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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC : CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período : _AGOSTO _/_2015 _ a _JULHO _/_2016 _ ( ) PARCIAL ( X ) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto: MERCADOS INTERCULTURAIS: práticas, linguagens e identidades em contextos amazônicos. Nome do Orientador: Voyner Ravena Cañete Titulação do Orientador: Doutora Faculdade: Biologia Instituto/Núcleo: ICB Laboratório: ----------------------- Título do Plano de Trabalho: Maracajó: Produção e Comercialização da Farinha de Mandioca em uma Comunidade Camponesa. Nome do Bolsista: Fabiano da Silva Medeiros. Tipo de Bolsa : ( X ) PIBIC/ FAPESPA
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

DIRETORIA DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC : CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT,

PADRC E FAPESPA

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO

Período : _AGOSTO_/_2015_ a _JULHO_/_2016_( ) PARCIAL ( X ) FINAL

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Título do Projeto: MERCADOS INTERCULTURAIS: práticas, linguagens e identidades em contextos amazônicos.

Nome do Orientador: Voyner Ravena Cañete

Titulação do Orientador: Doutora

Faculdade: Biologia

Instituto/Núcleo: ICB

Laboratório: -----------------------

Título do Plano de Trabalho: Maracajó: Produção e Comercialização da Farinha de

Mandioca em uma Comunidade Camponesa.

Nome do Bolsista: Fabiano da Silva Medeiros.

Tipo de Bolsa : ( X ) PIBIC/ FAPESPA

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Introdução

Este trabalho versa sobre a compreensão da temática camponesa brasileira. Para

tanto, aprofundou-se na literatura sobre o tema e com isso elucida lacunas existentes no

trabalho de campo e teórico a partir de uma percepção amazônica. No entanto, não se

distancia do cenário brasileiro, compactuamos com as afirmações de Eric Sauborin

sobre as comunidades camponesas brasileiras que:

Existe também em função de um sentimento de pertencimento a um grupo, de uma identidade coletiva e do compartilhamento de saberes, práticas e, sobretudo, valores que a constituem. Uma vez que a origem destas comunidades também é ligada à religião, esta constitui muitas vezes um dos principais valores simbólicos de referencia comum. Para os camponeses, por definição, “a comunidade” é aquela que se reúne as “famílias que rezam juntas”. (SAUBORIN, 2009, p. 51).

Fazendo uma breve contextualização das discussões sobre a temática

Camponesa Brasileira, este trabalho busca se apropriar do conceito específico de

camponês Amazônico, este já discutido por Ravena-Cañete como sendo:

Um universo socialmente integrado ao conjunto da sociedade brasileira e ao contexto atual das relações internacionais [...] Porém, considero que este mundo rural mantém particularidades histórica, sociais, culturais, e ecológicos o recortam como uma realidade própria, da qual fazem parte, inclusive, as próprias formas de inserção na sociedade que a engloba (WAN DERLEY, M. N. B. 1996 Apud RAVENA-CAÑETE, 2011. p 168).

Diante a literatura disponível e trabalhada para a confecção deste trabalho, é

possível identificar que o desenvolver das formas de vida camponesas são

extremamente peculiares e específicas de acordo com a região das discussões e acesso à

literatura sobre o campesinato. Comunidades rurais que vivem há muitas décadas com

certa proximidade com comunidades urbano-industriais e, mesmo assim, ainda,

conseguem permanecer com suas características “de ser e viver camponês” RAVENA-

CAÑETE, 2014. Portanto, a categoria campesinato pode estar presente nas discussões

sobre comunidades tradicionais, posto que estas comunidades estudadas como

tradicionais segundo Diegues, assim se caracterizam:

Comunidades tradicionais estão relacionadas com um tipo de organização econômica e social com reduzida acumulação de capital, não usando força de trabalho assalariado. Nela produtores independentes estão envolvidos em atividades econômicas de pequena escala, como agricultura e pesca coleta e artesanato. Economicamente, portanto essas comunidades se baseiam no uso de recursos naturais renováveis (DIEGUES, 1994, p.51).

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Desse modo, a comunidade de Maracajó apresenta particularidades camponesas

que se baseiam na agricultura familiar, com o predomínio da produção de farinha de

mandioca - Manihot Esculenta Crantz (MURRIETA E SILVA, 2014) e com isso

apresenta uma especificidade nas relações diárias, que são importantes para a

continuidade do modo de vida camponês amazônico. Dessa forma, afirmamos que a

reciprocidade entre os camponeses tem um papel articulador de relações conforme

afirmar Sauborin:

A Reciprocidade: Por reciprocidade, entendemos a dinâmica de reprodução de prestações, geradora, de vinculo, social, identificada por Mauss (1924).Temple (2003c) define a reciprocidade como o redobramento de qualquer ação ou prestação, que permite reconhecer o outro e participar de uma comunidade humana. (SAUBORIN, 2009, pg. 51).

Justificativa:

A comunidade de Maracajó faz parte do município de Colares, região localizada

na costa do salgado paraense. A referida comunidade está localizada há quatro horas da

capital do estado, Belém, e a duas horas da sede do município de Colares, a qual

pertence.

Figura 1 – Localização do município de Colares.

Fonte: http://freguesiacolares.blogspot.com.br/2006_09_01_archive.html, acesso em 25 de julho de 2016.

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Trata-se de uma região muito rica em recursos naturais, com destaque para a

comunidade lócus da pesquisa pela produção da farinha de mandioca, considerado na

comunidade como fonte de “tudo”. A população camponesa de Maracajó forma de

produção de farinha específicos, como é possível ver no diálogo abaixo da moradora

Luzia de 40 anos de idade que também exerce o cargo de professora da escola local:

“Luzia: Eu gosto de fabricar mesmo minha farinha mesmo eu

gosto de fazer bem aperfeiçoada, eu gosto de arrancar mandioca

de fazer meu serviço da roça de fabricar minha farinha” (Fonte:

trabalho de campo, Novembro/2014).

Isto quer dizer, a comunidade camponesa de Maracajó traz em seu cotidiano a

produção de farinha, onde esta se faz presente para adquirir outros bens que não se

produz na comunidade, como também para seu alimento, e ainda é o fio condutor que

liga os “Maracajoenses” em uma teia de reciprocidade, assim como apresenta Godelier:

Dar e receber institui simultaneamente uma relação dupla entre aquele que dá e aquele que recebe. Uma relação de solidariedade, pois, quem dá partilha o que tem, quiçá o que é, com aquele a quem dá, é uma relação de superioridade, pois, aquele que recebe o dom e o aceita fica em divida para com aquele que deu. Através dessa dívida, ele fica obrigado e, portanto, encontra-se até certo ponto sob, sua dependência, ao menos até o momento em que conseguir “restituir o que lhe foi dado” rever esta citação, pois acho que isso é um apud (GODELIER, 2001, p. 23).

Caracterizando esses laços, apresentam-se aqui duas famílias que deram origem

a comunidade de Maracajó, a família Pereira e a família Monteiro. Estas duas famílias

já dispuseram de grande parte das terras da comunidade, no entanto, atualmente a

comunidade é composta por aproximadamente 150 famílias e houve um aumento no

número de troncos familiares. As famílias que despontam como importantes na

comunidade são Macedos, Santa Rosa, Moraes e Monteiro de Souza. Essas famílias

produzem farinha “junta” em seus grupos de parentesco1, trocam, casam e com isso

mantém diversos laços de reciprocidade. A figura abaixo apresenta a atividade de

descascar a mandioca, tal atividade é desenvolvida familiarmente.

1 Parentesco: “O parentesco seria, então uma relação de filiação socialmente reconhecida (o que inclui a relação de adoção). Duas pessoas são parentes quando uma descende da outra, ou quando ambas descende de um antepassado comum.” (Radcliffe-Brown, 1950:19 Apud Woortmann 1995, pg.69).

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Figura 2 – Família reunida descascando mandioca

Fonte: trabalho de campo – Novembro/2014.

Posto isso, é importante ressaltar os laços de parentesco presentes nessa

comunidade amazônica, onde estes configuram e reconfiguram os laços locais, pois, na

falta de Mão de obra jovem na roça, os laços tem se modificado usando estratégias de

grupos de parentesco para ter acesso à ajuda no trabalho da capina, do plantio e da

torragem da farinha. Nesta comunidade, atualmente, a agricultura (produção de farinha)

é um atividade desenvolvida predominantemente pelas mulheres, no quadro abaixo é

possível identificar que apenas dois dos entrevistados são homens. A maioria dos

homens em idade de trabalho está alocada na capital paraense - Belém, empregados pela

construção civil e outros trabalhos braçais, uma característica de comunidades

camponesas, para tanto vale evocar Wanderley, que evidencia tal cenário:

Ressalta que a produção de subsistência, apesar de compor o cenário camponês, não o reduz a ela já que a necessidade de “conservação” e “crescimento do patrimônio familiar” regem as escolhas do grupo, guardando sua característica camponesa. Por outro lado a pluriatividade e o trabalho externo não distorcem o modelo de

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produção camponês, pois se transformam, na realidade, em uma estratégia a mais para superar os momentos de infortúnio do grupo. (WANDERLEY, 1996 Apud Ravena – Cañete, 2011 pg. 173).

1º Quadro (Homens e mulheres da comunidade em idade de trabalho)

QUANTIDADE IDADE (ANOS)

HOMENS 02 40,43

MULHERES 13 78, 61, 24, 33, 40, 49, 58, 39, 26, 64, 61,

42, 29.

Fonte: trabalho de campo, Novembro/2014

A comunidade apresenta problemas na transmissão dos saberes tradicionais da

roça para os mais jovens, e o grupo familiar e importante para as comunidades

campesinas como aponta Ravena-Cañete na definição de Shanin:

A unidade familiar toma proporções mais amplas. A socialização do trabalho configura-se como elemento que reforça os laços familiares. A agricultura baseada no modelo camponês, portanto, está fortemente atrelada á família como unidade de reprodução de conhecimento e técnicas agrícolas (RAVENA-CAÑETE, 2011, p. 171).

A partir do momento que uma peça deste modelo não se faz presente, neste caso,

os jovens, a comunidade de Maracajó cria estratégias através do parentesco para obter

uma nova peça que o substitua e não perca o seu “modo de ser e viver camponês

amazônico” (RAVENA-CAÑETE, 2011).

Em suma este trabalho busca aprofundar os estudos sobre comunidades

amazônicas que venham colaborar com as discussões sobre o meio ambiente,

parentesco, reciprocidade e sociabilidades criadas em torno da produção de farinha na

comunidade de Maracajó/Colares-PA, e como pontua Ravena- Cañete na Amazônia:

O mundo rural não se restringe apenas á produção agrícola, mas se estende a um leque variado de atividades relacionadas a serviços e comercio, formando assim um cenário diverso, bem diferente do imaginário presente no senso comum que vê a área rural composta apenas por atividades diretamente relacionadas á agricultura. (2011, p.148).

Portanto através desta discussão cria-se problemática desde trabalho: Em que medida

pode-se compreender a produção e comercialização de farinha de mandioca na

comunidade de Maracajó, Colares/PA como um fato social total?

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Objetivo geral

Descrever o processo de produção e comercialização da farinha, especialmente

enfocando a cadeia e relações estabelecidas para venda da mesma, de forma a

compreender essa atividade como um fato social total.

Objetivos Específicos:

1. Descrever as sociabilidades que se expressam no processo de produção da

farinha.

2. Identificar e descrever as relações de parentesco que tecem a organização social

da comunidade.

3. Identificar e descrever os conhecimentos tradicionais voltados ao fazer da

farinha.

4. Identificar e descrever a cadeia produtiva que marca a produção e

comercialização da farinha

Materiais e Métodos:

A metodologia usa a abordagem quanti-qualitativa. Busca um levantamento

socioeconômico da comunidade, assim como também compreender como a comunidade

de Maracajó em Colares-PA, produz e comercializa a farinha de mandioca. O trabalho

será construído com o uso de método de amostragem do universo, usando uma amostra

de 10% sobre o mesmo, sendo que este totaliza 150 famílias que residem na

comunidade. Os dados socioeconômicos permitiram estabelecer e elencar os critérios a

serem utilizados para a escolha dos entrevistados.

Também foram usadas entrevistas semiestruturadas, para assim compreender

melhor a relação das pessoas com o meio ambiente que os circunda, e elencar as

percepções que os moradores possam ter das transformações no seu meio social, e

entender como se desenha e redesenha os laços de parentesco nessa nova reconfiguração

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da comunidade de Maracajó. Vale ressaltar que a pesquisa também deu ênfase às

percepções dos jovens e adultos na faixa etária de 24 a 78 anos, também foi utilizado

recursos fotográficos que contribuem na apresentação de dados etnográficos e coversas

informais tanto nas casas de farinha e nas residências que contribuíram para um olhar

mais descritivo e elucidativo das vivencias camponesas na comunidade de maracajó.

RESULTADO:

DESCREVER AS SOCIABILIDADES QUE SE EXPRESSAM NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DA FARINHA

Falar de sociabilidades na produção de farinha maracajoenses é pensar nos laços que

não terminam ao final do mutirão, capina ou plantio. Nesse cenário, as sociabilidades

se expressam nas relações que atravessam o dia a dia, como por exemplo, no

empréstimo de farinha para algum parente ou amigo que já participou da “ajuda mútua”.

Essas uniões no trabalho vão criando uma teia de sociabilidade ou contatos

estreitos entre as famílias da comunidade, pois, como afirmar Simmel: “O principio da

sociabilidade: cada indivíduo deve garantir ao outro aquele de valores sociáveis,

(alegria, liberação, vivacidade) compatível com o Maximo de valores recebidos por esse

indivíduo”. (Simmel, 2006 p. 69).

Relações estreitas compõe parte do mundo rural, pois, a importância com o outro

são atividades diárias, é possível perceber este cenário de relações a partir do convívio

com o camponês. Para elucidar esta afirmação, apresenta-se um diálogo entre alguns

interlocutores desta pesquisa, como por exemplo: “toma logo um cafezinho mano/ udiá

não vai tomar um gole de café/ esse pequeno é pavulagem” (Trabalho de campo,

Novembro/2014). Atentar-se a estas pequenas expressões nos mostra a importância de

participar do dia a dia das famílias onde uma pessoa nunca passará despercebida, onde

sempre será integrada ao grupo e a participar das conversas ou refeições.

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Figura 3 – Começo da noite em uma casa camponesa

Fonte: trabalho de campo, Julho/2015.

Portanto, na comunidade a produção de farinha compõe formas de sociabilidade,

ademais de benefícios alimentícios, como é possível perceber a partir do diálogo a

seguir: “quem toma café, aquele que prova do meu chibé na passagem pela minha roça,

provavelmente já participou do meu mutirão (Trabalho de campo, Julho/2015)”. Outra

parte importante da sociabilidade criada na produção de farinha acontece no mês de

julho, pois, nesta época do ano ocorrem as peregrinações do santo padroeiro da

comunidade, conhecido como “espírito santo”.

Ao visitar a casa em que o santo está, essa geralmente é a que se tem mais

afinidade com o dono da mesma, pois, estas “rezas” são geralmente regadas a café ou

mingau, bolo, e o de melhor que cada família possa oferecer. O camponês maracajoense

somente desfruta dessas dádivas na casa que é bem acolhido e quando se faz presente a

relação criada na roça. Esses momentos são de conversa e divertimento, muitas

conversas sobre o passado ou de familiares bem antigos, estes laços são criados através

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do dia a dia na roça em seus diversos momentos. Nesse sentido, vale evocar Simmel,

quando destaca que a conversa:

(...) se expressa como a experiência mais banal: se, na seriedade da vida, os seres humanos conversam a respeito de um tema do qual partilham ou sobre o qual querem se estender, na vida sociável, o discurso se torna um fim em si mesmo- mas não no sentido naturalista, como no palavrório, e sim como arte de conversar, com suas próprias leis artísticas. Na conversa puramente sociável o assunto é somente o suporte indispensável do estimulo desenvolvido pelo intercâmbio vivo do discurso enquanto tal. (Simmel, 2006. p. 75)

A figura a seguir evidencia a festa descrita, expressando o movimento e

envolvimento da comunidade.

Figura 4 – Festa do Divino Espírito Santo

Fonte: trabalho de campo, Julho/2015.

Poder participar desta festa na comunidade e ter a experiência de encontrar o

começo e fim da roça figura como uma experiência de campo ímpar. Nos dias em que a

peregrinação acontece, as pessoas se juntam, de forma ordenada com seus parceiros de

roçado para festejar, pedir proteção e fartura para a colheita que virá. Agradecem as

benções alcançadas, ou pedem pelos enfermos. Esses são traços da vida camponesa que

se desenham diariamente e que são levados para a produção de farinha, sendo possível

também afirmar que podem vir da própria produção farinha.

Nesse caso, foi possível perceber em campo que não existem regras fechadas de

sociabilidade, mas que ela só acontece nas minúcias da vida camponesa. Nesse sentido,

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para Simmel essa sociabilidade, pautada nas miudezas do cotidiano, serve como um

articulador de escolhas no trabalho e na vida, para tanto, vale evocar um trecho de sua

obra:

A sociabilidade cria, caso queira, um mundo sociologicamente ideal: a alegria do individuo esta totalmente ligada à felicidade dos outros. Aqui, ninguém pode em principio encontrar sua satisfação à custa de sentimentos alheios totalmente opostos aos seus. (Simmel, 2006. p. 69).

Mas se a farinha ordena fortemente a vida camponesa, as formas de uso dos

diversos recursos naturais que marcam a comunidade também merecem atenção, pois se

destacam no cotidiano camponês. Dessa forma, como já mencionado, é possível refletir

que os maracajoenses em sua essência são pessoas que se importam uns com os outros

mesmo que com conflitos internos que são parte da vivencia social e estabelecem laços

sociáveis seja no trabalho de produção de farinha ou nas pequenas convivências diárias,

como a divisão de alimentos que são comprados fora da comunidade como os peixes de

água salgada (peixe salgado) que são tidos como uma maneira de presentear seu amigo

ou parente de roçado.

Figura 5 – Peixe salgado (Feira de Vigia de Nazaré)

Fonte: trabalho de campo, Julho/2015.

Finalmente, sociabilidade em uma comunidade camponesa se reflete na

produção da farinha. A produção de farinha não envolve apenas o imaginário de plantar

colher e fazer farinha, existe um cenário complexo muito maior do que apenas o fazer

mecânico de uma mercadoria. A complexificação desta produção desencadeia em um

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cenário de parentesco e reciprocidade em todas as esferas do cotidiano desta

comunidade, desde a preparação do terreno para plantio até o consumidor final.

Para tanto, a sociabilidade nesta comunidade evidencia relações de parentesco e

reciprocidade que perpetuam a sobrevivência e garantem os modos de vida da

comunidade. Este cenário pode ser compreendido a partir de uma observação e coleta de

dados onde os interlocutores argumentam que todos se ajudam quando precisam, tanto

na mão de obra como suprimentos básicos como compartilhamento de produção

agrícola.

Identificar e descrever as relações de parentesco que tecem a organização

social da comunidade

Como já mencionado, atualmente mais de cento e cinquenta famílias compõe a

comunidade, para tanto, existe uma complexificação de parentesco. Nesse sentido, é de

suma importância elucidar este cenário a partir de um quadro elaborado a partir da

estadia em campo e dos dados coletados.

2º Quadro (2º geração de moradores do maracajó e seus filhos)

Estes são os que têm direito a terra no maracajó, na atualidade.

PAIS FILHOSDalvina Lica, Anália, Loló, João, Abel

Albertino Conceição, Sonia, Irene, Linaldo, Zé leno, rui

João Noel, Anastácia, Terezinha, Maria de Lourdes

Lica Zila, Mariazinha, Filipinho, Quirino, Odite

Loló Ana Maria, Mundica, Maria dos anjos, Oneide, Avelinozinho, Rosa, Malica

Anália Ana, Luci, Siloca, Rosemiro, Dondoca, Rita, Florzinha, Mariana,

Milica, Nail, Cecilia, RaimundoVidico Clovis, Chango, Mica, Paula, Branca,

Lucy, Marlene, Sessel, NitaSancha Lindaval Vivi, Totes

Fonte: trabalho de campo, Julho/2015.

O quadro acima evidencia a segunda geração de moradores da comunidade,

estas pessoas se consideram primos, mesmo vindo de linhagens diferentes. As famílias

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Pereira e Monteiro se tratam e consideram primos diretos e com isso transferiram para

os seus filhos a mesma particularidade familiar, ademais de casaram entre si elaborando

uma estratégia antiga das famílias camponesas, que usufruem do parentesco para acesso

a terra, pois, segundo Woortmann:

O parentesco seria, então uma relação de filiação socialmente reconhecida (o que inclui a relação de adoção). Duas pessoas são parentes quando uma descende da outra, ou quando ambas descende de um antepassado comum. (Radcliffe-Brown, 1950:19 Apud Woortmann 1995, pg.69).

Posto isso, podemos adentrar na organização da comunidade que é composta por

121 hectares conforme especificado na Receita Federal e registrado como Sitio são José,

nome que nenhum dos moradores reconhece. A organização territorial local se ordena

pelo parentesco, pois, cada família tem sua terra por ligação de seus antepassados.

Nesse sentido, vale exemplificar e explicar algumas articulações de parentesco que

findam na divisão de terras e acesso e uso das mesmas, por exemplo: a família de dona

Lica, João, Dalvina usam a parte de terras conhecidas como “Açai”, os familiares

Anália, Vidico e Sancha são detentores do “centrão”, e as famílias de Albertino e Loló

usam as terras do “Souza”, onde hoje em dia é um local muito disputado na

comunidade, pois, foi pouco utilizado e com isso ainda é fértil com igarapés acessíveis,

e com isso traz certo conflito na comunidade, pois, hoje vários filhos e netos, fazem uso

do antepassado comum para terem um pedaço de “terra” e vão trazendo novas famílias

para a comunidade e reavivando os mutirões que andavam fora de moda na

comunidade, porque onde tem “parentela” mão de obra na roça não falta.

Com isso o parentesco ganha um papel de destaque nas relações, pois, serve

como regra para o acesso, mas, além disso, ele cria áreas de concentrações de terra no

meio maracajoense onde estas mesmas são disputadas pela sua fertilidade. Existem

formas para acessar essas terras, uma delas é o a partir do casamento. O casamento se

complexifica a partir da família na qual uma pessoa está se inserindo. Por exemplo, as

famílias mais antigas dispõem de privilégios, pois estão na localidade há mais tempo e

são mais respeitadas. Contudo, o casamento não é garantia de acesso à terra, pois como

afirma Woortmann (1995), o casamento e a relação de parentesco deve ser reconhecida

pelo grupo.

Desta forma os novos casais da comunidade sempre optam por escolher os

terrenos onde possam usar também como roçado, este geralmente feito na parte dos

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fundos das residências, mas com isso criam-se divergências por certos terrenos. Os

melhores terrenos são aqueles que foram pouco utilizados e são mais propícios a lograr

boas roças. No entanto, a decisão é feita considerando o vinculo parental do casal com

os antigos moradores do terreno que o casal almeja conseguir. Assim, o senhor Macário

(representante legal das terras de Maracajó) é solicitado e é feita a solicitação junto a

ele, o mesmo visita os moradores mais antigos da comunidade e avisa o ocorrido e eles

aceitam ou não a doação daquele pedaço de terra ao casal.

Com isso é possível identificar que as decisões de divisão da terra na

comunidade são feitas a partir do parentesco, onde o mesmo é caracterizado pela

aceitação que os solicitantes da terra fazem parte do grupo de parentesco local. Neste

caso fazendo parte de algum dos troncos familiares da comunidade, preferencialmente,

um dos solicitantes tenha um laço de parentesco com a família que e dona da extensão

de terra almejada. Pois, desta forma ficará mais fácil obter o terreno como já dito o

primeiro critério para obtenção do terreno é necessário ter o reconhecimento pelo

membro mais velho da família como integrante do grupo familiar.

Isso pode ser elucidado nas figuras abaixo onde a área do Souza, Açai e Centrão

são das respectivas famílias: Açai: Lica, João, Dalvina; Centrão: Anália, Vidico e

Sancha; Souza: Albertino e Loló.

Estes oitos moradores citados acima que são tidos como os primeiros detentores

das respectivas extensões de terra e desta forma são a partir deles que é pensado o

vínculo parental de cada camponês para ter acesso a terra na comunidade de maracajó.

Portanto só terra direito a possuir terra própria na comunidade quer for

filho,neto,bisneto desses primeiros moradores, E uma regra nunca quebrada até hoje.

desejamNesta figura abaixo, é possível ver uma parte da extensão de terra

correspondente a familiares de Albertino e Loló, mas que hoje e bastante cobiçado por

outros moradores da comunidade por ainda possuir locais onde nunca foi feito roçado,

Então seriam muito férteis.

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Figura 6 – área do Souza

Fonte: trabalho de campo, Julho/2015.

Nesta outra figura, e apresentado à extensão de terra correspondente a familiares

de Lica, João, Dalvina, parte da comunidade que foi chamada assim por ter a maior

concentração de açaizais dentro da comunidade e que sempre foi tida como a parte onde

as primeiras famílias pereiras e monteiros obtiveram residências e hoje abriga os mais

velhos moradores ainda vivos, como seu totó, Célia, Dona Branca, Dona Fatima.

Figura 7 – área do Açai

Fonte: trabalho de campo, Julho/2015.

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Na ultima figura que corresponde a área do centrão que são de familiares de

Anália, Vidico e Sancha, na atualidade ela começa a receber novas casas, pois, sempre

foi usada como locais onde faz roçado e se tem as casas de forno, mais em uma nova

configuração de parentesco e o casamento de filhos essa parte de maracajó começa a

receber suas novas residências.

Figura 8 – área do Centrão

Fonte: trabalho de campo, Julho/2015.

O “Souza” é uma parte da comunidade em expansão com média de idade em

torno dos 40 anos, e onde os moradores novos estão com filhos pequenos então para

produzir farinha e preciso de muitas pessoas seja em todos os processos, importante

ressaltar que esses novos moradores ainda não possuem “casas de forno”, então mais

uma vez o parentesco e utilizado no empréstimo de casas de forno e com isso

estreitando os laços na roça, estas descrições são pertinentes para entender o

emaranhado de relações que se modificam na comunidade, onde o parentesco tem como

papel principal dar sentimento de pertencimento ao meio rural maracajoenses e com isso

obter recursos como terra, casa do forno e ajuda mutua na roça.

Identificar e descrever os conhecimentos tradicionais voltados ao fazer da

farinha

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Apresentar a produção de farinha da comunidade de maracajó e falar do

cotidiano de 150 famílias, que vivem de forma direta ou indireta da produção de farinha

este é o bem mais valioso na comunidade, em certas épocas do ano possuir farinha para

dividir com os visitantes (parentes que moram na capital ou em outros municípios, ou

amigos de amigos). Voltando a produção podemos perceber no quadro abaixo a

quantidade de tarefas que os moradores possuem e a “potencial” quantidade a ser

produzida.

3º Quadro (Produção de Farinha na Comunidade de Maracajó)

Tarefas

(25*25 m)

Quantidade Quantidade

(Alqueires 68 Litros)

Quantidades de

Farinha (Em Litros)

Tarefas Plantadas 20 80 5.500

Tarefas maduras 20 80 5.500

Fonte: Questionário

Este quadro mostra a quantidade de farinha que a comunidade tinha para

produzir no período da ultima incursão a campo entre os dias 14 a 20 de julho de 2015.

A comunidade de maracajó tem umas particularidades camponesas em sua produção de

farinha, pontuando a queima e o plantio á partir da estratégia mutirão que serve para

unir uma quantidade de pessoas que torna o trabalho mais rápido e ajuda a cobrir a falta

de mão de obra no próprio grupo familiar, o mutirão é uma pratica usada em muitas

comunidades camponesas, pois, Sauborin aponta que:

“O termo “mutirão” designa dois tipos de cooperação camponesa de origem autóctone. A primeira diz respeito aos bens comuns e coletivos (construção ou manutenção de uma rodovia, escola, barragem ou cisterna), a outra aos convites para trabalhar em beneficio de uma família, em geral para trabalhos penosos (desmatar um terreno, montar, uma cerca, construir uma casa). (Sauborin, 2011. Pg. 63)”.

Na comunidade além do plantio o Mutirão também é usado na capina (pratica de

limpeza dos matos maiores dentro das tarefas de roça), e em algumas famílias usam o

mutirão na hora de tirar o tubérculo de dentro da terra (arrancar mandioca). Mas, além

disso, geralmente não, pois, a torragem e feita somente pelo grupo familiar restrito (pai,

mãe, filhos, sogra, sogro, e cunhados). Posto que, nesta fase a um compartilhamento da

farinha ao final do trabalho.

1º Figura (Mutirão de plantio)

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.Outra fase importante da produção de farinha na comunidade e o uso de igarapés

para o “amolecer” da mandioca. Uma pratica passada de pai para filho com mais de 100

anos de utilização, que mesmo com o uso na atualidade por alguns camponeses do casco

de geladeira e de caixas de água plásticas, a maior parte da comunidade ainda faz uso

dos seus igarapés ou “olhos de águas” que geralmente ficam perto das casas de farinha

(casa do forno), conforme observados são lugares cheios de crenças e respeito pelo

ambiente, jamais trabalham a noite para não incomodar a “mãe do mato”, e por nenhum

motivo tiram a mandioca da água ao meio dia para não incomodar a mãe do rio.

Figura 9 - (Igarapé usado para amolecer mandioca)

Fonte: Trabalho de campo, novembro de 2014.

E a ultima fase do processo da farinha de mandioca e tão trabalhosa torra da

farinha, pois, cadê detalhe não feito corretamente leva a uma farinha “ruim”, o ritual e

sempre acordando as três da manha para fazer o café “preto” sem leite, e separar um

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pouco de mingau de arroz feito no dia anterior ou ate mesmo uma pedaço de charque ou

peixe para assar ao lado da “casa do forno”, e separam os materiais que vão ser usados

como o Tipiti, peneira, as sacas e baldes e o “famoso” litro (medidor de farinha) feito de

lata de óleo de cozinha vazia, eles não usam o vendido preferem o da lata de óleo.

Seguindo eles saem por volta de quatro meias de casa, pois, ainda tem uma caminhada

de uma hora até o centro (local onde fica a caso do forno e os igarapés). Esse processo e

repetido em muitas casas da comunidade, chegando à casa do forno o primeiro passo e

introduzir a “mistura” (mandioca ralada manual ou no motor elétrico que já foi tirada o

tucupi e a massa para tapioca) junto com a mandioca amassada.

Figura - 10 (Produção da mistura – manual e elétrica)

Fonte: Trabalho de campo, julho de 2015.

Depois disso vem à parte de colocar no tipiti e pendurar em uma espécie de

prensa manual, feita de pedaços de arvore e com sacos de areia extraídos da beira do

igarapé e com isso tirar todo o liquido que ainda resta dentro da massa do tubérculo,

para poder fazer o processo de “Coar” (mexer a massa ate ficar com o aspecto de

farinha fina) e depois disso e colocar direito no forno sem introduzir nenhum

componente, pois, os camponeses de maracajó ressaltam em suas conversas o fato de

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não usarem adubo ou corantes em sua farinha. Parte importante nesse processo de

torragem segundo os próprios produtores maracajoenses é o “escaldar” (uma fase entre

os primeiros 30 minutos de torra da farinha) este ciclo e feito pela pessoa mais

experiente do grupo familiar (pais ou mais velhos), isso decide a qualidade da farinha.

Mas ressaltam que preferência neste trabalho e por o homem mais forte do grupo, pois,

e a parte que e necessário não parar de mexer a farinha durante o ciclo de “escaldo”, no

prosseguir eles se revezam dentro do grupo familiar “até passar o mais jovem na beira

do forno” para fazer parte do trabalho, este ciclo de torragem leva cerca de duas horas e

cada pessoa e responsável por fazer uma coisa na casa do forno. Crianças geralmente

limpam ao redor da casa do forno e colocam a farinha feita nos sacos e levam ate as

residências, mulheres mais novas “coam” e colocam a massa no forno, homens e

mulheres mais velhos torram e colocam o tipiti na prensa. Com esse processo e possível

entender quando Ravena-Cañete (2011), Sauborin (2011), Wanderley (1996) afirmam a

importância do grupo familiar para os camponeses de norte a sul do Brasil.

Figura - 11 (torra da farinha)

Fonte: Trabalho de campo, Julho de 2015.

A mandioca como uso principal de alimento na comunidade tem uma

gigantesca variedade e modos de plantio e extração (arrancar), o seu ciclo

normalmente são de 12 meses, para então extrair seu tubérculo, com exceções de

por necessidade de no mínimo nove, mais este ciclo são somente para os tipos de

mandioca nomeados pelos camponeses como (Taxí, sé, Mamaluca, Tareza, Batata,

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Vigelenga, Maracuanim, Roxinha, Macaxeira, Preta), além disso, cada tipo de

mandioca guarda sua peculiaridade conforme descrito pelos produtores:

Taxí, Batata (produz farinha com a cor branca)

Sé (produz farinha coma cor amarela clara)

Mamaluca, Roxinha, Preta (produz farinha com a cor creme)

Vigelenga, Maracuanim, Tareza (produz farinha na cor amarela

forte).

Figura 12 – Mandioca descansando

Fonte: trabalho de campo, Julho/2015.

Peculiaridade da macaxeira e muito usada para bolos e para oferecer como

lanche para visitas “ilustres” pessoas vindas da capital em primeira visita a comunidade,

outro conhecimento que marca o uso entre ambiente e fazer farinha e mandioca

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conhecida como “Vermelinha”, pois, esta e sempre usada em épocas de épocas de seca

ou excesso de chuva por ela ser muito resistente e ter um ciclo pequeno de crescimento

em torno de 6 meses.

Dentre as diversas utilidades da mandioca uma chama a atenção pela a

particularidade alimentícia para as crianças de colo (1 a 6 meses) esta sendo feita por

um extrato da mandioca que vira pó como se fosse o nosso “leite”, mas que e utilizado

como uma espécie de mingau de forma pastosa e bastante densa que é servida em forma

de bolinhos pequenos para as crianças poderem crescer com saúde e força, os mais

velhos dizem que esta e a “sustância” necessária para as crianças serem boas de trabalho

e não terem “preguiça”.

Figura 13 – Carimã (mingau dos pequenos camponeses)

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Fonte: trabalho de campo, Julho/2015.

Portanto a comunidade de maracajó tem inúmeras peculiaridades em produzir a

sua farinha e algumas variedades de mandiocas que transformam sua farinha em única

na região, aliados a diversos usos além da farinha como o tucupi, o mingau de Carimã, o

bejú chica. E com isso transformam a comunidade camponesa de maracajó em uma

comunidade especial na região do salgado paraense por ter uma diversidade de

conhecimentos e praticas no trato de mandioca.

Identificar e descrever a cadeia produtiva que marca a produção e

comercialização da farinha.

A comunidade de maracajó tem um grande potencial de produção de farinha,

mesmo passando por períodos de escassez de chuva nos últimos anos, prejudicando a

maioria das famílias com a perda de muitos roçados a comunidade sempre consegue

arrumar meios que levem a sempre ter alguns ou muitos alqueires para os filhos ou

parentes na capital Belém/PA.

Apesar da comunidade de maracajó não ter como finalidade principal o

comercio da farinha este ocorre em pequenas quantidades de maneira que podemos

chamar de “comercio invisível da farinha”, chamamos invisível a partir que o mesmo

ocorre em pequenas quantidades que só pode ser percebido com um olhar bem

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cuidadoso, pois, os camponeses tem problema em assumir que vende ou recebem algum

ganho deste produto que vem da terra. Muito parecido com as afirmações de klaas

woortamann em sua obra com parente não se neguceia, onde uma moral toma conta das

relações mercantis, na comunidade de maracajó estes negócios funcionam de uma

maneira conforme a figura abaixo:

Figura 14 – Ciclo do Comércio da Farinha

Com isso podemos observar que a farinha de mandioca sai da comunidade, mas

nunca volta em valores (dinheiro em espécie) sempre volta em produtos, tudo começa

na produção de farinha em algumas casas era possível ver os filhos ou parentes

presenteando com fornos novos as casas de farinha, mas estes “presentes” não são todas

as vezes como forma de retribuição de gentilezas. Estes são pagamentos adiantados ou

até mesmo garantias futuras de alguns alqueires de farinha, mas isso está colocando de

forma de um produto maior.

O comercio conforme etnografado vem nos pequenos produtos que em uma

época foi levado alguns litros de farinha, sempre voltam em forma de louça de casa

(copos, canecas, garrafas de café, talheres, e outros utensílios do lar,), mas as grandes

quantidades de farinha de 1 alqueire ou mais, sempre são devolvidos como roupas,

FARINHA

Camponês

Filhos que moram em

icoaraci.

Amigos e vizinhos dos

filhos.

Tv,Celular, roupas e calçados,

produtos para pequenas vendas.

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bicicletas, celulares, televisores. Até comida sempre volta á comunidade como frangos

congelados e alguns embutidos entram no cardápio Camponês.

De nenhuma forma estamos afirmando que na comunidade esta fazendo troca

pensada e articulada igual nas nossas sociedades indústrias, apenas é mostrado que há

um comercio que suprir a grande produção de farinha na comunidade de maracajó, e o

ponto mais importante desta pesquisa e apresentar que as dádivas recebidas são

retribuídas de forma indireta ou direta, mas que a reciprocidade e o parentesco são os

grandes articuladores destas relações, a partir que os únicos que recebem farinha e que

retribuem a dádiva são filhos os parentes do grupo domestico.

CONCLUSÃO:

Ao final concluímos que a comunidade de maracajó/PA, tem uma produção e

comercialização que se entrelaça colocando em evidencia uma importante regra que em

comunidades camponesas regidas pelo parentesco e a reciprocidade entre seus

habitantes que moram dentro ou fora da comunidade. E com isso afirmamos que o fato

social total faz parte da realidade da comunidade de maracajó.

Ao ponto que possibilidade de visualização na produção e comércio da farinha,

seguem para além que uma lógica simples mais se mistura em todas as relações seja no

roçado ou na igreja, sempre é utilizado como critério de vida à reciprocidade,

parentesco, compadrio, amizade e troncos familiares, para decidir com quem me

relacionarei.

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ANEXOS

1º Questionário aplicado na comunidade

FORMULÁRIO SOCIOECONÔMICOUniverso: moradores da comunidade de Maracajó Pesquisador: Fabiano Identificação Pessoal do Entrevistado Data:___/___/___1. O(A) sr(a) já foi entrevistado(a) antes? [1] Sim [2] Não 2. O(A) sr(a) é produtor de farinha (a)? [1] Sim [2] Não 3. Nome:_______________________________________________________________4. Sexo: [1] Masculino [2] Feminino | 6. Idade: _____anos| 7. Cidade nascimento:_______Atividade econômica5. Há quanto tempo trabalha na atividade de produção de farinha? _________ anos [88] Não se aplica 6. Na atividade de Produção de farinha, você é? (Pode marcar mais de uma opção) [1] Somente dono do terreno [2] Somente dono da roça [3] dono do terreno e da roça [4] produtor em parceira [5] Outros ____________________[88] Não se aplica 7. Quais os tipos de aparelho que usa para fazer o roçado e torragem? (Pode marcar mais de uma opção) [1] Teçado [2] Inchada [3] Ferro de cova [4] Forno [5] [6]Coleta Manual [7] Cesto de tala [8] Bacia plástica/ bacia de metal [9]Tipiti [10] Moedor elétrico [11] Moedor manual [12] outros ______________________________ [88] Não se aplica 8. Quantas tarefas de roças plantadas você possui?[1] Uma [2] Duas [3] Três [4] Quatro ou mais9. Quantas tarefas de roças maduras você possui?[1] Uma [2] Duas [3] Três [4] Quatro ou mais10. Quantos alqueires de farinha você produz por roçado?[1] Um ou dois [2] Dois até quatro [3] Quatro ou mais11. Quantos alqueires de farinha você consome em casa por mês?[1] Um [2] Dois [3] Três [4] Quatro ou mais 12. Quantos dias você trabalha por semana, em média? _______ dias [88] Não se aplica13. Média de horas de trabalho por dia: [1] Menos de 4 horas [2] De 4 a 8 horas [3] Mais de 8 horas [88] Não se aplica 14. Você comercializa sua produção para: (Pode marcar mais de uma opção) [1] Não possui produção própria [2] produz farinha para subsistência/consumo próprio [3] Atravessador [4] Venda direta ao consumidor [5] Colônia/associação/cooperativa [6]Bar ou pequenos comércios [7] Não se aplica 15. Que fatores prejudicam na sua atividade de produção de farinha? (Pode marcar mais de uma opção) [1] Nenhum [2]Produção excessiva [3]Lixo [4]não ter acesso a terra [5] não ter onde vender a produção [6] Diminuição dos recursos naturais [7] Falta de políticas públicas direcionadas ao agricultor [8] não ter forno próprio [9] não ter mão de obra suficiente [10] Roçado muito longe de casa/ ou da casa do forno [11] poucos filhos [12] Pessoas não querem trabalhar no mutirão [13] Outros___________________ [88] Não se aplica Dados da residênciaEste imóvel é...

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16. Próprio (quitado) 2 Próprio (em pagto.) 3 Alugado 4 Cedido 5 Herança 6 Outras respostas:_____________17. Há quanto tempo sua família mora na comunidade?____________________________18. Se não for nascido na comunidade, o que motivou a sua mudança para ela?_______________________________________________________________.DADOS SOCIAIS DA(S) FAMÍLIA(S) RESIDENTE(S)19. No total quantas pessoas moram em sua casa ? ____________20. Quantas famílias moram em sua residência?__________21 PERFIL DA(S) FAMÍLIA(S) RESIDENTE(S)

Nº Parentesco/Nome Sexo F. Etária Natural/Sg Ocupação Renda1 ( ) M F ( ) ( )2 ( ) M F ( ) ( )3 ( ) M F ( ) ( )4 ( ) M F ( ) ( )5 ( ) M F ( ) ( )6 ( ) M F ( ) ( )7 ( ) M F ( ) ( )8 ( ) M F ( ) ( )9 ( ) M F ( ) ( )10 ( ) M F ( ) ( )

22. PERFIL ESCOLAR

Nº NÃO ESTUDANTES ESTUDANTESS/I Alf

aCFIE

1º Gr Menor

1º Gr Maior

2º Gr 3º Gr PréC

1º Gr Menor

1º Gr Maior

2º Gr

I C I C I I C I I C C I C I1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 182 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 183 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 184 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 185 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 186 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 187 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 188 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 189 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1810 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18Códigos de preenchimento para graus de parentesco: 1-Chefe de família 2-Conjugue 3-Filho(a) 4-Mãe/pai 5-Neto(a) 6-Nora/genro 7-Tio(a) 8-Primo(a) 9-Sobrinho(a) 10-Pensionista/agregado 11-Outros parentes 12-Empregado(a)Códigos de preenchimento para atividade econômica: 1 – Nenhuma 2- Caseiro/ Serviços domésticos 3 - Aposentado/benefício 4 – Pescador 5 - Funcionário público 6 - Produtor de Farinha 7 – Artesanato 8 - Serviços gerais 9 - Pequeno comerciante 10 - Construção civil 11- Outros

23. ATIVIDADES (enumerar a principal atividade - de 1 a 6 - por importância, pode ter importância equivalente).

Pesca de Tapagem : (1) sim (2) não( ) importância

Pesca de _______________ : (1) sim (2) não( ) importância

1.________________: j f m a m j j a s o n d

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1. ______________: j f m a m j j a s o n d

2. ______________: j f m a m j j a s o n d

3. ______________: j f m a m j j a s o n d

4. ______________: j f m a m j j a s o n d

5. ______________: j f m a m j j a s o n d

6. ______________: j f m a m j j a s o n d

2.________________: j f m a m j j a s o n d3.________________: j f m a m j j a s o n d

4.________________: j f m a m j j a s o n d 5.________________: j f m a m j j a s o n d 6._________________: j f m a m j j a s o n d

Extrativismo : (1) sim (2) não( ) importância1. _______________: j f m a m j j a s o n d

2. _______________: j f m a m j j a s o n d

3. _______________: j f m a m j j a s o n d

4. _______________: j f m a m j j a s o n d

5. _______________: j f m a m j j a s o n d

Agricultura: (1) sim (2) não( ) importância1. Broca e queima: j f m a m j j a s o n d2. Plantio: j f m a m j j a s o n d3. Capina: j f m a m j j a s o n d4. Colheita: j f m a m j j a s o n d

Produção da Farinha: (1) sim (2) não( ) importância1. _________________ j f m a m j j a s o n d

2. _________________ j f m a m j j a s o n d

3. _________________ j f m a m j j a s o n d

4. _________________ j f m a m j j a s o n d

5. _________________ j f m a m j j a s o n d

6. _________________ j f m a m j j a s o n d

Caça: (1) sim (2) não( ) importância

1. ________________: j f m a m j j a s o n d

2. _________________: j f m a m j j a s o n d 3._________________: j f m a m j j a s o n d 4._________________: j f m a m j j a s o n d 5. ._________________: j f m a m j j a s o n d 6. ._________________: j f m a m j j a s o n d

PARECER DO ORIENTADOR: Manifestação do orientador sobre o desenvolvimento das atividades do aluno e justificativa do pedido de renovação, se for o caso.

O aluno é muito empenhado no trabalho de campo, mas apresenta severas dificuldades de escrita. Se buscou alternativas técnicas procurando sanar essa fragilidade. Foi solicitado ao aluno o fichamento e resumo de um conjunto de textos, anteriormente discutidos com o mesmo, mas o resultado ainda não alcançou o objetivo almejado. Espera-se avanço no texto do trabalho de conclusão de curso.

DATA: 10/08/2016

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_________________________________________ASSINATURA DO ORIENTADOR

____________________________________________ASSINATURA DO ALUNO

INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Em caso de aluno concluinte, informar o destino do mesmo após a graduação. Informar também em caso de alunos que seguem para pós-graduação, o nome do curso e da instituição.

O aluno faz o TCC com a mesma temática do plano de IC


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