Date post: | 01-Dec-2014 |
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Políticas públicas: como entender e como influenciar?
Fonte: Africa Institute for Governing with Integrity
Curso: Citizen Focused Public Policy, Dezembro 2010
Formadora: Fiona White, [email protected]
Sylvia Croese, Janeiro [email protected]
Políticas públicas: como entender
O que é que são políticas públicas?
Acções levadas a cabo pelo estado com relação a uma questão específica que afecta a sociedade
Uma série de medidas, leis, regulamentos, planos, programas, etc.
Políticas públicas: como entender
Identificação da questão, ou seja o problema: como é que os
problemas surgem?
Estado actual da sociedade História da questão Conflito Os ‘frames’ dos interessados
Definição da questão: Conhecimento e provas (pesquisa) Informação (estatísticas)
Políticas públicas: como entender
‘Policy making’ em teoria:
Identificação: ‘agenda setting’ Definição elaboração legitimização
implementação avaliação
Na realidade: Um processo extremamente complexo sem claro
início ou fim, mas caracterizado por uma rede de interacções culminando numa decisão que articula objectivos, metas e meios
Decidir quais são os problemas mais importante de que decidir quais as soluções
‘non-decision making’
Políticas públicas: como entender
‘The possibility of imposing one’s will upon the behaviour of other persons’
Max Weber, 1954, On Law in Economy and Society, Cambridge: Harvard University Press
‘A has power over B to the extent that he can get B to do something that B would not otherwise do’
Dahl, 1957, The Concept of Power, Behavioural Science, 2:3 (July)
Poder:
Políticas públicas: como entender
Fontes de poder: Personalidade / liderança Riqueza Organização
Como exercer: Exercer poder através da tomada de decisões Exercer poder através de ‘agenda setting’ Exercer poder através do sistema (dentro e fora
da esfera pública, ‘regras do jogo’)
Políticas públicas: como entender
Ferramentas no exercício de poder: Condignamente Compensação Condicionamento
Políticas públicas: como entender
Actores: estatais vs não-estatais Estatais: governo, partidos políticos, políticos,
funcionários do estado Não-estatais/‘interest groups’/sociedade civil:
Indivíduos, comunidades Redes, movimentos Associações: religiosas, cívicas, etc. sindicatos, câmaras de comércio
Sector privado Nível nacional/regional/provincial/local
Políticas públicas: como entender
Quem somos nós?
Entender a nossa organização como actor dentro do processo de governação
Legitimidade organizacional▪ O que faz a organização legítima? ▪ Porque é que a organização tem o direito de influenciar políticas?
Democracia interna ▪ Quem toma as decisões dentro da organização?▪ Qual é a base para estas decisões?
Entender o teu papel na organização Dinâmicas de poder existem no ambiente
político/políticas, mas também dentro da nossa organização ou nossa área de trabalho
Entender e lidar com ambos lados
MATRIZ DO PODER
IMPORTÂNCIA
INFLUÊNCIA
Políticas públicas: como influenciar
Para termos um impacto efectivo, temos que entender as dinâmicas de poder e usá-las através de estratégias: Legítimas vs não-legítimas Participação vs acção
Mas antes disso, qual é o problema?
Análise do problema
Consenso sobre o problema ou a
necessidade para análise
Identificação do ‘problema focal’, a
questão mais crítica
Identificação de todos os outros
problemas relacionados com o
problema focal
Desenvolver uma árvore dos
problemas para mostrar a
hierarquia entre os problemas em
termos das causas e efeitos
A análise do problema envolve quatro passos principais:
Árvore dos problemas ‘Problem Tree’
Prejuízo financeiro
passageiros
Passageiros não chegam à
tempo
Custos elevados serviços médicos
Passageiros mortos ou
feridos
Elevada frequência de acidentes de autocarro
Condutores conduzem de
forma perigosa
Falta de formação
Falta de recrutamento
Autocarros em mau estado
Falta de manutenção
dos autocarros
Autocarros de má qualidade
Estradas em mau estado
Falta de manutenção das estradas
Efeitos
Problema focal
Causas
Análise do objectivo
A análise do objectivo traduz os problemas identificados na árvore em resultados positivos.
Como:
Converter todos os elementos negativos na árvore dos problemas em elementos positivos – aquilo que é desejado
Verificar a relação entre os meios e fins para assegurar que estejam válidos e completos.
Onde for necessário, alterar os elementos e incluir novos objectivos (por exemplo se for claro que outros elementos serão precisos para poder atingir o próximo nível na hierarquia).
Fins
Objectivo focal
Meios
Árvore dos objectivos ‘Objective tree’
Reduzir o prejuízo
financeiro passageiros
Passageiros chegam à
tempo
Reduzir os custos serviços
médicos
Reduzir número de passageiros
mortos ou feridos.
Reduzir a frequência de acidentes de autocarro
Condutores conduzem de forma segura
Mais/melhor formação
Mais/melhor recrutamento
Autocarros em bom estado
Mais/melhor manutenção
dos autocarros
Autocarros de melhor
qualidade
Estrados em bom estado
Mais/melhor manutenção das estradas
Objectivos SMART
S
M
A
R
T
Objectives
Logical Framework ?
Um processo analítico que envolve uma sequência
estruturada de passos, usando um conjunto de ferramentas
e princípios
Objectivo:
orientar uma planificação e implementação eficaz, eficiente e consistente de projectos
reforçar o processo participativo
gerar informação para outras tarefas essenciais como a análise e gestão de riscos, planificação de trabalho, orçamentação e monitoria
Logical Framework
• Não se prepara o LFM no final do processoProcesso tão importante
como o produto
• Não é um processo mágico – requer esforço e reflexão
Processo analítico – promover pensamento
lógico e estruturado
• Incluir todas as pessoas chave no processo
Promover a participação dos interessados, diálogo e
consenso
• Documento ‘vivo’ – pode ser modificado durante a implementação
Processo iterativo - decisões prévias precisam de ser reconsideradas com
frequência
Guia na monitoria e outros processos de avaliação
Os passos na compilação do LogFrame
Análise do problema
Análise do objectivo/
meta
Análise de estratégias
alternativas
Análise dos interessados
Esboçar o LogFrame
Plano de Trabalho
Plano Financeiro/R
ecursos
Completar a Matriz LogFrame
A Matriz
Descrição da Actividade Indicadores Fontes de Verificação Suposições (Riscos)
Objectivo O objectivo fundamental pela qual a actividade irá contribuir
Para medir em que medida se faz progresso com relação ao objectivo.
Como é que se vai juntar as informações, quando, por quem e como se fará o relatório.
Metas (para objectivo)
Mais específicamente, as metas a serem atingidas através da actividade.
Para medir em que medida (qualidade, quantidade, tempo) se faz progresso com relação às metas.
Fontes de informação e como se fará o relatório.
Factores fora do controlo da gestão da actividade que possam ter impacto na ligação entre actividade, objectivo e metas.
Outputs Os produtos e/ou os serviços entregues/realizados através da actividade dentro do controlo da gestão da actividade.
Para medir em que medida (qualidade, quantidade, tempo) os outputs foram entregues/realizados.
Como é que se vai juntar as informações, quando, por quem e como se fará o relatório.
Factores fora do controlo da gestão da actividade que possam ter impacto na ligação entre actividade, objectivo e metas.
Tarefas/ actividades
As tarefas/actividades a serem concluidas para entregar/realizar os outputs planificados.
Para medir em que medida as tarefas/actividades foram concluidas conforme o plano.
(Resumo despesas/orçamento).
Factores fora do controlo da gestão da actividade que possam ter impacto na ligação entre as tarefas/actividades e output.
Análise de estratégias alternativas
Através da análise do objectivo poderá-se identificar um número de abordagens inter-relacionados a serem adoptados para atingir um certo impacto de desenvolvimento. Deve-se decidir qual/is objectivo/s serão incluidos na estratégia da actividade.
A análise de estratégia envolve sete passos principais:
Identificar as várias abordagens
na árvore de objectivos
Eliminar aqueles objectivos que claramente não
poderão ser atingidos
Identificar abordagens já
usados por outras actividades na mesma área
Avaliar as implicações das
diferentes estratégias nos
differentes interessados
Avaliar a medida em que as
estratégias são realizáveis
Verificar a escolha em relação aos critérios chaves
Fazer uma análise detalhada dos
riscos relacionados à estratégia
escolhida
Critérios chaves na análise de estratégia
Existem vários critérios que possam ser usados na escolha da estratégia mais apropriada:
Critérios sociais
• Distribuição de custos e benefícios, questões de género, constrangimentos sócio-culturais, preferências locais, motivação e benefícios para o grupo alvo, potenciais ‘campeões’ do projecto
Critérios meio
ambiente
• Impacto ambiental, custos ambientais contra benefícios, potencial para melhorias ambientais
Critérios técnicos
• Aplicabilidade de recursos, uso de recursos locais, realizibilidade técnica, sustentabilidade
Critérios institucion
ais
• Capacidade institucional existente, contributo da estratégia no reforço de capacidade, liderança
Critérios económicos/financ
eiros
• Custos/benefícios, eficácia, sustentabilidade financeira (custos periódicos)
Critérios chave no uso da análise de Estratégia
Outras questões importantes possam incluir:
A capacidade dos interessados chave
Ligações com outras actividades
Preferências dos beneficiários visados
Urgência da situação
Experiência prévia dos interessados
Vontade política, liderança e oportunidade
Estratégias legítimas
Conexões/contactos
Mídia Manifestações
Partidos políticos Legislatura Governo
Estratégias não-legítimas
Violência colectiva
Perturbação de ordem pública
Estragar propriedade
pública
Terrorismo
Assassinato
Estratégia: Participação•“A abertura de
actividades do estado à participação da sociedade...para melhorar a prestação de contas e governação”
•John Ackerman, 2004, Co-Governance for Accountability: Beyond "Exit" and "Voice". World Development. 32(3): 448.
Governação/democracia participativa
Governação participativa
Participação resulta em
representação, um elemento chave no
processo de empoderamento
Empoderamento permite ter “uma voz nas decisões sobre políticas
públicas” e eventualmente na “redução de
pobreza e o aumento de
equidade” (Blair citied in Gaventa, 2004:32)
A sociedade civil pode ajudar os
cidadãos a desenvolver uma noção forte do seu direito de reinvindicar os seus direitos e
expressar opinões e assim funcionar mais eficazmente em processos de
participação
Governação participativa: preocupações
• Governação participativa não resulta necessáriamente em mais inclusividade e políticas que beneficiam os pobres
• Reduzir a pobreza e desigualdade depende da natureza das dinâmicas de poder que cercam ou entram nos espaços potencialmente democráticos
• Participação pode ser facilmente cooptada pelas elites
• Participação tem que ocorrer em termos iguais com direitos iguais e oportunidades para todos de expressarem os seus interesses
Governação participativa: preocupações
• Participantes no processo de tomada de decisões não podem estar numa posição que lhes permita obrigar ou ameaçar outros a aceitarem certas propostas ou resultados
• Governos ou aqueles com capacidade de organização podem institucionalisar ou usar a participação e assim canalizar a organização dos ‘previamente excluídos’ para os seus próprios fins
• Estruturas participativas ou fóruns podem fazer com que a sociedade civil começa a engajar o governo nos seus próprios termos
Estratégia: Acção
Exemplos: Marchas, protestos Usar os mídia Usar a via legal (por exemplo, pôr um caso no tribunal) Acção ilegal (exemplo Soweto Electricity Crisis Committee)
Estratégia: Acção
A acção directa pode ser necessária quando “elites poderosas representando segmentos sociais estruturalmente dominantes exercem uma influência significativa sobre processos e decisões políticos” (Young, 2001:677).
A acção directa pode reforçar a democracia quando ela:
aumenta as possibilidades de acesso ao sistema político
contribui à criação de um espaço público para debate e influência
aumenta o número de formas em que as decisões políticas são tomadas
A perturbação da ordem pública pode gerar sucesso para um movimento em atingir os seus objectivos
É justamente a perturbação ou a ameaça da mesma que pode aumentar a eficácia de um movimento
Acção directa: preocupações
Não há interacção suficiente Fraca negociação ou ‘lobby’ Tácticas criam animosidade
Participação vs. acção
A acção directa ou de massas em si pode gerar mudanças positivas no que toca questões de injustiça.
É difícil determinar o quê é que é mais eficaz para influenciar políticas: acção ou participação.
“Protestar e exigir pode ser uma forma eficaz de chamar atenção às injustiças que precisam de ser resolvidas ...mas em si não impulsionam a mudança institucional positiva que podia produzir mais justiça.” Young (2001:681)
Assim, organizações precisam de “dialogar com outros para lhes persuadir que existem injustiças assim como desenvolver acções directas” (Young, 2001:689)
O protesto é importante mas “ineficaz enquanto não for acompanhado por actividades mais tradicionais de lobby.” (Della Porta and Diani, 1999:238)
Análise dos interessados
Existem um número de possíveis ferramentas que possam ser usadas para apresentar as informações recolhidas na análise dos interessados, assim como:
Matriz dos interessados (Stakeholder Matrix)
SWOT Matrix
Mas também: a matriz do poder
Stakeholder Matrix
InteressadoComo afectado pelo problema
Capacidade de resolver o problema
Motivação para resolver o problema (+ ou -)
Poor rural women At risk during childbirth Limited because of poor quality health care services
High +
Traditional birth attendants
Unable to access formal health care services but directly involved in most deliveries
Limited with existing knowledge and resources
Mixed: concerned about possible loss of status but interested in increased knowledge/resources
Example of a simple Stakeholder Analysis Matrix for a maternal mortality project
Políticas públicas: como influenciar
Identificar os actores envolvidos Entender e descrever as dinâmicas de poder com
base nestes actores Escolher uma estratégia:
objectivos
tácticas
Como monitorar e avaliar a implementação da estratégia
Sylvia Croese, Janeiro [email protected]
OBRIGADA
Fonte: Africa Institute for Governing with Integrity
Curso: Citizen Focused Public Policy, Dezembro 2010
Formadora: Fiona White, [email protected]