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EFEITOS DO TREINAMENTO NEUROMUSCULAR DO COMPLEXO LOMBO-PELVE-QUADRIL SOBRE O VALGO DINÂMICO DO JOELHO DE ATLETAS DE
FUTSAL
EFFECTS OF THE NEUROMUSCULAR TRAINING OF THE LOMBO-PELVE-QUADRIL COMPLEX ON THE DYNAMIC VALUE OF THE FUTSAL ATHLETE
KNEE
João Felippe Fernandes – [email protected] Alves Almeida Junior- [email protected]
Ulisses de Souza Cardoso – [email protected] em Educação Física Bacharel– UNISALESIANO Lins
Prof° Esp. Jonathan Daniel Telles– Unisalesiano Lins –[email protected]
Prof.ª Jovira Maria Sarraceni – jo@unisalesiano .edu.br
RESUMO
O treinamento esportivo visa atingir as capacidades físicas inerentes dos seus
participantes, respeitando sua individualidade biológica e especificidade da
modalidade com que está inserido. Algumas das preocupações com os atletas são o
surgimento de lesões, que podem afastá-lo das atividades por tempo indeterminado
dependendo do grau da lesão. O joelho é uma das articulações mais acometidas no
futebol e uma das principais causas de lesões é o valgo dinâmico do joelho, onde o
fêmur se desloca medialmente em relação a tíbia com o pé fixo no chão,
aumentando a pressão em valgo sobrecarregando os ligamentos, principalmente o
ligamento cruzado anterior (LCA). O objetivo da pesquisa foi analisar a força e
estabilidade da região lombo-pelve-quadril de atletas amadores com idade de 13 a
15 anos, com um programa treinamento neuromuscular visando a prevenção de
lesões. Todos os participantes foram submetidos a avaliações do controle dinâmico
do membro inferior, através do step down test, Y balance test, teste do core
(adaptado) e resistência dos abdutores do quadril. Foram divididos 3 grupos por
sorteio aleatório, grupo fortalecimento core (GFC), grupo fortalecimento quadril
(GFQ) e grupo controle (GC). O (GC) não realizou nenhuma intervenção e os (GFC)
e (GFQ) foram submetidos a um programa de treinamento com duas sessões por
semana durante 4 semanas, com 4 exercícios específicos para cada grupo. Após o
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término das quatro semanas todos os participantes foram reavaliados. Os resultados
obtidos demonstraram que o (GC) obteve melhor desempenho nas avaliações, onde
foi comprovada uma diferença estatística (p< 0,05), comparado com os outros dois
grupos.
Palavras chave: Treinamento. Valgo dinâmico. Complexo lombo-pelve-quadril.
Prevenção de lesões.
ABSTRACT
Sports training aims at reaching the inherent physical abilities of its participants,
respecting their biological individuality and specificity of the modality with which it is
inserted. Some of the concerns with athletes are the onset of injuries, which can
keep you from activities indefinitely depending on the degree of the injury. The knee
is one of the most affected joints in soccer and one of the main causes of injuries is
dynamic knee valgus, where the femur moves medially in relation to the tibia with the
foot fixed on the floor, increasing the pressure on valgus by overloading the
ligaments, Especially the anterior cruciate ligament (ACL). The aim of the study was
to analyze the strength and stability of the loin-pelvis-hip region of amateur athletes
aged 13 to 15 years, with a neuromuscular training program aimed at injury
prevention. All participants underwent evaluations of the dynamic control of the lower
limb, through the step down test, Y balance test, core test (adapted) and resistance
of hip abductors. Three groups were divided by random lot, core strengthening group
(GFC), hip strengthening group (GFQ) and control group (CG). The (CG) did not
perform any intervention and the (GFC) and (GFQ) were submitted to a training
program with two sessions per week for 4 weeks, with 4 specific exercises for each
group. After the end of the four weeks all participants were reassessed. The results
showed that the (GC) obtained better performance in the evaluations, where a
statistical difference (p <0.05) was verified, compared to the other two groups.
Keywords: Training. Valgo dynamic. Complex lombo-pelvis-hip.
Prevention of injury.
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INTRODUÇÃO
Atualmente o futebol é um dos esportes mais praticados no mundo,
envolvendo diversas faixas etárias e se tornando cada vez mais competitivos. Essa
competitividade leva a mudanças de características no futebol atual, deixando de se
priorizar a técnica individual de cada atleta e aumentando a exigência física.
Podendo assim, estar prejudicando a carreira de um jovem atleta, aumentando a
probabilidade de futura lesões, ou até abandono precoce da pratica esportiva
(FILGUEIRA,2004; RIBEIRO et al., 2003, apud FRONZA E TEIXEIRA, 2009).
Diversos fatores podem levar ao surgimento de lesões, como: idade, gênero,
estado físico, equilíbrio postural, disfunção biomecânica, que leva a padrões de
movimentos inadequados, gerando sobrecarga nas articulações e ligamentos,
principalmente dos joelhos. O joelho é uma das articulações mais acometidas no
esporte, e suas lesões podem ser traumáticas por contato direto com um adversário
e não-traumáticas principalmente devido ao geno valgo do joelho, levando a
diversas complicações, como síndrome da dor anterior no joelho, lesões
ligamentares entre outras (BITTERNCOURT, 2010).
Contudo, o treinamento para jovens atletas deve ser bem estruturado e
periodizado, seguindo os princípios básicos do treinamento, explorando todas as
capacidades físicas e formando uma boa base de construção preparando o atleta
para uma fase de especialização no esporte (HOLLMAN; HETTINGER, 2005).
Sabendo da importância do treinamento na iniciação dos esportes para os
jovens, é essencial o fortalecimento da musculatura central do corpo, responsável
pela estabilização de movimentos funcionais e controle dos membros inferiores
podendo auxiliar na prevenção de lesões de jovens atletas, analisaremos a força e
estabilidade da região lombo-pelve-quadril, para detectar alguma disfunção do
controle dinâmico dos membros inferiores de atletas praticantes de futsal.
1 TREINAMENTO DESPORTIVO
A aplicação prática de treinamento, refere-se à, aquisição de conhecimentos,
habilidades e competências que devem ser desenvolvidas ao longo do período de
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preparação de um atleta de forma sistematizada, seguindo os princípios básicos do
treinamento, tais como: princípio da individualidade biológica, da sobrecarga, da
variabilidade, da especificidade, da progressão e da adaptação (TUBINO, 1994;
DANTAS, 1997).
O desenvolvimento dessas capacidades físicas são considerada “blocos de
construção”, formando uma boa base, que será indispensável na prática esportiva
que utiliza de padrões básicos de movimento para o aprimoramento e
especialização de habilidades motoras (GABBARD, 2000; HAYWOOD, 2001 apud
BOMBA, 2002).
A habilidade motora é um processo interno do indivíduo onde o nível reflete
sua aptidão para produzir um movimento em qualquer momento com características
diferentes e se mostram evidentes em distintos estágios da aprendizagem
(SCHIMIDT e WRISBERG, 2005; apud HOLLMAN; HETTINGER 2005).
2 LESÕES ASSOCIADAS ÀS ALTERAÇÕES BIOMECÂNICAS
A inclusão de jovens atletas praticantes de esportes competitivos vem
aumentando significativamente ao longo dos anos onde passam pela fase de
desenvolvimento cognitivo e motor. A intensidade com que esses jovens são
submetido a rotinas de treinamentos podem gerar alterações no alinhamento
postural interferindo no processo maturacional, é de suma importância nessa fase
enfatizar a qualidade da coordenação, os objetivos dos movimentos que serão
alcançados com mais precisão de forma retilínea e sem esforços, torna-se mais
ágeis e econômicos as sequências de movimentos de forma que o diminuição do
gasto energético necessite de menos oxigênio para uma dada solicitação muscular
atendendo um baixo grau de fadiga.
Quanto maior a dificuldade em realizar o movimento maior se torna a
importância da coordenação, sua melhora faz com que a partir de um acontecimento
consciente associado ao córtex cerebral se torne de maneira inconsciente onde o
automatismo fique entregue a centros cerebrais subordinados. Portanto, a economia
de movimentos reduz o perigo de lesões, que evitado por meio de uma melhor
coordenação da ação muscular impedindo movimentos secundários e inervação
supérflua. (HOLLMAN; HETTINGER, 2005).
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O índice de lesões no ligamento cruzado anterior tem aumentado
significativamente de alguns anos pra cá, a freqüência de rupturas tem sido cada
vez maior e são comuns hoje nos esportes de auto rendimento principalmente
aqueles que envolve movimentos giratórios, cerca de 70% das lesões de LCA
ocorrem sem qualquer contato, com a maioria se processando quando o fêmur é
rodado sobre a perna fixa com o joelho próximo da extensão plena durante corte,
aterragem ou parada brusca. Esses tipos de atividades que envolvem mudanças de
direção, aceleração e desaceleração do corpo propiciam movimentos rotacionais e
força em varo e valgo ao nível do joelho. Para que ocorra a ruptura do LCA, tende
ocorrer um excesso de translação anterior ou de rotação do fêmur sobre a tíbia deve
se levar em consideração que os movimentos feitos não são devidamente
planejados. (HALL, 2005).
A lesão do ligamento cruzado posterior (LCP) é mais comum em esportes
automobilístico quando há uma ruptura isolada sem qualquer dano dos outros
ligamentos ou dos meniscos, o mecanismo habitual é a hiperflexão do joelho com o
pé em flexão plantar. As lesões isoladas de LCP são tratadas habitualmente sem
qualquer operação. (HALL, 2005).
Lesões meniscais chamada de laceração ou estiramento meniscal é a lesão
mais comum do joelho. Em joelhos que sofrem ruptura do LCA, a distribuição normal
do estresse é afetada de forma que a força que atua sobre o menisco medial é
duplicada, na ausência de reconstrução do LCA, isso resulta em maior incidência de
lacerações do menisco medial, e a laceração meniscal é problemática devidoa
cartilagem não esta aderida e em sua posição normal tendo grande interferência na
mecânica articular provocando bloqueio ou falha da articulação. (HALL, 2005).
3 EXPERIMENTO
A pesquisa foi realizada com o objetivo de analisar a força e estabilidade da
região lombo-pelve-quadril de atletas amadores de futsal, com idade de 13 a 15
anos, com um programa treinamento neuromuscular visando a prevenção de lesões.
O presente estudo foi realizado na ABCEL – Associação beneficente, cultural
e esportiva de Lins, em um período de 4 semanas.
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Os participantes foram aleatorizados em três grupos, Grupo Fortalecimento
Quadril (GFQ), Grupo Fortalecimento Core (GFC) e Grupo Controle (GC), cada
grupo foi composto de 4 participantes do gênero masculino.
Todos os participantes da pesquisa realizaram as avaliações prévias, que
analisaram o controle dinâmico do membro inferior, equilíbrio e estabilidade do core,
pelos seguintes testes: Step down test, Y balance test, teste do core (adaptado) e
resistência dos abdutores do quadril. Após as avaliações o (GFQ) realizou 4
exercícios específicos para a região póstero-lateral do quadril, agachamento com
mini-band, afundo em isometria com faixa elástica, passada lateral com mini-band e
abdução e rotação latal com mini-band em decúbito lateral. O (GFC) realizou 4
exercícios específicos para a região do core, prancha frontal, prancha lateral,
elevação pélvica e escalador. Já o grupo controle não realizou nenhuma
intervenção, participando apenas dos treinamentos semanais junto com toda a
equipe.
Todos os participantes realizaram as avaliações iniciais e finais por um único
avaliador, logo após os participantes da pesquisa em seus respectivos grupos
aleatoriamente por outro avaliador e posteriormente os indivíduos foram
encaminhados para os treinos específicos de cada grupo durante 8 semanas e
posteriormente reavaliados. O avaliador foi cegado, portanto, não soube qual
indivíduo pertenceu a qual grupo.
4 RESULTADOS
Após a coleta de dados dos indicadores, os dados foram analisados através
do Test T Student que compararam os grupos (GFQ), (GFC) e (GC) de forma
estatística. De acordo com Vieira (1999) é o mais usado para comparar duas
médias. Mas para que isso seja realizado é necessário estabelecer o nível de
significância, sendo igual a 0,05 ou 5%.
Na tabela 1, são apresentados os valores da média e desvio-padrão dos
resultados dos testes pré e pós intervenção da perna direita dos participantes do
grupo core. Foram observadas diferenças estatisticamente significantes (p ≤ 0,05),
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do step down test, teste do core adaptado e teste dos abdutores do quadril do valor
pós quando comparado com o pré.
TABELA 1 – Resultados dos testes realizados no grupo core pré e pós intervenção
na perna direita.
Testes Pré
Média (DP)
Pós
Média (DP)
Valor p
Step Down Test 69 89 0,001*
Y Test
Teste core
Teste dos abdutores
265,26
60
66
312,26
126
99
0,063
0,03*
0,007*
Fonte: Fernandes, Almeida, Cardoso, 2016 # em relação ao pré.
Na tabela 2, são apresentados os valores da média e desvio-padrão dos
resultados dos testes pré e pós intervenção da perna esquerda dos participantes do
grupo core. Foram observadas diferenças estatisticamente significantes (p ≤ 0,05),
do step down test, Y test e teste dos abdutores do quadril do valor pós quando
comparado ao pré.
TABELA 2 – Resultados dos testes realizados no grupo core pré e pós intervenção
na perna esquerda.
Testes Pré
Média (DP)
Pós
Média (DP)
Valor p
Step Down Test 69 89 0,011*
Y Test
Teste core
Teste dos abdutores
272,43
60
69
315,43
126
96
0,008*
0,03*
0,032*
Fonte: Fernandes, Almeida, Cardoso, 2016 # em relação ao pré.
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Na tabela 3, são apresentados os valores da média e desvio-padrão dos
resultados dos testes pré e pós intervenção da perna direita dos participantes do
grupo quadril. Foram observadas diferenças estatisticamente significantes (p ≤ 0,05),
apenas no step down test do valor pós quando comparado ao pré.
TABELA 3 – Resultados dos testes realizados no grupo quadril pré e pós
intervenção na perna direita.
Testes Pré
Média (DP)
Pós
Média (DP)
Valor p
Step Down Test 74 110 0,007*
Y Test
Teste core
Teste dos abdutores
305,66
41
86
321,69
53
111
0,308
0,290
0,124
Fonte: Fernandes, Almeida, Cardoso, 2016 # em relação ao pré
Na tabela 4, são apresentados os valores da média e desvio-padrão dos
resultados dos testes pré e pós intervenção da perna esquerda dos participantes do
grupo quadril. Foram observadas diferenças estatisticamente significantes (p ≤ 0,05),
no step down test e no teste dos abdutores do quadril do valor pós quando
comparado ao pré.
TABELA 4 – Resultados dos testes realizados no grupo quadril pré e pós
intervenção na perna esquerda.
Testes Pré
Média (DP)
Pós
Média (DP)
Valor p
Step Down Test 76 113 0,014*
Y Test
Teste core
Teste dos abdutores
296,3
41
76
324,06
53
105
0,143
0,290
0,005*
Fonte: Fernandes, Almeida, Cardoso, 2016 # em relação ao pré
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Na tabela 5, são apresentados os valores da média e desvio-padrão dos
resultados dos testes pré e pós intervenção da perna direita dos participantes do
grupo controle. Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes (p ≤
0,05) do valor pós quando comparado ao pré.
TABELA 5 – Resultados dos testes realizados no grupo controle pré e pós
intervenção na perna direita.
Testes Pré
Média (DP)
Pós
Média (DP)
Valor p
Step Down Test 65 61 0,091
Y Test
Teste core
Teste dos abdutores
294,2
80
99
289,4
66
94
0,258
0,235
0,079
Fonte: Fernandes, Almeida, Cardoso, 2016
Na tabela 6, são apresentados os valores da média e desvio-padrão dos
resultados dos testes pré e pós intervenção da perna esquerda dos participantes do
grupo controle. Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes (p ≤
0,05) do valor pós quando comparado ao pré.
TABELA 6 – Resultados dos testes realizados no grupo controle pré e pós
intervenção na perna esquerda.
Testes Pré
Média (DP)
Pós
Média (DP)
Valor p
Step Down Test 67 61 0,167
Y Test
Teste core
Teste dos abdutores
285,4
80
82
283,2
66
75
0,213
0,235
0,132
Fonte: Fernandes, Almeida, Cardoso, 2016
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5 DISCUSSÃO
Estudos recentes, (BITTENCOURT,2010) vem destacando o valgo dinâmico
como um dos principais fatores de predisposição a lesões no membro inferior,
causando uma alteração no alinhamento dinâmico do joelho e gerando uma
sobrecarga na articulação do joelho com forças rotacionais e de cisalhamento, em
movimentos funcionais, onde ocorrem mudanças de direção, paradas bruscas,
aceleração e desaceleração. Dentre as principais lesões, se destacam a síndrome
da dor patelofemoral (SDP) e ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA).
As causas para o aumento do valgismo dinâmico do joelho podem ser
caracterizadas por multifatoriais, associadas com mau alinhamento dinâmico do
membro inferior. Estudos de Powers et. al. (2010) verificaram a influência dos
estabilizadores do quadril nas lesões do joelho e tem evidenciado déficit de força
dos músculos rotadores laterais, abdutores e extensores do quadril, em pacientes
com SDP. O déficit de força e desativação dos grupos musculares abdutores,
rotadores laterais e extensores do quadril, pode gerar alteração do controle dinâmico
do membro inferior em movimentos funcionais na prática esportiva.
Hewett et. al. (2003) relataram outro fator que pode ocasionar possíveis
lesões nos esportes que é a instabilidade do tronco mediante os movimentos de
mudanças rápidas de posição, fazendo com que o mesmo lateralize deslocando o
centro de gravidade. Esse é o local denominado pela literatura de Core, de onde tem
início todos os movimentos corporais, controle dinâmico do tronco e da pelve,
permitindo a produção, transferência e controle de força dos segmentos corporais.
Seguindo este conceito Zazulak et.al. (2007) seguiram prospectivamente 277
atletas e verificaram que 25 sofreram lesões no joelho no período de três anos.
Relataram que fatores relacionados a estabilidade do Core, como propriocepção do
tronco, história de dor lombar e excessivo deslocamento lateral do tronco foram
preditores para lesões no joelho. Ambos estudos demonstraram que o déficit de
força da região lombo-pelve-quadril, está associado com o aumento do valgo
dinâmico do joelho. Evidenciando as duas estratégias de treinamento nosso estudo
buscou analisar dois tipos de treinamento e comparar sua efetividade com o grupo
controle.
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No presente estudo pode-se observar uma melhora significativa no grupo
Core em relação aos outros dois grupos. Com isso, acredita-se que os exercícios de
estabilização do core em decúbito frontal, decúbito lateral e decúbito dorsal,
realizados no presente estudo pode melhorar o controle dinâmico dos membros
inferiores em movimentos funcionais de esportes que necessitam ativação dessa
musculatura.
6 CONCLUSÃO
Após a realização das avaliações podemos concluir que o treinamento
neuromuscular foi eficaz nos grupos que realizaram a intervenção com exercícios
específicos para ativação do complexo póstero-lateral do quadril e também no grupo
que realizou exercícios de estabilização do Core, comparados com o grupo controle,
apesar do curto período de intervenção que foi de 4 semanas. Os resultados obtidos
no presente estudo mostraram que o grupo Core obteve melhores resultados
comparado com o grupo fortalecimento do quadril e o grupo controle não
demonstrou nenhuma alteração nos testes.
Com esse estudo destacamos que a elaboração de programas de
treinamento visando o fortalecimento da região lombo-pelve-quadril, com exercícios
funcionais dinâmicos e de estabilizações pode ser uma excelente estratégia para
prevenção de lesões nos membros inferiores de atletas jovens praticantes de futsal.
Mais pesquisas sobre o assunto são necessárias para identificar as possíveis
causas das lesões musculoesqueléticas nos membros inferiores sem contato e
formas para minimizar as mesmas, com a prescrição de treinamento visando a
melhor performance no esporte.
REFERÊNCIAS
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BOMPA, T.O.; Treinamento Total Para Jovens Campeões: programas comprovados de condicionamento para atletas de 6 a 18 anos. 1 ed. Editora Manole. Barueri S.P 2002.
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DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A.; Anatomia básica dos segmentos orgânicos. Editora Atheneu, São Paulo, 2005.
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GOMES, A.C.; Treinamento Desportivo: estruturação e periodização. Editora Artmed. Porto Alegre 2002.
HALL, S. J. Biomecânica Básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S A , 2005.
HEWETT, T.E., MYER, G. D., FORD, K. R., et. al. Biomechanical measures of neuromuscular control and valgus loading of the knee predict anterior cruciate ligament injury risk in female athletes: a prospective study. Am JSposts Med2005 April; 33 (4):492-501
HOLLMANN, W., HETTINGER, T. Medicina do Esporte: fundamentos anatômico-fisiológicos para a prática esportiva. 4 Edição Ampliada. Editora Manole. Barueri S.P 2005.
KAPANDJI, I. A. Fisiologia articular: esquemas comentados de mecânica humana.5 ed. Rio de Janeiro: Panamericana, 2000.
MAIA, M. S. et all. Associação do valgo dinâmico do joelho no teste de descida de degrau com a amplitude de rotação medial do quadril. Ver Bras de Med Esporte. Vol 18, n 3. São Paulo, 2012. WEINECK, J. Treinamento Ideal: instruções técnicas sobre o desempenho fisiológico, incluindo considerações específicas de treinamento infantil e juvenil. 9 ed. Editora Manole. Barueri S.P 2003.
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