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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍsiaibib01.univali.br/pdf/Sandra Maria de Martini Sfair da... ·...

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ SANDRA MARIA DE MARTINI SFAIR DA SILVA CARACTERÍSTICAS DE APRENDIZAGEM DAS UNIVERSIDADES CORPORATIVAS: um estudo nas organizações de Santa Catarina Balneário Camboriú 2008
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

SANDRA MARIA DE MARTINI SFAIR DA SILVA

CARACTERÍSTICAS DE APRENDIZAGEM DAS UNIVERSIDADES

CORPORATIVAS: um estudo nas organizações de Santa Catarina

Balneário Camboriú

2008

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SANDRA MARIA DE MARTINI SFAIR DA SILVA

CARACTERÍSTICAS DE APRENDIZAGEM DAS UNIVERSIDADES

CORPORATIVAS: um estudo nas organizações de Santa Catarina

Balneário Camboriú

2008

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração – RH, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Orientador: Prof ª Lorena Schröder

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SANDRA MARIA DE MARTINI SFAIR DA SILVA

CARACTERÍSTICAS DE APRENDIZAGEM DAS UNIVERSIDADES

CORPORATIVAS: um estudo nas organizações de Santa Catarina

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em

Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Habilitação em Recursos

Humanos da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário

Camboriú.

Área de Concentração: Administração de Recursos Humanos

Balneário Camboriú, 08 de Julho de 2008.

_________________________________

Prof ª. Lorena Schröder

Orientadora

___________________________________

Prof. Marcio Daniel Kiesel, Msc.

Avaliador

___________________________________

Prof. Flávio Ramos, Dr.

Avaliador

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EQUIPE TÉCNICA

Estagiária: Sandra Maria De Martini Sfair da Silva

Área de Estágio: Recursos Humanos

Professor Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder

Supervisor da Empresa: Manuel Carlos Pinheiro da Gama

Professora orientadora: Lorena Schröder

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DADOS DA EMPRESA

Razão Social: Fundação Universidade do Vale do Itajai – Pré Incubadora.

Endereço: 5ª Avenida, s/n – Bairro dos Municípios – Balneário Camboriú- SC.

Setor de Desenvolvimento do Estágio: Recursos Humanos

Duração do Estágio: 240 horas

Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: Manuel Carlos Pinheiro da Gama

Carimbo do CNPJ da Empresa:

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AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

Balneário Camboriú, 20 de Junho de 2008.

A Empresa Fundação Universidade do Vale do Itajai – Pré Incubadora, pelo

presente instrumento, autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a

divulgar os dados do Relatório de Conclusão de Estágio executado durante o

Estágio Curricular Obrigatório, pela acadêmica Sandra Maria De Martini Sfair da

Silva.

___________________________________

Manuel Carlos Pinheiro da Gama, Msc

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“Bom mesmo é ir a luta com determinação,

abraçar a vida e viver com paixão, perder

com classe e vencer com ousadia, porque o

mundo pertence a quem se atreve e a vida é

muito para ser insignificante” (CHAPLIN).

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AGRADECIMENTOS

Agradecer é admitir que houve um momento em que se precisou de alguém; é reconhecer que o homem jamais poderá lograr para si o dom de ser auto-suficiente. Ninguém e nada cresce sozinho: sempre é preciso um olhar de apoio, uma palavra de incentivo, um gesto de compreensão, uma atitude de amor (Autor Desconhecido).

Primeiramente gostaria de agradecer a DEUS, por me iluminar e guiar

durante toda essa trajetória. Nas horas de desânimo e tristeza sentia sua força e sua

luz me orientando a identificar o melhor caminho.

Aos meus pais Jaldir e Olga, minha eterna gratidão; com grande sacrifício e

humildade me ensinaram a ser uma pessoa de bem. Tenho a plena certeza que sem

o amor, carinho e dedicação deles não teria chegado ao final desta conquista.

Ao meu marido, Marcus Vinícius, agradecer pelo carinho e apoio incondicional

nos episódios de grandes dificuldades, e, também, pela compreensão nos

momentos em que minha saúde esteve fragilizada. Esta conquista também é dele.

Ao meu filho amado, João Francisco, agradecer simplesmente por ele existir;

por me proporcionar momentos felizes e pela compreensão no período em que

estive ausente. Vinha dele, também, a motivação que necessitei para seguir em

frente.

A minha querida irmã, Simone, gostaria de agradecer pelo carinho e pelas

palavras de apoio e incentivo e pela presença constante em minha vida apesar da

distância.

A minha orientadora, Lorena Schröder, pela dedicação e confiança. Pela

compreensão e apoio nos momentos difíceis e por tudo de bom que agregou à

minha vida nesse período em que estivemos próximas.

Aos professores, aos meus avaliadores, e em especial, a Coordenação do

Curso pelo profissionalismo, amizade e por estarem sempre dispostos a ajudar.

A todos os colegas pela amizade, carinho e pelos momentos de alegria e

companheirismo.

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RESUMO

A velocidade com que ocorrem as mudanças no contexto atual das organizações, tem movido as empresas a reavaliar os métodos de treinar os seus colaboradores de acordo com suas necessidades alinhados ao negócio e em contrapartida, manter um processo de aprendizado contínuo para desenvolver qualificações. Neste sentido, a missão da Universidade Corporativa é formar e desenvolver talentos humanos, promovendo o desenvolvimento, assimilação, difusão e aplicação do conhecimento organizacional, através de um processo de aprendizagem ativa e contínua, gerando resultados. O presente estudo teve por objetivo identificar as características e ferramentas de aprendizagem que diferenciam as organizações de Santa Catarina com estrutura de Universidade Corporativa em relação às organizações com denominação tradicional de T&D, a partir de pesquisa qualitativa e quantitativa com aplicação de questionário e pesquisa on line. Os resultados apontaram que as principais iniciativas, objetivos e características das Universidades Corporativas são similares à das empresas comparadas e permitiram verificar que as metodologias e tecnologias destinadas à aprendizagem organizacional estão atualizadas e alinhadas às estratégias organizacionais. Palavras-chave: Aprendizagem Organizacional. Educação Corporativa. Universidade corporativa

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ABSTRACT

The speed how things are changing these days in the actual context of successful organization, It has driven organizations to review the methods of training their staff so as to meet their objectives in agreement to the business as well as the importance of maintaining a continuous learning process to improve capabilities. In this fashion, the mission of the Corporative University is to prepare and qualify human resources for the entrepreneurship business. This objective can be reached by creating sources. Learning, making information available, and using organizational knowledge. This is facilitated through a continuous and active learning process that generates the desired results. The present study has the objective to identify the characteristics and tools of learning that differentiate the organizations of Santa Catarina with structure of Corporative University in relation to the organizations with traditional denomination of T&D, from qualitative and quantitative research with application of questionnaire and on line research. The results had pointed that the main initiatives, goals and characteristics of the Corporative Universities are similar to the comparative companies and had allowed to verify that the methodologies and technologies destined to the Organizational Learning are current and in agreement to the Organizational strategies.

Key words: Organizational Learning. Corporate Education. Corporative University.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Universidade Corporativa, um Laboratório de Aprendizagem........... 3

Figura 02 Principais Componentes da Mudança no Sentido da Aprendizagem 3

Figura 03 Dez Componentes Fundamentais do Projeto de Universidade

Corporativa........................................................................................ 5

Figura 04 Função da Aprendizagem na Corporação........................................ 5

Figura 05 Rede de Treinamento da Cadeia de Valor....................................... 5

Figura 06 Papéis de um Diretor de Aprendizagem........................................... 5

Figura 07 Características de Aprendizagem...................................................... 7

Figura 08 Iniciativas de Aprendizagem.............................................................. 8

Figura 09 Ferramentas de Aprendizagem......................................................... 8

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Disciplinas de Aprendizagem..........................................................

Quadro 02 Iniciativas das Organizações de Aprendizagem..............................

Quadro 03 Mudança de Paradigma do Treinamento para a Aprendizagem.....

Quadro 04 Desafios e Fatores Críticos de Sucesso na Implantação de uma

Universidade Corporativa................................................................

Quadro 05 Papel das Instituições de Ensino Superior e das Universidades

Corporativas....................................................................................

Quadro 06 Principais Conceitos da Fundamentação Teórica...........................

Quadro 07 Denominação da Área de Aprendizagem........................................

Quadro 08 Objetivos de Aprendizagem............................................................

Quadro 09 Características de Aprendizagem...................................................

Quadro 10 Iniciativas de Aprendizagem............................................................

Quadro 11 Ferramentas de Aprendizagem.......................................................

Quadro 12 Formatos de Aprendizagem............................................................

Quadro 13 Programas de Aprendizagem..........................................................

Quadro 14 Sede da área de Aprendizagem......................................................

Quadro 15 Público Participante.........................................................................

Quadro 16 Investimentos na Área de Aprendizagem........................................

Quadro 17 Estrutura da Área de Aprendizagem...............................................

Quadro 18 Parcerias de Aprendizagem............................................................

Quadro 19 Fonte de Recursos da Área de Aprendizagem...............................

Quadro 20 Avaliação de Resultados da Aprendizagem....................................

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 14

1.1 Tema de Estágio....................................................................................... 15

1.2 Problema de Pesquisa.............................................................................. 16

1.3 Objetivo Geral............................................................................................ 16

1.3.1 Objetivos Específicos................................................................................ 17

1.4 Justificativa da Pesquisa........................................................................... 17

1.5 Contextualização do Ambiente de Estágio................................................ 18

2

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................

23

2.1 Aprendizagem Organizacional.................................................................. 23

2.1.1 Utilizando a Tecnologia para Transformar a Aprendizagem..................... 31

2.2 Universidade Corporativa.......................................................................... 34

2.2.1 Surgimento das Universidades Corporativas............................................ 39

2.2.2 Missão e Características das Universidades Corporativas....................... 41

2.2.3 Importância das Universidades Corporativas............................................ 45

2.2.4 Vantagens e Fatores Críticos das Universidades Corporativas................ 46

2.2.5 Projetando uma Universidade Corporativa................................................ 50

2.3 Universidade Tradicional X Universidade Corporativa.............................. 60

2.3.1 Tendências da Educação superior............................................................ 63

2.3.2 Parcerias de Universidades Tradicionais e Universidades Corporativas.. 67

2.4 Síntese dos Principais Conceitos da Fundamentação Teórica................. 68

3

METODOLOGIA........................................................................................

71

3.1 Tipologia de Pesquisa............................................................................... 71

3.2 Sujeito de Estudo...................................................................................... 73

3.3 Instrumentos de Pesquisa......................................................................... 73

3.4 Análise e Apresentação ............................................................................ 74

3.5 Limitações da Pesquisa............................................................................. 75

4 RESULTADOS OBTIDOS......................................................................... 76

4.1 Organizações de Santa Catarina com Universidade Corporativa............. 76

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4.2 Iniciativas de Ensino e Tecnologias das Universidades Corporativas......

4.2.1 Características de Aprendizagem das Organizações com Universidade

Corporativa................................................................................................

4.2.2 Iniciativas de Aprendizagem......................................................................

4.2.3 Ferramentas de Aprendizagem.................................................................

4.3 Características e Objetivos da Aprendizagem..........................................

4.4 Iniciativas de Ensino e Técnicas Virtuais..................................................

4.5 Informações Complementares..................................................................

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................

6 REFERÊNCIAS.........................................................................................

APÊNDICE A.............................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

O cenário competitivo das organizações se modificou a partir das inovações

tecnológicas e da globalização dos mercados. O enfoque da função das pessoas

nas organizações e, sobretudo, o valor do seu conhecimento mudou, exigindo novas

aptidões e melhor formação educacional e profissional. Com o mundo

transformando-se rapidamente, as organizações buscam desenvolver estratégias

que permitam maior amplitude na produção, na divulgação e no gerenciamento do

conhecimento, e, consequentemente, maior rapidez na sua incorporação aos novos

processos de trabalho. Em meio a toda esta turbulência o ser humano, principal

agente capaz de tornar a empresa permanentemente competitiva, passa a ser o foco

das atenções.

A produção, divulgação e circulação do conhecimento não se encontram mais

localizados em espaços predeterminados e com fronteiras, mas sim em um lugar

onde o todo e as parte se juntam num holograma de aprendizagem em constante

renovação, mostrando a superação dos modelos tradicionais de treinamento e

desenvolvimento pelas organizações e a busca de novas formas e relações para

aprendizagem organizacional (FLEURY & FLEURY, 1997). Desse modo, a redução

das barreiras tanto dentro das organizações como entre elas é fundamental para

criar empresas voltadas ao compartilhamento do conhecimento e à aprendizagem

contínua (DAFT, 2003).

Neste contexto, a aprendizagem organizacional pode ser vista como uma

opção estratégica para lidar com a incerteza e a constante necessidade de

aperfeiçoamento dos produtos e serviços oferecidos pelas organizações. Diante

deste novo panorama, as Universidades Corporativas estão sendo implantadas

gradualmente no Brasil, por organizações que estão transferindo para a educação

organizacional o sucesso de seus modelos organizacionais (CARVALHO, 2001).

Assim, a maior estratégia para manter as organizações na época da

competitividade e da inovação é a sua capacidade de aprendizagem e, sobretudo,

de criar novos conhecimentos. Para que isto ocorra é necessário que as

organizações e seus funcionários aprendam a aprender. Nesse sentido, em longo

prazo, a única fonte permanente de vantagem competitiva da organização é a

capacidade de aprender mais depressa do que os concorrentes, e que nenhuma

força externa pode lhe subtrair o ímpeto dessa vantagem (SENGE, 1990).

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No mesmo sentido, a capacidade de adequar e melhorar sistemas e

processos produtivos passa a ser uma questão de sobrevivência. Como afirma

Meister (1999), as técnicas de aprendizagem adquirem grande importância, visto

que para uma organização mudar com sucesso depende da capacidade dos

trabalhadores de aprender novas funções, processos e habilidades.

Neste contexto, podem ser adotadas estratégias de aprendizagem que

possibilitem a busca de uma forma verdadeira de educação em um mundo em

constante mudança, enfatizando as relações entre os investimentos aplicados em

educação e o sucesso das organizações.

1.1 Tema:

Para Eboli (2005) na busca contínua pelo aumento de competitividade no

mercado, muitas empresas têm buscado novas formas para o aprendizado e

desenvolvimento dos seus colaboradores. Como uma alternativa para melhorar a

capacitação individual e, conseqüentemente, gerar níveis mais altos de competência

para toda a organização, surgiu o conceito de Educação Corporativa, que se

consolidou na década de 1990 nos Estados Unidos e que vem ganhando cada vez

mais espaço no Brasil como uma opção estratégica para lidar com a incerteza e a

constante necessidade de aperfeiçoamento e melhoria dos produtos e serviços

oferecidos pelas organizações.

Eboli (2005) comenta que o crescimento pode ser facilmente notado, foram

estabelecidos cerca de dez casos de Universidades Corporativas durante a década

de 1990, atualmente já são mais de uma centena de iniciativas consolidadas em

organizações atuantes no país. Neste contexto, a Educação Corporativa além de ser

uma das formas de promover a gestão do conhecimento, tem se tornado uma

grande ferramenta para a administração das empresas em dois sentidos: reconhece

o desenvolvimento da administração (e dos administradores) e também atua como

reforço para o conceito de autodesenvolvimento dos trabalhadores Mintzberg (2003

apud EBOLI, 2005), além de desenvolver as pessoas para atender a estratégia das

organizações e complementar o processo educacional da população, trazendo uma

contribuição à sociedade.

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Assim, no mundo globalizado é fundamental o reconhecimento das pessoas

como o principal diferencial competitivo das empresas, e isto depende da construção

de uma nova visão do ser Humano, por conseqüência, das sociedades, das

empresas, dos clientes e consumidores, levando a uma construção ética de um novo

desenho de trabalho. Desta forma, considera-se a aprendizagem como uma das

estratégias mais importantes da Gestão de Recursos Humanos (BITTENCOURT,

2002).

Neste novo processo de gestão de recursos humanos a Educação

Corporativa representa a força propulsora para os colaboradores modernos, capazes

de refletir sobre a realidade organizacional, de construí-la e transformá-la

continuamente na busca incessante da competitividade e do sucesso. Assim, as

Universidades Corporativas têm se revelado como um eficaz veículo para o

alinhamento e o desenvolvimento dos talentos humanos às estratégias empresariais,

favorecendo assim, a inteligência e o alto desempenho da organização, na busca de

bons resultados (TRINTA; OLIVEIRA; BOAS, 2006).

Compreender esta dinâmica e a importância da Unversidade Corporativa é

fundamental para a gestão das organizações na atualidade.

1.2 Problema de Pesquisa:

O problema de pesquisa deste estudo é: Quais as características e

ferramentas de aprendizagem que diferenciam as organizações de Santa Catarina

com estrutura de Universidade Corporativa das organizações com denominação

tradicional de T&D?

1.3 Objetivo Geral:

Identificar as características e ferramentas de aprendizagem que diferenciam

as organizações de Santa Catarina com estrutura de Universidade Corporativa das

organizações com denominação tradicional de T&D.

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1.3.1 Objetivos Específicos:

a) Identificar empresas em Santa Catarina com estrutura de Universidade

Corporativa e organizações com porte similar sem denominação de UC;

b) Descrever os aspectos das Universidades Corporativas de Santa Catarina;

c) Mapear as iniciativas de ensino e tecnologias virtuais das Organizações com

Universidade Corporativa;

d) Relacionar as diferenças das práticas de ensino, características e objetivos das

Universidades Corporativas em relação às práticas de T&D.

1.4 Justificativa da Pesquisa:

No início dos anos 90, com a abertura ao mercado internacional, os

empresários brasileiros, de forma rápida, tiveram a necessidade de se ajustarem as

novas mudanças globais. Uma série de fatores internos e externos afetou com

enorme impacto a administração das empresas, especificamente a área de

treinamento e desenvolvimento de pessoas.

Com a globalização dos negócios, o desenvolvimento tecnológico, o forte

impacto da mudança e o movimento por qualidade e produtividade, faz surgir uma

forte constatação nas organizações de que o grande diferencial competitivo das

empresas decorre das pessoas. São as pessoas que geram e fortalecem a

inovação. São elas que produzem, vendem, servem o cliente, tomam decisões,

lideram, motivam, comunicam, gerenciam e dirigem os negócios. A tendência atual,

enfim, está voltada em administrar com as pessoas, o que significa administrar a

organização em conjunto com os colaboradores e parceiros internos que mais

entendem dela e do seu futuro (RIBEIRO, 2006).

É importante ressaltar que, quando as máquinas e os computadores

assumem as tarefas repetitivas e possíveis de serem automatizadas, o homem

assume um papel de maior importância nas organizações: criar, planejar e estar em

permanente inovação. Desta forma, “a educação que antes era tida como apenas

uma das etapas de nossas vidas, passa a ser parte permanente, já que, com o

processo de constante inovação, a obsolescência do conhecimento dominado torna-

se extremamente elevada” (RODRIGUEZ, 2002, p.440).

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Assim sendo, salienta-se que com a evolução da sociedade do conhecimento,

o homem passou a assumir funções mais importantes no processo produtivo. É

desta forma que novas aptidões são requeridas das pessoas para adequação ao

mercado de trabalho, sendo imprescindível a comunicação, colaboração,

pensamento criativo, capacidade de resolver problemas, aprendizado tecnológico,

autogerenciamento da carreira, liderança e principalmente aprender a aprender.

(RODRIGUEZ, 2002).

Neste aspecto, Teixeira (2001) enfatiza que as organizações de

aprendizagem, são aquelas que incentivam o aprendizado, através da convivência e

relacionamentos com outras pessoas, assim, o treinamento recebe o conceito de

educação e desenvolvimento visando ao crescimento do indivíduo.

Senge (1990) relata que para “criar organizações de aprendizagem implica

formar pessoas que aprendam a ver as coisas pela perspectiva sistêmica, que

desenvolvam seu próprio domínio pessoal, e que aprendam a expor e reestruturar

modelos mentais, de maneira colaborativa” (SENGE,1990, p.321).

Daí a necessidade de mostrar que na sociedade do conhecimento, o

planejamento, a inovação e as estratégias precisam nortear toda a organização, e

assim, conseguir agilidade, eficiência e tornar-se flexível às mudanças.

Nesse sentido, a Universidade Corporativa desempenha um papel de grande

importância funcionando como condutor no processo de mudança nas organizações,

através das pessoas (RODRIGUEZ, 2002).

Dessa perspectiva, tornou-se significativo o tema aprendizagem

organizacional focado em Universidade Corporativa, ao mesmo tempo em que os

estudos nesta área são pouco explorados, é de grande interesse e importância para

as empresas em geral que buscam a aprendizagem contínua e a garantia de

vantagem competitiva. Procurando através do desenvolvimento pessoal e

educacional dos funcionários, clientes e fornecedores, uma forma de atender as

estratégias empresariais (MEISTER, 1999).

1.5 Contextualização do Ambiente de Estágio

O estado de Santa Catarina possui um dos maiores índices de

desenvolvimento econômico do País, com uma produção industrial variada. As

indústrias com maior relevância estão no setor agro-industrial, têxtil, de cerâmica,

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metal mecânico e de máquinas e equipamentos eletroeletrônicos. Santa Catarina

destaca-se no cenário brasileiro como um estado empreendedor onde a exigência

de produtos e serviços a cada dia mais competitivos, leva as empresas catarinenses

a buscarem novos mercados, tornando-se cada vez mais competitivas. As

organizações em estudo comercializam os serviços e produtos produzidos neste

estado para outras partes do país e para o mercado internacional e investem no

desenvolvimento de seu capital humano com foco na aprendizagem contínua.

Neste cenário, o presente estudo abrangeu as áreas Educação Corporativa

de empresas que são oriundas de SC e que mantém estruturas base neste Estado.

Por acesso, partciparam da pesquisa as empresas: Cargill, Datasul, Perdigão,

Sadia, Tigre e Weg.

As empresas são apresentadas conforme descrito a seguir:

Com sede nos Estados Unidos, a CARGILL é uma fornecedora internacional

de produtos e serviços para os setores agrícola, alimentício e de gerenciamento de

risco. No Brasil desde 1965, a Cargill tem sua origem no campo, a partir das

atividades agrícolas, e hoje constitui uma das maiores indústrias de alimentos do

País. Sediada em São Paulo (SP), a operação brasileira possui unidades industriais

e escritórios em cerca de 180 municípios, onde trabalham aproximadamente 23 mil

funcionários. O compromisso de utilizar seu conhecimento e experiência para

colaborar com os clientes, ajudando-os a alcançar o sucesso em seus negócios,

permeia as atividades dos 158 mil funcionários, localizados em 66 países, nos cinco

continentes. É caracterizada como uma empresa comprometida com o sucesso de

seus clientes, transformando seu conhecimento e experiência no agronegócio em

soluções inovadoras que os ajudem a ser bem sucedidos. No que diz respeito à área

de desenvolvimento, a empresa fornece soluções alinhadas às ações globais e dá

suporte a uma cultura em que funcionários tenham acesso aos recursos de

desenvolvimento necessários ao seu alto desempenho e onde todo aprendizado

esteja vinculado aos planos estratégicos dos negócios da organização. Assim, os

objetivos individuais e organizacionais são alinhados e executados, permitindo que

os funcionários entendam o que é esperado deles, e que os gestores possam,

baseando-se no Modelo de Liderança, oferecer frequentemente, coaching e

feedback sobre o desempenho individual, alavancando o desenvolvimento e

crescimento profissional de seus funcionários dentro da Organização.

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A DATASUL fundada em 1978 para assessorar empresas do setor industrial

na implantação de centros de processamentos de dados, a companhia se

estabeleceu como pioneira no fornecimento de softwares de automatização de

sistemas empresariais no país. Reconhecida pela liderança nacional no

fornecimento de soluções empresariais, desenvolveu uma oferta completa de

softwares de gestão, capacitando as empresas usuárias para a utilização de todos

os recursos que os softwares oferecem, adequando-os a cada necessidade. Neste

contexto, com o intuito de criar treinamentos diferenciados, com conteúdos e

métodos direcionados às necessidades específicas de cada cliente. A empresa

conta com 2,2 mil profissionais em seu network em todo o Brasil e na América

Latina.

Fundada em 1934, em Santa Catarina, a PERDIGÃO e suas subsidiárias, é

uma das maiores companhias brasileiras do ramo alimentício e conta, atualmente,

com mais de 40.000 colaboradores no seu quadro funcional. Com foco na criação,

produção e abate de aves, suínos e bovinos, industrialização e/ou comercialização

de produtos processados, massas, vegetais congelados e derivados de soja, a

Companhia produz mais de 2.500 itens. Atualmente, a Companhia opera 18

unidades de processamento de carnes, 16 incubatórios, 7 fábricas de rações

animais, 3 unidades de processamento de lácteos e sobremesas, uma fábrica de

processamento de margarinas; 7 pontos de coleta de leite e uma unidade de

processamento de soja; distribuídas em seis regiões do Brasil: Rio Grande do Sul,

Santa Catarina, Paraná, Goiás, São Paulo e Mato Grosso. No exterior, a

Companhia possui escritórios de vendas na Inglaterra, França, Japão, Holanda,

Rússia, Cingapura e Emirados Árabes Unidos. Esta Organização possui um

avançado sistema de distribuição, utilizando-se de 24 centros de distribuição em 13

estados brasileiros e no Distrito Federal e um centro de distribuição na Europa,

atingindo 80.000 supermercados, lojas de varejo, atacadistas, food-service e outros

clientes institucionais no mercado interno e vendendo para mais de 100 países no

mercado externo. No mercado interno, a Companhia opera, principalmente, com as

marcas Perdigão, Chester, Batavo e a expressão Turma da Mônica (licenciada); e no

mercado externo, principalmente com as marcas Perdix, Fazenda (Rússia), e Borella

(Arábia Saudita). Em 2007, através da aquisição do negócio de margarinas da

Unilever, passou a trabalhar com as marcas Doriana, Delicata, Claybom e Becel,

esta última através de sua joint-venture.

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A SADIA, fundada em 7 de junho de 1944, emprega hoje de 52 mil

funcionários e, por meio de seu Sistema de Fomento Agropecuário, mantém parceria

com cerca de 10.000 granjas integradas de aves e de suínos. Líder nacional em

todas as atividades em que opera, a Sadia também é uma das maiores empresas de

alimentos da América Latina e uma das maiores exportadoras do País. Assim,

exporta aproximadamente mil produtos para mais de 100 países, sendo que as

primeiras exportações da companhia foram realizadas nos anos 60. No cenário

internacional, a empresa conta com filiais comerciais na Argentina, Uruguai e Chile.

Contando com escritórios comerciais na Itália, Inglaterra, Emirados Árabes e

escritórios de representação no Japão, Paraguai e Bolívia, mantendo, também, uma

churrascaria em Pequim na China para divulgar seus produtos naquele país. No

mercado brasileiro tem um portifólio de cerca de 680 itens, que são distribuídos para

mais de 300 mil pontos-de-venda.

A TIGRE nasceu em 1941, com uma pequena fábrica de pentes de chifre de

boi chamada ‘Tigre. Localizada em Joinville, atualmente, é a empresa líder da

América Latina na fabricação de tubos, conexões e acessórios em PVC, também

lidera a fabricação de pincéis, com a Pincéis Tigre, e de esquadrias em PVC no

Brasil, com a marca Claris, tendo em seu quadro funcional 3.800 funcionários.

Possui uma política única, integrada, para Qualidade, Meio Ambiente, Segurança

e Saúde no Trabalho e Responsabilidade Social. Em função disso, recebeu em 2006

a recomendação para a recertificação nas normas ISO 9001:2000 e ISO 14001:2004

A WEG foi criada em 16 de setembro de 1961 por um eletricista, um

administrador e um mecânico , com o nome Eletromotores WEG SA. O nome é a

feliz junção das iniciais dos três fundadores. A trajetória da empresa ao longo destes

anos é marcada pelo êxito, a maior fabricante latina americana de motores elétricos

e uma das maiores do mundo atuam nas áreas de comando e proteção, variação de

velocidade, automação de processos industriais, geração e distribuição de energia e

tintas e vernizes industriais. Possui atualmente 20.000 funcionários. Em 1991

implanta o Programa WEG de Qualidade e Produtividade, consolidando o processo

da administração participativa. Com o objetivo principal de interação cria o Centro de

Treinamento de Clientes (CTC), localizado no Parque Fabril I, em Jaraguá do Sul.

Com laboratórios equipados com bancadas didáticas de última geração, salas de

aula e auditório com 100 lugares, o CTC é o espaço ideal para a interação com

clientes, representantes, escolas técnicas e universidades. Com 1.200 m² de infra-

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estrutura especialmente projetada e instrutores próprios, o CTC é utilizado para o

desenvolvimento de cursos técnicos com ênfase nos módulos de sinergia, a

programação inclui ainda treinamentos em administração, vendas, marketing e

cursos diversos. Além destes, são mantidos cursos de Divulgação Tecnológica (DTs)

e treinamentos específicos para assistentes técnicos. Atualmente é líder do mercado

de motores elétricos na América Latina e figurando entre os cinco maiores

fabricantes do mundo, exportando para mais de 100 países e conta com filiais e

assistência técnica nos cinco continentes. Além disso, cada vez mais se consolida

não só como fabricante de motores, mas como fornecedor de sistemas elétricos

industriais completos.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Aprendizagem Organizacional

O processo de aprendizagem Organizacional, embora não seja um tema

recente na Teoria das Organizações, vem cada vez mais, ganhando importância em

função do acelerado processo de mudança por que passam as sociedades, as

organizações e as pessoas. É um processo de mudança, resultante de prática ou

experiência anterior, que pode vir ou não, a manifestar-se em uma mudança

perceptível de comportamento (FLEURY; FLEURY, 1997).

Para Senge (1990, p.14) Organizações de aprendizagem “são organizações

que estão continuamente expandindo sua capacidade de criar o futuro”. Neste

sentido, o autor conceitua aprendizagem organizacional como “o processo em que

as pessoas expandem continuamente sua capacidade de criar os resultados que

realmente desejam, onde surgem novos e elevados padrões de raciocínio, em que

as aspirações coletivas são liberadas, e onde as pessoas aprendem continuamente

a aprender em grupo” (SENGE,1990, p.11).

Nonaka e Takeuchi (1997), por sua vez, definem aprendizagem

organizacional, como a capacidade que uma empresa tem de criar conhecimento,

disseminá-lo e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas.

Para Rodriguez (2002) as organizações aprendizes trazem o conceito do

auto-aprendizado, criam uma cultura de aprender com os erros e cultivam as

pessoas, utilizando a sinergia entre elas para desenvolver a aprendizagem

permanente, em sintonia com os objetivos estratégicos da empresa.

Abordando as questões de aprendizagem, Morgan (1996) propõe que as

organizações são sistemas de processamento de informações capazes de aprender

a aprender e podem ser concebidas através de princípios holográficos. Estes criam

uma visão da organização, na qual as capacidades requeridas no todo estão

inseridas nas partes, o que permite ao sistema aprender e se auto-organizar, bem

como manter o sistema funcionando mesmo quando partes específicas funcionam

mal ou sejam removidas, objetivando criar organizações “que tenham a capacidade

de ser tão flexíveis, resistentes e engenhosas como o funcionamento do cérebro”

Morgan (1996, p.81). “O cérebro, desta forma, oferece uma metáfora óbvia para a

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organização, particularmente se a preocupação é melhorar a capacidade de

inteligência organizacional” Morgan (1996, p.83).

Segundo Fleury e Fleury (1997), os principais modelos de aprendizagem

seguem duas linhas teóricas: Behaviorista e Cognitivo. O Behaviorismo com o foco

principal no comportamento condicionado, pois este é observável e mensurável. E o

Cognitivo, é um modelo mais abrangente que o behaviorista, que define melhor os

fenômenos mais complexos, como a aprendizagem de conceitos e solução de

problemas. Procura utilizar dados objetivos, comportamentais e dados subjetivos;

levando em consideração as crenças e percepções dos indivíduos que influenciam

seu processo de apreensão da realidade.

Assim, o processo de aprendizagem em uma organização possibilita

compreender melhor o que está ocorrendo em seu ambiente externo e interno, como

também a definição de novos comportamentos que comprovam a efetividade do

aprendizado (FLEURY; FLEURY, 1997).

Para Drummond (1994 apud FLEURY; FLEURY, 1997, p.21): “segundo

alguns pesquisadores, a mudança comportamental não constitui o único indicador

de que a aprendizagem aconteceu, mas a possibilidade de este conhecimento poder

ser recuperado pelos membros da organização”.

De acordo com Senge (1990), para se obter uma aprendizagem

organizacional eficiente e tornar uma organização cada vez melhor no processo de

aprender é preciso considerar cinco disciplinas, as quais devem trazer uma mudança

na mentalidade do indivíduo, que são apresentadas no quadro a seguir:

Disciplinas Características de Aprendizagem

Domínio pessoal

Através do domínio pessoal, o indivíduo aprende a clarear e

aprofundar seus objetivos. É capaz de esclarecer o que realmente

é importante para si, onde deve concentrar suas energias, e como

ver a realidade de maneira objetiva.

Modelos mentais

São idéias profundamente arraigadas, generalizações e imagens

que influenciam o modo do indivíduo encarar o mundo e suas

atitudes. Os modelos mentais são como espelhos que revelam as

imagens interiores do mundo, trazendo-as à superfície.

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Objetivo comum

É a capacidade de transmitir aos outros a imagem do futuro que

pretende a organização. Quando a organização tem um objetivo

comum, concreto e legítimo, seus membros dão tudo de si e

aprendem, não por obrigação, mas por vontade própria.

Aprendizagem em grupo

A unidade fundamental de aprendizagem nas organizações

modernas é o grupo, não os indivíduos. Através do diálogo, o

grupo poderá desenvolver várias idéias importantes para a

organização. Quando o grupo aprende, além de produzir

resultados extraordinários, seus integrantes se desenvolvem com

maior rapidez no sentido individual.

Raciocínio sistêmico

É um modelo conceitual, uma integração de conhecimentos e

instrumentos com o objetivo de melhorar o processo de

aprendizagem como um todo e apontar futuras modificações. É

considerada a quinta disciplina, pois integra as demais, mostrando

que o todo pode ser maior que a soma de todas as partes

isoladas.

Quadro 01 - Disciplinas de Aprendizagem Fonte: Senge (1990) adaptado pelo pesquisador

Em síntese, Senge (1990) ao preparar sua proposição, preocupou-se,

inicialmente, focar o indivíduo, seu processo de autoconhecimento, sobre seus

objetivos e projetos pessoais. Em seguida focaliza o grupo e, por fim, através do

raciocínio sistêmico, a organização.

A aprendizagem organizacional, segundo Nonaka e Takeuchi (1997), é fruto

das aprendizagens individuais que depois de integradas e compartilhadas pelo

grupo, tornam-se rotinas e são institucionalizadas pela organização.

Conforme Senge (1990) há uma grande necessidade de se implantar o

aprendizado em grupo nas organizações, pois as pessoas precisam umas das

outras para agir e estão se tornando as peças chaves de aprendizagem dentro das

organizações. Dessa forma, “quando os grupos aprendem em conjunto, estes

passam a ser um microcosmo de aprendizagem para a organização” (SENGE 1990,

p.214), propagando-se para outros indivíduos e grupos.

O aprendizado em grupo requer a prática do diálogo e da discussão:

[...] No diálogo, ocorre à exploração livre e criativa de questões complexas e delicadas, onde cada um “escuta” as idéias do outro, sem manifestar a sua opinião. Na discussão, por sua vez, são

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apresentadas e defendidas diferentes opiniões, buscando-se sempre a melhor idéia para apoiar as decisões que devem ser tomadas na ocasião (SENGE 1990, p.215)

Para o referido autor ambos são importantes para uma equipe desenvolver o

aprendizado contínuo, porém seu poder está em sua sinergia, que não acontece

quando as diferenças entre eles não são reconhecidas.

Senge (1990), ainda, enfatiza que as equipes de aprendizagem precisam de

treinamentos regulares, como forma de praticarem em conjunto para desenvolverem

suas técnicas de aprendizagem em grupo. A carência de treinamento é o fator

predominante que impede a maioria das equipes administrativas de desenvolverem

a aprendizagem de forma eficiente. Nesse sentido, o autor da ênfase a prática do

mundo virtual, que caracteriza uma réplica artificial do mundo real. A essência do

mundo virtual é a liberdade que ele proporciona aos indivíduos de praticarem

experiências como se fosse reais, possibilitando o grupo refletir sobre como juntos

poderiam chegar a decisões melhores.

Utilizando a idéia de modelos mentais de Senge, Kim (1993 apud FLEURY;

FLEURY, 1997) procura desenvolver a passagem da aprendizagem individual para a

coletiva, diferenciando a aprendizagem operacional da aprendizagem conceitual. A

operacional enfatiza o desenvolvimento de habilidades físicas para produzir ações. E

a conceitual, busca o desenvolvendo da capacidade para articular conhecimentos

conceituais sobre uma experiência. Mesmo que o conhecimento operacional seja

essencial para o funcionamento de uma organização, ele tem que estar associado

ao conhecimento conceitual, a fim de consolidar o conhecimento organizacional.

O conceito de modelo mental desenvolvido por Senge (1990) torna-se

importante para a compreensão do processo de aprendizagem organizacional. Os

modelos mentais formam imagens de como o mundo funciona e exercem influências

sobre o que as pessoas fazem, pois afetam o que as pessoas vêem. Os modelos

mentais não são a realidade, mas o que a pessoa percebe como realidade

(FLEURY; FLEURY, 1997).

Ainda é importante destacar que para Garvin (1993 apud FLEURY; FLEURY,

1997) existem cinco caminhos para ocorrer o desenvolvimento da aprendizagem

organizacional:

a) Resolução sistemática de problemas: se apóia na solução de problemas, que nos

últimos anos ganhou destaque através dos princípios e métodos de qualidade. Suas

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principais idéias são diagnósticos feitos com métodos científicos, uso de dados para

tomada de decisões e o uso de ferramenta estatística para organizar informações e

proceder a inferências.

b) Experimentação: envolve a procura sistemática e o teste de novos

conhecimentos, para tanto o uso do método científico é fundamental. A experiência

é motivada pela oportunidade de expandir horizontes e não pelas dificuldades

correntes.

c) Experiências passadas: as organizações devem rever seus sucessos e fracassos,

avaliá-los sistematicamente e absorver as lições tornando-as acessíveis a todos os

membros.

d) Circulação de conhecimento: o conhecimento deve circular de forma rápida e

eficiente por toda a Organização. Novas idéias têm maior importância quando são

compartilhadas coletivamente do que propriedade de uns poucos.

e) Experiências realizadas por outros: a observação das experiências de outras

organizações pode significar um importante caminho para a aprendizagem.

Entende-se que, a partir dos caminhos para o desenvolvimento da

aprendizagem organizacional, as organizações possuem capacidade de criar,

adquirir e transferir conhecimentos, através de um processo contínuo e dinâmico,

que parte da aprendizagem individual, não se limitando a esta. Para tanto, conhecer

os vários aspectos relacionados à aprendizagem organizacional, desenvolvendo

uma cultura organizacional favorável à mudança e instrumentos para acumulação de

novas informações, são condições essenciais para as organizações.

Senge (1990), ainda destaca dois tipos de aprendizagem organizacional: a

aprendizagem adaptativa (adaptive learning), que está relacionada à situação

empresarial de reação e adaptação às mudanças ambientais. Enquanto que a

aprendizagem generativa (generative learning) está relacionada à criatividade, à

capacidade de visualizar os sistemas e identificar a fonte original dos problemas,

possibilitando que os gestores enxerguem os sistemas de forma integrada.

Nonaka e Takeuchi (1997) sugerem o intercâmbio entre dois tipos de

conhecimento (tácito e explícito) através da formação da espiral do conhecimento,

onde “a criação do conhecimento organizacional é uma interação contínua e

dinâmica entre o conhecimento tácito (modelos mentais, crenças e percepções ou

know-how técnico) e o conhecimento explícito (formal e sistemático)” (NONAKA;

TAKEUCHI, 1997, p. 79).

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Neste sentido, a mera transferência de informações muitas vezes fará pouco

sentido se estiver separada das emoções. Desta forma, os autores propõem

interação entre o conhecimento tácito e explícito, através de quatro modos de

conversão do conhecimento: socialização, externalização, combinação e

internalização. Na socialização, ocorre a conversão do conhecimento tácito em tácito

para facilitar o compartilhamento das experiências e modelos mentais dos membros.

Na externalização acontece um processo de articulação do conhecimento tácito em

conhecimento explícito, divulgado na forma de metáforas, analogias, conceitos,

hipóteses ou modelos. Na combinação se dá o processo de sistematização de

conceitos, através de diferentes conhecimentos explícitos. E por fim, a

internalização, que está intimamente ligada com o aprender fazendo, num processo

de incorporação do conhecimento explícito no tácito (NONAKA; TAKEUCHI (1997).

Garvin (1993 apud FLEURY; FLEURY, 1997) propõe que o aperfeiçoamento

constante requer um compromisso com a aprendizagem, sendo que na ausência

desta, as empresas simplesmente repetiriam velhas práticas.

Assim sendo, salienta-se que a verdadeira aprendizagem esta diretamente

relacionada com o que significa ser humano. É assim que o indivíduo se torna capaz

de realizar o que nunca conseguiu antes, adquirindo uma nova visão do mundo com

relação a ele, ampliando a capacidade de criar e fazer parte do processo generativo

da vida. Desta forma, o significado básico da organização de aprendizagem está em

expandir continuamente a capacidade de criar seu futuro (SENGE, 1990).

Rodriguez (2002) descreve que cada etapa do processo de gestão do

conhecimento atua de forma sinérgica, permitindo a permanente atuação da

organização como um verdadeiro organismo vivo de criação e inovação, essencial

para um ambiente de aceleradas mudanças, as quais são:

a) Criar: é a transformação de informação em conhecimento tácito gerando ações

que agregam valor ao ambiente, combinando com a geração e aquisição de novos

conhecimentos.

b) Identificar: significa verificar se a informação que se apresenta agrega valor para a

organização e em que processos serão úteis.

c) Coletar: está relacionado com a obtenção da informação de forma organizada a

fim de permitir uma posterior utilização da mesma.

d) Adaptar: é o processo de ajustar as informações ao contexto e realidade na qual

será utilizada.

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e) Organizar: significa a estruturação das informações visando a recuperação

dessas informações, através de análise, classificação e codificação.

f) Aplicar: é o processo de transformação de um conhecimento tácito ou explícito em

ação.

g) Compartilhar: é uma das mais importantes etapas da gestão do conhecimento, é

feita a partir da socialização do conhecimento; da comunicação formal ou informal;

da distribuição das informações; do ensinamento através do processo mestre-

aprendiz, onde os mais experientes transferem os conhecimentos para os menos

experientes, e por fim; pela transferência de conhecimento tácito ou explícito

observado em sala de aula e reuniões.

Desse modo, ressalta-se que todo o processo de criação de conhecimento,

passa pela produção, aquisição e por fim pela transferência de conhecimento, e em

grande parte pela troca de informações através das pessoas, em todos os níveis da

organização (RODRIGUEZ, 2002).

Em função disso, iniciativas são indispensáveis no sentido de tornar a

Organização aprendiz, conforme descreve Rodriguez (2002) no quadro abaixo:

Iniciativas de Aprendizagem

Características

Comunidades virtuais

Está baseada na verdade e na ética, norteadas pelo valor

identificado junto à comunidade, possuindo contribuições variáveis

e um gerenciamento realizado a partir das conexões estabelecidas

entre as pessoas.

Times virtuais

São orientados por produto ou resultado, onde o time compartilha

objetivos e resultados, e este, demonstra sua eficácia ou não. O

projeto é realizado e coordenado de forma integrada fazendo uso

da tecnologia disponível, como videoconferência, internet, entre

outras.

Plano individual de

treinamento

Utilizado por organizações onde o modelo de gestão proporciona o

desafio a nível individual. Cada colaborador realiza um

planejamento individual de treinamento, desta forma tornando

possível alcançar melhores posições na Organização.

Aprendizagem ação-

reflexão Realizada no nível de desenvolvimento de equipes.

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Aprendizagem

estratégia-ação Realizada no nível organizacional.

Rodízio planejado de

funções

Tem o objetivo de capacitar o colaborador e fazer com que estes

possam galgar novos postos na Organização.

Planejamento de

cenários Realizado na definição da Visão e Estratégias.

Estruturas auto-

organizáveis Realizado no sistema organizacional.

Visitas a outras

empresas

É uma prática que sempre enriquece, podendo-se verificar como

efetivamente os fatos estão ocorrendo no mercado.

Cursos, vídeos e

seminários

Através da tecnologia do ensino a distância, tem-se a oportunidade

de participar de cursos e eventos com menores custos e horários

mais flexíveis, desta forma o virtual eleva em muito a eficiência dos

processos de aprendizagem.

Estudo de casos Analisar projetos implantados e verificar suas vantagens,

dificuldades de implantação, as barreiras e lições apreendidas.

Jogos e simulações Realização de jogos e simulações de situações correspondentes a

vida real.

Estágio em

Universidades Conexão entre a teoria e a prática.

Sínteses de livros, teses

e conferências

Desenvolvimento da capacidade de compreender e sintetizar, e a

troca de experiências entre as pessoas.

Circulação de artigos

selecionados

Coleta informações relevantes ao negócio e distribui para um

público interno selecionado.

Metas formais para a

apresentação de artigos

e livros

Ligação das metas de negócio com as metas pessoais,

modificando o trabalho realizado de um ônus para um bônus

pessoal.

Reuniões de

aprendizado com os

erros

Utiliza o ciclo PFCA - Planejamento, Fazer, Controlar e Atuar com

ações de melhorias e correções das atividades e processos de

forma coletiva.

Bebedouros,

socialização

Define local para as trocas de informações como um mural de

novas idéias e reuniões de brainstorming.

Quadro 02 - Iniciativas das Organizações de Aprendizagem Fonte: Rodriguez (2002) adaptado pelo pesquisador

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A partir das iniciativas destacadas, as Organizações Aprendizes utilizam a

sinergia de seus colaboradores para permanentemente se reinventarem através de

novos produtos e serviços. Desse modo, a organização a cada nova idéia, cria

elementos de geração e sustentação da competitividade organizacional

(RODRIGUEZ, 2002).

Pode-se compreender, com base nos autores, que a aprendizagem torna-se

um fator decisivo para as organizações modernas, que deverão buscar cada vez

mais a sua capacidade de aprender e inovar a todo o instante, num processo de

desenvolvimento contínuo. A valorização do aprendizado e da educação continuada

são princípios adotados pelas organizações modernas, preocupadas com as

constantes mudanças, em razão de novas e sofisticadas tecnologias, que exigem

desenvolvimento de novas estratégias de aprendizagem organizacional, visando o

aumento da força do conhecimento, que se revelará em inovação e aperfeiçoamento

de produtos e serviços e no surgimento de novas capacidades.

2.1.1 Utilizando a tecnologia para transformar a aprendizagem

As tecnologias, os mundos virtuais, simultâneos e instantâneos estão

mudando a forma do homem pensar e se relacionar: novos códigos, nova cultura,

nova linguagem vão tomando força (MUNDIM; RICARDO, 2004). Os autores

afirmam que o uso das tecnologias “ao mesmo tempo em que valorizam do ponto de

vista didático, as novas mídias, se vale destas para ofertar infinitas alternativas de

ampliação e uso do capital intelectual” (MUNDIM; RICARDO 2004, p.8).

Para Rodriguez (2002, p.295) “a tecnologia tem um papel fundamental dentro

de um processo de mudança, mas a efetiva implantação da mudança estará

baseada nas pessoas”.

Mundim e Ricardo (2004) alertam para o uso da tecnologia com

responsabilidade e consciência, elaborando um projeto pedagógico que sustente a

sua aplicação, com ações educacionais através de uma linha de pensamento,

fazendo uso das ferramentas tecnológicas para que o processo de aprendizagem

aconteça, formando uma rede de troca e de construção do conhecimento.

No contexto da aprendizagem organizacional, a Educação Corporativa é uma

realidade nas organizações, muito em função do avanço da tecnologia que

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proporcionou uma economia com aperfeiçoamentos do ensino a distância, muito da

necessidade em se atualizar os conhecimentos. (MUNDIM; RICARDO, 2004, p.160)

Segundo Meister (1999) as organizações estão usando alguns caminhos para

desenvolver a aprendizagem permanente entre seus colaboradores e melhorar o

nível de aprendizagem. Alguns desses caminhos incluem: via satélite, a

aprendizagem multimídia, as tecnologias de aprendizagem cooperativa, a

aprendizagem via internet e campus virtuais, como se pode observar na figura a

seguir:

Figura 01 – Universidade Corporativa, um laboratório de aprendizagem Fonte: Meister (1999, p. 131).

Estes caminhos, segundo Meister (1999) apresentam as seguintes

características:

Aprendizagem via Satélite: Ela pode acontecer de forma integrada ou não

permitindo treinar um grande número de funcionários em um período de tempo

menor que os métodos tradicionais. Produz uma educação consistente usando

instrutores qualificados e especialistas, reduzindo significativamente os custos de

deslocamentos e de tempo dos funcionários, e sem a necessidade deles se

afastarem do trabalho, visto que o treinamento acontece simultaneamente, atingindo

participantes de várias localizações geográficas, além de possibilitar o intercâmbio

em tempo real. Também permite que especialistas interajam com o instrutor,

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possibilitando aos alunos uma experiência interativa e participativa, contribuindo

muito para a aprendizagem.

Aprendizagem via multimídia: o computador está se transformando em estação de

trabalho que utiliza gráficos, animações, áudio e vídeo facilitando cada vez mais a

aprendizagem. A intenção é desenvolver soluções de aprendizagem que todos

possam acessar quando quiserem e que despertem o interesse e a imaginação,

acelerando o aprendizado e reduzindo os custos e o tempo de treinamento.

Tecnologias de aprendizagem cooperativa: Embora a aprendizagem multimídia

permita que o indivíduo estude isoladamente sem deixar a sua área de trabalho, as

tecnologias de aprendizagem cooperativa reconhecem o poder da aprendizagem em

grupo. A aprendizagem cooperativa pode estar ligada a um software ou bancos de

dados avançados. O objetivo é criar um ambiente em torno do qual os profissionais

se reúnem para aprender e compartilhar conhecimentos. O trabalho cooperativo

além de incentivar um compartilhamento de conhecimentos revela as melhores

práticas na troca de experiências entre os indivíduos.

Bancos de dados de conhecimento na Intranet: permite aos funcionários

comunicar e compartilhar informações e conselhos via Internet. O objetivo é integrar

informações e conhecimentos dispersos ao aprendizado coletivo de toda a

organização.

Aprendizagem via Web: a Internet está claramente modificando a maneira de como

armazenar, transferir, encontrar e gerenciar o conhecimento. O objetivo da Web para

a educação da força de trabalho é a sua capacidade de personalizar experiências de

aprendizagem de acordo com as necessidades e preferências de cada indivíduo.

Além disso, o treinamento via Internet permite o acompanhamento automático de

cada experiência de aprendizagem. Os sistemas podem ser personalizados para

gerar relatórios diários, inclusive nomes dos alunos, endereços de e-mail, tempo

gasto on-line e telas visitadas. A Web é um ponto de encontro onde colegas

compartilham experiências de sucesso, fazem questionamentos sobre problemas

que estão tentando solucionar e armazenam ferramentas e dicas. Através dela,

também é possível oferecer uma riqueza de recursos paralelos para os alunos, sem

ocupar espaço no disco rígido ou precisar produzir, apresentar e atualizar

continuamente um CD-ROM. A tecnologia facilita a realização de pesquisas on-line e

a elaboração de testes para avaliar o desempenho. Os funcionários têm acesso não

apenas a programas de aprendizagem, mas também a documentações 24 horas por

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dia, de qualquer parte do mundo. Intranet é uma solução tecnológica usada pelas

organizações modernas para oferecer seus programas de aprendizagem a todos os

níveis da organização. Foi desenvolvida com o objetivo de permitir que os

funcionários pesquisem, acessem e recuperem o conhecimento específico de que

precisam para realizar seu trabalho.

Campus Virtual: caracteriza-se como uma oportunidade para que uma comunidade

de alunos possa estudar através de tecnologia sem precisar deixar seu local de

trabalho, através de um sistema de aprendizagem em qualquer lugar, a qualquer

hora e com o conteúdo mais adequado a cada aluno. O enorme estoque de

informação disponível na Internet pode ser distribuído à ambientes específicos,

como: sistemas de informações gerenciais, indicadores de desempenho, manual da

qualidade, treinamento, biblioteca, data mining e intranets.

Em se tratando da tecnologia utilizada para a aprendizagem, Meister (1999)

descreve que as Universidades Corporativas em seu papel de laboratório do

aprendizado estão cada vez mais impulsionando as organizações a fazer o uso da

tecnologia virtual a serviço da Educação da força de trabalho nas organizações. O

objetivo é desenvolver a aprendizagem como parte do dia a dia de trabalho,

“permitindo que o estudo se transforme em uma operação autônoma, disponível

para todos e não apenas aos poucos heróis que estejam dispostos a estudar a

qualquer custo” (MEISTER, 1999, p.167).

2.2 Universidade Corporativa

Numa economia incerta o conhecimento é fonte segura de vantagem

competitiva, pois, quando mercados mudam aceleradamente, as tecnologias

proliferam, os concorrentes se multiplicam e os produtos se tornam obsoletos a cada

minuto, as empresas de sucesso são aquelas que criam novos conhecimentos,

disseminando-os profundamente em todos os níveis da organização e rapidamente

os incorporam em novas tecnologias e novos produtos (NONAKA; TAKEUCHI,

1997). Desse modo, as organizações pressionadas pela competitividade, acabam se

tornando centro de produção de pesquisa e de saber (YOUNG, 2005).

Essa nova realidade exige que todas as pessoas, em todos os níveis da

organização, tenham desenvolvido a capacidade de criar trabalho e conhecimento

organizacional, impulsionando novas oportunidades, penetrando em novos

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mercados, criando relacionamentos mais profundos com os clientes, levando a

organização para um novo futuro, contribuindo de maneira efetiva para o sucesso

dos negócios (MEISTER 1999). Para Mundim e Ricardo (2004, p.99) “trata-se de

uma mudança de paradigma que exige das pessoas e das organizações cada vez

mais flexibilidade, competência social e inovação”.

A organização do século XXI reflete a mudança de paradigma do pensamento

administrativo com base na eficiência e em economias de escala para o sucesso,

cuja raiz está em trabalhadores com conhecimentos culturalmente diversos. “Nela,

trabalho e aprendizagem são essencialmente a mesma coisa, com ênfase no

desenvolvimento da capacidade do indivíduo de aprender” (MEISTER, 1999, p. 2).

A Educação atual exige uma visão de desenvolvimento muito mais ampla que

o treinamento em si, visto que, a educação continuada se difere do treinamento

tradicional, por atingir a todos os níveis da organização, em um âmbito em que tudo

tem a ver com tudo (TEIXEIRA, 2001).

Neste mesmo pensamento, Meister (1999, p. 21) afirma:

Um número crescente de empresas começou a perceber a necessidade de transferir o foco de seus esforços de treinamento e educação corporativa de eventos únicos em uma sala de aula, cujo objetivo é desenvolver qualificações isoladas para a criação de uma cultura de aprendizagem contínua, em que os funcionários aprendem uns com os outros e compartilham inovações e melhores práticas com o objetivo de solucionar problemas empresariais.

A mudança de paradigma na qual a visão do treinamento vai além do

trabalhador isoladamente, pode ser melhor visualizada no quadro a seguir:

ANTIGO PARADIGMA DE TREINAMENTO

CARACTERÍSTICAS

PARADIGMA DE APRENDIZAGEM NO SÉCULO XXI

Prédio Local Aprendizagem disponível sempre que solicitada, em qualquer lugar, a qualquer hora

Atualizar Qualificações Técnicas

Conteúdo Desenvolver competências básicas do ambiente de negócios

Aprender Ouvindo Metodologia Aprender agindo

Funcionários Internos Público-Alvo Equipes de funcionários, clientes e fornecedores de produtos

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Professores, consultores de universidades externas

Corpo Docente Gerentes seniores internos e um consórcio de professores universitários e consultores

Evento único Freqüência Processo contínuo de aprendizagem

Desenvolver o estoque de qualificações do indivíduo

Meta Solucionar problemas empresariais reais e melhorar o desempenho no trabalho

Quadro 03 - Mudança de Paradigma do Treinamento para a Aprendizagem Fonte: Meister (1999, p. 22)

Costa (2001) afirma que educar corporativamente é fazer com que as

pessoas pensem criticamente, envolvendo-se e se autogerenciando, ou seja, é uma

forma de humanizar o ser, a empresa, a sociedade, o meio ambiente. Além disso, a

autora acrescenta que a Educação Corporativa não é apenas virtual, mas sim,

relacional, de modo que os seres humanos criam vínculos, e através desses

constroem valores, e a partir daí estabelecem uma cultura.

Nessa visão contemporânea, a aprendizagem deve ser constante, e o

conhecimento continuamente atualizado, podendo continuar no interior das

organizações, ou seja, o profissional depois de graduado pode retornar ao processo

de ensino-aprendizagem para fins de reciclagem profissional. Essa reciclagem pode

se dar no âmbito das próprias organizações através de centros de Treinamento e

Desenvolvimento e de Programas de Educação Corporativa (OTANI, 2005).

Rodriguez (2002) complementa esta questão, dizendo que mudar o nome de

centro de treinamento para universidade corporativa é apenas um dos pontos do

processo de mudança, mas para que a mesma ocorra é preciso muito mais que a

simples troca de nome, imagem e visual. A mudança fundamental está na postura e

na real conexão com as questões estratégicas da organização.

Para Meister (1999) esta mudança é representada pela figura abaixo, que

propõe ilustrar os principais componentes dessa mudança de aprendizagem

baseada no desempenho:

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Figura 02 - Principais Componentes da mudança no sentido da Aprendizagem Fonte: Meister (1999, p. 23-24).

Fica evidenciada a mudança relacionada à aprendizagem no enfoque da

Universidade Corporativa. Neste contexto, segundo Eboli (2004 apud OTANI, 2005)

a idéia principal da Universidade Corporativa é criar uma vantagem competitiva

sustentável por parte das empresas, tornando-se uma ferramenta eficaz de

alinhamento e desenvolvimento dos talentos humanos com as estratégias

organizacionais.

Chiavenato (1999), corroborando, afirma que a Universidade Corporativa é

distinta do treinamento tradicional, pois difere por estar preocupada em transmitir

conhecimentos específicos do assunto em que a pessoa tem mais deficiência e traz

uma visão mais ampla e de longo prazo. Desta forma, o papel das organizações no

desenvolvimento educacional de seus colaboradores está se ampliando cada vez

mais, colocando o foco no desenvolvimento das pessoas como forma de obter

resultado nos negócios.

No mesmo sentido, Bayma (2004) diz que o conceito de Universidade

Corporativa é distinto das tradicionais atividades de Treinamento & Desenvolvimento

(T&D), se difere por estar voltada para desenvolver e educar os funcionários,

clientes, os fornecedores, e a comunidade. Deve cumprir as estratégias da

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organização, mantendo sua vantagem competitiva, através de um aprendizado

permanente. Representa, portanto, uma nova dimensão para o treinamento e

desenvolvimento configurando-se como uma evolução, visto que cria, mas também

se apropria e adapta os princípios filosóficos, metodológicos e empresariais presente

nas práticas de treinamento.

Então, surge uma indagação, porque chamar essa iniciativa de “universidade”

e não apenas como um departamento de treinamento evoluido? Meister (1999).

A autora afirma que as organizações estão optando por chamar de

universidade a sua função de educação porque a mensagem é clara: “aprender é

importante e, usando a metáfora de Universidade Corporativa, essa conotação

ganha ainda mais destaque. Além disso as organizações estão usando o modelo da

universidade para criar uma marca para seus programas educacionais” (MEISTER,

1999 p.263).

Para Meister (1999, p.29) as Universidades Corporativas são como “um

guarda-chuva estratégico para o treinamento e desenvolvimento de funcionários,

clientes, fornecedores e comunidade, a fim de cumprir as estratégias empresariais

da organização”.

A autora afirma, ainda, que a Universidade Corporativa tem como foco o

processo permanente de aprendizagem dentro da organização, ao invés da

aprendizagem centrada em eventos definidos realizados em locais físicos pré-

determinados, visando o desenvolvimento de qualificações isoladas. Assim, essa

nova realidade exige que todas as pessoas, em todos os níveis da empresa, tenham

desenvolvida a capacidade de criar trabalho e conhecimento organizacional,

contribuindo de maneira efetiva para o sucesso dos negócios.

Teixeira (2001, p. 33) define Universidade Corporativa “como um grupo que

oferece aos seus funcionários, clientes e fornecedores um ambiente moderno,

sistematizando e agilizando seus esforços de aprendizagem e desenvolvimento”.

Segundo Silva (2002, p.2) Educação Corporativa pode ser definida:

Como o conjunto de práticas educacionais planejadas para promover oportunidades de desenvolvimento do colaborador, com a finalidade de ajudá-lo a atuar de forma mais efetiva na sua vida profissional. Os programas de educação corporativa destacam-se como um sistema de desenvolvimento de pessoas e talentos humanos engajado às estratégias de negócio de uma organização, caracterizando-se como uma poderosa fonte de vantagem competitiva.

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Para os autores Mundim e Ricardo (2004, p.99) “o conceito de Educação

Corporativa vem substituindo o antigo T&D (treinamento e desenvolvimento),

ampliando a sua abrangência, relacionando-se cada vez mais com conceitos

emergentes de gestão do conhecimento e gestão de pessoas por competências”.

Desta forma, a Educação Corporativa vem incorporar nas organizações, a difusão da

Educação com foco no desenvolvimento humano.

Na visão de Rodriguez (2002) a Universidade Corporativa está orientada a

resultados e faz parte da estratégia da organização. “É a mola impulsionadora das

mudanças nas empresas a partir das pessoas” (RODRIGUEZ, 2002, p.447).

Alperstedt (2001) corroborando explica que, na expressão Universidade

Corporativa, o uso do termo corporativo significa que a universidade é vinculada a

uma corporação e que serviços educacionais não constituem seu principal objetivo.

Já o termo universidade não deve ser entendido como sistema de ensino superior,

no qual aponta a educação, desenvolvimento de pesquisa e extenção em várias

áreas do conhecimento. Universidade Corporativa enfim, oferece instrução

específica, sempre relacionada à área de negócio da própria organização.

Mundim e Ricardo (2004) ressaltam que a educação corporativa passa a ter,

cada vez mais, um papel de grande destaque no cenário empresarial. Seja pela

alavancagem estratégica que é permitida através do desenvolvimento profissional

dos colaboradores, seja pela soma dos resultados, através da obtenção e

assimilação pelo capital humano de um número maior de competências.

Neste contexto, as Universidades Corporativas se consolidam como um dos

meios mais eficientes de educação continuada para as organizações. Desenvolve

um espírito científico ao explorar novos métodos de instrução, tecnologias de

aprendizagem, ferramentas de autodesenvolvimento e transferência de

conhecimentos. Cria a possibilidade de organizar as estratégias de negócios e as

competências da organização, e a partir daí desenvolver as competências

individuais e em grupos, favorecendo a inteligência e o alto nível de desempenho da

organização (CARVALHO, 2001).

2.2.1 O Surgimento das Universidades Corporativas

Meister (1999) em seu estudo realizado nos Estados Unidos, as

Universidades Corporativas surgiram como complemento estratégico do

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gerenciamento do aprendizado e desenvolvimento dos funcionários de uma

organização. Uma vez que as organizações necessitam que as pessoas aprendam

cada vez mais rápido, acompanhando a velocidade da criação do conhecimento,

alinhando as iniciativas de treinamento com as estratégias da organização.

Nos Estados Unidos muitas empresas determinadas a tornarem-se líderes de

mercado, lançaram sua universidade corporativa como forma de garantir vantagem

competitiva sustentável por meio do aprendizado permanente, tornando-se um

complemento estratégico para educar não só os funcionários, mas também clientes,

fornecedores, parceiros e a comunidade (MEISTER, 1999).

Ainda enfatizando o surgimento das Universidades Corporativas, Meister

(1999, p. 27) complementa:

Embora já se fale a respeito de Universidades Corporativas há mais de 40 anos, desde que a General Electric lançou a Crotonville Management Development Institute, em 1955, o grande interesse pela criação das universidades corporativas ocorreu no final da década de 80, nos Estados Unidos. Na década de 90 o número de universidades corporativas naquele país cresceu de quatrocentos para quase dois mil [...] motivado principalmente pela necessidade das empresas de promoverem programas de aprendizagem voltados às suas próprias necessidades como complemento estratégico do gerenciamento do aprendizado e desenvolvimento dos funcionários de uma organização.

A autora destaca que neste período, muitas empresas vivenciaram uma forte

redução no prazo de validade do conhecimento e perceberam que não mais podiam

depender das instituições de ensino superior para desenvolver sua força de trabalho

e garantir sua própria sobrevivência no futuro.

Segundo Teixeira (2001, p. 30) no Brasil o surgimento das Universidades

Corporativas deu-se na década de 90, “quando o treinamento não oferecia nada

mais além do que algumas qualificações”. Entre as instituições pioneiras em

Universidades Corporativa no Brasil pode-se citar a Accor Brasil, Algar, Amil,

Brahma, BankBoston, Elma Chips, Ford, Mac Donalds e Motorola.

E por fim, a Universidade Corporativa preocupa-se não somente com o fator

qualificar, mas também com a apresentação de uma nova forma de pensar e

trabalhar, possibilitando assim, aos colaboradores das organizações

desempenharem papéis mais amplos no seu ambiente de trabalho (TEIXEIRA,

2001).

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2.2.2 Missão e Características das Universidades Corporativas

As novas organizações criadas na sociedade do conhecimento passaram a

ser caracterizadas pelas missões de gerar novos conhecimentos, armazená-los e

torná-los disponíveis para serem transferidos aos quadros das próprias organizações

ou a outros interessados (GOMES, 2004). Desta forma, toda a instituição para atingir

os objetivos propostos desenvolve uma missão, a qual representa a imagem que o

grupo faz de sucesso, dando direção aos programas de educação corporativa

(MUNDIM; RICARDO, 2004).

A abordagem estratégica das organizações ressalta a importância da missão,

conforme afirmam Stoner e Freeman (1999, p.137):

Uma declaração de missão é uma parte relativamente permanente da identidade de uma organização, e pode ser muito importante para unificar e motivar seus membros. [...] Assim, a declaração de missão torna-se a força propulsora por trás tanto dos objetivos estratégicos quanto dos operacionais.

Para Costa (2001, p.23) a missão das Universidades Corporativas é:

Formar cidadãos elevando a empregabilidade em todos os níveis da organização, aumentando a competitividade expressa em resultados crescentes dos negócios, através de um modelo de excelência em gestão de educação continuada, promovendo o crescimento e o desenvolvimento de seres humanos capazes de contribuir para uma ação socialmente responsável e ética.

Ainda é importante salientar que a missão da Universidade Corporativa é

formar e desenvolver os talentos humanos na gerência dos negócios, promovendo a

gestão do conhecimento organizacional, sendo o principal objetivo o

desenvolvimento de competências e técnicas gerenciais consideradas essenciais

para a viabilização das estratégias da organização. Para defini-las, é fundamental

que a empresa identifique qual é a sua competência empresarial. Ou seja, aquela

competência que realmente irá compor seu diferencial competitivo e será

responsável pelo seu sucesso (EBOLI, 1999 apud CARVALHO, 2001).

Desse modo, as Universidades Corporativas são fruto da sociedade do

conhecimento, estando diretamente relacionadas com o crescimento da

complexidade com que as empresas precisam lidar, demandando a existência de

políticas que assegurem a formação de profissionais competentes (BAYMA, 2004).

Bayma (2004, p.25) define que “o papel da Universidade Corporativa é então,

garantir a educação continuada interna, fazendo a relação entre o negócio da

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empresa, o seu planejamento estratégico e a busca de recursos e conhecimentos na

universidade”.

Na visão de Meister (1999, p.30) as Universidades Corporativas “tendem a

organizar-se através de princípios e objetivos semelhantes, em busca do objetivo

fundamental de tornar-se uma instituição em que o aprendizado seja permanente”. A

seguir, apresentam-se alguns princípios, que segundo a autora são considerados

importantes para que as Universidades Corporativas obtenham sucesso no mercado

global:

1. Oferecer aprendizagem que sustente os objetivos da organização: a Universidade

Corporativa é um processo e uma mentalidade que norteia toda a organização, e

não apenas um local físico de aprendizado. Ela deve estimular as pessoas a

compartilharem os conhecimentos, criando e fortalecendo uma rede interna e

externa de conhecimentos compartilhados.

2. Considerar o modelo da Universidade Corporativa um processo e não espaço

físico destinado à aprendizagem: muitas Universidades Corporativas implantadas

nos Estados Unidos e no Brasil não têm campus, nem instalações físicas definidas.

Muitas são virtuais, utilizando-se da tecnologia atual, para a realização do

aprendizado a qualquer hora e em qualquer lugar. Através da realidade tecnológica,

a aprendizagem virtual tem tocado fortemente a maneira das organizações

repensarem seus tradicionais centros de treinamento. As experiências mais bem-

sucedidas em Universidades Corporativas estão baseadas no ensino a distância e

na utilização ativa da tecnologia para se criar um ambiente positivo à aprendizagem

organizacional.

3. Elaborar um currículo básico em torno dos três Cs: Cidadania Corporativa,

Estrutura Contextual e Competências Básicas: realizar um diagnóstico cuidadoso

das competências organizacionais, corporativas e humanas consideradas decisivas

para o sucesso do negócio é o ponto de partida para se desenvolver programas de

treinamento, desenvolvimento e educação que estejam alinhados com as estratégias

organizacionais. Assim, as empresas em seus currículos de Universidades

Corporativas mostram aos seus funcionários o contexto em que a empresa opera,

proporcionando a todos os colaboradores uma visão geral da organização e assim

compreendendo o seu real papel e a sua importância para a realização das metas

organizacionais. Exercitar a cidadania individual e corporativa demonstra uma das

práticas mais eficazes no desenvolvimento de habilidades e competência humana,

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assim os colaboradores exercem o seu papel de ator social na construção e

transformação da realidade organizacional, favorecendo para que a organização

também cumpra seu papel de empresa-cidadã.

4. Treinar a cadeia de valor: a emergência de Universidades Corporativas não

significa excluir o papel das universidades tradicionais na formação de profissionais,

na realização de pesquisas e prestação de serviços à comunidade. Ao contrário, as

experiências bem-sucedidas nesta área são de empresas que realizaram boas

parcerias com universidades ou institutos que agregam valores a esses programas

corporativos, contribuindo assim, para que as empresas realizem com mais

competência o processo de divulgação e aplicação dos conhecimentos, garantindo o

sucesso do negócio.

5. Passar do treinamento conduzido pelo instrutor para vários formatos de

aprendizagem: embora as Universidades Corporativas tenham vários programas de

treinamento de qualificações, cada vez mais a ênfase está na sua transformação

para laboratório de aprendizagem para toda a cadeia de valor, com a possibilidade

de promover uma aprendizagem formal através de programas de treinamentos em

sala de aula e também uma aprendizagem informal com foco nos funcionários,

clientes, fornecedores e até mesmo as Universidades que fazem os novos

recrutamentos.

6. Encorajar o envolvimento dos líderes no aprendizado da organização para

funcionarem como facilitadores no processo de aprendizado: os centros de

treinamento e desenvolvimento tradicionais utilizam-se de educadores externos, com

pouco contato com a realidade da organização. Simplesmente demonstram toda a

sua sabedoria e depois vão embora. Muitas das Universidades Corporativas

realizaram uma grande mudança no foco, estimulando que as lideranças internas

além de participar ativamente do processo de aprender, desde já, incorporem em

suas funções e responsabilidades no processo de aprendizagem.

7. Passar do modelo de financiamento corporativo por alocação para fonte de

recursos próprios: o recurso que as Universidades Corporativas vão obter será

ditado pelo mercado, com referência nos serviços prestados e nas necessidades dos

clientes. O pagamento desses serviços prestados as unidades de negócios é que vai

sustentá-la. É relevante lembrar que a estratégia de obtenção de recursos sobre

remuneração por serviços cresce à medida que a Universidade Corporativa

amadurece. Muito raramente as Universidades Corporativas são criadas com esse

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modelo, porque poucos clientes percebem como seus serviços podem ser valiosos.

À medida que elas vão evidenciando seu valor, a remuneração pelos serviços

prestados torna-se uma evolução natural de um negócio que tem o cliente como foco

principal.

8. Assumir um foco global no desenvolvimento de soluções de aprendizagem:

identificar no mercado internacional as oportunidades, para que as organizações

possam competir com sucesso nos negócios, preparando as equipes de trabalho

para atuar nas diversas culturas, tornando-se agentes de mudança corporativa e

criador de vínculo com seus clientes.

9. Criar um sistema de avaliação dos investimentos e resultados obtidos: um dos

grandes desafios enfrentados hoje pelas empresas é criar formas eficazes de

avaliação dos resultados obtidos com os investimentos em treinamento. Os

tradicionais métodos de avaliação utilizados (número de dias de treinamento, horas

de treinamento por funcionário, média do custo de treinamento, número de pessoas

treinadas, número de cursos oferecidos, etc.) em muito pouco ajudam na

compreensão de quanto realmente a organização foi beneficiada com o treinamento.

É importante estabelecer formas de avaliação que estejam diretamente relacionadas

aos resultados da organização. Ou seja, é primordial que se avalie o impacto dos

produtos e serviços fornecidos pela Universidade Corporativa nos resultados dos

negócios.

10. Utilizar a Universidade Corporativa para obter vantagem competitiva e entrar em

novos mercados: para atingir estes objetivos, organizações estão usando as

técnicas desenvolvidas de workouts e seminários sobre gerenciamento da cadeia de

fornecimento, para posicionar-se como consultoria em produtividade para seus

clientes. Esse compromisso de usar a educação como meio de obter novos clientes

e entrar em novos mercados está sendo difundido porque muitos mercados já dão

sinais de insatisfação. Com a diminuição do ciclo de vida dos produtos e com a

facilidade do uso das tecnologias, as organizações precisam participar cada vez

mais da cadeia de valor, transformando a si próprias em consultores e conselheiros

dos clientes, abrangendo desde qualidade e educação de funcionários até

produtividade e inovação.

Conforme afirma Meister (1999, p.59):

As empresas que aplicam os princípios evidentes nas Universidades Corporativas estão olhando além dos programas de educação de funcionários, à procura de uma população-alvo, funcionários internos,

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e criando sistemas de aprendizagem que reúnem clientes, funcionários e a cadeia de fornecimento em busca do aperfeiçoamento constante. O desafio é criar um ambiente de aprendizagem no qual todo funcionário da empresa compreenda a importância da aprendizagem contínua vinculada às metas empresariais.

A autora enfatiza, também, que as principais características das

universidades corporativas, compreendem: a divulgação da cultura e dos valores da

organização; a entrega de conhecimentos relacionados ao negócio; o treinamento de

funcionários e também da cadeia de valor; a utilização de uma variada gama de

metodologias de ensino; a criação de parcerias com instituições de ensino superior,

conferindo certificação dos cursos, e por fim; o apoio da alta direção.

Sobre estes aspectos, Costa (2001) salienta que as Universidades

Corporativas para obter sucesso, necessitam ter mais amplitude e englobar não

apenas a força de trabalho, mas também os membros mais importantes da cadeia

de valor, numa ação contínua de oportunidades de educação e desenvolvimento,

contribuindo para um novo ambiente de aprendizagem.

2.2.3 Importância das Universidades Corporativas

Segundo Meister (1999, p.1), para entender a importância das Universidades

Corporativas como modelo para educação superior e como instrumento importante

para mudança cultural é necessário compreender as forças que sustentaram o

surgimento desse fenômeno, entre elas:

a) a emergência da organização não hierárquica, enxuta e flexível, com capacidade

de responder rapidamente ao agitado ambiente empresarial;

b) o advento e a consolidação da economia do conhecimento, onde o conhecimento

é a nova base para a formação de riqueza, quer seja no âmbito individual,

empresarial, nacional ou internacional;

c) a redução do prazo de validade do conhecimento

d) o novo foco na capacidade de empregabilidade / ocupacionalidade para toda vida

em lugar do emprego para a vida toda;

e) a mudança fundamental no mercado da educação, evidenciando-se a

necessidade de formar pessoas com visão global e perspectiva internacional dos

negócios.

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Conforme a autora relata, essas tendências abrangentes apontam para um

novo e importante veículo para a criação de uma vantagem competitiva sustentável,

“o comprometimento da empresa com a educação e o desenvolvimento dos

funcionários” (MEISTER 1999, p.2).

A importância da universidade corporativa, segundo Rodriguez (2002, p.461)

está baseada nos seguintes pontos:

a) Capacitação orientada para melhoria do desempenho dos negócios da

organização;

b) Disseminação de valores comuns na organização, envolvendo clientes,

fornecedores e sociedade, desenvolvendo a capacidade de aprender a aprender, do

trabalho e equipe e o mais importante o autogerenciamento das pessoas;

c) Investimento na marca da organização, utilizando a rede de pessoas

comprometidas com a organização;

d) Desenvolvimento da cultura da inovação e do crescimento dentro da organização,

estimulando que todos estejam envolvidos, promovendo o alinhamento dos objetivos

pessoais com os objetivos da empresa.

Nos dias atuais, observa-se uma transformação nos modelos de aprender, as

Universidades Corporativas surgem como um condutor cultural e de valores, dentro

e fora da organização, permitindo capacitar seus clientes, fornecedores e sociedade,

possibilitando a todos adquirir os conhecimentos essenciais para a realização de

suas atividades e o bom uso dos produtos e serviços oferecidos pela organização.

2.2.4 Vantagens e fatores críticos das Universidades Corporativas

A capacidade de estar em processo contínuo de mudança, adaptar-se ou

antecipar-se às novas mudanças e às condições ambientais internas e externas é

um fator importante de competitividade nas organizações modernas. A Educação

Corporativa visa suprir esta necessidade organizacional fundamental nos dias de

hoje, consolidando-se como uma ampliação do conceito de treinamento e

desenvolvimento estratégico dos recursos humanos das empresas (MUNDIM;

RICARDO, 2004)

Dutra (2002 apud OTANI, 2005) afirma que o desenvolvimento das pessoas é

fundamental para a ampliação de seu diferencial competitivo, pois, as organizações

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estão cada vez mais pressionadas para melhorar seu desempenho, tanto pelo

ambiente externo quanto pelas pessoas com as quais mantêm relações de trabalho.

Como produtora de conhecimentos, as Universidades Corporativas surgem

com a capacidade de sustentar a vantagem competitiva das organizações,

inspirando um aprendizado permanente e um desempenho favorável aos valores

humanos e, consequentemente, das organizações. É desta forma, que estas estão

se tornando responsáveis pelo desenvolvimento e educação de funcionários,

clientes e fornecedores, com o objetivo de atender às estratégias empresariais como

forma de alavancar novas oportunidades, penetrar em novos mercados e criar

relacionamentos mais intensos com os clientes, impulsionando a organização para

um novo futuro (MONTEIRO, 1999).

Para Meister (1999, p.265) entre os motivos que levam à criação de uma

Universidade Corporativa estão:

Desejo de vincular o aprendizado e o desenvolvimento às principais metas empresariais; criar uma abordagem sistemática ao aprendizado e ao desenvolvimento; difundir uma cultura e valores comuns em toda a organização; desenvolver a empregabilidade dos funcionários.

Rodriguez (2002), por sua vez, destaca os desafios e fatores críticos de

sucesso na implantação do projeto de uma universidade corporativa:

FATORES CRÍTICOS CARACTERÍSTICAS

Mudança de cultura: Da empresa, das pessoas que vão compor a própria universidade e daqueles que vão participar de seus programas

Benchmarketing: Aprender com aqueles que já implantaram e estão efetivamente utilizando a universidade corporativa

Benefícios: O quanto os programas desenvolvidos na universidade podem contribuir para o alcance dos objetivos estratégicos da empresa

Compromisso gerencial: Comprometimento contínuo das gerências de primeiro nível da empresa

Modelo de gestão: Institucionalização da universidade como órgão de consultoria e prestação de serviços de capacitação

Parcerias: Alianças com instituições para desenvolvimento de programas

Mensuração de resultados: Utilização de indicadores de resultados

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Ciclo de criação de novos

produtos: Alinhamento dos programas às metas da empresa

Marketing e comunicação: Intensificação da marca da universidade e da própria empresa

Preparação dos treinadores: Capacitação para o novo modelo de gestão e trabalho

Clareza do projeto:

Entendimento de todos com relação à universidade corporativa, o que é seus objetivos, o que oferece e como funciona. É importante definir com precisão as necessidades que a empresa tem e decidir as que pretende sanar e quais estratégias utilizar.

Quadro 04 - Desafios e Fatores Críticos de Sucesso na Implantação de uma Universidade Corporativa Fonte: Rodriguez (2002), adaptado pelo pesquisador

Ainda em relação aos fatores críticos de sucesso na implantação das

Universidades Corporativas, Meister (1999) destaca que são várias as barreiras que

impedem o lançamento destas, entre elas: a falta de comprometimento sustentado

por parte da alta cúpula com o modelo de Universidade Corporativa; a falta de

consenso entre os gerentes de nível médio sobre a necessidade de uma

Universidade Corporativa; a incapacidade de desenvolver um elo entre a

Universidade Corporativa e as metas empresariais da organização; a falta de

visibilidade da ênfase da corporação na aprendizagem; e por fim, a incapacidade de

provar o valor da Universidade Corporativa.

Neste contexto, a autora afirma que para obter sucesso no lançamento de

uma Universidade Corporativa, devem-se observar vários fatores: envolver a alta

cúpula na Universidade corporativa; envolver a gerência média e alta das unidades

de negócios no desenvolvimento de uma visão compartilhada da Universidade

Corporativa; criar um modelo de financiamento que caminhe na direção do

pagamento por serviços prestados; fazer experiências com a tecnologia para

oferecer aprendizado e desenvolvimento aos funcionários; desenvolver parcerias

proativas com instituições de educação superior para oferecer conhecimento aos

adultos profissionais; criar medidas holísticas para avaliar o impacto da Universidade

Corporativa sobre a realização das estratégias organizacionais; e por fim, comunicar

a todo o instante aos funcionários, gerentes de unidades de negócios e outros

participantes da cadeia de valor da Universidade Corporativa.

No mesmo enfoque, Eboli (2005) descreve os setes princípios para a

obtenção de sucesso na implantação de uma Universidade Corporativa:

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Competitividade: valorizar a educação como forma de desenvolver o capital

intelectual dos colaboradores transformando-os efetivamente em fator de

diferenciação da empresa frente aos concorrentes, para ampliar e consolidar sua

capacidade de competir, aumentando assim o seu valor de mercado através do

aumento do valor das pessoas.

Perpetuidade: entender a educação não apenas como um processo de

desenvolvimento e realização do potencial intelectual, físico, espiritual, estético e

afetivo existente em cada colaborador, mas também como um processo de

transmissão da herança cultural.

Conectividade: privilegiar a construção social do conhecimento estabelecendo

conexões, intensificando a comunicação empresarial e favorecendo a interação para

ampliar a quantidade e qualidade da rede de relacionamentos.

Disponibilidade: disponibilizar atividades e recursos educacionais de fácil uso e

acesso, propiciando condições favoráveis e concretas para que os colaboradores

realizem a aprendizagem a qualquer hora em qualquer lugar.

Cidadania: estimular o exercício da cidadania e da construção social do

desenvolvimento organizacional, formando sujeitos capazes de refletir criticamente

sobre a realidade organizacional, de construí-la e modificá-la continuamente, e de

atuar pautado de uma postura ética e socialmente responsável.

Parceria: desenvolver continuamente as competências críticas dos colaboradores,

no intenso mundo dos negócios, é uma tarefa muito complexa, exigindo que se

estabeleçam relações de parcerias internas e externas, com ideais e interesse

comum na educação desses colaboradores.

Sustentabilidade: ser um centro gerador de resultados para a empresa, buscando

agregar sempre valor ao negócio.

A autora conclui que, para a realização com qualidade de um sistema de

Educação Corporativa depende da qualidade do pensamento de seus idealizadores,

que devem estar pautados nos sete princípios citados.

Com base na opinião dos autores, pode-se verificar a importância da

Educação Corporativa para as organizações modernas, como uma ferramenta

estratégica organizacional, responsabilizando-se por criar a aprendizagem

permanente, o desenvolvimento dos valores humanos e principalmente manter a

competitividade.

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2.2.5 Projetando uma Universidade Corporativa

O modelo para uma Universidade Corporativa apresentado neste trabalho

representa basicamente os conceitos apresentado por Meister (1999), em virtude do

pioneirismo e grande abrangência de informações que a autora aborda em seu

trabalho, inclusive por ser referência unânime quanto ao assunto.

Nos últimos anos, várias foram as razões para as organizações criarem suas

Universidades Corporativas, entre elas: conseqüência da reengenharia, mudanças

culturais, nova cúpula administrativa, resultado de nova legislação, até mesmo a

reestruturação de toda a indústria, como no caso dos serviços públicos,

telecomunicações e saúde. Na maioria das situações, o objetivo é elevar o nível da

produtividade da força de trabalho e criar uma vantagem competitiva no mercado

(MEISTER, 1999).

A autora alerta que para criar uma infra-estrutura de Universidade

Corporativa, deve-se observar que:

O lançamento de uma Universidade Corporativa é interativo; passa por várias fases, sendo que cada uma delas gera outra e dura em média 18 meses. Pular etapas pode criar a ilusão de velocidade, mas não produzirá um resultado final que permita à organização fortalecer a capacidade de aprendizado do seu pessoal. (MEISTER 1999, p.62)

Na figura abaixo, a autora apresenta os dez fundamentos necessários para o

sucesso da construção das Universidades Corporativas:

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Figura 03 - Dez Componentes Fundamentais do Projeto de Universidade Corporativa Fonte: Meister (1999, p. 63) Para uma melhor compreensão, estes fundamentos são descritos a seguir:

Em relação a formar um sistema de Controle, Jackie Vierling, gerente de programa

do Management Development Institute (Crotonville) da General Electric, citada por

Meister (1999 p.67) resume esse fundamento quando disse: “centenas de empresas

vêm todos os anos para Crotonville. E em cada palestra, nós da General Eletric

enfatizamos a importância do apoio visível do CEO (Chief Executive Officer). Com

isso, queremos dizer que o CEO deve realmente vir a Crotonville e facilitar a

aprendizagem”. Conforme Meister (1999), não se pode considerar só o apoio forte e

visível da cúpula, que é sem dúvida o fator primordial para o sucesso da

Universidade Corporativa, mas também é necessária uma união entre os gerentes,

para dar força de massa nos estágios iniciais. Esse grupo não inclui todos os

gerentes de cúpula, porque algumas pessoas simplesmente não se envolvem nos

primeiros estágios de uma nova iniciativa por considerarem arriscada demais e não

acreditarem que dará resultados. Sobre este assunto a autora aconselha “a não se

deixar desencorajar pela resistência, porque ela é uma resposta normal à mudança”

(MEISTER, 1999, p.67).

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Já em relação a criar uma Visão, a Universidade Corporativa de sucesso

desenvolve um quadro de futuro relativamente fácil de comunicar e causar uma

impressão duradoura em todas as partes interessadas. Essa visão é a imagem de

grupo de sucesso que direciona os caminhos que a Universidade Corporativa deve

seguir. Às vezes, o primeiro esboço vem de um único indivíduo, o que normalmente

é o líder da equipe, responsável pela Universidade Corporativa. Mas, após o

conselho controlador trabalhar neste esboço durante algum tempo, surge algo

melhor, através de uma combinação de raciocínio analítico e poder de imaginação.

Alguns departamentos de treinamento “acreditam cegamente que devem ser

totalmente responsáveis pela criação da declaração de visão, pelo instrumento de

formação da instituição e tudo o mais”. (MEISTER, 1999, p.70). No entanto, para ter

sucesso, o órgão controlador precisa ter um papel importante no processo de

visualização. O chefe do centro de treinamento certamente pode elaborar um

instrumento de formação da instituição para ser levado à reunião de conselho, mas é

responsabilidade de todo o órgão controlador decidir sobre a versão final. O ideal é

que tudo seja resultado de um esforço comum.

Em se tratando de recomendar o alcance e a estratégia de obtenção de

Receita, a Universidade Corporativa no início precisa definir o que pretende alcançar

com suas atividades, qual o público alvo e quais programas a serem oferecidos. As

Universidades da Motorola e Arthur Andersen são as que oferecem a maior

variedade de operações. Estas empresas treinam toda a cadeia de valor. A Motorola

que tem o Motorola Customer and Suppplier Institute, licencia seus programas de

treinamento aos seus fornecedores. Oferece também inúmeros outros cursos

mesclando funcionários e público externo. “A idéia por trás dessa abordagem é que

a empresa não é uma entidade independente, onde para ter sucesso, a empresa

tem de treinar todos os elementos-chaves da cadeia de valor, ou pelo menos

envolver clientes e fornecedores e comunicar-lhes as suas estratégias” (MEISTER,

1999, p.71). Desse modo, as organizações estão estendendo o ensino a todos os

seus parceiros, representando uma forma de criar uma nova fonte de renda à

Universidade Corporativa, explorando o licenciamento de programas de treinamento

e utilizando esses recursos para suplementar o orçamento da educação corporativa

na busca da auto-suficiência.

Ainda em relação aos fundamentos necessários para construção de

Universidade Corporativa, na Organização, inevitavelmente surge um

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questionamento, se todo o treinamento ficará a cargo de uma só supervisão. De

acordo com a autora, algumas funções são centralizadas por motivos de custo e

eficiência, e outras continuarão descentralizadas.

O critério para decidir o que centralizar e o que descentralizar é determinar onde são obtidas as maiores eficiências de custo sem que se perca o vínculo entre a aprendizagem do funcionário e as metas da empresa. A resposta quase sempre está em centralizar as funções estratégicas da educação do funcionário: definir a filosofia de aprendizagem, o controle geral, o desenvolvimento do projeto, o registro, a administração, a avaliação e o marketing e deixar a responsabilidade pela apresentação para cada local e/ou região (MEISTER, 1999, p.73).

A autora apresenta um exemplo das funções que são bem desempenhadas

quando centralizadas e das que funcionam assim quando descentralizadas,

conforme figura abaixo:

Figura 04 - Função da Aprendizagem na Corporação Fonte: Meister (1999, p. 74) Com relação a identificar Partes Interessadas, um dos aspectos que

diferencia uma Universidade Corporativa do departamento tradicional de treinamento

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é a amplitude do público-alvo que ela atende; inclui toda a cadeia de valor, não

somente funcionários, mas também fornecedores clientes e parceiros. Com a

evolução das Universidades Corporativas, elas reavaliam as partes interessadas e

normalmente reformulam o público-alvo original. Uma vez determinado qual a

clientela-alvo da sua Universidade Corporativa, o próximo passo é verificar as

necessidades dos clientes e preocupar-se com aquelas que à universidade dará

maior enfoque.

Na figura, descreve-se a rede de treinamento da cadeia de valor:

Figura 05 - Rede de Treinamento da Cadeia de Valor Fonte: Meister (1999, p.172)

Tratando-se de criar Produtos e Serviços, é importante definir quais são as

qualificações, o conhecimento e as competências que a organização exigirá no

futuro, o próximo trabalho será desenvolver um modelo de soluções de

aprendizagem. Não basta oferecer cursos tradicionais de treinamento acreditando

que o aprendizado ocorrerá simplesmente porque as pessoas são colocadas juntas

numa sala de aula. É importante determinar o que será aprendido, quais as

qualificações específicas necessárias ao sucesso futuro, como a aprendizagem

ocorrerá e como aperfeiçoar os métodos, tecnologias e o ambiente em que a

aprendizagem ocorrerá.

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Referindo-se a selecionar Parceiros de Aprendizagem é fundamental

considerar que a Universidade Corporativa seleciona os parceiros, fornecedores de

treinamento, consultores e instituições de educação superior.

Devido ao fato de a tarefa de atualizar continuamente a base de conhecimento dos funcionários ser tão formidável, as Universidades Corporativas estão juntando forças com as universidades convencionais e com os mais diferentes parceiros para integrar as metas de cada funcionário, da organização e da instituição educacional em uma parceria benéfica para todos os três. (MEISTER, 1999, p.77)

Ao se esboçar uma estratégica de Tecnologia, as organizações normalmente

após a fase final de apreciação do projeto institucional selecionam a tecnologia e os

meios de aprendizagem. Porém, é importante analisar as opções de apresentação

logo no início da fase de projeto. Verificando a variedade de tecnologias usadas

pelas organizações, fazendo uso de uma combinação dessas tecnologias para

distribuir a aprendizagem por todos os níveis da organização. Como exemplo a

aprendizagem no computador usando a intranet ou um sistema eletrônico de

desempenho compreendendo a aprendizagem na estação de trabalho;

aprendizagem a distância; e até mesmo laboratório centralizados de aprendizagem,

onde as pessoas podem estudar no computador durante o horário de almoço

(MEISTER, 1999).

Com relação a criar um sistema de Avaliação, a Universidade Corporativa tem

como meta principal, a criação de uma cultura de aprendizagem ativa e contínua,

com foco nas mais importantes estratégias da organização. Esse é o grande desafio

para um gerente tradicional de treinamento e desenvolvimento, que costuma

mensurar o resultado de seus programas elaborando um catálogo de cursos,

construindo dependências de treinamento, ou somando o número de horas de

treinamento concluídas em determinado ano. Porém, no contexto atual, o novo

diretor de aprendizagem precisa criar experiências de aprendizagem que envolvendo

o trabalho, que atendam às necessidades da organização resultando em melhorias

no desempenho do funcionário (MEISTER, 1999).

Para Meister (1999) avaliar se as metas da Universidade Corporativa estão

sendo atingidas não se pode usar a mesma forma de mensuração com que se mede

a produção de uma máquina ou o faturamento de um vendedor. Um bom exemplo

citado pela autora é: Jay Zimmerman, gerente de Pesquisa e Qualidade do Institute

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of Learning do Banco Montreal, que apresenta como o resultado do treinamento

pode ser avaliado:

Instituímos uma avaliação de acompanhamento três meses após os três meses do curso ‘XYZ’?”. Pedimos para ele refletir sobre o curso e depois perguntamos: ‘Você acha que nesses três meses já teve oportunidade de aplicar o que aprendeu?’. Talvez ele tenha mudado de emprego; talvez o ambiente não tenha permitido aplicar aquele aprendizado ao trabalho. Se ele teve oportunidade de usar o que aprendeu, até que ponto o novo aprendizado está sendo aplicado? Que impacto ele está conseguindo sentir em termos de qualidade do trabalho, eficiência, manutenção e satisfação dos clientes e cumprimento de prazos? (ZIMMERMAN apud MEISTER, 1999, p.79).

Meister (1999) referenciando Zimmerman destaca que a Universidade

Corporativa está alinhada com as estratégias organizacionais e desenvolve

programas específicos, por exemplo, como melhorar o serviço a clientes em alguns

pontos percentuais [...] e a verdadeira ação gira em torno de medidas de impacto

nos negócios, visto que, não existe receita. Desta forma, a autora observa que

normalmente, os resultados dos treinamentos são medidos pelo número de horas de

treinamento e pela porcentagem de receita gasta em treinamento.

Apesar desses índices serem importantes, eles medem somente o investimento em treinamento e não o resultado que ele produziu para a organização como um todo. A avaliação dos resultados, em última análise, levará à institucionalização de uma Universidade Corporativa, mesmo muito tempo depois de aposentado ou seu patrocinador (MEISTER, 1999, p.81).

Referente à Comunicação Constante, as informações sobre a Universidade

Corporativa e o seu papel nas organizações, a comunicação precisa responder

algumas questões básicas sobre o assunto. Além disso, a comunicação com a alta

cúpula da organização precisa acontecer em primeira instância, criando e utilizando

os veículos de comunicação e, por fim, divulgar os resultados da Universidade

Corporativa ao público interno e externo da organização.

É importante ressaltar que além dos componentes necessários para a

construção de uma Universidade Corporativa, a organização conta com o importante

papel do Diretor de Aprendizagem, também chamado de Reitor, tem a missão de

desempenhar quatro papéis muito importantes, os quais são representados na figura

abaixo e descritos posteriormente (MEISTER, 1999).

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Figura 06 - Papéis de um Diretor de Aprendizagem

Fonte: Meister (1999, p.87)

O Parceiro de negócios significa, acima de tudo, ser um estudioso dos

negócios, que envolve conhecer a direção estratégica da empresa, seus produtos,

serviços, clientes, concorrentes, fornecedores, questões sindicais e como a

organização está se posicionando no mercado global [...] compreender os problemas

que a empresa e sua indústria estão enfrentando, participar de reuniões

estratégicas, ler os planos estratégicos das unidades de negócios, desenvolver

relacionamentos operacionais com os gerentes seniores e recomendar soluções de

aprendizagem que superem os desafios empresariais.

Já o Pensador do Sistema, tem o papel de esboçar uma visão de como

adequar as operações de aprendizagem e desenvolvimento, para que elas formem

um sistema unido por ações inter-relacionadas.

Com relação ao papel do Diretor de Aprendizagem é executar a função de

especialista em educação, como especialista funcional em aprendizagem, uma vez

que precisa moldar a visão da aprendizagem contínua, fixando metas grandiosas e

até audaciosas para a organização, como aumentar o treinamento e o

desenvolvimento para toda a cadeia de valor, eliminando as ineficiências das

unidades de negócios e melhorando a satisfação dos interessados internos.

E ainda, de forma importante nesta configuração o Formador de Alianças tem

como meta, buscar continuamente parcerias, não apenas com gerentes internos,

mas também com clientes externos, líderes sindicais, reitores de instituições de

educação superior, entre outros, desenvolvendo uma rede global de parceiros de

aprendizagem.

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Com a globalização dos negócios as mudanças são constantes, surgem

novos clientes, produtos, serviços, alianças e oportunidades. Neste contexto, a

verdadeira meta da Universidade Corporativa é “preparar todos os funcionários de

uma organização para que eles aproveitem o máximo essas novas mudanças e

institucionalizar uma cultura de aprendizagem contínua alinhada com as estratégias

básicas da empresa”. (MEISTER, 1999, p.88).

Meister (1999) descreve o modelo baseado na pesquisa com 50 empresas

nos Estados Unidos que possuem Universidades Corporativas, levantando sua

filosofia, seu funcionamento, seus objetivos e programas oferecidos. Os programas

são estruturados em torno do desenvolvimento da Cidadania Corporativa, Contexto

e Competências Básicas, alinhando os programas às estratégias da organização.

Segundo Meister (1999) a Cidadania corporativa incute em todos os níveis de

funcionários a cultura, os valores, as tradições e a visão da empresa. Nesse conceito

de cidadania está embutida uma forte identificação com os valores da empresa em

que se trabalha. A Estrutura contextual oferece a todos os funcionários uma visão

geral da atuação da empresa, seus clientes, concorrentes e as melhores práticas

dos outros. Os funcionários adquirem um conhecimento sólido das características e

dos benefícios dos produtos e serviços da empresa, como ela ganha dinheiro, como

seus negócios se comparam com os da concorrência e, o mais importante, como

aprender com as melhores práticas das empresas de primeira linha que determinam

os padrões de excelência dentro do mercado. As competências básicas do ambiente

de negócios representam um conjunto de conhecimentos e competências

específicas para o negócio da organização que os funcionários precisam para

exercer suas funções, contribuindo para a obtenção de vantagem competitiva para a

organização. Conforme a autora descreve, as competências básicas comuns

identificadas nas empresas são: (a) aprendendo a Aprender em que é determinante

ser responsável pela própria aprendizagem contínua e saber qual é a maneira ideal

de aprender novas qualificações; (b) Comunicação e Colaboração destaca que

comunicar-se efetivamente com os colegas de trabalho, saber trabalhar em grupo e

colaborar com os membros da equipe para compartilhar as melhores práticas;

(c) Raciocínio Criativo e resolução de problemas se refere, a saber, identificar

problemas e ver a conexão que existe entre a solução proposta e possíveis

abordagens ao próximo problema; (d) Conhecimento Tecnológico tem foco no usar

as mais recentes tecnologias para conectar-se com os membros de sua equipe em

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qualquer parte do globo; (e) Conhecimento de Negócios Globais destaca em

compreender o grande quadro global de como as empresas operam através de um

conjunto básico de técnicas empresariais como finanças, planejamento estratégico e

marketing; (f) Desenvolvimento de liderança implica em ter uma visão para sua

equipe ou departamento que seja compatível com a missão e as metas da

organização; e (g) Autogerenciamento da carreira que se volta a ter a capacidade de

gerenciar a própria carreira identificando as qualificações e conhecimentos

necessários para que se tenha valor no ambiente de negócios e depois trabalhar

para adquiri-los.

A autora destaca que os treinamentos formais para funcionários de todos os

níveis da organização têm grande ênfase nos valores, crenças e cultura da

organização, permitindo a todos se engajarem nessa filosofia, desenvolvendo a

Cidadania Corporativa, estimulando o orgulho do funcionário e fortalecendo o seu

vínculo com a empresa, e também, desenvolvendo um modo de pensar

compartilhado e estimulando a participação efetiva para que os objetivos

estratégicos da organização sejam atingidos.

Meister (1999) também identificou que os treinamentos formais oferecidos em

sala de aula ou em novos formatos distribuídos por outros meios, podem também se

ampliar a fornecedores e clientes. Partindo do pressuposto de que a empresa faz

parte de um sistema, cria-se a necessidade de compartilhar com todos os níveis da

cadeia de valor os objetivos da organização, proporcionando um estudo em conjunto

de quais são as competências necessárias para a cadeia como um todo otimizar o

negócio. O fornecedor, que antes era tratado com distância, tem agora vínculos

estreitos com a organização. O cliente, que antes somente recebia treinamento de

como utilizar os produtos, passa a conhecer melhor a organização, com melhor

desempenho frente ao mercado consumidor. Envolvidos nesse processo também

estão os revendedores, distribuidores, atacadistas e lojistas, consolidando todos os

elos da cadeia produtiva.

Embora as organizações considerem necessário um amplo espaço físico para

desenvolver as atividades da Universidade Corporativa como símbolo da importância

dada pela empresa ao aprendizado e também como um local de encontro para a

troca de conhecimento, estas personificam a idéia de aprendizagem organizacional,

com o objetivo de oferecer a todos os colaboradores o conhecimento e as

competências importantes para que os objetivos estratégicos sejam alcançados. As

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organizações investem em novas tecnologias, como: CBT (computer based training),

internet, intranet, vídeo conferência, learning centers, como instrumentos de ensino

dispondo do aprendizado a todo o momento e em qualquer lugar (MEISTER, 1999).

E por fim, a autora ainda atenta para o processo de seleção de parceiros de

aprendizagem das Universidades Corporativas, envolvendo profissionais de

treinamento, consultores e instituições de educação superior. As universidades

Corporativas buscam juntamente com as instituições de ensino superior, conferir a

seus funcionários diplomas reconhecidos e cursos MBA, como maneira de garantir a

seus funcionários sua empregabilidade, da mesma forma que direcionam os

esforços de aprendizado focado para o negócio da empresa.

Desse modo, pode-se dizer que através das Universidades Corporativas as

organizações estão assumindo um grande papel no desenvolvimento dos sistemas

de educação e de parcerias corporativas com o mundo acadêmico, criando uma

força de trabalho capaz de operar com sucesso na economia do conhecimento.

2.3 Universidades Tradicionais X Universidades Corporativas

No processo de transformação do aprender, surge uma indagação,

Universidades Corporativas: oportunidade ou ameaça às Universidades

Tradicionais? (MEISTER, 1999).

Para Carvalho (2001), as Universidades Corporativas não se opõem ou

excluem o papel das Universidades Tradicionais, uma vez que possuem função

própria na formação profissional, no desenvolvimento de pesquisas e nos serviços

prestados à comunidade.

Young (2005, p.10) afirma que “é necessário convocar esses dois produtores

de saberes para se relacionarem de uma forma inovadora, de modo a construir

exponencial e sistemicamente ao invés de disputarem a fragmentação do saber”.

Na opinião de Meister (1999), o surgimento das Universidades Corporativas

representa uma nova oportunidade para as instituições de ensino superior, à medida

que essas podem estabelecer parcerias entre si. A autora mostra as profundas

transformações no mercado de educação nos Estados Unidos, que levam a uma

necessária modificação da função da universidade. A população está envelhecendo

e, portanto, o mercado para a educação de adultos está se ampliando cada vez

mais. A necessidade de aprendizagem permanente e o rápido avanço de novas

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tecnologias criam novas necessidades e oportunidades. As instituições de ensino

superior enfrentam um grande desafio de abandonar um modelo pautado no

professor e nos campus universitários para um modelo centrado no aluno, cuja

preocupação é oferecer a este público ferramentas e subsídios para que eles se

tornem responsáveis por sua própria aprendizagem.

Rodriguez (2002, p.448), por sua vez, levanta uma questão importante no que

diz respeito à capacitação profissional com foco no negócio:

Será que capacitando as pessoas de forma cada vez mais focada nos negócios da empresa e para o alcance das suas estratégias não será forçado um estreitamento do conhecimento dessas pessoas, restringindo-as aos muros da empresa? Ou seja, estaremos em parte afastando estas pessoas do mercado e fazendo com que elas reduzam a sua empregabilidade?

Apesar dos questionamentos, o autor justifica que essa nova demanda na

aprendizagem organizacional é devido ao acelerado ritmo das mudanças, o que está

exigindo das organizações um foco maior nos negócios com ênfase na

aprendizagem contínua alinhada às suas estratégias.

Ainda com relação às características das Universidades Tradicionais e

Corporativas, Meister (1999) acrescenta que as Universidades Corporativas têm

muitos elementos de uma Universidade Tradicional, como por exemplo: catálogo de

cursos, certificados, grupo de ex-alunos e até o papel do reitor, porém, diferenciam-

se do modelo tradicional à medida que alinham as iniciativas de treinamento com a

estratégia organizacional.

No mesmo sentido, Monteiro (1999) descreve que as Universidades

Corporativas podem oferecer cursos e programas com características da educação

formal, com o objetivo de atender a um público específico e visando à migração de

créditos, ou seja, o aproveitamento dos estudos realizados no ambiente da

educação corporativa para a educação formal. As Universidades Corporativas

podem, ainda, atuar na área da especialização profissional, em cursos e programas

de pós-graduação (especialização ou mestrado profissional) ou de formação

profissional, em nível médio ou superior. Mas para isso, as Universidades

Corporativas devem estar amparadas legalmente, buscando o credenciamento junto

ao MEC.

Em se tratando de universidade tradicional, Teixeira (2001) descreve que o

papel e a função da universidade na sociedade não seguem um modelo:

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Ela se ajusta à realidade contextual. Da mesma forma como a família, o Estado e as igrejas, a universidade preserva seu papel ou função básica (voltada para a cultura superior), mas ocupa um lugar específico na sociedade à qual pertence. A universidade tem como função gerar saber comprometido com a verdade com base na construção do conhecimento. Um comprometimento com a justiça sendo base das relações entre os humanos [...] ela é a base da estrutura social e inerente a condição humana (TEIXEIRA, 2001, p.25).

Para a autora a universidade tradicional com seus espaços físicos e

estruturas mais rígidas se diferem das Universidades Cooperativas por esta se tratar

de um “processo vivo com todos os níveis da empresa envolvidos na aprendizagem,

no qual os funcionários aprendem uns com os outros, compartilham inovações e

melhores práticas, visando superar o desempenho no trabalho e conseqüentemente

aumentar a produtividade da empresa” (p. 30). A autora salienta que há muito tempo

se fala em junção entre empresa/escola, mas nunca se teve algo tão concreto

quanto agora com a Universidade Corporativa. As universidades possuem um novo

papel de utilizar o treinamento como ferramenta do aprendizado contínuo. “Agir

proativamente, isto é, a prevenção do que poderá ocorrer, é uma das características

marcantes da universidade, ao contrário do setor de treinamento das empresas, que

atuam através da reação” (p.57).

Assim, Eboli (2004 apud OTANI, 2005) considera que a educação corporativa

diferentemente da educação formal, que necessita de credenciamento e

reconhecimento oficial, caracteriza-se pelo reconhecimento do mercado quem

também, avalia sua qualidade. Enquanto a educação formal considera

imprescindível o diploma registrado para o curso ter validade, na educação

corporativa o que é considerado é a aprendizagem. Desse modo, a autora, na figura

a seguir, compara o papel das instituições de ensino superior com o papel das

universidades corporativas:

UNIVERSIDADES CORPORATIVAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Desenvolve competencias para o mundo do negócio.

Desenvolve competencias para o mundo do trabalho.

Propicía aprendizagem baseada na prática dos negócios.

Propicía aprendizagem baseada em formação conceitual sólida e universal.

Pertence ao sistema de gestão da empresa. Pertence ao sistema educacional formal.

Transmite crenças e valores da empresa e de seu ambiente de negócios.

Transmite crenças e valores universais da sociedade.

Desenvolve a cultura empresarial. Desenvolve a cultura acadêmica.

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Forma cidadão competentes para gerar o sucesso da empresa e dos clientes.

Forma cidadão competentes para gerar o sucesso das instituições e da comunidade.

Quadro 05 - Papel das Instituições de Ensino Superior e das Universidades Corporativas Fonte: Eboli (2004 apud OTANI, 2005, p.95)

Neste contexto, a Universidade Corporativa fortalece a idéia de aprendizagem

organizacional, como meta oferecer a todos os níveis empresariais o conhecimento,

as qualificações e as competências necessárias para alcançar os objetivos

estratégicos da organização. Em se tratando do ensino tradicional, o processo de

aprendizagem tem começo, meio e fim. Depois de cumprir um currículo de

treinamento, o ensino se completa, o que não ocorre na Universidade Corporativa,

pois esta, durante toda a vida profissional responsabiliza-se pelo aprendizado das

novas qualificações e competências.

Apesar das Universidades Tradicionais, atualmente utilizarem metodologias

de aprendizagem através de atividades práticas, ainda prevalece à aprendizagem

temporária através de aulas expositivas e teóricas. Na educação corporativa, por

outro lado, o foco está nas metodologias com ênfase na aprendizagem por meio de

atividades práticas, de exercícios, estudos de casos, simulações, jogos corporativos

e outros recursos didáticos baseados na tecnologia da informação. Nesse sentido, “a

Universidade Corporativa está orientada para o desenvolvimento de competências

críticas para que as estratégias sejam alcançadas, estando voltada diretamente para

o resultado das empresas” (RODRIGUEZ, 2002, p.447).

2.3.1 Tendências da Educação Superior

Na era do conhecimento a dinâmica da mudança tecnológica demanda um

aprendizado constante e atualizado permanentemente durante a vida profissional.

Meister (1999) relata que nos Estados Unidos, a tradicional classe dos alunos

de 18 a 24 anos, graduados ou não, não representa mais a esmagadora maioria do

mercado de educação. “Vinte anos atrás, essa população respondia por 80% desse

mercado. Hoje, porém, ela representa somente 56% daqueles que buscam obter

educação superior” (MEISTER, 1999, p.207). Essa realidade, gerada pela economia

do conhecimento, é seguida em vários países da América Latina, entre eles o Brasil,

o qual utiliza as ferramentas tecnológicas para capacitação e aprendizagem.

A autora afirma que as Universidades, como produtora de saber, enfrentam o

desafio de deixar para trás um modelo de educação baseado no campus

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universitário e centrado no professor para adotar um modelo focado no aluno,

oferecendo aos estudantes ferramentas e recursos para que eles se responsabilizem

por sua própria aprendizagem.

A escola do futuro será cada vez mais uma função virtual e cada vez menos um endereço geográfico. E cada ser humano sem mais precisar sair de casa ou sacrificar o emprego, fará o curso que quiser, na mídia que escolher. Quanto ao professor, terá suas funções profundamente alteradas: em lugar de discursar em salas de aula, para um pequeno contingente de alunos, passará a ser um fornecedor de conhecimentos via internet e um tira dúvidas interativo para, provavelmente, milhares de alunos conectados aos cursos sob sua responsabilidade (SOUZA, 2001, p.216 apud OTANI, 2005).

Segundo Morhy (2004) ao mesmo tempo em que a força de trabalho se

transforma em alunos permanentes, o modelo tradicional de ensino está sendo

suplementado pela nova educação a distância (EAD), onde palestras, comentários,

tarefas, orientações e troca de informações podem ser acessados a qualquer hora,

utilizando-se das novas tecnologias da informação e comunicação. O autor descreve

ainda que o ensino a distância se desenvolve a passos largos, pelo fato de ser um

facilitador no acesso à educação, além de reduzir os custos, proporciona a

autonomia, o auto-aprendizado e estimula a educação continuada.

Com relação ao ensino a distância no Brasil, o Ministério da Educação define

da seguinte forma:

A Educação a Distância é a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Essa definição está presente no Decreto 5.622, de 19.12.2005 (que revoga o Decreto 2.494/98), que regulamenta o Art. 80 da Lei 9394/96 (LDB)

Em relação ao crescimento do EAD no Brasil, Lucca (2006) declara que o e-

learning (ou educação à distância) tornou-se um dos principais métodos de

aprendizado corporativo no Brasil. A oferta dessa ferramenta de educação no

segmento empresarial cresceu 65% em 2005, segundo dados do Ministério da

Educação (MEC). Existindo mais de 217 instituições autorizadas pelo MEC que

disponibilizam cursos à distância, um crescimento de 30% em relação a 2004, o

número de alunos subiu de 309 mil para 504 mil nos dois últimos anos. Em 2004,

eram 56 os cursos disponíveis. Atualmente, são 321, registrando um crescimento de

mais de 500%.

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Neste contexto, com os avanços da tecnologia e a motivação dos indivíduos

adultos pelo aprendizado à distância, o segmento não tradicional de alunos

começará a ter maior acesso à aprendizagem permanente. “A única dúvida parece

ser: quem surgirá como o principal fornecedor da educação sob medida –

Universidades Corporativas, empresas de educação com fins lucrativos ou

instituições de ensino superior?” (MEISTER, 1999, p.214). Complementando,

Meister (1999) sugere que esses novos produtores de conhecimentos representam

tanto uma oportunidade de parceria, quanto uma competição direta com o sistema

educacional tradicional. Eles forçarão mudanças e experiências em como e onde a

educação será oferecida ao crescente segmento dos alunos adultos profissionais.

Em se tratando, ainda, do ensino a distância, Bayma (2005) relata que com a

expansão e o avanço das tecnologias da informação e da comunicação vêm

contribuindo para o desenvolvimento do e-learning e da educação a distância. Desse

modo, a utilização da intranet e da internet promovem saltos nos treinamentos

corporativos, proporcionando outras formas de interação entre as pessoas. A autora

salienta, porém, que a tecnologia abriga controvérsias e alerta para o uso impróprio

desta: “A utilização inadequada da tecnologia lembra as mídias que reproduzem

aulas expositivas com aparatos tecnológicos caros, acabando por provocar o medo

de ousar, tão prejudicial às boas práticas organizacionais” (Bayma, 2005, p.23).

Bayma (2005) complementa que é preciso integrar tecnologia e educação,

devendo a tecnologia estar sempre a serviço da educação, analisar as vantagens e

desvantagens e saber combinar o presencial e o a distância. E, por fim, “o

importante é saber qual é o papel da tecnologia, e não exaltar a tecnologia”

(BAYMA, 2005, p.24).

Na sociedade do conhecimento Monteiro (1999) destaca as tendências da

Educação Superior:

a) A educação tende a ser centrada no educando e desenvolvida em organizações e

ambientes diversificados não sendo privativa da universidade ou de outras

instituições de educação formal.

b) A participação das empresas, na disseminação da aprendizagem, via educação

corporativa, segue cada vez mais intensa, ampliando a criação de parcerias com as

instituições de educação formal, tornando-se rotina entre entidades líderes nessas

áreas. É a sinergia da aprendizagem entre o mundo empresarial e o acadêmico.

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c) A educação a distância é utilizada com mais intensidade, universalizando o

conhecimento. A universidade virtual, com a utilização de recursos multimídia, via

rede ou satélite, farão surgir as megauniversidades, com programas direcionados

para todos os continentes. Desse modo, é necessário o uso mais intenso de

tecnologias educacionais de ponta em apoio a metodologias avançadas e mais

atraentes, que facilitem o processo da aprendizagem. É importante também que os

cursos sejam feitos sob medida, e que tenham como foco as qualificações, o

conhecimento e as competências requeridas pelos profissionais ou pelo mercado.

d) Na economia do conhecimento a Educação estará voltada para o mercado e para

a empregabilidade, com foco na conveniência, no atendimento individualizado do

educando, em tempo real. O educando como consumidor de conhecimento.

e) Os programas de educação superior (os das instituições formais ou os das

universidades corporativas) serão voltados para a formação de talentos humanos

para o mundo do trabalho desenvolvendo qualificações, competências e

conhecimentos básicos, no educando, para o ambiente de negócios.

O autor declara ainda, que na sociedade do conhecimento algumas

competências serão requeridas para o desenvolvimento profissional, entre elas

estão: aprender a aprender, ou seja, ser responsável pela própria aprendizagem

contínua e saber qual é a maneira ideal de aprender novas qualificações. O

profissional necessita comunicar-se efetivamente com os colegas de trabalho,

sabendo trabalhar em grupo e colaborando com os membros da equipe para

compartilhar as melhores práticas.

No que diz respeito as competências profissionais, o profissional do

conhecimento deve ter raciocínio criativo e resolução de problemas, deve saber

identificar problemas e ver a conexão que existe entre a solução proposta e

possíveis abordagens ao próximo problema, e ainda, ter conhecimento tecnológico,

usando as mais recentes tecnologias para conectar-se com os membros de sua

equipe em qualquer parte do globo (MONTEIRO, 1999).

Nesta ótica, ter o conhecimento de negócios internacionais, compreendendo o

grande quadro global de como as empresas operam através de um conjunto básico

de técnicas empresariais como finanças, planejamento estratégico e marketing,

também se caracterizam como pontos positivos para o desenvolvimento da carreira

profissional. Desse modo, o profissional da era do conhecimento tem a necessidade

de desenvolver habilidades para o autogerenciamento da carreira, capacitando-se

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para se autogerenciar identificando as qualificações e conhecimentos necessários

para que se tenha valor no ambiente de negócios e depois, trabalhar para adquiri-

los.

Diante das perspectivas que se apresenta, a Educação Superior está frente a

grandes desafios e oportunidades. Nessa visão, a Educação passa pela

necessidade de acelerar o ritmo das mudanças dentro das instituições de ensino,

acompanhando uma nova realidade social.

2.3.2 Parcerias de Universidades Tradicionais e Universidades Corporativas

O mercado está passando por uma profunda reestruturação provocada pela

competição global. Com os produtos cada vez mais equivalentes fica cada vez

menor o espaço para as empresas competirem em terreno tangível. “A única

maneira visível que resta para que uma empresa se diferencie de seus rivais é focar

os intangíveis, isto é, a qualidade dos sistemas humanos e dos processos que estão

por trás dos produtos e serviços que ela oferece” (MEISTER, 1999, p.169).

Sobre essa análise Rodriguez (2002, p.134) relata que “A sociedade do

conhecimento encontrou um campo fértil para a diferenciação a partir dos valores

intangíveis”.

Neste sentido, Meister (1999) enfatiza que para obter vantagem competitiva

através do foco nos sistemas humanos, requer das organizações uma mudança na

maneira de pensar, não mais agindo como entidades autônomas, mas sim, como

parte de um sistema interagindo com fornecedores, clientes e até mesmo com

instituições educacionais que formarão os profissionais que serão admitidos no

futuro. Desta forma, a capacidade de formar e manter parcerias estão se tornando

fundamental no aspecto da competitividade.

Mundim e Ricardo (2004, p.130) ressaltam que as parcerias podem ser

mutuamente vantajosas, visto que ”podem proporcionar um campo vasto de

pesquisas para a universidade tradicional, assim como uma atualização dos

currículos universitários, visando fornecer às empresas uma força de trabalho com

melhor qualificação”.

Os Autores ainda enfatizam um aspecto muito importante no processo de

parcerias, que é o fato de que as Universidades Corporativas devem escolher os

seus parceiros com muita cautela, levando em consideração alguns critérios, tais

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como: prestígio, experiências passadas, comprometimento em parcerias,

investimentos em tecnologias, questões de propriedade intelectual,

compartilhamento da mesma visão de parcerias e do panorama educacional,

responsabilidade e flexibilidade.

Formar parcerias para melhoria de qualidade e produtividade, não é o único

motivo que está levando as organizações a realizarem acordos, também estão

fazendo com que toda a cadeia de valor estude coletivamente, incorporando a visão

de qualidade da empresa e os tipos de qualificações, conhecimentos e

competências que todos os elos da cadeia precisam adquirir para realizar seu

trabalho com sucesso (MEISTER, 1999).

Nesta visão, a autora descreve que “é cada vez maior o engajamento das

empresas em diálogos com seus fornecedores de produtos, clientes e fornecedores

educacionais para garantir que toda a cadeia de valor possua as qualificações e os

conhecimentos necessários ao sucesso no mercado global” (MEISTER 1999, p.171).

Meister (1999) neste contexto destaca que obterá sucesso na criação de

organizações do saber, as empresas que perceberem que todos os envolvidos no

processo produtivo têm que ter uma visão compartilhada da organização, e o mais

importante saber como operacionalizar essa visão no mercado, atingindo os

objetivos organizacionais.

2.4 Síntese dos principais elementos da Fundamentação Teórica Para melhor compreensão, desenvolveu-se no quadro a seguir uma síntese dos principais elementos da Fundamentação Teórica:

§ Conceito de Organizações de Aprendizagem

“são organizações que estão continuamente expandindo sua capacidade de criar o futuro” (SENGE, 1990, p.14).

§ Conceito de Aprendizagem Organizacional

“o processo em que as pessoas expandem continuamente sua capacidade de criar os resultados que realmente desejam, onde surgem novos e elevados padrões de raciocínio, em que as aspirações coletivas são liberadas, e onde as pessoas aprendem continuamente a aprender em grupo” (SENGE,1990, p.11).

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§ Conceito de Universidade Corporativa

“Um guarda-chuva estratégico para o treinamento e desenvolvimento de funcionários, clientes, fornecedores e comunidade, a fim de cumprir as estratégias empresariais da organização” (MEISTER, 1999, p.29).

§ Características das

Universidades Corporativas

- Divulgação da cultura e dos valores da organização; - Proporciona conhecimentos relacionados ao negócio; - Treinamento de funcionários e também da cadeia de valor; - Utilização de uma variada gama de metodologias de ensino; - Criação de parcerias com instituições de ensino superior, conferindo certificação dos cursos; - O apoio da alta direção.

§ Fatores críticos de sucesso

na implantação das

Universidades Corporativas

- Mudança de cultura; - Benchmarketing; - Benefícios; - Compromisso gerencial; - Modelo de gestão; - Parcerias; - Mensuração de resultados; - Ciclo de criação de novos produtos; - Marketing e comunicação; - Preparação dos treinadores; - Clareza do projeto.

§ Vantagens das

Universidades Corporativas

- Competitividade; - Perpetuidade; - Conectividade; - Disponibilidade; - Cidadania; - Parceria; - Sustentabilidade.

§ Importância das Universidades Corporativas

- Capacitação orientada para melhoria do desempenho dos negócios da organização; - Disseminação de valores comuns na organização, envolvendo clientes, fornecedores e sociedade, desenvolvendo a capacidade de aprender a aprender, do trabalho e equipe e o mais importante o autogerenciamento das pessoas; - Investimento na marca da organização, utilizando a rede de pessoas comprometidas com a organização; - Desenvolvimento da cultura da inovação e do crescimento dentro da organização, estimulando que todos estejam envolvidos, promovendo o alinhamento dos objetivos pessoais com os objetivos da empresa.

§ Objetivo da Universidade Corporativa

Gerar novos conhecimentos, armazená-los e torná-los disponíveis para serem transferidos à toda cadeia de valor ou a outros interessados, criando um processo permanente de aprendizagem alinhado aos objetivos organizacionais.

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§ Componentes Fundamentais do Projeto de Universidade Corporativa

- Controle; - Visão/Missão; - Fontes de receita; - Organização; - Partes interessadas; - Produtos/ serviços; - Parceiros de aprendizagem; - Tecnologia; - Avaliação; - Comunicação constante.

§ Papéis do Diretor de Aprendizagem nas Universidades Corporativas

- Parceiro de negócios; - Pensador do Sistema; - Diretor de Aprendizagem; - Formador de Alianças.

§ Tecnologias de Educação

- Aprendizagem via satélite; - Aprendizagem via multimídia; - Tecnologias de aprendizagem cooperativa; - Bancos de dados de conhecimento na Intranet; - Aprendizagem via web; - Campus Virtual.

§ Educação à distância

Atividade pedagógica que é caracterizada por um processo de ensino-aprendizagem realizado com mediação docente e a utilização de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes tecnológicos de informação e comunicação, os quais podem ser utilizados de forma isolada ou combinadamente, sem a freqüência obrigatória de alunos e professores.

§ Competências básicas do

profissional na sociedade do

conhecimento

- Aprender a aprender; - Boa comunicação; - Saber trabalhar em grupo; - Raciocínio criativo; - Resolução de problemas; - Conhecimento tecnológico; - Conhecimento de negócios globais; - Desenvolvimento de liderança; - Autogerenciamento da carreira.

§ Partes Interessadas na

Aprendizagem

- Empresas; - Clientes; - Fornecedores; - Sociedade; - Toda a cadeia de Valor.

Quadro 06 - Principais Conceitos da Fundamentação Teórica Fonte: Meister (1999); Rodriguez (2002); Eboli (2005); Mundim e Ricardo (2004); Monteiro (1999). Os conceitos apresentados nesse trabalho e os autores aqui referenciados são os principais norteadores do presente estudo.

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3. METODOLOGIA

Este capítulo refere-se aos aspectos metodológicos utilizados no

desenvolvimento da pesquisa realizada nas empresas com estrutura de

Universidade Cororativa: Datasul, Sadia e Tigre e nas empresas de porte similar

com estrutura de T&D: Cargill, Perdigão e Weg.

Segundo Gil (2002, p.19), a “pesquisa é desenvolvida mediante o concurso

dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e

outros procedimentos científicos”. Esta se desenvolve ao longo de um processo

contínuo composto de inúmeras fases, iniciando na formulaçào do problema até a

apresentação dos resultados.

Assim, “a pesquisa científica busca a verdade e trabalha com métodos

adequados para que seus resultados sejam aceitos pela comunidade científica e

acrescente algo ao conhecimento existente” (PARRA FILHO; SANTOS, 2003 p. 95).

As análises foram feitas apartir da pesquisa realizada no período de abril a

junho de 2008 nas empresas: Datasul, Sadia, Tigre, Cargill, Perdigão e Weg,

referente à área de aprendizagem organizacional destas empresas.

3.1 Tipologia de pesquisa

Para a realização desta pesquisa utilizou-se o estudo de casos múltiplos, que

para Yin (2005) estudo de caso é uma investigação empírica que pesquisa um

fenômeno comtemporâneo dentro do seu contexto da vida real, principalmente

quando os limites entre o fenômeno e o contexto não está claramente definidos.

Além disso, esta ferramenta permite uma investigação preservando-se as

carcterísticas holísticas e significativas dos acontecimentos. Em se tratando de

casos múltiplos, o autor afirma que há situações em que a mesma investigação pode

exigir estudos de casos múltiplos. Para tanto deve seguir uma lógica de replicação, e

não de amostragem.

Para Lima o estudo de caso corresponde a uma das formas de realizar uma

pesquisa empírica referente a um fenômeno em curso e em seu contexto real. Este

método permite “explicar um determinado fenômeno com a exploração

intensiva/exaustiva de uma única unidade de estudo (estudo de caso holístico) ou de

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várias unidades de estudo (estudo de casos múltiplos), para possibilitar a elaboração

de exercícios de análise comparativa” (LIMA, 2004 p.31).

O objetivo da pesquisa realizada foi identificar as características e

ferramentas de aprendizagem que diferenciam as organizações de Santa Catarina

denominadas de Universidade Corporativa das organizações com estrutura

tradicional de T&D.

O método utilizado foi a pesquisa de campo descritiva com abordagens

qualitativas e quantitativas.

A pesquisa de Campo pode ser dar por meio de questionário junto aos

elementos envolvidos, permitindo a análise e conclusões, segundo objetivos

previamente estabelecidos (PARRA FILHO; SANTOS, 2003).

Segundo Marconi e Lakatos, a pesquisa de campo pode ser um estudo

exploratório-descritivos combinados, ou seja, estudos exploratórios que têm por

objetivo descrever determinado fenômeno, como no estudo de caso, por exemplo,

onde são realizadas análises empíricas e teóricas. ”Podem ser encontradas tanto

descrições quatitativas e/ou qualitativas quanto acumulação de informações

detalhadas como as obtidas por intermédio da observação participante” (MARCONI;

LAKATOS, 1999 p.188).

Com referência à pesquisa de carater descritiva, esta não procura explicar

alguma coisa ou mostrar relações causais, como as pesquisas de caráter

experimental. Pesquisas descritivas não respondem bem ao porquê, embora

possam associar certos resultados a grupos de respondentes (ROESCH, 1999).

Sobre a abordagem quantitativa, Gil (2002, p. 45), relata que “a técnica

quantitativa é uma abordagem de pesquisa que busca quantificar opiniões e dados,

com o emprego de recursos e técnicas estatísticas”.

Para Merriam (2002 apud GODOI; BALSINI, 2006) a pesquisa qualitativa, é

como um guarda-chuva, que abrange várias formas de pesquisa e nos ajuda a

compreender e explicar o fenômeno social com o menor afastamento possível do

ambiente natural.

De forma resumida, Hair (2005, p. 104) explica os papéis da pesquisa com

abordagens qualitativa e quantitativa:

A boa pesquisa envolve tanto a do tipo quantitativo quanto a do tipo qualitativo. Os dados qualitativos são coletados sem o uso direto de números. Os dados quantitativos são coletados com números. Os dados qualitativos tendem a ser subjetivos, o que significa que um pesquisador ou um administrador deve interpretar o texto (palavras)

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ou imagens que representam a pesquisa. Os dados quantitativos são mais objetivos, uma vez que os resultados estatísticos não dependem da opinião do pesquisador. Eles fundamentam-se somente nas habilidades do pesquisador como analista.

3.2 Sujeito de estudo

Este estudo foi desenvolvido a partir de escolha intencional e por acesso

possibilitado à pesquisa de empresas de grande porte de Santa Catarina com

Universidade Corporativa e que constam nos sites da Associação Brasileira de

Educação Corporativa (ABEC) em: www.abecbrasil.com.br e no Portal da Educação

corporativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior em:

www.educor.desenvolvimento.gov.br e empresas com características similares, com

área de T&D, não relacionadas nos respectivos sites e que poderiam apresentar

características de UC.

Assim, foram convidadas a participar da pesquisa: a) empresas com estrutura

de UC - DATASUL, SADIA e TIGRE. Contudo, obteve-se somente o retorno da

Tigre. Neste caso, utilizou-se a coleta de dados secundários para as empresas não

respondentes. b) empresas de portes similares com estrutura de T&D, próximas à

região de abrangência das empresas com Universidade Corporativa - BUNGE,

CARGILL, PERDIGÃO, TUPY e WEG. Destas, responderam a pesquisa a

CARGILL, PERDIGÃO e WEG.

De acordo com Martins (1994), a escolha intencional acontece através da

seleção de um determinado critério intencional a um grupo de elementos que irão

compor a amostra. Dessa forma, o investigador se dirige intencionalmente a grupos

dos quais deseja saber a opinião.

3.3 Instrumentos de pesquisa

Para a coleta de dados primários, aplicou-se o questionário. Os dados

secundários foram obtidos através de fontes pesquisadas em documentos e

pesquisa na Internet.

O questionário é uma fase importante da pesquisa, trata-se da coleta de

dados que serão utilizados para o auxílio na tomada de decisões. “É um conjunto de

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perguntas cujas respostas são registradas pelos respondentes ou entrevistadores”

(HAIR, 2005, p.212).

Conforme descreve Roesch (1999) o questionário não é apenas um

formulário, ou um conjunto de questões listadas sem muita reflexão, trata-se de um

instrumento de coleta que busca mensurar alguma coisa. Sendo assim, requer

planejamento com base na conceituação do problema de pesquisa e do plano de

pesquisa, e algumas entrevistas exploratórias preliminares.

Sobre pesquisa documental Roesch (1999, p.165) declara que é uma das

fontes de dados mais utilizadas em trabalhos de pesquisa em administração, tanto

de natureza qualitativa como quantitativa, “é constituída por documentos como

relatórios anuais da organização, materiais utilizados em relações públicas,

declarações sobre sua missão, políticas de marketing e de recursos humanos,

documentos legais, etc”. A autora ainda relata que tais fontes são utilizadas para

complementar entrevistas ou outros métodos de coleta de dados.

Para Roesch (1999) dados secundários são dados existentes em forma de

arquivos, banco de dados, índices ou relatórios, são dados que não foram criados

pelo pesquisador. Já os dados primários podem ser obtidos através do questionário,

assim, é importante estar especificado a fonte dos dados, ou seja, a população que

participa da pesquisa.

Em se tratando de pesquisa na internet, esta oferece alguns recursos de

busca sobre tópicos atuais que seria difícil de encontrar em bibliotecas. Porém, o

rigor em avaliar as informações contidas na web requer um cuidado ainda maior do

que nas fontes impressas, visto que na internet trabalha-se com diferentes níveis de

conhecimento. Nesse sentido, analisar as formas de acesso e as fontes das

informações torna-se essecial para a seriedade e relevância da pesquisa (MATTAR,

2008).

3.4 Análise e apresentação

Na pesquia, os dados foram apresentados através de gráficos e quadros,

elaborados com o auxílio dos programas Microsoft Excel e Word, os resultados

foram analisados, através da análise de conteúdo e interpretados a partir de

comparações com a fundamentação teórica, buscando atingir os objetivos propostos

no trabalho.

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Sobre análise de conteúdos, Hair (2005) diz que os dados são obtidos através

da observação e ou mensagem de texto escrito. Por meio da análise sistemática e

da observação, o pesquisador examina a freqüência com que palavras e temas

principais ocorrem e identifica o conteúdo e as características de informações

presentes no texto.

3.5 Limitações da Pesquisa

As empresas com carcterísticas de Universidade Corporativa Datasul, Sadia e

Tigre foram convidadas a responder ao questionário. Entretanto, somente a Tigre

retornou a pesquisa. Em função disso, os dados secundários foram fonte da

pesquisa nos sites das empresas não respondentes. Assim, os dados obtidos podem

não representar a fidelidade das práticas destas organizações.

É importante ressaltar que a gestão estratégica de pessoas considera a

Universidade Corporativa como uma ferrramenta estratégica. Assim, pode-se

compreender a impossibilidade de uma organização em participar de uma pesquisa

de campo, publicando informações estratégicas.

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4. RESULTADOS OBTIDOS

Neste capítulo apresentam-se os resultados e a análise das informaç

coletadas no período de maio a junho de 2008, através de questionário on

aplicado às organizações e dados secundários obtidos nos sites das empresa

publicações. A presente pesquisa buscou identificar as características e ferrame

de aprendizagem nas organizações no estado de Santa Catarina de dois grupo

organizações com estrutura de Universidade Corporativa formalizada: DATAS

SADIA e TIGRE; b) de empresas de porte similar, com denominação tradiciona

seus sistemas de ensino/aprendizagem (Treinamento e Desenvolviment

similares): CARGILL, PERDIGÃO e WEG.

Apresenta-se inicialmente a identificação e descrição das empresas de

com estrutura formalizada de Universidade Corporativa e de organizações de p

similar sem a denominação de Universidade Corporativa. Em seguida, mapeo

as iniciativas de ensino (metodologias) e das tecnologias virtuais disponibiliza

pelas organizações com denominação formal de Universidade Corpora

Posteriormente, reconheceu-se as diferenças das práticas de ensino, característ

e objetivos das Universidades Corporativas em relação às práticas de Treinamen

Desenvolvimento tradicionais das Organizações.

4.1 Organizações de SC com Universidades Corporativas

A identificação das organizações com Universidades pesquisadas

realizada a partir de sites específicos relacionados à Educação Corpora

Localizaram-se os seguintes órgãos que apóiam e divulgam a educação corpora

no Brasil, que são: a Associação Brasileira de Educação Corporativa (AB

disponível em: www.abecbrasil.com.br e o Portal de Educação Corporativa

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Ext

www.educor.desenvolvimento.gov.br. As referidas instituições têm c

objetivos, compartilhar, disseminar, desenvolver e monitorar práticas de excelê

em educação corporativa.

Foram localizadas nos sites dos órgãos que representam as Ucs,

seguintes empresas de Santa Catarina: Datasul, Sadia e Tigre.

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Contam nos sites das respectivas empresas as seguintes informações

relativas à Universidade Corporativa:

DATASUL: a Universidade Datasul foi criada em 1999 com a finalidade de preparar

os profissionais das organizações para enfrentarem os desafios e a competitividade

através de soluções tecnológicas, dando ênfase nos conhecimentos que tenham

aplicação prática e imediata, e que sirvam para atingir os resultados que a

organização deseja. Neste sentido, a Datasul disponibiliza conteúdos de acordo com

a necessidade de cada grupo, provendo treinamentos introdutórios para novos

usuários, ensinando aos profissionais de TI e times de implantação a melhor

maneira de implantar as soluções, apoiando os executivos na interpretação de

indicadores de desempenho dos sistemas. Com a intensão de oferecer soluções de

aprendizagem em diferentes formatos para atender as necessidades de seus

clientes, a partir de 2002, a Universidade Datasul disponibiliza uma ferramenta de e-

Learning síncrono, que simula uma sala de aula virtual, permitindo que alunos e

multiplicadores colaborem através da Internet, em tempo real, com áudio e vídeo. O

resultado propicía aos participantes trocar conhecimentos apesar da distância,

interagindo entre si. Além da interatividade, a sala virtual possibilita que todas as

interações (som, imagem e conteúdo) fiquem gravadas num servidor, permitindo o

acesso posterior às aulas via Internet, com controle total sobre o conteúdo a

qualquer hora e em qualquer lugar. Neste processo de aprendizagem a Datasul

preocupada com a forma de avaliação de resultados, criou uma metodologia para

realizar a análise do gap de conhecimento de seus profissionais. Por meio de um

diagnóstico tem-se a informação do nível de conhecimento de cada colaborador. O

cruzamento das informações sobre o conhecimento que os colaboradores possuem

é comparada com o conhecimento que deveriam ter, e gera uma trilha de

treinamentos, que visa completar formação dos colaboradores no conhecimento

necessário para a área de atuação em que irão trabalhar. Após a realização dos

treinamentos os participantes submetam-se à Certificação Datasul, uma avaliação

que conta com um processo informatizado, rigoroso e seguro. É assim, que a

Universidade Datasul em seu processo de aprendizagem avalia a real necessidade

de conhecimento, oferecendo uma solução de aprendizagem sob medida para cada

organização, atendendo de forma fácil, rápida e com menor custo.

SADIA: a Universidade Sadia (Uni S) foi criada em 2002 com o propósito de

conectar a educação à visão e estratégia da companhia, para garantir resultados

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cada vez melhores. A empresa foca o treinamento à distância nas áreas técnica,

administrativa e para os executivos, abrangendo boa parte dos atuais 52 mil

funcionários que a empresa emprega em todo o Brasil. Os métodos de

aprendizagem foram elaborados em parceria entre a empresa e a Unicamp, com

participação de especialistas de diversas áreas corporativas e acadêmicas. Neste

mesmo ano, definiu-se o modelo de sua Universidade com foco em suas

competências-chave. Além de manter a parceria com a Unicamp, a Universidade

Sadia firmou acordos com professores da USP e da FGV e continuou a parceria com

a Fundação Dom Cabral, cujo objetivo é a formação continuada dos Executivos. A

Universidade Sadia adotou o sistema e-Learning e vem registrando resultados

positivos, “Conseguimos medir a relação entre aprendizado e possibilidade de

aplicação”, comenta Margareth Chiaramelli, reitora da Universidade Corporativa

Sadia (Uni`S). Segundo a reitora, atualmente cerca de 30% dos treinamentos

ministrados pela empresa são à distância. O e-Learning tornou-se uma excelente

alternativa para a empresa disseminar rapidamente o conhecimento, a todas as

filiais dispersas geograficamente pelo Brasil e exterior e, principalmente, para

garantir uma linguagem homogênea em toda a companhia.

TIGRE: criada em 2001 a Universidade Tigre é um instrumento eficaz para atender

às demandas de aprendizagem da empresa, pois contribui para a qualificação

profissional e integração dos agentes internos e externos da Tigre. Com o objetivo

de transformar conhecimentos em competências da empresa e de seus parceiros

em soluções inovadoras, que propiciem benefícios para consumidores, clientes,

parceiros e colaboradores, a Universidade Tigre também visa promover o

aprendizado contínuo e alinhar a atuação individual à estratégia da empresa. Além

disso, oferece programas para públicos internos e externos através de cursos

presenciais e virtuais. Através dos programas os participantes compartilham as

melhores práticas no âmbito profissional, com a participação direta no

desenvolvimento e apresentação dos conteúdos. Neste contexto, os participantes

são avaliados por meio de questionários de avaliação de conhecimento, aplicados

após a transmissão do Programa. Além disso, os participantes após a avaliação

podem ter acesso aos seus indicadores de aprendizagem e desempenho. É desta

forma que a Tigre quer transformar conhecimentos e competências da empresa e

parceiros em soluções inovadoras que propiciem melhor qualidade de vida para o

consumidor e melhores resultados para os agentes da cadeia de valor.

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79

4.2 Iniciativas de Ensino e Tecnologia das Universidades Corporativas

4.2.1 Características de Aprendizagem das Organizações com UC

Segundo Meister (1999) as principais características das Universidades

Corporativas compreendem, a divulgação da cultura e os valores da organização, a

entrega de conhecimento relacionado ao negócio, o treinamento de funcionários e

também a cadeia de valor, entre outros, criando um ambiente de aprendizagem no

qual o funcionário compreenda a importância da aprendizagem contínua associadas

às metas da organização.

A seguir apresenta-se as características de aprendizagem nas empresas

pesquisadas com características de UC: DATASUL, SADIA E TIGRE.

Figura 07 Características de Aprendizagem Fonte: Pesquisa mai/jun/2008

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80

Observa-se que as empresas estudadas apresentam 100% nas

características: promover o crescimento e o desenvolvimento das pessoas,

aumentar a competitividade, desenvolver técnicas gerenciais, viabilizar a estratégia

da organização, desenvolver competências, formar pessoas com visão global e

perspectiva internacional dos negócios, desenvolvimento da cultura e inovação,

utilização de uma variada gama de metodologias e apoio da alta direção. Com

66,66% educação continuada e formar cidadão elevando a empregabilidade. E com

33, 33% desenvolver responsabilidade social.

Em relação a estas características observa-se que a Responsabilidade Social

não apresenta uma importância manifestada na aprendizagem, o que de certa

forma, surpreende em função do cenário atual e o assunto estar em evidência. E

também a empregabilidade, apesar de ter 66% sugere não ser uma preocupação de

uma das organizações, o que pode levar a considerar que esta passa a ser uma

preocupação individual dos colaboradores, não atendendo, desta forma, a missão da

UC, proposta por Costa (2001), que é formar cidadãos elevando a empregabilidade

[...] promovendo o crescimento e o desenvolvimento de seres humanos capazes de

contribuir para uma ação socialmente responsável e ética.

4.2.2 Iniciativas de Aprendizagem Demonstra-se a seguir as iniciativas de aprendizagem aplicadas pelas

organizações com estrutura de Universidade Corporativa:

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Figura 08 Iniciativas de Aprendizagem Fonte: Pesquisa mai/jun 2008

Dentre as iniciativas pesquisadas o ensino a distância e o plano individual de

teinamento são os mais usados pelas empresas com UC. A unanimidade do ensino

a distância (EAD) se dá pelo fato de ser um facilitador no acesso à educação, além

de reduzir os custos, proporcionar a autonomia, o auto-aprendizado e estimular a

educação continuada, permitindo o acesso ao conhecimento de qualquer lugar e a

qualquer hora (MORHY, 2005).

Outra observação importante é o fato da compreensão de sintese de

pesquisas, teses e livros não serem praticadas. Visto que 33,33% não praticam e os

restantes 66,66% não foram identificados. Em função disso, as empresas empregam

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82

o conhecimento baseado no mercado, com pouco enfoque ao conhecimento

científico.

4.2.3 Ferramentas de Aprendizagem

Nas empresas pesquisadas com Universidade Corporativa, identificou-se as

ferramentas de aprendizagem utilizadas para dissiminação do conhecimento, como

demostrado a seguir:

Figura 09 – Ferramentas de Aprendizagem Fonte: Pesquisa mai/jun 2008

Entre as empresas pesquisadas, observa-se que são utilizados em 100% a

intranet e o treinamento simultâneo de várias localidades geográficas, este, devido à

necessidade de atender ao mesmo tempo, filiais, franquias e/ou pontos de

distribuição destas organizações. A internet com 66,66%, seguido por

compartilhamento de base de dados e conhecimento em grupo, além de multimidia

com 33,33%.

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83

Nota-se que as empresas estão utilizando estas ferramentas virtuais como

forma de difusão do conhecimento, colaborando para a melhoria no processo de

aprendizagem, tornando a metodologia mais fácil e atraente, focando nas

qualificações, conhecimentos e competências requeridas pelo mercado, o que não

acontece nas Universidades Tradicionais. Para Meister (1999) a Universidade

Corporativa não significa uma ameaça às Universidades Tradicionais. Porém, em

função do avanço das tecnologias cria-se novas necessidades e oportunidades.

Esse cenário faz com que as instituições de ensino superior enfrentem um grande

desafio, o de abandonar um modelo pautado no professor e no campus universitário

para uma modelo centrado no aluno, oferecendo ferramentas e subsídios para que

eles se tornem responsáveis pela sua própria aprendizagem.

A partir dessa discussão e do cenário tecnológico em aprendizagem

apresentado na pesquisa, é possível reenfatizar a posição de Meister (1999) de que

as Universidades Tradicionais enfrentarão grandes desafios para acompanhar e

evolução das organizações e facilitar o ingresso das pessoas no mercado

profissional.

4.3 Características e Objetivos da Aprendizagem

As empresas relacionadas consideradas com estrutura de Universidade

Corporativa foram convidadas a responder a pesquisa, conforme questionário

apêndice (A), porém, apenas a empresa Tigre retornou a pesquisa. Neste caso,

trabalhou-se com dados secundários, localizados nos sites das empresas. Referente

as empresas com denominações tradicionais convidadas a responder a pesquisa,

obteve-se o retorno da Cargil, Perdigão e Weg.

Buscou-se identificar junto às empresas pesquisadas qual a denominação da

área de aprendizagem, e constatou-se ainda predominar a denominação tradicional

de Treinamento e Desenvolvimento, pode-se constatar que 50% das Organizações

pesquisadas ainda possuem a nomenclatura de T&D, conforme o quadro 07:

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84

DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG

DENO

MIN

AÇÃO

Universidade Corporativa

Sim Sim Sim Não Não Não

Departamento T&D

Sim Sim Sim

Centro Treinamento

Sim

Outro Academia Perdigão

CTC e CentroWeg

Quadro 07 - Denominação da Área de Aprendizagem Fonte: pesquisa abr/maio 2008

Apesar de autores afirmarem que o treinamento tradicional está obsoleto, é

possível verificar uma evolução significativa nos processos e metodologias de

aprendizagem nessas empresas. Estas estão preocupadas em desenvolver

continuamente o colaborador alinhando o conhecimento ao negócio da organização,

conforme pode-se observar no quadro a seguir:

EMPRESAS DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG

OBJETIVOS DA

APRENDIZAGEM

capacitar os profissionais para enfrentar os desafios e a

competitividade através de soluções

tecnológicas, alinhado ao negócio.

Conectar a educação à visão e à

estratégia da companhia

promover o aprendizado contínuo e alinhar a atuação

individual à estratégia da empresa

Não informou

desenvolver competencias garantindo

sustentabilidade e

crescimento organizacional

capacitar colaboradores e clientes para atender as

necessidades da empresa

Quadro 08 - Objetivos de Aprendizagem Fonte: pesquisa abr/maio 2008

Com base no resultado apresentado, nota-se que as empresas que possuem

UC têm como objetivo principal da aprendizagem capacitar os profissionais

alinhando o conhecimento ao negócio da empresa, enquanto que as empresas de

denominação tradicional de T&D desenvolvem o colaborador promovendo o

desenvolvimento profissional e ou atender as necessidades da empresa.

Segundo Eboli (2004 apud OTANI, 2005) a idéia principal da Universidade

Corporativa é criar uma vantagem competitiva sustentável por parte das empresas,

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85

tornando-se uma ferramenta eficaz de alinhamento e desenvolvimento dos talentos

humanos com as estratégias organizacionais.

Para os autores referenciados nesse trabalho o objetivo da aprendizagem no

contexto de Universidade Corporativa é capacitar as pessoas continuamente,

promovendo o crescimento e desenvolvimento dos Stakeholders aumentando a

competitividade e desenvolvendo competencias e técnicas gerenciais através da

cultura e inovação, alinhada a estratégia organizacional.

Assim, é possível inferir que as organizações alinham suas estratégias às

tendências de gestão discutidas na academia.

EMPRESAS DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG

CARACTERÍS

TIC

AS D

E A

PRENDIZ

AG

EM

Educação

Continuada Sim Sim Não Sim Sim Não

Formar cidadão

elevando a

empregabilidade

Sim Sim Nâo Não Sim Sim

Promover o

crescimento e o

desenvolvimento

das pessoas

Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Aumentar a

competitividade Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Desenvolver a

responsabilidade

social

NI Sim Não Nâo Sim Sim

Desenvolver

técnicas

gerenciais

Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Desenvolver

competências Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Viabilizar a

estratégia da

organização

Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Formar pessoas com visão global e perspectivas

internacional dos negócios

Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Desenvolvimento

da cultura e

inovação

Sim Sim Sim Sim Sim Sim

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Quadro 09 - Características de Aprendizagem Fonte: pesquisa abr/maio 2008

O que se observa é que as empresas estudadas, mesmo utilizando

nomenclaturas de aprendizagem diferentes, em ambos os grupos pesquisados,

usam os mesmos caminhos de aprendizagem para atingir os objetivos

organizacionais. A WEG neste sentido, dentre as empresas pesquisadas é a única

que atende a todos os sistemas de aprendizagem, inclusive o laboratório de

aprendizagem para a cadeia de valor, apesar da denominação T&D.

Rodriguez (2002) corroborando com esta questão, diz que mudar o nome de

centro de treinamento para Universidade Corporativa é apenas um dos pontos do

processo de mudança, mas para que a mesma ocorra é preciso muito mais que a

simples troca de nome, imagem e visual. A mudança fundamental está na postura e

na real conexão com as questões estratégicas da organização.

Neste aspecto, pode-se verificar que as empresas aqui pesquisadas que

utilizam a denominação tradicional (CARGILL, PERDIGÃO, WEG), mudaram o

conceito do treinamento e desenvolvimento posicionando-se de forma estratégia,

transmitindo competências específicas para o negócio, trazendo uma visão mais

ampla e de longo prazo e direcionando o foco para o desenvolvimento das pessoas

como forma de obter resultado nos negócios.

4.4 Iniciativas de Ensino e Tecnologias Virtuais

Em se tratando de iniciativas de aprendizagem, Rodriguez (2002) afirma que

estas são indispensáveis para tornar uma Organização aprendiz, utilizando-se os

recursos baseados na tecnologia da informação permitirá à organização estar

orientada para o desenvolvimento de comptências críticas, permitindo que as

Utilização de uma

variada gama de

metodologias

Sim EAD Sim Sim Sim Sim

Apoio da alta

direção Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Laboratório

aprendizagem

cadeia de valor

NI Não Não Sim Não Sim

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estratégias sejam alcançadas, voltando-se diretamente para os resultados da

empresa. Apresentado no quadro a seguir:

EMPRESAS DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG

IN

ICIA

TIV

AS D

E A

PRENDIZ

AG

EM

Rodízio de

funções NI NI Sim Sim Sim

Planejamento de

cenários NI NI

Times virtuais Sim NI

Plano Individual

de treinamento Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Desenvolvimento

de equipes NI NI Sim Sim Sim Sim

Visitas a outras

empresas NI NI Sim Sim Sim

Cursos à

distância Sim Sim Sim Sim Sim

Troca de

experiências

entre pessoas

NI NI Sim Sim

Intercambio

Internacional NI NI Sim Sim

Seminários NI NI Sim Sim Sim

Estudo de casos NI NI Sim Sim

Jogos e

simulações NI NI Sim Sim

Estágios em

Universidades NI NI Sim Sim

Síntese de livros NI NI

Compreensão e

síntese de

pesquisas e

Teses

NI NI

Sessões de

vídeo NI NI Sim

Com Clientes NI NI Sim

Com

fornecedores NI NI Sim

Atividade no

local de trabalho NI NI Sim Sim Sim Sim

Quadro 10 - Iniciativas de Aprendizagem Fonte: pesquisa abr/maio 2008

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88

Dentre as iniciativas pesquisadas a única característica que consta em todas

as empresas é o plano individual de treinamento. O ensino a distância tem

significativa utilização pelas empresas, com exceção da Cargill.

Essa iniciativa é utilizada como forma de disponibilizar a toda a cadeia de

valor a disseminação do conhecimento, promovendo um salto nos treinamentos

corporativos, proporcionando outra forma de interação entre as pessoas, onde estas

podem trocar informações a qualquer hora em qualquer lugar.

As atividades no local de trabalho são utilizadas por todas as empresas com

exceção das em que não foi possível identificar. A Perdigão e Weg informaram que

utilizam estágios em Universidades, o que reforça a importância da parceria entre

empresa e Instituição de Ensino Superior. As Organizações que mais utilizam as

iniciativas de aprendizagem descritas pelos autores são: a Weg e a Perdigão.

Evidenciou-se que a Weg e a Perdigão utilizam a maioria das iniciativas

propostas pelos autores, mesmo não sendo denominadas pelas próprias, de

Universidades Corporativas.

Apresentam-se logo abaixo no quadro 11, as ferramentas utilizadas pelas

organizações pesquisadas:

Quadro 11 - Ferramentas de Aprendizagem Fonte: pesquisa abr/maio 2008

Observa-se em primeiro lugar que a intranet é disponibilizada por todas as

empresas como forma de difusão do conhecimento, colaborando para a melhoria no

EMPRESAS DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG

FERRAM

ENTAS D

E A

PRENDIZ

AGEM

Multimidia Sim Sim Sim

Cd-room Sim Sim

DVD Sim Sim

Intranet Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Internet Sim Sim Sim

Compartilhamento

de base de dados

e conhecimentos

em grupo

Sim Sim Sim

Treinamento

simultâneo de

várias localidades

geográficas

Sim Sim Sim Sim

Outros

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processo de aprendizagem, tornando a metodologia mais fácil e atraente, focando

nas qualificações, conhecimentos e competências requeridas pelo mercado. Em

segundo lugar, seguido do treinamento simultâneo de várias localidades

geográficas, este, devido à necessidade de atender ao mesmo tempo, filiais,

franquias e/ou pontos de distribuição destas organizações. A Weg, destaca-se por

utilizar quase que a totalidade as ferramentas de aprendizagem propostas pelos

autores. A Datasul, por sua vez, utiliza todas as formas de aprendizagem com

exceção de cd-rom e DVD.

No que diz respeito à tecnologia, é importante entatizar que as organizações

pesquisadas, independente da denominação de Universidade Corporativa, utilizam

uma variada gama de tecnologias nos processos de ensino, superando as

metodologias das Instituições de Ensino Superior. Este fato, não necessariamente

caracteriza uma ameaça as estas instituições, como indagado por Meister (1999)

sobre a discussão das relações entre ambas, mas sugere uma atenção maior por

parte das Universidades Tradicionais, afim de que estas aperfeiçoem a sua

metodologia e o processo de aprendizagem.

Com referência ao formato todas as empresas citadas disponibilizam a

aprendizagem de forma presencial e virtual.

EMPRESAS DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG

FORM

ATO

Presencial Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Virtual Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Outros EAD EAD

Quadro 12 - Formatos de Aprendizagem Fonte: pesquisa abr/maio 2008

Pode-se constatar que o uso das tecnologias de aprendizagem e as

metodologias de ensino a distância, como por exemplo, o e-Learning, estão sendo

amplamente utilizados pelas empresas para disseminar o conhecimento por toda a

sua cadeia de valor.

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90

PRO

GRAM

AS D

E A

PRENDIZ

AG

EM

Comportamental NI NI Sim Sim Sim Sim

Empreendedorismo NI NI Sim Sim

Venda e pós venda NI NI Sim Sim

Técnico Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Gestão de pessoas NI Sim Sim Sim Sim Sim

Finanças e

economia NI Sim Sim

Estratégico Sim Sim Sim Sim

Operacional Sim NI Sim Sim Sim Sim

Marketing NI NI Sim Sim

Outros Sim

Quadro 13 - Programas de Aprendizagem Fonte: pesquisa abr/maio 2008

Com relação aos programas de aprendizagem, observa-se no quadro 13

descrito acima, que entre as empresas estudadas a Perdigão utiliza todos os

programas de aprendizagem. Os programas de aprendizagem mais oferecidos pelas

organizações são os da área técnica, seguido pelo de gestão de pessoas,

operacional e comportamental.

É importante ressaltar que os programas para desenvolver o

empreendedorismo, mesmo estando em evidência no cenário empresarial, são

pouco difundidos entre as empresas pesquisadas, assim como a falta de

investimentos de treinamentos em estratégia.

4.5 Informações Complementares

Apresenta- se logo abaixo no quadro 14 os dados referente a tempo de

existência, sede estabelecida e estrutura.

EMPRESAS DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG

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91

EMPRESAS DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG TEM

PO

DE

EXIS

TÊNCIA

Menos de 3 anos

De 3 a 5 anos X

De 5 a 10 anos X X X

Há mais de 10

anos X X

SEDE ESTABELECIDA Sim Sim Não Sim Sim Sim

ESTRUTURA

Própria X X X X X

Virtual X

Alugada

Parceria com

Universidade

Tradicional

Outro

Quadro 14 - Sede da Área de Aprendizagem Fonte: pesquisa abr/maio 2008

Entre as organizações estudadas a Tigre é a empresa que não possui sede

estabelecida e nem estrutura própria, é a única que possui apenas uma sede virtual.

Referente ao tempo de existência a Weg e a Perdigão estão estabelecidas há

mais de 10 anos. Já a Sadia, Datasul e Cargill de 5 a 10 anos, e por fim de 3 a 5

anos, a Tigre.

Quanto ao número de participantes/ano, identificou-se que a Weg, Perdigão e

Cargill possuem mais de 1000 participantes. A Tigre de 500 a 1000 participantes. A

sadia e a Datasul (não identificado). Como descrito nom quadro 15:

EMPRESAS DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG

PARTIC

IPANTES /

ANO

Até 50

NI NI

50 a 100

150 a 300

350 a 500

500 a 1000 X

Acima de 1000 X X X

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92

PÚBLIC

O

Clientes X X X X

Fornecedores X X

Funcionários X X X X X X

Comunidade NI X

Outras empresas X

Concorrentes NI

outros

Prospects

e

instituições

de ensino

Quadro 15 - Público Participante Fonte: pesquisa abr/maio 2008

Em se tratando do público participante, os funcionários fazem parte do

treinamento de todas as empresas pesquisadas. Os clientes participam nas

empresas Weg, Sadia, Datasul e Tigre. Já os fornecedores na Sadia e Datasul. E a

comunidade somente na empresa Perdigão. E por fim a única empresa que utiliza

outro público participante é a Weg com prospects e instituições de ensino.

Convém destacar que a estratégia de prospects utilizada pela Weg é

direcionada estrategicamente a clientes potenciais futuros.

A seguir no quadro 16, apresenta-se a quantidade de horas destinadas à

aprendizagem e o investimento médio anual em educação de cada organização

pesquisada:

EMPRESAS DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG

HORAS P

OR A

NO P

OR

PÚBLIC

O

Clientes NI NI

Não informou

Não informou

36

h/ano/cliente.

Funcionários NI NI 43 h/ano/func. 78 h/ano/func.

Fornecedores NI NI

Outros NI NI 77

h/ano/treinamento p/ executivo

Investimento médio anual na

aprendizagem da organização

NI NI 2 milhões 15 milhões 8Milhões

Quadro 16 - Investimentos na Área de Aprendizagem Fonte: pesquisa abr/maio 2008

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Com base nos dados acima, identificou-se que a Weg destina 36 h/ano/cliente

e 78/h/ano/funcionário de treinamento. A perdigão 43h/ano/funcionário e

77h/ano/executivo. Já a Tigre e Cargill não disponibilizaram e a Sadia e Datasul não

foram identificados.

É importânte ressaltar que o tempo médio anual no Brasil destinado em

treinamento por funcionário é de 47h/ano (ABTD, 2006/2007). Assim pode se inferir

que a Weg está acima da média nacional e a Perdigão ligeiramente abaixo.

Referente ao investimento médio anual a Weg investe em média 8 milhões/

ano. A Perdigão 15 milhões/ano. A Tigre 2 milhões/ano. A Sadia e Datasul (não

identificado). A cargil não disponibilizou o seu investimento.

EMPRESAS DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG

ESTRUTURA

Número de funcionários

NI NI 5 30 Não 60

Estrutura independente da organização

NI Não Não Não Não Sim

Gestor específico

Gerente geral UC

Reitora Coordenador Gerente de

RH Sim Não

ESTRUTURA L

IGADA A

ÁREA:

Estratégia X NI

Logística NI NI

RH/Gestão de pessoas

X NI X X X X

Marketing NI NI X X

Outros NI NI Técnica

Quadro 17 - Estrutura da Área de Aprendizagem Fonte: pesquisa abr/maio 2008

Em se tratando de estrutura da área de aprendizagem, pode-se entender que

a empresa que possui uma estrutura independente é a Weg, e também é a que não

possui gestor específico. Entre as empresas pesquisadas a estrutura da área de

aprendizagem está ligada a área de RH e gestão de pessoas. A Weg, também,

relaciona a área de aprendizagem com a área técnica e marketing. O que pode

indicar que a aprendizagem das empresas estudadas está efetivamente voltada a

desenvolver as pessoas e prepará- las para enfrentar as demandas do negócio no

cenário competitivo.

Referindo-se a parcerias de aprendizagem é fundamental considerar que as

Universidades Corporativas estão unindo forças com as universidades

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convencionais e com os mais diferentes parceiros para vincular às metas de cada

funcionário da organização e da instituição educacional em uma parceria favorável

para todos (MEISTER, 1999). Em função disso, os fatores que levam a realização de

parcerias nas empresas pesquisadas, tanto as com estrutura de Universidade

Corporativa como as com denominação de T&D, são: treinamento específico, corpo

docente e know-how, seguidos de certificação, qualidade nos processos e

metodologia de ensino. Conforme quadro 18:

EMPRESAS DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG

PARCERÍA

S

Universidades Sim Unicamp,

Usp Sim Sim

UFSC, PUC,

FURB

UNERJ,

UDESC

Escolas técnicas Sim Sim CEFET,

SOCIESC

Consultorias Sim Sim Sim Vários

Fornecedores Sim Vários

Fundações

FGV, Dom

Cabral Sim Sim

Dom Cabral e

FGV

Ongs

Instituto Ethos

Sesi Sim Sim Sim

Sebrae

Senai Sim Sim

Outros

Universidade

do exterior

Localização

NI NI Importante

Mínima

importânci

a

Mínima

importância

Mínima

importância

CRIT

ÉRIO

S P

ARCERIA

S Estrutura NI NI

Intermediári

o

Intermediá

rio

Pouco

importante Intermediário

Conceito NI NI

Muito

importante Importante

Muito

importante

Muito

importante

Preço NI NI

Pouco

importante

Pouco

importante Intermediário

Pouco

importante

Metodologia de

ensino NI NI

Mínima

importância

Muito

importante Importante Importante

Outro NI NI

FATORES D

E

PARCERIA

S

Qualidade nos

processos NI X X X

Treinamento

específico NI X X X X

Metodologia de

Ensino NI X X X

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FATORES D

E P

ARCERIA

S

Corpo Docente NI X X X X

Tecnologia

Virtual NI X X

Espaço físico NI X

Know-how NI X X X X

Certificação NI X X X

Outro NI

Quadro 18 - Parcerias de Aprendizagem Fonte: pesquisa abr/maio 2008

A parceria entre empresa e instituições não é exclusividade das organizações

com UC, as empresas com área de T&D também mantêm parcerias com Instituições

de Ensino Superior como forma de melhorar a qualidade nos processos de

aprendizagem, o que reforça a firmação de Meister (1999) de que as Universidades

Corporativas torna-se uma oportunidade de parceria para as Universidades

Tradicionais, gerando benefícios para ambas as partes.

A respeito dos critérios que levam as organizações a realizarem parcerias,

percebe-se que o “conceito” das instituições é o que tem mais importância, o fator

preço caracterizou-se como pouco importante, a estrutura tem o grau de importância

intermediário e a localização com a mínima importância, como apresentado no

quadro 18.

O recurso que as Universidades Corporativas vão obter será ditado pelo

mercado, com referência nos serviços prestados e nas necessidades dos clientes. O

pagamento desses serviços prestados às unidades de negócios é que vai sustentá-

la (MEISTER, 1999). Entretanto o que se verificou na pesquisa, é que as

Universidades Corprativas não têm a autosuficiência financeira, conforme quadro 19:

EMPRESAS DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG

Contribuição por participante NI NI Não Não

informou Não

informou

R$ 100,00 por

inscrição p/ clientes

Fonte independente de captação de recursos

NI

Sim 30 a 50%

investimento externo

Não Não

informou Não Não

Quadro 19 - Fonte de Recursos da Área de Aprendizagem Fonte: pesquisa abr/maio 2008

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A respeito da contribuição por participante dos programas, a única empresa

que informou foi a Weg . Com referência a fonte independente de captação dos

recursos a Sadia é quem possui de 30 a 50% dos investimentos externos. As demais

organizações não possuem fonte de captação de recursos, salvo a Cargill que não

informou e a Datasul que não foi identificado.

Com relação avaliação dos funcionários e de resultados, identificaram-se os

seguintes métodos, conforme o quadro 20.

EMPRESAS DATASUL SADIA TIGRE CARGILL PERDIGÃO WEG

Avaliação dos funcionários

participantes dos programas de aprendizagem

Diagnóstico de GAP de

conhecimento NI

avaliação realizada

pelos gestores

Não informou

avaliação de resultados

avaliação de aprendizagem e de reação

Avaliação de resultado dos objetivos das

práticas de aprendizagem

NI NI

avaliação de desempenho na função que exerce

não informou

formulários e análise de desempenho

avaliação de eficácia

Quadro 20 - Avaliação de Resultados da Aprendizagem Fonte: pesquisa abr/maio 2008

Observa-se que a Datasul avalia seus participantes através do diagnóstico de

gap de conhecimento, o qual se baseia no cruzamento das informações sobre o

conhecimento que os colaboradores possuem comparado ao conhecimento que

deveriam ter, e assim, gera-se uma trilha de treinamentos, que visa completar a

formação dos colaboradores no conhecimento necessário para a área de atuação

em que irão trabalhar. Na Tigre, a avaliação é realizada pelos gestores. A Perdigão

utiliza o método de avaliação de resultados. A Weg avalia seus funcionários através

da avaliação de aprendizagem e de reação. A Sadia, por sua vez, não foi possível

identificar e a Cargill não informou.

Em se tratando avaliação dos resultados, Meister (1999) afirma que é

importante estabelecer formas de avaliação que estejam diretamente relacionadas

aos resultados da organização. Assim, a Tigre utiliza a avaliação de desempenho

na função que exerce. A Perdigão faz através de formulários e análise de

desempenho. A Weg por meio de avaliação de eficácia.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde o início do processo de industrialização, o objetivo das empresas era

preparar os trabalhadores para a execução de funções operacionais, promovendo o

desenvolvimento das habilidades necessárias à realização das atividades

profissionais. Recentemente, porém, os investimentos na formação de pessoas se

voltaram para o desenvolvimento de competencias e atitudes adequadas ao

negócio, oferecendo de fato uma contribuição para as empresas, trazendo

consciência de que o conhecimento é um elemento crucial no processo de

produção.

Neste sentido a Universidade Corporativa é uma ferramenta eficaz para a

aprendizagem organizacional, porque se desenvolve através do conhecimento que é

criado e recriado a cada instante pelos colaboradores da organização. O gestor

deste processo de educação representa o combustível da aprendizagem e o

colaborador, comprometido num constante aprendizado, é o verdadeiro agente na

criação do novo.

O objetivo geral desse trabalho foi atingido e teve como propósito identificar

as características e as ferramentas de aprendizagem que diferenciam as

organizações de Santa Catarina com estrutura de Universidade Corporativa das

organizações com denominação tradicional de T&D.

A partir da pesquisa, identificou-se as empresas de SC que possuem

Universidade Corporativa, sendo: Datasul, Sadia e Tigre. O estudo contemplou

empresas com estrutura e portes similar com centros de treinamentos tradicionais a

Cargill, Perdigão e Weg.

Em seguida foi possível descrever os aspectos das Universidades

Corporativas onde se pode obter um breve panorama das mesmas, desde a sua

concepção até o desenvolvimento de projetos mais recentes.

Mapearam-se as iniciativas de ensino e as tecnologias virtuais aplicadas

pelas organizações com Universidade Corporativa. Assim, constatou-se que o

ensino a distância e o plano individual de treinamento são os mais utilizados pelas

empresas com UC. O ensino a distância é amplamente usado por ser um facilitador

no acesso à educação, reduzir custos, proporcionar o auto-aprendizado e estimular

a educação continuada. Além disso, percebeu-se que a Intranet e Internet são

amplamente empregadas como forma melhorar os processos de aprendizagem,

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focando nas demandas do mercado, dissiminando o conhecimento para toda a

cadeia de valor.Verificou-se, também, que o treinamento simultâneo de várias

localidades geográficas torna-se uma ferramenta importante em função de atender

ao mesmo tempo filiais, franquias e pontos de distribuição.

Ainda foi possível relacionar as diferenças das práticas de ensino,

características e objetivos das Universidades Corporativas em relação às práticas de

T&D. Observou-se que o ensino a distância tem grande importância para as

organizações, promovendo um salto nos treinamentos corporativos, proporcionando

outra forma de interação entre as pessoas. A Perdigão e Weg informaram que

utilizam estagios em universidades, o que reforça a parcería entre empresa e

Instituição de Ensino Superior. E ainda, as mesmas, usam a maioria das práticas

propostas pelos os autores, mesmo não sendo denominadas pelas próprias de

Universidades Corporativas.

O que se verificou em relação às características de aprendizagem das

empresas estudadas, é que mesmo utilizando terminologias de aprendizagem

diferentes, usam os mesmos caminhos de aprendizagem para atingir os objetivos

organizacionais. A WEG neste sentido, destaca-se por atender a todos os sistemas

de aprendizagem, inclusive o laboratório de aprendizagem para a cadeia de valor,

apesar da denominação T&D.

Pode-se considerar, também, que as empresas mesmo utilizando a

denominação tradicional de Treinamento e Desenvolvimento, preocupam-se em

desenvolver o colaborador promovendo o desenvolvimento profissional atendendo

as necessidades da empresa. Enquanto que as organizações com UC têm como

objetivo principal da aprendizagem, capacitar os profissionais alinhando o

conhecimento ao negócio.

Por fim, conclui-se que a distinção entre as organizações com Universidade

Corporativa e as com centros tradicionais de T&D está no que diz respeito a

nomenclatura e aos objetivos de aprendizagem. Pois, em se tratando de

características e ferramentas de aprendizagem, estas, são amplamente praticadas

por ambos os grupos de empresas pesquisadas. Assim, pode-se entender que

houve uma evolução significativa nos processos de aprendizagem das empresas

com T&D, contradizendo a afirmação dos autores de que o treinamento tradicional

está ultrapassado.

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Para a acadêmica, esta pesquisa, acrescentou significativamente no processo

de aprendizagem, além de possibilitar uma visão ampla das metodologias e práticas

de ensino, bem como a sua importância no desenvolvimento das pessoas e das

organizações.

A pesquisa contribuiu para a administração, na medida em que colabora para

as discussões acadêmicas sobre aprendizagem corporativa e suas práticas,

estimulando e ampliando indicadores de análise.

O presente trabalho não pretende esgotar a temática Universidade

Corporativa, mas pode ser utilizada como referência para estudos que focalizem

educação e a aprendizagem contínua no contexto das organizações

contemporâneas. Assim, sugere-se para trabalhos futuros a realização de

pesquisas buscando diagnosticar a influência da educação corporativa na

competitividade das organizações.

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APÊNDICE A Questionário On-Line

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