoria divina, Ele vê a

necessidade de fustigá-lo com a vara, Ele pode permitir que você o suporte e assim o faça

retornar para o seu bem eterno! Esteja bem

certo de que Ele não aflige nem entristece os

filhos dos homens ou tem qualquer prazer em suas tristezas. Ele se compadece daqueles que

estão aflitos, pois é muito sensível e cheio de

compaixão. E está sempre pronto para socorrer

o sofrido. Há uma razão para a provação pesada que agora você está experimentando - dependa

disso e não se queixe.

O Senhor não está agora lhe visitando com ira, mas com bondade em sua severidade. Você não

pode acreditar nisso?

É realmente assim e sua força, o seu conforto, a sua libertação final de tudo isso virá através de

seu conhecimento que isso é verdade e quando

agir em conformidade! Entregando-se a Deus e

confiando nele na provação, você obterá a libertação. "Porque assim diz o Senhor Deus, o

Santo de Israel: voltando e descansando, sereis

Page 128: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

128

salvos; no sossego e na confiança, estará a vossa

força."

Diga: "A partir deste momento, meu Pai, eu vou procurá-lo e você será meu Guia. Por meio de

Jesus Cristo, seu Filho, vou me aproximar de

você, confiando em seu sangue precioso. Ajuda-me e livra-me." Você deve encontrá-lo pronto

para perdoar e salvá-lo e viverá para louvar

Aquele cuja "misericórdia dura para sempre."

Deixe-me sussurrar em seus ouvidos a doce certeza do texto: "certamente, se compadecerá

de ti, à voz do teu clamor, e, ouvindo-a, te

responderá.”

A segunda classe de pessoas a quem o texto será muito aplicável é constituída por aqueles que

estão preocupados por causa do pecado -

pecadores que estão começando a sentir a iniquidade de seus pecados, que estão neste

momento sendo derrubados com um

sentimento de culpa e com o medo da punição.

Agora, a fim de escapar do pecado e do castigo, a primeira coisa a fazer é voltar para o seu Deus, a

quem você ofendeu, pois somente Ele pode

perdoá-lo. Deve haver um retorno em

arrependimento e um olhar dos olhos da fé para Deus em Cristo Jesus, ou você vai morrer em

seus pecados.

Uma aceitação alegre lhe espera, se você voltar para casa de seu Pai, Ele não vai censurar-lhe

por seus erros, mas tirará os trapos e lhe vestirá

Page 129: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

129

com o melhor manto da justiça de Cristo! Ele vai

encher a casa com música e se deleitará em ti.

Você não precisa fazer nada para tornar o

Senhor propício, pois Ele já é amor! Você não precisa se submeter a penitências, nem passar

pela angústia grave do espírito, a fim de tornar

Deus mais misericordioso, pois sua graça abunda! Em Cristo Jesus, o fluxo de Amor Divino

flui livremente, rápida e ricamente para o pior

dos homens! Somente volte para Deus, contra

quem tinha transgredido, reconhecendo a sua transgressão e coloque a sua confiança nele

através de Jesus Cristo, seu Filho, e "Ele

certamente, se compadecerá de ti, à voz do teu

clamor, e, ouvindo-a, te responderá.”

Se você olhar para a sua própria sabedoria, é evidente que você não pode guiar o seu próprio

caminho através do deserto sem caminhos da

vida. Qual é a sua sabedoria, senão a essência da loucura? Volte, então, com confiança infantil, a

Deus. Venha, crente, para o mesmo lugar onde

sua vida espiritual começou a encontrar a força,

a sabedoria, o descanso e tudo no Deus vivo! Que este versículo sorria para você e lhe dirija para

Deus "Ele "certamente, se compadecerá de ti, à

voz do teu clamor, e, ouvindo-a, te responderá.”

Esta CERTEZA que aqui é citada está muito

firmemente fundamentada. As palavras de nosso texto não são de velhas fábulas, elas não

são um conto bonito que as mães, às vezes dizem

Page 130: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

130

a seus filhos - uma história feita para agradá-los,

mas que não é verdade. O texto não é ficção, é

um dito fiel da boca de Deus. "Ele vai se

compadecer de você." Qual, então, é o fundamento desta certeza? E em primeiro lugar,

eu diria, a base do nosso conforto é encontrada

na promessa comum de Deus, como mencionada no texto e em muitas declarações

semelhantes que estão espalhados por toda a

Escritura.

Você quer saber por que devemos voltar para

Deus e confiar nele? É porque assim diz o Senhor, que não pode mentir, nem mudar - "Ele

"certamente, se compadecerá de ti, à voz do teu

clamor, e, ouvindo-a, te responderá.” Isto é uma

parte de sua Palavra infalível, não é? É verdade, então você não tem nenhuma dúvida sobre que

seja assim! Venha, então, com sua Bíblia aberta,

coloque o dedo sobre as palavras e diga: "Eu creio que Deus está aqui declarando sua

disposição de ser muito gentil para comigo e

ouvir a minha oração." Agora, o que mais você

precisa? Será que uma criança precisa de qualquer garantia melhor do que a palavra de

seu pai? Será que um verdadeiro discípulo

necessita de qualquer evidência mais forte do

que a promessa de seu Mestre?

"Está escrito." Isso não é o suficiente para você? Vá de joelhos e implore o cumprimento desta

Palavra de Deus de uma vez! Se o seu amigo

Page 131: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

131

tinha dito, "Eu vou conceder o seu pedido," você

não acredita nele? Não duvide, então, do seu

Deus, do seu Pai! Ele nunca lhe deu motivos para

desconfiança da sua Palavra. Não são todas as suas promessas fiéis? Venha, então, a garantia

está bem fundamentada. Se houvesse apenas

essa promessa, ela seria o suficiente, mas veja quantas existem! As graciosas promessas da

Palavra de Deus são tão numerosas como as

estrelas que iluminam o céu. "Eu nunca te

deixarei, nem te desampararei." "Minha graça é suficiente para você." "Não tenha medo, eu vou

te ajudar." "Aquele que crê não será confundido."

"Confia no Senhor e faze o bem, então você deve

morar na terra e verdadeiramente será alimentado." Eu não preciso citá-las, porque

você as conhece bem e seu número é muito

grande. Mas todas elas são feitas à fé e nenhuma

delas à incredulidade! Tenha fé nisto e creia no seu Deus e que a sua Palavra deve ser cumprida

em sua experiência feliz!

Um segundo terreno sobre o qual essa garantia está construída é a natureza da graça de Deus. O

texto dá a entender isso. "Ele vai se compadecer

de você." É a natureza de Deus, o Deus de Israel, é muito generoso em suas relações! Ele abre as

mãos e supre as necessidades de todos os seres

vivos. Ele é o Deus de graça! Ele também não

para por aí, pois enquanto é generoso para as suas criaturas carentes, Ele também é

misericordioso para com as suas criaturas

Page 132: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

132

pecadoras! O julgamento é a sua estranha obra,

mas tem prazer na misericórdia! Nada lhe

agrada mais do que passar sobre a transgressão,

a iniquidade e o pecado. Para que Ele pudesse usar seu atributo de misericórdia Ele sacrificou

o Amado da sua alma, o seu próprio Filho, Jesus!

Ele o entregou por todos nós - para que pudesse ter misericórdia de nossa raça culpada.

Isto é certo quanto ao caráter de Deus, que é rico em amor, graça e misericórdia, para que Ele tenha misericórdia daqueles que o buscam.

Vamos buscá-lo de uma vez, cada um de nós!

Além de tudo isso, Ele prometeu dar o Espírito Santo para ajudar na oração, ajudando as nossas

fraquezas, porque não sabemos o que havemos

de pedir como convém. Ele iria dar o Espírito

Santo e ainda fazer com que a oração seja ineficaz? Isto não é concebível! deleita a Deus

ouvir os clamores de suas criaturas! "Quando ele

ouvir tuas orações, Ele vai te responder" - é o que

diz o texto! Será que Ele não disse: "Antes de clamarem eles, eu responderei, estando eles

ainda falando, eu ouvirei "?

Que o Espírito Divino lhe ajude a orar neste dia! Se você orar e confiar nesse dia, será para você

como o início do dia, e de agora em diante você

deve deliciar-se na abundância de paz! Oh

crente, deve ser verdade para você, "Sua alma repousará no bem, e a sua descendência

herdará a terra"! Que o bom Espírito do Senhor

Page 133: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

133

derrame sobre você tal graça que será

abençoado e se tornará uma bênção para os

outros! Você deve caminhar alegremente

diante do Senhor nesta terra dos moribundos e, em seguida, deve permanecer com Ele para

sempre, acima, na terra dos vivos! Deus abençoe

a todos por amor do seu nome. Amém.

Page 134: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

134

A intercessão do Espírito Santo

Partes de um sermão de Charles Haddon

Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio

Dutra.

"Também o Espírito ajuda as nossas fraquezas: porque não sabemos o que devemos e o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito

mesmo intercede por nós com gemidos

inexprimíveis. E aquele que sonda os corações

sabe qual é a mente do Espírito, porque é ele intercede pelos santos de acordo com a vontade

de Deus." (Romanos 8.26,27)

O apóstolo Paulo estava escrevendo para um

povo em provação e aflição, e um de seus objetivos era o de lembrá-los dos rios de

conforto que estavam fluindo próximos deles.

Ele, antes de tudo despertou suas mentes puras

por meio da lembrança quanto à sua filiação, "pois” diz ele "os que são guiados pelo Espírito de

Deus, esses são filhos de Deus." Estavam,

portanto, sendo incentivados a participar de

Cristo, o irmão mais velho, com quem tinham se tornado co-herdeiros, e eles foram exortados a

sofrer com ele, para que pudessem ser

glorificados com ele. Tudo o que eles

suportaram veio da mão do Pai, e isso deveria consolá-los. Mil fontes de alegria são abertas

nessa abençoada adoção. Bendito seja o Deus e

Page 135: Orando no espírito com spurgeon   parte 2

135

Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual

temos sido gerados na família da graça.

Quando Paulo tinha aludido a esse assunto consolador ele se virou para a próxima base de conforto, pela qual somos sustentados sob as

presentes provações com esperança. Há uma

glória maravilhosa reservada para nós, e

embora ainda não possamos entrar nela, senão em harmonia com toda a criação, devemos

continuar a gemer, mas a própria esperança

ministrará força para nós, e nos permitirá

suportar com paciência “essas aflições leves, que são, apenas por um momento. "Isso também

é uma verdade cheia de refrigério sagrado: a

esperança vê uma coroa reservada, mansões

que Jesus preparou para nós, e com a visão arrebatadora ela sustenta a alma sob as tristezas

da hora. A esperança é a grande âncora por cujo

meio enfrentamos a presente tempestade.

O apóstolo, em seguida, apresenta uma terceira fonte de conforto, ou seja, a permanência do

Espírito Santo com o povo do Senhor. Ele usa a

palavra "também" para insinuar que, do mesmo

modo como a esperança sustenta a alma, igualmente o Espírito Santo nos fortalece sob a

provação. Esperança operada espiritualmente

em nossas faculdades espirituais, e assim o

Espírito Santo, de alguma maneira misteriosa, opera divinamente sobre as faculdades recém-

nascidas do crente, para que ele se mantenha

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firme sob suas fraquezas e enfermidades. Em

sua luz veremos a luz: Peço, portanto, que

possamos ser ajudados pelo Espírito enquanto

nós consideramos suas operações misteriosas.

O Espírito Santo nos ajuda a suportar a enfermidade do nosso corpo e da nossa mente, ele nos ajuda a carregar a nossa cruz, seja dor

física, ou depressão mental, ou conflito

espiritual, ou difamação, ou pobreza, ou a

perseguição. Ele ajuda a nossa fraqueza, e com um ajudante tão divinamente forte não

precisamos temer o resultado. A graça de Deus

é suficiente para nós, sua força será

aperfeiçoada na fraqueza.

Penso, queridos amigos, vocês todos admitirão, que se um homem pode orar, seu problema é ao

mesmo tempo aliviado. Quando sentimos que temos o poder de Deus e podemos obter

qualquer coisa que peçamos de suas mãos,

então, nossas dificuldades deixam de nos

oprimir. Lançamos nosso fardo sobre o nosso Pai celestial e somos tomados de uma confiança

infantil, e ficamos muito contentes em suportar

o que quer que sua santa vontade possa fixar

sobre nós. A oração é uma grande saída para o sofrimento. Banhamos nossa ferida no

unguento da oração, e a dor é abrandada e a

febre é removida.

Podemos ser levados a tal perturbação de mente, e perplexidade de coração, que não

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sabemos como orar. Vemos o propiciatório, e

percebemos que Deus nos ouve: não temos

nenhuma dúvida sobre isso, pois sabemos que

somos seus filhos prediletos, e ainda assim mal sabemos o que pedir. Caímos em tal peso de

espírito, e emaranhamento de pensamento, que

o remédio da oração, que temos sempre para ser infalível, parece ser tirado de nós. Aqui, então,

em cima da hora, como um socorro bem

presente na hora da angústia, vem o Espírito

Santo. Ele se aproxima para nos ensinar a orar, e desta forma ele ajuda a nossa fraqueza, alivia o

nosso sofrimento, e nos permite suportar o

pesado fardo sem desmaiar sob a carga.

Se o crente pode fazer qualquer coisa e tudo para

Deus, então ele aprende a se gloriar na fraqueza, e alegrar-se na tribulação, mas às vezes estamos

em tal confusão de espírito que não sabemos o

que havemos de pedir como convém. Em certa medida, através da nossa ignorância, nós nunca

sabemos o que havemos de pedir até que

sejamos instruídos pelo Espírito de Deus.

Vindo em nosso auxílio em nosso espanto ele

nos instrui. Esta é uma de suas operações frequentes sobre a mente do crente: "ele vos

ensinará todas as coisas." Ele nos instrui quanto

à nossa necessidade, e quais são as promessas

de Deus, que se referem a essa necessidade. Ele nos mostra onde estão nossas deficiências, o

que os nossos pecados são, e quais são as nossas

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necessidades, ele lança uma luz sobre a nossa

condição, e nos faz sentir profundamente nossa

impotência, pecaminosidade, e extrema

pobreza, e, em seguida, ele lança a mesma luz sobre as promessas da Palavra. Sob essa luz ele

faz brilhar a promessa em toda a sua veracidade,

certeza, doçura e adequação, para que nós, pobres filhos trêmulos dos homens, ousemos

tomar a palavra em nossa boca, que veio pela

primeira vez da boca de Deus, e depois vem com

ele como um argumento, para pleitearmos perante o trono da graça celestial. Nossa vitória

na oração encontra-se na reivindicação:

"Senhor, faze como disseste."


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