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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO...

Date post: 18-Jun-2020
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS Modelo Atômico Quântico: Uma análise dos livros didáticos utilizados em escolas de Ensino Médio dos municípios de São Mateus e Conceição da Barra Luiza Queiroz Barbosa Monografia de Conclusão de Curso São Mateus-ES 2018
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS

Modelo Atômico Quântico: Uma análise dos livros didáticos utilizados

em escolas de Ensino Médio dos municípios de São Mateus e Conceição

da Barra

Luiza Queiroz Barbosa

Monografia de Conclusão de Curso

São Mateus-ES

2018

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Luiza Queiroz Barbosa

Modelo Atômico Quântico: Uma análise dos livros didáticos utilizados

em escolas de Ensino Médio dos municípios de São Mateus e Conceição

da Barra

Monografia apresentada ao

Departamento de Ciências

Naturais – DCN-CEUNES,

Universidade Federal do Espírito

Santo, como parte dos requisitos

para obtenção do título de

Licenciado em Química

Orientadora: Prof (a). Dr (a). Carla

da Silva Meireles

São Mateus-ES

2018

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Luiza Queiroz Barbosa

Modelo Atômico Quântico: Uma análise dos livros didáticos utilizados

em escolas de Ensino Médio dos municípios de São Mateus e Conceição

da Barra

Monografia apresentada ao

Departamento de Ciências Naturais

– DCN-CEUNES, Universidade

Federal do Espírito Santo, como

parte dos requisitos para obtenção

do título de Licenciado em Química

São Mateus, 22 de Junho de 2018

BANCA EXAMINADORA

____________________________

Prof (a). Dr (a). Carla da Silva Meireles – Orientador (a)

____________________________

Prof (a). Dr (a). Ana Nery Furlan Mendes

____________________________

Prof (a). Ma. Kelly Grace Rizzi Siqueira

São Mateus-ES

2018

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A Deus, por me dar forças para trilhar o meu caminho e aos meus pais por me fazerem a

pessoa que sou hoje e por sempre me apoiarem, acreditarem no meu potencial e pela

total motivação, força e suporte para continuar.

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Agradecimentos

Primeiramente, devo agradecer à minha família: meus queridos pais, Adalberto e Fatima,

sem eles, eu não conseguiria realizar essa jornada, que acredito estar apenas começando.

Aos meus irmãos Thais e Rodrigo que mesmo longe estão próximos me dando apoio. Ao

meu irmão Rocktalles, minha sobrinha afilhada Liz e minha cunhada Thais que

contribuíram imensamente para a realização do meu trabalho.

Ao meu namorado Bruno, por estar comigo e me fazer acreditar que eu chegaria até aqui.

Agradeço por toda paciência e total compreensão nos momentos que estive ausente.

Gostaria de agradecer imensamente a minha orientadora, Carla da Silva Meireles, por

acreditar em mim e por estar sempre disposta a ajudar. Obrigada pelas orientações e pelas

aprendizagens que tive no decorrer deste trabalho.

Gostaria de agradecer também a Banca examinadora: professora Ana Nery e professora

Kelly Rizzi por terem aceitado contribuir com minha pesquisa.

Agradeço aos professores que tive durante a faculdade. Obrigada pelos ensinamentos e

pela enorme contribuição para minha aprendizagem. Vocês foram de extrema

importância ao longo desta caminhada.

Aos amigos que fiz no decorrer da faculdade, Patrícia, Kercya, Janaina, Gracielle, que

estiveram junto comigo nos momentos mais difíceis e também nos momentos alegres,

reforçando ainda mais a amizade e principalmente a Marla, pela amizade que levarei

comigo para a vida e por não me deixar desistir e me fazer acreditar que eu conseguiria

concluir esta etapa.

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“Não importa quanto a vida possa ser ruim, sempre existe algo que você pode fazer, e

triunfar. Enquanto há vida, há esperança”.

Stephen Hawking.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 12

1.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................................... 15

1.1.1. VISÃO SOBRE O PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO E DO MATERIAL DIDÁTICO E

O LIVRO DIDÁTICO: UM OLHAR CRÍTICO................................................................................... 15

1.1.2. A EVOLUÇÃO DOS MODELOS ATÔMICOS À LUZ DA TEORIA QUÂNTICA ............... 17

1.1.3.AS IMPLICAÇÕES DA MECÂNICA QUÂNTICA NO ENSINO E O MODELO ATÔMICO

QUÂNTICO INSERIDO NO ENSINO MÉDIO ................................................................................... 28

2. OBJETIVOS ......................................................................................................................................... 32

2.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................................................ 32

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................................. 32

3. METODOLOGIA................................................................................................................................. 33

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................................... 35

4.1. A ANÁLISE DOS LIVROS DIDÁTICOS .................................................................................................. 35

4.1.1.LIVRO 1: VIVÁ (V1) ....................................................................................................................... 36

4.1.2. LIVRO 2: SER PROTAGONISTA (S1) ............................................................................................... 37

4.1.3. LIVRO 3: QUÍMICA (Q1) ................................................................................................................ 38

4.1.4. LIVRO 4: QUÍMICA CIDADÃ (QC3) ................................................................................................ 40

4.2. CATEGORIAS .................................................................................................................................... 42

4.2.1. CATEGORIA: ANALOGIAS E FIGURAS RELACIONADAS A QUANTIZAÇÃO DE ENERGIA..................... 43

4.2.2. CATEGORIA: A REPRESENTAÇÃO MODELO ATÔMICO QUÂNTICO ................................................... 47

4.3. PROPOSTA DE ABORDAGEM PARA ENSINO DO MODELO ATÔMICO QUÂNTICO ................................. 50

4.3.1. ROTEIRO PARA PROPOSTA DE ABORDAGEM PARA ENSINO DO MODELO ATÔMICO QUÂNTICO....... 51

5.CONCLUSÃO........................................................................................................................................ 55

6. SUGESTÃO PARA ESTUDOS POSTERIORES.............................................................................. 57

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................ 58

8. APÊNDICE ........................................................................................................................................... 63

APÊNDICE A ............................................................................................................................................ 63

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Símbolos criados por Dalton para os elementos e seus compostos..................18

Figura 2- Aparelho usado por Thomson para investigar as propriedades do elétron......19

Figura 3- Ilustração do modelo proposto por Thomson..................................................20

Figura 4- Ilustração do modelo proposto por Rutherford................................................21

Figura 5- Decomposição da luz branca por um prisma .....................................................44

Figura 6- Obtenção do espectro de emissão do hidrogênio formando linhas descontínuas

...............................................................................................................................................45

Figura 7- Modelo de Bohr para o átomo de hidrogênio ao emitir energia .......................45

Figura 8- Analogia a quantização de energia sendo transferida em "pacotes de energia"

...............................................................................................................................................46

Figura 9- Representação modelo de Bohr e o espectro atômico.......................................47

Figura 10- Representação do orbital 1s para o átomo de hidrogênio................................48

Figura 11- Forma dos orbitais p .......................................................................................49

Figura 12- Representação da densidade e probabilidade do modelo quântico.................49

Figura 13- Formato dos orbitais s, p e d, maior probabilidade de se encontrar o elétron

...............................................................................................................................................50

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Identificação dos Livros do PNLD 2018 das diferentes escolas

analisadas e suas regiões..................................................................................................35

QUADRO 2 – Tema referente a análise dos livros.........................................................36

QUADRO 3 – Verificação da abordagem sobre MQ e suas categorias................................43

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOS

BNCC – Base Nacional Comum Curricular

INEP –Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LD – Livro Didático

MAQ – Modelo Atômico Quântico

MEC – Ministério da Educação

MQ – Mecânica Quântica

PNLD – Programa Nacional do Livro e do Material Didático

SEDU – Secretaria de Educação do Estado do Espirito Santo

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RESUMO

Neste estudo avaliou-se os livros didáticos selecionados pelo Programa Nacional do Livro

e do Material Didático de 2018, que são utilizados na disciplina de química em escolas

do ensino médio dos municípios de Conceição da Barra e algumas escolas de São Mateus,

de acordo com a abordagem do modelo atômico quântico. Considerando que o livro é um

recurso prático e muito utilizada pelo professor, foi abordado uma investigação de como

essa ferramenta auxilia a aprendizagem dos temas envolvendo a mecânica quântica. Para

tanto, foi realizada a busca dos livros referente ao Programa Nacional do Livro e do

Material Didático de 2018 utilizados pelas escolas da região. Aplicou-se, em sequência,

as técnicas de análise de conteúdo de Bardin como método de coleta de dados,

verificando-se no estudo como as teorias quânticas e o modelo atômico quântico são

abordados. A partir da análise de dados foi possível verificar que dentre os quatro livros

analisados, os livros "Química" e "Química Cidadã" utilizados no Instituto Federal do

Espírito Santo e na escola Ceciliano Abel de Almeida, respectivamente, ambas do

município de São Mateus, apresentaram resultados esperados visto que abordavam o

conhecimento da mecânica quântica aplicados principalmente ao modelo atômico

quântico. Os livros “Vivá” e “Ser Protagonista” utilizados nos municípios de Conceição

da Barra e São Mateus, apresentaram no mínimo um dos temas analisados. Com isso,

mostrou-se que é possível a química quântica, ser trabalhada no ensino médio mesmo

com um pouco de limitação, devido à complexidade matemática envolvida. Este fato,

apresenta um desafio para o professor, porém, não é impossível aplica-lo. Foi feita uma

sugestão de abordagem, realizadas numa sequência de aulas, em que utilizam-se várias

ferramentas como reportagens em revistas, jornais, filmes, etc., abrindo debates

relacionados ao tema, com o professor direcionando o conteúdo através da fala dos

alunos. A proposta de aula permite, no seu transcorrer, a oportunidade de fazer-se a

ligação entre os temas abordados e a vida real. Portanto, torna-se evidente por meio de

todo o estudo realizado através da análise do livro didático, que o ensino do modelo

atômico quântico é possível de ser aplicado e é uma forma de o aluno estar inteirado com

o mundo a sua volta.

Palavras-chave: Modelo Atômico Quântico. Mecânica Quântica. Livro Didático.

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ABSTRACT This article assessed the didactic books selected by the Program National Book and Teaching Material of 2018, which are used at the discipline of chemistry in high schools at the district of Conceição da Barra and São Mateus, according to broached the quantum atomic model. Considering that, the book is a practical resource and much used by the teacher, an investigation was made as to how this tool helps the learning of the themes involving quantum mechanics. For that, was necessary to make a research of the books related to the the didactic books selected by the Program National Book and Teaching Material of 2018 used by the schools of the region. Then, the techniques of content analysis of Bardin were applied as a method of data collection, and it was verified how quantum theories and quantum atomic model are they broached. As from the data analysis, it was possible to verify that among the four books analyzed, the books "Chemistry" and "Citizen Chemistry", used in the Federal Institute of Espírito Santo and at Ceciliano Abel de Almeida School, respectively, both from São Mateus, district, presented expected results as they broached the knowledge of the quantum mechanics applied mainly to the quantum atomic model. The books “Vivá” and “to be protagonist”, used in the district of Conceição da Barra and São Mateus presented at least one of the themes analyzed. With this, it was shown that it is possible to quantum chemistry, to be worked in high school even with a little limitation, due to the mathematical complexity involved. This fact presents a challenge for the teacher; however, it is not impossible to apply it. A suggestion of an approach was proposed proposing the use of pedagogical workshops, performed in a sequence of classes, in which several tools are used as articles in magazines, newspapers, films, etc., opening debates related to the theme, with the teacher directing the content through the students' speech. The class proposal workshop allows, in the course of time, the opportunity to make the connection between the topics addressed and the real life. Therefore, it is evident from all the accomplished study by the didactic book analysis that the teaching of the quantum atomic model is possible to be applied and is a way for the students to be acquainted with the world around them.

Keywords: Quantum Atomic Model. Quantum Mechanics. Didactic Books.

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1. INTRODUÇÃO

O ensino de química quântica é importante para que os alunos se tornem cidadãos aptos

a entender as transformações da natureza. O ponto chave do entendimento das transformações

que o cercam é o conhecimento do átomo, bem como as partículas que o constituem. Tendo

como base os princípios da mecânica quântica (MQ), uma ciência que melhor explica à

estrutura dos átomos e, consequentemente, todas as formas de matéria existentes, destaca-se

então a importância de sua abordagem em sala de aula. Diante disso, fica evidente a necessidade

de investigar como os temas relacionados a MQ são abordados no livro didático (LD) e se estes

apresentam o modelo atômico quântico (MAQ).

Conceitos químicos como estrutura da tabela periódica, ligações químicas e formação

de moléculas apresentam como base os conceitos que envolvem o MAQ. Este modelo consegue

descrever o comportamento da estrutura dos átomos com um ou mais elétrons, ou seja,

demonstra a evolução para a explicação do átomo por não mais considerar a física clássica e

sim a revolucionária MQ. Entretanto, como discussões entre teorias da física clássica e quântica

existem até hoje, elas devem ser levadas a sala de aula para que os alunos entendam a construção

da ciência (COSTA, 2016).

Ao tratar os modelos atômicos sem levar em consideração o modelo mais atual devido

sua complexidade matemática, faz com que os alunos não sejam estimulados quanto a busca do

conhecimento. Conforme destaca Lourenço e Paiva (2010, p. 139), “[...] a motivação no

contexto escolar tem sido avaliada como um determinante crítico do nível e da qualidade da

aprendizagem e do desempenho. Um aluno motivado revela-se [...] envolvido no processo de

aprendizagem [...]”. A falta de motivação e estímulos, por meras abordagens superficiais dos

modelos atômicos não desperta a curiosidade do discente levando-o a desmotivação.

A investigação de como os conteúdos estão abordados nos LD é uma prática recorrente,

pois o ensino da educação básica é comumente realizado em "[...] um trabalho pedagógico de

desenvolvimento curricular fundamentalmente apoiado no uso de livros-texto nas diferentes

disciplinas [...]" (CHAVES, 2011, p. 9). É possível pensar que se um conteúdo não está no livro,

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não há a necessidade de ser abordado. Porém, o professor deve ter a percepção e o olhar crítico

de quais conteúdos são plausíveis de serem abordados de acordo com o currículo. É importante

destacar a aplicação deste tema, sendo um ponto fundamental o desenvolvimento desta ciência

envolvendo os conceitos do MAQ principalmente para o avanço das teorias químicas.

Diante disso, se justifica a análise de conteúdo dos LD para investigar como o MAQ

está representado, bem como as características quânticas que foram utilizadas para a evolução

dos modelos atômicos até o modelo atual. De acordo com Bardin (2011, p. 31) a análise de

conteúdo apresenta um “leque de apetrechos; ou, com maior rigor, um único instrumento, mas

marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito

vasto: as comunicações”. As comunicações que a autora considera são vários meios os quais

possuem um emissor, no caso da pesquisa o LD, e um receptor, os alunos que estão diariamente

em contato com os LD.

É necessário analisar os livros pois é uma das ferramentas mais utilizadas em sala de

aula. A preocupação de como os conceitos serão abordados no ensino médio é de grande valia

para um melhor ensino/aprendizagem. Definitivamente, vale considerar a preocupação de como

os conceitos serão abordados através da análise dos resultados, sendo possível, de acordo com

Bardin (2011, p. 22) “[...] regressar às causas, ou até descer aos efeitos das características das

comunicações”.

Pode-se dizer que a abordagem do MAQ no ensino de química quando se compara os

diferentes livros didáticos do PNLD utilizados em sala, alguns apresentam de forma clara e bem

acessível aos alunos e em outros nem são abordados. Por essa razão, tem particular relevância

a análise realizada, podendo verificar como estão descritas essas abordagens.

Embora exista uma complexidade matemática envolvida no ensino do MAQ é

importante considerar o contexto histórico, as suas contribuições para o avanço da ciência e a

interdisciplinaridade com outras disciplinas como física, matemática, química e até filosofia.

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é importante utilizar da

interdisciplinaridade para a prática escolar. O ensino do MAQ destaca-se por isso, estando no

âmbito do que é discutido no documento para as ciências naturais e, consequentemente, sendo

um bom aliado ao docente e viável de ser aplicado em sala de aula (BRASIL, 2018).

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A teoria descrita nos atuais livros do ensino médio necessita de uma complementação

motivacional e mais prática, como um conteúdo mais atual que desperte o interesse e o ser

crítico no aluno, fazendo com que este acompanhe os avanços no mundo. Portanto, pretende-

se avaliar os LD do PNLD 2018 selecionados pelas escolas do município de Conceição da Barra

e algumas escolas do município de São Mateus investigando a abordagem das principais teorias

envolvendo a MQ e o MAQ. Ao final deste estudo, será apresentado um roteiro de aula com

proposta de abordagem sobre o assunto.

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1.1. Revisão Bibliográfica

1.1.1. Visão sobre o Programa Nacional do Livro e do Material Didático e o

livro didático: um olhar crítico

O PNLD é um programa do governo federal brasileiro. As escolas, uma vez cadastradas

no Censo Escolar do INEP, recebem os LD para melhor utilizarem os recursos pedagógicos

buscando um ensino de qualidade. Neste contexto, o MEC (2018) deixa claro que o programa

contém um guia dos LD que foram avaliados por profissionais da educação e foram escolhidos

para o programa vigente. Através de um edital online é disponibilizado pequenos resumos dos

livros para visualização do docente. Os professores recebem os exemplares completos e a partir

daí fazem a escolha do livro para ser adotado na escola.

De acordo com Almeida e Freitas (2011), pode-se dizer que a utilização de recursos

pedagógicos é imprescindível na busca do conhecimento, no desenvolvimento do ser social e,

consequentemente, no processo para um ensino de qualidade quando afirma que a utilização de

materiais didáticos é importante para desenvolver no aluno competências e habilidades que os

asseguram às transformações da realidade. Alega que o papel do professor é de suma

importância pois em conjunto com os recursos didáticos dão condições para o processo de

aprendizado do discente.

Conforme citado anteriormente é interessante, a utilização do LD como um recurso

usado pelo professor para complementar a sua metodologia de ensino podendo ser utilizada

para diversificar as aulas e que o aluno veja o livro como um material de apoio que pode estar

sempre em contato através de sua leitura. Um fato que se sobrepõe a escolha desse material são

às adequações das práticas escolares. No entanto o PNLD dispõe de uma lista com as

características dos livros aprovados que orientam a escola na escolha.

Conforme verificado por Nogueira, Silva e Colombo (2018), os LD ocupam um papel

de destaque na sala de aula devido as sistematizações e olhares voltados a ele pelo PNLD. Os

livros por passarem por um processo de seleção, contemplam as orientações que são

disponibilizadas pelo edital do PNLD e não pelo olhar crítico do professor que acaba se

passando por interlocutor secundário. O autor deixa claro que o LD deve alcançar muito mais

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os docentes e os alunos. Assim, reveste-se de particular importância que o professor não perca

sua autonomia por decidir quais conteúdos abordar e quais sequências didáticas seguir.

É importante ressaltar que ambos os autores Almeida e Freitas (2011) e Nogueira, Silva

e Colombo (2018) falam a respeito dos suportes usados em sala de aula, mas, em cima disso,

destacam sempre o papel do professor. Porém, como menciona Nogueira, Silva e Colombo

(2018, p. 314) "[...] à medida que os programas e livros didáticos passam a elaborar e detalhar

a sequência e o formato das atividades de ensino, os professores vão, pouco a pouco, sendo

destituídos do trabalho de concepção e organização do ensino [...]". Deve-se ter uma análise

crítica dos recursos utilizados. As diretrizes do PNLD vem a compactuar para a melhoria dos

conteúdos dos livros porém o professor tem que ter um olhar crítico quanto a isso.

De acordo com Pavão e Freitas (2008, p. 21):

[...] os livros apresentam problemas e o professor deve estar sempre atento para

trabalhar eventuais incorreções. Também é preciso perceber que o livro é uma

mercadoria do mundo editorial, sujeito às influências sociais, econômicas, técnicas, políticas e culturais como qualquer outra mercadoria que percorre os caminhos da

produção, distribuição e consumo.

Quanto a percepção que o professor deve ter a respeito da utilização do LD, o autor

citado anteriormente deixa claro que os livros são passíveis de erros mas, cabe ao professor um

olhar crítico para melhor aproveitar essa ferramenta. Não se trata de não fazer o seu uso, até

porque seu uso reveste-se de particular importância, julga-se pertinente trazer à tona que em

conjunto com as metodologias de ensino do docente pode-se elevar o nível do ensino.

Por fim, podemos chegar à conclusão de que o PNLD e os LD nele selecionados são

importantes para a progressão do ensino. Logo, é indiscutível uma abordagem sobre as questões

relacionadas ao tema. Nesse sentido, é interessante se atentar para as exigências determinadas

pelos editais que justificam a escolha dos livros pelo PNLD, como isso contribui para os

conteúdos descritos nos livros e como reflete nos professores e alunos das escolas públicas.

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1.1.2. A evolução dos modelos atômicos à luz da teoria quântica

No final do século XIX ocorreu uma grande reviravolta no que se acreditava ser o

comportamento das partículas que constituem o átomo. Essa revolução teve como ponto de

partida a teoria de quantização proposta por Max Planck. Neste período o átomo de Dalton já

havia sido contestado devido a descoberta do elétron. Vários problemas estavam sendo

discutidos e até então, não tinham solução segundo as teorias conhecidas. Dentre estes

problemas, cita-se a radiação do corpo negro, efeito fotoelétrico, espectro atômico e estrutura

atômica. Neste momento surge uma nova ciência aplicada ao átomo que, de certo modo, se

consolidou através de vários confrontos ao entendimento da física da época para vários

pesquisadores. Assim, é de particular importância, o conhecimento da história da evolução dos

modelos atômicos até se chegar no MAQ, o modelo atual.

Esta evolução resultou em avanços de pesquisas em diversas áreas ligadas direta e

indiretamente a esse tema devido principalmente no que diz respeito a tecnologias que utilizam

como base os princípios quânticos. Desta forma, faz-se necessária uma breve descrição da

evolução dos modelos atômicos iniciando por Dalton com a esfera indivisível, J.J. Thomson

com a descoberta do elétron, Rutherford com o modelo planetário, Bohr sendo o primeiro a

utilizar os conceitos quânticos e Schrodinger com o MAQ.

No ano de 1803 o professor e químico inglês John Dalton propôs sua teoria atômica. Foi

o primeiro cientista a defender que a matéria era constituída por átomos e desenvolver os

primeiros símbolos das representações dos átomos e consequentemente das moléculas (Figura

1). Definiu as características de massa sendo também o primeiro a contribuir para que o conceito

abstrato do átomo fosse deixado de lado. Dalton propôs o átomo com a forma de uma esfera

maciça como uma bola de bilhar (SANTOS, 2016).

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Figura 1 - Símbolos criados por Dalton para os elementos e seus compostos

Fonte: (FILGUEIRAS, 2004, p. 42)

Camara (2015), afirma que embora já se soubesse da existência do átomo desde a

antiguidade, Dalton foi o primeiro a modifica-lo e utilizar o atomismo para explicar as questões

de conservação das massas e das proporções nas reações.

Dalton propôs a hipótese atômica (ATKINS e JONES, 2006, p. 38), constituída pelos

seguintes postulados:

1. Todos os átomos de um dado elemento são idênticos

2. Os átomos de diferentes elementos têm massas diferentes.

3. Um composto tem uma combinação específica de átomos de mais de um

elemento.

4. Em uma reação química, os átomos não são criados nem destruídos, porém

trocam de parceiros para produzir novas substâncias.

Essas discussões acercado conhecimento da estrutura atômica são apontadas por Perez,

Castro e Nascimento (2018) em que relatam que muitos químicos da época atribuíam o modelo

de Dalton como artifício para a explicação das proporções das massas e não para conhecimento

e determinação da estrutura do átomo. Fato este que veio a ser complementado por outros

cientistas com descobertas que permitiram um conhecimento maior da estrutura interna da

matéria. Os autores apontam que em 1897 para se somar às discussões sobre o átomo, o físico

britânico J.J. Thomson através de experimentos com raios catódicos descobriu o elétron. Os

autores também ressaltam que nem bem o conceito do átomo deixou de ser abstrato, pois

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19

segundo Dalton os átomos eram considerados esferas perfeitas, como as bolas de bilhar, a

primeira partícula subatômicas, ainda menor, havia sido descoberta. Determinando assim parte

da estrutura interna do átomo e avançando ainda mais a ciência.

Através de experimentos que eram realizados em um tubo de vidro no vácuo, Thomson

investigava os raios catódicos que eram provenientes de alta diferença de potencial entre dois

eletrodos metálicos. O cientista conseguiu comprovar experimentalmente que os feixes de raios

catódicos eram partículas carregadas negativamente, pois eram desviados por um campo

elétrico colocado entre duas placas e um campo magnético (Figura 2). Thomson observou que

os raios catódicos, feixe de elétrons, eram emitidas independente do átomo de metal usado,

determinando assim que os elétrons eram constituintes do átomo (ATKINS; JONES, 2006).

Figura 2- Aparelho usado por Thomson para investigar as propriedades do elétron

Fonte: (ATKINS; JONES, p. 39)

De acordo com Mahan e Myers (1995, p. 267):

Thomson demonstrou que quando raios catódicos são desviados de modo a se

chocarem com o eletrodo de um eletrômetro, o instrumento acusa uma carga negativa.

Além disso, ele foi o primeiro a demonstrar que tais raios são desviados pela ação de

um campo elétrico: constatou-se que são repelidos pelo eletrodo negativamente

carregado.

Com a descoberta de J. J. Thomson, o qual determinou a existência de uma partícula

menor que o átomo, com carga elétrica negativa e sendo atraídos por partículas positivas,

tornando-o, assim, eletricamente neutro. Thomson propôs o modelo atômico conhecido como

“pudim de passas” sendo os elétrons as passas e o pudim a massa de carga positiva.

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Andrade (2015) discute que no modelo atômico proposto por J. J. Thomson, o termo

mais usual para como os elétrons se encontram é dito que a carga elétrica está incrustada em

uma esfera carregada positivamente constituindo assim o átomo (Figura 3).

Figura 3- Ilustração do modelo proposto por Thomson

Fonte: (NISENBAUM, acesso em 20 jun., 2018, p. 13)

O átomo no modelo proposto por Thomson, de acordo com Mahan e Myers (1995, p.

269) é “[...] uma esfera uniforme, carregada positivamente, com um raio de cerca de 10-8cm, na

qual os elétrons estariam inseridos de modo a se obter o arranjo eletrostaticamente mais

estável”.

O modelo de Thomson foi superado, em 1908 pelo físico Ernest Rutherford, como

consequência do experimento realizado pelo físico sobre espalhamento de partículas alfa por

folhas de metal. O experimento está relacionado com o trabalho sobre radioatividade

desenvolvido por Rutherford e, foi dado como importante para o aprimoramento da estrutura

do átomo. O experimento consistiu em incidir partículas (feixes de partícula com carga

positiva), proveniente de elementos radioativos, em uma fina camada de ouro, sendo observado

que algumas partículas sofriam desvios superiores a 90º, e a grande maioria sofria pequena

deflexão ou passava facilmente pela folha do metal (ATKINS; JONES, 2006). Mediante o

comportamento das partículas de carga positiva incididas e observadas experimentalmente,

Rutherford propôs “[...] um modelo de átomo no qual existe uma densa carga positiva central

circundada por um grande volume de espaço quase vazio. Rutherford chamou essa região de

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carga positiva de núcleo atômico” (ATKINS; JONES, 2006, p.40, grifo do autor) e, estando os

elétrons em constante movimento em volta do núcleo.

Braga e Filgueiras (2013) destacam que em 1911 Rutherford propôs o modelo chamado

planetário, pois faz analogia ao sistema solar em que o átomo possui um núcleo positivo,

evidenciado pelos desvios das partículas , com os elétrons girando em torno do núcleo na

chamada eletrosfera. Com o núcleo atômico positivo a “[...] maioria das partículas alfa passava

pelo metal sem sofrer qualquer deflexão. Uma primeira conclusão foi que o átomo tem um

grande volume vazio [...]” (BRAGA; FILGUEIRAS, 2013, p. 1076). No entanto, o modelo

apresentava algumas falhas por atribuir ao comportamento dos elétrons leis baseadas na física

clássica. Esta conseguia explicar muito bem o movimento a nível macroscópico, como por

exemplo o movimento dos planetas, porém a nível microscópico não conseguia explicar o

movimento dos elétrons. No modelo proposto, os elétrons em constante movimento em volta

do núcleo (Figura 4), seguindo a física da época pela lei do eletromagnetismo, ocasionaria na

emissão de radiação, perda de energia das partículas e consequentemente fariam um movimento

em espiral e colidiriam com o núcleo. Com isso, o átomo planetário tornou-se instável.

Figura 4- Ilustração do modelo proposto por Rutherford

Fonte: (NISENBAUM, acesso em 20 jun., 2018, p. 17)

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Segundo Pereira e Silva (2018), no início do século XX o aparecimento da mecânica

quântica possibilitou a compreensão de uma realidade moderna para o entendimento do átomo

com um novo olhar.

Um destaque na evolução da mecânica quântica foi o físico Max Planck. No ano de

1900, usando uma teoria diferente da física clássica que considerava a equipartição de energia,

Planck propôs a hipótese quântica que atribuiu a formas de energia sendo decompostas em

unidades discretas, que ele denominou de quanta, ou quantum de energia (MOURA,

FRANCISCO, et al., 2011). A hipótese por ele proposta conseguiu explicar a radiação emitida

pelo corpo negro, que era um dos problemas que a física da época não conseguia explicar. O

corpo negro, objeto que quando aquecido se comporta como absorvedor ideal, é capaz de

absorver toda a radiação incidida sobre ele. Esta radiação emite luz vermelha, passando do

laranja ao amarelo, até a cor branca, ou seja, ele não tem preferência em absorver ou emitir em

comprimentos de onda únicos (ATKINS; JONES, 2006).

Em sua hipótese quântica ele explicou a emissão de radiação considerando que um

oscilador, que são átomos aquecidos do corpo negro, absorve radiação apenas em pequenos

pacotes de energia, que ele denominou de “quantum” para a radiação emitida pelo corpo negro.

Com isso, a teoria quântica possibilitou um avanço ainda maior na ciência, pois conseguia

explicar não apenas a radiação do corpo negro mas também diversos outros fenômenos que até

então a mecânica clássica não conseguia explicar. Além disso, passou-se a ter melhor

entendimento da estrutura e explicações de como as partículas menores que e átomo se

comportavam (BRAGA; FILGUEIRAS, 2013).

A proposta da hipótese quântica de Planck atribui a energia liberada na radiação do

corpo negro pelo oscilador como sendo comumente chamada de E, à qual é emitida apenas em

múltiplos de h, ou seja, possui quantidade discreta, ou quanta de energia. A relação de Planck

descrita a seguir foi a que alavancou a mecânica quântica. Ajustou experimentalmente a

constante de proporcionalidade, h, denominada constante de Planck que possui valor de

6,63 𝑥10−34 J.s.E, a equação é dada por: E = nh, onde n é um número inteiro positivo e

diferente de zero (CAMARA, 2015).

Sá (2015) acrescenta grande contribuição também do físico Albert Einstein para o

desenvolvimento da mecânica quântica, inicialmente através de seu artigo sobre o Efeito

Fotoelétrico o qual foi laureado com o Premio Nobel. No efeito fotoelétrico, determinada

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incidência de radiação na forma de luz sobre o metal pode arrancar um elétron da superfície do

metal (MAHAN; MYERS, 1995, grifo nosso).

Porém, a física clássica não conseguia explicar dados experimentais obtidos seguindo a

teoria ondulatória (MAHAN; MYERS, 1995, p. 272), como por exemplo:

• Os elétrons não serem emitidos a menos que a frequência da radiação da luz

fosse maior que um determinado valor característico do metal;

• A velocidade dos elétrons emitidos aumenta com o aumento da frequência da

onda eletromagnética;

• O aumento da intensidade da luz incidente não altera a energia dos elétrons

ejetados e sim o número de elétrons

Assim, em 1905, Einstein propôs “que a energia das partículas vibrantes dos sólidos era

quantizada. Isso significa que elas não podem possuir valores quaisquer de energia, mas sim

aqueles múltiplos de uma energia mínima” (MOURA, FRANCISCO, et al., 2011, p. 246).

Rosa (2004) aponta que Einstein conseguiu explicar o efeito fotoelétrico, bem como a

interação da radiação incidida sobre matéria e a frequência. Determinou também que a própria

luz é constituída pelos quanta de energia, conhecido hoje como fótons. Assim como Planck,

Einstein reforçou ainda mais a ideia de quantização de energia dando mais indícios para a nova

teoria.

Os trabalhos de Einstein sobre efeito fotoelétrico possibilitaram observações dos fótons

se comportando como partícula. Através de outras observações, como por exemplo a difração,

a radiação eletromagnética se comporta como onda. Com isso, alavancou-se as discussões sobre

a natureza da luz as quais ora se comportava como onda ora como partícula e acabara por

influenciar os trabalhos do físico francês Louis de Broglie, que determinou que assim como a

luz o elétron também possui característica de dualidade.

Em 1925, De Broglie propôs a dualidade associada ao elétron, estendendo a dualidade

à matéria ao considerar o caráter dual para as partículas (LOPES, 2013). De acordo com Atkins

e Jones (2006, p. 120), “[...]De Broglie sugeriu que todas as partículas deveriam ser entendidas

como tendo propriedades de ondas. Ele propôs, também, que o comprimento de onda associado

à ‘onda da partícula’ é inversamente proporcional à massa da partícula, m, e à velocidade, v”.

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Formulou a expressão = h/mv, que conferia, por considerar o comprimento de onda e a massa

da partícula, o caráter dual para os elétrons e consequentemente a matéria

Essas ideias foram utilizadas por Bohr, que em 1913 propôs seu modelo baseado nas

descrições de Planck, Einstein e Rutherford. As teorias quânticas eram bem descritas no modelo

de Bohr para átomos que possuem apenas um elétron o qual foi apresentado em um dos seus

artigos publicados sobre o átomo de hidrogênio, intitulado “Ligação de Elétrons por Núcleos

Positivos” (BRAGA e FILGUEIRAS, 2013, p. 1076). Porém, não conseguia ser bem descrito

para aqueles átomos que possuem mais de um elétron (ROSA 2004).

De acordo com Mahan e Myers (1995, p. 274, grifo do autor), Bohr em seu modelo

atômico postulou que:

1. No átomo, somente é permitido ao elétron estar em certos estados estacionários,

sendo que cada um deles possui uma energia fixa e definida.

2. Quando um átomo estiver em um destes estados, ele não pode emitir luz. No

entanto, quando o átomo passar de um estado de alta energia para um estado de

menor energia há emissão de um quantum de radiação, cuja energia h é igual à

diferença de energia entre os dois estados.

3. Se o átomo estiver em qualquer um dos estados estacionários, o elétron se

movimenta descrevendo uma órbita circular em volta do núcleo.

4. Os estados eletrônicos permitidos são aqueles nos quais o momento angular do

elétron é quantizado em múltiplos de h/2π

O modelo atômico proposto por Bohr esclareceu a instabilidade do modelo planetário

de Rutherford. Nos postulados, explicou os elétrons descritos em estados estacionários, ou seja,

possuem órbitas bem definidas e nessas órbitas os elétrons estariam em movimento sem a

emissão de energia.

No segundo postulado, Bohr contribuiu para a explicação para uma das questões da

época, o espectro de emissão dos átomos. Em seu trabalho com átomos hidrogenóides

conseguiu atribuir características para as linhas espectrais. Ao incidir uma energia sobre o

átomo, ele passa do seu estado fundamental para o estado excitado e ao retornar ele emite um

quantum de radiação, sendo este quantum ao passar por um prisma se decompõe em certos

números de componentes ou linhas espectrais. Bohr justificou as linhas espectrais utilizando

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a quantização de energia, perdendo energia apenas em quantidades discretas, na transição do

elétron pelas camadas energéticas. Essa diferença de energia é emitida em frequências

específicas as quais constituem as linhas do espectro e está relação é chamada de condição de

frequência de Bohr (ATKINS; JONES, 2006, grifo nosso).

É importante destacar o trabalho desenvolvido por Bohr introduzindo a MQ na descrição

das partículas que constituem o átomo, como sendo um ponto de partida sendo que algumas

ideias atribuídas por Bohr em seu postulado permanecem até hoje. Ao longo de novas

contribuições, as teorias quânticas foram se fundamentando para o desenvolvimento do modelo

atômico atual.

Contribuindo para os avanços, ao se conferir a dualidade onda/partícula, proposta por

De Broglie, no processo de entendimento do átomo com o olhar da nova ciência é importante

ressaltar os processos de transição entre a física clássica e a mecânica quântica. Em um desses

processos pode-se considerar a transição do modelo proposto por Bohr para o MAQ. Antes, se

considerava a posição do elétron estando em órbitas circulares e, sendo ressaltado por Camara

(2015, p.43) ao considerar a complementariedade, “[...] não há, aqui, maneira de visualizar

diretamente uma trajetória para o elétron, nem é possível, portanto, falarmos da existência de

uma órbita em torno de um núcleo atômico [...]”. Justamente por não mais considerar o elétron

como partícula e sim simultaneamente com características de onda e de partícula, Heisenberg

através da formulação de De Broglie, ao tentar descrever a posição do elétron incidindo uma

energia radiante sobre ele não conseguia chegar em conjunto à posição e ao momento da

partícula, o que caracterizou o princípio da incerteza de Heisenberg (MAHAN; MYERS, 1995).

De acordo com Mahan e Myers (1995), a equação do princípio da incerteza é

caracterizada por:

∆𝑝 ∆𝑥 ≥ℎ

4𝜋

A qual associada à medida da posição, ∆𝑥, do elétron está a incerteza no momento, ∆𝑝.

O princípio da incerteza afirma que “a velocidade do elétron é tão incerta que não há como

determinar sua trajetória” (MAHAN; MYERS, 1995, p. 280).

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Reis, Kiouranis e Silveira (2017, p. 15) acrescentam que no princípio da incerteza “[...]

quando o elétron é colocado como objeto de investigação experimental, ora ele pode ser

percebido como onda, ora como corpúsculo, ora está aqui, ora está ali, sua definição não é

determinista, mas indeterminista”.

Partindo da complementariedade e do princípio da incerteza, necessitava-se de uma

explicação para o comportamento do átomo a luz, explicando principalmente o que antes não

era bem descrito, o comportamento de onda associado a partícula. Segundo Schimidt (2008),

Schrodinger estudou o trabalho de Einstein e o de De Broglie e apresentou em 1925 um artigo

atribuído a ideias de ondas associadas à matéria.

Em 1926 o cientista Erwin Schrodinger propõe a substituição da trajetória dos elétrons

por uma função de onda,Ψ, a qual atribui valores em função de determinada posição do elétron,

descrevendo a característica ondulatória da matéria baseada na mecânica quântica ou mecânica

ondulatória. De acordo com Schimidt (2008, p. 50) “[...] as ondas formam um sistema de

oscilações tridimensional em torno do núcleo atômico”.

Junior (2013) relata que uma das principais evoluções para os modelos atômicos

baseado nas propriedades quânticas que foram desenvolvidas ao longo dos anos foi a descrição

da função de onda, a qual Schrodinger aplicou artifícios matemáticos através de equações

diferenciais.

De acordo com Atkins e Jones (2006) baseado na função de onda atribuída por

Schrodinger, Max Born em 1927, elevou a função de onda ao quadrado 𝜓2, e em sua

interpretação, considerou a densidade de probabilidade e como é aplicada ao átomo, sendo que

“[...] a probabilidade de que a partícula esteja em determinada região do espaço dividida pelo

volume da região ocupada [...]” (ATKINS; JONES, 2006, p. 123). Para altos valores de

𝜓2maior é a densidade e probabilidade de se encontrar o elétron em determinada região.

Mahan e Myers (1995), destacam também que a função de onda apresentada de forma

isolada não possui significado físico, mas as interpretações do quadrado do valor absoluto da

função de onda ao quadrado|𝜓|2 possui propriedade física importante. Esta importância

contribui para o MAQ afirmando ainda mais as implicações de não poder determinar a posição

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do elétron e sim a probabilidade de encontrar uma partícula a qual varia de lugar para lugar no

átomo.

O MAQ consegue explicar o comportamento dos elétrons tanto em átomos com apenas

um elétron quanto para átomos multieletrônicos, ou seja, supre as limitações do modelo atômico

proposto por Bohr. Além de conseguir explicar os espectros dos elementos químicos, a estrutura

da tabela periódica e as ligações químicas. As funções de onda para o átomo considerando as

interações dos elétrons com o núcleo obedecem algumas restrições, como por exemplo podendo

analisar uma região do átomo como se fosse uma caixa com isso se chega a quantização de

energia e níveis discretos de energia.

Os níveis de energia são associados ao número quântico principal n, e podem ser

calculados a partir da equação de Schrodinger. O número quântico principal, n, é “um número

inteiro que indica os níveis de energia” do elétron no átomo (ATKINS E JONES, 2006, p. 131).

Considerando as funções de onda para o elétron tratada no modelo proposto por

Schrodinger e levando em consideração também a densidade de probabilidade, se tem uma

região mais provável de encontrar o elétron no átomo, chamada de orbital atômico.

Com o avanço e as novas implicações a respeito do átomo a luz da teoria quântica tem-

se que o MAQ proposto por Schrodinger é considerado o modelo atômico mais atual. Embora

suas considerações tenham um formalismo difícil de ser aplicado no ensino médio, suas

discussões e considerações através das teorias quânticas envolvidas assim como as discussões

sobre a história da evolução dos modelos são plausíveis de serem abordados.

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1.1.3.As implicações da mecânica quântica no ensino e o Modelo Atômico

Quântico inserido no ensino médio

A Teoria Quântica quando explicada no ensino médio se faz comumente a partir dos

conteúdos, que segundo Ávila (2016, p. 29) são:

• Radiação de Corpo Negro e a Equação de Planck;

• A Dualidade onda-partícula e o Efeito Fotoelétrico;

• Movimento Browniano e a Estrutura da Matéria;

• Postulados de Bohr;

• Hipótese de De Broglie;

• Princípio da Incerteza de Heisenberg.

Para a abordagem destes tópicos utilizam-se a representação visual e a rigidez

matemática. A primeira, que Junior (2007) chama de pictórica, são representações mais visuais

como, por exemplo representações dos orbitais atômicos e moléculas. Ao passo que a segunda

representa um caráter mais abstrato para representação dos conceitos (JUNIOR, 2012).

Junior (2012), ressalta também que os professores acabam apresentando somente a MQ

descrita nos livros, que, geralmente, aparecem na distribuição eletrônica através dos números

quânticos, utilizando um tratamento puramente ilustrativo.

Ao se referirem ao ensino da MQ para o ensino médio, Pinto e Zanetic (1999)

consideram que deve-se avaliar essas dificuldades enfrentadas na transposição didática da teoria

quântica dentre eles o formalismo matemático inerente à descrição quântica. Porém, a mesma

deve ser abordada através de outras formas permitindo ao aluno desenvolver suas

interpretações.

Parente, Santos e Tort (2014) corroboram essa opinião que o estudo da química quântica

no Ensino Médio é contestado por muitos devido à complexidade de alguns conceitos novos e

à matemática envolvida. Além disso, apontam que a mesma não deve ser deixada de lado pois

são necessários para o entendimento da estrutura interna do átomo.

Os modelos atômicos são geralmente aplicados no primeiro ano do ensino médio. Os

conceitos da MQ são frequentemente utilizados na descrição dos modelos atômicos e também

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em conceitos como nível quântico principal, nível quântico secundário e radiação sendo

apresentados sem nenhuma dedução e aprofundamento das teorias. Deve-se considerar a falta

de tempo do professor, pois para melhor compreensão do tema é preciso se pensar em

abordagens que descrevam as teorias de forma completa. Sendo este um fato importante a ser

considerado no planejamento das aulas de química (PINTO e ZANETIC, 1999).

São comumente abordados em LD analogias em relação aos conteúdos apresentados aos

alunos. Londero (2014, p. 2) aponta que “[...] alguns pesquisadores defendem o uso do recurso

analógico para no ensino de conceitos científicos [...] surgem então como outra possibilidade

para o ensino”, sendo muito aplicada aos modelos atômicos. Esta pode ser uma forma de fugir

do formalismo para facilitar o entendimento quanto a conceitos da MQ e o MAQ. Parente,

Santos e Tort (2014) acrescentam que antes de fazer analogias devem se levar em conta a

influência do conhecimento prévio do aluno ao fazer as relações quanto ao ensino do tema.

O ensino de química quântica é um assunto complexo para ser compreendido no ensino

médio, em função da necessidade de um maior grau de abstração. Rocha (2015) cita que os

professores deixam de trabalhar muitos conceitos no ensino médio por conta de dificuldades de

compreensão e aprendizagem e de sua alta abstração, mesmo sabendo-se que hoje tudo que

envolve principalmente a tecnologia, muito utilizada pelos alunos, como por exemplo chip de

telefones celulares a cartões magnéticos e computadores, baseia-se na teoria quântica.

Segundo Gomes e Pietrocola (2011), um conceito básico, como o spin aparece no

universo escolar na disciplina de química no ensino médio, quando se estuda a distribuição

eletrônica nos átomos, mas somente no ensino superior ele é estudado de modo um pouco mais

aprofundado, talvez por ser o spin uma propriedade das partículas subatômicas bastante

específica e não há como explicá-la usando conceitos de física clássica (PEREZ, 2016).

Junior (2012) concorda que a MQ não é um conteúdo de fácil entendimento, porém é

preciso entrar no formalismo utilizado para desenvolvimento das teorias de Planck, Einstein,

Bohr, Schrodinger e outros com uma linguagem mais acessível voltada aos alunos do ensino

médio para que a MQ seja compreendida. Marandino (2004) traz a questão da transposição

didática, na qual aponta o professor com o papel fundamental no processo de transformação

dos conceitos científicos a serem aplicado no ensino. A transposição pode ocorrer por meios

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alternativos aos LD, no sentido de que o professor pode trazer abordagens diferentes como, por

exemplo, o uso de reportagens e contextualizações com o meio que o aluno está inserido.

Rocha (2015) ao pesquisar a inserção de conceitos e princípios de MQ no ensino médio

percebeu um interesse crescente em que seja promovida a atualização curricular em disciplinas

científicas do ensino médio, observando que a teoria quântica é uma linha de pesquisa bastante

comum em programas de pós-graduação em Ensino de Ciências em todo o país, tendo a

quantidade de trabalhos publicados nesta área um aumento substancial nos últimos anos.

No currículo básico para escola estadual da Secretaria de Educação do Estado do

Espirito Santo (SEDU), a abordagem do MAQ não é sugerido em nenhuma série do ensino

médio. O documento sugere que o mínimo de teoria atômica aplicada seja o “modelo atômico

de Rutherford-Bohr” (ESPIRITO SANTO, 2009, p. 69).

Porém o documento da SEDU, currículo básico escola estadual, ao reconhecer que “no

direito de aprender se insere o direito a um ambiente e contextos de aprendizagens adequados

às necessidades e expectativas do educando, em que a prática educativa seja sustentada: por um

currículo aberto à vida [...]”, abre a possibilidade de se apresentar a Química Quântica desde

que se justifique claramente a necessidade do aluno do ensino médio em compreender esse tema

para que ele possa julgar e se posicionar frente a assuntos relevantes da atualidade (ESPIRITO

SANTO, 2009, p. 24).

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), alinhada a Reforma do Ensino médio,

aborda não mais disciplinas e sim áreas de conhecimento, sendo a área abrangente da química

as Ciências da Natureza e suas Tecnologias. A BNCC traz a abordagem da química quântica

como importante para ser aplicada no ensino médio, quando afirma que os alunos devem

desenvolver habilidades e “utilizar noções de probabilidade e incerteza para interpretar

previsões sobre atividades experimentais, fenômenos naturais e processos tecnológicos,

reconhecendo os limites explicativos das ciências” (BRASIL, 2018, p. 543).

A química quântica é uma produção humana e a educação formal deve viabilizar

situações para que ela possa ser estudada em diversos níveis. Apesar de certa dificuldade

existente em relação à isso Rocha (2015) propõe que se trabalhe seus conceitos e princípios

mais primitivos de uma forma acessível aos estudantes do ensino médio. O autor cita que já na

década de 70, Rüdinger (1976) e Frederick (1978) encontraram trabalhos sobre o ensino da

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teoria quântica e desde então se afirma que, em geral, os estudantes apresentam grandes

dificuldades conceituais no estudo introdutório desta disciplina. Para o autor, a existência de

tais dificuldades não deve impedir esforços a fim de buscar a introdução adequada de tais

tópicos em todos os níveis de ensino para que se consiga atingir um nível satisfatório de

aprendizado.

Costa (2016) aborda que parar o conhecimento do átomo no modelo proposto por Bohr

no ensino médio não é satisfatório, pois o modelo não é suficiente para descrever átomos com

mais de um elétron. O autor cita que a abordagem do MAQ é indispensável por ser caracterizado

pelas teorias quânticas, que são uma das principais bases que o aluno precisa para outros

entendimentos da química. Daí a importância da inserção do modelo mais atual a ser aplicado

no ensino, para tanto Costa (2016, p. 30) afirma que “[...] o modelo mais adequado para o estudo

de átomos não hidrogenoídes e moléculas seria o de aproximações de orbital por meio das

equações de Schrödinger”.

Portanto, as abordagens quânticas no ensino médio são imprescindíveis para

desenvolver no aluno habilidades que impliquem em atitudes coerentes com o mundo moderno.

Vê-se, pois, que os LD selecionados no PNLD são uma realidade direta com os alunos visto

que o programa alcança todas as escolas públicas. Logo, é indiscutível que analisar os conceitos

aqui expostos em LD seja uma forma de melhorar o entendimento do aluno sobre as mudanças

que o cercam fora do ambiente escolar.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Analisar a abordagem do modelo atômico quântico nos livros didáticos de química

selecionados pelo PNLD 2018 e utilizados em algumas escolas de São Mateus-ES e Conceição

da Barra-ES.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Revisar a literatura sobre abordagens do tema MQ e MAQ no ensino médio;

• Analisar os livros didáticos do Ensino Médio utilizados em algumas escolas de São

Mateus-ES e Conceição da Barra-ES de acordo com método de análise e conteúdo

desenvolvido por Bardin (2011);

• Avaliar se os livros de química do PNLD 2018 tratam os temas que envolvem a MQ

e o MAQ e de que forma são abordados;

• Propor um roteiro com proposta de abordagem para o ensino do MAQ;

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3. METODOLOGIA

Esta pesquisa entende-se por qualitativa e exploratória, pois busca analisar os LD usados

no ensino médio a fim de verificar e levantar hipóteses de como o MAQ é abordado. A pesquisa

exploratória considera o objeto de estudo sobre vários aspectos, levantando informações com o

objetivo principal de elucidar os fatos e se aprimorar no assunto (GIL, 2008).

Inicialmente, foi realizado um levantamento de trabalhos científicos para compor um

referencial teórico reconhecendo o material através das publicações de outros autores em

dissertações, artigos e teses para fundamentar a pesquisa e levantar questões acerca das

caracterizações realizadas na análise dos LD. Os livros foram obtidos com os professores das

escolas analisadas.

Para análise foram utilizados os livros do PNLD 2018 escolhidos pelas Escolas: EEEM

Professor Joaquim Fonseca (Conceição da Barra), CEEFMTI Marita Motta Santos (São

Mateus), EEEM Ceciliano Abel de Almeida (São Mateus), Instituto Federal do Espírito Santo

(São Mateus), EEEFM Wallace Castello Dutra (São Mateus) e EEEFM Nestor Gomes (São

Mateus).

A análise dos LD foi realizada dentro do contexto de análise temática de Bardin. O

método de Bardin para análise de conteúdo é voltado para três momentos: pré-análise,

exploração do material e o tratamento dos resultados (SILVA e FOSSÁ, 2015).

Na pré-análise realiza-se uma leitura flutuante, sendo o primeiro contato com o material,

levantando hipóteses acerca das caracterizações realizadas para se chegar aos objetivos,

formulando assim indicadores os quais são usados para as demarcações e recortes nos textos

analisados.

Em um primeiro momento avaliou-se os livros de forma geral buscando temas referentes

à mecânica quântica considerados importantes para abordagem do modelo atômico quântico:

quantização de energia, dualidade da matéria, incerteza na posição do elétron.

No segundo e terceiro momento foram criadas categorias para agrupar unidades de

análises semelhantes, sendo realizada então a exploração do material já agrupado, impondo as

inferências sempre que possível. Em seguida foi realizado o tratamento dos resultados, sendo

as mensagens dos LD interpretadas (BARDIN, 2011).

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No final do estudo foi elaborado um roteiro através da utilização de várias ferramentas

como reportagens em revistas, jornais, o uso de simuladores e etc., abrindo debates relacionados

ao tema. A proposta consiste em cinco aulas com descrições de abordagens que o professor

pode utilizar envolvendo a MQ e o MAQ.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo apresenta-se a análise de quatro livros didáticos de química do PNLD

2018, bem como um roteiro de aula que pode ser seguido pelos professores do ensino médio

como uma forma de ensinar o MAQ.

4.1. A análise dos livros didáticos

Foi realizada uma leitura prévia para verificar se os LD abordavam ou não os temas

relacionados a MQ que são essenciais para entendimento do MAQ, como os conceitos de

quantização de energia, dualidade da matéria e incerteza na posição do elétron.

Os livros e suas respectivas escolas estão descritas no Quadro 1. Para a identificação

dos livros ao longo do capítulo foi atribuído a eles a letra inicial do título do livro seguido pelo

número correspondente ao volume utilizado na pesquisa.

Quadro 1– Identificação dos Livros do PNLD 2018 das diferentes escolas analisadas e suas regiões

IDENTIFICAÇÃO AUTOR TÍTULO ESCOLA MUNICÍPIO/

BAIRRO

V1 Novais; Tissoni

Vivá

CEEFMTI Marita Motta Santos

São Mateus/ Centro

EEEM Professor Joaquim Fonseca

Conceição da Barra/Centro

S1 Lisboa e

colaboradores Ser

Protagonista

EEEFM Santo

Antônio

São Mateus/

Santo Antônio

EEEFM Wallace

Castello Dutra

São Mateus/

Guriri Norte

EEEFM Nestor Gomes

São Mateus/ Nestor Gomes

Km 41

Q1 Mortimer; Machado

Química Instituto Federal do Espírito Santo

São Mateus/ Litorâneo

QC3 Nilvana e

colaboradores Química Cidadã

EEEM Ceciliano Abel de Almeida

São Mateus/ Centro

Fonte: Produzida pela autora. (2018).

Nesta pré-análise foi avaliado se os livros apresentam o MAQ, ao tratarem dos modelos

atômicos, bem como temas da mecânica quântica considerados importantes para sua abordagem

tendo como base o referencial teórico desenvolvido na pesquisa.

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Realizada uma abordagem qualitativa, verificou-se que todos os quatro livros referentes

às seis escolas apresentaram no mínimo um dos temas analisados. Cada tema e a presença nos

livros estão descritos no Quadro 2 sendo atribuídos a letra P para o assunto presente e A para

ausente.

Quadro 2: Tema referente a análise dos livros TEMAS V1 S1 Q1 QC3

Modelo Atômico Quântico A A P P

Quantização de energia A P P P

Dualidade da matéria P A P P

Incerteza na posição do elétron A A P P Fonte: Produzida pela autora. (2018).

Todos os livros ao descreverem os modelos atômicos em algum momento abordam a

MQ. Os livros Q1 e QC3 abordam o MAQ sendo suas descrições bem completas. Uma visão

geral das abordagens dos livros estão descritas a seguir.

4.1.1.Livro 1: Vivá (V1)

O livro apresenta no Volume 1, Capítulo 4, apenas um dos temas referentes à análise: a

dualidade do elétron. O comportamento dual do elétron é mencionado em um quadro no canto

direito da página do livro que expõe o modelo Rutherford-Bohr. Quanto ao comportamento

dual, o livro aponta que a MQ é a base da descrição do elétron e ainda afirma que “os

constituintes atômicos ora se comportam como partículas, com massa e dimensões definidas,

ora se manifestam como ondas, semelhantes às que constituem a luz” (NOVAIS, 2016, p. 91).

Em nenhum momento o livro destaca a contribuição de outros cientistas para a MQ ao

descrever as partículas subatômicas que compõe o átomo. A influência de Max Planck é dada

de forma sucinta descrevendo que o físico iniciou os estudos sobre MQ e não aborda a

importância do seu estudo para o desenvolvimento do modelo atômico. A quantização de

energia não é citada pelo livro.

O livro considera o modelo proposto por Bohr como um complemento para o modelo

de Rutherford devido a descrição da estabilidade do átomo. O livro V1 não considera a

quantização de energia ao descrever a emissão de radiação dos elementos químicos. Descreve

apenas que a “[...] emissão acontece quando uma amostra contendo esse elemento recebe

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energia, seja por aquecimento, seja quando é submetido a descarga elétrica [...]” (NOVAIS,

2016, p. 91).

De acordo com a abordagem utilizada pelo livro V1 não há representação da nova teoria

para o elétron no modelo, pois não considera a descrição da MQ. Apresenta os postulados de

Bohr de uma maneira simples dando a descrição de que os postulados são assumidos como

verdade sem comprovações. O livro V1 menciona ao final do capítulo que o átomo é estável,

pois o movimento dos elétrons ao redor do núcleo ocorre por estar em camadas eletrônicas ou

níveis de energia. Desta forma, possíveis descrições aprofundadas da MQ não são abordadas

bem como o MAQ e sua característica de probabilidade.

De maneira geral, V1 expõe o assunto de maneira sucinta e por não dar ênfase as teorias

quânticas aborda o conteúdo sem a devida descrição do comportamento do elétron. Desta

forma, o aluno terá dificuldades no desenvolvimento de outros conhecimentos químicos como,

por exemplo, distribuição eletrônica ou ligações químicas.

4.1.2. Livro 2: Ser Protagonista (S1)

O livro apresenta a quantização de energia referente aos temas analisados sendo

abordada em três momentos. Primeiro o livro descreve que Bohr utilizou a quantização para

explicar a estabilidade do átomo:

Bohr sugeriu que uma teoria sobre a luz, proposta por Max Planck (1858-1947),

poderia ser aplicada ao átomo. Segundo Planck, toda energia do elétron é quantizada,

ou seja, os elétrons absorvem ou emitem quantidades fixas de energia na forma de

pequenos pacotes denominados quanta (LISBOA, 2016, p. 89).

O livro conforme citado aborda Max Planck como cientista que contribuiu para a

descrição do modelo proposto por Bohr, por fazer menção a teoria sobre a luz. O livro S1

poderia ter abordado a contribuição de outros cientistas como, por exemplo, Einstein, dando a

descrição do efeito fotoelétrico, o qual não foi mencionado pelo livro.

Na mesma página, em um quadro no canto direito, o livro S1 reescreve a informação já

dita sobre a quantização como sendo uma energia absorvida e liberada em “pacotes” ou

“pequenos pacotes”. Logo, na página seguinte, é dada a descrição de forma resumida dos

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postulados propostos por Bohr, descrevendo as órbitas para o átomo de hidrogênio, ilustrando

a absorção e emissão de energia para apenas valores possíveis denominado de energia

quantizada. O livro acaba trazendo informações repetitivas e de forma sucinta quanto a

quantização de energia, o que pode ocasionar desinteresse do aluno.

O livro S1 por se limitar ao modelo proposto por Bohr como um complemento do

modelo de Rutherford, afirma que o mesmo veio a explicar o comportamento do elétron no

átomo e, por não mencionar o MAQ, o estudante é levado a pensar que o modelo Rutherford-

Bohr é o mais atual. O livro não menciona características importantes para a descrição do MAQ,

tais como o comportamento dual do elétron e a incerteza em sua posição.

4.1.3. Livro 3: Química (Q1)

O livro Q1 apresenta todos os temas indicadores analisados. São apresentados no

Volume 1, Capítulo 6, de forma bem descrita e aprofundada. A quantização de energia é bem

descrita e destacada diversas vezes em diferentes contextos nas explicações ao longo do texto,

dando indícios da importância desta teoria para a caracterização dos modelos atômicos. Como

consequência, os alunos se familiarizam com o assunto.

Antes da descrição da quantização de energia, o livro Q1 aborda sobre o teste de chama

e propõe um experimento para investigar a emissão de luz. Esta é uma abordagem interessante,

pois o livro por trazer primeiro o experimento e depois a teoria instiga o aluno na investigação

dos fenômenos que estão ocorrendo e contribui para uma aprendizagem mais significativa.

Uma outra abordagem interessante que o livro traz é a descrição da explicação do corpo

negro proposta por Planck, envolvendo a teoria da quantização, sem mencionar a terminologia

do “corpo negro”: “Planck propôs que átomos vibrando em um metal aquecido poderiam

absorver e emitir energia eletromagnética apenas em certas quantidades discretas, que eram

iguais ou múltiplas de quantidade determinada pela equação” (MACHADO, 2016, p. 161).

Esta é uma forma de facilitar o entendimento de um conceito utilizando inicialmente

uma abordagem sem usar termos que não estão inseridos no cotidiano do aluno como “corpo

negro”. No entanto, o livro também não fez menção a “corpo negro” em nenhum momento no

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capítulo tornando a abordagem inadequada, pois o aluno deve se apropriar do termo relacionado

a sua descrição para a formação de conhecimento científico.

A quantização de energia também aparece relacionada aos níveis de energia aplicados

ao modelo proposto por Bohr, em que os autores retomam a explicação para o teste de chama

relacionando a cor observada nos elementos químicos com a frequência da radiação

eletromagnética, usando a teoria para descrever o espectro do átomo de hidrogênio: “[...] ao

receber energia, os elétrons saem do seu estado fundamental, que é o de menor energia, e são

promovidos para o estado excitado. Quando voltam ao estado fundamental, as espécies emitem

radiação de frequências características” (MACHADO, 2016, p. 163). Desta forma, o livro

facilita o entendimento do aluno, pois descreve, por exemplo, o espectro do átomo de

hidrogênio usando a teoria através das evidências experimentais.

O livro aborda o MAQ ainda no capítulo 6, descrevendo bem ao longo do capítulo as

novas descobertas e relacionando vários acontecimentos históricos e a descrição de outros

cientistas que tiveram influência na construção do modelo atual. Em um subtítulo do capítulo

6, o livro aborda descrições do comportamento dual do elétron, incerteza em sua posição e o

conceito de orbital.

Antes de falar da dualidade do elétron, retoma as discussões da natureza dual para a luz.

O livro apresenta relatos sobre o cientista Louis de Broglie, o qual em sua teoria associou uma

onda ao elétron, passando a também um caráter dual de onda e partícula e abrindo caminho para

contribuição da determinação da mecânica ondulatória de Erwin Schrodinger. “[...] O método

matemático de quantização proposto por De Broglie não teve muito sucesso, mas sua ideia

básica estimulou Erwin Schrodinger (1887 – 1961) a propor uma equação de ondas para o

elétron, que resultaria no modelo atômico atualmente aceito” (MACHADO, 2016, p. 175).

Vemos aqui que o livro demonstra também as dificuldades enfrentadas pelos cientistas sendo

essa abordagem de grande importância para a construção do conhecimento científico do

discente.

O livro Q1 aponta as formulações de Werner Heisenberg, que foram desenvolvidas na

mesma época em que as equações de onda associadas ao elétron era proposta por Erwin

Schrodinger. O livro não descreve de forma aprofundada o princípio da incerteza proposto por

Heisenberg apenas associa a incerteza devido ao elétron apresentar caráter dual.

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Para a função de onda proposta por Schrodinger, associada ao elétron, o livro relata a

contribuição de Max Born com a interpretação de densidade de probabilidade do MAQ,

correspondente a (|𝜓|2), o qual representa a probabilidade de se encontrar um elétron em uma

região da eletrosfera.

Esta obra foi considerada, pela análise realizada, uma das mais completas por apresentar

todos os temas considerados importantes e trazer a descrição da quantização de energia ao MAQ

ao descrever que “[...] diferentemente do modelo de Bohr, no modelo atômico atual não apenas

a energia total do elétron está quantizada, mas também seu momentum angular, seu momento

magnético e ainda uma quarta grandeza chamada spin” (MACHADO, 2016, p. 178).

Apresenta a descrição dos números quânticos, a distribuição eletrônica e organização da

tabela periódica já descritas pelo modelo quântico, o que contribui bastante para que os alunos

tenham a noção que este modelo não está longe da realidade, pois o livro aborda as descrições

de outros conceitos químicos a partir das novas teorias descritas.

4.1.4. Livro 4: Química Cidadã (QC3)

O livro QC3 apresenta todas os temas indicadores referentes a análise e possui um

capítulo específico que aborda as características do modelo quântico.

O livro relata o desenvolvimento histórico para o surgimento da nova ciência até chegar

ao MAQ e as características do mundo microscópico que explicavam em todos os aspectos os

conceitos químicos até ali estudados. Desta forma, pode-se contribuir para que o aluno tenha

um entendimento da ciência como uma construção humana, por destacar as dificuldades

enfrentadas bem como a contribuição de vários estudos.

No início da exposição a este tema, o livro aplica uma linguagem mais compreensível

aos alunos, denominando a energia quantizada como pequenos pacotes de energia. Porém, ao

passo que acrescenta a contribuição de mais cientistas para o desenvolvimento da nova teoria,

o livro passa a acrescentar também uma preocupação com a linguagem um pouco mais técnica

atribuindo a quantização de energia a valores discretos, por exemplo. Esta é uma abordagem

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interessante, pois contribui para a melhora do entendimento do aluno e por se preocupar em

descrever os termos técnicos das teorias influencia a aprendizagem de uma forma positiva.

Diferente dos outros livros, o QC3 explica de várias formas a quantização de energia e

descreve a base que desencadeou as explicações e considerações para o MAQ. Desta forma,

esta obra trata a quantização de energia de forma adequada, dando ênfase as contribuições tanto

de Planck quanto de Einstein, descrevendo a explicação do problema da radiação do corpo

negro e também o efeito fotoelétrico. O livro também tem a preocupação de mencionar algumas

aplicações e assim melhorar o entendimento da quantização de energia, pois o aluno percebe

que os conceitos estudados não estão longe da sua realidade. Sobre o MAQ, o livro destaca que:

Esse modelo foi responsável por inúmeros avanços tecnológicos no século passado.

Conhecer algo sobre ele permite a você, como cidadão do século XXI, saber como o

nosso olhar sobre a matéria é bastante diferente da visão clássica de quase cem anos

atrás que apesar de ter sido a base de toda à Química do Ensino Médio estudada até

aqui, não é suficiente para explicar tudo (SANTOS, W., 2016, p. 247).

Mesmo não aprofundando as teorias quânticas no ensino médio, o livro demonstra que

é possível de ser abordada e deve-se considerar principalmente a sua importância conforme

destacado anteriormente. O livro também aponta a sua interdisciplinaridade entre as disciplinas

quando afirma que “o estudo do modelo quântico tem um caráter interdisciplinar entre a

Química, a Física, a Matemática e até a Filosofia” (SANTOS, W., 2016, p. 247), permitindo ao

aluno um olhar diferente para a teoria. Destaca também a diferença entre a teoria clássica e a

quântica.

Para a dualidade onda-partícula da matéria o livro aponta que a hipótese de Broglie foi

desencadeada a partir da característica dual da luz e do efeito fotoelétrico. Apresenta a equação

desenvolvida por De Broglie que comprova a dualidade do elétron, que é a base da nova física.

Aponta que a MQ “revolucionou conceitos, como matéria, energia e causalidade. [...] deu base

para inúmeras descobertas e invenções como lasers, DVDs e células fotoelétricas [...] bem como

a produção de energia nuclear” (SANTOS, W., 2016, p. 250).

Para dar mais consistência a MQ o livro aborda o Princípio da incerteza, que foi baseado

no caráter dual da matéria e a contribuição do físico alemão Werner Karl Heisenberg para a

descrição do comportamento da matéria. Após introduzir todas as teorias principais para a MQ

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aplicada ao átomo, o livro aborda o MAQ, com o subtítulo “A função de onda e os orbitais

atômicos”.

Os autores trazem a seguinte fala: “[...] havia a necessidade de desenvolver uma nova

equação matemática, que incorporasse os princípios já definidos: a quantização do elétron em

níveis e subníveis de energia, o seu caráter onda-partícula e o Princípio da incerteza [...]”

(SANTOS, W., 2016, p. 251). Neste ponto, nota-se que o livro está sempre reforçando as

características quânticas para facilitar a descrição e o entendimento do MAQ.

O livro demonstra que não há necessidade de abordar fórmulas matemáticas rígidas e

de difícil compreensão do aluno para falar da MQ. Descreve a função de onda, 𝜓,

caracterizando-a como fundamental e que a partir dela se chega aos números quânticos que já

haviam sido apontados por Bohr de modo arbitrário. Esta abordagem favorece a compreensão

do aluno de que o modelo proposto por Bohr não é o mais atual.

Para a densidade de probabilidade do modelo o livro descreve a região de maior

probabilidade de se encontrar o elétron, o orbital. Demonstra a representação pictórica para os

orbitais descrevendo ainda que “a solução da função de onda para os átomos permite fazer

previsões de como os orbitais de um átomo vão interagir com os orbitais de seus átomos

vizinhos” (SANTOS, W., 2016, p. 253) reforçando a ideia do novo modelo na qual a trajetória

do elétron não é definida. O livro estende o conceito do MAQ para a contribuição com outras

bases da química estudadas no ensino médio, como, por exemplo, tabela periódica, ligações

químicas, níveis e subníveis de energia, as configurações eletrônicas dos elementos.

Neste sentido, dada as descrições analisadas, o livro QC3, é considerado uma obra

adequada no que diz respeito à abordagem dos temas relacionados ao entendimento do MAQ.

Apresenta os pontos julgados como principais e trata o conteúdo de forma a facilitar a

compreensão do tema. O fato de trazer as aplicações e importância do MAQ faz com que aluno

tenha conhecimento da química aplicada.

4.2. Categorias

A pré-análise realizada mostrou que todos os livros, apresentando ou não o MAQ, ao

descreverem os modelos atômicos, em algum momento abordam temas da MQ. Assim, foi

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possível chegar a duas principais categorias dentro dos temas avaliados: Analogias e figuras

relacionadas a quantização de energia; Representação do modelo atômico quântico. O Quadro

3 apresenta a verificação da abordagem sobre MQ e suas categorias.

Quadro 3: Verificação da abordagem sobre MQ e suas categorias

Categorias

Livros

V1 S1 Q1 QC3

Analogias e figuras relacionadas a quantização de energia Energia

Representação do modelo atômico quântico

Fonte: Produzida pela autora. (2018).

Para a categoria “Analogias e figuras relacionadas à quantização de energia” relatada

nos LD será verificada se os livros abordam corretamente as teorias através de analogias e

figuras envolvendo a MQ e se apresentam a quantização de forma a favorecer a construção do

conhecimento do aluno. Já na categoria “Representação do modelo atômico quântico” será

analisado como os livros apresentam e descrevem o modelo atômico mais atual e também se

utilizam as teorias quânticas de forma clara para o entendimento do aluno do MAQ, bem como

as suas representações. As categorias devem nortear a interpretação das mensagens quanto ao

conhecimento entendido pelo aluno sobre o mundo microscópico do átomo.

4.2.1. Categoria: Analogias e figuras relacionadas a quantização de energia

Nesta categoria os livros foram analisados quanto as analogias e as figuras utilizadas pelos

livros referente a quantização de energia.

Livro 1: Vivá (V1):

No próprio livro os autores explicam o que são analogias. Deixam claro que é uma

representação não igual da realidade, mas sim representações com o máximo de características

semelhantes para que o aluno consiga entender o conhecimento que está sendo aplicado.

Porém, quanto a questão da análise, o livro não traz nenhuma analogia e nem figuras

que abordem a quantização de energia. Os autores afirmam que “nesta etapa do curso de

Química, vamos nos limitar a uma ideia simplificada dessas explicações, porque os modelos

atômicos propostos após o de Rutherford só podem ser explicados com base na Mecânica

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Quântica”. (NOVAIS, 2016, p. 91, grifo do autor). Com isso, não aborda nenhuma ilustração

para elucidar a quantização de energia no modelo proposto por Bohr e nem representam o MAQ

pelas características quânticas analisadas.

Livro 2: Ser Protagonista (S1):

Na Figura 5, o livro S1, ilustra o espectro eletromagnético através do arco-íris

exemplificando que, a luz solar ao passar por gotículas de água suspensas da atmosfera se

decompõe formando o arco-íris. Nesta parte, o livro ainda não abordou Planck e a quantização

de energia. Apenas descreve o que são espectros e as características de comprimento de onda,

frequência e sua relação com os espectros formados. É plausível este artifício abordado pelo

livro, pois traz elementos percebidos pelo aluno fora da sala de aula, como é o exemplo do arco-

íris demonstrando o conceito químico por traz das suas cores.

Figura 5- Decomposição da luz branca por um prisma

Fonte: (LISBOA, 2016, p. 88).

O livro apresenta o espectro atômico de emissão para o átomo de hidrogênio (Figura 6).

Utilizando a teoria da quantização de energia proposta por Max Planck, o modelo proposto por

Bohr, conseguia explicar os espectros descontínuos que aparecem também representados por

uma série de linhas coloridas luminosas separadas por regiões escuras. O interessante desta

abordagem do S1 é que demonstra um tipo de aplicação da teoria utilizada no modelo de Bohr,

que os modelos anteriores não conseguiam descrever.

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Figura 6 - Obtenção do espectro de emissão do hidrogênio formando linhas descontínuas

Fonte: (LISBOA, 2016, p. 89).

A Figura 7 reforça mais a ideia de quantização abordada e dá uma ilustração mais

detalhada para que o aluno entenda a transição do elétron para o átomo de hidrogênio que

caracteriza as emissões descritas no espectro.

Figura 7 - Modelo de Bohr para o átomo de hidrogênio ao emitir energia

Fonte: (LISBOA, 2016, p. 90).

Livro 3: Química (Q1):

O livro traz a analogia para a quantização de energia, com uma escada. “[...] Os níveis

de energia do elétron no átomo de hidrogênio corresponderiam aos degraus de uma escada. Ao

subirmos e descermos uma escada, só podemos parar nos degraus; não há como ficar entre dois

degraus” (MACHADO, 2016, p. 165). Esta analogia é válida para ser aplicada aos alunos, pois

auxilia no entendimento de que a absorção e emissão de energia ocorre apenas em determinados

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valores que no caso seriam o degrau inteiro, pois não dá para subir meio degrau,

correspondendo assim aos valores discretos de energia. Uma simples analogia é uma forma de

demonstrar que a quantização só é permitida para determinados valores discretos.

Livro 4: Química Cidadã (QC3):

O livro ao longo do texto sobre a quantização de energia relaciona as explicações da

absorção e emissão como pequenos “pacotes” de energia. Porém, ao tratar a Figura 8, o livro

aborda que “essa analogia indica que a energia será transferida em quantidades fixas”

(SANTOS, W., 2016, p. 246). Deve-se ter cuidado ao tratar a quantização como sendo definidas

quantidades fixas de energia, como é tratado pelo livro, pois isto pode fazer com que o aluno

entenda que as quantidades de energia não variam.

Figura 8 - Analogia a quantização de energia sendo transferida em "pacotes de energia"

Fonte: (SANTOS, W., 2016, p. 246).

A Figura 9 representa a energia absorvida e emitida no salto quântico demonstrando que

cada transição entre os níveis energéticos corresponde a uma cor no espectro. O livro através

da representação do modelo proposto por Bohr demonstra as energias permitidas e o espectro

para o átomo de hidrogênio. A imagem permite ao aluno um melhor entendimento da relação

do salto quântico com os espetros por colocar um do lado do outro.

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Figura 9 - Representação modelo de Bohr e o espectro atômico

Fonte: (SANTOS, W., 2016, p. 249).

Nesta categoria os livros S1, Q1 e QC3 utilizam as analogias como artifício para o

ensino das descrições das teorias quânticas. Por se tratar de um assunto um pouco abstrato esta

articulação referente as analogias, facilitam a construção do conhecimento e também estimulam

o aluno através da criatividade (PARENTE, SANTOS e TORT, 2014).

4.2.2. Categoria: A representação modelo atômico quântico

Os modelos atômicos são comumente apresentados por uma ordem cronológica,

demonstrando a ampliação dos conceitos e resolvendo as suas limitações. Dito isto, foi avaliado

nesta categoria se o livro apresenta o MAQ, bem como a sua representação.

Ao analisar os livros pode-se observar que apenas os livros Q1 e QC3 entram nesta

categoria por apresentarem o MAQ. No geral, para estes livros esta se dá de uma forma bem

completa, considerando as descrições das teorias quânticas que compõe a construção do modelo

através da representação dos orbitais.

O livro Q1 representa o orbital para o átomo de hidrogênio (Figura 10) da maneira mais

adequada apresentada no texto, logo depois das descrições quânticas, que são as bases

importantes para o entendimento do MAQ. Podemos destacar algumas características da

imagem do orbital 1s para a descrição do modelo atual. Uma dessas características aborda a

ideia de que não se pode determinar a posição do elétron devido à incerteza em sua localização

representando o caráter probabilístico do modelo, considerando a região com maior

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probabilidade de encontrar o elétron. Outra característica destacada na imagem é uma cor mais

escura próxima ao núcleo dando ênfase que aquela região possui maior probabilidade.

Figura 10 - Representação do orbital 1s para o átomo de hidrogênio

Fonte: (MACHADO, 2016, p. 176).

A Figura 11, abordada pelo livro, apresenta uma representação pictórica do orbital p nos três

eixos. Os autores se preocupam em descrever as teorias quânticas aplicada ao MAQ em especial

aos orbitais e não dá apenas uma ilustração do seu formato. Para tanto, uma abordagem

interessante, para descrever o elétron diferente dos modelos anteriores, o livro traz que: “[...] o

elétron não circula pelo espaço descrito pelo orbital p. O elétron de certa forma é esse espaço”

(MACHADO, 2016, p. 178). Deste modo, o livro torna clara a descrição do modelo atual para

que o aluno entenda os conceitos.

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Figura 11 - Forma dos orbitais p

Fonte: (MACHADO, 2016, p. 178)

O livro QC3 que traz considerações ao MAQ, apresenta a Figura 12, com a imagem da

representação da densidade e probabilidade do modelo atual. Porém, ao representar as partículas

do núcleo como esferas, o livro não se desvencilha das abordagens clássicas, o que acaba por

ser um ponto desfavorável para a descrição do novo modelo.

Figura 12 – Representação da densidade e probabilidade do modelo quântico

Fonte: (SANTOS, W., 2016, p. 251).

A Figura 13 traz as representações pictóricas dos orbitais atômicos do MAQ. O modelo

atual não mais apresenta a trajetória do elétron e sim a região de maior probablididade de ser

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encontrado e os autores apontam que através de “recursos da computação, foi possível

selecionar as equações e obter descrições espaciais dos diferentes orbitais” (SANTOS, W.,

2016, p. 252).

Figura 13 - Formato dos orbitais s, p e d, maior probabilidade de se encontrar o elétron

Fonte: (SANTOS, W., 2016, p. 252).

Nesta categoria julga-se importante a descrição das teorias quânticas aplicadas ao MAQ

bem como a sua representação. Por isso, os livros V1 e S1 não entram na categoria pois não

mencionam o MAQ.

4.3. Proposta de abordagem para ensino do Modelo Atômico Quântico

Devido a certa dificuldade que os professores podem encontrar por não terem de

imediato uma ideia quanto a possíveis atividades que possam ser desenvolvidas em sala de aula

para o ensino do MAQ, neste trabalho é apresentada uma proposta de abordagem através de

uma proposta de aula visando potencializar a aprendizagem dos conceitos envolvendo a MQ,

bem como o ensino do modelo.

De acordo com a nova BNCC para o ensino envolvendo a MQ é imprescindível

desenvolver no aluno habilidades de interpretações dos fenômenos naturais e também os

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processos tecnológicos que ocorrem a sua volta sendo importante também que o aluno

reconheça os limites explicativos da ciência (BRASIL, 2018).

O plano de aula é importante para a organização do conteúdo, pois a partir dele o

professor consegue elaborar a aula pensando em uma maneira melhor de abordar o assunto de

forma a alcançar os objetivos da aula e sanar possíveis dúvidas. Propõe-se, então, para o ensino

do MAQ, a utilização de 05 aulas, levando em consideração as bases principais da teoria

quântica que envolve o tema. O plano de aula contemplando este roteiro de abordagem

encontra-se no APÊNDICE A.

4.3.1. Roteiro para proposta de abordagem para ensino do Modelo Atômico

Quântico

Aula 1:

No primeiro momento o professor fará um levantamento prévio para avaliar se os alunos

possuem noções de alguma das teorias quânticas relacionadas ao conteúdo que envolvem as

descrições dos modelos atômicos. Como pré-requisitos para esta abordagem o aluno deverá ter

um conhecimento prévio da quantização de energia que é comumente descrita no modelo

proposto por Bohr.

Através da aula expositiva, abordar uma visão geral do tema destacando a importância

do mesmo e sua relação com temas atuais. É válido também para esta aula expositiva, o

professor descrever as transições entre a física clássica e o surgimento da mecânica quântica.

O professor pode abordar que o modelo quântico é o mais atual para que o aluno tenha

a consciência que se trata de um assunto contemporâneo. Podendo destacar também a

importância do tema frente as suas aplicações dando descrições do papel das teorias quânticas

na medicina, nos avanços tecnológicos, pelas contribuições para o desenvolvimento da ciência

moderna do átomo e também pela possibilidade de explicações de diversos conceitos químicos

aplicados no ensino médio (ARROIO et. al., 2005).

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A partir daí os alunos serão orientados a se dividirem em grupos para realizarem uma

pesquisa através de palavras-chave relacionados ao assunto, que será discutido com mais

detalhes a partir das dúvidas na aula seguinte. O professor ao destacar inicialmente as

contribuições da MQ antes da pesquisa e relacionando com o cotidiano do aluno pode promover

o interesse da investigação de novos conteúdos a serem levados para a sala de aula.

Sendo assim, para auxiliar os alunos na pesquisa, o professor pode sugerir a busca

através de várias ferramentas como reportagens em revistas, jornais, filmes, sites da internet,

artigos e etc., das seguintes palavras-chave:

• modelo atômico quântico

• átomo quântico

• partículas elementares

• elétron

• quanta

• dualidade da matéria

• quântico

• incerteza do elétron

• densidade de probabilidade

As palavras a serem pesquisadas ajudarão os alunos a enriquecer o vocabulário, para

que durante as pesquisas possam refletir entre os diferentes usos de um mesmo conceito, dando

oportunidade ao avanço independente do aluno em buscar o conhecimento do assunto. Feito

isso, é importante que o professor dê ênfase que as buscas devem ser direcionadas a aplicações

reais no seu cotidiano.

O professor pode levar para a sala de aula como exemplo uma reportagem publicada

no site O globo intitulada “Uma corrida quântica pelo computador do futuro” através do link

https://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/uma-corrida-quantica-pelo-computador-do-

futuro-11471165. A reportagem descreve algumas aplicações para a química quântica e

demonstra o interesse de pesquisadores pela área, possibilitando assim que os alunos não façam

simples buscas de assuntos copiando da internet, mas sim chamando a sua atenção que os

conteúdos vistos em sala não estão longe de sua realidade. Os alunos devem ser orientados a

não só levarem a reportagem como as dúvidas que tiveram sobre o tema.

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Aula 2:

O professor iniciará a segunda aula a partir dos materiais trazidos pelos alunos quanto a

pesquisa proposta na aula anterior por meio de debates e levantando discussões sobre o tema.

Baseado nas dúvidas dos alunos, o professor irá direcionar a aula para explicação do conteúdo.

O debate serve para estimular os discentes ao conhecimento, pois propondo estas discussões a

aula se torna mais dinâmica favorecendo o aprendizado (FRIES, 2007).

Neste debate, além de esclarecer as dúvidas o professor deve explicar os conceitos:

quantização de energia; dualidade onda/partícula; princípio da incerteza; MAQ. Para tanto, é

sugerido o uso de slides como recurso.

Aula 3:

Na terceira aula o assunto anterior será retomado e assim será melhor descrito e

demonstrado o MAQ, através do uso de um simulador. O professor poderá levar os alunos para

a sala de computação (LIED) e auxiliá-los com relação ao uso do simulador. Se a escola não

possuir, o professor poderá levar o simulador para sala de aula como demonstrativo, pois

geralmente as escolas possuem recurso de mídias como retroprojetor que poderá ser utilizado

para a aula. O recurso do simulador pode ser acessado através do link

https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/hydrogen-atom. Sendo este simulador uma ótima

ferramenta educacional servindo para o professor evidenciar as teorias abordadas em sala.

Ainda na terceira aula será proposto a realização de seminários através de subtemas já

explicados pelo professor que são eles:

• Quantização de energia

• Dualidade onda/partícula

• Princípio da incerteza

• Modelo atômico quântico

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Sendo assim, os alunos irão formar 5 grupos e o professor deve determinar tópicos que

os seminários devem conter como por exemplo: contribuição do cientista para o

desenvolvimento da teoria; conceitos envolvidos e aplicações.

Aula 4 e Aula 5:

No quarto e quinto momento serão realizadas as apresentações dos seminários de

maneira que o professor deixe que os alunos explanem seu entendimento do subtema proposto.

A proposta da apresentação de seminários é uma ferramenta importante que o docente pode

utilizar, pois além de fugir de uma aula tradicional, propõe que o aluno busque mais sobre o

tema ao produzir o seminário, indagando sobre as teorias e participando ativamente das aulas

(MELO, 2011).

Os alunos serão avaliados através da participação nas aulas, pelas discussões realizadas,

pelos materiais como as reportagens levadas para a sala e o desenvolvimento nos seminários

realizados. Sendo assim, esta proposta pedagógica busca auxiliar o docente com uma sequência

de 05 aulas para serem abordadas no ensino de química mais precisamente nos modelos

atômicos, dando ênfase ao mais atual e as teorias da MQ envolvidas. Sendo possível a aplicação

da proposta mesmo que não o MAQ não esteja descrito no LD.

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55

5.CONCLUSÃO

A pesquisa realizada possibilitou a análise dos LD utilizados na disciplina de química

em escolas do ensino médio para avaliação da abordagem do MAQ. De forma geral, os

conteúdos analisados apresentaram as teorias envolvendo a MQ ao descreverem a estrutura

atômica. Os conceitos foram apresentados em alguns livros apenas para demonstrar

transformações entre a física clássica e a MQ ao tratar a evolução dos modelos atômicos.

Abordados, principalmente, ao descrever a instabilidade do modelo atômico proposto por

Rutherford e o modelo atômico proposto por Bohr. Entretanto, alguns autores destacaram muito

bem os princípios da MQ e os utilizaram para descrever o MAQ.

Os temas indicadores utilizados quantização de energia, dualidade da matéria, incerteza

na posição do elétron, permitiram melhor organizar os LD, destacando o que os autores traziam

de mais relevante sobre o assunto. Levando em consideração os livros analisados, todos

abordaram pelo menos um dos temas e os livros Química e Química Cidadã que são utilizados

no Instituto Federal do Espírito Santo e na escola Ceciliano Abel de Almeida, respectivamente,

ambas do município de São Mateus, apresentaram todos os temas indicadores relacionando de

forma clara a MQ na abordagem dos modelos atômicos contemplando também o MAQ.

A partir da pré-análise pode-se criar categorias para análise e interpretação das

abordagens envolvidas nos conceitos da MQ para o ensino do MAQ. A categorias, “analogias

e figuras relacionadas a quantização de energia” e a “representação modelo atômico quântico”,

possibilitaram a interpretação de como os livros abordavam o assunto.

Analogias e figuras relacionadas a quantização de energia só não são utilizadas no livro

V1. Nas demais obras, as analogias são abordadas trazendo elementos e ilustrações para

abordagens dos conceitos visando a melhor compreensão do tema. Devido ao fato da MQ

envolver a descrição do comportamento do “mundo microscópico” através do estudo das

partículas subatômicas, as analogias que foram encontradas nos livros S1, Q1 e QC3 foram

válidas por possibilitarem uma representação mais visual do que os conceitos buscam tratar,

facilitando, assim, o entendimento dos alunos. O professor deve dirigir a utilização das

analogias direcionando o aluno para a visualização correta de modo a não haver desconstrução

da real interpretação.

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Quanto a representação do MAQ, os livros V1 e S1 não trataram do assunto e, assim,

não descreveram todas as teorias quânticas consideradas como fundamentais para a descrição

do modelo. Ao fazer considerações sucintas e não aprofundar em temas da MQ acabaram por

limitar o assunto mesmo que alguns pontos fossem possíveis de serem abordados.

Os livros Q1 e QC3 trataram de forma bem completa o MAQ, mostrando que o tema é

possível de ser trabalhado no ensino médio de acordo com as suas descrições. Verificou-se que

os materiais dos livros descrevem bem a ordem cronológica dos acontecimentos, pois ao

abordarem os modelos atômicos também apresentam a existência do modelo mais

contemporâneo, favorecendo uma construção de conhecimentos (JUNIOR, 2013). Com isso, é

destacada a importância destas obras para a análise realizada.

Sendo assim, a avaliação de como a abordagem de assuntos específicos, como os

relacionados a MQ está apresentada nos livros didáticos, é importante pois permite ao professor

uma análise crítica dos recursos que são utilizados em sala de aula. Não é exagero afirmar que

esse tema contribuiu para ampliar o entendimento do mundo microscópico e como

consequência melhorar o conhecimento do mundo macroscópico através do ensino do MAQ no

ensino médio.

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6. SUGESTÃO PARA ESTUDOS POSTERIORES

Em um estudo posterior, dada à importância do tema, pode-se realizar a aplicação da

proposta em sala de aula com uma abordagem interdisciplinar. Com isso, tem-se a possibilidade

da articulação de várias disciplinas demonstrando ao aluno que os conteúdos estão relacionados

embora muitas vezes seja visto pelo discente ao longo do ensino médio de forma fragmentada.

É relevante também investigar como os professores trabalham e se abordam a química

quântica em suas aulas e propor um curso de formação continuada. Sendo possível ser aplicada

através de oficinas para os professores da educação básica.

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8. APÊNDICE

APÊNDICE A

Plano de Aula

Plano de Aula:

Área de conhecimento: Modelo Atômico Quântico

Data: ___/___/___

Duração: 5 aulas de 50 minutos

I. Tema: Ensino do Modelo Atômico Quântico: construção do conhecimento através das

teorias quânticas

II. Objetivo geral: Explorar e aplicar a proposta de oficinas pedagógicas com os alunos do

1º Ano, permitindo o desenvolvimento do conhecimento científico através do ensino do

MAQ.

III. Objetivos específicos:

• Identificar conhecimentos prévios dos alunos sobre os principais temas da teoria

quântica relacionadas ao Modelo Atômico Quântico; Destacar através de uma aula

expositiva as relevâncias e aplicações do tema, transições da teoria clássica para a

quântica e contribuições dos cientistas; Propor uma pesquisa em grupo para que os

alunos tragam reportagens relacionada ao tema;

• Realizar debates e discussões a partir dos materiais encontrados pelos alunos

relacionados ao tema; Abordagem expositivas sobre os conceitos de quantização de

energia; dualidade onda/partícula; princípio da incerteza; Modelo Atômico Quântico

• Discutir e demonstrar o Modelo Atômico Quântico através do uso de simuladores;

Propor a realização de seminários, em grupos, através de subtemas como: quantização

de energia; dualidade onda/partícula; princípio da incerteza.

• Avaliar as apresentações dos seminários.

IV. Conteúdos:

1 – Quantização de energia;

2 – Dualidade onda/partícula;

3 – Princípio da incerteza;

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4 – Modelo Atômico Quântico

V. Procedimentos didáticos: A disciplina se desenvolverá mediante cinco aulas expositivas

e dialogadas através de reportagens e debates sobre o tema. Uso de simuladores para

representação do Modelo Atômico Quântico, produção e apresentação de seminários

desenvolvidos pelos alunos.

VI. Recursos didáticos: Retroprojetor, slides e uso de simulador dos modelos atômicos.

VII. Avaliação:

Os alunos serão avaliados através da participação nas aulas, pelas discussões realizadas, pelos

materiais como as reportagens levadas para a sala e o desenvolvimento nos seminários

realizados.

VIII. Bibliografia:

ARROIO, A.; HONÓRIO, K. M.; WEBER, K. C.; HOMEM-DE-MELLO, P.; SILVA, A. B.

F. O ensino de química quântica e o computador na perspectiva de projetos. Revista Química

Nova, v. 28, n.2, p. 360-363, 2005.

BOULDER, U. O. C. Modelos do Átomo de Hidrogênio. Phet Colorado Interactive

Simulations. Disponivel em: <https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/hydrogen-

atom>. Acesso em: 11 Junho 2018.

FRIES, P. R. Oficina Pedagógica Em Uma Abordagem Transdisciplinar - Repercussões

Na Aprendizagem. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática) -

Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Pontifícia

Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2007.

MELO, D. S. A. Física Moderna e Contemporânea: uma proposta do uso de seminários

no ensino médio em busca de uma aprendizagem sinificativa da consttituição atômica

da matéria. Dissertação (Mestrado em ensino de ciências)- Prorama de Pós-Graduação em

ensino de ciências, Universidade de Brasília. Brasília -DF. 2011.

SETTI. Uma corrida quântica pelo computador do futuro. O Globo, 2014. Disponivel em:

<https://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/uma-corrida-quantica-pelo-computador-

do-futuro-11471165>. Acesso em: 12 Junho 2018.


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