+ All Categories
Home > Documents > Doenças crônicas, capacidade funcional, envolvimento social e satisfação em idosos...

Doenças crônicas, capacidade funcional, envolvimento social e satisfação em idosos...

Date post: 21-Nov-2023
Category:
Upload: ualberta
View: 0 times
Download: 0 times
Share this document with a friend
12
ARTIGO ARTICLE 3449 1 Programa de Pós- Graduação em Gerontologia, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas. R. Tessália Vieira de Camargo 126, Cidade Universitária Zeferino Vaz. 13.083-887 Campinas SP Brasil. [email protected] 2 Departamento de Psicologia Educacional, Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas. Doenças crônicas, capacidade funcional, envolvimento social e satisfação em idosos comunitários: Estudo Fibra Chronic diseases, functional ability, social involvement and satisfaction in community-dwelling elderly: the Fibra study Resumo O objetivo deste artigo é descrever vari- ações em medidas de doenças crônicas, capacidade funcional, envolvimento social e satisfação com relação à memória, capacidade de resolver proble- mas, relações sociais, ambiente, serviços de saúde e transportes, conforme gênero, idade e renda fami- liar, e analisar correlações entre envolvimento so- cial e capacidade funcional, conforme gênero e idade, em idosos independentes, com 65 anos e mais, re- crutados na comunidade. Foram submetidos 2.472 idosos sem déficit cognitivo, integrantes de amos- tras probabilísticas de sete localidades brasileiras a medidas de autorrelato sobre todas as variáveis, com exceção de força de preensão palmar e veloci- dade da marcha, avaliadas por testes objetivos. A idade média foi 72,2 ± 5,5 anos e a renda 3,9 ± 4,9 SM; 65,7% eram mulheres, que apresentaram mais doenças, pior desempenho funcional e maior en- volvimento social do que os homens. Os de 80 anos ou mais e os mais pobres tiveram pior desempenho funcional e menor envolvimento social. Houve correlação entre capacidade funcional e envolvi- mento social. Renda relacionou-se com satisfação com memória, solução de problemas, serviços de saúde e transportes. Saúde e satisfação interagem na velhice, influenciando padrões de atividade e de envolvimento social. Palavras-chave Força muscular, Comorbidades, Atividades sociais, Satisfação pessoal, Velhice Abstract The scope of this article is to describe variations in the measurement of chronic diseas- es, functional ability, social involvement and sat- isfaction with respect to memory, problem solv- ing, social relationships, environment, health ser- vices and transportation. This is done according to gender, age and income. It analyzes correlations between social involvement and functional abili- ty in independent community dwelling-elderly aged 65 and above. 2,472 seniors without cognitive def- icit, from probabilistic samples of seven Brazilian locations, were submitted to self-reported measure- ment concerning all variables, with the exception of grip strength and gait speed assessed by objective tests. Mean age was 72.2 + 5.5 years and mean income was 3.9 + 4.9 MW; 65.7% were women, who had more diseases, worse functional perfor- mance and greater social involvement than men; those aged 80 and above and the poorest partici- pants had worse functional performance and less social involvement. Correlations were observed between functional ability and social involvement. Level of income was related to satisfaction con- cerning memory, problem solving, health and transport services. Health, functionality and sat- isfaction interact in old age, influencing patterns of activity and social involvement. Key words Muscle strength, Comorbidities, So- cial activities, Personal satisfaction, Old age Juliana Martins Pinto 1 Anita Liberalesso Neri 1
Transcript

AR

TIG

O A

RT

ICLE

3449

1 Programa de Pós-Graduação emGerontologia, Faculdade deCiências Médicas,Universidade Estadual deCampinas. R. TessáliaVieira de Camargo 126,Cidade UniversitáriaZeferino Vaz. 13.083-887Campinas SP [email protected] Departamento dePsicologia Educacional,Faculdade de Educação,Universidade Estadual deCampinas.

Doenças crônicas, capacidade funcional, envolvimento sociale satisfação em idosos comunitários: Estudo Fibra

Chronic diseases, functional ability, social involvementand satisfaction in community-dwelling elderly: the Fibra study

Resumo O objetivo deste artigo é descrever vari-ações em medidas de doenças crônicas, capacidadefuncional, envolvimento social e satisfação comrelação à memória, capacidade de resolver proble-mas, relações sociais, ambiente, serviços de saúde etransportes, conforme gênero, idade e renda fami-liar, e analisar correlações entre envolvimento so-cial e capacidade funcional, conforme gênero e idade,em idosos independentes, com 65 anos e mais, re-crutados na comunidade. Foram submetidos 2.472idosos sem déficit cognitivo, integrantes de amos-tras probabilísticas de sete localidades brasileiras amedidas de autorrelato sobre todas as variáveis,com exceção de força de preensão palmar e veloci-dade da marcha, avaliadas por testes objetivos. Aidade média foi 72,2 ± 5,5 anos e a renda 3,9 ± 4,9SM; 65,7% eram mulheres, que apresentaram maisdoenças, pior desempenho funcional e maior en-volvimento social do que os homens. Os de 80 anosou mais e os mais pobres tiveram pior desempenhofuncional e menor envolvimento social. Houvecorrelação entre capacidade funcional e envolvi-mento social. Renda relacionou-se com satisfaçãocom memória, solução de problemas, serviços desaúde e transportes. Saúde e satisfação interagemna velhice, influenciando padrões de atividade ede envolvimento social.Palavras-chave Força muscular, Comorbidades,Atividades sociais, Satisfação pessoal, Velhice

Abstract The scope of this article is to describevariations in the measurement of chronic diseas-es, functional ability, social involvement and sat-isfaction with respect to memory, problem solv-ing, social relationships, environment, health ser-vices and transportation. This is done accordingto gender, age and income. It analyzes correlationsbetween social involvement and functional abili-ty in independent community dwelling-elderly aged65 and above. 2,472 seniors without cognitive def-icit, from probabilistic samples of seven Brazilianlocations, were submitted to self-reported measure-ment concerning all variables, with the exceptionof grip strength and gait speed assessed by objectivetests. Mean age was 72.2 + 5.5 years and meanincome was 3.9 + 4.9 MW; 65.7% were women,who had more diseases, worse functional perfor-mance and greater social involvement than men;those aged 80 and above and the poorest partici-pants had worse functional performance and lesssocial involvement. Correlations were observedbetween functional ability and social involvement.Level of income was related to satisfaction con-cerning memory, problem solving, health andtransport services. Health, functionality and sat-isfaction interact in old age, influencing patternsof activity and social involvement.Key words Muscle strength, Comorbidities, So-cial activities, Personal satisfaction, Old age

Juliana Martins Pinto 1

Anita Liberalesso Neri 1

3 juliana ok.pmd 13/10/2013, 00:183449

3450P

into

JM, N

eri A

L

Introdução

Satisfação com a vida é o resultado da avaliaçãocognitiva que as pessoas fazem do grau de ajusteentre os recursos pessoais e sociais de que dis-põem e suas necessidades e expectativas1,2. Nessaavaliação são considerados critérios pessoais esocioculturais. Juntamente com a satisfação coma vida e com afetos positivos e negativos, a satis-fação referenciada a domínios integra o constru-to de bem-estar subjetivo3. As medidas de satis-fação referenciada a domínios contribuem paraesclarecer quais são os elementos que controlamas avaliações globais de satisfação com a vida eajudam a ajustar o foco das intervenções profis-sionais e das políticas sociais e de saúde.

Os idosos costumam pontuar alto em avali-ações de satisfação. Porém, na presença de doen-ças crônicas e de dependência funcional, os esco-res tendem a ser mais baixos, assim como napresença de dor crônica, inatividade, depressão eexperiência de eventos incontroláveis, que sãoocorrências mais comuns na velhice avançada doque na inicial4,5. No entanto, apenas quando es-ses eventos desafiam fortemente a adaptação,ocorre declínio na satisfação, e não simplesmen-te em função do avanço da idade6.

A funcionalidade e a incapacidade resultamda relação complexa entre condições de saúde ede competência comportamental e as circuns-tâncias ecológicas e sociais sob as quais o indiví-duo vive7. A capacidade funcional atua indireta-mente sobre a satisfação dos idosos, por meio desua relação com a mobilidade, a funcionalidade,a frequência de atividades e o grau de envolvi-mento ativo8. A presença de três ou mais comor-bidades relaciona-se com declínio funcional, de-pressão, uso de medicamentos, redução da par-ticipação social, pior qualidade de vida, altos cus-tos dos serviços de saúde e altos níveis de morta-lidade9. As mulheres, aqueles com mais de 80 anose os que têm menor renda são mais afetados poressas condições do que os homens, os idososmais jovens e os que têm maior renda10.

As condições de saúde e a funcionalidade físi-ca afetam o envolvimento dos idosos com as in-terações sociais, o desempenho de papéis sociaisprimários e a participação política. O desempe-nho de atividades físicas, cognitivas, sociais e or-ganizacionais complexas ou avançadas permiteaos idosos serem considerados ativos, produti-vos e socialmente envolvidos. No entender deReuben et al.11,12, as atividades avançadas de vidadiária (AAVD) sobrepõem-se às atividades ins-

trumentais de vida diária (AIVD) e às atividadesbásicas de vida diária (ABVD). A diminuição nafrequência de AAVD pode ser sinal de limitaçõesda mobilidade, do equilíbrio e da força muscu-lar, de doenças crônicas e de fragilidade13, assimcomo do processo adaptativo de seletividade so-cioemocional14, que repercute na motivação paraas atividades e para a interação social. Como adiminuição nas AAVD é precursora de limita-ções em AIVD e ABVD, a observação do envolvi-mento social é elemento de prevenção a ser culti-vado nos vários níveis de atenção aos idosos15.

Condições de saúde e incapacidade funcionalque comprometem o envolvimento social dosidosos contribuem para sua insatisfação com avida16. Esta contribui para a restrição do idosoao ambiente doméstico, o que diminui suas chan-ces de usufruir das vantagens da interação sociale associa-se ao aumento do risco para mortali-dade, morbidade, incapacidade física e cognitiva,inatividade e depressão17.

A partir das contribuições pioneiras da teo-ria da atividade18 e do afastamento19, da pesqui-sa longitudinal de Rowe e Kahn sobre velhicebem-sucedida20 e da intervenção política de âm-bito mundial da Organização Mundial da Saúdeem prol do envelhecimento ativo21, nos últimoscinquenta anos a atividade e o envolvimento so-cial têm sido apontados como elementos funda-mentais à manutenção da saúde, da cognição eda funcionalidade física. Não há estudos popu-lacionais brasileiros a esse respeito. Dadas as pe-culiaridades das influências educacionais, socio-econômicas e culturais sobre o processo de enve-lhecimento no Brasil, é relevante estudar o en-volvimento social e a satisfação em idosos, con-siderando-se condições de saúde física e capaci-dade funcional, gênero e idade de indivíduos dediferentes regiões do país.

Objetivos

Este estudo teve como objetivos descrever varia-ções em medidas de doenças crônicas, capacida-de funcional, envolvimento social e satisfação comrelação aos domínios memória, capacidade deresolver problemas no dia-a-dia, relações sociais,ambiente, serviços de saúde e transportes, con-forme as variáveis gênero, idade e renda familiar,assim como analisar correlações entre envolvi-mento social e capacidade funcional em idososcom 65 anos e mais, independentes, recrutadosna comunidade.

3 juliana ok.pmd 13/10/2013, 00:183450

3451C

iência & Saúde C

oletiva, 18(12):3449-3460, 2013

Métodos

Foram utilizados dados do banco eletrônico doEstudo Fibra (acrônimo de Fragilidade em IdososBrasileiros), polo Unicamp22, cujo projeto foi apro-vado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com SeresHumanos da Faculdade de Ciências Médicas daUniversidade Estadual de Campinas (CONEPE/FCM/UNICAMP). Os dados foram coletados emsete localidades brasileiras com distintos níveis dedesenvolvimento socioeconômico. Essas localida-des foram escolhidas por conveniência. Em cadauma delas foi selecionada uma amostra probabi-lística de setores censitários, em cujos domicíliosforam recrutados idosos de 65 anos e mais, com-pondo cotas de homens e mulheres de 65 a 69, 70a 74, 75 a 79 e 80 anos e mais, cotas essas propor-cionais ao seu tamanho na população de idososde cada localidade segundo o IBGE23.

Foram adotados como critérios de inclusão:ter idade igual ou superior a 65 anos, compreen-der as instruções, concordar em participar e serresidente permanente no domicílio e no setor cen-sitário. Com base no estudo de Fried et al.24, doqual foi derivada a definição operacional de fra-gilidade usada pelo Estudo Fibra, foram adota-dos como critérios de exclusão: presença de pro-blemas de memória, atenção, orientação espaci-al e temporal e comunicação, sugestivos de défi-cit cognitivo; incapacidade permanente ou tem-porária para andar; perdas localizadas de força eafasia decorrentes de Acidente Vascular Encefáli-co (AVE); comprometimento grave da motrici-dade, da fala ou da afetividade associados à do-ença de Parkinson; déficits auditivo ou visual gra-ves e doença em fase terminal.

Todos os idosos foram avaliados quanto avariáveis sociodemográficas, pressão arterial,antropométricas, de fragilidade e status cogniti-vo. O escore obtido por cada um deles no Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) menos umdesvio-padrão25 foi utilizado como nota de cortepara participação num segundo conjunto demedidas que incluiu condições de saúde e funci-onalidade e variáveis psicossociais. Entre elas es-tavam as variáveis de interesse para este estudo.Todos os participantes assinaram um termo deconsentimento livre e esclarecido.

Participantes

A amostra deste estudo foi composta por2.472 idosos sem déficit cognitivo sugestivo dedemência, independentes, recrutados na comu-nidade, integrantes das amostras de Belém (PA)

(558), Parnaíba (PI) (284), Campina Grande(PB) (229), Poços de Caldas (MG) (299), Erme-lino Matarazzo (SP) (291), Campinas (SP) (655)e Ivoti (RS) (156).

Instrumentos e medidas

Variáveis socioeconômicas. Idade, gênero erenda familiar. A avaliação foi feita por meio detrês questões de autorrelato. As idades foramagrupadas em quatro faixas: 65-69; 70-74; 75-79; 80 e +. Os valores de renda foram agrupadosem cinco categorias de SM: < 1; 1,1 a 3; 3,1 a 5; 5,1a 10; > 10 SM.

Doenças crônicas. Perguntou-se aos idosos se,no ano anterior, algum médico havia dito queeram portadores de cardiopatias, hipertensãoarterial, diabetes, doença cerebrovascular, tumor/câncer, artrite, pneumopatias, depressão e oste-oporose. O idoso respondia sim ou não para cadadoença. As frequências foram agrupadas em trêsfaixas: nenhuma, uma ou duas e três ou mais.

Capacidade funcional. Foram tomadas me-didas de força de preensão manual e de velocida-de da marcha. A medida de força de preensãopalmar em quilogramas força (Kg

f) foi obtida

por meio de dinamômetro hidráulico, modeloJamar (Lafayette Instruments®, Lafayette, India-na, Estados Unidos), que foi colocado na mãodominante de cada idoso. Em posição sentada,cada um realizou três tentativas intercaladas porum minuto de repouso. A prova de velocidadeda marcha incluiu a tomada de três medidas con-secutivas do tempo em segundos que cada idosogastou para percorrer 4,6 m no plano, em linhareta, seguindo um traçado previamente demar-cado com fita adesiva colorida. Foi permitido ouso de bengala ou andador26. Foram considera-dos com baixa força de preensão os idosos cujamédia das três medidas em Kg

f caiu abaixo do 1º

quintil da amostra, com ajustamento por sexo eíndice de massa corporal (IMC = peso/altura2).Foram considerados lentos aqueles cuja médiado tempo de marcha, em segundos, foi superiorao percentil 80 da amostra, com ajuste por sexoe altura24.

Foram calculadas notas de corte especificas acada localidade para ambas as medidas. Para oshomens, as notas de corte para força de preen-são palmar variaram entre 0 < IMC < 23 = 17,67Kg

f; 23 < IMC < 28 = 24,33 Kg

f; 28 < IMC < 30 =

22,00 Kgf; IMC < 30 = 25,33 Kg

f (em Campina

Grande) e 0 < IMC < 23 = 28,67 Kgf; 23 < IMC <

28 = 31,00 Kgf; 28 < IMC < 30 = 34,00 Kg

f; IMC <

30 = 28,67 Kgf (em Poços de Caldas); para as

3 juliana ok.pmd 13/10/2013, 00:183451

3452P

into

JM, N

eri A

L

mulheres a variação foi entre 0 < IMC < 23 =13,33 Kg

f; 23 < IMC < 28 = 14,67 Kg

f; 28 < IMC

< 30 = 13,33 Kg f; IMC < 30 = 14,67 Kg

f (em

Belém) e 0 < IMC < 23 = 17,33 Kg f; 23 < IMC <

28 = 18,00 Kg f; 28 < IMC < 30 = 15,33 Kg

f; IMC

< 30 = 18,50 Kg f (em Ivoti). Para os homens, as

notas de corte para velocidade da marcha varia-ram entre 0 < alt < 162 cm = 5,60 s (em Ivoti) e >162 cm= 6,07 s (em Belém) e 0 < alt < 173 cm =6,65s e >173 cm = 4,52 s (Ivoti); para as mulheresa variação esteve entre 0 < alt < 147 cm = 8,35s e>147 cm = 6,62s (em Parnaíba) e 0 < alt < 160 cm= 6,29s e >160 cm = 6,33s (em Poços de Caldas).

Envolvimento social. Foi indicado pelo desem-penho de 13 AAVD associadas à sociabilidade,ao lazer, à produtividade e à participação social epelo desempenho independente de três AIVD queexigem autonomia cognitiva e manejo indepen-dente do ambiente social. Faziam parte do pri-meiro conjunto as seguintes atividades: fazer vi-sitas, receber visitas, ir à igreja, participar de reu-niões sociais, frequentar eventos culturais, guiarautomóvel, fazer viagens de curtas distância eduração, fazer viagens de longas distância e du-ração; realizar trabalho voluntário, exercer tra-balho remunerado, participar de diretorias ouconselhos, frequentar universidade da terceiraidade e tomar parte em grupos de convivência11,12.Integravam o segundo conjunto as AIVD fazercompras, utilizar transporte e cuidar das finan-ças. As AAVD comportavam as respostas nuncafiz, parei de fazer ou ainda faço e as AIVD, infor-mações sobre necessidade de ajuda (nenhuma,parcial ou total). Para cada idoso, o escore nas 16atividades foi composto pela soma das AAVDmantidas, considerando-se as que cada idosofazia anteriormente, e das AIVD desempenhadascom total independência. A distribuição dos es-cores foi expressa em porcentagens e dividida emtrês faixas: < 61; 61 a 85% e > 85%.

Satisfação referenciada a domínios. Medianteseis itens escalares, cada um com três intensida-des (muito, mais ou menos e pouco) foi investiga-do o grau de satisfação em relação a seis domíni-os: memória, capacidade para resolver proble-mas cotidianos, amizades e relações familiares,ambiente (clima, barulho, poluição, atrativos esegurança), acesso a serviços de saúde e trans-portes27.

Análise de dados

Os dados foram analisados por meio dospacotes estatísticos SPSS®, versão 13.1, e SAS®,versão 8.02. Os testes chi-quadrado e Exato de

Fisher foram usados para comparar frequênciasentre os grupos. Os testes de Mann Whitney eKruskal-Wallis / post hoc de Dunn, foram usadospara comparar as médias das medidas de doen-ças, força muscular e envolvimento social. Foiderivado um indicador de consistência internaentre as pontuações nos domínios de satisfação(alfa de Cronbach). O teste de Spearman foi ado-tado para as análises das correlações entre en-volvimento social e capacidade funcional. A mar-gem de erro aceita para todas as medidas foi in-dicada por p <<<<< 0,05.

Resultados

A idade média dos participantes foi 72,2 ± 5,5anos (variação de 65 a 96 anos); 65,7% erammulheres. A renda familiar média foi 3,9 ± 4,9SM. Apenas 11,3% dos idosos não tinham doen-ças crônicas, 49,7% tinham 1 ou 2 e 39,0% ti-nham 3 ou mais; 17% pontuaram para baixaforça de preensão e 16,9% para lentidão da mar-cha; 50% tiveram escores entre 61% e 85%, 24,2%pontuaram abaixo de 61% e 25,5% acima de 85%em envolvimento social. As AAVD desempenha-das por mais idosos foram: receber e fazer visitas(respectivamente 90,8% e 76,5%) e ir à igreja(88,4%). As atividades interrompidas por maisidosos foram trabalho (60,7%), viagens longas(30,6%), festas e reuniões (27,5%) e participar deeventos culturais (27,5%). As menos desempe-nhadas anteriormente envolviam participar deuniversidade da terceira idade (86,2%), diretori-as e conselhos (70%), centros de convivência(61,1%) e trabalho voluntário (59,7%) e guiarautomóvel (66,9%). Os idosos declararam-semuito satisfeitos com as relações familiares e deamizade (78,4%), a capacidade de resolver pro-blemas cotidianos (71,3%), os serviços de trans-porte (55,5%), os serviços de saúde (52,8%), ascondições do ambiente (52%) e a memória(50%). Vinte e um por cento relataram estarpouco satisfeitos com o ambiente, 18 % com osserviços de saúde, 14% com os transportes e 14%com a memória. A consistência interna entre asmedidas de satisfação referenciada a domíniosfoi moderada (α = 0,663), indicando que eles sãorelativamente independentes entre si.

O número médio de doenças crônicas foi mai-or entre as mulheres, em comparação com oshomens. O tempo de marcha das mulheres foisignificativamente maior do que o dos homens ea força de preensão delas foi significativamentemais baixa do que a deles. No entanto, o escore

3 juliana ok.pmd 13/10/2013, 00:183452

3453C

iência & Saúde C

oletiva, 18(12):3449-3460, 2013

das mulheres em envolvimento social foi maisalto do que o dos homens. Não foram observa-das diferenças estatisticamente significantes en-tre as médias dos homens e das mulheres nasmedidas de satisfação referenciada a domínios,com exceção de satisfação com os transportes,em que a médias das mulheres foi menor do quea dos homens (Tabela 1).

Não foram observadas diferenças entre osgrupos etários com respeito ao número de do-enças. Os idosos de 80 anos e mais tiveram mé-dias significantemente mais altas em tempo demarcha e mais baixas em força de preensão eenvolvimento social do que os grupos mais jo-vens. Os idosos de 65 a 69 anos pontuaram sig-nificativamente mais alto do que os demais em

satisfação para resolver problemas cotidianos,enquanto que os mais velhos tiveram médias sig-nificativamente mais altas em satisfação com oambiente e com os serviços de saúde (Tabela 2).

Os idosos com renda inferior a 1 SM foram ogrupo com mais doenças crônicas e os com ren-da superior a 10 SM, o grupo com menos doen-ças entre todos os grupos de renda. Os gruposcom renda superior a 10 SM destacaram-se en-tre os demais por apresentarem melhor pontua-ção em capacidade funcional, envolvimento so-cial e satisfação com os transportes e com os ser-viços de saúde. Os grupos com renda de < 1 a 3SM tiveram as menores médias em satisfação coma memória e com a capacidade de resolver pro-blemas cotidianos. Os de renda superior a 10 SM

Número de doençasTempo de marcha (em segundos)Força de preensão (em kg

f)

Envolvimento socialSatisfação memóriaSatisfação solução de problemasSatisfação relações sociaisSatisfação ambienteSatisfação serviços de saúdeSatisfação transportes

Masculino

1,7 4,7

33,871,32,412,652,732,322,332,45

Tabela 1. Comparação entre as médias observadas em número de doenças, capacidade funcional e satisfaçãoreferenciada a domínios, considerando-se a variável gênero. Estudo Fibra, polo Unicamp. Idosos, 2008-2009.

Feminino

2,45,3

20,673,02,332,652,742,282,352,39

Masculino

1,3 1,7 8,4

16,00,6830,5810,5410,7990,7640,720

Feminino

1,4 1,5 5,9

18,90,7280,5310,5410,8060,7700,742

valores-p*

<0,001<0,001<0,001<0,001

0,0150,7010,7640,1940,3020,039

Homens = 847; mulheres = 1625. * Teste U de Mann-Whitney

Média Desvios-padrão

Número de doençasTempo de marcha (em segundos)Força de preensão (em kg

f)

Envolvimento socialSatisfação memóriaSatisfação solução de problemasSatisfação relações sociaisSatisfação ambienteSatisfação serviços de saúdeSatisfação transportes

Tabela 2. Comparação entre as médias observadasem número de doenças, capacidade funcional e satisfaçãoreferenciada a domínios, considerando-se a variável idade. Estudo Fibra, polo Unicamp. Idosos, 2008-2009.

valores-p*

0,084<0,001<0,001<0,001

0,2740,0420,3390,0030,0050,388

65-69 = 941; 70-74 = 773; 75-79 = 467; 80 anos e += 291. * valor de p referente ao Teste Kruskal-Wallis

Média

65-69

2,1 4,8

26,2 75,6

2,42,72,72,22,32,4

70-74

2,2 5,0

26,172,4

2,32,62,72,22,32,4

75-79

2,4 5,3

23,070,9

2,42,62,72,32,52,4

80 e +

2,1 5,8

22,164,6

2,32,62,82,52,42,4

65-69

1,5 1,3 9,8

16,8 0,70,50,50,80,70,7

70-74

1,4 1,8 9,1

17,60,70,60,50,80,80,7

75-79

1,5 1,5 8,2

18,00,70,60,50,80,70,7

80 e +

1,4 1,9 8,4

21,20,70,60,50,70,70,8

Desvios-padrão

3 juliana ok.pmd 13/10/2013, 00:183453

3454P

into

JM, N

eri A

L

revelaram-se os mais satisfeitos com os serviçosde saúde e os transportes (Tabela 3).

Mais mulheres do que homens manifestaraminsatisfação com a memória e mais idosos de 65 a74 anos do que dos outros grupos etários pontu-aram para insatisfação com o ambiente e com osserviços de saúde. Baixa força de preensão e lenti-dão da marcha relacionaram-se com baixa satis-fação com a capacidade de resolver problemascotidianos e com as relações sociais. Por outrolado, renda familiar superior a 3 SM, não ter ne-nhuma ou ter 1 ou 2 doenças e ter alto escore deenvolvimento social relacionaram-se com altasatisfação com a memória. Não ter nenhumadoença, não pontuar para baixa força de preen-são e nem para lentidão da marcha e ter alto esco-re em AAVD associou-se com alta satisfação coma capacidade de resolver problemas. Essas rela-ções se repetiram para satisfação com as relaçõessociais. Não ter doenças e ter alto escore em AAVDrelacionou-se com alta satisfação em relação aoambiente. Ter renda superior a 10 SM, não terdoenças, não ter lentidão da marcha e ter altoescore em AAVD associou-se com alta satisfaçãocom os transportes. Finalmente, mais idosos comrenda superior a 10 SM do que dos outros gru-pos de renda, e mais idosos com alto escore do-que com escores baixos ou moderados em AAVDavaliaram-se como satisfeitos em relação aos ser-viços de saúde. Em suma, as condições de saúde,capacidade funcional e envolvimento social mos-traram-se mais relacionadas com satisfação refe-renciada a domínios do que as variáveis gênero,idade e renda familiar (Tabela 4).

Foram calculadas as correlações entre os es-cores em AAVD e as pontuações nos testes de

capacidade funcional para a amostra total e paraos grupos de gênero e de idade. Os valores doteste de preensão palmar guardaram relação po-sitiva e estatisticamente significativa com os es-cores em AAVD na amostra como um todo, nosgrupos de homens e de mulheres e no grupo de65 a 69 anos, indicando que quanto mais alta apontuação em força de preensão manual, maioro envolvimento em AAVD. Em contrapartida,quanto maior a lentidão da marcha, menor oenvolvimento em AAVD em todos os gruposconsiderados, como indicam os valores igual-mente baixos, mas estatisticamente significativosobtidos nos testes de correlação (Tabela 5).

Discussão

No Estudo Bambuí28, 69% dos idosos relataramter pelo menos uma doença crônica, sendo estaproporção maior entre as mulheres (74,5%) doque entre os homens (62,2%). No CardiovascularHealth Study (CHS)24 verificou-se que apenas18,5% dos idosos não referiram doença crônica.Em consonância com esses dados, cerca de 90%dos idosos deste estudo relatou ter pelo menosuma doença crônica. A frequência de idosos quepontuaram para baixa força de preensão foi se-melhante às prevalências dessa condição em estu-dos internacionais com idosos independentes re-crutados na comunidade. No CHS24 foi de 20% eno Women´s Health and Aging Study (WHAS) foide 20,8%29; no estudo brasileiro de Breda30, comidosos atendidos pelo Programa de Saúde da Fa-mília, foi de 20%. Resultados semelhantes foramobservados para as medidas de velocidade de

Número de doençasTempo de marcha (em segundos)Força de preensão (em kg

f)

Envolvimento socialSatisfação memóriaSatisfação solução de problemasSatisfação relações sociaisSatisfação ambienteSatisfação serviços de saúdeSatisfação transportes

valores-p*

0,008<0,001<0,001<0,001

0,0010,0320,7120,3570,002

<0,001

65-69 = 941; 70-74 = 773; 75-79 = 467; 80 anos e += 291. * valor de p referente ao Teste Kruskal-Wallis

Tabela 3. Comparação entre as médias observadas em número de doenças, capacidade funcional e satisfação referenciada adomínios, considerando-se o nível de renda familiar. Estudo Fibra, polo Unicamp. Idosos, 2008-2009.

Médias

<1

2,45,3

23,071,0

2,22,62,72,22,22,2

1,1-3,0

2,25,3

24,970,5

2,32,62,72,32,32,3

3,1-5,0

2,15,0

26,674.5

2,42,72,82,32,42,5

5,1-10,0

2,25,0

26,672,3

2,42,72,72,32,42,5

>10

1,94,5

29,277,82,42,72,72,32,52,6

<1

1,51,58,0

19,40,70,60,50,80,80,7

1,1-3,0

1,51,58,9

18,81,01,01,01,01,01,0

3,1-5,0

1,41,4

10,017,2

1,01,01,01,01,01,0

5,1-10,0

1,42,59,7

17,13,03,03,03,03,03,0

>10

1,94,5

29,277,90,61,50,50,80,80,6

Desvios-padrão

3 juliana ok.pmd 13/10/2013, 00:183454

3455C

iência & Saúde C

oletiva, 18(12):3449-3460, 2013

marcha, cuja prevalência de baixo desempenhonos estudos do grupo de Fried foi de 20%24,29.

As condições de saúde e funcionalidade sãofortemente relacionadas à renda familiar, à esco-laridade, à idade e a sexo10,24,29,30. No Brasil, osefeitos desses fatores associam-se a dificuldadesde acesso a serviços de saúde e à escassez de in-formações e de oportunidades para a manuten-ção das condições físicas e funcionais na velhi-ce31,32. Os papéis sociais desempenhados ao lon-go da vida pelas mulheres acarretam-lhes des-vantagens sociais que se acumulam e se manifes-tam como doença e incapacidade9,10,27,32-34. Osdados deste estudo sobre relações entre ser mu-lher, ter maior número de doenças crônicas epontuar mais baixo em testes de capacidade fun-cional refletem essas relações.

No entanto, as mulheres do Estudo Fibra ti-veram média significativamente mais alta do que

os homens em envolvimento social, provavel-mente em virtude do imperativo de cumprir nor-mas sociais associadas ao cuidado e ao apoiosocial no âmbito da família e das relações soci-ais34. Para desempenhar os papéis e as tarefasassociados a esse imperativo, mulheres com co-morbidades e incapacidades tendem a realizaradaptações e compensações, por exemplo, atu-ando mais lentamente, parcelando as tarefas,submetendo-se a menos exigências de perfeição,recrutando ajuda e diminuindo o repertório deatividades feitas ao mesmo tempo35,36. Em virtu-de da maior exposição às experiências relevantes,as mulheres desenvolvem mais habilidades soci-ais, maior facilidade para expressar e compreen-der sentimentos e menos restrições a pedir ajuda.Enquanto isso, os homens envolvem-se quaseque exclusivamente em atividades laborais e têmmenos chance de desenvolver habilidades sociais

GêneroMasculinoFeminino

Idade65-6970-7475-7980+

Renda Familiar< 1 SM1-3 SM3,1-5 SM5,1-10 SM>10 SM

Doenças01-23+

BFpreensãoNãoSim

LmarchaNãoSim

Env social<61%61-85%>85%

Tabela 4. Idosos por gênero, idade, renda familiar, doenças crônicas autorrelatadas, força de preensãopalmar, velocidade de marcha e envolvimento social conforme os graus de satisfação referenciada a domíni-os. Estudo FIBRA Unicamp, Campinas, Brasil. Idosos, 2008-2009.

Pouco

11,215,3

13,513,413,217,5

15,615,611,810,2

7,5

12,111,617,3

13,017,9

13,416,3

18,514,3

8,7

M M

36,136,1

34,738,036,135,4

42,836,934,637,734,0

31,135,238,7

37,131,6

35,837,3

38,936,532,4

Memória

Muito

52,648,5

51,748,550,5

47

41,547,453,5

5258,3

56,653,143,9

49,850,3

50,746,2

42,449,158,8

valor p

0,013

0,439

0,006

<0,001

0,011

0,152

<0,001

Pouco

5,46,0

4,75,67,76,8

7,66,55,74,43,7

3,55,07,5

4,910,3

4,711,3

10,24,83,8

M M

24,322,1

22,321,824,824,4

26,225,120,320,822,7

16,821,526,3

22,126,3

21,231,0

31,622,714,9

Resolver problemas

Muito

70,271,7

72,972,467,468,7

66,168,273,874,773,4

79,573,466,1

72,963,3

74,057,5

58,172,481,3

valor p

=0,420

=0,210

=0,164

<0,001

<0,001

<0,001

<0,001

continua

3 juliana ok.pmd 13/10/2013, 00:183455

3456P

into

JM, N

eri A

L

ou competências de regulação emocional, o queos coloca em desvantagem na velhice, quandoperdem o papel ocupacional em virtude da apo-sentadoria34.

Os idosos de 80 anos e mais apresentarampior desempenho nas medidas de capacidade fun-cional do que os mais jovens. O declínio da forçamuscular ocorre devido às alterações quantitati-vas e qualitativas das fibras musculares, que sefazem acompanhar pela substituição do tecidomuscular por tecido adiposo e pela redução dacapacidade de recrutamento neural. Tais altera-ções podem repercutir no desempenho de ativi-dades sociais, produtivas, de lazer e organizacio-nais complexas e na execução de tarefas da vidaprática. As mudanças fisiológicas do envelheci-mento ocasionam aumento na probabilidade deo idoso apresentar lentidão da marcha, proble-mas de mobilidade e equilíbrio e baixa força depreensão palmar. A sarcopenia, as comorbida-des, as alterações em funcionalidade, o uso de

medicamentos, a depressão e o baixo senso deautoeficácia derivado de experiências de insuces-so associam-se à diminuição do envolvimentosocial e da satisfação4,5,9,13,16,17,37-40.

Os idosos mais velhos apresentaram os esco-res mais baixos na medida de envolvimento soci-al. Parte dos idosos pode ter diminuído seu en-volvimento em atividades sociais realizadas forade casa, porque o ambiente físico impõe barreirasao seu desempenho35, aumenta sua insegurançaou sua prudência e afeta seu senso de autoeficá-cia15. Parte deles terá diminuído o envolvimentosocial em virtude do processo de seletividade so-cioemocional: os idosos tendem a abandonar ati-vidades que demandam mais esforços de adapta-ção ou que são menos significativas, em favor deoutras que lhe trazem conforto emocional14.

As mulheres superaram os homens em fre-quência de baixa satisfação com a memória, con-firmando dados da literatura que apontam queelas têm senso de autoeficácia mais baixo em rela-

GêneroMasculinoFeminino

Idade65-6970-7475-7980+

Renda Familiar< 1 SM1-3 SM3,1-5 SM5,1-10 SM>10 SM

Doenças01-23+

BFpreensãoNãoSim

LmarchaNãoSim

Env social<61%61-85%>85%

Tabela 4. continuação

Pouco

4,84,5

5,43,65,34,4

4,24,55,34,74,5

3,94,45,0

4,45,2

4,36,0

4,84,73,9

M M

17,216,8

16,217,718,614,7

19,418,215,014,616,6

17,215,718,5

15,921,8

16,320,2

23,515,413,7

Relações sociais

Muito

77,978,5

78,378,976,080,7

76,277,279,680,578,7

78,879,876,3

79,572,9

79,373,7

71,579,782,2

valor p

0,916

0,307

0,786

0,381

0,009

0,038

<0,001

Pouco

20,621,8

22,424,518,414,7

23,320,822,218,622,7

17,920,124,0

20,923,2

21,022,1

25,421,217,7

M M

25,827,2

27,925,427,125,7

32,226,424,629,625,7

22,527,826,7

26,925,6

26,627,2

26,226,827,2

Ambiente

Muito

53,450,8

49,649,954,359,4

44,452,7

5351,651,5

59,552,049,2

52,151

52,350,6

48,351,954,9

valor p

=0473

=0,005

=0,362

=0,015

=0,561

=0,798

=0,024

continua

3 juliana ok.pmd 13/10/2013, 00:183456

3457C

iência & Saúde C

oletiva, 18(12):3449-3460, 2013

ção à memória e à cognição do que os homens eque seu desempenho cognitivo de fato é pior doque o deles. Tais ocorrências têm sido explicadaspor prejuízos educacionais e econômicos acumu-lados ao longo da vida e por comorbidades, de-pressão, autoavaliação negativa de saúde e inca-pacidade funcional, que afetam mais as mulheresidosas do que os homens idosos34,37-39.

Entre os idosos mais jovens (65-69 anos) ocor-reram percentuais mais altos de respostas de in-satisfação com o ambiente e com os serviços desaúde, possivelmente porque têm mais contatocom esses domínios, ao contrário dos mais ve-lhos, que são menos desafiados porque já res-tringiram seus contatos e têm menos oportuni-dades de arriscar-se nesses contextos. Na fase ini-cial da velhice, as pessoas tendem a experimentara necessidade de compatibilizar as perdas em ca-pacidades físicas com as exigências de atividade ede desempenho de papéis adultos. Nesse momen-to, o ambiente pode ser encarado como barreira

GêneroMasculinoFeminino

Idade65-6970-7475-7980+

Renda Familiar< 1 SM1-3 SM3,1-5 SM5,1-10 SM>10 SM

Doenças01-23+

BFpreensãoNãoSim

LmarchaNãoSim

Env social<61%61-85%>85%

Tabela 4. continuação

Pouco

13,515,5

16,614,411,315,8

20,314,512,514,2

7,5

10,714,017,1

14,616,7

14,218,3

18,512,915,2

M M

28,230,4

29,429,632,326,1

35,533,724,824,118,1

26,128,332,3

29,031,1

28,833,0

32,931,023,6

Transportes

Muito

58,254,0

53,855,856,358,0

44,051,762,661,574,2

63,057,550,6

56,351,0

56,848,6

48,455,961,6

valor p

=0,217

=0,149

<0,001

<0,001

=0,135

=0,007

<0,001

Pouco

18,317,9

19,119,913,217,5

21,119,615,017,918,9

15,018,218,5

17,720,3

17,720,0

21,717,615,5

M M

30,828,3

30,229,327,827,1

33,032,329,924,118,9

25,429,230,2

28,531,4

29,327,9

31,128,428,5

Serviços de saúde

Muito

50,853,7

55,550,758,855,1

45,747,954,957,862,1

59,552,551,1

53,648,2

52,952,0

47,153,855,9

valor p

=0,353

=0,027

=0,001

=0,190

=0,119

=0,540

=0,012

Amostra total

Homens

Mulheres

65-69 anos

70-74 anos

75-79 anos

80 anos e +

Forçade preensão

rho = 0,047p = 0,018

rho = 0,130p = 0,001

rho =0,138p < 0,001

rho = 0,0280p = 0,392

rho = 0,011p = 0,741

rho = 0,069p = 0,136

rho = - 0, 022p = 0,701

Velocidadeda marcha

rho = -0,216p < 0,001

rho = -0178p < 0,001

rho = -0,265p < 0,001

rho = -,0191p < 0,001

Rho = -0,165p < 0,001

rho = -0,192p < 0,001

Rho = -0,272p < 0,001

Tabela 5. Valores das correlações entre as variáveisindicativas de envolvimento social e de capacidadefuncional na amostra total, conforme gênero eidade. Fibra, polo Unicamp, Brasil. Idosos, 2008-2009.

3 juliana ok.pmd 13/10/2013, 00:183457

3458P

into

JM, N

eri A

L

ou facilitador, o que se reflete nos níveis de satis-fação35,38,39. Possivelmente, a satisfação com osserviços de saúde entre os idosos mais velhos nãoreflete sua boa qualidade, mas sim baixa escolari-dade e baixa renda, que os torna menos críticos emenos exigentes com relação à existência de bar-reiras arquitetônicas e com a qualidade técnica ehumana do atendimento. Foram observadas fre-quências mais elevadas de idosos muito satisfei-tos com os serviços de saúde entre os de maiorrenda do que entre os com menor renda, prova-velmente porque aqueles desfrutam de melhoratendimento nos dois setores33. Há mais idososcom renda mais alta satisfeitos com a memóriado que os de baixa renda, possivelmente porqueaqueles são mais protegidos pela escolaridade epela estimulação oriunda do trabalho e do ambi-ente do que estes últimos31,33.

Houve um percentual significativamente mai-or de idosos sem ou com 1 ou 2 doenças crônicasentre os que pontuaram para alta satisfação coma memória, a capacidade de resolver problemasdo dia-a-dia, os serviços de saúde e os transpor-tes. Um percentual maior de idosos com baixaforça de preensão em comparação com os quenão pontuaram para esse tipo de perda descre-veu-se como pouco satisfeitos com a memória, acapacidade de resolver problemas do dia-a-dia eas amizades e relações sociais. Um percentual altoe significativamente maior de idosos sem perdade força de preensão e sem lentidão da marchadeclarou-se muito satisfeito com relação a essesdomínios da satisfação. Os dados sugerem queos idosos mais fortes e mais ágeis tendem a estarmais satisfeitos com diversos domínios da vidado que os mais fracos e os mais lentos, provavel-mente porque retém maior funcionalidade37-40.O fato de o envolvimento em AAVD ter se mos-trado relacionado à pontuação mais elevada emtodos os domínios de satisfação reforça a noçãode que as condições de saúde e de função físicatendem a afetar o bem-estar subjetivo. Maiorenvolvimento social é fator protetor em relaçãoa perdas funcionais e cognitivas e propicia a exis-tência de redes de suporte psicossocial e materialque contribuem para a maior satisfação nos do-mínios da memória, da capacidade para resolverproblemas e das relações sociais37-40.

As distribuições de frequência relativas àsAAVD que os idosos haviam deixado de desem-penhar, ainda desempenhavam e nunca haviamdesempenhado sugerem que o envolvimento so-cial dessas pessoas sofre não apenas a influênciadas condições de saúde e capacidade funcional,como também da atribuição de papéis de gênero

e idade e de variáveis socioeconômicas. De fato,frequentar programas de extensão oferecidospelas universidades e ir a centros de convivênciadependem da disponibilidade desses recursos. Naeventualidade de os recursos estarem presentes,não é qualquer idoso que pode participar dessasatividades, considerando-se que as instituiçõesestabelecem esquemas de horário e ofertas nãonecessariamente compatíveis com os repertóriosde quaisquer homens ou mulheres idosos, comdiferentes ocupações anteriores, níveis de escola-ridade e renda, compromissos familiares, hábi-tos e interesses.

O voluntariado ainda não é uma atividadetão disseminada no Brasil como em outros paí-ses e também faz exigências aos seus participan-tes. A participação em diretorias e conselhos in-tegra uma classe de comportamentos relaciona-da ao exercício da cidadania, que depende de ex-posição anterior, motivação e características depersonalidade, e ainda é uma atividade com fortevinculação ao gênero masculino. Guiar automó-vel depende do poder aquisitivo das pessoas e,para as pessoas que hoje tem mais de 65 anos,também tem forte vinculação ao gênero mascu-lino. A interrupção do trabalho remunerado temforte relação com a aposentadoria por idade,combinada ou não com tempo de serviço, e comaposentadoria por invalidez. Receber visitas, ir àigreja e fazer visitas são atividades realizadas nodomicílio ou nas vizinhanças, ao passo que via-jar e ir a festas e reuniões pode envolver desloca-mentos maiores e, assim, mais exigência física,cognitiva, motivacional. Além disso, a continui-dade das atividades desempenhadas fora doambiente doméstico e da vizinhança pode relacio-nar-se com motivação e com escolhas pessoais.

A abordagem da saúde do idoso requer umaperspectiva multidimensional e integral dos fe-nômenos saúde, funcionalidade, envolvimentosocial e bem-estar subjetivo. O envolvimentosocial evidenciado pela participação em ativida-des sociais, produtivas, de lazer e organizacio-nais é um bom indicador de capacidade funcio-nal, de motivação para a atividade e para o con-tato social, e de cognição preservada, motivo peloqual deve merecer atenção na avaliação do idoso.A avaliação precoce e precisa de limitações nessasatividades, que precedem as perdas em AIVD eem ABVD, é de grande valia à promoção e à ma-nutenção da qualidade de vida até idade avança-da. O envolvimento social e a satisfação são indi-cadores de envelhecimento saudável e elementosprotetores com relação a perdas funcionais, iso-lamento e depressão na velhice.

3 juliana ok.pmd 13/10/2013, 00:183458

3459C

iência & Saúde C

oletiva, 18(12):3449-3460, 2013

Colaboradores

AL Neri planejou e coordenou a pesquisa do Es-tudo Fibra - polo Unicamp, planejou este estudoe acompanhou JM Pinto na análise e na interpre-tação de dados e na redação do artigo.

Agradecimentos

Monica Sanches Yassuda auxiliou na construçãodo projeto de pesquisa do Estudo Fibra, poloUnicamp e, junto com Jose Guilherme de ArrudaMoura, Ludgleydson F. de Araújo, Maria doCarmo Eulálio, Benedita Edina Cabral, MariaEliane Catunda de Siqueira e coordenou as equi-pes de recrutamento e coleta de dados nas cida-des parceiras. Efigênia Passarelli Mantovani, An-drea Cristina Garofe Fortes-Burgos treinaramas equipes de recrutamento e análise de dadosdas sete localidades e auxiliaram na construçãodos manuais de treinamento. Flavia Silva ArbexBorim, Stella Vital de Souza Torres e Débora Diasda Silva Harmitt coordenaram a coleta de dadosem Campinas, junto com Andréa Fortes e Efigê-nia Mantovani. Natália de Oliveira Rodrigues co-ordenou a equipe de digitação de dados integra-da por Juliana Martins, Veridiana Menezes, An-derson Vieira dos Santos, Kally Chung, Cristia-ne de Rezende Jayme, Cecília de Moraes Barbo-sa, Mariane Barroso Pereira e Cristina MandauOkuni Cá. Ao Conselho Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coor-denação de Aperfeiçoamento de Pessoal de NívelSuperior (CAPES), pelo apoio financeiro.

Conclusões

Neste trabalho foram observadas relações positi-vas entre saúde, capacidade funcional, envolvi-mento social e satisfação, assim como foram ob-servadas relações entre idade avançada, capaci-dade funcional prejudicada, menor envolvimen-to social e menor satisfação com relação a domí-nios específicos do funcionamento. Investigaçõessobre o uso do tempo e sobre as preferências e osmotivos dos idosos para envolvimento em ativi-dades sociais, considerando-se gênero, idade, ní-vel socioeconômico e cognição, poderão contri-buir para a melhor compreensão das relações in-

vestigadas. Estudos longitudinais serão úteis paraesclarecer como as relações mudam ao longo doenvelhecimento. O acompanhamento de idososmenos independentes e saudáveis em termos físi-cos e cognitivos, em comparação com grupos commelhor qualidade de vida, será útil para esclareceras questões levantadas por este trabalho. O temaé de alta relevância, pois a satisfação dos idososnos diferentes domínios da vida e seu envolvi-mento com vários tipos de atividades podem sertomados como indicadores de qualidade de vidana velhice, de necessidades da população idosa eda eficácia das políticas sociais e de saúde orienta-das à esta faixa etária.

Referências

Diener E. Subjective well-being. Psychol Bull 1984;95(3):542-575.Enkvist A, Ekstrom H, Elmstahl S. What factors affectlife satisfaction (LS) among the oldest-old? ArchGerontol Geriatr 2012; 54(1):140-145.Diener E, Suh EM, Lucas RE, Smith HL. Subjectivewell-being: three decades of progress. Psychol Bull1999; 125(2):276-302.Enkvist A, Ekstrom H, Elmstahl S. Life satisfaction(LS) and symptoms among the oldest-old: resultsfrom the longitudinal population study called GoodAging in Skane (GAS). Arch Gerontol Geriatr 2012;54(1):146-150.Borg C, Hallberg IR, Blomqvist K. Life satisfactionamong older people with reduced self-care capaci-ty: the relationship to social, health and financialaspects. J Clin Nurs 2006; 15(5):607-618.George LK. Still happy after all these years: resear-ch frontiers on subjective well-being in later life. JGerontol B Psychol Sci Soc Sci 2010; 65B(3):331-339.Di Nubila HBV. Uma introdução à CIF – Classifica-ção Internacional de Funcionalidade, Incapacida-de e Saúde. RBSO 2010; 35(121):122-123.Garatachea N, Molinero O, Martinez-Garcia R, Ji-menez-Jimenez R, Gonzalez-Gallego, Marquez S.Feelings of well being in elderly people: relationshipto physical activity and physical function. ArchGerontol Geriatr 2009; 48(3):306-312.Marengoni A, Angleman S, Melis R, MangialascheF, Karp A, Garmen A, Meinow B, Fratiglioni L.Aging with multimorbidity: A systematic review ofthe literature. Ageing Res Rev 2011; 10(4):430-439.Lima-Costa MF, Barreto SM, Giatti L. Condiçõesde saúde, capacidade funcional, uso de serviços desaúde e gastos com medicamentos da populaçãoidosa brasileira: um estudo descritivo baseado naPesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. CadSaude Publica 2003; 19(3):735-743.

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

3 juliana ok.pmd 13/10/2013, 00:183459

3460P

into

JM, N

eri A

L

Reuben DB, Laliberte L, Hiris J, Mor V. A hierar-quical exercise scale to measure function at theadvanced activities of daily living (AADL) level. JAm Geriatr Soc 1990; 38(8):855-861.Reuben DB, Wieland D, Rubenstein LZ. Functionalstatus assessment of older persons: concepts andimplications. Facts Res Gerontol 1993; 7:231-240.Tsubaki A, Kubo M, Kobayashi R, Jigami H,Takahashi HE. Age-related changes in physical func-tion in community-dwelling people aged 50-79 year.J Phys Ther Sci 2010; 22(1):23-27.Scheibe S, Carstensen LL. Emotional aging: recentfindings and future trends. J Gerontol B Psychol SciSoc Sci 2010; 65B(2):135-144.Neri AL. Dependência e autonomia. In: GuarientoME, Neri AL, organizadores. Assistência ambulatori-al ao idoso. Campinas: Editora Alínea; 2010. p. 31-44.Ozturk A, Simsek TT, Yumin ET, Sertel M, YuminM. The relationship between physical, functionalcapacity and quality of life (QoL) among elderlypeople with a chronic disease. Arch Gerontol Geri-atr 2011; 53(3):278-283.Lee CT, Yeh CJ, Lee MC, Lin HS, Chen VC, HsiehMH, Yen CH, Lai TJ. Leisure activity, mobility limi-tation and stress as modifiable risk factors for de-pressive symptoms in the elderly: results of a natio-nal longitudinal study. Arch Gerontol Geriatr 2012;54(2):221-229.Cumming E, Henry WE. Growing old: The processof disengagement. New York: basic Books; 1961.Neugarten BL, Havighurst RJ, Tobin SS. The measu-rement of life satisfaction. J Gerontol 1961; 16:131-143.Rowe J, Kahn R. Human aging: Usual and success-ful (physiological changes associated with aging).Science 1987; 237(4811):143-147.World Health Organization (WHO). Active ageing:A policy framework. Geneva: WHO; 2002.Neri AL, Yassuda MS, Fortes-Burgos ACG, Manto-vani EP, Arbex FS, Torres SVS, Silva DD. FIBRACampinas: fundamentos e metodologia de um es-tudo sobre fragilidade em idosos da comunidade.In: Neri AL, Guariento ME, organizadoras. Fragili-dade, saúde e bem estar em idosos: dados do estudoFIBRA Campinas. Campinas: Ed. Alínea, 2011.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Contagem da população 2007. Resultados da publica-ção divulgada em 21/12/2007. [página na Internet];2008 [acessado 2008 jan 12]. Disponível em: HTTP://www.ibge.gov.br/home/estatística/população/cc.Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hir-sch C, Gottdiener J, Seeman T, Tracy R, Kop WJ,Burke G, McBurnie MA; Cardiovascular Health StudyCollaborative Research Group. Frailty in older adults:evidence for a phenotype. J Gerontol Med Sci 2001;56A:146-156.Brucki, SMD, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PHF,Okamoto IH. Sugestões para o uso do Mini-Examedo Estado Mental no Brasil. Arq Neuropsiquiatr 2003;61(3B):777-781.Guralnik JM, Simonsick EM, Ferrucci L, Glynn RJ,Berkman LF, Blazer DG, Scherr PA, Wallace RB. Ashort physical performance battery assessing lowerextremity function: association with self-reported di-sability and prediction of mortality and nursing homeadmissions. J Gerontol Med Sci 1994; 49(2):85-94.

11.

12.

13.

14.

15.

16.

17.

18.

19.

20.

21.

22.

23.

24.

25.

26.

Neri AL. Bienestar subjetivo em la vida adulta y emla vejez: hacia una psicologia positiva em AmericaLatina. Rev. Latinoam Psicol. 2002; 34(1-2):55-74.Lima-Costa MF, Firmo JOA, Uchoa E. The BambuíCohort Study of Aging: methodology and healthprofile of participants at baseline. Cad Saude Publica2011; 27(3):327-335.Bandeen-Roche K, Xue QL, Ferrucci L, Walston J,Guralnik JM, Chaves P, Zeger SL, Fried LP. Pheno-type of frailty: characterization in the Women’s He-alth and Aging Study. J Gerontol Med Sci 2006;61A(3):262-266.Breda JC. Prevalência de quatro critérios para avalia-ção da fragilidade em uma amostra de idosos residen-tes na comunidade: um estudo exploratório. [disser-tação]. Campinas: Unicamp; 2007.Camarano AA. Envelhecimento da população bra-sileira: uma contribuição demográfica. In: FreitasEV, Py L, Cançado FAX, Doll J, Gorzoni ML, orga-nizadores. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Riode Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. p. 88-105.Lebrão ML, Laurenti, R. Saúde, bem-estar e enve-lhecimento: o estudo SABE no Município de SãoPaulo. Rev. Bras Epidemiol 2005; 8(2):127-141.Louvison MCP, Lebrão ML, Duarte YAO, SantosJLF, Malik AM, Almeida, ES. Desigualdades no usoe acesso aos serviços de saúde entre idosos do mu-nicípio de São Paulo. Rev Saude Publica 2008;42(4):733-740.Neri AL. Feminização da velhice. In: Neri AL, orga-nizadora. Idosos no Brasil: vivências, desafios e ex-pectativas na terceira idade. São Paulo: Editora Fun-dação Perseu Abramo, edições SESC-SP; 2007. p.47-64.Oswald F, Wahl HW, Naumann D, Mollenkopf H,Hieber, A. The role of the home environment inmiddle and late adulthood. In: Wahl HW, BrennerH, Mollenkopf H, Rothenbacher D, Rott C, organi-zadores. The many faces of health, competence andwell-being in old age: integrating epidemiological,psychological and social perspectives. Heidelberg:Springer; 2006. p. 7-24.Doimo LA, Derntl AM, Lago OC. O uso do tempono cotidiano de mulheres idosas: um método indi-cador do estilo de vida de grupos populacionais.Cien Saude Colet 2008; 13(4):1133-1142.Li YP, Lin SI, Chen CH. Gender differences in therelationship of social activity and quality of life incommunity-dwelling taiwanese elders. J WomenAging 2012; 23(4):305-320.Buchman AS, Boyle PA, Wilson RS, Fleischman DA,Leurgans S, Bennett DA. Association between late-life social activity and motor decline in older adults.Arch Intern Med 2009; 169(12):1139-1146.James BD, Boyle PA, Buchman AS, Bennett DA. Re-lation of late-life social activity with incident disabi-lity among community – dwelling older adults. JGerontol Med Sci 2011; 66A(4):467-473.Smith J, Borchelt M, Maier H, Jopp D. Health andwell-being in the young and oldest old. J Soc Issues2002; 58(4):715-732.

Artigo apresentado em 18/10/2012Aprovado em 27/11/2012Versão final apresentada em 01/12/2012

27.

28.

29.

30.

31.

32.

33.

34.

35.

36.

37.

38.

39.

40.

3 juliana ok.pmd 13/10/2013, 00:183460


Recommended