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Sindrome Compartimental

Date post: 05-Dec-2015
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Artigo sobre a Sindrome Compartimental
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SINDROME COMPARTIMENTAL E MINIFASCIOTOMIA , DIAGNOSTICA A finalidade do presente estudo foi rever a experiencia do Servi90 de Cirurgia Vascular da Faculdade de Medicina de Sao Jose do Rio Preto (SP), analisando as dificuldades diagn6sticas e a partir dai propor a rninifasciotornia como proce- dimento diagn6stico alteruativo nos casos duvidosos daquela sindrome. Fo- ram avaliados 14 pacientes submetidos afasciotornia no periodo compreendido entre 1994 e 1996. As idades variaram entre 7 e 65 anos com media de 33 anos, sendo que 12 pacientes eram do sexo masculino e dois do sexo feminino. As causas deterrninantes foram: traumatica em tres; fratura de tibia em dois; rabdorni6Iise alc061ica em urn e revascu1ariza9ao dos membros em oito pacien- tes. Em tres pacientes com duvida diagn6stica realizou-se uma rninifasciotomia seguida de fasciotomia classica ap6s comprova9ao da elevada tensao compartimental. Esses pacientes apresentaram boa evolu9ao, evitando-se com- plica90es maiores que poderiam ocorrer com a demora para interven9ao. Con- clui-se que minifasciotornia diagnostica pode ser util quando nao se disp5e de outro meio diagnostico mais objetivo. UNlTERMOS: Sindrome compartimental, diagnostico. Jose Maria Pereira de Godoy ProtAssistente do Servi90 de Angiologia e Cirurgia VasculardafAMERP Moacir Fernandes de Godoy Prot Dr:Adjunto do DeptO, Cardiologia e Cirurgia Cardio-vascular da FAMERP Adinaldo Meneses da Silva Auxiliar de Ensino do Servi90 deAngiologia Vascularda FAMERP Luis Fernando Reis Auxiliar de Ensino do SerVi'¢o deAngiologia Vascularda FAMERP A sfndrome compartimenta1 aguda dos membros pode ser definida como a em que 0 aumento da pressao dentro de urn 1imitado compromete a cir- ea dos tecidos des- se compartimento ou, onde 0 aumen- to da pressao reduz a perfusao capi- 1ar abaixo dos limites necessarios para permitir a viabilidade tecidual local e distal (1). As conseqtiencias da isquemia compartimental fmam descritas pe1a primeira vez por Volkmann em 1881 e atribuidas ainsuficiencia arterial e a estase venosa resultantes de bandagem compressiva da extremi- dade (1). o termo "contratura isquemica de Volkmann" foi atribuido por Hildebrand em 1906, que associou a para 0 interior da com- partimento como a responsave1 pe10 aumento da pressao (2). Murphy, em 1914, responsabilizou 0 aumento da pressao compartimental pela isquemia tecidual e preconizou a fasciotomia descompressiva como procedimento terapeutico (3). Seddon, em 1966, foi 0 primeiro a descrever os aspectos clinicos da sindrome compartimental (4). A Sindrome Compartimenta1 Agu- da dos membros e habitualmente descrita em com 0 trauma, fratura ea insuficiencia vascular aguda. Outras como queimaduras, bandagens compressivas, fechamento cirurgico de aponeurose com do com- partimento, disturbios de e cisto de Backer roto, tern sido descritos (1,5,6). A sindrome compartimental cronica associa-se mais aos casos em que ha de exercicios fisicos constantes (6). Varios estudos tern confirmado a re- Trabalho Realizado no Servi- <;0 de AngiologiaVascular do Faculdade de Medicina de Sao Jose do Rio Preto. Endere<;o para Correspon- dencia: Faculdade de Medicina de Sao Jose do Rio Preto Avenida Faria Limo, 5416, 15090-000 Sao Jose do Rio Preto- SP 99 CIR VASC ANGIOL: 14: 99-102, 1998
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SINDROME COMPARTIMENTALE MINIFASCIOTOMIA

,

DIAGNOSTICA

A finalidade do presente estudo foi rever a experiencia do Servi90 de CirurgiaVascular da Faculdade de Medicina de Sao Jose do Rio Preto (SP), analisandoas dificuldades diagn6sticas e a partir dai propor a rninifasciotornia como proce­dimento diagn6stico alteruativo nos casos duvidosos daquela sindrome. Fo­ram avaliados 14 pacientes submetidos afasciotornia no periodo compreendidoentre 1994 e 1996. As idades variaram entre 7 e 65 anos com media de 33 anos,sendo que 12 pacientes eram do sexo masculino e dois do sexo feminino. Ascausas deterrninantes foram: traumatica em tres; fratura de tibia em dois;rabdorni6Iise alc061ica em urn e revascu1ariza9ao dos membros em oito pacien­tes. Em tres pacientes com duvida diagn6stica realizou-se uma rninifasciotomiaseguida de fasciotomia classica ap6s comprova9ao da elevada tensaocompartimental. Esses pacientes apresentaram boa evolu9ao, evitando-se com­plica90es maiores que poderiam ocorrer com a demora para interven9ao. Con­clui-se que minifasciotornia diagnostica pode ser util quando nao se disp5e deoutro meio diagnostico mais objetivo.

UNlTERMOS: Sindrome compartimental, diagnostico.

Jose Maria Pereira de GodoyProtAssistente do Servi90 deAngiologiae CirurgiaVasculardafAMERP

Moacir Fernandes de GodoyProtDr:Adjunto do DeptO,Cardiologia e CirurgiaCardio-vasculardaFAMERP

Adinaldo Meneses da SilvaAuxiliarde Ensino doServi90deAngiologia VasculardaFAMERP

Luis Fernando ReisAuxiliardeEnsino do SerVi'¢odeAngiologia VasculardaFAMERP

A sfndrome compartimenta1aguda dos membros pode ser

definida como a condi~ao em que 0aumento da pressao dentro de urnespa~o 1imitado compromete a cir­cu1a~ao e a fun~ao dos tecidos des­se compartimento ou, onde 0 aumen­to da pressao reduz a perfusao capi­1ar abaixo dos limites necessariospara permitir a viabilidade teciduallocal e distal (1).As conseqtiencias da isquemiacompartimental fmam descritas pe1aprimeira vez por Volkmann em 1881e atribuidas ainsuficiencia arterial ea estase venosa resultantes debandagem compressiva da extremi­dade (1).o termo "contratura isquemica deVolkmann" foi atribuido porHildebrand em 1906, que associou atransuda~ao para 0 interior da com­partimento como a responsave1 pe10aumento da pressao (2).

Murphy, em 1914, responsabilizou 0aumento da pressao compartimentalpela isquemia tecidual e preconizoua fasciotomia descompressiva comoprocedimento terapeutico (3).Seddon, em 1966, foi 0 primeiro adescrever os aspectos clinicos dasindrome compartimental (4).A Sindrome Compartimenta1 Agu­

da dos membros e habitualmentedescrita em associa~ao com 0trauma, fratura e a insuficienciavascular aguda. Outras associa~6es,

como queimaduras, bandagenscompressivas, fechamento cirurgicode aponeurose com redu~aodo com­partimento, infec~ao, disturbios decoagula~ao e cisto de Backer roto,tern sido descritos (1,5,6).A sindrome compartimental cronicaassocia-se mais aos casos em queha rea1iza~ao de exercicios fisicosconstantes (6).Varios estudos tern confirmado a re-

Trabalho Realizado no Servi­<;0 de Angiologia Vascular doFaculdade de Medicina deSao Jose do Rio Preto.

Endere<;o para Correspon­dencia:Faculdade de Medicina deSao Jose do Rio PretoAvenida Faria Limo, 5416,15090-000Sao Jose do Rio Preto- SP

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SINDROME COMPARTIMENTAL

lac;:ao entre 0 aumento da pressaointra-compartimental e a isquemiados musculos. Sabe-se que pressoesacima de 30 mmHg no compartimen­to, ja sao sufieientes para causarisquernia importante (7,8).A fasciotornia precoce e mandat6riadevido a musculatura nao tolerarisquernia por mais de 4 a 12 horas,necessitando assim de decisao rapi­da, tendo que considerar que muitasvezes os pacientes chegam com va­rias horas de evoluc;:ao (9).A importancia no reconhecimentoprecoce com realizac;:ao dafasciotornia esta na prevenc;:ao decomplicac;:oes agudas comornionecrose, rabdorni6lise, infecc;:aoda musculatura necr6tica, deficitneurol6gico e, cronicamente, acontratura de Volkmann, ou perda daextremidade. Entretanto, 0 seu re­conhecimento nem sempre e faeil,pois depende de dados subjetivos ea dificuldade aumenta nos pacientessem condic;:ao de informar a respei­to dos sintomas, como nos casos decoma ou perda de consciencia.o objetivo do presente estudo foisugerir a rninifasciotornia diagn6sticanos casos de duvida onde nao se dis­poe de outro meio diagn6stico me­nos invasivo.

CASUISTICA

Foram avaliados 14 pacientes sub­metidos a fasciotomia paradescompressao por sfndromecompartimental, no perfodo de 1994a 1996. A idade variou de 7 a65anos, com media de 33 anos, sendodois pacientes do sexo ferninino e 12do sexo masculino.Os critedos para a indicac;:ao dafasciotomia foram a hist6ria e ossinais e sintomas clfnicos, como dor,dor a compressao da musculatura,

edema, tensao na fascia e sinais esintomas neurol6gicos, comoparestesia, hipoestesia e anestesia.

METODO

Em tres pacientes de duvidadiagn6stica, optou-se pela realizac;:aode uma minifasciotomia comanestesia local. Foi feita uma inci­sao longitudinal, de 5 cm, na bordalateral da tibia ate ser atingido 0 pla­no muscular expondo-se 0 compar­timento anterior. Isto permitiu obser­var sinais de isquernia pela palidezda musculatura e a herniac;:ao dosmusculos em conseqUencia do au­mento de pressao. Optou-se entao,por completar a fasciotornia nestestres pacientes.

RESULTADOS

Nos pacientes onde a fasciotomia foirealizada tardiamente, houve evolu­c;:ao para necrose muscular, infecc;:aoe necessidade de amputac;:ao domembro em dois casos.Em quatro pacientes observou-se asfndrome de reperfusao com altera­c;:ao de CPK, TGO, TGP e creatinina,retornando aos nfveis de normalida­de posteriormente. Em tres casosobservou-se a necrose de feixe mus­cular isolado associado ainfecc;:ao.

DISCUSSAO

o diagn6stico precoce da sfndrome 'compartimental e fundamental paraevitar as complicac;:oes da sfndrame.Entretanto, nem sempre e possfveldevido aimpossibilidade de informa­c;:ao por parte de alguns pacientes eda pr6pria sensibilidade deste aisquernia. Essas duvidas e a nao dis­ponibilidade de urn metodo objetivolevou aopc;:ao pela realizac;:ao de uma

Jose Maria Pereira de Godoy e Cols.

mini fasciotornia diagn6stica, realiza­da com anestesia local e visao dire­ta das estruturas musculares. Amedida de pressao dos comparti­mentos poderia ter sido utilizada,entretanto apesar do baixo custo se­ria necessario ter uma experienciaprevia e a confiabilidade na sua rea­lizac;:aoNos tres casos ficou demonstrada anecessidade de ampliac;:ao para com­pletar a fasciotornia, verificando-seap6s 0 procedimento, que a muscu­latura retornou acolorac;:ao normal,mostrando que este metodo, apesarde invasivo, pode ser util quando naose dispoe de outra opc;:ao. Estespacientes poderiam ter todasas complicac;:oes da sfndromecompartimental caso nao fosse de­cidido pela fasciotomia.No caso de nao se constatar altera­c;:oes significantes, pode-se realizaruma sutura precoce da ferida ouaguardar a evoluc;:ao do paciente comobservac;:ao constante, uma vez quepode ocorrer evoluc;:ao posterior paraa sfndrome compartimental com anecessidade de intervenc;:ao.Como regra geral, no total de casosestudados, a dor, a tensao daaponeurose e os sinais e sintomasneurol6gicos foram decisivos paraindicac;:ao da fasciotomia e em todosos casos comprovou-se que a mus­culatura estava isquerniada, pela co­lorac;:ao palida e pela herniac;:ao, comretorno a colorac;:ao normal ap6s afasciotomia.Em apenas urn caso nao se obser­YOU pulsos distais, que retornaramap6s a fasciotomia e em outra, as­sociou-se uma dirninuic;:ao do pulsoem relac;:ao ao lado contra-lateral eao tibial posterior do mesmo mem­bra tambem com retorno ao normalap6s a descompressao. Isto de­monstra que nao se deve esperar 0

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SfNDROME COMPARTIMENTAL

desaparecimento dos pulsos pararealizar a descompressao.Quando indicado, 0 debridamentomuscular deve ser minimo inicial­mente com reavalia<;ao da viabilida­de ap6s 72 horas (10).o compartimento anterior e 0 maisvulnenivel ao desenvolvimento dasindrome, seguindo-se pela ordem, 0

lateral, 0 posterior eo profundo. En­tretanto , nos casos de trauma da ti­bia, 0 comprometimento do profun­do passa a ser 0 mais comum.Oredson et al. usando 0 manitol emmodele animal de sindromecompartimental, observou que elepode reduzir 0 edema muscular e apressao, enquanto a fasciotomia nor-

SUMMARY

COMPARTIMENTALSYNDROME AND

DIAGNOSTIC MINIFASCIOTOMY.

The purpose of study was to reviewour experience with compartmentalsyndrome and propose a minifasciotomy as an alternative diagnosticprocedure in doubtful cases. Fourteenpatients wer submitted to fasciotomybetween 1994 and 1996. The ages variedfrom 7 and 65 years average of 33 years,and 12 patients were males.The etiologiccauses were: traumatic in tree; tibialfracture in two; alcoholic rabdomiolisisin one and revascularizacion of the lower

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Amendola,A;Rorabeck,CH;Vellet,D:The use of magnetic ressonanceimaging in exertional compartmentsyndromes. Am J Sports Med18:29,1990.

2 David HG: Pulse oximetry in closedlimb fractures. Ann R ColiSurg Engl7]: 283,1991.

3 Hecmann, MM; Whitesides, TE;Grewe, SR; Rooks MD. Compmtmentpressure in association with closed

maliza a pressao do compartimento,mas nao reduz 0 edema muscular(10).Alem da medida direta da pressaocompartimental tern sido relatadosoutros meios como a ressonanciamagnetica (1) , a oximetria de pulse(2), 0 duplex venoso (5) e acintilografia (7). Entretanto, a dispo­nibilidade destes recursos, 0 tempogasto para realiza-Ios e aconfiabilidade tecnica nos exames,devem ser avaliadas.No presente estudo ficou bern de­monstrada a utilidade daminifasciotomia na avalia<;aodiagn6stica precoce da existencia desindrome compartimental.

extremities in eigh patients. In tree patientswith diagnostic doubt, a fasciotomy wasperformed followed by classicalfasciotomy after conflrmation of the highcompal1mental pressures. These patientspresented good recovery avoiding largercomplications that could occur withdelayed intervention. The authors concludethat diagnostic fasciotomy can be a usefultool when a more objetive diagnosticprocedure is unavailable.

KEY WORDS: Compartmental, syndromediagnosis

tibial factures. J Bone JointSurg 76­A:/285-/292, 1994.

4 Hildebrand, Die lehre von denischaemische muskellhmungem undKontrakturen. Samme Klin r1Jrtrage122: 4]7,1096

5 Jones WG 2nd; Perry, MO; BuschHL Jr. Changes in tibial venousbloodflow in the evolvingcompartment syndrome. Arch Surg124: 801,1989.

Jose Maria Pereira de Godoy e Cols.

CONCLUSAO

A fasciotornia realizada tardiamen­te pode levar as complicacoes daisquemia devendo, portanto, ser re­alizada 0 mais precocemente possi­vel.As duvidas diagn6sticas porem, saofreqtientes e por vezes a rna quali­dade das informa<;oes dos pacientese a subjetividade das mesmas cau­sam ainda maior dificuldade.A minifasciotomia diagn6stica re­presenta uma op<;ao para os casosnos quais se tern duvida e nao se dis­poe de urn meio diagn6stico mais ob­jetivo.

6 Kuber DA, Tompkins GS, Hiatt JR.Compartment syndrome. In: VascularSurgery, Principles and Practice.Veith, KJ; Hobson, Ryv, Williams,RA; Ttl/son, SE, 2 ed,1994, p. 10JJ­1120.

7 Martin P: Basic principles of nuclearmedicine techniques for detectionand evaluation of trauma in sportsmedicine injuries. SminNuclMed18:90,1988.

8 Mubarak SJ, Owen CA, Hargens,AR, Garetto LP, Akeson WH Acutecompm1ment syndromes: diagnosisand treatment with aid of the Wickcatheter. J Bone Joint SUfg, 60­A:1091-1095,1978.

9 Murphy JB, Myositis. JAMA6]:/249,1914.

10 Oreddon S, Plate G, Quarfordt PThe effect of mannitol on reperfusioninjury and post ischaemiccompartment pressure in skeletalmuscle.Eur J Vase Sttrg 8(]):]26, 1994.

11 Rorabek CH Treatment ofcompartment syndromes of the leg.J Bone Sttrg 66B: 93,1984.

12 Sanderson RA. Histologicalresponse of skeletal muscle totisquemia. Clin. Orthop, 11]:27,1975

elR VASe ANGIOL: 14: 99-102, 1998 101

SINDROME COMPARTIMENTAL

13 Seddon HI Volkmann ischemia inthe lower limb. J Joint Surg.48 B:627,1966.

14 Sheridan RL, Tompkins RG,

McManus WF, Pruitt BAIntracompartmental sepsis in bumpatients. J Trauma 301-305,1994.

15 Whitesides TE, Haney TC,

Jose Maria Pereira de Godoy e Cols.

Morimoto K. Harada H.Tissuepressure measurements as adeterminant for the need offasciotomy. Clin Orthop, 131: 43­51,1975

102 CIR VASC ANGIOL: 14: 99-102,1998


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