UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA
FRANCISCA NIVANDA DE LIMA ESTEVAM
VARIÁVEIS AMBIENTAIS E ERGONÔMICAS NA OPERAÇÃO COM
MICROTRATOR
FORTALEZA
2015
1
FRANCISCA NIVANDA DE LIMA ESTEVAM
VARIÁVEIS AMBIENTAIS E ERGONÔMICAS NA OPERAÇÃO COM MICROTRATOR
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Agrícola da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em
Engenharia Agrícola Área de concentração:
Engenharia de Sistemas Agrícolas.
Orientador: Prof. Dr. José Antonio Delfino
Barbosa Filho.
Coorientador: Prof. Dr. Leonardo De Almeida
Monteiro.
FORTALEZA
2015
2
___________________________________________________________________________
E84v Estevam, Francisca Nivanda de Lima.
Variáveis ambientais e ergonômicas na operação com microtrator / Francisca Nivanda de
Lima Estevam – 2015.
80 f.: il. Color.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias.
Departamento de Engenharia Agrícola, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola,
Fortaleza, 2015.
Área de Concentração: Engenharia de Sistemas Agrícolas.
Orientação: Prof. Dr. José Antonio Delfino Barbosa Filho
Coorientação: Prof. Dr. Leonardo de Almeida Monteiro.
1. Máquinas agrícolas. 2. Ergonomia. 3. Stress ocupacional. I. Título.
CDD 630
3
4
A Deus.
A minha mãe, irmãos e família.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me iluminar em minha caminhada.
A minha mãe Cecília Maria, por me apoiar em minhas escolhas e projetos.
Ao meu orientador Prof. Dr. José Antonio Delfino Barbosa Filho, pela excelente orientação,
disponibilidade, amizade e contribuição à minha formação e desenvolvimento desta pesquisa.
Ao Prof. Dr. Leonardo de Almeida Monteiro pelos ensinamentos sempre valiosos, paciência,
disponibilidade, incentivo a novos projetos e estudos, amizade e pelo apoio de sempre desde os
tempos da graduação.
Aos professores da Engenharia de Sistemas Agrícolas, Prof. Dr. Carlos Alessandro Chioderoli,
Prof. Dr. Daniel Albiero, Prof. Dr. Danilo Loureiro pela disponibilidade, contribuição durante
o mestrado.
À CAPES, pelo apoio financeiro com a manutenção da bolsa de auxílio.
Aos professores participantes da banca examinadora pelo tempo, pelas valiosas colaborações e
sugestões.
Aos amigos dos grupos de pesquisa NEAMBE, LIMA e NIMPA.
Aos amigos da turma de mestrado, Renata Fernandes de Queiroz, Enio Costa, Isabela Lima,
Mara Alice, Evanaldo Lima, Edcarla Nicolau, Paulo Ricardo, Daniel Gurgel, Wesley Araújo,
Maria de Paula, Yves Klavdian, Karla Lúcia e os demais, pelas reflexões, críticas, sugestões,
momentos de descontração e amizade. E reforçar meu muito obrigado a minha equipe: Renata,
Isabela e Paulo, que me ajudaram no desenvolvimento do meu experimento de campo.
Aos meus amigos desde os tempos de graduação, Mariana Cândido e Hiara Marques que são
pertencentes a outros grupos de pesquisa, mas que sempre contribuem na minha caminhada.
Ao Instituto Federal do Ceará pela gentileza e empréstimo dos aparelhos utilizados no
desenvolvimento da pesquisa.
6
“Crê e trabalha”
Francisco Cândido Xavier
7
RESUMO
ESTEVAM, Francisca Nivanda de Lima, Universidade Federal do Ceará. Julho de 2015.
Variáveis ambientais e ergonômicas na operação com microtrator Orientador: Prof. Dr.
José Antonio Delfino Barbosa Filho. Conselheiros: Prof. Dr. Carlos Alessandro Chioderoli,
Prof. Dr. Carlos Eduardo Angeli Furlani.
A utilização de microtratores na agricultura familiar otimizou o trabalho, mas ainda assim, não
excluiu totalmente o operador dos riscos da atividade, pois o mesmo realiza o trabalho em
campo aberto totalmente exposto a variação das condições climáticas, principalmente a
radiação solar, temperatura e umidade relativa, além do ruído intenso e da vibração produzida
pelo microtrator. A caracterização deste ambiente e dos riscos laborais produzidos pela máquina
são necessários para o desenvolvimento de estratégias que possam minimizar os riscos e dar
condições ao operador de desempenhar sua atividade sem comprometimento da sua condição
física. O trabalho foi realizado na Fazenda Experimental Lavoura Seca (FELS) da Universidade
Federal do Ceará (UFC) localizada no município de Quixadá, sertão central do Ceará. Utilizou-
se um microtrator modelo TC14 Super (cultivador motorizado), marca Yanmar Agritech,
acoplado a uma enxada rotativa. Para as medições das variáveis climáticas, do operador e do
microtrator foram utilizados sensores e aparelhos instalados nos mesmos. O delineamento
experimental foi feito esquema fatorial 3x5, onde foram utilizadas três velocidades para cinco
horários ao longo do dia. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as
médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Concluiu-se que a atividade
realizada pelo operador de microtrator no município de Quixadá-Ceará é considerada
estressante, devido à alta carga térmica e característica do clima do município. Todos os
métodos utilizados foram de valia para caracterização da atividade que se mostrou insalubre
para o ruído e salubre para vibração. O método OWAS (Ovako Working Posture Analysing
System) foi eficaz para identificar o risco ergonômico da atividade, sendo as costas do operador
a parte do corpo mais afetada, pela tendência do operador de se inclinar durante a atividade,
recomenda-se a implementação de ginástica laboral, alongamentos antes e depois da atividade,
para diminuir o risco de lesões musculares e lombalgias.
Palavras-chave: Salubridade. Carga térmica. OWAS.
8
ABSTRACT
ESTEVAM, Francisca Nivanda de Lima, Federal University of Ceará. July 2015.
Environmental and ergonomic variables in operation microtractor. Advisor: Prof. Dr. José
Antonio Delfino Barbosa Filho. Committee members: Prof. Dr. Carlos Alessandro Chioderoli,
Prof. Dr. Carlos Eduardo Angeli Furlani.
The use of microtratores in family farming optimized the work, but still, did not exclude the
operator of the activity of risk, because it gets the job done in fully exposed open field the
variation in climatic conditions, especially solar radiation, temperature and humidity relative,
apart from the loud noise and vibration produced by microtractor. The characterization of
environmental and occupational hazards produced by the machine are needed for the
development of strategies that can minimize risk and provide conditions for the operator to
perform their activities without compromising their condition. The study was conducted at the
Experimental Farm Crop Drought (FELS) of the Federal University of Ceará (UFC) in the
municipality of Quixadá, central backwoods of Ceará. We used a microtractor model TC14
Super (motor cultivator) brand Yanmar Agritech, coupled to a rotary tiller. For measurements
of climate variables, operator and microtractor were used sensors and devices installed in them.
The experiment was done factorial 3x5, which were used three speeds to five times throughout
the day. The data were submitted to variance analysis and the averages were compared by Tukey
test at 5% probability. It was concluded that the activity carried out by microtractor operator in
the city of Quixadá-Ceará is considered stressful, due to the high thermal load and municipal
climate feature. All methods used were of value to characterize the activity that proved
unhealthy for noise and vibration for wholesome. The OWAS (Ovako Working Posture
Analysing System) method was effective to identify ergonomic risk of the activity, and
operator's back part of the most affected body, the operator's tendency to tilt during activity, it
is recommended to implement fitness labor, stretches before and after activity to reduce the risk
of muscle injury and back pain.
Keywords: Salubrity. Thermal load. OWAS.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Microtrator utilizado no Município de Ibicuã-Ce........................................... 20
Figura 2 Comprimentos de onda.................................................................................... 23
Figura 3 Ficha técnica do protetor auricular.................................................................. 24
Figura 4 Comprimentos de onda..................................................................................... 26
Figura 5 Tratorista Ideal................................................................................................. 31
Figura 6 Diferentes frequências de ressonância do corpo humano................................ 36
Figura 7 Termogramas de um microtrator e operador.................................................... 39
Figura 8 Interfaces do Software Ergolândia 5.0............................................................. 41
Figura 9 Área da fazenda................................................................................................ 44
Figura 10 Município de Quixadá..................................................................................... 45
Figura 11 Microtrator Yanmar Agritech TC-14S.............................................................. 46
Figura 12 Hobo Pro V2 Data Logger instalado no microtrator........................................ 46
Figura 13 Dosímetro DOS-500 instalado no operador..................................................... 47
Figura 14 Medidor de estresse térmico modelo TGD-400............................................... 49
Figura 15 Medidor de vibração MV-100.......................................................................... 51
Figura 16 Medidor de batimentos cardíacos.................................................................... 51
Figura 17 Termovisor Flir modelo i3............................................................................... 52
Figura 18 Postura do operador durante atividade............................................................. 53
Figura 19 Gráfico de temperatura do 1° dia de coleta...................................................... 55
Figura 20 Gráfico de umidade do 1° dia de coleta.......................................................... 55
Figura 21 Gráfico de temperatura do 2° dia de coleta...................................................... 56
Figura 22 Gráfico de umidade do 2° dia de coleta........................................................... 56
Figura 23 Gráfico de temperatura do 3° dia de coleta..................................................... 56
Figura 24 Gráfico de umidade do 3° dia de coleta.......................................................... 57
10
Figura 25 Gráfico de velocidade do vento do 1° dia de coleta................................ ........ 58
Figura 26 Gráfico de velocidade do vento do 2° dia de coleta........................................ 58
Figura 27 Gráfico de velocidade do vento do 3° dia de coleta........................................ 58
Figura 28 Gráfico de temperaturas obtidas pela termografia no 1° dia de coleta............ 62
Figura 29 Gráfico de temperaturas obtidas pela termografia no 2° dia de coleta............ 62
Figura 30 Gráfico de temperaturas obtidas pela termografia no 3° dia de coleta............ 63
Figura 31 Termogramas do operador............................................................................... 64
Figura 32 Resultado da análise postural do operador durante o experimento através do
software Ergolândia 5.0................................................................................... 65
Figura 33 Posturas do operador durante atividade.......................................................... 66
Figura 34 Médias de ruído durante a atividade............................................................... 67
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Sensação do organismo humano em função da umidade relativa do ar......... 27
Tabela 2 Níveis de alerta e suas consequências humanas do IC................................... 28
Tabela 3 Critérios de classificação do ITU................................................................... 29
Tabela 4 Efeitos de desvios da temperatura de trabalho confortável............................ 33
Tabela 5 Relação entre a frequência vibracional e os efeitos de ressonância no corpo
humano........................................................................................................... 37
Tabela 6 Vibrações em ferramentas motorizadas portáteis........................................... 37
Tabela 7 Níveis de ação e limites de exposição para vibrações de corpo inteiro e
membros superiores....................................................................................... 38
Tabela 8 Classificação da carga física de trabalho através da frequência cardíaca de
trabalho........................................................................................................... 43
Tabela 9 Médias históricas mensais e anuais de temperatura, umidade relativa em
Quixadá-CE....................................................................................................... 45
Tabela 10 Limites de tolerância para ruído contínuo e intermitente............................... 48
Tabela 11 Taxas de metabolismo por atividade.............................................................. 50
Tabela 12 Tipo de atividade............................................................................................ 50
Tabela 13 Codificação da postura................................................................................... 53
Tabela 14 Classificação das categorias........................................................................... 54
Tabela 15 Análise de variância para delineamento casualizado em esquema fatorial
3x5.................................................................................................................. 54
Tabela 16 Médias de índice de calor (IC) coletados nos dias de experimento................ 57
Tabela 17 Médias de índice de (ITU) coletados nos dias de experimento...................... 59
Tabela 18 Análise de variância para valores médios de temperatura e umidade............ 59
Tabela 19 Carga física de trabalho em relação aos dias e horários do experimento....... 60
Tabela 20 Valores médios de IBUTG e temperatura do ar............................................. 61
12
Tabela 21 Análise de variância para valores médios dos níveis de ruído....................... 68
Tabela 22 Recomendações dos limites de exposição às vibrações dos sistema mão-
braço segundo ACGIH................................................................................... 69
Tabela 23 Análise de variância para valores médios de Aeq e A(8).............................. 70
Tabela 24 Limites de exposição à vibração.................................................................... 70
13
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ASHRAE American Society of Heating Refrigerating and Air-Conditioning
Engineers
bats/min Batimentos por minuto
CF Constituição federal
CLT Consolidação das Leis de Trabalho
dB Decibel
EPI Equipamento de proteção Individual
Hz Hertz
IBUTG Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo
IC Índice de Calor
IEA Associação Internacional de Ergonomia
ITU Índice de Temperatura e Umidade
kHz Quilohertz
NHO 01 Norma De Higiene Ocupacional
NHO 06 Norma De Higiene Ocupacional 6
NHO 09 Norma De Higiene Ocupacional
NR Normas Regulamentadoras
NR-15 Norma Regulamentadora 15
NR-21 Norma Regulamentadora 21
NR-9 Norma Regulamentadora 9
PCMSOs Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PPRAs Programas de Prevenção de Riscos Ambientais
SSO Segurança e Saúde ocupacional
tar Temperatura do Ar
UR Umidade Relativa
UVA Ultravioleta A
UVB Ultravioleta B
UVC Ultravioleta C
Var Velocidade do Vento
VCI Vibração de Corpo Inteiro
14
LISTA DE SÍMBOLOS
°F Fahrenheit
% Porcentagem
°C Celsius
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 17
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 18
2.1 Ambiência nas atividades realizadas em espaços abertos ....................................... 18
2.1.1 Agentes ou ricos ambientais ......................................................................................... 20
2.2 Fundamento das Ondas .............................................................................................. 21
2.3 Ruído ............................................................................................................................ 22
2.4 Vibração ....................................................................................................................... 24
2.5 Radiações eletromagnéticas ....................................................................................... 25
2.6 Conforto térmico humano .......................................................................................... 27
2.6.1 Índice de Calor .............................................................................................................. 28
2.6.2 Índice de Temperatura e Umidade ................................................................................ 28
2.7 Ergonomia ................................................................................................................... 29
2.7.1 Normas Regulamentadoras (NRs) ................................................................................ 31
2.7.2 Avaliação de riscos ....................................................................................................... 33
2.8 Termografia ................................................................................................................. 38
2.9 Variáveis Ergonômicas e de segurança ..................................................................... 39
2.9.1 Carga física de trabalho ................................................................................................ 41
3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 44
3.1 Local ............................................................................................................................. 44
3.2 Máquina ....................................................................................................................... 45
3.3 Aparelhos e equipamentos ......................................................................................... 46
3.3.1 Avaliação da exposição ao ruído .................................................................................. 47
3.3.2 Avaliação da exposição ao calor ................................................................................... 49
3.3.3 Exposição a Vibração .................................................................................................... 51
3.3.4 Avaliação da Temperatura Corporal e batimentos cardíacos ........................................ 51
3.3.5 Medidas ergonômicas relacionadas ao operador em atividade ..................................... 52
3.3.6 Análise de dados ........................................................................................................... 54
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 55
4.1 Análise das Variáveis .................................................................................................. 55
4.1.1 Índice de calor ............................................................................................................... 55
4.1.2 Índice de temperatura e umidade .................................................................................. 58
4.1.3 Carga física de trabalho ................................................................................................ 60
4.1.4 Ibutg .............................................................................................................................. 61
4.2.5 Termografia ................................................................................................................... 61
4.1.6 Análise postural do operador ........................................................................................ 64
4.1.7 Ruído ............................................................................................................................. 67
16
4.1.8 Vibração ........................................................................................................................ 68
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 71
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 72
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 74
17
1 INTRODUÇÃO
A agricultura ao longo dos anos com a implementação de novas tecnologias e
maquinários tem contribuído para o desenvolvimento ao país, a partir do conhecimento das
condições de solo, clima e cultivar foi possível expandir a produção e atingir novos mercados
consumidores. Para melhorar as condições do trabalhador agrícola foram desenvolvidas
inicialmente ferramentas manuais e equipamentos de tração animal, evoluindo para máquinas
e equipamentos tratorizados ou automotrizes capazes de maximizar a produção otimizando o
tempo e a área utilizada para o preparo do solo, semeadura, plantio e colheita. Consideramos o
trabalho no campo do tipo não estruturado, ou seja, o trabalhador não possui um posto fixo de
trabalho, as tarefas são muito variáveis, em geral se tratam de trabalhos árduos executados em
posturas inconvenientes e em ambientes desfavoráveis, sob exposição direta ao sol e a outros
fatores como a vibração da máquina, ruído, poeira, fumaça, risco de acidentes, entre outros. As
tarefas de arar e gradear o solo, semear, colher exigem muito do trabalhador que por muitas
vezes sofre lesões por desenvolver estas atividades em má postura. Com o avanço da
mecanização, otimizou-se o trabalho, mas o operador não ficou livre dos riscos gerados pela
atividade. No manejo do microtrator o operador caminha atrás da máquina ficando exposto ao
ruído e vibração produzidos pela mesma, além da exposição as intempéries do ambiente. A
importância do impacto destes fatores no espaço laboral é estudada pela ambiência agrícola,
que avalia as condições de conforto e bem-estar do operador. Apesar de constantes trabalhos
feitos a respeito da relação do homem com o ambiente de trabalho, ainda são poucos os
relacionados com a ambiência do operador de trator agrícola. Ainda não se sabe o quanto a
atividade de operação de tratores e microtratores, afeta a saúde e bem-estar do operador.
O objetivo deste estudo teve dois focos: o primeiro em caracterizar o ambiente do
operador de microtrator agrícola, avaliando como as variáveis ambientais e da máquina atuam
no conforto e saúde ocupacional do mesmo e como segundo sugerir estratégias para melhorar
o conforto do operador, proporcionar a prevenção de acidentes e o aparecimento de patologias
específicas do tipo de atividade.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Ambiência nas atividades realizadas em espaços abertos
O clima é destacado com um dos principais fatores considerados nos projetos de
ambientes para produção animal, vegetal ou espaços laborais por afetar diretamente na
produção. O ambiente térmico, geralmente, engloba os efeitos da radiação solar, temperatura
do ar (tar), umidade relativa (UR) do ar e velocidade do vento (Var) (FALCO, 1997; BAETA;
SOUZA, 1997), sendo a combinação tar-UR o principal condicionante para o conforto térmico
e funcionamento geral dos processos fisiológicos. Altos valores de tar e UR resultam em
desconforto térmico, que prejudica a saúde, interferindo no rendimento e podendo resultar em
riscos de acidentes.
A ambiência caracteriza-se como o estudo da confortabilidade dos espaços, com o
propósito de torná-los adequados ao processo de desenvolvimento, produção e/ou trabalho
(espaços laborais). Segundo Barbosa Filho (2010), a ambiência agrícola surge justamente dessa
necessidade de se avaliar os impactos que as condições climáticas trazem para a produção
agrícola em geral e como na atividade agrícola se tem os setores de produção vegetal e animal
a pesquisa em ambiência também segue essa divisão. Focando na ambiência humana, esta área
de estudo visa “projetar” um espaço adequado a atividade laboral levando em consideração as
variáveis ambientais e ergonômicas do local.
Em espaços abertos, o conforto humano pode ser afetado por diversos parâmetros,
entre eles os climáticos, as atividades humanas e o nível de vestimenta utilizado
(STATHOPOULOS; ZACHARIAS, 2004). O ambiente térmico, geralmente, engloba os efeitos
da radiação solar, temperatura do ar (tar), umidade relativa (UR) do ar e velocidade do vento
(Var) (FALCO, 1997; BAETA; SOUZA, 1997), sendo a combinação tar-UR o principal
condicionante para o conforto térmico e funcionamento geral dos processos fisiológicos. Altos
valores de tar e UR resultam em desconforto térmico, que prejudica a saúde, interferindo no
rendimento e podendo resultar em riscos de acidentes.
Dentre as inúmeras atividades rurais, a operação com tratores agrícolas presta
muitos serviços ao homem do campo. Com a mecanização agrícola o produtor consegue extrair
o máximo da terra com o menor esforço, juntamente com diversos implementos facilitando a
realização de várias atividades que vão desde o preparo do solo, semeadura até transporte do
19
produto final. (BARBOSA FILHO, 2013). Poucos estudos têm sido conduzidos em relação à
ambiência do trabalhador rural, fatores como exposição ao sol, a poeiras, vestimenta correta,
uso de equipamento de proteção individual (EPI), vibração da máquina, ruído, entre outras,
devem ser levados em consideração para manter o ambiente adequado a atividade
desempenhada, para não ocorra interferência na saúde dos operadores.
A Norma Regulamentadora 21 (NR-21) trata justamente destes trabalhadores que
desempenham suas atividades a céu aberto e estabelece um conjunto de medidas para que os
trabalhadores possam ser protegidos das intempéries usando medidas especiais contra insolação
excessiva, calor, frio, umidade e ventos inconvenientes e assim poder realizar sua atividade com
o mínimo de conforto e bem-estar. A exposição excessiva aos raios solares é o maior problema
enfrentado por este trabalhador já que na região nordeste os níveis de radiação solares são altos,
mesmo com este dado, não é dado neste caso o adicional a insalubridade.
Com o avanço da agricultura muitas atividades de preparo do solo para a lavoura,
que antes eram realizadas de forma manual, atualmente são realizadas com o auxílio de
máquinas agrícolas que otimizam o tempo e a operação agrícola, entretanto, os operadores
continuam expostos a uma determinada carga física e, neste caso, também mental, pois a
operação de um trator exige o controle simultâneo de diversas variáveis referentes ao trabalho
(MÁRQUEZ, 1990). A mecanização agrícola tem como objetivos o aumento da produtividade
e modificar o trabalho agrícola, na tentativa de deixá-lo menos árduo e mais confortável para o
operador. Atividades como o preparo de solo, adubação, pulverização e colheita, que eram
realizadas somente com o trabalho manual e a tração animal, hoje são desenvolvidas com o
auxílio de máquinas. Isso ajuda a garantir melhores produtividades e permite o cultivo de
maiores áreas (CUNHA et al., 2009).
O trator agrícola destaca-se neste processo de desenvolvimento da agricultura
brasileira devido à sua versatilidade na execução de inúmeras tarefas no meio rural, servindo
como fonte de potência e tração de diversos equipamentos e implementos agrícolas (ROZIN,
2004). Na agricultura familiar temos uma diversificação de atividades, onde torna-se necessário
como fonte de potência o emprego de tratores de rabiças. De acordo com Rodrigues et al. (2006)
o trator de rabiças é um veículo de menor porte, ágil e com aptidão para minimizar o problema
que vem se tornando cada vez mais acentuado a escassez de mão-de-obra no campo. Com o
microtrator torna possível abranger uma maior área em menor tempo quando comparado com
a utilização da fonte de tração animal (MORAIS et al., 2009).
No manejo deste tipo de trator é feito em pé e além de emitir altos níveis de ruído
não só ao operador, como também as pessoas que estão em áreas próximas a lavoura, o peso do
20
microtrator interfere nas condições relacionadas a ergonomia, pois o operador muitas vezes gira
o tronco nas manobras (curvas), move o pescoço para trás para verificar a área trabalhada e usa
da força para levantar a máquina quando encontra algum obstáculo. Em algumas regiões do
Ceará ainda existem comunidades de pequenos agricultores que sobrevivem do cultivo de milho,
feijão e cultivo de hortas que atendem a pequenos comércios e a consumo próprio, que fazem
uso o microtrator muitas vezes em más condições, sem as manutenções adequadas e com
algumas “adaptações” que os agricultores fazem para desenvolver outras atividades, que por
muitas vezes agravam a situação do operador. (Figura 1).
Figura 1 – Microtrator utilizado no município de Ibicuã-Ce
Fonte: Elaborado pela autora, 2015
2.1.1 Agentes ou ricos ambientais
Em todos os espaços laborais é necessária a caracterização dos agentes que de
alguma forma possam interferir na realização das atividades. As atividades a céu aberto estão
sujeitas as variações climáticas e intempéries, variação da radiação solar e outros fatores
externos que influenciam na precisão da avaliação. Sendo assim, a caracterização da
insalubridade por calor nessas atividades fica prejudicada. Com essa variação climática
influenciando no ambiente, não é possível quantificar o número de horas e períodos do ano em
que o trabalhador fica exposto ao calor acima dos limites de tolerância. (MAREK, 2013).
No meio rural as atividades agrícolas exercidas pelos trabalhadores acontecem no
campo em áreas abertas, onde as condições climáticas interferem no desempenho da mesma.
Os agentes que fazem parte deste ambiente como temperatura do ar, velocidade do vento,
21
radiação solar, umidade relativa, ruído, vibração entre outros, passam de agentes para riscos
ambientais quando ultrapassam o limite estabelecido para saúde e segurança do trabalhador. A
Norma Regulamentadora 9 (NR-9), no item 9.1.5 estabelece a diferença entre agente e risco
ambiental: “Para efeito nesta NR, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos
e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração
ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. ”
Então segundo a NR-9, o agente ambiental quando está a uma intensidade e tempo
que começa a causar danos à saúde do trabalhador passa a ser chamado de risco ambiental,
quando a sua intensidade e tempo de exposição não causa danos à saúde do trabalhador ele é
apenas agente ambiental. (BRASIL, 2015). Com a caracterização destes agentes ou riscos
ambientais faz-se necessário o estudo de como este agente penetra no corpo do trabalhador,
para assim estabelecer o controle ambiental e também o controle da saúde do trabalhador, já
que estes agentes quando passam a ser riscos ambientais provocam agressões ao corpo que
podem gerar doenças ocupacionais graves.
Quando o agente se torna nocivo à saúde do trabalhador ele é definido como
insalubre, mas segundo as NR-15 (atividades e operações insalubres) só serão considerados
agentes insalubres aqueles que estiverem listadas e que fazem jus ao adicional de insalubridade.
Vale ressaltar que alguns agentes mesmo que não citados nesta listagem podem sim em
concentração ou tempo de exposição elevado ser nocivo à saúde do trabalhador. (BRASIL,
2015).
Os agentes ou riscos ambientais que compõem o ambiente ao céu aberto podem ser
de natureza biológica, química ou física. Dependendo da atividade podem ser caracterizados
também como agentes ou riscos de natureza ergonômica ou de natureza mecânica. Entre os
riscos ambientais, os físicos no trabalho a céu aberto podem causar maior nocividade ao
trabalhador que fica muito exposto as intempéries que dependendo da região torna as condições
trabalho estressantes.
2.2 Fundamento das Ondas
O ambiente térmico do trabalhador é composto de agentes ambientais como a
temperatura do ar, umidade relativa, velocidade do vento, radiação solar e ruídos e vibrações
decorrentes de máquinas utilizadas em diversas atividades. O estudo destas variáveis
22
combinadas resulta nos índices que caracterizam o ambiente em confortável ou não ao
trabalhador. A NR-15 anexos de 1 a 10 considera agentes físicos o ruído, o calor, iluminação,
vibrações, umidade, radiação não-ionizantes, entre outros. O ruído, as radiações e a vibração
são agentes propagados por ondas (mecânicas e eletromagnéticas) e o que faz estas “ondas”
serem ou não agressivas ao trabalhador é a potência (força de propagação), a intensidade e o
tempo de exposição.
Segundo Hewitt (2002), onda é uma oscilação que é função tanto do espaço como
do tempo. As ondas são perturbações que se propagam no espaço, ou em meios materiais,
transportando energia. De acordo com a sua natureza, as ondas podem ser classificadas em dois
tipos: ondas mecânicas e ondas eletromagnéticas. As ondas mecânicas são as ondas que se
propagam em meios materiais, como exemplo, temos as ondas marítimas, ondas sonoras, ondas
sísmicas (vibrações), etc. As ondas eletromagnéticas são resultado da combinação de campo
elétrico com campo magnético, tendo como principal característica é que não precisam de um
meio material para propagarem-se. São exemplos desse tipo de onda a luz, os raios X, as
microondas, ondas de transmissão de sinais entre outras.
As ondas são compostas de duas fases em relação a linha de base. Uma onda possui
uma frequência e um comprimento. A frequência corresponde ao número de vezes que uma
onda passa por um ponto do espaço num intervalo de tempo, ou seja, ao número de oscilações
da onda por unidade de tempo em relação a um ponto. A frequência é geralmente expressa em
ciclos por segundo ou Hertz. O comprimento de onda indica a distância entre dois pontos
semelhantes de onda, dado em metros. (BORGES, 2009).
A quantidade de ciclos que a onda completa no espaço de tempo de um segundo é
denominada frequência, que é dada em Hertz (Hz) – ciclos por segundo. Uma onda de 3 ciclos
por segundo caracteriza uma onda de 3Hz. O comprimento de onda é inversamente proporcional
à frequência da onda, ou seja, uma onda de 3Hz tem comprimento maior que uma onda de 5Hz
por exemplo. Toda onda perde amplitude (força, potência) durante sua propagação, porém a
frequência (quantidade de ciclos por segundo) se mantém constante. Então quanto mais perto
da fonte emissora maior será a potência sentida pelo trabalhador.
2.3 Ruído
A definição mais simples de ruído é qualquer som indesejado. Na prática chama-se
23
de “som” quando não é desagradável e “ruído” quando perturba (KROEMER E GRANDJEAN,
2005). Segundo Silveira (2008) o ruído produzido nas operações agrícolas pode prejudicar a
sensibilidade da audição não só do operador, mas também de pessoas que estejam ao alcance
do ruído. Quanto mais próximo o trabalhador está da fonte geradora do ruído, maior será a
amplitude (potência) e volume do som, mais exposto ao risco ele estará e conforme for
afastando-se da fonte menos exposto ao ruído estará. As máquinas agrícolas em geral expõem
os trabalhadores a níveis de ruído acima do permitido pela legislação, conforme a Norma
Regulamentadora nº 15 da portaria 3.214 de 1978 (SANTOS, 2004).
Segundo a NR-15, em seu anexo I, o limite de tolerância para o ruído contínuo ou
intermitente estabelecido para uma máxima exposição diária de 8 hora de trabalho é de 85dB,
a partir deste valor já passa a ser um risco para a saúde. No caso do ruído a frequência expressa
o tipo de tom (agudo, médio ou grave). Ondas com comprimento curto tem uma frequência alto
produzindo um som agudo e as ondas de comprimento longo, tem uma frequência baixa e
produzem som grave (Figura 2).
Figura 2 - Comprimento de ondas
Fonte: Adaptado www.sofisica.com.br
A importância de se saber a frequência do som ou ruído está no nível de ação a ser
aplicado pelo profissional responsável pela saúde e segurança do trabalho para assim minimizar
o risco, seja adotando programas de prevenção de riscos ambientais (PPRAs), bem como
programas de controle médico de saúde ocupacional (PCMSOs). A frequência do ruído é
importante na escolha dos protetores auditivos, porque na ficha técnica deste equipamento de
24
proteção individual são descritas as faixas de som/ruído (em hertz) e a redução que este protetor
vai ser promover ao trabalhador, que pode ser mais eficaz na redução de sons graves ou em
sons agudos, vai depender do tipo de protetor auditivo. Erroneamente muitos profissionais
escolhem os protetores mais pela marca e não se atentam para este detalhe. A figura 3 a seguir,
demonstra a ficha técnica do protetor auricular com a redução dos decibéis em algumas
frequências.
Figura 3 - Ficha técnica do protetor auricular
Fonte: 3M solutions
No caso deste protetor ele é mais eficiente na redução de tons agudos do que na
redução de tons graves. A capacidade auditiva humana vai de 20Hz a 20 KHz, acima (infrassom)
ou abaixo (ultrassom) deste intervalo não é mais identificado.
2.4 Vibração
Vibrações são oscilações da massa em função de um ponto fixo (KROEMER E
GRANDJEAN, 2005). Para Saliba et al. (2002, p.44) o conceito de vibração é “um movimento
oscilatório de um corpo devido a forças desequilibradas de componentes rotativos e
movimentos alternados de uma máquina ou equipamento”. A propagação das ondas de vibração
é semelhante a dinâmica das ondas produzidas pelo ruído. As vibrações podem ser de corpo
inteiro quando numa situação o corpo vibra com a máquina (ao manejar um trator agrícola, por
exemplo) e localizadas, que ocorrem quando se opera um equipamento.
25
Segundo Vendrame (2006), um corpo está em vibração quando descreve um
movimento oscilatório em torno de um ponto fixo, sendo que, o número de vezes em que o
ciclo completo do movimento se repete durante o período de um segundo é chamado de
frequência, e é medido em ciclos por segundo ou Hertz [Hz]. A vibração consiste em
movimento inerente aos corpos dotados de massa e elasticidade. O corpo humano possui uma
vibração natural. Se uma frequência externa coincide com a frequência natural do sistema,
ocorre a ressonância, que implica em amplificação do movimento. A energia vibratória é
absorvida pelo corpo, como consequência da atenuação promovida pelos tecidos e órgãos.
(VENDRAME, 2009).
Kroemer e Grandjean (2005) comentam que ferramentas motorizadas e utilizadas
durante anos podem ocasionar problemas nas mãos e braços e apontam a frequência da vibração
como fator decisivo. Relatam ainda que ferramentas com frequência de vibração abaixo de 40
Hz podem causar sintomas degenerativos nos ossos, articulações e tendões das mãos e braços,
levando à artrite do punho, cotovelo e ombro.
A dose de vibração recebida por pessoas que lidam, ocupacionalmente, com
instrumentos vibratórios pode ser irreversível e a desordem é geralmente progressiva com o
aumento da exposição à vibração. Essa exposição pode trazer consequências em mãos e braços
de trabalhadores durante sua vida, tais como diminuição da perfusão, intolerância ao frio,
enfermidade e inabilidade para manusear objetos pequenos, rigidez nos dedos, redução da força
de preensão palmar, dor e fadiga. Considerando que diversas atividades laborais utilizam como
ferramenta de trabalho um equipamento que emite energia vibratória mecânica, este estudo tem
por finalidade verificar quais são essas ocupações e quais danos físicos são encontrados nesses
trabalhadores ao longo dos anos de trabalho. (SEBASTIÃO et al, 2007).
2.5 Radiações eletromagnéticas
Seguem os mesmos fundamentos das ondas de ruído e vibração, a diferença está na
potência da onda que é medida em Watts e as frequências são mais altas. Estas radiações estão
divididas em ionizantes e não-ionizantes que são as que os trabalhadores que realizam
atividades a céu aberto encontram-se expostos, no caso a maior fonte seria as radiações
ultravioletas emitidas pelos raios solares. Segundo a NR-15 as radiações não-ionizantes são
aquelas que tem como fonte as micro-ondas, raios ultravioletas e laser. As atividades ou
26
operações que exponhamos trabalhadores as radiações de luz negra (ultravioleta na faixa de
400-320 nanômetros) não são considerados insalubres. A exposição do trabalhador será nociva
à sua saúde dependendo da potência (amplitude) da radiação, do tipo (frequência), da
proximidade da fonte e do tempo de exposição (BRASIL, 2015).
Em altos níveis de exposição à radiação solar é considerada um risco físico a saúde
do trabalhador. Esta é a radiação mais presente, a luz solar é composta da luz branca (visível)
que tem faixas que variam do vermelho ao violeta e é na verdade um espectro com várias cores
de luz, que são ondas eletromagnéticas com diferentes comprimentos de ondas e frequências.
Esta divisão da luz branca nas várias cores do arco-íris foi descoberta por Issac Newton em
1665, ele desenvolveu um disco colorido, “disco de newton” que ao girar mostrava que a soma
de todas as cores resultava na cor branca.
Quando em um corpo vermelho há incidência da luz branca, somente a radiação da
luz vermelha é refletida e as demais ficam absorvidas, quando a luz branca incide em um corpo
negro todas as radiações são absorvidas e nenhuma é refletida e quando a luz branca incide em
um corpo branco todas as radiações são refletidas e nenhuma é absorvida. Isto explica a
sensação térmica de algumas cores, nos trabalhos ao céu aberto é preferível usar roupas com
tons mais claros para evitar a maior absorção de radiação solar que gera uma sensação de calor
excessivo. O que diferencia as cores (radiações) é o comprimento de onda, quanto mais próximo
do violeta menor é o comprimento de onda, logo a frequência é maior (Figura 4).
Figura 4 - Comprimentos de onda
Fonte: www.sofisica.com.br
As ondas infravermelhas e ultravioletas não são visíveis ao olho humano, porém
são as faixas que mais oferecem riscos à saúde. A exposição à radiação solar pode ocasionar
27
doenças de pele e de olhos, o principal efeito é o aquecimento dos tecidos do corpo, que pode
ocasionar queimaduras na pele (vermelhidão). A radiação solar afeta muito o olho humano, os
raios ultravioletas causam problemas de conjuntivite, catarata, entre outros.
2.6 Conforto térmico humano
Segundo Garcia (1985), o conforto térmico consiste no conjunto de condições em
que os mecanismos de autorregulação são mínimos, ou ainda na zona delimitada por
características térmicas em que o maior número de pessoas manifeste se sentir bem. Este
conceito implica na definição de índices em que o ser humano se sinta confortável em condições
térmicas satisfatórias. Esta condição é descrita pela ASHRAE – American Society of Heating,
Refrigerating and Air-Conditioning Engineers, Inc. (1992): “Condição da mente que expressa
satisfação com o meio térmico em que a pessoa está inserida.” Este conforto vai depender das
características do indivíduo, fatores como idade, adaptação fisiológica, estado de saúde,
vestimenta usada e do ambiente como temperatura do ar, umidade relativa, radiação solar e
velocidade do vento. As condições climáticas da região estudada irão determinar o conforto, já
que as variáveis mudam conforme o lugar. As temperaturas nas quais se verificará uma sensação
de desconforto variam de acordo com os indivíduos que, por sua vez estão adaptados a
determinado clima (BALDINI E TAVARES, 1985).
A Tabela 1 demonstra a sensação térmica do corpo humano em função de diferentes
valores de temperatura e umidade relativa do ar. Observa-se que quanto maior for o valor da
umidade, maior será a sensação de desconforto, pois a temperatura gradativamente vai
aumentando.
Tabela 1 - Sensação do organismo humano em função da umidade relativa do ar
Temperatura
(°C)
Umidade Relativa em %
30 50 70 80 90 100
20 20 21,1 22,2 22,8 23,4 23,9
25 25 26,7 27,8 28,9 30,0 31,1
30 30 32,2 35,0 37,2 37,8 39,4
35 35 38,8 42,2 44,4 46,7 48,9
40 40 45,0 50,0 - - -
Fonte: Lansberg (1972) apud García (1995).
28
2.6.1 Índice de Calor
O Índice de Calor (IC) é um índice que combina a temperatura e a umidade relativa
do ar para determinar uma temperatura aparente, que representa o quanto quente sentimos
realmente (STEADMEN, 1979). Segundo Barbireli et al. (2007) para obtenção deste índice em
ambientes abertos, utiliza-se a seguinte equação 1, que foi elaborada a partir de medidas
subjetivas de quanto calor se sente para dados valores de temperatura e umidade relativa do ar,
nas situações em que as temperaturas estão elevadas, estando a pessoa à sombra em condições
de vento fraco.
IC = -42,379 + 2,04901523*T + 10,14333127*UR -0,22475541*T.UR -6,83783*10−3 *T2 -
5,481717x10−2*UR2 + 1,22874*10−3 ∗ T2*UR + 8,5282*10−4*T*UR2-1,99*10−6*T2* UR2 (Eq.1)
Em que,
T - Temperatura de bulbo seco dada em °F.
UR - Umidade relativa do ar dada em %.
Tabela 2 - Níveis de alerta e suas consequências à saúde humana do índice de calor.
Nível de Alerta Índice de Calor Síndrome de Calor (sintomas)
Perigo extremo 54º C ou mais Insolação ou ação e risco de Acidente Vascular
Cerebral (AVC) iminente.
Perigo 41,1 – 54º C Câimbras, insolação e provável esgotamento.
Possibilidade de dano cerebral (AVC) para
exposições prolongadas com atividades físicas.
Cautela
extrema
32,1º - 41º C Possibilidade de câimbras, esgotamento e insolação
para exposições prolongadas e atividade física.
Cautela 27,1 – 32 º C Possível fadiga em casos de exposição prolongada e
atividade física.
Não há alerta Menor que 27º C Não há problemas. Fonte: National Weather Service Eather Forecast Office, NOAA. Adaptado por Nóbrega &Verçosa.
2.6.2 Índice de Temperatura e Umidade
Segundo Barbirato et al. (2007) o Índice de Temperatura e Umidade (ITU) é
29
comumente utilizado nos trópicos pela sua praticidade, e além disso, é um dos índices utilizados
para ambientes abertos que permitem quantificar o “stress” no ambiente urbano.
É descrito como:
𝐼𝑇𝑈 = 0,8. 𝑇𝑎𝑟 +𝑈𝑇𝑎𝑟
500 (Eq.2)
Em que,
Tar - Temperatura do ar dada em °C.
U - Umidade relativa do ar dada em %.
Através dos resultados do ITU é possível se ter critérios de classificação desse
índice, conforme a Tabela 3.
Tabela 3 - Critérios de classificação do ITU
Nível de Conforto ITU
Confortável 21<ITU<24
Levemente desconfortável 24<ITU<26
Extremamente desconfortável ITU>26
Fonte: Adaptado de NOBREGA e LEMOS (2011)
Valores de ITU acima de 25°C indicam que a maior parte das pessoas se sentirá
desconfortável, enquanto valores entre 15 e 20°C são aceitos pela maioria como confortáveis
(Nóbrega e Lemos 2011).
2.7 Ergonomia
O termo Ergonomia é derivado das palavras gregas Ergon (trabalho) e nomos
(regras), segundo a Associação Internacional de Ergonomia (IEA) Ergonomia (ou fatores
humanos) é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres
humanos e outros elementos ou sistemas e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos
a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema. Para Iida
(1990) operar um trator agrícola pode ser uma tarefa árdua. O ambiente de trabalho de um
30
operador agrícola sofre a interferência de vários fatores oriundos da própria máquina e do
ambiente, como ruídos, vibrações, poeiras, temperaturas, umidade, iluminação, dentre outros.
No meio agrícola estes estudos são considerados recentes, os operadores de tratores
agrícolas, não possuem posto fixo de trabalho, executam tarefas variadas e na maioria dos casos
estes trabalhos são árduos e exigem muita força muscular, realizados em posturas inadequadas
e em ambientes onde o trabalhador fica exposto ao sol e intempéries. Segundo Dul &
Weerdmeester (2001) a ergonomia se aplica ao projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e
tarefas, com objetivo de melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho.
Segundo Iida (2005), essa nova ciência deve ter como objetivo, aspectos do comportamento
humano e outros fatores como, o homem (características físicas, fisiológicas, psicológicas e
sociais do trabalhador, influência de sexo, idade, treinamento e motivação), máquina (todas as
ajudas materiais que o homem utiliza no seu trabalho, englobando equipamentos, ferramentas,
mobiliários e instalações), ambiente (as características físicas que envolvem o homem durante
o trabalho, como temperatura, ruídos, vibrações, luz, cores, gases e outros), entre outros.
Dependendo do modelo do trator agrícola o operador está mais ou menos exposto
as variáveis climáticas e da máquina. A frota de tratores no Brasil ainda é considerada antiga,
apesar do investimento empregado na aquisição de tratores equipados com itens que garantem
o melhor conforto e proteção do operador, em algumas propriedades ainda se utiliza tratores
antigos para alguns trabalhos. Na agricultura familiar os tratores de duas rodas são conhecidos
como microtratores, tobatas ou tratores de rabiças, neste tipo de máquina agrícola o operador
caminha atrás do conjunto ou faz uso de assento que pode ser acoplado ao microtrator. Muitos
agricultores ainda não têm consciência dos problemas causados pelo ruído e vibração emitidos
e acabam adaptando estas máquinas a sua realidade enfrentada no dia a dia de trabalho e fazem
uso destes modelos antigos mesmo sem estarem adequados.
A ergonomia aplicada a agricultura visa estudar a relação entre o homem e seu
ambiente de trabalho como o objetivo de desenvolver estratégias para manter o ambiente de
acordo com as normas exigidas para o conforto e bem-estar do trabalhador rural. A ausência
de itens como retrovisores, bancos adequados a estatura, estrutura de proteção, entre outros que
reduzem a exposição ao ambiente, além de proteger contra possíveis acidentes, acaba exigindo
mais esforço no manejo da máquina que trabalha vibrando e sacolejando o tempo todo. Segundo
Iida (2005), os tratores exigem mais controles que um carro e ao mesmo tempo que dirige o
trator deve controlar os implementos, gastando cerca de 40 a 60% do seu tempo olhando para
trás.
Quando a operação de tratores agrícolas não se constituir em um sistema homem-
31
máquina eficiente, o operador é exposto a uma elevada carga física e mental. Isto resulta numa
redução da eficiência do mesmo (produtividade e qualidade do trabalho), aumentando a
ocorrência de erros, acidentes e o desenvolvimento de doenças ocupacionais (WITNEY, 1988;
MÁRQUEZ, 1990).
Devido à necessidade de fazer essas constantes rotações com a cabeça, o operador
pode manter o tronco torcido e os músculos lombares em situação contínua de tensão, isso
ocasiona fadiga e dores musculares. Diante disso, Pheasant e Harris (1982), propuseram uma
figura caricatural do tratorista ideal (Figura 5).
Figura 5 - Tratorista Ideal
Fonte: Pheasant e Harris (1982).
Segundo Pheasant e Harris (1982) o operador de trator ideal deveria ter uma coluna
de ferro, três pernas e olhos adicionais na parte posterior da cabeça para retrovisão. Esta figura
retratava a realidade do operador de trator que sofria com o impacto das vibrações e torções
devido ao movimento repetitivo de olhar para trás verificando o funcionamento do
equipamento. Em consequência disso, os tratoristas apresentavam grande incidência de doenças
degenerativas da coluna (Iida, 2005).
Atualmente é comum o desenvolvimento de patologias ligadas ao esforço repetitivo
que causa fadiga e dores musculares, como também patologias relacionadas a exposição do
operador ao calor, radiação solar, poeira e etc.
2.7.1 Normas Regulamentadoras (NRs)
As Normas Regulamentadoras também chamadas de NRs, foram publicadas pelo
Ministério do Trabalho através da Portaria 3.214/79 para estabelecer os requisitos técnicos e
32
legais sobre os aspectos mínimos de Segurança e saúde ocupacional (SSO). Elas orientam a
forma correta que devem ser estabelecidos os procedimentos obrigatórios relacionados à
medicina e segurança do trabalho. A operação de trator agrícola está associada a muitos riscos
que estão relacionados a exposição ao sol e intempéries, exposição a riscos ergonômicos
relacionados à máquina e riscos de segurança.
Segundo a norma regulamentadora 9 (NR-9) que estabelece a obrigatoriedade da
elaboração e implementação de um programa de prevenção de riscos ambientais por parte de
todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados é dever do
empregador preservar a saúde e integridade dos trabalhadores, através da antecipação,
reconhecimento, avaliação e consequentemente controle da ocorrência de riscos ambientais
existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção
do meio ambiente e dos recursos naturais. Esta NR considera riscos ambientais os agentes
físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que em função de sua
natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição são capazes de causar danos à
saúde do trabalhador.
Segundo Rodrigues (2001) a legislação trabalhista brasileira classifica os riscos em
de acidentes, físicos, químicos, biológicos e ergonômicos. Os riscos de acidentes são gerados
pelos agentes que demandam o contato físico direto com a vítima manifestando assim, sua
nocividade. Os riscos físicos representam uma troca brusca de energia entre o organismo e o
ambiente em uma quantidade acima daquela suportável pelo organismo humano podendo levar
ao desenvolvimento de uma doença profissional (RODRIGUES, 2001). Calor ou frio,
temperaturas extremas e principalmente vibrações e ruídos são exemplos de riscos físicos que
interferem o desempenho do trabalhador rural, que trabalham em ambiente aberto e com
máquinas que emitem vibrações e ruídos intensos.
Os riscos químicos são aqueles gerados por agentes que modificam a composição
química do meio ambiente e os riscos biológico são aqueles que apresentam organismos vivos
como geradores de doenças ocupacionais como: vírus, bactérias, fungos e parasitas. Os riscos
ergonômicos são aqueles introduzidos no processo de trabalho por agentes (máquina, métodos,
etc.) inadequados às limitações dos seus usuários, que podem provocar lesões como por
exemplo, posturas inadequadas desenvolvidas na realização do trabalho, levantamento e
transporte manual de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade e os trabalhos
em turnos (RODRIGUES, 2001).
33
2.7.2 Avaliação de riscos
Muitos trabalhos são desenvolvidos na tentativa de manter o ambiente laboral de
acordo com as necessidades do trabalhador. São utilizados aparelhos e normas específicas para
mensurar a exposição do trabalhador a cada variável a fim de estabelecer um padrão adequado
a atividade e que esteja de acordo com as normas trabalhistas.
2.7.2.1 Exposição ao calor
Quando a temperatura aumenta acima do nível de conforto os problemas aparecem:
primeiro de ordem subjetiva e depois problemas físicos que prejudicam a eficiência do
trabalhador. Condições extremamente quentes podem ameaçar seriamente a saúde (KROEMER
e GRANDJEAN, 2005). Alguns destes problemas são observados na faixa entre uma
temperatura confortável e o mais alto limite tolerável (Tabela 4). O organismo procura meios
de equilibrar a temperatura do corpo usando de mecanismos de termorregulação, como a
vasodilatação periférica que é o aumento da circulação de sangue na superfície do corpo, na
tentativa de aumentar a troca de calor para o meio ambiente e sudorese que permite a perda de
calor por meio da evaporação do suor.
Tabela 4 - Efeitos de desvios da temperatura de trabalho confortável
20°C
35-40°C
1. Temperatura Confortável
Eficiência Máxima
2. Desconforto, irritabilidade aumentada, falta de
concentração, queda da capacidade para trabalhos mentais
Perturbações
psíquicas
3. Aumento de falhas de trabalho, queda de produção para
trabalhos de destreza, aumento de acidentes
Perturbações
psicológicas e
fisiológicas
4. Queda de produção para trabalhos pesados, perturbações
do equilíbrio eletrolítico, fortes perturbações do coração e
circulação, forte fadiga e ameaça de esgotamento.
Perturbações
fisiológicas
5. Limite de tolerância Exaustão
Perigo físico
Fonte - Kroemer e Grandjean, 2005
34
Segundo Kroemer e Grandjean (2005) na prática é difícil medir a carga térmica do
trabalhador, onde é preciso avaliar a temperatura e a transpiração. Alguns estudos realizados
mostraram que os limites superiores para o trabalho sob o calor em um dia inteiro de trabalho
são: frequência cardíaca (média diária) 100-110bats/min; Temperatura retal, 38°C e Evaporação
de suor, 0,5L/h (KROEMER E GRANDJEAN, 2005).
A Norma Regulamentadora 15 (NR-15) que trata de atividades e operações
insalubres, em seu anexo III estabelece os limites de tolerância para a exposição ao calor onde
temos que esta exposição deve ser avaliada através do “Índice de Bulbo Úmido Termômetro de
Globo” – IBUTG que é definido por equações específicas para ambientes internos ou externos
com ou sem carga solar. Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são o termômetro
de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum. As medições
devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais
atingida. Utiliza-se também a Norma de Higiene Ocupacional 06 (NHO-06) que estabelece
critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional ao calor que implique
sobrecarga térmica ao trabalhador, com consequente risco potencial de danos à saúde.
2.7.3.2 Exposição ao ruído
Segundo Silveira (2008) o ruído produzido nas operações agrícolas pode prejudicar
a sensibilidade da audição não só do operador, mas também de pessoas que estejam ao alcance
do ruído. Esta variável é uma das mais presentes na operação de trator agrícola, a máquina emite
altos níveis de ruído. A sensibilidade ao ruído vai variar de uma pessoa a outra, umas podem
apresentar problemas de audição em meses de trabalho, enquanto outras podem apresentar
problemas depois de anos de exposição. Segundo Kroemer e Grandjean (2005) a surdez por
ruído é progressiva e muitas vezes é confundida com a perda auditiva que advém naturalmente
com envelhecimento. A surdez por ruído é considerada um dos problemas ocupacionais da
maioria dos países industrializados. Alguns estudos em fisiologia indicam que a exposição ao
ruído pode causa problemas fisiológicos como o aumento da pressão sanguínea, tensão
muscular, aceleração da frequência cardíaca, entre outros.
Segundo a NR-15 em seu anexo I, estabelece que os níveis de ruído contínuo e
intermitente devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível e pressão sonora
operando no circuito de compensação “A” e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras
devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. De acordo com o tempo de exposição o
35
trabalhador não poderá realizar a atividade em nível de ruído maior que o determinado por esta
NR. A Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO-01) assim como a NR 15 em seu anexo I, tem
por objetivo estabelecer critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional
ao ruído, que implique risco de surdez ocupacional.
2.7.3.3 Exposição à Radiação Solar
A exposição excessiva aos raios ultravioleta pode provocar doenças, a intensidade
da radiação e o comprimento de onda da luz solar dependem de fatores como altitude, latitude,
estação do ano, condições atmosféricas e horário. As radiações mais lesivas ocorrem entre as
10-11 horas da manhã e 16-17 horas da tarde (PETRI, 2005). Os raios solares prejudicam a pele
causando uma infinidade de problemas como o envelhecimento precoce, rugas, manchas de
diversos tipos e tamanhos (brancas ou escuras), ressecamento da pele, vermelhidão, insolação,
danificação do cabelo e o câncer de pele que surge como uma mancha e evolui rapidamente
uma ferida e atingindo as células da pele (KINDERSLEY, 2001).
Os efeitos deletérios da radiação ultravioleta também dependem da duração e da
frequência da exposição, da intensidade da radiação solar e da cor da pele do indivíduo. De
acordo com a NR-15 em seu anexo VII, estabelece que as operações ou atividades que
exponham os trabalhadores às radiações não ionizantes (ultravioletas, por exemplo) sem a
proteção adequada, serão consideradas insalubres, em decorrência de laudo de inspeção
realizada no local de trabalho. Para medição é utilizada aparelho saldo-radiômetro que mede os
níveis de radiação que o operador está exposto.
2.7.3.4 Exposição a Vibração
Segundo Kroemer e Grandjean (2005), as vibrações são oscilações da massa em
função de um ponto fixo. Podem ser produzidas por movimentos periódicos regulares ou
irregulares de uma ferramenta, veículo ou outro mecanismo em contato com o corpo humano,
deslocando-o da sua posição de repouso. Para Saliba et al. (2002) o conceito de vibração é “um
movimento oscilatório de um corpo devido a forças desequilibradas de componentes rotativos
e movimentos alternados de uma máquina ou equipamento”. Schlosser e Debiasi (2002)
comentam que a coluna vertebral dos operadores de máquinas é um dos órgãos mais afetados
36
pelas doenças ocupacionais. De acordo com Berasategui (2000), a frequência do movimento
vibratório é responsável pela gravidade dos efeitos causados no trabalhador exposto.
Frequências abaixo de 1Hz causam enjoos, frequências entre 3 e 8 Hz afetam os intestinos e a
coluna vertebral e frequências na faixa de 15 a 24 Hz interferem na visão (SCHLOSSER E
DEBIASI, 2002).
Segundo Vendrame (2006), a vibração consiste em movimento inerente aos corpos
dotados de massa e elasticidade. O corpo humano possui uma vibração natural e se uma
frequência externa coincide com a frequência natural do sistema, ocorre a ressonância, que
implica em amplificação do movimento. A energia vibratória é absorvida pelo corpo, como
consequência da atenuação promovida pelos tecidos e órgãos. O corpo humano possui
diferentes frequências de ressonância, conforme a figura 6 a seguir:
Figura 6 - Diferentes frequências de ressonância do corpo humano.
Fonte: Vendrame (2006)
Segundo Kroemer e Grandjean (2005), as vibrações que afetam o ser humano são
de baixa frequência e grande amplitude e situam-se na faixa de 1 a 80 Hz, mais especificamente
1 a 20 Hz. (Tabela 5). Ainda segundo Kroemer e Grandjean (2005), para frequências acima de
2 Hz o corpo humano não vibra como uma massa única, com uma frequência natural; ao
contrário, ele reage às oscilações induzidas, como um conjunto de massas ligadas. Estudos
mostram que as frequências naturais são diferentes, em diferentes partes. Fernandes (2003)
explica que os níveis de vibração excessivos em tratores agrícolas são bastante desconfortáveis
para o operador, que consequentemente aumenta sua fadiga física e mental. O nível de dano
causado pela vibração depende da intensidade, frequência e do tempo em que o operador de
trator está exposto.
37
Tabela 5 - Relação entre a frequência vibracional e os efeitos de ressonância no corpo humano
Frequência Efeitos no corpo humano
3-4 Hz Forte ressonância nas vértebras cervicais.
3-6 Hz Ressonância no estômago.
4 Hz Pico de ressonância nas vértebras lombares.
4-5 Hz Ressonância nas mãos (difícil de efetuar os movimentos desejados).
4-6 Hz Ressonância no coração.
5 Hz Ressonância muito forte na cintura escapular (até o dobro de aumento de
deslocamento).
5-20 Hz Ressonância na laringe (a voz muda).
5-30 Hz Ressonância na cabeça.
10-18 Hz Ressonância na bexiga (urgência de urinar).
20-70 Hz Ressonância no globo ocultar (difícil de enxergar).
100-200 Hz Ressonância no maxilar.
Fonte: Kroemer e Grandjean (2005)
A Norma de Higiene Ocupacional (NHO 10) refere-se à avaliação da exposição
ocupacional a vibrações em mãos e braços, tendo por objetivo estabelecer critérios e
procedimentos para avaliação da exposição ocupacional a vibrações em mãos e braços que
implique risco à saúde do trabalhador, entre os quais a ocorrência da síndrome da vibração em
mãos e braços (FUNDACENTRO, 2012).
Segundo Kroemer e Grandjean (2005) tratoristas de vários países mostraram sofrer de
acúmulo de problemas nos discos e artrite na coluna, assim como incidência acima da média de
problemas intestinais, na próstata e hemorroidas. A operação de ferramentas motorizadas
envolve altos níveis de vibração nas mãos e punhos, os microtratores são exemplos já que o
operador conduz em pé a máquina por toda a área que está sendo trabalhada. Tosin (2009)
comenta que a utilização de ferramentas motorizadas envolve altos níveis de vibração nas mãos
e punhos, conforme Tabela 6.
Tabela 6 – Vibrações em ferramentas motorizadas portáteis
Tipo de ferramenta Nos dedos
Motosserra 17,5
Perfuratriz de solo 21,0
Serra de ar comprimido -
Cultivador de duas rodas 3,0
Fonte: Tosin, (2009)
38
A Norma Regulamentadora 15 em seu anexo 8, caracterizada vibração como
atividade e operação insalubre que expõe os trabalhadores sem a proteção adequada, às
vibrações localizadas ou de corpo inteiro (NR15). A Norma de Higiene Ocupacional 9 (NHO
09) estabelece critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional a vibrações
de corpo inteiro (VCI) que implique possibilidade de ocorrência de problemas diversos à saúde
do trabalhador, entre os quais aqueles relacionados à coluna vertebral.
A diretiva 2002/44/EC da comunidade europeia estipula níveis de ação e limites de
exposição para vibrações de corpo inteiro e membros superiores, segundo a Tabela 7.
Tabela 7 – Níveis de ação e limites de exposição para vibrações de corpo inteiro e membros
superiores
Nível de ação A (8) Limite de exposição A (8)
Mãos e braços 2,5 m/s² 5,0 m/s²
Corpo inteiro 0,5 m/s² 1,15 m/s²
Fonte: Diretiva 2002/44/EC.
2.8 Termografia
A termografia é uma técnica usada para distinguir as diferentes temperaturas
localizadas em áreas de uma região ou de um corpo através de um termograma. A partir de 1965,
foi introduzido no mercado o primeiro instrumento capaz de formar imagens térmicas
instantâneas, tanto para objetos fixos como em movimento. Na década de 1970, a termografia
se tornou uma técnica largamente utilizada nas indústrias siderúrgicas, companhias de geração
e distribuição de energia elétrica, indústrias petroquímicas, medicina, etc.
(MIRSHAWKA,1991).
A termografia infravermelha tem sido uma ferramenta utilizada com sucesso, para
estimar a temperatura superficial de várias espécies (KOTRBA ET AL., 2007; MONTANHOLI
ET AL., 2008). O sensor de uma câmera termográfica permite que a energia de radiação ser
convertida em um sinal elétrico, sendo posteriormente transformado para a forma digital, cujos
valores representam as temperaturas de pontos particulares da imagem. As cores da escala são
então atribuídas a esses pontos (pixels) e, desta forma, é desenvolvido um mapa de distribuição
de temperatura no objeto em estudo (termograma). Uma vez que a quantidade de energia
libertada pelos organismos é uma função da sua temperatura, os termogramas são
39
representações quantitativas da temperatura das superfícies dos objetos estudados (KULESZA
& KACZOROWSKI, 2004). Utilizando uma câmera termográfica é possível mapear e analisar
sem contato a superfície do corpo e ou de um objeto. O aparelho detecta a radiação
infravermelha (calor) emitida pelo corpo, podendo refletir uma fisiologia normal ou anormal.
Uma cor é atribuída baseada na temperatura registada naquela parte da pele (Figura 7).
A Termografia é um dos métodos mais modernos de diagnóstico por imagem digital
da atualidade. É capaz de detectar inúmeras doenças, muitas vezes não detectadas por outros
métodos e de forma ainda mais precoce. Na operação de máquinas agrícolas pouquíssimos
trabalhos no Brasil são executados usando a técnica da termografia para identificar os pontos
de aquecimento do corpo do operador e da máquina. O aparelho utilizado é a câmera
termográfica onde se programa a emissividade do corpo em questão, que geralmente assume
um valor entre 0 e 1. As medições são feitas a aproximadamente um metro de distância do alvo.
Figura 7 - Termogramas de um microtrator e operador
Fonte: Elaborado pela autora, 2015.
2.9 Variáveis Ergonômicas e de segurança
O operador ao mesmo tempo que conduz o trator precisa estar atento ao controle
dos equipamentos que estão na parte de trás da máquina. Segundo Grandjean (1998), o sistema
homem-máquina é a relação de reciprocidade entre a máquina e o ser humano que a opera.
Características como distância do operador ao volante, o esforço ao manobrar (microtratores),
altura do banco, distância dos pés aos pedais devem ser verificados segundo as normas para
evitar más posturas e possíveis lesões musculares. Silveira (2001) relata que o trator agrícola
40
deve se adaptar às mais diversas condições oferecidas pelas múltiplas funções que exerce. Deve
possuir boa manobrabilidade, proporcionar comodidade e segurança ao operador, visibilidade
em todas as direções, acoplamento simples e rápido de equipamentos, além de fácil
manutenção. Os tratores utilizados no Brasil são fabricados fora do país, portanto não são
adequadas as medidas do operador brasileiro. Siqueira (1976) afirma que os padrões definidos
seguem as normas que estão de acordo com as medidas antropométricas dos operadores
europeus e norte-americanos que, a princípio diferem das medidas dos operadores de outros
países como o Brasil.
Alguns operadores utilizam de adaptações para ajustar o ambiente às suas
necessidades. Esta prática pode ocasionar riscos de acidentes e de má postura no manejo da
máquina. Os microtratores são máquinas robustas que possuem pontos de acoplamento de
implementos que se não estão protegidos (tomada de potência) podem ocasionar acidentes. Este
tipo de atividade causa fadiga e desconforto na estrutura muscular do trabalhador, já que o
mesmo caminha longas faixas de terra em função da atividade a ser desempenhada, como por
exemplo, o preparo de solo. Além disso, muitos não fazem uso de equipamentos de proteção
individual e fatores humanos como falta de atenção, excesso de confiança podem configuram
riscos de acidentes. Outro fator importante a ser considerado na ergonomia é a postura do
operador enquanto realiza sua atividade.
Fiedler (1998) ressalta que a ocorrência de lombalgias nos trabalhadores é causada
por posturas inadequadas durante o levantamento e movimentação de cargas em atividades
realizadas de forma contínua. Esta avaliação postural muitas vezes é feita de forma subjetiva
por meio de questionários, quando a empresa faz um balanço da saúde do trabalhador ou quando
surge um funcionário com lesões. Silva (2001), afirma que a maior dificuldade em analisar e
corrigir as posturas inadequadas está na identificação e no registro destas posturas.
O Método OWAS (Ovako Working Posture Analysing System) foi desenvolvido
na Finlândia por Karhu, Kansi e Kuorinka, entre 1974 e 1978, juntamente com o Instituto
Finlandês de Saúde Ocupacional, objetivando gerar informações para melhorar os métodos de
trabalho pela identificação de posturas corporais prejudiciais durante a realização das atividades
(MÁSCULO; VIDAL, 2011). Iida (1992) descreve que esse método (OWAS) foi desenvolvido
tendo como objetivo criar informações para melhorias dos métodos de trabalho pela
identificação de posturas corporais inadequadas durante a realização da atividade. O método de
análise consiste na observação das posturas, que são classificadas segundo suas posições,
resultando em uma codificação de dígitos.
41
O primeiro, segundo, terceiro e quarto dígitos indicam as posições de costas, braços,
pernas e o fator força, respectivamente. Os dois últimos dígitos são reservados para a
classificação da fase de trabalho (CORLETT; WILSON, 2005). Existem softwares que usam o
método OWAS para avaliação postural, exemplo é o software Ergolândia 5.0, cada fator é
analisado e de acordo com as tabelas (Figura 8) é dado uma medida corretiva.
Assim, com a utilização deste método pode-se realizar uma reorganização e das
atividades e com a analise das posturas pode-se antecipar os riscos e sugeriri melhorias para
minimizar as lesões e problemas posturais.
Figura 8 – Interfaces para análise postural
Fonte: Software Ergolândia 5.0
2.9.1 Carga física de trabalho
Em estudos ergonômicos medem-se os índices fisiológicos com o objetivo de
determinar o limite da atividade física que um indivíduo pode exercer, sendo possível
determinar a duração da jornada de trabalho e a duração e frequência de pausas (Alves et al.,
42
2000). O aparecimento de sintomas de fadiga por sobrecarga física depende do esforço
desenvolvido, da duração do trabalho e das condições individuais, como estado de saúde,
nutrição e condicionamento decorrente da prática da atividade. À medida que aumenta a fadiga,
reduz-se o ritmo de trabalho, atenção e rapidez de raciocínio, tornando o operador menos
produtivo e mais sujeito a erros e acidentes (Silva, 1999).
Para a carga física de trabalho, foi utilizado o método proposto por Apud (1989), a
carga cardiovascular (CCV), é determinada com base na frequência cardíaca de repouso (FCR),
na frequência cardíaca do operador durante o trabalho realizado (FCT), e na idade do operador,
coletado por meio de um medidor de frequência cardíaca composto por um receptor digital,
uma fita elástica e um transmissor de sensores, colocados na altura do peito. A CCV é expressa
em valores percentuais e é definida pela eq. 3:
𝐶𝐶𝑉 = (𝐹𝐶𝑇−𝐹𝐶𝑅)
(𝐹𝐶𝑀−𝐹𝐶𝑅)∗ 100 (Eq.3)
Em que,
CCV - Carga cardiovascular, em %;
FCT – Frequência cardíaca trabalhando, em bpm
FCR – Frequência cardíaca em repouso, bpm
FCM – Frequência cardíaca máxima (220 – idade), bpm
A frequência cardíaca limite (FCL) em bpm, para a carga cardiovascular de 40%
foi obtida pela seguinte equação 4:
𝐹𝐶𝐿 = 0,40 ∗ (𝐹𝐶𝑀 − 𝐹𝐶𝑅) + 𝐹𝐶𝑅 (Eq.4)
Segundo Apud (1997), um trabalho que exige frequência cardíaca média inferior a
75 batimentos por minuto deve ser classificado como “muito leve”, de 75 a 100 como “leve”,
de 101 a 125 como “medianamente pesado”, de 126 a 150 como “pesado” e acima de 151,
“extremamente pesado”, como mostra a Tabela 8.
Segundo Villa Verde e Cruz (2004), o conhecimento da carga de trabalho físico,
quando observado sob o âmbito fisiológico, expressa a intensidade da atividade laboral exigida
ao trabalhador, sendo útil em estudos de ergonomia.
43
TABELA 8 – Classificação da carga física de trabalho através da frequência cardíaca de trabalho.
Carga Física de Trabalho Frequência Cardíaca em bpm
Muito leve <75
Leve 75-100
Moderadamente pesada 100-125
Pesada 125-150
Pesadíssima 150-175
Extremamente pesada >175 Fonte: Couto (1996).
44
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local
O trabalho foi realizado na Fazenda Experimental Lavoura Seca (FELS) da
Universidade Federal do Ceará (UFC) localizada no município de Quixadá, sertão central do
Ceará, a 168 km de Fortaleza, situada a 4º 59’S de latitude Sul, 39º 01’W de longitude de
Greenwich e 190 m de altitude e composta de uma área total de 220 hectares e a área utilizada
no experimento correspondeu a 1,7 hectares. Local distante da área urbana, livre de elementos
que interferissem nas medições das variáveis. O percurso feito pelo operador foi ao acaso e não
existiu sobreposição. O solo da área experimental foi caracterizado como Argissolo Vermelho
Amarelo (EMRAPA, 2006) e apresentava relevo levemente plano e em algumas áreas o solo se
apresentava solto com alguns obstáculos como pedras e tocos de árvores (Figura 9).
Figura 9 - Área da fazenda
Foto: Elaborado pelo autor, 2015
O período de coleta de dados correspondeu ao fim do mês de abril e começo do mês
de maio, o clima da região (Figura 10), conforme Köppen, é do tipo BSw’h’, ou seja, clima
quente e semiárido com temperatura do ar variando de 24 a 28ºC, bem acima da média histórica
da região de Quixadá apresentada na tabela 9, e umidade relativa do ar de 70% e precipitação
pluviométrica entre 500 a 1000 mm (BRASIL, 1973).
45
Figura 10 - Município de Quixadá
Fonte: IPECE, 2015
Tabela 9 - Médias históricas mensais e anuais de temperatura, umidade relativa em Quixadá-
CE
Mês Temperatura do ar (ºC) Umidade Relativa (%)
Máxima Média
MARÇO 32,2 26,7 75
ABRIL 30,5 26,5 74
MAIO 30,2 26,5 74
JUNHO 30,8 26,3 69
Fonte: adaptado EMBRAPA, 2001
3.2 Máquina
Foi utilizado um microtrator modelo TC14 Super (cultivador motorizado), marca
Yanmar Agritech, motor a diesel, 4 tempos, com potência de 10,3 kW (14 cv) a 2400 rpm, peso
de 433 kg, com dimensões: comprimento 2.215 mm, largura 824 mm, altura 1.434 mm,
acoplado a uma enxada rotativa, com 750 mm de largura e 200 mm de profundidade de corte.
O trabalho realizado foi de preparo do solo utilizando três velocidades a uma
rotação de 800rpm.
46
Figura 11 – Microtrator Yanmar Agritech -TC14 Super
Fonte – Elaborado pela autora, 2015.
3.3 Aparelhos e equipamentos
No ambiente, no microtrator e no operador foram instalados aparelhos para as
medições das variáveis ambientais e ergonômicas as quais o operador estava exposto durante a
execução de sua atividade. Foram escolhidos 5 horários ao longo do dia, de 6h às 7h (H1), 8h
às 9h (H2), 11h às 12h (H3), 14h às 13h (H4) e 14h às 17h (H5). No microtrator foi instalado
uma miniestação meteorológica HOBO Pro v2 Data Logger para coleta de temperatura e
umidade relativa.
Figura 12 - HOBO Pro v2 Data Logger instalado no microtrator
Fonte: Elaborada da autora, 2015
47
3.3.1 Avaliação da exposição ao ruído
Para a coleta de dados de ruído utilizou-se o Dosímetro pessoal de ruído, modelo
DOS-500, fabricado pela INSTRUTHERM, tendo como características principais: sistema de
aquisição de dados; painel indicador de cristal líquido de 4 dígitos, microfone condensado de
½ polegada com cabo de aproximadamente 80cm de comprimento, nível de critério
selecionável entre 80, 84, 85 e 90dB, escala de medição de nível de ruído de 70 a 140dB e com
precisão de ±1,5dB, indicação de tempo real com resposta rápida e lenta e memória para leituras
máximas, mínima e de pico; com capacidade para 5 eventos.
O equipamento foi instalado a altura do ouvido do operador (Figura 13) e o
microtrator acoplado a enxada rotativa foi posicionado em área livre de qualquer poluição
sonora que pudessem interferir nas medições. Os dados obtidos foram submetidos a testes de
médias e comparadas aos limites recomendados pela Norma regulamentadora 15 (Tabela 10).
Figura 13 – Dosímetro DOS-500 instalado no operador
Fonte: Elaborado pela Autora, 2015
Durante as amostragens foram coletados os níveis de ruído durante uma hora de
trabalho em 5 horários diferentes ao decorrer do dia, medida a DOSE (D) que é a relação entre
o tempo de exposição ao ruído e o tempo máximo permitido estabelecido por lei, que segue a
seguinte equação:
D=Te
Tp (Eq.5)
48
Em que,
Te - Tempo de Exposição (Tempo de exposição a um determinado nível)
Tp - Tempo permitido por lei
D≤ 1 Admissível
D >1 Passou do limite de tolerância.
Tabela 10 - Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente
NÍVEL DE RUÍDO
dB (A)
MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA
PERMISSÍVEL
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos
Fonte: NR-15 - anexo I
49
3.3.2 Avaliação da exposição ao calor
Para a medição da exposição ao calor foi utilizado o “Índice de Bulbo Úmido
Termômetro de Globo – IBUTG. A coleta deste dado e das demais variáveis do ambiente foi
feita por meio de um medidor de estresse térmico modelo TGD-400, marca INSTRUTERM,
utilizou-se a equação para ambientes externos com carga solar, descrita na Norma
Regulamentadora 15, anexo 3.
IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg (Eq.6)
Em que:
tbn - temperatura de bulbo úmido
tg - temperatura de globo
tbs - temperatura de bulbo seco.
Figura 14 - Medidor de estresse térmico modelo TGD-400
Fonte: Elaborado pela autora, 2015
As medições foram efetuadas no local onde o operador realizou a atividade, que foi
caracterizada de acordo com as taxas de metabolismo descrita pela norma regulamentadora 15,
anexo III na tabela de taxas de metabolismo por atividade (Tabela 11) e os limites de tolerância
para exposição do calor adotados foram os da tabela do tipo de atividade também de acordo
50
com a NR15 anexo III (Tabela 12).
Tabela 11 - Taxas de metabolismo por tipo de atividade
TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h
SENTADO EM REPOUSO 100
TRABALHO LEVE
Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia).
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir).
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços.
125
150
150
TRABALHO MODERADO
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas.
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação.
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação.
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar.
180
175
220
300
TRABALHO PESADO
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá).
Trabalho fatigante
440
550 Fonte: NR 15, anexo III
Tabela 12 - Tipo de atividade
Regime de Trabalho Intermitente com Descanso no
Próprio Local de Trabalho (por hora)
Tipo de atividade
Leve Moderada Pesada
Trabalho contínuo Até 30,0 Até 26,7 Até 25,0
45 minutos trabalho e 15 minutos descanso 30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
30 minutos trabalho e 30 minutos descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
15 minutos trabalho e 45 minutos descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
Não é permitido o trabalho sem a adoção de medidas
adequadas de controle.
Acima de
32,2
Acima de
31,1
Acima de
30,0
Fonte – NR-15 – anexo III
51
3.3.3 Exposição a Vibração
Para a medição da vibração produzida pelo microtrator foi utilizado o medidor de
vibração, modelo MV-100, da marca INSTRUTERM, aparelho composto por um acelerômetro
tri-axial montado em um adaptador no guidom do trator posicionado no ponto de transmissão
da superfície do corpo (Figura 15). Foi avaliado a vibração do sistema mão-braço nos 3 eixos
(x, y e z) e a vibração para 8 horas de exposição.
FIGURA 15– Medidor de vibração- MV-100
Fonte – Elaborado pela autora, 2015
3.3.4 Avaliação da Temperatura Corporal e batimentos cardíacos
Para a avaliação dos batimentos cardíacos do operador utilizou-se um medidor de
frequência cardíaca da marca Polar (Figura 16), posicionado no peito do operador e a coleta de
dados era feita em repouso e durante o desenvolvimento da atividade.
Figura 16 – Medidor de batimentos cardíacos
Fonte – Elaborado pela autora, 2015
52
Para a avalição da temperatura corporal utilizou-se um termovisor (Figura 17) da
marca FLIR modelo i3, programada com a emissividade recomenda para a pele humana, que
corresponde ao valor de 0,98 e as medições foram feitas a aproximadamente 1 metro de
distância do alvo.
Para análise das fotos termográficas utilizou-se o software FLIR QUICK REPORT
1.2 para comparação das variações de calor do operador, assim identificando pontos de maior
radiação que podem interferir na atividade causando estresse térmico ao trabalhador.
Figura 17 – Termovisor FLIR modelo i3
Fonte – Elaborado pela autora, 2015
3.3.5 Medidas ergonômicas relacionadas ao operador em atividade
A postura do operador de trator agrícola durante a atividade é de grande importância,
já que o mesmo está submetido a longas jornadas de trabalho, executando movimentos
rotacionais da cabeça e do tronco enquanto observa equipamento a ser manejado no campo. É
difícil para o operador se manter durante toda a atividade com uma postura adequada, já que
por se tratar de um trabalho que demanda uma grande carga física, o mesmo tende a procurar
posturas mais confortáveis, que por muitas vezes, não são adequadas e podem ocasionar dores
e afetar a coluna vertebral. Para uma postura adequada é preciso observar a conformidade da
máquina com as medidas do operador, para que o mesmo não sofra com tensões musculares
que provocam fadiga e dores musculares.
53
Figura 18 – Postura do operador durante a atividade.
Fonte: Elaborado pela autora,2015
Para avaliação do postural foi filmado o operador em atividade e o registro feito por
meio de fotos que foram analisadas segundo o método OWAS, onde foi atribuída uma
classificação a partir da postura apresentada pelos membros superiores e inferiores, tronco,
inclinação e carga (Tabela 13), para isso utilizou-se o software Ergolândia 5.0, onde é possível
uma identificação rápida das posturas inadequadas durante a realização da atividade, sugerindo
ou não providências que devem ser tomadas, de acordo com as categorias.
Tabela 13 - Codificação da Postura
Posi
ções
típ
icas
do m
étod
o O
WA
S
Codificação da Postura
1º Dígito Costas 1-Ereta
2-Inclinada
3-Ereta e torcida
4-Inclinada e torcida
2º Dígito Braços 1-Braços abaixo dos ombros
2-Um braço no nível ou acima dos ombros
3-Ambos no nível ou acima dos ombros
3º Dígito Pernas 1-Sentado
2-De pé com ambas as pernas esticadas
3-De pé com o peso em uma das pernas esticadas
4-De pé ou agachado com os joelhos dobrados
5-De pé ou agachado com um dos joelhos agachados
6-Ajoelhado em um ou ambos joelhos
7-Andando ou se movendo
4º Dígito Carga 1-Força ou peso igual ou menor que 10Kg
2- 10Kg < Força ou peso < 20Kg
3-Força ou peso > 20Kg Fonte: Adaptado de Freitas (2000)
54
Tabela 14 – Classificação das categorias
CATEGORIA
1 Não são necessárias medidas corretivas
2 São necessárias correções futuras
3 São necessárias correções logo que possível
4 São necessárias correções imediatas
Fonte: Adaptado de Freitas (2000)
3.3.6 Análise de dados
O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, inteiramente casualizado em
esquema fatorial 3x5, sendo 3 velocidades e 5 horários ao longo do dia. As amostragens foram
realizadas durante 3 dias e para cada velocidade. Os valores foram comparados com os limites
permitidos recomendados pelas Normas Regulamentadoras e as Normas de Higiene
Ocupacional para indicar se a atividade está insalubre ou não.
Tabela 15 – Análise de variância para delineamento inteiramente casualizado em esquema
fatorial 3x5.
Fatores GL
Velocidade (V) 2
Hora (H) 4
V x H 8
Repetição 3
Resíduo 42
Total 59
Para as variáveis temperatura, umidade, índice de calor e índice de temperatura e
umidade o delineamento foi analisado de acordo com os dias e horários em que ocorreu o
experimento.
55
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Análise das Variáveis
4.1.1 Índice de calor
A condição de estresse térmico para o trabalhador do município de Quixadá de
acordo com a média histórica de 1980 a 2000 (EMBRAPA, 2001), indicava uma temperatura
média de 27ºC e umidade relativa maior de 65%, que segundo Garcia (1995) caracteriza
condição de desconforto térmico, onde as temperaturas acima de 25°C já causam estresse
térmico por calor. De acordo com os dados de temperatura e umidade coletados durante o
experimento, observa-se um aumento nas temperaturas agravando a condição de estresse
térmico, como demonstra os gráficos a seguir:
Figura 19 – Gráfico de temperatura do 1° dia de coleta
Figura 20 - Gráfico de Umidade Relativa do 1° dia de coleta
56
Figura 21 - Gráfico de Temperatura do 2° dia de coleta
Figura 22 - Gráfico de Umidade Relativa do 2° dia de coleta
Figura 23 – Gráfico de temperatura do 3° dia de coleta
57
Figura 24 - Gráfico de Umidade Relativa do 3° dia de coleta
As temperaturas médias coletas nos dias de experimento (Tabela 16), que
compreendeu final do mês de abril e início do mês de maio, indicam que a condição de estresse
por calor aumentou no município de Quixadá se comparadas com a média histórica da região.
Tabela 16 – Médias de índice de calor (IC) coletadas durante os dias de experimento
Dias Média da Umidade (%) Média da temperatura (°C) IC
D1 58,9 31,41 75,33628
D2 53,15 32,15 70,37481
D3 61,42 30,81 77,96383
De acordo com a Tabela 2 que indica os níveis de alerta e suas consequências para
à saúde humana do IC, observa-se que os índices encontrados para os 3 dias de coletas de dados
foram acima de 54º C, indicando nível de alerta: Perigo Extremo, podendo causar insolação ou
risco de acidente vascular cerebral iminente, devido ao calor extremo. A média de temperatura
dos dias variou de 30,8º C a 31,4º C e a umidade relativa de 53,1% a 61,4%.
Na região onde ocorreu o experimento, observou-se pouca incidência de ventos,
fato que agrava a condição de estresse térmico por calor ao longo do dia, principalmente em
horas de maiores temperaturas. Em regiões de clima quente, a ausência ou pouca incidência de
ventos não é desejável, segundo Yochida et al. (2006), a falta de brisa ao nível de usuário causa
desconforto. Mallick (1996) dia que a zona de conforto está intrinsecamente relacionada com a
velocidade do ar. O fluxo de ar sobre a pele provoca a sensação de resfriamento em ambientes
com temperaturas entre 30ºC ou superiores a esse valor.
58
Figura 25 – Gráfico de velocidade do vento no 1° dia de coleta
Figura 26 – Gráfico de velocidade do vento no 2° dia de coleta
Figura 27 – Gráfico de velocidade do vento no 3° dia de coleta
4.1.2 Índice de temperatura e umidade
De acordo com a Tabela 3, que representa os critérios de classificação do Índice de
temperatura e umidade (ITU), o nível de conforto encontrado variou de 28,42 a 29,82, sendo
59
caracterizando como extremamente desconfortável (ITU>26).
Tabela 17 – Médias de ITU coletadas durante os dias de experimento
Dias Média da Umidade (%) Média da temperatura (°C) ITU
D1 58,9 31,41 28,82
D2 53,15 32,15 29,82
D3 61,42 30,81 28,42
Durante o experimento observou-se outros parâmetros ambientais, já que segundo
Nóbrega et al. (2011), a análise do conforto térmico possui relação direta com demais fatores
climáticos, nos quais podem aumentar os níveis de desconforto, se tornando mais elevados do
que o estimado através dos cálculos do índice de calor. Em relação aos dados estatísticos
avaliando os dias de coletas e os horários de trabalho, observou-se que para todos os dias os
valores de umidade relativa e temperatura do ar diferiram e o período de maior temperatura foi
o H4 que corresponde ao intervalo de 14 às 15 horas.
Tabela 18 - Análise de variância dos valores médios de temperatura e umidade
Fatores Umidade Relativa (%) Temperatura do ar (°C)
DIA (D)
D1 58.90a 31.41b
D2 53.15b 32.15a
D3 61.42a 30.81b
Hora
(H)
H1 84.88a 25.48d
H2 67.44b 29.17c
H3 48.77c 33.61b
H4 42.14cd 35.48a
H5 45.89d 33.54b
Valor de F
D 32.154* 12.328*
H 347.804* 273.240*
D*H 3.688 1.923
DMS D 2,568 0,6547
H 3,889 0,991
CV (%) 5.78 2.71
* (p<0,05); NS (não significativo). Médias seguidas de mesma letra e sem letras nas colunas não diferem entre si
pelo teste de Tukey (p<0,05). DMS- diferença mínima significativa.
60
4.1.3 Carga física de trabalho
A atividade exigiu maior esforço do operador que possuía 1,73m de altura, massa
de 73 quilogramas e idade de 25 anos. Apesar do solo da área se caracterizar como levemente
plano, em alguns momentos o operador precisou usar uma força maior para manobrar o
microtrator e desviar de alguns obstáculos como tocos e raízes de plantas. A partir dos dados de
frequência cardíaca média coletados, classificou-se a carga física de trabalho do operador
segundo a Tabela 8, como medianamente pesado já que os valores variaram entre 96 a 106
batimentos por minuto, temos a classificação do trabalho como medianamente pesado a pesado.
Tabela 19 - Carga física de trabalho em relação aos dias e horários do experimento
Fatores
FCT1
CCV2
FCL3
FCR4
FCM5
Classificação do
Trabalho
Velocidade
de
deslocamento
(V)
V1
96,90
12,41
127,8
83
195
Trabalho
medianamente pesado
V2
100,20
15,35
127,8
83
195
Trabalho
medianamente pesado
V3
106,92
21,35
127,8
83
195
Trabalho pesado
HORA (H)
H1
95,79
11,41
127,8
83
195
Trabalho
medianamente pesado
H2
100,12
15,28
127,8
83
195
Trabalho
medianamente pesado
H3
100,62
15,73
127,8
83
195
Trabalho pesado
H4
109,45
23,61
127,8
83
195
Trabalho pesado
H5
100,70
15,80
127,8
83
195
Trabalho
medianamente pesado
1 - Frequência cardíaca no trabalho; 2 -carga cardiovascular; 3 - frequência cardíaca limite; 4 - frequência cardíaca
em repouso; 5 - frequência cardíaca máxima.
61
4.1.4 Ibutg
Segundo os quadros de metabolismo e do tipo de atividade da NR 15, caracterizou-
se a atividade de preparo de solo utilizando microtrator, como atividade moderada, que acontece
em regime de trabalho contínuo.
Tabela 20 -Valores médios de IBUTG e temperatura do ar
Fatores IBUTG (°C) Temperatura do ar (°C)
DIA (D)
D1 27,2 31,4
D2 26,9 32,1
D3 26,8 30,8
Hora
(H)
H1 24,8 25,4
H2 26,5 29,1
H3 28,3 33,6
H4 28,5 35,4
H5 26,6 33,5
Os valores de IBUTG encontrados na maioria dos tratamentos, apresentaram
valores de acordo com o limite de tolerância para este tipo de atividade descrito na Norma
Regulamentadora 15, anexo III, que recomenda para este tipo de atividade um IBUTG máximo
de 27,5°C. Nas horas 3 e 4 os valores ultrapassaram o limite e por isso estes horários são
considerados insalubres para a realização da atividade, devendo-se tomar medidas adequadas
para o controle da atividade, evitando que o operador se submeta a um risco de desenvolver
doenças de pele, doenças crônicas, entre outras.
4.2.5.Termografia
De acordo com o gráfico de médias das temperaturas analisadas pela termografia
observou-se que as temperaturas foram maiores nos horários H3 e H4. Dados estes que
62
reforçam a evidência de estresse térmico por calor, como está descrito na análise dos dados
encontrados para os índices de conforto térmico. Em todos os dias de coleta a temperatura
excedeu o valor confortável para a atividade. Outros fatores também podem ter contribuído para
o estresse térmico do operador, como a vestimenta, já que ainda não existe uma vestimenta
adequada, aplicada a realidade do homem no campo que realiza suas atividades em áreas abertas,
exposto a altas temperaturas em alguns horários durante do dia e a pouca incidência de ventos
na área onde foi realizada o experimento.
Figura 28 – Gráfico de temperaturas obtidas pela termografia 1° dia de coleta
Figura 29 – Gráfico de temperaturas obtidas pela termografia 2° dia de coleta
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
6 H 7 H 8 H 9 H 11 H 12 H 14 H 15 H 16 H 17 H
Tem
per
atu
ra (
°C)
Horários
63
Figura 30 – Gráfico de temperaturas obtidas pela termografia 3° dia de coleta
A sensação térmica de conforto depende do nível de temperatura associado a
umidade relativa e a velocidade dos ventos. Segundo Terjung (1996), temperaturas que
ultrapassam os 30 graus Celsius caracterizam estresse térmico elevado. Quando as temperaturas
ultrapassam os 30 graus Celsius e umidade relativa se encontra por volta de 50 a 70% a sensação
térmica do organismo humano fica em torno de 32,2 a 35 graus e quando ultrapassa os 35 graus
a sensação térmica varia de 38,8 a 42, 2 graus (Tabela 1).
De acordo com os termogramas (Figura 31) observa-se que a condição de estresse
térmico é evidente, já que alguns estudos consideram que a temperatura que caracteriza o
conforto térmico varia entre 23 a 27 graus Celsius. Em alguns termogramas visualiza-se o
aumento da temperatura desde as primeiras horas do dia. Outro fator que pode ter contribuído
para o aumento destas temperaturas, é a pouca ocorrência de ventos na região, que de acordo
com os dados coletados durante os 3 dias de experimento.
Quando exposto ao calor excessivo, o operador tem a sua saúde afetada e isso
compromete o seu rendimento no trabalho. No entanto, outros fatores devem ser considerados
como as características pessoais, como idade, estado físico, peso, metabolismo, atividade,
aclimatação, vestimenta, uniforme, entre outras.
Segundo Costa et al. (2011) nem sempre as vítimas do estresse térmico são capazes
de perceber os sintomas e, por isso, é necessário que a supervisão do ambiente de trabalho,
assim como de seus colegas, esteja acostumada a identificar os sintomas e procurar ajuda
médica.
64
Figura 31 - Termogramas do operador
Fonte: Elaborada pela autora, 2015
4.1.6 Análise postural do operador
Diante dos resultados obtidos (Figura 32), a postura adotada pelo operador na ativi-
dade de operação de microtrator de forma geral, foi classificada pelo método OWAS na
categoria 1, sendo que não são necessárias medidas corretivas, na categoria costas apresentou
45% em transição para a categoria 2, em que são necessárias correções em um futuro próximo.
De acordo com as análises o posicionamento das costas como o mais crítico, 45%
das observações do trabalho a coluna do operador estava inclinada, 25% ereta, 10% ereta e
torcida e 20% inclinada e torcida. No posicionamento dos braços em 100% das observações
65
estavam abaixo dos ombros e em relação ao posicionamento das pernas 100% das observações
estavam na posição em pé andando ou se movendo.
Figura 32 – Resultado da análise postural do operador durante o experimento através do
software Ergolândia 5.0
Fonte: Coleta de dados -Software Ergolândia 5.0
A postura do operador muda conforme o tempo da atividade, foi observado que
quando mais demorado, mais o operador tende a inclinar o corpo e em situações de curva ou
em algum obstáculo encontrado na área o mesmo tende a inclina e torcer o tronco, situação
também observada, quando o operador olha para trás para verificar a área trabalhada (Figura
33).
66
Figura 33 - Posturas do operador durante atividade
Fonte: Elaborada pela autora, 2015
O microtrator é uma máquina que além de um ruído intenso, produz também
vibrações mecânicas e somando isso ao seu peso e alguns esforços realizados diante de
obstáculos, curvas, tipo de solo a ser trabalhado, isso irá acarretar maior desgaste físico do
operador ao final de sua jornada de trabalho. É importante destacar que trabalhando em áreas
abertas, o operador precisa de intervalos para que este momento de “repouso” durante o trabalho
possa contribuir para a diminuição da fadiga e minimização do desgaste físico.
Portanto, diante da postura apresentada pelo operador recomenda se melhorias
visando manter a coluna do operador mais ereta possível, como alongamentos antes e após a
atividade por meio da implementação da ginástica laboral, para que com isso possa reduzir
lombalgias e dores musculares no operador.
67
4.1.7 Ruído
De acordo com as médias de ruído obtidas pela a análise de variância (Figura 34),
para todos os tratamentos estes níveis ultrapassaram os limites permitidos de 85 decibéis,
recomendado pela norma regulamentadora 15 para trabalhos realizados em 8 horas. Condição
que deve ser levada em consideração, pois o ruído emitido pelo microtrator é intenso e causa
muito desconforto ao operador. Baesso et al. (2008) observaram que os níveis de ruído em
sistemas produtivos com intenso uso de máquinas, próximos ao ouvido do operador, devem ser
avaliados. Em seu estudo os autores concluíram que pessoas expostas a 82, 85, 88 ou 92 dB
(A), durante uma jornada diária de trabalho (8 horas), perdem 2, 5, 10 ou 20% da audição,
respectivamente.
Figura 34 – Médias de ruído durante atividade
Observou-se que mesmo a uma baixa rotação de 800 rpm, o ruído emitido pelo
microtrator já é considerado insalubre, sendo que o menor valor foi encontrado na segunda
velocidade, que correspondeu a 89 decibéis, valor considerado acima do permitido para 8 horas
de trabalho contínuo. O efeito do vento depende da velocidade do vento e da mudança de sua
direção, onde provoca aumentos ou declínios nos níveis de pressão sonora, dependendo da
localização do receptor.
No segundo dia de coleta de dados onde foi utilizado a velocidade 2 a velocidade
do vento registrada foi maior em relação aos outros dias de coleta, isso pode ter interferido na
coleta de dados, e por isso, o valor da pressão sonora ter sido menor do que na menor velocidade
68
(V1). O ruído transformou-se em um agente cada vez mais perceptível e significativo
(LEVARIE, 1997).
Segundo Delgado (1991) os níveis de ruído que estejam no intervalo de 65 a 85
dB(A) causam efeitos psíquico fisiológicos no trabalhador agindo no sistema nervoso, podendo
causar aumento da pressão sanguínea e dos batimentos cardíacos.
Tabela 21 - Análise de variância dos valores médios do nível de ruído (dB (A))
Fatores Ruído (dB (A))
Velocidade de deslocamento
(V)
V1 90.0
V2 89.0
V3 90.46
Hora (H)
H1 95.25a
H2 90.68ab
H3 91.06ab
H4 86.14b
H5 87.75b
Valor de F
V 0.048
H 5.736*
V*H 1.344
DMS V 3,892
H 5,89
CV (%)
5.62
* (p<0,05); NS (não significativo). Médias seguidas de mesma letra e sem letras nas colunas não diferem entre si
pelo teste de Tukey (p<0,05). DMS- diferença mínima significativa.
4.1.8 Vibração
De acordo com a análise de variância (Tabela 23) os dados de aceleração ponderada
(Aeq) observou-se que os valores correspondentes as 3 velocidades ultrapassaram os limites de
exposição da ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists)
recomendados para a exposição para vibrações transmitidas ao sistema mão-braço (Tabela 22),
69
onde considera-se o valor do eixo dominante, o eixo Z apresentou os maiores valores, na
velocidade 1 a aceleração chegou a 8,5 m/s2, permitindo no máximo duas horas de trabalho. A
jornada de trabalho destes operadores é de oito horas diárias, ficando evidente a situação de
risco existente para o trabalho quando avaliado neste critério. Dados apresentados na Tabela 6
por Tozin (2009), os níveis também ultrapassaram o apresentado de 3m/s2, vibração descrita
para cultivador de duas rodas.
De acordo com a ACGIH faz uma ressalva que esses limites não são por si só
suficientes para evitar doenças relacionadas com as vibrações, devido sobretudo à
susceptibilidade de cada um e à falta de dados que conduzam a uma associação dose-resposta
mais credível.
Tabela 22 – Recomendações dos limites de exposição às vibrações do sistema mão-braço
segundo ACGIH
Duração total da exposição diária Valores de aceleração ponderada (m/s2)
4h ≤ t< 8h 4
2h ≤ t< 4h 6
1h ≤ t< 2h 8
Menos de 1 h 12
Fonte: Adaptado ACGHI, 2007
Fica evidente que o operador deve utilizar equipamento de proteção individual
(EPI), no caso luvas anti-vibração, para minimizar o risco durante atividade. Segundo
Vendrame (2009), luvas anti-vibração são amplamente utilizadas como EPI, mas não garantem
proteção adequada, pois não são fabricadas segundo os preceitos da ISO 10.819/1996 (ISO,
1996), que normatiza os testes de transmissibilidade da vibração para luvas. Ainda segundo o
mesmo autor, no Brasil não há tecnologia para realização dos testes exigidos pela referida ISO.
Para a vibração do sistema mão-braço para uma jornada de trabalho de 8 horas o
Decreto-Lei n.º 46/2006, de 24 de fevereiro e Conselho n.º 2002/44/CE, de 25 de junho,
estabelece as prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes à exposição dos
trabalhadores aos riscos devidos a vibrações mecânicas. (Tabela 24).
70
Tabela 23 - Análise de variância dos valores médios de Aeq e A(8)
Fatores
Vibração AEQ (m/s2) A (8) (m/s2)
Eixo
X
Eixo
Y
Eixo
Z
Eixo
X
Eixo
Y
Eixo
Z
Vel. de
desl.
(V)
V1 3,8 6,3a 8,1a 0,5 0,9a 1,2a
V2 1,8 2,9b 3,5b 0,2 0,3b 0,4b
V3 2,0 2.6b 4,4b 0,1 0,25b 0,4b
Hora (H)
H1 3,5 5,1 6,2 0,4 0,6 0,8
H2 2,9 4,0 6,0 0,4 0,5 0,8
H3 2,7 3,6 7,4 0,3 0,4 0,9
H4 1,7 3,6 3,6 0,1 0,4 0,3
H5 1,7 3,4 3,6 0,2 0,4 0,4
Valor de F
V 1,8 24,2* 6,0 3,1 31,6* 8.9*
H 0,5 1,6 1,6 0,6 2,1 1,5
V*H 0,5 1,8 1,6 0,5 1,4 1,6
DMS V 2,7 1,4 3,4 0,4 0,2 0,5
CV (%) 137,3 46,7 82,5 165 58 99,2
* (p<0,05); NS (não significativo). Médias seguidas de mesma letra e sem letras nas colunas não diferem entre si
pelo teste de Tukey (p<0,05). DMS- diferença mínima significativa.
Tabela 24 – Limites de exposição à vibração
Limite de ação Limite de exposição 8 horas
2,5 m/s2 5,0 m/s2
Fonte: Decreto lei n° 46/2006
Nos valores de médias para vibrações com exposição de até 8 horas nenhum dos valores
ultrapassou a recomendada pelo Decreto lei n° 46/2006, condição esta que torna a atividade
salubre para vibração do sistema mão-braço, quando avaliada neste critério.
71
5 CONCLUSÃO
Concluiu-se que a atividade realizada pelo operador de microtrator no município de
Quixadá-Ceara é considerada estressante, pela característica da região que possui clima quente
e pouca incidência de ventos, onde de acordo com os índices de conforto térmico encontrados
na coleta de dados no campo, a maioria ultrapassou os limites adequados para o conforto e
saúde do operador de microtrator. O clima da região é mais desfavorável ao trabalho a céu
aberto em horários próximos ao meio dia e antes das 16 horas. A termografia se mostrou uma
técnica eficaz, no diagnóstico de estresse térmico, onde foi possível diagnóstico rápido da carga
térmica do operador. Em relação ao ruído a atividade é considerada insalubre por ultrapassar
os limites descritos pela norma em todas as amostras, recomenda-se sempre a utilização de
protetores auriculares para a minimização do risco. Já a vibração não se mostrou insalubre por
não ultrapassar o limite descrito para 8 horas de exposição, mesmo assim, recomenda-se a
utilização de luvas anti-vibração, revezamento de operadores para diminuir o risco. O método
OWAS foi eficaz para identificar o risco ergonômico da atividade, sendo as costas a parte do
corpo mais afeta, pela tendência de o operador inclinar durante a atividade, recomenda-se a
implementação de ginástica laboral, alongamentos antes e depois da atividade, para diminuir o
risco de leões musculares e lombalgias.
72
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A operação com microtrator é muito utilizada na agricultura familiar,
principalmente no Nordeste onde ainda existem comunidades que sobrevivem de pequenas
culturas e criações de animais para complementar a renda e por muitas vezes é a única fonte de
sustento da família. A assistência técnica ainda não chegou em todos os municípios do Ceará,
em algumas comunidades o trabalhador rural ainda utiliza máquinas muito antigas com
adaptações que não estão adequadas. Devido ao clima quente durante todo o ano, o calor e a
exposição à radiação solar, afetam a saúde e eficiência do trabalhador rural. Ainda não existe
uma vestimenta que proteja de forma adequada e confortável da radiação solar e das altas
temperaturas. De acordo com a Norma Regulamentadora 21 que trata dos trabalhos realizados
a céu aberto, deve-se ter abrigos para proteger os trabalhadores das intempéries, o que não é
comum em algumas comunidades. É preciso fornecer a estes trabalhadores um abrigo, ainda
que rústico, para a proteção, com alojamentos limpos, ventilados, com condições sanitárias
adequadas e protegidos contra proliferação de insetos e pragas.
Para minimizar a exposição do trabalhador a radiação solar, deve-se ter programas de
conscientização dos problemas causados pela exposição excessiva ao sol e treinamento para a
forma correta de proteção, como a utilização de protetores solares, óculos escuros, chapéus,
roupas leves e de cores claras, redução do tempo de exposição, importância da hidratação
sempre que possível, pois as doenças ocasionadas pelo sol, são progressivas, os problemas de
pele tendem a se agravar durante os anos de exposição.
No manejo do microtrator foi observado que a postura do operador muda de acordo com
o tempo de operação, as costas do operador é a parte mais afetada, o mesmo não mantêm uma
postura ereta durante toda a atividade, pela tendência de curvar-se para observar a área que está
sendo trabalhada. Alguns modelos de microtratores possuem assento, mas muitos ainda não de
acordo com as normas de ergonomia, são mais pontos de apoio do que bancos ergonômicos,
onde não se tem encosto para as costas, nem são feitos de material adequado que proporcione
conforto durante a atividade. Sugere-se a implementação de ginástica laboral para evitar
problemas provocados pelo trabalho contínuo e pela falta de exercícios, esta prática tem muitos
benefícios, sendo composta e exercícios físicos como alongamentos, isso ajuda na flexibilidade
e relaxamento das articulações, além de ser uma prática coletiva que promove a descontração
entre os trabalhadores.
Para minimizar os problemas causados pelo ruído e vibração da máquina além das
73
manutenções adequadas, trocas de componentes defeituosos ou desgastados, calibração de
pneus, entre outras, deve-se optar por projetos de melhoria da máquina, como a utilização de
bancos adequados, troca de componentes para minimizar o ruído e vibração. Os operadores
devem fazer exames periódicos para avaliar sua saúde ocupacional, utilizar equipamentos de
proteção individual adequados como protetores auriculares, luvas anti-vibração e protetores
paras costas.
Mais estudos com a temática da ambiência do operador de máquinas agrícolas devem
ser feitos, a criação de metodologias de avaliação e níveis adequados para cada ambiente,
visando promover ao homem do campo a possibilidade de desenvolver eu trabalho com o
mínimo de risco a sua saúde.
74
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