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Novos rumos para o município de Guimarães

Date post: 01-Dec-2023
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Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociais Centro de Investigação em Ciências Sociais (C.I.C.S.) Núcleo de Investigação em Geografia e Planeamento (N.I.G.P.) “Novos rumos para o município de Guimarães” (Relatório intercalar) do C.I.C.S. Centro de Investigação em Ciências Sociais N.I.G.P. Núcleo de Estudos em Geografia e Planeamento da Universidade do Minho para a Associação Comercial e Industrial de Guimarães (A.C.I.G.) 31 de Janeiro de 2013
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Universidade do Minho

Instituto de Ciências Sociais

Centro de Investigação em Ciências Sociais (C.I.C.S.)

Núcleo de Investigação em Geografia e Planeamento (N.I.G.P.)

“Novos rumos para o município de Guimarães”

(Relatório intercalar)

do

C.I.C.S. – Centro de Investigação em Ciências Sociais

N.I.G.P. – Núcleo de Estudos em Geografia e Planeamento da Universidade do Minho

para

a Associação Comercial e Industrial de Guimarães

(A.C.I.G.)

31 de Janeiro de 2013

1

Identificação das entidades consultoras

Designação

Centro de Investigação em Ciências Sociais (C.I.C.S.) da Universidade do Minho

Núcleo de Investigação em Geografia e Planeamento (N.I.G.P.) da Universidade do Minho

Endereço Institucional

Universidade do Minho

Departamento de Geografia

Campus de Azurém

4800-058 Guimarães – Portugal

Telefone: 253510560

Fax: 253510569

E-mail: [email protected]

Equipa Técnica

Paula Cristina Remoaldo (Coordenadora)

Vitor Patrício Ribeiro

Sara Catarina Silva

Márcio Ribeiro

2

Índice geral

1-Evolução da população no município de Guimarães e nos

municípios vizinhos…………………………………………………………………p.7

1.1-Condicionantes internacionais……………………………………………. p.7

1.2-O crescimento populacional no país e no município de Guimarães……...…p.8

1.3-O crescimento populacional à escala de freguesia nos municípios em

Estudo………………………………………………………………………...…p.14

1.4-As Taxas de Crescimento Natural e Migratório e a estrutura

etária nos municípios em estudo……………………………………………..p.21

1.4.1- O comportamento das Taxas de Crescimento Natural e

Migratório…………………………………………………………… p.21

1.4.2-Análise da estrutura etária…………………………………… p.23

1.5-Os níveis de escolaridade nos municípios em estudo……………………p.27

1.6-Capacidade de atração da população de outros municípios e do

Estrangeiro………………………………………………………………….. p.31

1.7-A espressão dos movimentos pendulares………………………………. p.33

2-Principais fatores explicativos do cenário demográfico……………………p.37

2.1-Fatores demográficos……………………………………………………p.37

2.2-Alguns fatores socioeconómicos……………………………………….. p.43

3-Características do crescimento e da componente económica dos

principais centros urbanos……………………………………………………..p.47

3.1-Poder de Compra e urbanização……………………………………….. p.47

3.1.1-Indicador do Poder de Compra……………………………… .p.47

3.1.2-Percentagem do Poder de Compra………………………… …p.49

3.2-O dinamismo dos sectores de atividade………………………………… p.50

3.3-Tipo de empresas existentes em Guimarães……………………………. p.52

3.4-Desemprego…………………………………………………………….. p.55

3.5-Rendas e arrendamentos…………………………….………………….. p.57

3.6-Características do crescimento dos principais centros urbanos……..… p.63

3.7-Importância dos edifícios muito degradados e devolutos………………… p.67

4-O contributo do turismo para o crescimento e desenvolvimento do município de

Guimarães………………………………………………………………………p.69

4.1-Contexto internacional e o PENT…………………………………….. p.69

4.2-O que falta fazer no Minho e em Guimarães…………………………. p.70

4.3-A perceção dos Vimaranenses………………………………………… p.73

4.4-As motivações e a imagem dos visitantes relativamente ao destino

“Guimarães”……………………………………………………………….. p.75

5-Pontos fortes e fracos do município de Guimarães………………………. p.77

Anexos………………………………………………………………………….. p.81

3

Introdução

O presente documento corresponde ao Relatório Intercalar na sequência do

pedido efetuado pela Associação Comercial e Industrial de Guimarães (A.C.I.G.) de

realização de um estudo de diagnóstico da situação demográfica do município de

Guimarães e tenta responder à primeira questão das duas que foram equacionadas em

2012: Quais são os fatores que levaram o município de Guimarães a perder população

nos últimos dez anos? Que caminhos podem ser construídos, a curto prazo (próximos 3

anos), que possam reverter o presente cenário?

Tenta ainda responder ao primeiro dos dois objetivos que foram avançados:

- aferir os fatores (demográficos, económicos, sociais e culturais) que levaram o

município de Guimarães a perder população nos últimos anos;

- propor um plano de atuação para inverter a situação a curto prazo.

Para responder à questão levantada e ao objetivo de aferir os fatores que conduziram

à perda de população no município de Guimarães foram usadas fontes secundárias,

utilizando sobretudo indicadores quantitativos, com o intuito de proceder a um diagnóstico

dos pontos fortes e debilidades, além de possibilitar a reflexão sobre as ameaças e

oportunidades que se colocam ao município e à região onde está inserido.

As principais fontes utilizadas derivam de publicações disponibilizadas pelo

Population Reference Bureau, pelo Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias (InIR), pelo

Instituto do Emprego e Formação Profissional, pelo Ministério da Justiça (Instituto dos

Registos e do Notariado – I.R.N.) e sobretudo pelo Instituto Nacional Estatística (I.N.E.),

com especial realce para:

- Recenseamentos Gerais da População desde o ano de 1864 e até 2011

(publicação decenal);

- Estatísticas Demográficas (publicação anual);

- Estatísticas do Turismo (publicação anual);

- Anuário Estatístico da Região Norte (publicação anual);

- Informação empresarial.

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Em termos de análise espacial a principal ferramenta de apoio foi um Sistema de

Informação Geográfica (S.I.G.), utilizando por base a Carta Administrativa Oficial

Portuguesa (CAOP 2012, versão de 2012.1).

Atendendo a que a realidade do município de Guimarães não pode ser entendida de

forma isolada, optou-se por fazer uma análise comparativa entre Guimarães e onze

municípios contíguos ou próximos. A fundamentação desta opção reside no facto de a

equipa considerar que apresentam complementaridades em relação a Guimarães, que

interagem de forma contínua com o mesmo ou que são concorrentes do mesmo,

conseguindo, uns mais do que outros, fixar população. Assim, a área de estudo é composta

pelos municípios de:

-Amares;

-Barcelos;

-Braga;

-Esposende;

-Fafe;

-Póvoa de Lanhoso;

-Vila Nova de Famalicão;

-Vila Verde;

-Vizela;

-Trofa;

-Santo Tirso.

Na Figura 1 podemos visualizar os doze municípios analisados.

Figura 1 – Municípios correspondentes à área em estudo

Fonte: Elaboração própria com base em CAOP 2012.

5

Além deste exercício, comparou-se a realidade do município de Guimarães com

a realidade nacional, continental, da região Norte e da NUTS III Ave, entidades onde o

município de Guimarães se insere. Sempre que os dados publicados o permitiram

desceu-se à escala de freguesia, quer para o município de Guimarães, quer para os

municípios vizinhos.

A escala temporal selecionada coincidiu, preferencialmente, com o período que

mediou entre os anos noventa do século XX e o ano de 2012, ainda que nalguns indicadores

se tenha retrocedido a meados do século XIX, assegurando-se, sempre que possível, a

comparabilidade dos indicadores no espaço e no tempo. Na realidade, foi imperativo

considerar a década de noventa do século XX, devido às alterações demográficas, sociais e

económicas que se efetuaram no pós-25 de Abril de 1974, quer no município de Guimarães

quer no Ave e região Norte. Basta pensar, por exemplo, no aproximar de comportamentos

destes territórios em relação à média do país no que diz respeito às Taxas de Natalidade e do

Número Médio de Filhos por Mulher, indicadores importantes para a compreensão do

crescimento ou não crescimento de qualquer território.

O presente Relatório organiza-se em cinco itens e da seguinte forma. No item

um começa-se por analisar a evolução da população a diferentes escalas e retrocedendo

ao primeiro Recenseamento Geral da População (1864) realizado em Portugal em

moldes modernos e com fins estritamente demográficos. Para compreendermos o

cenário atual recordam-se as condicionantes internacionais para depois nos centrarmos

na análise, até à escala de freguesia, da variação da população entre os vários

Recenseamentos. Complementa-se esta análise insistindo nas Taxas de Crescimento

Natural e Migratório e na estrutura etária. Para se compreender o tipo de interação

existente entre Guimarães e os municípios vizinhos, analisa-se na parte final do item

um, a capacidade de atração da população de outros municípios e do estrangeiro, bem

como os movimentos pendulares alicerçados na deslocação para efeitos de estudo ou de

trabalho.

Continua-se no item dois com o aferir de alguns dos principais fatores

explicativos do cenário demográfico, económico e social existente.

No item três abordam-se algumas características do crescimento dos principais

centros urbanos, que, na nossa perspetiva permite entender porque algumas cidades se

tornaram mais atrativas do que outras para se viver no contexto do noroeste português.

No item quatro, com base em dois inquéritos realizados nos anos de 2010 e de

2011, um à população residente no município de Guimarães e outro aos turistas, por um

6

dos membros da equipa, mostra-se de que forma o turismo poderá ainda constituir um

sector que pode gerar oportunidades para o crescimento populacional do município.

No último item procede-se a uma análise dos pontos fortes e fracos do

município.

Num período em que a globalização dita normas ao espaço local importa, antes

de tudo, assumir a postura de que o local pode dar um grande contributo para o global,

invertendo a cultura de alienação que o global tem ditado (Duque e Calheiros, 2012). A

imposição de uniformização, da dominação das periferias pelos grandes centros, a

degradação do trabalho humano e o empobrecimento do património natural e cultural

pode ser, afinal, invertida. Havendo cada vez mais necessidade de seguir um paradigma

territorialista, quando falamos de desenvolvimento, que assente no desenvolvimento que

parte do próprio território, pela mobilização dos recursos materiais e humanos aí

existentes, analisar as potencialidades e as oportunidades do município de Guimarães,

faz cada vez mais sentido. Este tipo de desenvolvimento tem que necessariamente

articular as dimensões económica, cultural e ambiental e tem que permitir integrar um

sistema de trocas que favoreça a afirmação do município de Guimarães e não a sua

dominação.

Esperamos que com o presente Relatório a realidade atual se torne mais

entendível e seja possível, num futuro próximo proceder aos acertos necessários no

sentido de uma melhoria do bem-estar da população vimaranense.

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1-Evolução da população no município de Guimarães e nos municípios vizinhos

1.1-Condicionantes internacionais

Para podermos analisar a situação demográfica nacional atual e o município de

Guimarães, há que, traçar, em primeiro lugar, um breve retrato da conjuntura

internacional. Na Zona Euro, Portugal sobressaiu em 2011 por causa da taxa de inflação

que foi a mais elevada (cerca de 3,7%) e no PIB (-2,8%). Em 2011 o PIB per capita era

de 16.201,6 euros (www.pordata.pt – acedido a 30/01/2013). No ano de 2012 e até

Setembro, a inflação cifrou-se em 3,3% (http://economiafinancas.com/tag/taxa-de-inflacao-

2012/ - acedido a 18/10/2012), a taxa mais alta da Zona Euro (in Jornal Económico de

23/02/2012 – acedido a 18/10/2012), prevendo-se que a inflação média para os 17

países se cifre em 2,1%.

Também a taxa de desemprego passou a ser preocupante nos países da Zona

Euro, tendo alcançado os 12,9% em Portugal. No segundo trimestre de 2012 a taxa

ascendeu aos 15,0% (valor superior em 2,9 pontos percentuais ao do trimestre

homólogo de 2011 – www.ine.pt – acedido a 20/11/2012).

O desastre natural ocorrido no Japão condicionou o preço das matérias-primas

que subiu, entretanto, drasticamente e 2011 assumiu-se como um ano de grande

instabilidade em termos económicos. Importa não esquecer que no ano de 2011 se

assistiu a um decréscimo do crescimento mundial, tendo esta sido mais relevante nas

economias mais desenvolvidas.

O ano de 2011 foi, assim, um ano muito difícil para Portugal, devido, entre

outros aspetos ao pedido de ajuda externa desencadeado, e os impactos daí resultantes

em termos económicos e sociais que se tornaram mais visíveis após o Recenseamento

Geral da População efetuado na primavera de 2011.

As exportações aumentaram 7,4% em 2011 comparativamente com 2010 e o

turismo foi um dos sectores que registou uma performance positiva. Segundo os dados

disponibilizados pelo Banco de Portugal, relativos à Balança Turística Portuguesa, em

2011 as receitas provenientes do turismo revelaram um crescimento comparativamente

com o ano anterior (+7,2% - 8 146 milhões de euros – I.N.E., 2012b). Não obstante, no

mês de setembro de 2012, a saída de bens do país caiu 6,5% face ao mesmo período do

ano transato, que, de acordo com o I.N.E., reflete a evolução negativa registada no

comércio intracomunitário, com particular destaque para o mercado automóvel

(http://www.dn.pt – acedido a 23/01/2013).

8

1.2-O crescimento populacional no país e no município de Guimarães

As caraterísticas demográficas são um alicerce do desenvolvimento económico e

social de qualquer território. Por seu turno, é importante aceitar que as condições

endógenas criadas em termos económicos, sociais e políticos influem de forma visível

na evolução da população de um qualquer território.

Num período em que começam a ser notórios os impactos das grandes mudanças

demográficas operadas nas décadas de oitenta e de noventa no território português, o

cenário demográfico tem que ser avaliado em primeiro lugar quando queremos fazer um

retrato de um município como o de Guimarães.

Começando por uma análise à escala nacional e regional, a 21 de Março de 2011

a população residente em Portugal era de 10562178 habitantes (Quadro 1),

correspondendo a um aumento de 2% face a 2001. Este valor é inferior em cerca de 3%

em relação à década anterior, já que o crescimento ocorrido entre 1991 e 2001 foi de

5%. O crescimento, ainda que limitado resultou, sobretudo, do saldo migratório.

Quadro 1 – População residente em 1981, 1991, 2001 e 2011

e respetiva Taxa de Variação da População

Entidades

territoriais

População residente Variação

1981-

1991

Variação

1991-

2001

Variação

2001-

2011

Variação

1981-

1991

Variação

1991-

2001

Variação

2001-

2011 1981 1991 2001 2011 Nº %

Portugal 9833014 9867147 10356117 1056217

8

34133 488970 205497 0,35 4,96 1,99

Continente 9336760 9375926 9869343 1004762

1

39166 493417 177740 0,42 5,26 1,81

Norte 3410099 3472715 3687293 3689 682 62616 214578 2316 1,84 6,18 0,06

Centro 2301514 2258768 2348397 2327755 -42746 89629 -20817 -1,86 3,97 -0,88

Lisboa 2482276 2520708 2661850 2821 876 38432 141142 159849 1,55 5,60 6,01

Alentejo 819337 782331 776585 757302 -37006 -5746 -19395 -4,52 -0,73 -2,48

Algarve 323534 341404 395218 451006 17870 53814 55787 5,52 15,76 14,12

R.A.

Açores

243410 237795 241763 246772 -5615 3968 4983 -2,31 1,67 2,07

R.A.

Madeira

252844 253426 245011 267785 582 -8415 22774 0,23 -3,32 9,30

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E. (1996), Censos 1991 – Resultados definitivos, Lisboa. I.N.E.

(2002), Censos 2001 – Resultados definitivos, Lisboa. I.N.E. (2012a), Censos 2011 - Resultados

definitivos, Lisboa.

9

A tendência de crescimento da população em Portugal Continental foi superior à

nacional, tendo-se invertido na última década quando passou a ser inferior. Ao nível

regional o Algarve e o Norte foram as regiões que mais se destacaram ao apresentarem

as taxas de crescimento da população mais elevadas entre 1981 e 2001. Porém, a partir

desta data, a região Norte foi, das que apresentaram valores positivos, a que teve um

crescimento demográfico mais incipiente (0,06%). Ainda assim, foi superior ao das

regiões Centro e do Alentejo, que desde 1981 têm apresentado uma tendência repulsiva.

Na última década, a evolução da população por município reforça o padrão já

conhecido das anteriores décadas acentuando-se os problemas demográficos em

Portugal Continental (Figura 2). Com efeito, acentuou-se o fenómeno da litoralização

marcado pela perda de população num maior número de municípios do interior e pelo

efeito de concentração populacional nos municípios do litoral, designadamente nas

grandes áreas metropolitanas ou próximo delas. Os municípios que perderam população

passaram de 171 em 2001 para 198 em 2011. Destacam-se ainda a região do Algarve e a

Região Autónoma da Madeira, onde o turismo se manteve como um dos principais

sectores dinamizadores da economia local.

Apesar desta atratividade do litoral para atrair e fixar população, constata-se que

vários dos municípios do litoral passaram de um crescimento populacional entre 0 e

7,1%, entre 1991 e 2001, para uma variação negativa da sua população (até aos -10,6%)

na última década.

Nas regiões Norte e Centro estas alterações foram mais notórias. A Área

Metropolitana do Porto deixou de se destacar no contexto nacional, como uma mancha

compacta de crescimento positivo, ainda que alguns municípios tenham mantido um

relevante crescimento.

No contexto da região Norte, apenas três sub-regiões apresentaram uma variação

positiva do seu volume populacional. Sobressaiu no seio das oito NUTS III, a sub-

região do Cávado e do Grande Porto. O Ave foi a terceira sub-região com variação

positiva, ainda que esta tenha sido muito próxima de 0%, denunciando uma estagnação

reveladora da crise económica que esta sub-região enfrentou no decurso de toda a

década de 2000 e que se terá também refletido na generalidade dos seus municípios. É

um facto que apenas Vizela, Vila Nova de Famalicão e Trofa manifestaram uma

variação positiva e Guimarães, dos restantes cinco municípios que integram o Vale do

Ave, foi o que denunciou uma variação negativa menos acentuada. Braga, com 10,6%

10

sobressai na região Norte com a maior variação populacional e foi ultrapassado apenas

pelo município da Maia (12,6 %).

Figura 2 – Taxa de Variação da População por município, 1991-2001 e 2001-2011

Fonte: I.N.E. (2011b), Censos 2011 - Resultados provisórios, Lisboa, p. 8.

Constata-se que na última década o município de Guimarães não conseguiu

manter os níveis de crescimento alcançados nas décadas anteriores, apresentando um

decréscimo de 1% da sua população. Este decréscimo ocorreu pela primeira vez desde

1920, correspondendo a menos 1452 pessoas do que em 2001 e contrariando as

estimativas publicadas pelo I.N.E. nos períodos intercensitários que previam um ligeiro

aumento populacional.

A hipótese mais plausível parece-nos ser a facilidade de ligação aos municípios

vizinhos, nomeadamente a Braga, que baixou a capacidade de atração que o município

de Guimarães poderia representar em termos de fixação daqueles que aí trabalham e/ou

aí estudam. Braga tem-se assumido como uma cidade mais cosmopolita e que

proporciona uma maior oferta de serviços acontecendo o mesmo nalguns municípios da

Área Metropolitana do Porto. Por outro lado, Braga tem apresentado uma oferta atrativa

de moradia unifamiliar para os casais jovens.

Através de um levantamento dos dados da população desde o ano de 1864 até

2011 (Quadro 3) e o cálculo da taxa de variação da população nos municípios em estudo

11

efetuou-se o cálculo para o período de 1864 a 1981 e de 1991 a 2011 (Quadro 2), devido

ao facto de a partir do ano de 1991 os dados estatísticos deixarem de ser

disponibilizados por distritos e ter surgido em 1988 a NUTS (Nomenclatura Territorial

para Fins Estatísticos), que nos permite fazer uma análise por sub-regiões/NUTS III

(Nível III da NUTS).

No contexto da NUTS III do Ave, Santo Tirso foi o que revelou um maior

crescimento (314%) entre 1864 e 1981. Dos restantes municípios os que tiveram

também uma taxa de variação bastante elevada foram Vila Nova de Famalicão (284,5%)

e Guimarães (232,6%). Todos os municípios apresentaram taxas de variação positiva,

sendo que Guimarães apresentou valores muito superiores ao município de Braga.

Quadro 2 – Taxa de Variação da População entre 1864 e 1981 e entre 1991 e 2011

* Estes municípios não existiam antes de 2001.

Fonte: Elaboração própria a partir de Recenseamentos Gerais da População, I.N.E., Lisboa, 1864 a 2011.

Contudo, a partir de 1991 Braga passa a destacar-se ao apresentar uma taxa de

variação de população de 28,4% enquanto o município de Guimarães se fica pelos

0,3%. Neste período o município de Esposende também se destacou ao apresentar a

segunda maior taxa de crescimento na área em estudo (13,8%). Tal facto poderá dever-

se, entre outros aspetos, ao facto de ser um município litoral (o próprio formato do

Entidades

territoriais

Variação Pop.

entre 1864 e 1981

Variação Pop.

entre 1991 e 2011

Portugal 129,4% 7,0%

Continente 137,7% 7,2%

Amares 37,1% 13,0%

Barcelos 135,7% 7,7%

Braga 160,2% 28,4%

Esposende 114,9% 13,8%

Fafe 102,1% 5,8%

Guimarães 232,6% 0,3%

Póvoa de Lanhoso 22,1% 1,7%

V.N. de Famalicão 284,5% 17,0%

Vila Verde 41, 3% 8,7%

Vizela - 5,0 % *

Trofa - 3,8%*

Santo Tirso 314,0% -30,3%

12

município mostra o acompanhamento da linha de costa), bastante atrativo em termos de

residência em moradia unifamiliar. É ainda de assinalar o significativo número de

condomínios fechados (de apartamentos e de moradias) nalgumas das freguesias mais

próximas ao oceano atlântico e a aposta da autarquia na requalificação da parte

ribeirinha, que acompanha a foz do rio Cávado. Em sentido contrário, surge o município

de Santo Tirso que apresenta -30,3% correspondendo a um revés no crescimento

exponencial que revelou entre 1864 e 1981.

A evolução da população na área de estudo, desde o séc. XIX até ao presente,

apresenta uma tendência de crescimento. Contudo, na década de 1911 a 1920 o

crescimento estagnou (Quadro 3) e até houve municípios em que a perda de população

foi uma realidade. Vejamos, por exemplo, o caso de Guimarães que passou de 59011

habitantes em 1911 para 56359 habitantes em 1920. A participação na primeira Guerra

Mundial e a mortalidade decorrente da gripe pneumónica, em 1918, foram as causas

mais prováveis para a diminuição da população. No distrito de Braga o município de

Vila Nova de Famalicão foi o que apresentou o maior crescimento nesta década

passando de 37753 habitantes no ano de 1911 para os 39652 habitantes no ano de 1920.

Em 1864, o município de Guimarães possuía 44188 habitantes, sendo apenas

ultrapassado pelo município de Braga com 48420 habitantes. Barcelos apresentava

também um número de habitantes muito semelhante ao de Guimarães com 44021

habitantes. Até ao ano de 1920 o município de Braga detinha o maior volume

populacional, seguido pelos municípios de Guimarães e de Barcelos. Em 1930 o

município de Guimarães passou a deter o maior volume populacional no seio da área em

estudo que se manteve até 1991. Nesse mesmo ano, para além do município de Braga

ter sido ultrapassado pelo de Guimarães foi também superado pelo município de

Barcelos.

13

Quadro 3 – Total da população residente em Portugal, no Continente, no distrito de Braga e do Porto e nalguns municípios da Região Norte, 1864 a 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E. (2012a), Censos 2011 – Resultados definitivos, Lisboa; Censos 2001, Lisboa, p. 338. Censos 1991, Lisboa, p. 378. Censos 1981, Lisboa, pp.. 216 e 219. Censos 1970, Lisboa,

pp. 7 a 16. Censos 1960, Lisboa, pp. 18 a 28.

1864 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011

Portugal 4286995 4698984 5102891 5448760 599146 6080135 6802429 775423 8510240 8889392 8663252 9833019 9867147 10356117 10562178

Continente 3927392 4303664 4713319 5039744 5686053 5668232 6334607 7218882 7921813 8292975 8123310 9336760 9375926 9869343 10047621

Braga (Distrito) 317499 328134 340379 358183 383131 378145 414101 487674 546302 596768 612748 708924

Porto (Distrito) 419691 468291 549332 598574 680665 706629 805595 940870 1053522 1193368 1318774 1562287

Amares 12015 12068 12381 12746 13266 13233 13878 16332 16314 16845 16200 16478 16715 18521 18889

Barcelos 44021 44732 45322 46953 51121 52066 58960 68184 75967 83211 88130 103773 111733 122096 120391

Braga 48420 60962 55424 58339 60836 57019 58761 75846 84142 92938 96220 125972 141256 164192 181494

Esposende 13330 14181 15085 15161 16417 17036 19452 20777 22891 23966 23720 28652 30101 33325 34254

Fafe 22674 24624 25736 27346 30102 30031 32969 37468 42243 43782 42485 45828 47862 52757 50633

Guimarães 44188 46277 49738 54910 59011 56359 65417 82120 97064 116272 121145 146959 157589 159576 158124

Póvoa de

Lanhoso

17277 16731 16364 16939 18128 17861 19178 20532 21342 22033 20550 21092 21516 22772 21886

V.N. Famalicão 27700 29489 31689 33978 37753 39652 43561 58158 66266 79250 88370 106508 114338 127567 133832

Vila Verde 31442 31330 31014 32053 33719 33661 36990 39809 42797 42256 41060 44432 44056 46579 47888

Vizela 22595 23736

Trofa 37581 38999

Santo Tirso 22526 23347 25610 28371 33288 35234 41078 51755 63389 77130 79855 93482 102593 72396 71530

14

Em 1991, o município mais populoso é o de Guimarães com 157589 habitantes,

seguido pelo de Braga com 141256 habitantes e pelo de Vila Nova de Famalicão com

106508 habitantes, aparecendo o município de Barcelos como o quarto mais populoso

com 103773 habitantes. A partir desta data, o município de Braga passou a ganhar

maior preponderância em termos de fixação de população.

Deste modo, torna-se necessário avaliar como se processaram estas

transformações a uma maior escala, pelo que no item seguinte desagregamos a análise à

escala de freguesia.

1.3-O crescimento populacional à escala de freguesia nos municípios em estudo

Entre 1991 e 2001, a maior parte das freguesias dos doze municípios analisados

apresentava um crescimento que variou entre 1 e 10% (Figura 3). Constata-se que os

investimentos rodoviários poderão ter influenciado esta reorganização da população no

território em estudo. Não podemos esquecer que estamos perante um território onde,

desde sempre, o povoamento disperso ordenado (ao longo das principais vias existentes)

teve bastante significado. Guimarães ainda revelava uma situação confortável, já que a

maioria das freguesias apresentava um crescimento positivo nesta década.

As freguesias que mais se destacam no território em estudo pelo seu crescimento

encontram-se no município de Braga, tais como Nogueiró (125%) e Frossos (68% -

Quadro 4). O município de Amares também se destaca com a freguesia de Carrazedo

(67%) e em terceiro lugar surge a freguesia de Santiago de Candoso (63%) no

município de Guimarães.

O município que apresenta um crescimento negativo mais acentuado é Fafe, com

três freguesias que apresentam as taxas de variação de população mais negativas

[freguesias de Gotim (-32%), de Vila Cova (-26%) e de Monte (-25%)]. Segue-se, em

quarto lugar, a freguesia de São João de Souto do município de Braga (-22%).

Na década seguinte, entre 2001 e 2011, passam a destacar-se as freguesias na

classe dos -14 a 0% sendo notória a perda de população na generalidade do território em

estudo (Figura 4). Continua a sobressair Braga, com cinco freguesisas a ocuparem os

lugares cimeiros de crescimento. Em primeiro lugar surge a freguesia de Fraião (116%),

seguida da de Lamaçães (85%), da de Nogueiró (77%), e das de Real e de Parada de

Tibães (57%).

15

Figura 3 – Taxa de Variação da População entre 1991 e 2001

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E., Censos 1991 e 2001, Lisboa.

Quadro 4 -Taxa de Variação da População entre 1991 e 2001 das freguesias que

apresentaram uma variação mais positiva e mais negativa

Municípios Freguesias Variação

Positiva Municípios Freguesias

Variação

Negativa

Braga Nogueiró 125%

Fafe

Gontim - 32%

Frossos 68% Vila Cova - 26%

Amares Carrazedo 67% Monte - 25%

Guimarães Santiago de

Candoso 63% Braga

São João de

Souto - 22%

Fafe Arnozela - 22%

Póvoa de

Lanhoso Esperança - 21%

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E., Censos 1991 e 2001, Lisboa.

16

Figura 4- Taxa de Variação da População entre 2001 e 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E., Censos 2001 e 2011, Lisboa.

O segundo munícipio a destacar-se é Barcelos com as freguesias de Vila Boa e

Monte de Fralães com 51%. Em terceiro lugar posiciona-se a freguesia da Costa no

munícipio de Guimarães com 49%.

Na mesma década, a taxa de variação da população do munípio de Fafe destaca-

se pela negativa, e desta vez é ainda mais agravada, com a freguesia de Agrela (-31%) e

a de Gontim (-30%). Segue-se o município de Amares com a freguesia de Paranhos (-

28%) e o munícipio da Póvoa de Lanhoso com Sobradelo da Goma igualmente com -

28% (Quadro 5).

As Figuras 6 e 7, tendo por suporte a Figura 5, retratam com maior objetividade

o que acabámos de enunciar para o município de Guimarães complementando a

informação patente no Quadro 6.

Em termos da taxa de variação da população entre 1991 e 2001 e entre 2001 e

2011, apenas 12 freguesias apresentaram uma variação positiva da população de uma

década para a outra e 2 mantiveram sensivelmente a mesma população.

17

Quadro 5 -Taxa de Variação da População entre 2001 e 2011 das freguesias que

apresentaram uma variação mais positiva e mais negativa

Municípios Freguesias Variação

Positiva Municípios Freguesias

Variação

Negativa

Braga

Fraião 116% Fafe

Agrela - 31%

Lamaçães 85% Gontim - 30%

Nogueiró 77% Amares Paranhos - 28%

Real 57% Póvoa de

Lanhoso

Sobradelo da

Goma - 28%

Parada de

Tibães 57%

Barcelos Vila Boa 51%

Monte de

Fralães 51%

Guimarães Costa 49%

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E., Censos 2001 e 2011, Lisboa.

Figura 5 – Divisão administrativa do município de Guimarães

Fonte: Elaboração própria com base em CAOP 2012.

18

Figura 6 - Taxa de Variação da População entre 1991 e 2001 nas freguesias do

município de Guimarães

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E., Censos 1991 e 2001, Lisboa.

19

Figura 7 - Taxa de Variação da População entre 2001 e 2011 nas freguesias do

município de Guimarães

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E., Censos 2001 e 2011, Lisboa.

Quadro 6 – Taxa de Variação da População entre 1991 e 2001 e entre 2001 e 2011

nas freguesias do município de Guimarães

Freguesias Taxa de Variação da

População entre 1991 e 2001

Taxa de Variação da

População entre 2001 e 2011

São Clemente de Sande -2% -2%

Santa Eufémia de Prazins 10% -4%

São Martinho de Sande 6% - 12%

Rendufe 31% -9%

Caldelas 36% 9%

São Trocato 7% -7%

São Salvador de Souto 6% -11%

Barco -1% 6%

São Lourenço de sande 12% -16%

Balazar 5% -22%

Santo Estêvão de Briteiros 18% -4%

Santa Maria de Souto 9% -7%

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E., Censos 1991, 2001 e 2011, Lisboa.

20

Quadro 6 – Taxa de Variação da População entre 1991 e 2001 e entre 2001 e 2011

nas freguesias do município de Guimarães (continuação)

Freguesias Taxa de Variação da

População entre 1991 e 2001

Taxa de Variação da

População entre 2001 e 2011

Gonça -6% 1%

Santa Cristina de Longos 19% -19%

Santa Leocádea de Briteiros 10% -10%

Gondomar -10% -27%

Salvador de Briteiros 0% -21%

Castelões -12% -15%

São Tomé de Abação 6% -2%

São Cristóvão de Selho 19% -7%

Gondar 10% 0%

Mascotelos 21% 23%

São Martinho de Candoso -5% -16%

Santiago de Candoso 63% 7%

Urgezes 9% 2%

São Sebastião (Guimarães) -16% 1%

Infantas 19% -9%

Selho de São Jorge 23% 10%

Creixomil 31% 2%

São Paio (Guimarães) 35% -26%

Ronfe 28% -1%

Oliveira do Castelo -6% -5%

Costa 40% 49%

Silvares 8% -11%

Santa Maria de Airão -5% -9%

Vermil 6% -15%

Mesão Frio 30% 4%

Azurém -13% 2%

Fermentões 26% 38%

Brito 28% 7%

Prazins (Santo Tirso) 17% 21%

Gominhães -8% 1%

Aldão 10% 41%

Airão (São João Baptista) -12% -7%

Oleiros 14% -9%

Pencelo 7% -13%

Vila Nova de Sande 0% -6%

São Lourenço de Selho 40% -3%

Figueiredo 5% -10%

Corvite - -

Atães 20% -5%

Ponte 25% 0%

Leitões -3% -3%

Donim 5% -16%

Arosa 16% -26%

Lordelo -4% -8%

Moreira de Cónegos -3% -17%

Guardizela 2% -1%

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E., Censos 1991, 2001 e 2011, Lisboa.

21

Quadro 6 – Taxa de Variação da População entre 1991 e 2001 e entre 2001 e 2011

nas freguesias do município de Guimarães (conclusão)

Freguesias Taxa de Variação da

População entre 1991 e 2001

Taxa de Variação da

População entre 2001 e 2011

São Faustino -3% -5%

Conde 25% -4%

Gandarela 13% -7%

Tabuadelo 10% -10%

Gêmeos 0% -19%

Serzedo 6% -19%

Calvos 1% 10%

Serzedelo 0% -10%

Polvoreira 5% -8%

Nerpereira 6% -10%

Pinheiro -1% -5%

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E., Censos 1991, 2001 e 2011, Lisboa.

1.4-As Taxas de Crescimento Natural e Migratório e a estrutura etária nos

municípios em estudo

1.4.1- O comportamento das Taxas de Crescimento Natural e Migratório

Relativamente aos dados da Taxa de Crescimento Natural (Taxa de Natalidade –

Taxa de Mortalidade), é possível verificar que ocorreram grandes oscilações desde 1992

até ao presente. Em 1992, Guimarães apresentava uma Taxa de Crescimento Natural de

9‰ sendo só ultrapassado, nos municípios em estudo, pelo crescimento de Vizela

(10,8‰), que até finais da década de noventa pertenceu ao município de Guimarães.

Contudo, operaram-se mudanças na década de noventa, simbolizando o início da

descida do seu crescimento natural.

Em 2001 Guimarães foi ultrapassado pelo município de Braga que apresentava

uma Taxa de 6,3‰ enquanto o município de Guimarães tinha 6,1‰ (Figura 8).

Em 2010, alguns municípios apresentam um crescimento natural negativo, como

é o caso de Santo Tirso (-2,1 ‰), Amares (-0,3 ‰) e Fafe (-0,3 ‰). Embora quase

todos os municípios revelem descidas nas suas Taxas de Crescimento Natural,

ocorreram duas exceções, ou seja, os municípios de Barcelos e de Esposende. Temos

então no ano de 2010 o município de Guimarães com um crescimento natural de 1,8‰

(Figura 8) ficando ainda distante do crescimento da capital de distrito (Braga com

3,6‰).

22

Figura 8 – Taxa de Crescimento Natural nos municípios objeto de estudo,

em 1992, 2001 e 2010

Fonte: Elaboração própria a partir de www.ine.pt (acedido a 15/11/2012).

Relativamente à Taxa de Crescimento Migratório por local de residência, é

possível encontrar um padrão em todos os municípios em estudo. No ano de 1992 a

maioria apresentava taxas de crescimento negativas, embora Vizela com 2,5‰,

23

Esposende com 0,5‰ e Braga com 1,3‰, apresentassem valores positivos. Em 2001,

com exceção do município de Santo Tirso, todos os restantes municípios apresentavam

Taxas de Crescimento Migratório positivas. O município que apresentou a taxa mais

elevada foi o de Amares com 10,9‰ seguido dos municípios da Trofa (9,1‰) e de

Braga (8,6‰). No município de Guimarães a Taxa de Crescimento Migratório não foi

muito relevante até esta data (2,8‰).

No ano de 2010 a Taxa de Crescimento Migratório diminuiu em todos os

municípios, atingindo valores negativos, e.g., na Trofa (-7,0‰) e em Guimarães (-

3,5‰), o que evidencia uma maior preponderância da saída da população para outros

municípios ou para o estrangeiro. Contrariamente, o município de Braga revelou uma

Taxa de Crescimento Migratório de 0,6‰. Sendo assim, é visível a existência de um

padrão nestas duas últimas décadas: na década de 90 observa-se uma subida da Taxa de

Crescimento Migratório na maioria dos municípios, enquanto na década de 2000 se

registou uma descida que é possível visualizar nos dados de 2010. A explicação mais

plausível decorre da entrada de imigrantes na década de noventa, que ocorreu um pouco

por todo o território português. A crise económica instalada em finais da primeira

década do século XXI fez com que parte desses imigrantes regressassem ao seu país de

origem ou procurassem outros destinos.

1.4.2-Análise da estrutura etária

No que diz respeito à estrutura etária da população, a informação pode ser

sintetizada em termos gráficos através da construção de pirâmides etárias e comparando

a realidade de Guimarães com a do Continente Português (Figuras 9 e 10).

Importa não olvidar que Portugal apresentava em 2011 uma das mais elevadas

percentagens de idosos (65 e mais anos de idade) à escala mundial estando em sexto

lugar (17,9%) e sendo apenas ultrapassado pelo Japão (23,2%), Alemanha (20,7%),

Itália (20,2%), Grécia (18,9%) e Suécia (18,5% - Population Reference Bureau, 2011).

O Censos 2011 veio revelar o peso ainda maior dos idosos em cerca de 19%. Em 1981,

ou seja, 30 anos antes, o peso era de 11,4% (8% em 1960), enquanto o grupo dos jovens

era de cerca de ¼ da população. Em 2011, os jovens representavam apenas cerca de

15% da população (I.N.E., 2011b).

24

O envelhecimento da população é um dos mais marcantes e preocupantes

fenómenos das sociedades contemporâneas mais desenvolvidas, já que tem fortes

impactos em termos económicos e nas próprias políticas sociais. Paralelamente, tem

conduzido a alterações de carácter individual, através da adesão a novos estilos de vida

(I.N.E., 2011b).

Em 2001 era notório o menor envelhecimento pela base (classe dos jovens) e

pelo topo da pirâmide (classe dos idosos) do município de Guimarães (Figura 9),

comparativamente com o Continente. Estas diferenças acompanhavam os dois sexos,

embora, como acontece em qualquer território desenvolvido, as mulheres eram mais

representativas no grupo dos idosos (65 e mais anos de idade), como resultado da maior

esperança média de vida daquele sexo.

O acompanhar mais tardio do município de Guimarães da tendência de declínio

das Taxas de Natalidade ainda se revelava, em 2001, numa maior representatividade dos

grupos etários dos adultos, nos dois sexos, sobretudo dos referentes aos grupos mais

baixos (15 a 39 anos).

Por estes motivos, podemos afirmar que, enquanto no Continente estávamos

perante uma pirâmide de tipo regressiva, com forte retração (classes ocas) nos grupos

etários dos 0 aos 14 anos, no município de Guimarães ainda se podia encontrar o

formato de uma pirâmide a partir dos grupos etários que constituíam os adultos. Mas,

mesmo que a Taxa de Natalidade fosse mais elevada em Guimarães e os grupos etários

inferiores fossem mais representativos do que no Continente, já estávamos perante uma

pirâmide de tipo regressiva, ainda que menos vincada do que a do Continente.

Figura 9 – Pirâmides etárias do Continente e de Guimarães em 2001

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E. (2002), Censos 2001 – Resultados definitivos, Lisboa.

25

No início da segunda década do século XXI, observa-se uma estrutura etária

similar (Figura 10) nas duas entidades territoriais consideradas, havendo uma

aproximação do perfil das duas pirâmides etárias. O município de Guimarães passa a

apresentar percentagens muito baixas nos grupos etários dos 0-4 e 5-9 anos, ainda que

ainda esteja em vantagem relativamente ao peso do grupo dos adultos quando

comparado com o Continente.

Figura 10 – Pirâmides etárias do Continente e de Guimarães em 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de Instituto Nacional de Estatística (2012a), Censos 2011 – Resultados

definitivos, Lisboa.

Mas, podemos sintetizar ainda mais a informação referente à estrutura etária

usando o Índice de Envelhecimento, que nos dá o número de idosos (65 e mais anos)

por cada 100 jovens (menos de 15 anos). Este quociente permite visualizar melhor o

fenómeno do envelhecimento e facilita a comparação com os restantes municípios

(Figura 11).

Em Portugal, o Índice de Envelhecimento atingiu os 129 idosos por cada 100

jovens em 2011, o que revela a expressão da população idosa face à população jovem.

Salienta-se o facto de em 2001 85 municípios terem apresentado um Índice de

Envelhecimento inferior ou igual a 100 enquanto em 2011 apenas cerca de metade

estavam nessas condições (45) (I.N.E., 2011b).

Apesar de ter sido no interior que se assistiu a um maior aumento de municípios

com valores acima dos 260, este ganhou mais significado nos municípios das regiões

Norte e Centro. Todavia, é visível o esbatimento da mancha de municípios do litoral, no

26

caso da região Norte, que em 2001 revelavam Índices de Envelhecimento até ao valor

100 e que em 2011 se reduziu substancialmente em termos do seu número.

Figura 11 - Índice de Envelhecimento nos municípios portugueses, em 2011 e 2011

Fonte: I.N.E. (2011b), Censos 2011 - Resultados provisórios, Lisboa, p. 15.

O Quadro 7 mostra-nos os valores do Índice de Envelhecimento nos últimos três

Censos e permite concluir que foi na primeira década do século XXI que Guimarães

deixou de ser um dos municípios com menor peso dos idosos.

Enquanto em 1991 e 2001 só Vizela (ainda que este município apenas tenha sido

criado em 1998) é que manifestava um Índice mais baixo do que Guimarães, em 2011

Guimarães posicionava-se em sexto lugar com um rácio de 87,6. É visível que a perda

de freguesias para a criação do município de Vizela em finais da década de noventa

penalizou, em termos demográficos, o município de Guimarães, já que em 2011 Vizela

continuava a ser o município que se destacava com o rácio mais baixo (68,8), o que

corresponde a cerca de metade do rácio nacional.

27

Quadro 7 - Índice de Envelhecimento nos municípios objeto de estudo,

em 1991, 2001 e 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E. (2002), Censos 2001 – Resultados definitivos, Lisboa e de

I.N.E. (2012a), Censos 2011 - Resultados definitivos, Lisboa.

Até 2001 o Índice de Envelhecimento no município de Guimarães foi

ligeiramente inferior ao registado no município de Braga. Não obstante, foi na primeira

década do século XXI que o município de Guimarães passou a revelar um maior

envelhecimento da sua população. O município de Braga consegue, assim, passar a ser o

segundo município com mais baixo Índice de Envelhecimento dos doze analisados, logo

a seguir a Vizela.

1.5-Os níveis de escolaridade nos municípios em estudo

Quando se faz uma análise de diagnóstico de um município tem que se

contemplar a abordagem dos níveis de escolaridade, já que este indicador é

condicionador de todas as vertentes da vida de um indivíduo, sobretudo a partir do

momento em que este ganha autonomia e lhe são solicitadas tomadas de decisão. Além

Entidades

territoriais 1991 2001 2011

Portugal 68,0 102,2 128,6

Continente 69,5 104,5 131,3

Amares 52,4 78,3 87,4

Barcelos 36,4 55,5 83,1

Braga 38,9 59,3 81,0

Esposende 41,5 61,6 89,6

Vila Verde 53,1 76,3 104,1

Fafe 40,4 73,2 108,1

Guimarães 34,2 54,6 87,6

Póvoa de

Lanhoso 50,9 79,5 107,4

Santo Tirso 46,4 78,7 125,6

Trofa 36,4 56,0 86,4

V. N. de

Famalicão 37,5 59,8 85,7

Vizela 29,2 43,4 68,8

28

disso, os indivíduos mais escolarizados possuem mais competências para

desempenharem de forma mais eficiente o seu trabalho.

Segundo os resultados definitivos dos Censos 2011, a população com 15 ou mais

anos de idade sem qualquer nível de escolaridade completo diminuiu entre 2001 e 2011.

Atualmente este grupo populacional corresponde a 934129 indivíduos, representando

cerca de 10% da população do grupo etário dos 15 ou mais anos.

A NUTS III do Ave enquadra-se na classe dos 8 a 10,9% em 2011 (Figura 12) e

uma variação entre os anos de 2001 e 2011 na classe entre -8,1% e -4,7%, o que

demostra uma melhoria significativa na redução da população com 15 ou mais anos sem

qualquer nível de escolaridade.

Figura 12 - População com 15 ou mais anos sem qualquer

nível de escolaridade completo à escala da NUTS III e em 2011

e variação entre 2001 e 2011

Fonte: I.N.E. (2012a), Censos 2011 - Resultados definitivos, Lisboa, p. 40.

A proporção de população com 23 ou mais anos que completou o ensino

superior de acordo com os resultados definitivos dos Censos de 2011 é de 15%. Em

2001 o número de indivíduos que completaram o ensino superior era de 674094

passando para 1220215 em 2011, o que significa que quase duplicou o número de

População em 2011 Variação entre 2001 e 2011

29

indivíduos a completar o ensino superior. Dentro deste grupo populacional, as mulheres

representam cerca de 60%.

Figura 13 - Proporção de população que completou o ensino superior à escala

da NUTS III e em 2011 e variação entre 2001 e 2011

Fonte: I.N.E. (2012a), Censos 2011 - Resultados definitivos, Lisboa, p. 46.

Apesar de o Ave continuar a não estar bem posicionado à escala nacional, apraz-

nos ressaltar o esforço que se fez na última década, permitindo-lhe colocar-se na classe

dos 5,1% a 5,8%, em termos de variação entre 2001 e 2011. Ainda assim, continua a

estar pior posicionado do que o Cávado e o Grande Porto.

Relativamente ao município de Guimarães, na data de redação do presente

Relatório, não existem ainda dados definitivos relativamente a este indicador.

A Figura 14 permite-nos concluir que é sobretudo a partir dos 70 anos de idade

que tem grande significado o número de indivíduos sem nível de escolaridade, ainda

que também seja expressivo no grupo etário anterior (60-69 anos), deixando

transparecer o perfil económico que prevaleceu por muitas décadas naquele município.

Durante muito tempo a população conseguia entrar com facilidade no mercado de

trabalho e sem necessitar de níveis elevados de escolaridade, atendendo a que a

População em 2011 Variação entre 2001 e 2011

30

indústria mais representativa do município era consumidora de muita mão-de-obra.

Paralelamente, o elevado número de filhos não permitia a muitas famílias o

proporcionar de alguma escolaridade aos mesmos.

Figura 14 – População com e sem nível de escolaridade completo no município de

Guimarães, em 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E. (2011b), Censos 2011 - Resultados provisórios, Lisboa.

A Figura 15 patenteia a melhoria ocorrida nos últimos anos, quer pela maior

facilidade dos pais em proporcionar um maior nível de instrução aos seus filhos (a que

não é alheia a diminuição do Número Médio de Filhos por Mulher) e as alterações

ocorridas na escolaridade obrigatória. A Lei nº 46/86, de 14 de Outubro, veio obrigar os

indivíduos dos dois sexos, a permanecer até aos 15 anos no ensino, permitindo o

cumprimento do Ensino Básico.

É a partir dos anos setenta do século XX que se terão operado mudanças mais

visíveis, que poderão decorrer da entrada em vigor dos seis anos de escolaridade

obrigatória (antes era de apenas quatro anos). Sendo assim, enquanto no grupo etário

dos 40-49 anos o 1º Ciclo (quatro anos de escolaridade) ainda era o nível de ensino com

mais representatividade, no grupo dos 30-39 anos passou a ser o 2º Ciclo (seis anos de

escolaridade), o 3º Ciclo (nove anos de escolaridade) e o Ensino Secundário.

31

Figura 15 - Nível de escolaridade mais elevado completo no município de Guimarães,

em 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E. (2011b), Censos 2011 - Resultados provisórios, Lisboa.

1.6-Capacidade de atração da população de outros municípios e do estrangeiro

A capacidade de atração do município de Guimarães constitui um elemento

fundamental na compreensão do cenário demográfico que evidencia atualmente.

No que concerne às NUTS III Ave e Cávado e para o ano de 2011, a sub-região

que teve maior capacidade de atração foi o Ave com 18754 pessoas enquanto o Cávado

somou 16400 entradas de indivíduos provenientes de outros municípios (Quadro 8),

mas o contributo em termos percentuais para o total de população residente foi mais

significativo no caso do Cávado (4% versus 3,7% no Ave). Os indivíduos provenientes

do estrangeiro têm um peso muito baixo nas duas sub-regiões (0,6% para o Ave e 0,8%

para o Cávado), tal como acontece nos outros municípios analisados e à escala nacional

e na região Norte.

Ao analisarmos a entrada de pessoas provenientes de outros municípios/países

para residir no município de Guimarães, podemos verificar que aumentou o seu poder

de atração entre 2001 e 2011, pois o contributo das entradas em termos percentuais

passou de 1,5% para 3,3%. Se nos concentrarmos na entrada de indivíduos durante as

duas últimas décadas é visível que eles aumentaram em todos os municípios e mesmo a

32

nível nacional o comportamento foi idêntico, o que denota a maior mobilidade dos

indivíduos, facilitada pelo encurtamento das distâncias e da rede de estradas que se

completou nas últimas duas décadas.

Quadro 8 – População residente em Guimarães em 2001 e 2011 e população que a

31/12/1999 e 31/12/2009 se encontrava a residir noutros municípios ou noutros países

População

residente

em 2011

Proveniente

de outros

municípios

(2009)

%

Provenientes

do

estrangeiro

(2009)

%

População

residente

em 2001

Proveniente

de outros

municípios

(1999)

%

Provenientes

do

estrangeiro

(1999)

%

Portugal 10562178 678389 6,4 81778 0,8 10356117 244686 2,4 105705 1,0

Continente 10047621 649531 6,5 78435 0,8 9869343 235108 2,4 101552 1,0

Norte 3689682 184293 5,0 25367 0,7 3687293 69504 1,9 25380 0,7

Cávado 410 169 16400 4,0 3142 0,8 393063 5335 1,4 3364 0,9

Amares 18889 958 5,0 208 1,1 18521 339 1,8 202 1,1

Barcelos 120391 2942 2,4 737 0,6 122096 1010 0,8 707 0,6

Braga 181494 8384 4,6 1424 0,8 164192 2697 1,6 1506 0,9

Esposende 34254 1791 5,2 280 0,8 33325 553 1,6 363 1,1

Vila Verde 47888 2120 4,2 419 0,9 46579 653 1,4 515 1,1

Ave 511737 18754 3,7 3160 0,6 509968 6868 1,4 3224 0,6

Fafe 50663 1281 2,5 412 0,8 52757 470 0,9 360 0,7

Guimarães 158124 4239 2,7 946 0,6 159576 1460 0,9 928 0,6

Póvoa de

Lanhoso

21886 863 3,9 293 1,3 22772 349 1,5 281 1,2

Vila Nova

de

Famalicão

133832 5592 4,2 787 0,6 127567 2000 1,6 784 0,6

Vizela 23736 1254 5,3 111 0,5 22595 466 2,1 80 0,4

Santo Tirso 71530 2866 4 325 0,5 72396 959 1,3 404 0,6

Trofa 38999 2336 6 179 0,5 37581 1026 2,7 255 0,7

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E. (2002), Censos 2001 – Resultados definitivos, Lisboa e I.N.E.

(2012a), Censos 2011 - Resultados definitivos, Lisboa.

Podemos, a partir dos dados publicados até ao momento, concluir que, no âmbito

dos doze municípios em estudo, Braga era o município que registava em 2011 mais

entradas provenientes de outros municípios com 8384 pessoas e reportando-se a

indivíduos que no ano de 2009 residiam noutros municípios, correspondendo a 4,6%

(terceira mais elevada percentagem a seguir a Esposende e a Amares). Em segundo

lugar posicionava-se Vila Nova de Famalicão com 5592 seguido do município de

33

Guimarães com 4239 pessoas, mas as percentagens eram menos significativas (4,2% e

2,7%, respetivamente).

O município de Braga viu a sua capacidade de atrair indivíduos aumentada de

forma considerável, pois numa década passou de 2697 entradas de indivíduos

provenientes de outros municípios em 2001 para 8384 em 2011. Este também é um

destino atrativo para indivíduos residentes fora de Portugal revelando 1506 pessoas a

entrar em 2001 e 1424 em 2011. Apesar desta redução continua a ser o município que

atrai mais pessoas que residem fora de Portugal, dentro da nossa área de estudo.

1.7-A expressão dos movimentos pendulares

Nas últimas décadas passou a ser possível avaliar os movimentos pendulares, no

que diz respeito às deslocações para o trabalho e estudo.

Considerando os resultados dos Censos 2011, é apenas possível à data de

redação do presente relatório analisar os dados até à escala de NUTS III, não existindo

ainda dados à escala de município.

Verifica-se que é na sub-região da Grande Lisboa que têm mais significado os

fluxos de população que entra e sai da região todos os dias. Sendo assim, entram nesta

sub-região para estudar ou trabalhar, 197328 pessoas e saem 53729 pessoas (I.N.E.,

2012a).

Para além da Grande Lisboa outras sub-regiões também se destacam, como por

exemplo as do Grande Porto (90276 indivíduos) e do Baixo Mondego (35726

indivíduos). Na generalidade, as áreas que acolhem mais população nas deslocações

pendulares estão quase sempre associadas a polos de emprego e/ou ensino.

Ainda a nível nacional e considerando os meios de transporte mais utilizados, o

automóvel foi o mais usado pela população nas deslocações casa-trabalho ou casa-

estudo. Cerca de 62% da população utiliza para as suas deslocações o automóvel, quer

seja como condutor, quer seja como passageiro (I.N.E., 2012a).

Em 2001 a percentagem da população que utilizava automóvel era menor (46%),

o que significa que em apenas dez anos a opção pelo uso do automóvel aumentou

consideravelmente (+16%).

É na região Centro do país que a escolha do automóvel é mais relevante com

70% da população a optar por este meio de transporte, enquanto em Lisboa, este

indicador é o mais baixo do país (54% - Figura 16).

34

No que se reporta aos transportes coletivos, apenas o metro reforçou a sua

importância no transporte de passageiros, já que enquanto em 2001, o número de

pessoas que utilizavam este meio de transporte era de 38079, em 2011 este foi preferido

por 105591 pessoas. Ainda assim, o autocarro continua a ser o mais utilizado pela

população, mas a sua importância tem vindo a diminuir durante a última década (-4%).

Figura 16 – Meio de transporte utilizado nos movimentos pendulares

em 2001 e 2011

Fonte: I.N.E. (2012a), Censos 2011 - Resultados definitivos, Lisboa, p. 36.

Considerando o tempo médio gasto na deslocação de casa até ao local de

trabalho ou estudo, em 2011, este era aproximadamente de 20 minutos. Nas regiões de

Lisboa e Norte o tempo médio era, respetivamente, de 26 e 18 minutos. Na Região

Autónoma dos Açores e no Algarve o tempo médio das deslocações diárias era o mais

reduzido, sendo aproximadamente de 15 minutos.

Durante as últimas décadas é notória a redução do tempo médio das deslocações

diárias da população (22,3 minutos em 1991, 21,4 minutos em 2001). Este facto radica,

de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (2012a) e que também corroboramos,

35

na melhoria das vias de comunicação e no maior acesso e utilização do transporte

automóvel.

Era possível visualizar um padrão em 2001, no que diz respeito à saída da

população dos municípios. A saída da população estava diretamente relacionada com o

volume populacional do município. Veja-se o caso dos municípios com menor volume

populacional como Trofa, Amares e Vizela, que registam saídas aproximadas de 20%

do total da população. Quando se analisam os municípios com maior volume

populacional os valores descem também, como por exemplo: Vila Verde a registar

16,5% e Esposende 16%. Os municípios de Braga e Guimarães são os que registam as

percentagens mais baixas, com Braga a registar 10,2% e Guimarães com 10,1%.

Relativamente às entradas registadas, é o município da Trofa que revelava mais

entradas atingindo os 17,8%. No segundo lugar surge o município de Braga com 15,7%

seguido do município de Vizela com 14,6%. No seio dos doze municípios analisados,

Guimarães apresentava valores correspondentes a 10,9%. O município que registou

menos entradas foi o de Fafe com apenas 4,4%.

Em 2011, os movimentos pendulares assumem maior destaque nos municípios

que integram o quadrilátero urbano (Guimarães – Braga – Barcelos – Vila Nova de

Famalicão). Dentro deste, o município de Braga assume maior destaque de entradas e

saídas em relação a todos os municípios em análise. Em 2011 o total de indivíduos que

entram no município de Braga para trabalhar ou estudar cifra-se em 28347 (15.867 eram

homens e 12480 eram mulheres). Quanto às saídas o município atinge os 20309

indivíduos (11362 homens e 9947 mulheres - Figura 17).

O município de Guimarães assumia o segundo lugar dentro da categoria das

entradas para trabalhar ou estudar, com um total de 17590 indivíduos (10.283 eram

homens e 7307 eram mulheres). No entanto, quando nos referimos às saídas é o

município de Vila Nova de Famalicão que assume o segundo lugar com 20398 versus

16229 entradas.

36

Figura 17 - Movimentos pendulares da população residente que trabalha ou estuda,

segundo as entradas, saídas e sexo, por município e em 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E. (2012a), Censos 2011 - Resultados definitivos, Lisboa.

Apenas os municípios de Braga, Guimarães e Trofa apresentam valores de

entradas superiores às saídas. Nos municípios em que sofrem um maior peso de saídas

para trabalhar ou estudar, são geralmente os homens que assumem maior destaque como

é o caso de Barcelos em que no total de 16745 saídas, 10572 indivíduos são do sexo

masculino (Figura 18).

37

Figura 18 - Movimentos pendulares da população residente que trabalha ou estuda,

segundo as entradas e saídas, por município, por percentagem e em 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de I.N.E. (2012a), Censos 2011 - Resultados definitivos, Lisboa.

2-Principais fatores explicativos do cenário demográfico

2.1-Fatores demográficos

Relativamente aos fatores demográficos que podem explicar a situação atual do

município de Guimarães, sobressai em primeiro lugar, a natalidade. Quando estamos a

analisar o crescimento populacional de um qualquer território este ocorre à custa de dois

tipos de movimentos: o movimento natural (Nados-vivos – Óbitos) e o movimento

migratório (Entradas de indivíduos – Saídas de indivíduos).

Durante muito tempo o crescimento populacional de muitos municípios

portugueses ocorreu sobretudo à custa da razoável Taxa de Natalidade, que era mais

elevada na região Norte do que noutras regiões. A dicotomia existente em termos

espaciais deste tipo de variável foi notória até aos anos oitenta do século XX, tendo a

década seguinte correspondido a uma uniformização de valores nas várias regiões

(Remoaldo, 2002). Paralelamente, foi no início dos anos oitenta que Portugal desceu

38

abaixo do limiar mínimo de renovação das gerações (2,1 filhos por mulher),

constituindo um dos países europeus que num menor curto espaço de tempo efetuou a

transição demográfica e passou a evidenciar uma Taxa de Natalidade baixa e um

Número Médio de Filhos por Mulher muito baixo. Este cenário conferiu-lhe

recentemente o estatuto de país com muito baixo Número Médio de Filhos, inserindo-se

no grupo dos 10 que a nível mundial apresenta os mais baixos valores deste indicador

(Population Reference Bureau, 2012).

Parte das sub-regiões da região Norte acompanharam esta tendência de descida

da natalidade mais tardiamente do que outras regiões. Foi o caso da sub-região do Ave,

onde se insere o município de Guimarães, que atualmente consegue revelar um cenário

pior em termos de Taxa de Natalidade (8,4%0 versus 9,5%0 para o país) apenas

ultrapassado pelas sub-regiões de Alto Trás-os-Montes (5,8%0), do Douro (7,5%0) e de

Entre Douro e Vouga (8,3%0). Em termos do Número Médio de Filhos por Mulher (1,11

versus 1,37 para o país), o Ave encontra-se no grupo das piores sub-regiões, quando

comparada com as restantes sete sub-regiões da região Norte (I.N.E., 2012c). O Ave

também se destaca na percentagem de “Nados-vivos fora do casamento” (24,5% versus

41,3% para o país), mas neste caso não deve ser entendida como uma característica

negativa, mas sim como um indicador da cultura e tradição enraizadas naquele

território. Nos indicadores “Idade média da mãe ao nascimento do primeiro filho” os

resultados são quase idênticos ao do país (28,6 anos versus 28,9 para o país) o que

mostra a uniformização de dados à escala nacional.

Os fatores de descida da natalidade podem ser resumidos no seguinte conjunto e

quando estamos a falar da escala nacional, podendo estender-se à região Norte e ao

município de Guimarães:

1-Factores conjunturais (e.g., desemprego, crise) que levaram à emigração de

indivíduos jovens em grande parte da segunda metade do século XX e que agora se

repete nos últimos anos do século XXI, correspondendo neste último período a jovens

qualificados contrariamente ao que aconteceu durante a maior parte do século XX;

2-Factores que decorrem da ausência de uma política nacional centrada na

família e focalizada apenas no planeamento familiar, no designado por muito tempo

como abono de família, na licença por maternidade e na despenalização do aborto.

3-Factores sociais e culturais, com particular destaque para a elevada

participação das mulheres no mercado de trabalho (que tem sido muito relevante na

39

região Norte e em municípios industrializados como Guimarães quando comparadas

com outras regiões portuguesas e da União Europeia); o cesso das mulheres ao ensino,

sobretudo de nível superior, passando para mais tarde a decisão de ter filhos e para

idades em que cada vez é mais difícil de o concretizar em termos biológicos; um maior

poder de decisão das mulheres no seio da família; uma menor pressão social para ter

vários filhos, que se manifestou mais tardiamente na região Norte e em municípios

como Guimarães, onde as tradições estiveram enraizadas durante mais tempo e onde a

Taxa de Mortalidade Infantil se manteve elevada, quando se assistia a decréscimos

noutras regiões; a diminuição da influência das tradições e da religião, que se notou

mais tardiamente na região Norte e, por exemplo, em Guimarães.

Na realidade, Portugal nunca teve uma verdadeira política centrada na família.

Nos anos noventa do século XX, na altura do Governo de António Guterres ainda se

ensaiaram algumas alterações, como por exemplo, no Subsídio Familiar para Crianças e

Jovens (ex-abono de família) e na licença de maternidade, mas não foi suficiente. Mais

recentemente a licença parental passou a conceder alguns benefícios, caso o pai e a mãe

gozem de forma mais igualitária a referida licença.

A política empreendida pelos vários Governos desde os anos setenta do século

XX centrou-se na difusão e fornecimento de forma gratuita de parte dos métodos

anticoncecionais mais modernos (pílula e preservativo), na legalização de algumas

formas de abortamento (por razões sobretudo de saúde para a mãe) e no ex-abono de

família, o que foi claramente insuficiente e que levou ao cenário dramático que temos

hoje em dia e que é muito difícil de contrariar. Pelo caminho, não foram feitos estudos

sustentados pelos vários Governos sobre a possibilidade de inversão deste cenário, nem

se previram as implicações a curto e médio prazo, apesar de vários cientistas sociais

terem vindo a alertar para a perigosidade da situação.

Além disso, o país e a região Norte foram fortemente penalizados com a saída de

população para outros países, desde, sobretudo, os anos cinquenta e sessenta do século

XX. Os casais que saíram estavam em idade de procriar e foram alimentar as taxas de

natalidade de outros países.

Nos últimos 25 anos temos que assinalar para a região Norte o aproximar de

comportamentos demográficos relativamente a outras regiões portuguesas. Dois factos

que nos parecem ser notórios prendem-se com a descida da Taxa de Natalidade e

consequente descida do Número Médio de Filhos por Mulher (que é um indicador mais

40

refinado do que a Taxa de Natalidade), bem como o decréscimo da Taxa de Mortalidade

Infantil com evidentes ganhos em termos de saúde materno-infantil e em termos sociais.

Em relação à Taxa de Mortalidade Infantil, até aos anos noventa do século XX

esta foi usada pela Organização Mundial de Saúde (O.M.S.) como o indicador de

eleição na avaliação do estado de saúde das populações. Este indicador é importante,

pois não é apenas sensível a questões restritas de saúde infantil, mas é também sensível

a todo um conjunto alargado de condições socioeconómicas (Nogueira e Remoaldo,

2010). Sendo assim, a “evolução das taxas de mortalidade infantil reflete o processo de

desenvolvimento das sociedades, enquanto as dramáticas variações territoriais do

indicador sublinham a persistência de iniquidades socioeconómicas muito acentuadas”

(Nogueira e Remoaldo, 2010: 87).

Portugal permaneceu longos períodos do século XX, em termos de Taxa de

Mortalidade Infantil, na cauda da União Europeia e a grande distância dos outros países.

Apenas na década de oitenta passou a revelar um posicionamento mais confortável,

sobretudo, em relação aos países da Europa de Leste.

Entre 1960 e 2006 a Taxa de Mortalidade Infantil decresceu cerca de 96% à

escala nacional, conduzindo, em 2012 à sua inserção no grupo de países, à escala

mundial, que revelam os valores mais baixos (Population Reference Bureau, 2012). Na

realidade, enquanto em 1913 o peso da mortalidade infantil correspondia a 25,1% do

conjunto da mortalidade, em 1995, era apenas de 0,8% (Remoaldo, 2002), altura em que

nos aproximámos do perfil evidenciado pelos países mais desenvolvidos. A elevação do

nível de instrução da população (sobretudo até quatro anos de escolaridade) passou a ser

notória nos anos cinquenta e sessenta, mas a diminuição da taxa de analfabetismo foi

mais significativa nos anos oitenta (40,9% - Remoaldo, 2002). Além deste fator

importante, também foi significativa a melhoria das condições de habitação, começando

pelo aumento significativo do número de alojamentos que passaram a ter eletricidade

(63,3%) e continuando com a existência de água canalizada (85,5%) e esgotos (65,1% -

Remoaldo, 2002). Estas melhorias continuaram a ser relevantes nos anos setenta do

mesmo século. Ainda assim, em início dos anos setenta a maioria das habitações não

detinha retrete no interior das mesmas e apenas 20% possuía cozinha, retrete e casa-de-

banho (Remoaldo, 2002). Nessa mesma data, metade da população portuguesa que tinha

água no domicílio residia na região de Lisboa, revelando fortes assimetrias. A região

Norte evidenciava um mau posicionamento no contexto nacional, sobressaindo, no

41

abastecimento de água, os distritos de Vila Real, Bragança e Viana do Castelo

(Remoaldo, 2002).

Também em termos das Taxas de Mortalidade Infantil os distritos mais

interiores da região Norte (Bragança e Vila Real), juntamente com os do Porto e de

Braga sobressaíram até aos anos setenta do século XX, melhorando, estes últimos, na

década seguinte e registando-se uma uniformização de valores na década de noventa.

São inúmeros os fatores explicativos da mais elevada Taxa de Mortalidade

Infantil na região Norte, sobressaindo a influência das tradições que se fez sentir durante

muito tempo naquela região e que foi ressaltada por vários autores, estando entre eles,

Nazareth (1978).

A dualidade Norte-Sul, em vários indicadores demográficos e socioeconómicos,

foi evidente até aos anos setenta do século XX, sobressaindo os mais elevados níveis de

fecundidade no Norte em contraposição com os valores do Sul. Nos anos setenta do

século XX as Taxas de Natalidade estavam ainda, em grande parte das regiões, na casa

dos 20%0, tendo-se uniformizado nos anos oitenta, tendo, no seio da região Norte,

apenas o distrito de Braga mantido um valor no início da casa dos 20%0.

Podemos resumir as seguintes características demográficas e socioculturais em

que a região Norte e inclusive o município de Guimarães (na maior parte das

características), se destacaram até aos anos noventa do século XX comparativamente

com as restantes regiões/municípios:

1-mais elevada Taxa de Natalidade;

2-mais elevado Número Médio de filhos por Mulher (além de o número de filhos

ser uma escolha, também decorria de serem menos usados métodos

anticoncepcionais modernos);

3-famílias mais numerosas;

4-baixa idade ao casamento, devido ao mais baixo nível de instrução (até aos

anos oitenta do século XX o grupo de idades mais representativo era dos 20 aos

24 anos, característica que não ocorre hoje em dia);

5-maior enraizamento das tradições, que se traduzia nos níveis de fecundidade e

nas taxas de mortalidade infantil;

6-mais elevadas taxas de mortalidade infantil;

7-mais elevadas taxas de nupcialidade;

8-mais elevado contributo do casamento religioso;

9-mais baixa taxa de divórcios;

42

10-menor expressão das famílias monoparentais;

11-menor expressão dos nados-vivos fora do casamento;

12-mais elevadas taxas de emigração (nos anos oitenta ainda se destacavam no

Continente português, os distritos de Vila Real e de Viana do Castelo);

13-significativa participação da mulher no mercado de trabalho, constituindo

uma das regiões que se destacava e ainda se destaca presentemente no contexto

da União Europeia;

14-entrada mais precoce no mercado de trabalho correlacionada pelos mais

baixos níveis de instrução.

Na década de noventa do século XX os comportamentos demográficos

aproximaram-se, ainda que em 2012 continuem a existir diferenças razoáveis entre a

região Norte e as restantes regiões, nomeadamente, no que diz respeito aos indicadores

mais do foro social e cultural (e.g., mais baixa taxa de divórcios, menor expressão dos

nados-vivos fora do casamento).

No caso do município de Guimarães, o elevado peso da mortalidade infantil,

conduziu a um baixo contributo da mortalidade de cinquenta e mais anos (Remoaldo,

2002). Mas, na década de oitenta do mesmo século observou-se um esbatimento das

diferenças existentes e o perfil de mortalidade de Guimarães aproximou-se dos outros

municípios e do país (Remoaldo, 2002).

Em relação ao futuro, consideramos que é quase irreversível o cenário que

temos, pois, por um lado, as mulheres querem entrar no mercado de trabalho (já não é

como nos anos oitenta em que muitas delas só trabalhava porque era necessário

complementar o minguo salário do marido) e, por outro lado, elas dão, cada vez mais,

importância à carreira profissional e têm um maior poder de decisão no seio da família.

Mesmo na região Norte, que antes era mais tradicional, as mulheres dominam (em

termos percentuais) em quase todos os cursos superiores. Convencê-las de que vale a

pena ter, pelo menos, dois ou três filhos (para assegurar a renovação das gerações e

compensar o grupo de mulheres que nunca terá filhos) parece-nos também muito difícil

de se alcançar.

Ainda assim, a maior parte das mulheres quer ter filhos (os dois Inquéritos

Portugueses à Fecundidade realizados assim o mostram), mas cada vez mais irão ter

apenas um filho, pois a crise económica não permitirá que tenham mais filhos e também

a vontade de maximização das oportunidades continuará a limitar o número de filhos

tidos.

43

2.2-Alguns fatores socioeconómicos

O cenário populacional atual do município de Guimarães tem subjacente

inúmeros fatores que influenciaram o perfil demográfico e que podem ser resumidos nos

seguintes:

1-A localização e crescimento da Universidade do Minho;

2-A forma de crescimento das cidades e oferta de habitação;

3-A criação de mais serviços de apoio aos estudantes (e.g., cafés, bares) em

Gualtar;

4- O conceito de Loja do Cidadão (Hipermercado de serviços públicos);

5- A centralidade e concentração de alguns serviços;

6-A ligação Braga–Guimarães e Braga–Barcelos.

Em primeiro lugar há que sobressair a importância da localização e

desenvolvimento da Universidade do Minho, que foi fundada em 1973, e que nos anos

oitenta e de noventa do século XX revelou um crescimento mais sustentado do número

de docentes e de alunos. Este crescimento ganhou mais ênfase em Braga, mercê da

oferta educativa existente, quer da Universidade do Minho quer da Universidade

Católica, permitindo a criação de mais serviços de apoio aos estudantes e aos docentes

(e.g., cafés, bares, discotecas) e permitindo diversificar o comércio em várias das suas

dimensões, sobretudo o comércio a retalho. Paralelamente, esta maior oferta educativa

em Braga, terá também ajudado a dinamizar determinados serviços (por exemplo, no

domínio da hotelaria) como resultado de uma maior dinâmica criada de organização de

eventos de carácter científico captando investigadores e técnicos portugueses e

estrangeiros.

Importa não esquecer que a 31 de Dezembro de 2012 a Universidade do Minho

contava com 1185 funcionários docentes, 76 investigadores e 604 funcionários não

docentes, que contribuem para a dinamização da economia dos dois municípios.

Acresce ainda que a população estudantil passou a ser renovada mais

frequentemente, devido ao encurtamento do tempo de permanência em Guimarães e em

Braga, como resultado da diminuição de grande parte dos Cursos de graduação de 4-5

anos para 3 anos. No caso da pós-graduação, em crescendo na Universidade do Minho,

não pode ser negligenciada a residência, nestes dois pólos de ensino, dos elementos que

se deslocam de países estrangeiros para fazer aqui investigação, concernente à obtenção

44

do grau de mestre ou de doutor, trazendo consigo, nalguns casos, as suas famílias e aí

permanecendo pelo período de três anos.

De acordo com dados fornecidos pela Divisão de Pós-Graduação dos Serviços

Académicos da Universidade do Minho em Janeiro de 2013, no ano letivo de

1989/1990, estavam a efetuar Mestrado, 86 alunos em Braga e 10 alunos em Guimarães.

Dez anos mais tarde, no ano letivo de 1999/2000 era, respetivamente de, 877 alunos e

259 alunos. No ano letivo de 2012/2013 os registos foram de 3667 em Braga e 560

alunos em Guimarães, ou seja, atualmente, em Braga, o número de inscritos é mais de

seis vezes superior ao de Guimarães.

O ensino pós-graduado ao nível do Mestrado e do Doutoramento foi o que mais

cresceu, sendo uma posta da Reitoria para os anos vindouros um aumento do ensino

pós-graduado com insistência nos estudantes dos países de língua oficial portuguesa.

Neste grupo destacam-se os estudantes brasileiros, que vindo para Portugal por um

período de, pelo menos, três anos no caso do doutoramento, parte deles com a família,

podem contribuir para uma dinamização do comércio local e habitacional. Isto acontece

devido às bolsas de montante razoável conseguidas através do Governo Brasileiro.

Atualmente regista-se uma forte aposta do Governo Brasileiro na pós-graduação dos

seus licenciados, permitindo a formação competente em países estrangeiros, sendo

Portugal um deles.

Enquanto no ano letivo de 2003/2004 a Universidade do Minho registava a

inscrição de 16.500 alunos, no ano letivo de 2011/2012 ascendeu a 18.497. Quer isto

dizer que, apesar da crise económica e social instalada a Universidade do Minho

continuou, no ano letivo de 2012/2013 a revelar, na primeira fase de candidatura, uma

elevada taxa de ocupação das vagas ofertadas cifrando-se em 91%, colocando-se no

grupo das Universidades portuguesas com mais elevada taxa de ocupação naquela fase.

Neste momento, a Universidade do Minho dispõe da seguinte oferta em termos

de residências universitárias, com maior relevância no Campus de Gualtar (Braga).

Enquanto em Guimarães existem instalações para 482 alunos (420 no Complexo

Residencial de Azurém e 62 na Residência Universitária dos Combatentes) em Braga

consegue-se alcançar os 825 alunos (521 no Complexo Residencial de Santa Tecla e

304 na Residência Professor Lloyd Braga).

(http://www.sas.uminho.pt/Default.aspx?tabid=9&pageid=143&lang=pt-PT – acedido a

15/01/2013).

45

Também a dinâmica criada entre vários departamentos da Universidade do

Minho, nomeadamente da Escola de Engenharia (sediada em Guimarães), e as

indústrias locais, quer do foro mais tradicional (têxtil, vestuário e calçado) quer menos

tradicional, terá conduzido a um razoável dinamismo do município de Guimarães. Na

realidade, é de notar a interação criada, por exemplo, entre o Curso de Engenharia

Têxtil e o Curso de Design e Moda da Universidade do Minho e as empresas locais e

nacionais, que no ano de 2012 foi intensificada com a inauguração do Instituto de

Design, na cidade de Guimarães, na Zona de Couros (CampUrbis).

Por outro lado, o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, sediado

em Braga, junto à Universidade do Minho, cuja primeira fase foi inaugurada em 2009,

veio conceder um novo destaque à cidade de Braga no domínio da investigação

científica nas áreas da nanotecnologia, mesmo que as previsões iniciais não tenham sido

alcançadas, já que quer o investimento previsto quer o número de trabalhadores não

foram cumpridos até ao momento. Foi na XXI Cimeira Luso-Espanhola, em Évora, em

Novembro de 2005, que foi decidida a criação de um Instituto de I&D Portugal-

Espanha, tentando assumir-se como pioneira em termos europeus no domínio das

parcerias institucionais internacionais em ciência e tecnologia. Este Instituto pretende

reforçar a colaboração científica e tecnológica entre Portugal e Espanha, tendo o

conhecimento como base da construção das duas economias

(http://www.umic.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=2795&Itemid=21

2 – acedido a 10/01/2013).

Em segundo lugar, importa recordar a forma de crescimento das principais

cidades da área objeto de estudo, que será mais aprofundada no item 3. A cidade de

Braga beneficiou, quer pela sua posição como capital de distrito, quer pelo dinamismo

económico que conseguiu criar, mais centrado no sector dos serviços. A aposta num

crescimento mais compacto e menos em mancha de óleo (sprawl) pode ter servido

como atrativo para uma maior fixação da população em Braga. Acresce que Guimarães

sofreu mais intensamente a crise do sector têxtil e do vestuário, que foi mais visível a

partir de 2001.

Paralelamente, Braga possuiu, desde cedo, de um mercado interessante no que

toca à habitação individual (tipo moradia unifamiliar) que veio coincidir com a mudança

de comportamentos dos jovens recém-casados que passaram a optar mais

frequentemente por este tipo de solução, em vez, da anterior postura de usufruto de

várias habitações ao longo da vida. Quer isto dizer que as gerações dos anos setenta e

46

oitenta do século XX quando casavam (união de facto ou de direito) iam ao longo da

vida usufruindo de habitações de tipologia mais adequada à família que ia aumentando.

As gerações de início do século XXI têm sido confrontadas com dificuldades crescentes

da venda de habitação e também têm reduzido o número de filhos, condicionando o tipo

de compra a efetuar.

Em terceiro lugar, não podemos esquecer que os serviços administrativos

proporcionam funções urbanas que são das mais importantes nas cidades. O conceito de

Loja do Cidadão (Hipermercado de serviços públicos e privados, tais como a

eletricidade, as finanças, a banca e a segurança social) foi criado em 1999 em Portugal e

Braga foi a sexta capital de distrito a ter em finais de 2003 este tipo de serviços, que

foram localizados no centro da cidade junto ao antigo Hospital Público de Braga

(http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=859866 – acedido a

25/10/2012). Esta aglomeração de serviços assume-se como um pólo gerador de

enormes fluxos populacionais (Ribeiro, 2012).

Outro tipo de equipamento gerador de intensos fluxos são os centros comerciais,

que, como sabemos tiveram uma dinâmica muito própria no território português,

quando comparada com o que se passou noutros países. Assumiram-se como espaços de

consumo e de lazer por excelência, acessíveis, nesta última vertente a todas as classes

sociais. Além disso, são potenciadores de criação de um grande número de postos de

empregos, que funcionam, maioritariamente em regime de turnos de trabalho (Ribeiro,

2012). Isto acontece devido ao horário de abertura ao público praticado e elevada

afluência de utilizadores e de fornecedores. Em 1996, este tipo de equipamentos foi

inaugurado em Braga, numa versão mais polivalente e modernizada, com o Braga

Shopping e em 1999 o Braga Parque, que sofreu uma expansão em 2007 tornando-se no

maior shopping da região do Minho. Em Guimarães em 1995 surgiu o Guimarães

Shopping (prevendo uma postura mais polivalente, contemplando o Continente e

cinemas), que sofreu uma expansão em 2009 e possui atualmente mais de 100 lojas. Ao

longo dos anos este tipo de comércio (sobretudo o Pingo Doce, a Sonae, o Mini-Preço e

o Intermarché, a que se juntou o Lidl) foi competindo com o comércio tradicional,

mesmo através do serviço de distribuição móvel (porta-a-porta).

Em quarto lugar, podemos recordar a importância das ligações rodoviárias e do

caso concreto da A11 (de ligação da cidade de Braga a Guimarães), que foi inaugurada

em 2003 e com a extensão de 17,1 Km. Também não podemos olvidar a ligação de

Braga a Barcelos (A11), inaugurada em 2005. Estas duas ligações poderão ter

47

contribuído para o decréscimo populacional ocorrido quer em Guimarães quer em

Barcelos e diagnosticado através do Recenseamento Geral da População de 2011. Como

pudemos confirmar em itens anteriores do presente Relatório, no caso de Braga, foram

sobretudo as freguesias com boa ligação à A11 que viram crescer substancialmente a

sua população entre 2001 e 2011. Estas ligações parecem-nos ser cruciais na análise

populacional atendendo à forte utilização do veículo particular e à ausência de ligação

ferroviária direta entre Guimarães e Braga.

A reabertura da linha de Guimarães ocorreu em 2004 após eletrificação e

reconversão em via larga. Em igual data o ramal de Braga foi reaberto após obras de

modernização, permitindo ligação ferroviária direta entre Braga e Faro. Estas obras de

reconversão e de modernização, que ocorreram no mesmo ano, permitiram às duas

cidades a sua integração na rede de comboios urbanos do Porto.

3-Características do crescimento e da componente económica dos principais

centros urbanos

3.1-Poder de Compra e urbanização

3.1.1-Indicador do Poder de Compra

Os indicadores que a seguir se analisam são determinantes em termos do retrato

socioeconómico do município de Guimarães e são publicados regularmente pelo I.N.E..

Começamos pelo Indicador do Poder de Compra per capita para o ano de 2009

publicado em 2011, que constitui a última publicação disponível.

Uma análise global dos resultados permite observar que o Indicador do Poder de

Compra per capita tende a ser mais elevado nos municípios incluídos nas Grandes

Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto. Do mesmo modo, as capitais de Distrito

sugerem uma associação positiva entre o grau de urbanização e o poder de compra que

diariamente aí é manifestado (I.N.E., 2011c).

O Indicador per capita do poder de compra traduz o poder de compra

manifestado quotidianamente nos vários municípios por referência ao valor base de

Portugal (100). Se analisarmos os concelhos que se posicionam nas primeiras 25

posições verifica-se que 12 pertencem às duas Áreas Metropolitanas e 8 são capitais de

distrito (Quadro 9). A região Norte apresenta um valor inferior ao da média nacional

(87,64).

48

Quadro 9 – Municípios com maior Indicador do Poder de Compra

e o fator de dinamismo relativo em 2009

Fonte: Elaboração própria a partir de Instituto Nacional de Estatística (2011c), Estudo sobre o Poder de

Compra Concelhio 2009, Tema B – População e Sociedade, Lisboa.

O concelho de Lisboa sobressai no panorama nacional ao apresentar o valor

mais elevado (232,54) e também se destaca em relação ao concelho de Oeiras (185,27)

que ocupa a segunda posição. Relativamente às sub-regiões do Cávado (82,95) e do Ave

(76,27) estas apresentam valores inferiores à média nacional. Neste contexto, destaca-se

o município de Braga que foi um dos 39 municípios portugueses que apresentou um

valor superior à média nacional (105,59). Por seu turno, Guimarães posicionou-se na

90ª posição com um índice muito próximo do da sub-região do Ave (79,78).

Posição no

IPC pcConcelho

Área

Metropolitana

Indicador do Poder de

Compra per capita

Percentagem do

Poder de Compra

Fator Dinamismo

Relativo1 Lisboa AML 232,54 10,490 -0,569

2 Oeiras AML 185,27 3,006 -1,699

3 Porto AMP 178,77 3,538 -0,261

4 Cascais AML 150,63 2,685 0,093

5 Faro 146,06 0,806 0,712

6 Coimbra 144,88 1,817 -0,670

7 Montijo AML 136,85 0,535 -0,470

8 Aveiro 134,76 0,924 -0,584

9 Sines 132,62 0,171 -0,762

10 Alcochete AML 132,58 0,226 0,039

11 Matosinhos AMP 130,57 2,078 -0,675

12 São João da Madeira AMP 129,07 0,264 -0,780

13 Almada AML 122,15 1,906 -0,311

14 Loures AML 121,60 2,213 -0,751

15 Maia AMP 119,14 1,606 -0,318

16 Évora 118,65 0,608 -0,498

17 Amadora AML 115,76 1,859 -0,700

18 Beja 112,74 0,362 -0,589

19 Portimão 112,42 0,533 2,732

20 Mafra 109,65 0,753 -0,151

21 Setúbal 108,99 1,284 -0,396

22 Portalegre 108,77 0,240 -0,636

23 Azambuja 108,12 0,222 -0,384

24 Loulé 107,76 0,669 6,094

25 Braga 105,59 1,759 -0,557

…90 Guimarães 79,78 1,219 -0,252

49

3.1.2-Percentagem do Poder de Compra

No total do país, o peso do poder de compra concelhio pode ser analisado

através do indicador Percentagem do Poder de Compra, o qual deriva do indicador

anterior (IPC).

Assim, destaca-se o peso dos municípios que integram as Áreas Metropolitanas

de Lisboa (A.M.L.) e do Porto (A.M.P.), nomeadamente o município de Lisboa por

representar 11% do poder de compra nacional. No cômputo geral apenas 22 municípios

concentravam poder de compra nacional acima de 1%, onde sobressaem os de Braga, de

Guimarães e de Vila Nova de Famalicão.

O poder de compra per capita na região Norte fica aquém da média nacional

(87,64), representando, contudo cerca de 31% do poder de compra nacional. Ao nível

das sub-regiões sobressaem as mais próximas do litoral comparativamente com as do

norte interior (Figura 19).

Figura 19 – Indicador do Poder de Compra na região Norte em 2009

Fonte: Elaboração própria com base em Instituto Nacional de Estatística (2011c), Estudo sobre o Poder de

Compra Concelhio 2009, Tema B – População e Sociedade, Lisboa.

50

Apesar disso, apenas a do Grande Porto se destaca com um poder de compra de

115 enquanto todas as outras possuem um poder de compra que fica aquém da média

nacional. A segunda sub-região com valores mais significativos é a do Cávado com 83

seguida pela de Entre Douro e Vouga com 78,44 e do Ave com 76,67.

Neste contexto, sobressaem os municípios do Porto, Matosinhos, São João da

Madeira, Maia e Espinho, todos pertencentes à A.M.P.. Do mesmo modo, os municípios

de Braga e de Vila Real, ambos capital de distrito, representam, respetivamente, o 5.º e

o 7.º poder de compra mais elevado da região Norte. O município de Guimarães surge

na 10ª posição.

As posições mais débeis com poder de compra muito aquém da média nacional

são apresentadas pelos municípios com características rurais, alguns em contexto de

montanha. Assim, o município que apresenta o poder de compra mais baixo é o de

Sernancelhe, seguido por Celorico de Basto, Ribeira da Pena, Vinhais, Cinfães,

Resende, Armamar, Valpaços, Mondim de Basto e Penedono, os quais se caracterizam

por possuírem um índice de poder de compra inferior a metade da média nacional

(Figura 20).

Figura 20 - Posição do poder de compra per capita por município

na região Norte em 2009

Fonte: Elaboração própria a partir de Instituto Nacional de Estatística (2011c), Estudo sobre o Poder de

Compra Concelhio 2009, Tema B – População e Sociedade, Lisboa.

3.2-O dinamismo dos sectores de atividade

Na região Norte, destaca-se o papel das indústrias transformadoras de fabricação

de têxteis, indústria do vestuário e do couro e dos produtos do couro que constituiu a

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

%

Município

51

principal indústria transformadora representando 31% do VAB e confirmando, em

2009, a especialização regional neste tipo de atividade. Também se destacam as

indústrias metalúrgicas de base e fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas,

contribuindo com 13% do VAB regional. As indústrias alimentares, das bebidas e do

tabaco e as de fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas, e de outros

produtos minerais não metálicos contribuíram, respetivamente, com 10% e 9% para a

formação do VAB regional da indústria transformadora (I.N.E., 2011a).

No que concerne ao sector terciário esta região foi a segunda com maior número

de população empregada neste setor de atividade, com 901 mil indivíduos, a seguir à

região de Lisboa que possuía cerca de um milhão de indivíduos empregados. O

comércio por grosso e a retalho, o comércio de automóveis, as atividades imobiliárias e

a educação foram os subsectores mais relevantes no sector terciário. O primeiro

subsetor foi responsável por gerar 15% do emprego seguido da educação que

empregava 6% dos indivíduos. Em termos de emprego as atividades imobiliárias, apesar

de serem o segundo subsetor mais importante do setor terciário, medido em VAB, foi

dos subsetores com menos indivíduos empregados não ultrapassando os 0,6% (I.N.E.,

2011a).

Contudo, é evidente o maior grau de industrialização presente nos municípios

localizados na sub-região do Ave. Neste contexto destaca-se o peso do sector

secundário nos municípios de Vizela (74%), de Barcelos (68%), de Guimarães (66%),

de S. Tirso (66%) e de Vila Nova de Famalicão (64% - Figura 21).

Por seu turno, o sector terciário assume-se como o sector mais relevante nos

municípios de Terras de Bouro (72%), de Melgaço (70%), de Valença (66%), de

Caminha (61%) e de Ponte da Barca (59%). Grande parte destes municípios encontra-se

na fronteira com Espanha (I.N.E., 2011a).

Assim, em 2009 é notório o contraste em termos do predomínio dos sectores de

atividade entre Braga, onde o sector terciário tem vindo a assumir maior

preponderância, e Guimarães, onde o sector secundário ainda se mantém como um

sector relevante da economia local. Deste modo, a tipologia das empresas também

constitui como um elemento importante, para avaliar as características de

desenvolvimento do território em estudo, designadamente do município de Guimarães.

Esta variável será avaliada no item seguinte.

52

Figura 21 - Percentagem da população empregada por sector de atividade na região

Norte, por município, em 2009

Fonte: Ribeiro (2012), p. 151.

3.3-Tipo de empresas existentes em Guimarães

O Vale do Ave apresenta raízes históricas muito marcadas nas indústrias têxtil e

do vestuário, designadamente através da “implantação do têxtil do algodão a partir de

meados do século XIX” (Marques, 1988: 56). Neste território e no contexto nacional o

município de Guimarães constitui-se como um importante centro em diversos

momentos. Desde logo, no séc. XVI com a indústria da fiação e da tecelagem do linho.

A partir de meados do séc. XIX, altura em que o desenvolvimento industrial foi mais

notório e as expectativas criadas com a chegada do caminho-de-ferro ao município

aumentaram, que as principais atividades estiveram ligadas ao “fabrico de tecidos de

linho, de algodão e dos cotins riscados de algodão e de linho” (Marques, 1988: 57). A

partir do séc. XIX a indústria algodoeira destaca-se face à do linho, sendo que nas

últimas décadas as indústrias do têxtil/vestuário se têm mantido como fundamentais

para o tecido económico deste município (Marques, 1988).

53

A Figura 22 representa o total de empresas no município de Guimarães por

freguesia. Constata-se que as freguesias que possuem maior concentração de empresas

são as do núcleo central: Oliveira do Castelo (1.051), São Paio (1.669), São Sebastião

(1.013). Também sobressaem as freguesias contíguas a este núcleo: Creixomil (1.830),

Azurém (1.496) e Urgezes (1.445). Existe ainda um núcleo importante a Norte, nas

margens do rio Ave, constituído pelas freguesias de Caldelas (1.134), Ponte (1.444), S.

Jorge de Selho (1.345). Do mesmo modo também se distinguem, a Sul, as freguesias de

Lordelo (690) e de Moreira de Cónegos (785).

Figura 22 - Total de empresas nas freguesias do município de Guimarães segundo a

média dos anos entre 2006 e 2010

Fonte: Ministério da Justiça (Instituto dos Registos e do Notariado – I.R.N.).

No período de 2006 a 2010 o município de Guimarães possuía 27518 micro,

pequenas e médias empresas. Destas, a representação das microempresas (80%) foi

claramente superior à das restantes tipologias, nomeadamente à das médias empresas

(3%), conforme se pode constatar através da Figura 23.

54

Figura 23 - Empresas (em %) no município de Guimarães por tipologia e por freguesia

segundo a média dos anos entre 2006 e 2010

Fonte: Ministério da Justiça (Instituto dos Registos e do Notariado – I.R.N.).

Nesse período, a maioria das microempresas localizavam-se nas freguesias do

núcleo central, ou próximo deste, tais como Creixomil (1.572), São Paio (1.503),

Azurém (1.278), Urgezes (1.183), ou nas margens do rio Ave, como as freguesias da

Ponte (1.059) e de S. Jorge de Selho (1.020). Contudo, as freguesias onde esta tipologia

(a mais representativa no município de Guimarães) teve menor representatividade foram

as freguesias mais periféricas de Castelões (26), Arosa (16) e Leitões (21).

As empresas com menor representatividade no município, as de dimensão

média, concentraram-se principalmente nas freguesias de Creixomil (45), Lordelo (55) e

da Ponte (91). Porém, existem 23 freguesias que não possuíam qualquer empresa desta

tipologia: Abação (São Tomé), Airão (Santa Maria), Arosa, Balazar, Briteiros

(Salvador), Briteiros (Santa Leocádia), Briteiros (Santo Estevão), Castelões, Conde,

Corvite, Donim, Figueiredo, Gémeos, Gominhães, Oliveira do Castelo, Infantas,

Leitões, Oleiros, São Faustino, Souto (Santa Marta), Souto (São Salvador), Tabuadelo e

Vermil.

Relativamente às pequenas-empresas estas tiveram maior expressão nas

freguesias de Azurém (201), Creixomil (213), Ponte (294), S. Jorge de Selho (308) e

Urgezes (215). As freguesias onde existe um menor número médio deste tipo de

55

empresas são Arosa (0), Balazar (7), Castelões (4), Figueiredo (5), Gominhães (6),

Oleiros (2) e São Faustino (2).

Deste modo, ressalta o rio Ave, como elemento natural, a proporcionar um

desenvolvimento empresarial das freguesias mais próximas, assim como o núcleo

central, ou a proximidade deste, bem como de algumas freguesias a Sul que se

destacaram por atrair uma parte considerável das empresas neste município.

3.4-Desemprego

Outra variável importante é o desemprego que afeta a sub-região, tendo sido

analisada a taxa de desempregados inscritos nos centros de emprego e de formação

profissional no total da população residente com 15 e 64 anos e também pelo seu nível

de escolaridade.

No ano de 2001, os municípios que apresentaram a taxa mais elevada de

desempregados inscritos no seu centro de emprego foram Santo Tirso com 8,8% e Fafe

com 7,7%. O município de Guimarães apresentou, naquele ano, 4,8% e Braga 5,3%,

enquanto Barcelos se destacou por possuir menor percentagem de inscritos (2,7%).

Desde essa data, que o número de inscritos tem vindo a aumentar consideravelmente em

todos os municípios em estudo.

Em 2011 o município de Santo Tirso manteve-se como o que no território em

estudo apresentou maior impacto no desemprego (13,6%), seguido da Trofa (12,9%).

Na posição oposta encontra-se o município de Esposende ao apresentar a menor

percentagem de inscritos no centro de emprego (6,1%). Contrariamente a 2001, o

município de Guimarães apresentou uma taxa de desemprego superior à de Braga, com

valores de 10,9% e 8,6% respetivamente.

No que se refere à taxa de desempregados por nível de escolaridade (os dados

são referentes à média anual) as pessoas sem estudos em 1997 ainda tinham alguma

representação na região em estudo, com Braga a apresentar 269 inscritos no centro de

emprego (consultar Quadro I que se encontra nos Anexos). Porém é o município de

Guimarães que apresentava a maior taxa de inscritos no centro de emprego tendo em

conta a população sem escolaridade, tendo 1083 inscritos. Em 2001, Guimarães

permanecia como o município com mais inscritos, com 804 inscritos. No entanto, o

número de inscritos estava a diminuir e em 2011 o número de inscritos já era mais

56

reduzido em todos os municípios em estudo, mas Guimarães ainda permanecia como o

município com mais inscritos com 475 indivíduos.

Com os inscritos que possuem o 1º Ciclo, Guimarães assume-se como o

município com mais inscritos desde o ano de 1997 até ao ano de 2011. Em 1997, este

possuía 4368 inscritos, em 2001, 2561 e em 2011, 5370. Apesar de o número de

inscritos ter descido entre 1997 e 2001 este voltou a subir de forma significativa

conseguindo ser o município com mais inscritos com o 1º Ciclo do Ensino Básico, que

deverá resultar da importância dos setores tradicionais da indústria têxtil e do vestuário.

O município de Braga tem registado um comportamento mais equilibrado, com

o número de inscritos a não flutuar muito, ao longo dos anos, tendo em 1997 a inscrição

de 2179 indivíduos. Em 2001 apresentava 2202 inscritos e em 2011, 2866 inscritos.

Relativamente ao número de inscritos no centro de emprego com o 3º Ciclo do

Ensino Básico, o município que apresenta o maior número é o município de Braga,

tendo em 1997 um número de inscritos cifrado em 1047 indivíduos, reduzindo-se em

2001 para 927 e ascendendo em 2011 a 2221 inscritos. Em Guimarães este número

também subiu passando dos 731 inscritos em 1997 para os 1949 inscritos em 2011.

Todos os municípios em estudo viram as suas listas de inscritos subirem sem exceção.

No que consta aos inscritos tendo o Ensino Secundário, Braga permanece com o

maior número de inscritos registando em 2011 - 2229 inscritos. Guimarães surge como

o segundo município com mais inscritos tendo 1629 inscritos. Na terceira posição com

mais inscritos está o município de Vila Nova de Famalicão com 1295 inscritos. Nos

anos anteriores estes três municípios mantiveram sempre estas posições sendo Braga,

desde 1997, o município com mais inscritos, seguido dos municípios de Guimarães e

Vila Nova de Famalicão.

Por fim os inscritos no centro de emprego com o Ensino Superior, são bastante

inferiores aos restantes níveis de escolaridade. Em 1997 os inscritos eram muito

reduzidos. O município de Braga já revelava algum destaque naquela data com 487

inscritos. Em 2001 este valor ascendeu a 572 e em 2011 cifrou-se em 1460 inscritos.

Guimarães no ano de 1997 apresentava 205 inscritos, em 2001 213 e em 2011 797.

Numa análise global do desemprego por nível de escolaridade, é possível

verificar que em Guimarães o número de inscritos vai diminuindo à medida que o nível

de escolaridade sobe. Em Braga acontece precisamente o contrário, ou seja, à medida

que o nível de escolaridade das pessoas inscritas sobe tem mais inscritos em

comparação com o município de Guimarães.

57

3.5-Rendas e arrendamentos

O número de edifícios de carácter clássico arrendados ou subarrendados no

município de Guimarães representou 49,4% em 1991 diminuindo para 37,5% em 2001.

Esta diminuição corresponde a cerca de 10%, cujo valor que é ligeiramente superior aos

7% registados no Continente, diminuindo de 28% em 1991 para 21% em 2001.

No que se refere à proporção de alojamentos familiares clássicos de uso sazonal,

a tendência inverte-se. Neste campo o município de Guimarães apresenta percentagens

inferiores às do Continente nas duas décadas. Assim sendo o Continente revelava em

1991 uma percentagem de 16% subindo em 2001 para 19% e o município de Guimarães

com valores percentuais mais baixos em 1991 com 8,8% descendo em 2001 para 8,7%.

Relativamente à proporção de alojamentos familiares clássicos vagos, em 2001,

verifica-se que a percentagem em Guimarães (9%) é ligeiramente inferior à do

Continente (11% - Figura 24).

Figura 24 - Percentagem de alojamentos vagos, arrendados ou subarrendados e de uso

sazonal, em 1991 e 2001

Fonte: Elaboração própria a partir de www.ine.pt (acedido a 10/12/2012).

Considerando que o montante a pagar pela habitação, que condiciona, por sua

vez, o pagamento mensal de prestação à instituição bancária, é um fator determinante na

escolha do local de residência, parece-nos relevante a análise da variação dos valores

médios de avaliação bancária (€/ m²) dos alojamentos (Figura 25).

De acordo com o estudo sobre a oferta de mercado (medida pelo número de

imóveis colocados no mercado imobiliário), realizado pelo Instituto da Habitação e da

Reabilitação Urbana (IHRU), em Setembro de 2008, constatou-se que o valor médio

para venda de apartamentos, por m2, variou em Guimarães e em Braga. Assim, em

58

Guimarães o valor foi mais atrativo e ocorreu no caso dos apartamentos T0 a T1

situando-se nos 991€ contra os 1207€ para Braga. Porém, nos apartamentos de tipologia

superior, o município de Guimarães revelou valores mais elevados do que em Braga. O

valor médio por m2 oscilou entre os 887€ e os 872€ no caso das tipologias T2 a T3 e

entre os 1048€ e os 970€ para os de tipologia superior a T4, respetivamente (IHRU,

2009).

Relativamente ao mercado de arrendamento este relatório revelou que os valores

foram consideravelmente superiores em Guimarães, comparativamente com Braga, em

todas as tipologias. Assim, o valor médio de arrendamento apurado para Guimarães foi

de 325€ (T0 a T1), 378€ (T2 a T3) e de 525€ (>= a T4). Em Braga os valores variaram

entre os 294€, os 283€ e os 463€ para as mesmas tipologias (IHRU, 2009).

Verifica-se um comportamento muito semelhante na avaliação bancária feita nos

municípios de Guimarães e de Braga situando-se as avaliações na classe dos 800 e

1000€ por m2 quer nos apartamentos quer nas moradias. A exceção ocorre no mês de

Janeiro de 2012 em que o município de Braga apresenta o valor de 1057€ por m2 nas

moradias.

Figura 25 - Valores médios de avaliação bancária (€/ m²) dos alojamentos, 2008 a 2012

Fonte: Elaboração própria a partir de www.ine.pt (acedido a 10/12/2012).

Entre 2008 e 2010 o município de Guimarães começou por revelar valores mais

elevados por metro quadrado nos apartamentos comparativamente com Braga (anos de

2008, 2009 e 2010) e em Janeiro de 2011 a situação começou a inverter-se. Em Outubro

de 2012, Guimarães conseguiu descer abaixo do patamar dos 800€/m2

(776€/m2). No

59

que concerne às moradias, Braga apresenta sempre valores mais elevados nos quatro

anos considerados, quando comparado com Guimarães.

Figura 26 - Contratos de compra e venda (Milhares de Euros)

Fonte: Elaboração própria a partir de www.ine.pt (acedido a 10/12/2012).

No ano de 2002 o número de contratos de compra e venda de prédios urbanos

situava-se nos 5449 em Braga e nos 3245 em Guimarães. A partir de 2003 o número de

contratos de compra e venda de prédios urbanos foi descendo progressivamente (Figura

27), mas a mesma tendência não se verificou no valor (€) obtido dos mesmos,

principalmente no município de Braga.

Prova de tal facto é o número de contratos de compra e venda de edifícios

urbanos em 2006, no município de Braga, ser de 3954 e se ter arrecadado um total de

382,098 milhões de euros, sendo este o valor máximo registado em Braga. No

município de Guimarães, o valor máximo registado em contratos de prédios urbanos foi

alcançado em 2002 com 3245 contratos.

60

Figura 27 - Contratos de compra e venda (N.º), de 2000 a 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de www.ine.pt (acedido a 10/12/2012).

No entanto, foi em 2005, com a celebração de 2643 contratos que se atingiu o

valor máximo em termos de milhões de euros (210,294€). Em termos gerais assiste-se a

uma tendência para um decréscimo no número de contratos de compra e venda de

prédios urbanos.

A tendência é para um melhor posicionamento do município de Braga tanto no

número de contratos como no valor (em €) arrecadado com os prédios urbanos. No

entanto, há a salientar os prédios rústicos que, apesar de gerarem menos valor,

apresentam resultados interessantes. O município de Guimarães, a partir do ano 2002,

foi sempre registando a celebração do maior número de contratos, mas foi o município

de Braga que arrecadou, em igual período, um maior valor (em €). Em 2008 o

município de Braga registou a celebração de 186 contratos de compra e venda de

prédios rústicos arrecadando 48,305 milhões de euros. No ano seguinte (2009)

Guimarães registou a celebração de 219 contractos arrecadando 40,891 milhões de

euros ultrapassando Braga que desceu para 7,305 milhões de euros com 171 contratos

de compra e venda de prédios rústicos.

Quanto ao número de contratos de arrendamento o município de Guimarães

destaca-se quando comparado com o município de Braga. Os contratos de arrendamento

sofreram uma forte quebra no período entre 1987 e 1990, contando o município de

Guimarães com a celebração de apenas 870 contratos e o de Braga com 555. No período

de 2006 a 2011 inverte-se a tendência passando o município de Braga a contar com a

celebração de 7322 contratos de arrendamento e município de Guimarães com 5402.

61

Figura 28 - Número de contratos de arrendamento, antes de 1975 e até 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de www.ine.pt (acedido a 10/12/2012).

No Quadro 10 está representado o número de contratos celebrados consoante o

seu valor de renda. O número de contractos celebrados antes do ano de 1975 até 2006-

2011 vai subindo no escalão do valor das rendas. Isto significa que, no período anterior

a 1975 existia uma prevalência do número de contratos no escalão estre menos de 20€

até 149,99€, no município de Guimarães contabilizavam-se 2542 contratos neste

escalão, valor superior ao município de Braga que registava 1876 contratos. Na década

seguinte (1975-1986) o número de contratos no escalão do valor mensal da renda

alargou para os 199,99€ no município de Guimarães e para 299,99€ no município de

Braga.

62

Quadro 10 - Alojamentos familiares clássicos arrendados de residência habitual, antes

de 1975 e até 2011

Época de celebração do contrato de arrendamento

Escalão do valor

mensal da renda

Antes de

1975 1975 - 1986 1987 - 1990 1991 - 2000 2001 - 2005 2006 - 2011

Bra

ga

- de 20 € 572 131 19 17 23 31

20 - 34,99 € 415 194 22 23 34 38

35 - 49,99 € 319 131 28 38 29 27

50 - 74,99 € 319 232 49 47 38 47

75 - 99,99 € 136 191 48 59 38 53

100 - 149,99 € 115 277 90 209 139 291

150 - 199,99 € 39 111 110 240 258 518

200 - 299,99 € 32 117 152 528 937 3535

300 - 399,99 € 38 53 33 183 358 2179

400 - 499,99 € 5 1 4 7 41 383

500 - 649,99 € 0 1 0 4 13 161

650 € ou + 1 1 0 1 4 59

Gu

ima

rães

- de 20 € 735 698 64 61 96 60

20 - 34,99 € 572 338 64 57 82 47

35 - 49,99 € 328 212 48 47 69 38

50 - 74,99 € 448 352 109 99 103 88

75 - 99,99 € 233 316 87 142 94 125

100 - 149,99 € 226 417 219 430 407 660

150 - 199,99 € 49 146 139 505 548 995

200 - 299,99 € 39 72 109 521 847 2150

300 - 399,99 € 46 38 24 92 234 859

400 - 499,99 € 1 3 5 16 44 198

500 - 649,99 € 2 3 2 5 15 99

650 € ou + 2 0 0 0 7 83

Fonte: Elaboração própria a partir de www.ine.pt (acedido a 10/12/2012).

Entre 1987 e 1990 sucede o decréscimo global do número de contratos de

arrendamento, mas neste período o patamar do valor mínimo do valor mensal de

arrendamento sobe, com o registo de celebração de 663 contratos no município de

Guimarães no escalão do valor mensal da renda entre os 50€ e os 299,99€. Entre 1991 e

2011 o número de contratos para valores mensais de renda cada vez mais altos é

evidente, sendo cada vez menor o número de contratos em escalões baixos. Entre 2006 e

2011 o município de Braga atingiu o número de 5714 contratos no escalão entre 200 e

399,99€. No município de Guimarães o valor máximo de contratos encontrava-se no

escalão entre os 200 e os 299,99€ com 2.150 contratos.

63

3.6-Características do crescimento dos principais centros urbanos

A cidade de Braga foi considerada das mais jovens da Europa em 1989

(www.uminho.pt – acedido a 15/01/2013), que lhe conferiu uma dinâmica habitacional

e um crescimento de infraestruturas muito significativos, tendo sido escolhida para

organizar as iniciativas da Capital Europeia da Juventude, em 2012. Simultaneamente

foram implementados diversos investimentos ao nível das infraestruturas rodoviárias,

nomeadamente, com a criação da circular urbana, bem como, o aumento de áreas

pedonais no centro da cidade e a criação de uma ciclovia na freguesia de Lamaçães

(Ribeiro, 2012). Tem atualmente projetado ampliar a sua rede ciclável com vista a

ampliar as soluções de mobilidade e a melhorar a acessibilidade da população

promovendo os modos de transporte mais sustentáveis.

O município de Braga, designadamente a cidade, caracteriza-se por exercer uma

força centrífuga relativamente aos municípios vizinhos. Este dinamismo demográfico e

comercial conduziu ao crescimento urbanístico, ao aumento das grandes superfícies

comerciais e ao aumento do número de infraestruturas rodoviárias. Neste município a

estratégia tem sido a de privilegiar o crescimento mais compacto do centro urbano e de

requalificação em termos comerciais (Figura 29).

Figura 29 – Centro da cidade de Braga que foi requalificado recentemente

Fonte: Fotografias tiradas pela equipa a 12 de Janeiro de 2013.

No item 1.3 foi ressaltado o elevado crescimento de freguesias como a de Fraião

no município de Braga. Na Figura 30 podemos observar uma elevada concentração de

serviços (e.g., Minho Center, Continente, Lidl, Media Market, Aki) que conferem a esta

freguesia uma elevada atratividade em termos residenciais, quer em termos de habitação

horizontal (parte dela de elevada qualidade de construção) quer em termos de moradias

unifamiliares.

64

Figura 30 – Aposta da concentração de serviços e de escritórios na freguesia de Fraião

Fonte: Fotografias tiradas pela equipa a 4 e a 27de Janeiro de 2013.

Tal facto reflete-se no dinamismo do núcleo central e na presença de grande

parte da população, designadamente dos idosos. Na última década a tendência de

concentração de população nas freguesias que compõem a cidade de Braga acentuou-se

em 16 %. Tal demonstra a atratividade da cidade face às freguesias mais periféricas, que

perderam população entre 2001 e 2011 (Ribeiro, 2012).

Contrariamente, o município de Guimarães tem apostado ao longo dos tempos

numa dinâmica de crescimento mais disperso, embora organizado, fundamentalmente,

pela rede viária. Deste modo, apresenta-se como um território onde as vilas assumem

um papel fundamental para travar esta orientação de crescimento urbanístico. Tal retira

dinamismo ao seu núcleo central e promove o aumento da mobilidade e da necessidade

de deslocação da população.

Apesar de “Guimarães 2012 - Capital Europeia da Cultura” ter contribuído para

uma maior dinamização do núcleo central da cidade de Guimarães e ser evidente a

criação de comércio atrativo (e.g., lojas de artesanato onde são vendidos artigos

tradicionais e artesanato de design mais atual – Figuras 31 e 32), o mesmo está mais

vocacionado para o turista.

Figura 31 – Loja de artesanato localizada no núcleo central da cidade de Guimarães

Fonte: Fotografias tiradas pela equipa a 26 de Janeiro de 2013.

65

Figura 32 – Outra loja de artesanato localizada no núcleo central da cidade de

Guimarães

Fonte: Fotografias tiradas pela equipa a 26 de Janeiro de 2013.

As lojas existentes estão, na sua maioria, bem concebidas e vão de encontro ao

perfil do turista que visita Guimarães, que possui, no caso do turista estrangeiro, um

nível de instrução elevado e razoável poder de compra.

Não obstante, o núcleo central não tem conseguido atrair os residentes, no que

diz respeito à compra em vários domínios (e.g., vestuário, calçado, acessórios), optando

mais pelos Centros Comerciais existentes (Guimarães Shopping e Espaço Guimarães).

O núcleo central da cidade tem pouca vivacidade nalguns fins-de-semana menos

convidativos em termos climáticos (Figura 33).

Figura 33 – Locais do centro da cidade num sábado à tarde

Fonte: Fotografias tiradas pela equipa a 26 de Janeiro de 2013.

É ainda visível no centro da cidade a co-habitação do comércio tradicional com

os modelos mais modernos de comércio (Figura 34).

66

Figura 34 – Co-habitação do comércio tradicional com modelos mais modernos de

comércio

Fonte: Fotografias tiradas pela equipa a 26 de Janeiro de 2013.

É ainda de ressaltar o sentimento de pertença e de elevada auto-estima da

população vimaranense que foi revelado, em 2012, nas casas de comércio do centro da

cidade (Figura 35).

Figura 35 – Exemplos de sentimento de pertença e de enraizamento da

população vimaranense

Fonte: Fotografias tiradas pela equipa a 26 de Janeiro de 2013.

No que se refere à população idosa as políticas que se orientam pelo urban

sprawl (crescimento extensivo, de baixa densidade e do tipo “mancha de óleo”) podem

acentuar o aumento da “exclusão social” no município. Consequentemente tendem a

agravar-se os problemas relacionados com a mobilidade da população.

A atratividade de um espaço urbano pode ser analisada sob dois prismas:

-ao nível intermunicipal - a alternativa ao automóvel é o comboio e os

transportes rodoviários de uso coletivo;

-ao nível intramunicipal - a rede de transportes públicos coletivos está alicerçada

nos transportes urbanos.

Os núcleos centrais consolidados das cidades de Guimarães e Braga sofreram

alterações em termos de mobilidade nos últimos anos. Porém a intervenção foi mais

67

acentuada na cidade de Braga, designadamente com a construção dos parques

subterrâneos de grande capacidade e do túnel que permite atravessar a cidade de norte

para sul. Também foi ampliada a rede pedonal desde o centro histórico seguindo a

direção da Avenida da Liberdade, que extravasou os limites do centro histórico.

Apesar de as estações ferroviárias das duas cidades terem sido intervencionadas

por altura do campeonato da Europa de Futebol (Euro 2004) é notória a ausência de

uma estação intermodal em ambas as cidades. Do mesmo modo, é notória a ausência de

uma ligação direta entre as cidades de Guimarães e de Braga, que facilitaria a

acessibilidade das populações a ambas as cidades, reduzindo os custos económicos e

ambientais das deslocações. Também facilitaria a promoção de uma estratégia de

promoção dos vários produtos turísticos de uma forma articulada e em rede.

Assim, a aposta essencial neste território tem sido orientada para os

investimentos rodoviários, designadamente para a construção de novos IP que facilitam

a acessibilidade em automóvel entre ambas as cidades. Contudo, no município de Braga

as ligações a estes IP são também facilitadas pelos investimentos realizados na

construção da circular urbana e respetivos eixos de ligação quer a Vila Verde quer a

Póvoa de Lanhoso. Considerando a localização da população e a configuração destes

eixos rodoviários a acessibilidade da população em Braga aos principais eixos

rodoviários e ao núcleo central aumentou significativamente.

Deste modo, os modelos de crescimento de ambas as cidades têm conduzido a

uma diferenciada distribuição da população em ambos os territórios. Deste ponto de

vista, os níveis de acessibilidade rodoviária têm vindo a aumentar no município de

Braga. A ausência de uma estratégia orientada para o modo de transporte ferroviário

tem privilegiado a mobilidade em automóvel privado. Assim, as melhorias na

acessibilidade rodoviária conjuntamente com uma estratégia de crescimento mais

compacto, um maior dinamismo económico e a presença de funções de nível

hierárquico superior têm contribuído para a manutenção do poder de atração da cidade

de Braga comparativamente com a de Guimarães.

3.7-Importância dos edifícios muito degradados e devolutos

Apesar de não ser ainda possível caracterizar para 2011 a proporção dos

edifícios muito degradados para o município de Guimarães e para os restantes

municípios em estudo, podemos recordar o que se passava em 2001.

68

Se considerarmos a média nacional (2,9%), constata-se que os municípios de

Amares (4,3%), Guimarães (3,8%), Vila Verde (3,2%) e Fafe (3,0%) apresentavam, em

2001, valores superiores. Barcelos (1,4%) e Esposende (1,6%) eram os que

manifestavam uma mais baixa percentagem deste tipo de edifícios (Quadro 12).

Esta leitura pode ser complementada com a análise da idade média dos edifícios,

entre 1991 e 2001, constatando-se que diminuiu em todos os municípios à exceção de

Vizela (Quadro 13).

Quadro 12 – Proporção dos edifícios muito degradados em Guimarães e nos restantes

municípios, em 2001

Entidades

territoriais

Proporção dos

edifícios muito

degradados

%

Portugal 2,9

Continente 2,9

Norte 3,5

Cávado 2,6

Amares 4,3

Barcelos 1,4

Braga 2,8

Esposende 1,6

Vila Verde 3,2

Ave 2,9

Fafe 3,0

Guimarães 3,8

Póvoa de Lanhoso 2,9

V.N. de

Famalicão

2,1

Vizela 2,2

Santo Tirso 2,2

Trofa 2,5 Fonte: I.N.E. (2002), Censos 2001 – Resultados definitivos, Lisboa.

Em 2001 Guimarães viu a sua situação melhorada e posicionou-se em segundo

lugar (30,71 anos), logo a seguir a Santo Tirso (30,81 anos). Não nos parece, no entanto

de considerar que é relevante quando comparamos com os outros municípios, pois os

valores encontrados são muito similares. Na realidade, apenas Esposende (22,94 anos)

se destaca dos demais municípios.

69

Quadro 13 – Idade média dos edifícios em Guimarães e nos restantes municípios, em

1991 e 2001

Fonte: I.N.E. (2002), Censos 2001 – Resultados definitivos, Lisboa.

4-O contributo do turismo para o crescimento e desenvolvimento do município de

Guimarães

4.1-Contexto internacional e o PENT

Atendendo à importância crescente do turismo cultural e urbano no município de

Guimarães, importa agora fazer uma avaliação deste sector, tendo em consideração que

à escala internacional continua a ser evidente a concentração da população nas cidades,

prevendo-se que em 2050 dois terços da população estará vivendo em espaços urbanos.

Esta tendência também é visível em Portugal. Na realidade, já cerca de dois terços da

população portuguesa reside em espaços urbanos, continuando, no entanto, a ser inferior

à expressão da média da União Europeia (U.N.F.P.A., 2011).

Na senda desta tendência é visível a crescente competitividade entre as cidades,

tentando atrair mais visitantes, sobretudo estrangeiros. Neste contexto, sobressaem

estratégias de captação de visitantes cada vez mais complexas e aguerridas.

Localização

Geográfica

Idade Média dos Edifícios

1991 2001

Portugal 36,16 33,92

Continente 35,90 33,95

Norte 35,25 32,59

Cávado 30,19 27,46

Amares 28,80 26,71

Barcelos 29,30 26,78

Braga 32,57 28,59

Esposende 24,26 22,94

Vila Verde 30,08 28,05

Ave 31,32 29,20

Fafe 30,58 28,38

Guimarães 33,24 30,71

Póvoa de Lanhoso 37,87 26,33

V.N. de Famalicão 28,42 27,32

Vizela 26,42 29,28

Santo Tirso 31,27 30,84

Trofa 29,59 29,46

70

No caso concreto de Guimarães, estamos a falar de turismo cultural, um dos

segmentos do turismo que se centra no património e nas atrações culturais e que desde o

início do novo milénio tem evoluído de forma sustentada. Este segmento está em clara

ascensão a nível internacional (40% de todo o turismo – O.E.C.D., 2009) e que concorre

com outros segmentos mais tradicionais, nomeadamente o do “sol e praia”.

Guimarães ainda é um destino emergente em termos internacionais, visto que

grande parte dos visitantes é de origem portuguesa, espanhola ou de outros países

geograficamente próximos. A acreditação do seu centro histórico pela U.N.E.S.C.O., em

Dezembro de 2001, e o acolhimento da Capital Europeia da Cultura em 2012

constituíram elementos chave neste trajeto. O turismo do município de Guimarães

encontra-se inserido, desde há cerca de quatro anos, na região “Turismo do Porto e

Norte de Portugal”.

Assumido pelo seu diretor, Melchior Moreira, esta região prima pela

singularidade e hospitalidade e centra-se nos seguintes produtos turísticos: Turismo de

Negócios, City Short Breaks, Touring Cultural e Paisagístico, Saúde e Bem-Estar,

Turismo de Natureza, Turismo Religioso, Gastronomia e Vinhos, inscritos numa

abrangência de transversalidade

(http://www.portoenorte.pt/client/skins/area.asp?page=1 – acedido a 24/09/2012). Estes

produtos fazem parte dos dez produtos turísticos que foram pensados para Portugal e

para serem desenvolvidos no período de vigência do PENT 2006-2015 (Plano

Estratégico Nacional de Turismo).

Ainda que esta visão estratégica de desenvolvimento turístico esteja no terreno

desde, pelo menos, a implementação do PENT 2006-2015, na realidade, ainda não

existe uma marca turística “Minho”, onde Guimarães se poderia integrar, e o sucesso da

estratégia pensada e posta em prática parece-nos ter-se ficado, até ao momento, por uma

aposta, sobretudo, na cidade do Porto.

4.2-O que falta fazer no Minho e em Guimarães

O Norte de Portugal é feito de muitos recursos naturais e edificados muito

diversificados e mesmo nalgumas das campanhas de marketing difundidas recentemente

(e.g., outdoors) dificilmente os próprios portugueses conseguem identificar os locais

que são avançados, nalguns outdoors, para o Norte de Portugal, denotando a ausência

de uma marca turística.

71

Transformar o Turismo do Porto e Norte de Portugal num destino onde o turista

sentirá vontade de regressar, como pretende quem planifica o sector turístico, é, antes de

tudo, apostar na componente cultural, onde, além do importante património edificado

que floresce um pouco por todo o lado, este se entrelaça com uma mistura de cores,

sabores, auto-estima e bem receber. Além disso, o Norte é, por excelência, o território

das crenças e tradições.

Partilhamos da opinião exarada por Melchior Moreira da possibilidade do Porto

e Norte de Portugal ascender ao conjunto dos três primeiros Destinos Turísticos de

Portugal (http://www.portoenorte.pt/client/skins/area.asp?page=1 - acedido a

24/09/2012), se para tal forem cumpridos alguns requisitos que nos parecem ainda estar

bastante aquém do necessário.

Em primeiro lugar, a necessidade de maior articulação entre os vários

municípios do Minho, tentando encontrar uma estratégia comum, na tentativa de

combater o baixo número de dias de estadia dos turistas quando comparamos o Norte de

Portugal com a média do país. Na realidade os dados oficiais dizem-nos que há uma

baixa média de dias de noites de permanência no município de Guimarães (1,8) quando

comparamos com a média nacional (3.5 noites – Quadro 14), ainda que nos últimos dois

anos este indicador se tenha mantido estável na região Norte, no Ave e em Guimarães e

se tenha assistido a uma descida para Portugal (3,7 em 2008 para 3,5 em 2010 – Quadro

14).

Também se regista uma baixa percentagem de turistas estrangeiros (35,0% e

50,5% à escala nacional). A capacidade de alojamento mantinha-se estável em

Guimarães quando comparada com um ligeiro aumento da oferta nacional entre 2008 e

2010. Por fim, a taxa de ocupação-cama (líquida) é mais baixa em Guimarães (32.3%

versus 38,7% à escala nacional), evidenciando em 2008 uma taxa mais favorável de

34,4% versus 41,3% em Portugal na mesma data (I.N.E., 2009, 2011e).

72

Quadro 14 - Alguns indicadores de hotelaria em Portugal, no Continente, na região

Norte, no Vale do Ave e em Guimarães, 2010

Fonte: I.N.E. (2011e), Estatísticas do Turismo 2010, Lisboa.

No contexto do Vale do Ave, Guimarães é o município que continua a atrair uma

maior percentagem de turistas estrangeiros, ainda que tenha descido de 37,9% em 2008

para 35,0% em 2010 (I.N.E., 2009, 2011), mas tal descida operou-se também nas

restantes entidades territoriais, sobretudo em Portugal (52,8% em 2008 versus 50,5%

em 2010) e no Continente (50,6% em 2008 versus 49,1% em 2010).

Importa ressaltar alguns aspetos mais positivos retirados dos dados oficiais e

referentes a Guimarães. Este município revelava em 2010 a terceira taxa mais alta de

ocupação-cama do Ave, a seguir a Santo Tirso (40,0%) e à Trofa (35,5%) e acima do

Ave (30,6%).

Em termos de aspetos menos positivos a reter dos dados oficiais, Guimarães

tinha a terceira estada média (nº de noites) de estrangeiros, a seguir a V.N. de Famalicão

(2,6) e a Santo Tirso (2,5). Mesmo quando comparado com o Cávado (2,2), Guimarães

fica atrás de Esposende (3,1), Vila Verde (2,1) e Braga (2,1) e Terras de Bouro (2,0).

Estes dados vêm de encontro ao que se conseguiu apurar num inquérito conduzido em

2010 e 2011 (90 em Dezembro de 2010, 90 em Abril de 2011 e 96 em Julho e Agosto

de 2011), tentando cobrir as três estações (baixa, média e alta), a 276 visitantes de

Guimarães, aplicado por Vítor Marques que concluiu que Guimarães ainda não é um

destino turístico autónomo, já que apenas 11,6% dos turistas referiram que estavam a

visitar apenas Guimarães (Marques, 2011). De facto, a maioria dos visitantes opta por

Entidades

territoriais

Estada média

de hóspedes

estrangeiros

(Nº de noites)

Proporção de

hóspedes

estrangeiros

(%)

Capacidade de

alojamento por

1000 habitantes

(Nº)

Taxa de

ocupação-cama

(líquida)

(%)

Portugal 3,5 50,5 26,3 38,7

Continente 3,2 49,1 23,9 37,7

Norte 2,1 36,7 10,4 32,4

Ave 1,9 26,3 4,7 30,6

Guimarães 1,8 35,0 7,8 32,3

73

visitar primeiro a cidade do Porto e depois faz o tour: Porto – Braga – Guimarães –

Viana do Castelo.

4.3-A perceção dos Vimaranenses

Acresce que o sucesso deste destino turístico depende do comprometimento dos

residentes com o projeto de desenvolvimento turístico, da consistência da oferta em

matéria de atração e animação e da capacidade de antecipar e acompanhar a evolução

das preferências dos turistas. Em resumo, além dos tradicionais agentes turísticos

(atores políticos, e agentes económicos e sociais locais e regionais) que devem ser

considerados em qualquer estratégia de planeamento do turismo e de implementação de

políticas públicas neste domínio, deve igualmente ser tida em consideração a perceção

dos residentes sobre os impactos da atividade.

Este facto torna-se ainda mais relevante quando consideramos uma população

como a vimaranense, cujo enraizamento territorial e sentimento de pertença se pode

considerar como sendo particularmente significativos no contexto nacional.

Com o objetivo de captar a perceção dos residentes sobre os efeitos do

desenvolvimento turístico na cidade de Guimarães, foi conduzido um inquérito,

aplicado a uma amostra de conveniência de 540 residentes no município. Este

questionário foi aplicado, entre Janeiro e Março de 2010, a partir de quatro escolas

secundárias existentes no município e de uma escola profissional. A aplicação dos

inquéritos permitiu-nos avaliar a situação antes do início da Capital Europeia da Cultura

“Guimarães 2012”.

No que respeita à aplicação do inquérito, há ainda que ressaltar que a amostra

tentou fazer uma cobertura integral do território em causa, isto é, pretendeu ser

representativo da população das 69 freguesias que constituem o município e ajustar-se

às principais variáveis sociodemográficas que aí ocorriam, nomeadamente, em termos

do sexo, idades e nível de instrução da população. A amostra recolhida corresponde a

um perfil da população de classe média e média-baixa. A análise estatística foi

realizada, usando instrumentos estatísticos adequados, permitiu concluir o seguinte:

i) a quase totalidade dos inquiridos manifestou uma opinião muito positiva

relativamente ao turismo em Guimarães (98,2% dos mesmos concordou ou concordou

completamente com a afirmação de que “O turismo é bom para o desenvolvimento do

município”, a qual era uma das 25 questões constantes do questionário usado;

74

ii) os jovens, as mulheres, os mais instruídos e aqueles que viviam em áreas

predominantemente urbanas tenderam a ser os mais “entusiastas” relativamente à

atividade, enquanto os idosos e os homens mostraram ser mais “sépticos”;

iii) dos 14 itens usados para avaliar os impactos percecionados pelos turistas,

apareceu em primeiro lugar aquele que exprimia a ideia de que o turismo “permite o

contacto com culturas diferentes” (93,4% dos inquiridos que concordavam com esta

afirmação), seguindo-se os que apontavam para que o turismo “Estimula a cultura local

e o artesanato” (90,4%), “Cria postos de trabalho para os residentes” (86,7%) e que

“Permite a conservação e restauro de edifícios históricos” (85,7%);

iv) poucos residentes percecionaram a hipótese de que o crescimento da

atividade “Aumenta a criminalidade” (17,0% dos inquiridos que concordaram com esta

afirmação), assim como “Gera ruído excessivo no Centro Histórico” (16,0%), o que

poderá ter explicação no facto de termos trabalhado com uma amostra que cobria

grande parte das freguesias do município e não apenas as do centro da cidade;

v) os locais onde os residentes gostavam mais de ver os turistas eram o centro

histórico de Guimarães, o Castelo de Guimarães, o Paço dos Duques de Bragança, o

Monte de Santa Catarina (Monte da Penha), e algumas freguesias mais periféricas (e.g.,

Caldelas). Este resultado remete-nos para os locais mais simbólicos da cidade e parte

deles são o espelho do berço da nacionalidade;

vi) apenas 2,4% dos residentes afirmaram que existiam locais onde não

gostavam de ver turistas, nomeadamente, nos cafés, nas piscinas municipais, nos centros

hospitalares, nas áreas degradadas da cidade, nas ruas menos históricas e junto aos rios,

justificando com a poluição que a sua presença poderia acarretar;

vii) 3,8% dos inquiridos respondeu que havia algum tipo de turista que lhe

desagradava devido à sujidade que a sua presença provocava nas ruas da cidade e/ou nas

praças, às atitudes de alguns turistas e à eventualidade de se deparem com “jovens sujos

e mal vestidos”. Relativamente ao não avaliar positivamente as atitudes de alguns

turistas, reportaram-se em dois dos três casos mencionados a turistas chineses, que

entendemos ser resultado de confusão com turistas japoneses, que têm alguma

expressão na cidade de Guimarães em termos de visitas;

viii) no que respeita ao número de visitantes, na opinião dos inquiridos o

município tinha uma afluência moderada e gostariam que o município viesse a receber

no futuro mais turistas do que acontece atualmente;

75

ix) por último, relativamente ao turismo em Guimarães, os aspetos expressos que

preocupavam mais os inquiridos eram o eventual aumento da insegurança no município,

eventuais efeitos de deterioração física do centro histórico da cidade, a falta de oferta

em termos de atividades culturais, e eventual grande afluência automóvel, provocando

escassez de alternativas de parqueamento automóvel e congestionamento de tráfego.

As respostas obtidas vão ao encontro do que se pode encontrar noutros trabalhos

realizados sobre o centro histórico de Guimarães, nomeadamente, pela rede ATLANTE

e publicados em 2005. Surpreendeu-nos, no entanto, a identificação, por parte dos

residentes, de “falta de oferta em termos de atividades culturais”.

4.4-As motivações e a imagem dos visitantes relativamente ao destino “Guimarães”

O inquérito aplicado aos visitantes de Guimarães nas três épocas: baixa

(Dezembro de 2010 – 90 inquéritos), média (Abril de 2011 – 90 inquéritos) e alta

(Julho/Agosto de 2011 – 96 inquéritos), que culminou numa dissertação de mestrado do

Dr. Vítor Marques e na qual participámos concluiu o seguinte:

i) a maioria dos visitantes é do sexo feminino (63%), indo de encontro a outros

estudos realizados à escala internacional que comprovam que as mulheres são mais

consumidoras do turismo cultural;

ii) a grande maioria dos visitantes (86,7%) tem, pelo menos, o ensino superior;

iii) a maioria tem menos de 46 anos (63%), mostrando uma tendência crescente

dos mais jovens para fazer turismo cultural, que é, aliás, confirmada à escala

internacional;

iv) o destino “Guimarães” ainda não é um destino autónomo, já que somente

11,6% dos visitantes se deslocaram apenas a Guimarães; o tour que é feito é partindo do

Porto (71%) e segue por Braga (52,5%), Guimarães e Viana do Castelo (27,5%), sendo

também o Douro um destino mais atrativo (22,8%) do que Guimarães;

v) para 80,1% dos visitantes a principal motivação de visita de Guimarães é o

“Relevante património artístico e arquitetónico”, mais do que as “atividades culturais

(19,2%), significando que a visita a Guimarães é mais educacional do que recreativa,

pois os visitantes querem vivenciar uma experiência de aprendizagem. Isto significa que

muitos turistas estão conscientes do estatuto da cidade como Património da

Humanidade.

76

No Quadro 15 avança-se uma síntese dos pontos fortes e fracos do turismo em

Guimarães.

Quadro 15 - Pontos fortes e fracos do turismo em Guimarães

Pontos fortes Pontos fracos

- Certificação de parte do seu Centro

Histórico pela UNESCO;

- Relevante património edificado que está

associado à identidade nacional;

- Potencialidades do património cultural

material e imaterial rico e diversificado

(festas populares, romarias, tradições,

gastronomia);

- A localização próxima entre si dos

principais museus permitindo ao turista

visitá-los sem grande esforço em termos

de mobilidade;

- Boas acessibilidades ao aeroporto

Francisco Sá Carneiro e ao aeroporto de

Vigo;

- Investimento nos últimos anos nas novas

tecnologias e a importância concedida à

promoção por via eletrónica da cidade em

seis línguas;

- A realização de cursos de formação na

área do turismo;

- A tentativa de preservação da doçaria

conventual e da gastronomia regional e a

certificação de alguns produtos locais;

- A qualidade de algumas infraestruturas

hoteleiras;

- O reconhecimento nacional granjeado

por algumas intervenções no domínio da

promoção turística e pelos serviços

prestados;

- Realização de eventos com impacto a

nível nacional (e.g., Guimarães Jazz);

- Localização da Universidade do Minho:

formação, investigação, parcerias em

projetos;

- Promoção externa em várias feiras

internacionais;

- A visão positiva do turismo por parte

dos residentes como motor de

desenvolvimento do município.

- O clima, com Invernos frios e chuvosos

e amplitudes térmicas anuais

significativas, devido aos fatores

“continentalidade” e “localização”;

- O facto do Norte de Portugal e o Minho,

em particular, onde se insere, constituir

um “produto residual” em termos de

estratégia turística nacional;

- Ausência de uma marca turística que se

consiga identificar com o espaço minhoto;

- A dificuldade em se afirmar como um

destino autónomo;

- A fragilidade da estrutura de suporte à

gestão e promoção turística, em termos de

suporte técnico e de meios humanos;

-A deficiente concertação de itinerários e

de promoção com outros municípios da

região;

- O sector turístico é ainda limitado face a

outros sectores económicos;

- Falta de uma estratégia aguerrida de

captação de visitantes estrangeiros;

- A agenda cultural disponível prevê

apenas a divulgação em português;

- Baixa estada média dos estrangeiros;

- Baixa taxa de ocupação-cama;

- Forte dependência dos visitantes

portugueses e espanhóis;

- Sazonalidade (elevada procura turística

nos meses de Verão);

- Ausência de recursos humanos

qualificados, no comércio e serviços;

- Dificuldade de coordenação entre os

diversos stakeholders do sector público e

do sector privado;

- Ausência de consideração dos residentes

no processo de planeamento turístico;

- Baixo número de unidades hoteleiras de

quatro e cinco estrelas.

Fonte: Elaboração própria.

77

5-Pontos fortes e fracos do município de Guimarães

Com base no diagnóstico realizado nos itens precedentes deste Relatório para o

município de Guimarães e na leitura de vários documentos, estando entre eles, o Plano

de Desenvolvimento Social do concelho de Guimarães 2004/2007, documento editado

pela Câmara Municipal de Guimarães, avança-se a seguinte análise dos pontos fortes e

fracos do município.

Quadro 16 - Pontos fortes e fracos do município de Guimarães

Pontos fortes Pontos fracos

- Localização da Universidade do Minho:

formação, investigação, parcerias em

projetos;

- Certificação de parte do seu Centro

Histórico pela UNESCO;

- Relevante património edificado que está

associado à identidade nacional;

- Potencialidades do património cultural

material e imaterial rico e diversificado

(festas populares, romarias, tradições,

gastronomia);

- A visão positiva do turismo por parte

dos residentes como motor de

desenvolvimento do município;

- Boas acessibilidades ao aeroporto

Francisco Sá Carneiro e ao aeroporto de

Vigo;

- Elevada taxa de atividade, com elevado

contributo das mulheres;

- Estratégias de sobrevivência centradas

na pluriatividade;

- Esforço realizado nos últimos dez anos

por parte das entidades locais

relativamente ao trabalho em parceria e

traduzido na Rede Social;

- Bom número de equipamentos em

termos de Serviço de Apoio Domiciliário

aos idosos, Centros de Dia e Lares de

Idosos;

- Diminuição da população residente na

última década;

- Baixa Taxa de Crescimento Natural;

- Baixa Taxa de Crescimento Migratório,

com baixa atração de população

portuguesa e estrangeira;

- Aumento do peso dos idosos (65 e mais

anos) que se tem manifestado no Índice de

Envelhecimento que tem vindo a

aumentar;

- Baixos níveis de instrução da população;

- Aumento dos desempregados;

- Poder de compra per capita abaixo da

média nacional;

- Povoamento disperso e município com

modelo de crescimento em mancha de

óleo;

- Baixa participação da população ativa no

setor terciário;

- Economia ainda muito dependente do

sector secundário;

- Elevado significado das empresas de

pequena e muito pequena dimensão;

- Reduzido número de respostas de apoio

social sobretudo nas freguesias com

menor implementação industrial;

Fonte: Elaboração própria.

78

Quadro 16 - Pontos fortes e fracos do município de Guimarães (conclusão)

Pontos fortes Pontos fracos

- Razoável número de centros de

convívio;

- Adesão das instituições às novas

tecnologias de informação e comunicação

e investimento nos últimos anos nas novas

tecnologias e a importância concedida à

promoção por via eletrónica da cidade em

seis línguas.

- As freguesias mais rurais manifestam

défice nos serviços e equipamentos

direcionados para crianças e jovens (e.g.,

creches, pré-escolar), pois os mesmos

estão localizados preferencialmente nas

freguesias urbanas;

- Ausência de uma estação ferroviária

intermodal nas cidades de Guimarães e de

Braga;

- A dificuldade em se afirmar como um

destino autónomo em termos turísticos;

- Ausência de recursos humanos

qualificados, no comércio e serviços;

- Ausência de consideração dos residentes

no processo de planeamento turístico;

- Baixo número de unidades hoteleiras de

quatro e cinco estrelas;

- Baixa interação entre as cidades de

Guimarães e de Braga, que se manifestou,

por exemplo, na quase ausência de

interação entre a CEC 2012 e a CEJ 2012. Fonte: Elaboração própria.

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http://www.uminho.pt (acedido a 02/09/2009 e a 15/01/2013)

81

Anexos

82

83

Quadro I – Nível de escolaridade completo dos desempregados inscritos nos centros de emprego e de formação profissional (média anual),

1997, 2001, 2009, 2010 e 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de www.pordata.pt – acedido a 29/01/2013.

Total Sem nível de Instrução Básico/1ºciclo Básico/2ºciclo

Entidades

territoriais

1997 2001 2009 2010 2011 1997 2001 2009 2010 2011 1997 2001 2009 2010 2011 1997 2001 2009 2010 2011

Amares 564,4 470,7 914,8 1139,9 1118,6 32,6 35,1 43,0 54,2 56,8 203,9 170,3 283,6 338,1 315,6 159,6 119,8 206,2 248,3 206,8

Barcelos 2309,2 2280,7 5026,9 5842,8 5556,8 224,4 249,9 249,7 243,8 208,8 931,6 1005,1 2070,4 2172,5 1829,3 554,0 445,9 1040,1 1220,5 1095,1

Braga 6766,0 6075,3 9570,1 10525,5 10958,9 269,3 245,1 312,2 409,8 433,1 2178,6 2201,5 2839,7 3003,1 2865,7 1712,6 1183,7 1543,8 1768,2 1750,8

Esposende 832,9 677,8 1189,3 1390,7 1438,9 51,9 46,3 35,3 41,3 33,4 318,8 240,5 394,3 426,3 372,1 259,4 167,2 250,8 262,7 270,8

Fafe 1135,8 1017,0 2026,3 2248,9 2267,8 58,6 54,3 108,3 119,4 101,0 386,2 402,8 651,0 693,5 636,9 343,9 258,8 410,9 443,4 423,5

Guimarães 3405,3 2725,3 3651,6 3835,3 3772,7 261,4 219,8 156,5 171,7 174,1 1724,8 1365,8 1643,9 1669,8 1536,3 809,1 558,0 741,6 765,5 703,8

Póvoa de

Lanhoso

8859,4 5331,6 12479,8 12854,7 12222,7 1083,2 804,3 508,5 499,4 474,8 4368,0 2560,8 5835,3 5809,5 5370,3 1681,0 751,3 2282,8 2320,5 2002,8

V.N.

Famalicão

449,2 630,9 990,3 1178,0 1090,6 36,0 21,3 31,4 44,0 49,8 168,8 246,1 373,3 435,0 407,3 143,6 182,3 202,5 236,1 177,7

Vila Verde 6600,1 4437,8 6759,3 7090,0 6661,8 770,8 546,4 298,2 302,4 277,8 3403,5 2582,0 3201,3 3194,8 2847,1 1297,3 597,1 1284,3 1381,8 1297,9

Vizela // 1591,9 3463,2 3747,8 3556,0 // 152,7 147,9 153,4 145,1 // 769,0 1386,6 1504,8 1319,6 // 279,9 760,1 795,7 716,2

Trofa 6201,2 4937,3 8429,3 9099,8 8558,0 1043,7 535,9 387,2 395,6 349,0 2657,4 2493,1 3287,8 3457,1 3176,8 1277,5 847,7 1699,6 1845,1 1624,6

Santo Tirso // 783,9 1846,4 2011,7 1731,0 // 176,4 113,8 123,3 112,6 // 421,8 926,0 961,8 794,2 // 84,8 316,7 341,8 287,4

84

Quadro I – Nível de escolaridade completo dos desempregados inscritos nos centros de emprego e de formação profissional (média anual), 1997,

2001, 2009, 2010 e 2011

Fonte: Elaboração própria a partir de www.pordata.pt – acedido a 29/01/2013.

Básico/3ºciclo Secundário Superior

1997 2001 2009 2010 2011 1997 2001 2009 20010 2011 1997 2001 2009 20010 2011

71,8 50,0 165,0 224,0 244,7 72,4 68,3 151,5 185,9 184,2 24,2 27,1 65,5 89,4 110,7

234,4 223,4 738,7 985,8 1022,9 273,9 235,0 611,0 811,8 910,4 90,8 121,3 317,1 408,3 490,3

1046,8 927,0 1935,3 2068,9 2220,8 1071,5 946,3 1812,3 1992,2 2229,0 487,3 571,8 1127,0 1283,4 1459,7

73,5 86,9 205,4 264,9 305,7 101,9 93,3 184,8 245,6 293,3 27,4 43,6 118,7 150,0 163,7

128,8 107,5 409,3 466,1 495,3 177,0 132,8 309,7 382,2 430,5 41,3 60,8 137,2 144,3 180,6

275,4 255,3 527,3 556,1 568,6 274,3 241,9 384,8 443,5 499,8 60,3 84,5 197,6 228,8 290,2

730,7 T 496,0 1862,8 2052,5 1949,2 791,8 506,7 1383,2 1465,9 1628,9 204,8 212,6 607,3 706,8 796,7

44,3 75,0 169,0 205,0 175,8 44,7 79,3 135,7 164,1 186,8 11,9 26,9 78,3 93,8 93,3

476,3 T 302,4 918,3 1057,7 991,3 480,8 293,8 706,1 769,5 833,5 171,3 116,1 351,1 383,9 414,3

// 150,5 559,2 615,0 640,3 // 164,5 432,4 478,0 504,1 // 75,3 177,0 200,9 230,8

503,3 413,8 1296,3 1495,8 1414,1 542,3 465,1 1190,5 1249,7 1294,7 177,0 181,7 567,8 656,6 698,8

// 39,6 252,9 294,0 252,2 // 46,7 177,2 211,6 186,7 // 14,7 59,8 79,2 98,0

85

Quadro II - População residente (N.º) nos alojamentos familiares clássicos arrendados de residência habitual por localização geográfica, grupo

socioeconómico do titular do alojamento e escalão do valor mensal da renda, em 2001

Menos

de 20 € 20 - 34,99 €

35 - 49,99

50 - 74,99

75 - 99,99

100 -

149,99 €

150 -

199,99 €

200 -

299,99 €

300 -

399,99 €

400 -

499,99 €

500 -

649,99 €

650 € ou

mais B

rag

a

Escalão do valor mensal da renda

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

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ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

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ães

Bra

ga

Gu

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ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Empresários

com profissões

intelectuais,

científicas e

técnicas

0 3 0 0 0 3 0 0 1 0 6 4 9 3 45 23 70 18 25 21 4 5 2 0

Empresários da

indústria

comércio e

serviços

6 21 3 7 5 0 6 10 4 5 18 37 34 46 100 135 90 47 52 21 9 7 16 12

Empresários do

sector primário 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0

Pequenos

patrões com

profissões

intelectuais e

científicas

0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 2 1 7 0 46 21 66 8 40 10 25 6 12 2

Pequenos

patrões com

profissões

técnicas

intermédias

0 10 2 1 4 0 2 0 2 2 1 3 12 12 41 20 41 18 28 18 8 7 0 0

Pequenos

patrões da

indústria

2 10 5 19 8 4 15 44 25 16 23 105 46 96 172 168 139 62 30 32 15 12 3 4

Fonte: Elaboração própria a partir de www.ine.pt (acedido a 30/11/2012).

86

Quadro II - População residente (N.º) nos alojamentos familiares clássicos arrendados de residência habitual por localização geográfica, grupo

socioeconómico do titular do alojamento e escalão do valor mensal da renda, em 2001 (continuação)

Menos de

20 €

20 - 34,99

35 -

49,99 €

50 -

74,99 €

75 -

99,99 €

100 -

149,99 €

150 -

199,99 €

200 -

299,99 €

300 -

399,99 €

400 -

499,99 €

500 -

649,99 €

650 € ou

mais

Bra

ga

Escalão do valor mensal da renda Gu

imar

ãe

s

Bra

ga

Gu

imar

ãe

s

Bra

ga

Gu

imar

ãe

s

Bra

ga

Gu

imar

ãe

s

Bra

ga

Gu

imar

ãe

s

Bra

ga

Gu

imar

ãe

s Bra

ga

Escalão do valor mensal da renda Gu

imar

ãe

s

Bra

ga

Gu

imar

ãe

s

Bra

ga

Gu

imar

ãe

s

Bra

ga

Gu

imar

ãe

s

Bra

ga

Gu

imar

ãe

s

Bra

ga

Gu

imar

ãe

s

Pequenos patrões do

comércio e serviços 10 16 3 6 4 19 10 11 13 18 28 43 14 58 236 158 158 119 46 25 35 25 4 9

Pequenos patrões do

sector primário 0 0 12 7 0 4 7 5 0 14 18 27 0 16 2 20 11 8 0 6 0 4 0 3

Profissionais

intelectuais e científicos

independentes

0 0 0 0 2 0 0 0 2 0 8 3 15 9 56 18 81 20 13 14 15 0 15 0

Profissionais técnicos

intermédios

independentes

0 5 4 3 0 0 0 4 0 10 14 13 9 7 47 21 67 40 30 0 3 0 0 0

Trabalhadores

industriais e artesanais

independentes

25 21 8 20 13 7 29 23 15 10 21 91 55 78 154 138 115 34 1 10 4 11 0 4

Prestadores de serviços

e comerciantes

independentes

34 87 25 21 28 13 48 23 32 42 52 92 75 91 404 201 275 106 9 23 15 4 10 12

Trabalhadores

independentes do sector

primário

0 7 4 10 14 11 1 9 2 14 0 28 5 8 9 13 5 10 0 0 0 3 0 0

Directores e quadros

dirigentes do Estado e

empresas

7 0 0 6 0 10 5 8 9 0 11 16 11 12 97 70 153 57 76 31 31 10 18 1

Fonte: Elaboração própria a partir de www.ine.pt (acedido a 30/11/2012).

87

Quadro II - População residente (N.º) nos alojamentos familiares clássicos arrendados de residência habitual por localização geográfica, grupo

socioeconómico do titular do alojamento e escalão do valor mensal da renda, em 2001 (continuaç)

Menos de 20

€ 20 - 34,99 €

35 - 49,99

50 - 74,99

75 - 99,99

100 -

149,99 €

150 -

199,99 €

200 -

299,99 €

300 -

399,99 €

400 -

499,99 €

500 -

649,99 €

650 € ou

mais B

rag

a

Escalão do valor mensal da renda Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Escalão do valor mensal da renda Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Dirigentes de

pequenas empresas e

organizações

10 13 4 0 5 0 0 4 2 3 8 8 0 9 46 16 55 7 12 17 12 9 0 3

Quadros intelectuais

e científicos 10 20 0 3 11 4 14 8 16 9 51 27 52 44 756 211 985 267 261 89 116 67 25 2

Quadros técnicos

intermédios 1 57 18 19 16 24 25 46 13 60 74 108 61 149 547 328 497 190 115 79 33 21 11 23

Quadros

administrativos

intermédios

0 4 2 8 0 0 9 7 0 13 5 29 19 59 76 77 71 35 26 2 6 3 0 0

Empregados

administrativos do

comércio e serviços

44 226 66 141 59 95 79 154 94 205 323 440 443 544 2688 1529 1540 618 146 127 80 35 16 20

Operários

qualificados e semi-

qualificados

141 483 159 409 144 326 248 641 304 685 830 2489 1122 3280 3060 4329 954 870 63 109 27 48 15 82

Assalariados do

sector primário 3 3 3 5 4 11 17 23 2 44 27 99 29 107 61 80 5 17 4 0 0 0 0 4

Trabalhadores

administrativos do

comércio e serviços

não qualificados

50 140 54 58 80 71 93 62 56 77 179 266 231 272 994 511 330 112 17 16 5 7 3 5

Operários não

qualificados 17 99 26 73 22 66 21 135 20 144 134 416 150 536 483 753 142 177 9 21 0 2 3 9

Fonte: Elaboração própria a partir de www.ine.pt (acedido a 30/11/2012).

88

Quadro II - População residente (N.º) nos alojamentos familiares clássicos arrendados de residência habitual por localização geográfica, grupo

socioeconómico do titular do alojamento e escalão do valor mensal da renda, em 2001 (conclusão)

Menos de 20

€ 20 - 34,99 €

35 - 49,99

50 - 74,99

75 - 99,99

100 -

149,99 €

150 -

199,99 €

200 -

299,99 €

300 -

399,99 €

400 -

499,99 €

500 -

649,99 €

650 € ou

mais

Bra

ga

Escalão do valor mensal da renda

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Escalão do valor mensal da renda

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Bra

ga

Gu

imar

ães

Trabalhadores

não

qualificados do

sector primário

2 5 0 0 0 0 0 3 1 1 2 6 7 4 12 6 3 0 0 0 0 0 0 0

Pessoal das

forças armadas 5 0 13 0 0 0 3 0 0 0 6 6 4 0 46 16 21 4 14 2 5 0 9 0

Outras pessoas

activas n.e. 6 37 16 19 10 0 7 31 19 11 15 25 45 40 168 96 45 27 16 4 2 3 2 6

Inactivos 1410 297

3

125

4

203

3 966

123

5

122

0

189

1 717

125

8

112

2

223

4 930

153

2

310

2

197

4

144

6 665 168 134 83 89 43 78

Fonte: Elaboração própria a partir de www.ine.pt (acedido a 30/11/2012).


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