Date post: | 21-Feb-2023 |
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O BRINCAR DAS CRIANÇAS DE 2 ANOS: SUA IMPORTÂNCIA ECONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
COSTA, Adriana Avelino (aluna)1
OLIVEIRA, Mari Ângela Calderari (professora)2
RESUMO
Sabe-se que com as grandes transformações ocorridas nasociedade tem havido imensa preocupação quanto aodesenvolvimento pleno da criança desde a educação infantil,surgindo teorias que destacam a maneira como o brincar podeauxiliar na escola. Nesta pesquisa foi realizada uma reflexãosobre sua utilização como um importante objeto de estímulopara o educador preocupado com o pleno desenvolvimento de suascrianças com 2 anos de idade. Portanto, por meio da presentepesquisa procurou-se analisar sobre a utilização do brincar naeducação infantil, objetivando compreender a importância dobrincar para a criança de 2 anos, bem como o papel do educadorque poderá se utilizar desses objetos de estímulos nodesenvolvimento de seu trabalho. Este estudo procuroucompreender os principais aspectos do brincar e sua influênciano desenvolvimento dessas crianças, além de analisar aspossibilidades de avanço através do brincar e de procuraridentificar suas contribuições para o desenvolvimentoinfantil. Considerando ainda que a educação deve dar condiçõesa todas as crianças para se desenvolverem plenamente, segundoas suas capacidades e potencialidades, bem como se refletiusobre a postura dos educadores em relação ao tema em questão.A metodologia empregada foi a pesquisa bibliográfica com ointuito de relacionar opiniões de diferentes autores sobre aimportância do brincar na educação infantil para crianças de 2anos, utilizou-se também a pesquisa de campo por meio deobservações realizadas no ato de brincar de uma turma decrianças nessa faixa etária de uma escola municipal de1 Professora concursada na Rede Municipal de Ensino do Município deJacarezinho/PR, Graduada em Pedagogia pela Faculdade Internacional deCuritiba, Pós-Graduanda em Psicopedagogia pela UNINTER – CentroUniversitário Internacional.2 Descrever quem é o professor orientador (titulação e instituição que estávinculado).
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educação infantil. Os resultados obtidos permitem uma visãoclara sobre o tema, confirmando a importância do brincar nodesenvolvimento motor, mental, emocional e social da criançade 2 anos de idade.
Palavras chave: Brincadeiras. Crianças de 2 anos.
Desenvolvimento infantil. Educação Infantil.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho de pesquisa pretendeu analisar aspectos que
pudessem sugerir reflexões sobre as contribuições do brincar
na educação infantil para crianças de 2 anos, conforme
evidências de Barros (2009), Kishimoto (2000, 2002 e 2010),
Soler e Rossler (2014), Urríes (1996), entre outros,
compreendendo que os jogos e brincadeiras são experiências
ativas que se correlacionam ao ambiente e devem ser utilizados
como importante objeto de estímulo no trabalho pedagógico.
Sabendo-se ainda que está mais que comprovado pelos
teóricos estudados nesta pesquisa, como Kishimoto (2000 e
2010), a importância da brincadeira no desenvolvimento motor,
mental, emocional e social da criança, por meio do brincar ela
projeta seu inconsciente, desenvolve sua criatividade, sua
motricidade e sociabilidade, assim como descarrega suas
emoções e se prepara para os papéis da vida adulta.
O problema abordado neste estudo evidenciou-se através das
seguintes perguntas: Quais as contribuições do brincar para o
desenvolvimento das crianças de 2 anos da educação infantil?
Qual o papel do educador e sua importância nesse intuito?
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Como objetivos desta pesquisa pretendeu-se comprovar a
importância do brincar como objeto de estímulo para a educação
da criança de 2 anos na educação infantil, considerando que o
brincar certamente ajuda no desenvolvimento afetivo, motor,
cognitivo, social e moral e, consequentemente, também no
processo escolar dessa criança.
Assim sendo, justifica-se o desenvolvimento do tema deste
estudo por mostrar que o brincar não devem ser considerado
somente como uma distração para a crianças de 2 anos. É
importante exercício intelectual, ajudando na socialização e
recreação da criança nessa faixa etária, podendo assim
auxiliar na melhoria de sua autoestima, resultando em melhores
respostas ao trabalho pedagógico proposto a ela.
Portanto, este estudo procura compreender os aspectos
principais do brincar para a educação infantil com crianças de
2 anos com a utilização de jogos e brincadeiras e sua
influência no trabalho com essas crianças. Para tanto, a
metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica com o
intuito de relacionar e analisar opiniões de diferentes
autores que tratam da importância do brincar na educação
infantil como estratégia utilizada pelo educador para
trabalhar com essas crianças e a pesquisa de campo por meio de
observações do brincar de crianças nessa faixa etária em uma
escola municipal de educação infantil apresentando uma
discussão sobre o trabalho que pode ser realizado com elas,
bem como os resultados obtidos.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
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Ao falar do brincar das crianças de 2 anos de idade,
tende-se, geralmente, a sublinhar o seu aspecto distrativo e
até mesmo insignificante mesmo. No entanto, todos os
educadores que trabalham com crianças nessa faixa etária estão
de acordo em reconhecer ao brincar um aspecto sério, ou, mais
claramente, um educador sabe reconhecer o valor educativo do
brincar para essas crianças.
O brincar é um fator muito importante para a criança de 2
anos, considerando que é uma das necessidades da infância.
Deve ser satisfeito e a escolha do brinquedo é de grande
interesse para os educadores, pois através dele a criança se
desenvolve cognitiva e emocionalmente.
De acordo com o UNICEF3 (2014, p. 7), nessa faixa etária:
“A criança começa a se interessar por brincadeiras e jogos com
regras, porque trazem novos desafios”.
Urríes (1996) explica que para entreter uma criança de 2
anos não é importante contratar um palhaço ou comprar-lhe toda
uma loja de brinquedos, o que é necessário é ensinar-lhe a
brincar, pois é preciso explicar-lhe o que pode fazer com as
argolas ou com um comboio de trem.
Essa autora aborda ainda que de nada vale comprar para
essas crianças o brinquedo da moda se ela não for ensinada e
incentivada a brincar com ele, pois a criança acabará por se
aborrecer deixando-o abandonado em algum canto da casa.
Urríes (1996) aponta que é comum ouvir de muitas mães que
o seu filho de 2 anos de idade possui toda a espécie de
brinquedos, mas não se entretém com nada. Casos assim, de
3 Fundo das Nações Unidas para a Infância (em inglês United Nations Children's Fund).
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acordo com essa autora, ocorrem quando esses pais ou mesmo
educadores não dispõem de tempo para brincar com esses
brinquedos junto da criança.
Nesse sentido, sobre o brincar na escola de educação
infantil, Barros (2009, p. 114) enfatiza que:
O brinquedo possibilita a interação entre ascrianças e a mediação de um adulto torna-sefundamental. Elas conversam umas com as outras,levantam-se de seus lugares para brincar com outracriança ou até mesmo para pedir emprestado outrobrinquedo. O brincar pode permitir odesenvolvimento do imaginário, de modo que ficarsentada em seus lugares acaba sendo algo quaseimpossível.
Além disso, é necessário considerar que o brinquedo, é
indispensável ao crescimento físico, intelectual e social da
criança. Dado prematura ou tardiamente, esse brinquedo não tem
o efeito feliz que produz quando corresponde à solicitação
natural e às necessidades próprias de uma certa idade.
Portanto, pais e educadores devem se orientar na escolha dos
brinquedos, os quais precisam corresponder à idade da criança
e às funções que nela se pretenda desenvolver.
2.1 O BRINCAR COM AS CRIANÇAS DE 2 ANOS
Sem dúvida esse brincar é um processo muito rico para a
criança nessa faixa etária, muito envolvente e desafiador para
o professor. Para criança de 2 anos de idade pode-se buscar na
produção lúdica o caminho para que ela ingresse no mundo
adulto, descobrindo-o de sua maneira.
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Urríes (1996) considera a atividade lúdica como sendo
praticamente o único meio do adulto conseguir chegar à criança
de fato em seus primeiros anos de vida. Essa autora não vê nas
brincadeiras com essas crianças como apenas uma forma de
entretenimento, mas a melhor maneira para educá-las e mostrar-
lhes atitudes, comportamentos e virtudes que devem aprender a
seguir.
Esse brincar para a criança de 2 anos de idade, de acordo
com o UNICEF (2014), a leva a aprender os valores e as regras
importantes para sua vivência em comunidade.
O UNICEF (2014) considera importante a criança de 2 anos
brincar com outra crianças para que aprenda, além de partilhar
seus brinquedos, também a conviver e respeitar outras
crianças; seguir regras; expressar sentimentos e desenvolver
sua linguagem oral.
Esse brincar da criança é uma característica ligada à
infância. Ao realizar o ato de brincar a criança se desenvolve
pelo prazer e pela recreação, permitindo a ela entrar em
contato com outras crianças e também com o adulto, com sua
cultura e com culturas diferentes da sua.
É dessa forma que se define as características dos jogos
infantis em relação ao “ser” adulto, pois nos seus primeiros
anos de vida essas características são marcantes e decisivas
para o desenvolvimento do ser humano.
2.2 AS CONTRIBUIÇÕES DESSA ATIVIDADE PARA O DESENVOLVIMENTOINFANTIL
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É por meio do brincar que as crianças podem crescer mais
cognitivamente, exercitando suas habilidades e aprendendo a
interagir com outras crianças, podendo essa atividade
representar tanto ganhos cognitivos como sociais.
O brincar possibilita maior integração entre as crianças,
tornando possível a construção de conceitos de maneira a
explorar diversos potenciais característicos delas na faixa
etária de 2 anos de idade tornando-as sujeitos mais ativos e
favorecendo o desenvolvimento de suas potencialidades.
Barros (2009, p. 113) afirma que: “A criança, ao se
apropriar do objeto ou da ação, cria novos significados,
formando novas funções psíquicas, evidenciando também que o
brincar se torna o espelho das experiências que vivencia.”
Segundo Urríes (1996), com a utilização dos jogos e
brincadeiras é possível valorizar o ato de brincar, resgatando
a sensibilidade da criança, respeitando sua liberdade
limitada, sua iniciativa, sua criatividade, sua autonomia,
formando o senso de cooperação e respeito ao próximo nessa
criança.
Referindo-se ao brincar da criança de 2 anos, Urríes
(1996) destaca sobre a importância do conto para essas
crianças como forma de captar sua atenção e, se a criança já
fala pode-se pedir que ela conte a história. Segundo essa
autora, esse é um excelente método para a criança de 2 anos
aprender a memorizar e, mais tarde, compreender melhor o que
lê.
Essa autora destaca ainda que, quanto mais rica for a
fantasia e a imaginação da criança nessa faixa etária, maior
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serão as chances de ajustamento ao mundo ao seu redor,
lembrando que o faz de conta dá oportunidade para expressão e
elaboração em forma simbólica de desejos e conflitos.
Além disso, de acordo com Soler e Rossler (2014), outros
brinquedos são importantes como os de faz de conta que podem
ser utilizados como elementos introdutórios e de apoio a
fantasia, facilita o processo de simbolização e proporciona
experiências que, além de aumentarem o repertório de
conhecimentos, favorecem a compreensão de atribuições e papéis
não necessários que sejam cópias idênticas da realidade: um
bloco de madeira pode ser utilizado semelhantes a eles, por
exemplo, um carrinho deve rolar, um barquinho deve flutuar, um
bule deve poder conter um pouco de líquido. Caso contrário,
perderão a finalidade de provocar a vontade de brincar com
eles como se fossem de “verdade”, podendo assim aproveitar
para satisfazer tal vontade tornando o brincar mais
interessante para a criança.
Neste sentido, para que a brincadeira efetive-se é
necessário que haja apropriação de elementos da realidade
imediata de tal maneira que possa atribuir-lhes novos
significados. Essa característica da brincadeira acontece
através da junção entre a imaginação e a imitação da
realidade, pois toda brincadeira é caracterizada por uma
imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, e a
partir de uma realidade anteriormente transformadora.
Além disso, a brincadeira da criança é uma estrutura
ligada às da infância. Ao realizar o ato de brincar a criança
desenvolve para seu prazer e sua recreação, e tal atividade
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permite a criança entrar em contato com os outros: os adultos,
os pais, com outras crianças de sua idade, e também com o
espaço, com o meio ambiente e principalmente com a cultura na
qual vive. Desta forma, a brincadeira da criança, em
comparação ao ser adulto, evolui muito mais nos seis primeiros
anos.
No momento em que a criança busca a sua independência
através do brincar, obtida sem excesso de culpas ou medos,
realizada a partir de conquistas no dia a dia, a busca pela
independência torna-se muito mais fácil quando às crianças são
oferecidas de forma clara, com “liberdade e limite”. Onde tal
combinação, em doses adequadas, torna-se essencial para o
espírito lúdico, ou seja, quem realiza o ato de brincar espera
de si mesmo e do outro o vibrar, se envolver e criar situações
divertidas, assim como o respeitar as regras.
2.3 OBJETOS QUE AS CRIANÇAS BRINCAM NESSA FAIXA ETÁRIA
No brinquedo a criança é livre para determinar suas
próprias ações em um sentido. No entanto, em outro sentido, é
uma liberdade ilusória, pois suas ações são, de fato,
subordinada aos significados dos objetos, e a criança age de
acordo com eles. À medida que o brinquedo se desenvolve, é
possível observar um movimento em direção à realização
consciente de seu propósito. É incorreto, portanto, conceber o
brinquedo como uma atividade sem propósito; nos jogos
atléticos, pode-se ganhar ou perder; numa corrida, pode-se
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chegar em primeiro, segundo ou último lugar. Em resumo, o
propósito decide o jogo e justifica a atividade.
Soler e Rossler (2014, p.6) evidenciam que: [...] a relação entre sentido e significado nobrinquedo não permanece imutável. No decorrer daatividade, esta relação é dinâmica e estável. Outroaspecto desta relação é a utilização de um objetopara obtenção de um melhor efeito no brinquedo.
Portanto, no brinquedo o sentido que é a faculdade de
sentir ou de perceber e o significado que é a de compreender
pode ser mudado, a critério da criança quando brinca.
Não se deve esquecer que é indispensável variar o
material a utilizar para uma mesma aquisição, de forma que o
espírito da criança não fique agarrado a um protótipo. A
variedade de experiência é condição da sua eficácia e não pode
haver um só objeto próprio para o desenvolvimento de uma mesma
função mental.
Será útil lembrar que, mesmo tendo sido concebido como
educativos (e talvez por isso mesmo) o brincar deve
corresponder à sua natureza profunda que é a de serem esse
universo preciso de coisas humildes e amadas, inspiradores de
atividades gratuitas, antes de servirem um fim predeterminado.
Segundo Kishimoto (2000), a alegria que provocam, as
recordações que deixam, a imaginação que alimentam, são as
maiores garantias de seu êxito.
Portanto, o bom brincar é o que atende as necessidades da
criança, tendo como premissa a criança ser um indivíduo
especial e diferenciado, o brinquedo deve adequar-se a etapa
de desenvolvimento o qual a criança se encontra e ainda suas
necessidades emocionais, socioculturais e intelectuais.
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É necessário levar em conta ainda que brinquedos grandes
podem machucar as crianças ou quando muito pequenos podem ser
colocados a boca e causar acidentes. Todo brinquedo deve ser
compatível a motricidade da criança. Tintas tóxicas, pontas e
arestas, peças que podem se soltar, tudo isso deve ser
observado.
Kishimoto (2002) lembra que o bom brinquedo é aquele que
convida a criança a brincar e desafia seu pensamento. Uma
criança de dez anos pode sentir-se desapontada ao receber um
carrinho, mais ainda uma criança de cinco anos receber um
quebra-cabeças de 500 peças. O brinquedo mais lindo e
sofisticado não tem valor algum se não despertar o interessa
da criança.
Para Kishimoto (2010, p. 12):
A criança pode brincar com brinquedoindustrializado, artesanal, construído por adultose crianças, além de materiais de sucata e danatureza. O brinquedo deve ser utilizado, mas comresponsabilidade. Aprender a usar, limpar eguardar. Reutilizar materiais. Pode-se construirmobiliário para organizar o ambiente de brincadeirajunto com as crianças, com caixas de leite depapelão, enchidas com jornal picado e amassado epresas com fita crepe, recobertas de jornal picadoe cola ou tecido. São muitos os brinquedos feitoscom materiais de sucata que divertem as crianças.
Nesse aspecto, a autora concebe sucata como verdadeirodesafio à criatividade, lembrando que partilhar com a criançaa descoberta de um objeto cuja utilização pode serreinventada, é possível também mostrar o valor e o encanto daspequenas coisas.
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Soler e Rossler (2014, p.5), tratam dos objetos que ascrianças brincam, destacando que:
Ao brincar, ela pode realizar seu desejo com umcarrinho de brinquedo ou mesmo um pedaço demadeira, que faz de conta que é um carro. É porintermédio da brincadeira então, que a criança vairealizar suas vontades irrealizáveis. Isto ocorre,pois só no brinquedo podemos substituir asoperações e condições do objeto, preservando opróprio conteúdo da ação. Deste modo, a criançaaprende a se comportar não somente pela percepçãoimediata do objeto, mas também pelo significado daação, já que o significado toma maior importância,e os objetos são colocados numa posiçãosubordinada. [...] Neste momento constatamos umacaracterística importante da atividade lúdica. Emboa parte das ações, o significado e o sentidocoincidem, porém o mesmo não podemos afirmar sobreas ações na brincadeira. Utilizando o exemploacima, o pedaço de madeira ainda retém seusignificado, mas no brincar as operações com elefazem parte de uma ação distinta deste significado.Um sentido diferente lhe é atribuído: o pedaço demadeira adquire o sentido de um cavalo. Estaruptura entre sentido e significado no processo dabrincadeira surge no próprio brincar, não é um pré-requisito da brincadeira.
Portanto, compreende-se que a caracterização de umbrinquedo é a atitude que envolve sua utilização. A educação éum processo global e contínuo, a cada etapa dodesenvolvimento, cada momento da vida de uma criança temprioridades diferentes, que a atuação pedagógica precisaentender.
Para Kishimoto (2010, p. 12):
Ao brincar com coisas que conhece, que aprendeu coma família e amigos do seu grupo étnico/racial, acriança aprende a construir sua identidade ecompreende que outras crianças brincam de formadiferente.
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O educador pode selecionar brinquedos intencionalmentepara o trabalho que vai desenvolver em sala de aula (exemplo:brinquedos que imitam elementos do meio natural) ou mesmodeixar os brinquedos para que as crianças brinquem livremente,deixando fluir a criatividade e proporcionando prazerincontestável a esse momento lúdico.
Kishimoto (2010, p. 12) apresenta algumas sugestões debrinquedos e materiais para Educação Infantil para sertrabalhado com crianças na faixa etária de 2 anos de idade:
Túneis, caixas e espaços para entrar e esconder-se,brinquedos para empurrar, puxar, bolas, quebra-cabeças simples, brinquedos de bater, livros dehistória, fantoches e teatro, blocos, encaixes,jogos de memória e de percurso, animais de pelúcia,massinha e tinturas de dedo. Bonecas/os,brinquedos, mobiliário e acessórios para faz deconta. Sucata doméstica e industrial e materiais danatureza. Sacolas e latas com objetos diversos deuso cotidiano para exploração. TV, computador,aparelho de som, CD. Triciclos e carrinhos paraempurrar e dirigir, tanques de areia, brinquedos deareia e água, estruturas para trepar, subir,descer, balançar, esconder. Bola, corda, bambolê,papagaio, perna de pau, amarelinha. Materiais deartes e construções. Tecidos diversos. Bandinharítmica.
Portanto, são diversos os brinquedos capazes de criar nacriança de 2 anos uma nova forma de desejos. Ensina-se adesejar, relacionando seus desejos a um eu fictício, ao seupapel no jogo e suas regras. Dessa maneira, as maioresaquisições de uma criança nessa faixa etária são conseguidasno brinquedo, aquisições que no futuro podem tornar seu nívelbásico de ação real e moralidade.
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2.4 A IMPORTÂNCIA DO PAPEL DO EDUCADOR NESSE PROCESSO
A criança que se desenvolve através da interação com oambiente que a envolve e o nível de sua interação depende desua reação afetiva com este meio. É nesse sentido queconsidera-se fundamental o papel do educador.
Barros (2009, p. 180) aborda que:
Em verdade, quando os educadores, em geral (dandoênfase aos responsáveis pela Educação Infantil epelas séries iniciais do Ensino Fundamental),puderem assumir seus verdadeiros papéis de agentessociais, também teremos assumido o respeito àinfância, à escola, e ao próprio desenvolvimentohumano, em seus mais amplos sentidos. [...]. Todavia, não devemos nos conformar ouaceitar de maneira natural o que é imposto pelosistema. É preciso lutar em defesa das crianças,pelos seus direitos de brincar, de correr, deexperiênciar; e é na escola, espaço de múltiplasdimensões, que tudo isso pode ser realizado, tendoem vista que a aprendizagem não é construída somentecom papel e caneta ou conteúdos memorísticos, mascom as diversas experiências vivenciadas pelascrianças.
Por isso, considera-se que ensinar para o professor deve
ser um constante aprendizado, pois sua responsabilidade ética,
política e profissional obriga-o a encarar uma capacitação
permanente porque o educador que bem lê, bem escreve e bem
ensina, fazendo uma melhor leitura crítica de textos e do
mundo.
Kishimoto (2010, p. 10):
A mediação da professora, quando valoriza ascaracterísticas de cada uma, auxilia a construçãoda identidade da criança. Oferecer bonecas negras,
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brancas e objetos de enfeite de cada agrupamentocultural nas áreas de faz de conta possibilitavivenciar o modo de vida da criança e sua família.Criar um ambiente em que meninos e meninas tenhamacesso a todos os brinquedos sem distinção de sexo,classe social ou etnia. Ficar passiva diante dospreconceitos, é uma forma de reproduzi-los. Épreciso desconstruir tais práticas, assumindoclaras posturas para evitar a permanência dospreconceitos.
Assim, simultaneamente o brincar livre e orientado, a
infância terá o momento em que o pequeno homem se dirige no
único sentido que lhe convém; e o papel dos educadores é muito
importante em todos esses momentos, pois terá sido não o de
pensar no que ele se tornaria mais tarde – o que permanece um
enigma – mas dar-lhe o que, verdadeiramente, lhe pertence e
que é necessário saber descobrir.
Para isso infere-se que é importante a formação do
professor para a prática docente, revelando autonomia e
competência. O professor deve ser visto como alguém que está
em processo de formação continuada utilizando-se da reflexão
na ação e da reflexão sobre a ação, pois é esse professor
reflexivo, pesquisador, comprometido que se precisa quando se
trata de estratégias a serem trabalhadas com crianças de 2
anos de idade.
Freire (2004) afirma que a responsabilidade ética,
política e profissional do educador é de grande importância no
dever de se preparar e de se capacitar antes mesmo do
profissional iniciar suas atividades docentes, pois, para esse
autor, a capacitação deve ser um processo permanente em toda
sua vida profissional.
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Portanto, o educador deve sempre se empenhar para que suarelação com as crianças seja verdadeira, prazerosa eestimulante gerando assim bons resultados no processo deensino e de aprendizagem.
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3 METODOLOGIA
Os procedimentos técnicos utilizados neste estudo foram
realizados por meio da pesquisa bibliográfica, considerando
que essa pesquisa foi realizada inicialmente com base em fatos
já existentes e com materiais já constituídos. Da mesma forma,
Gil (2002) aborda que a pesquisa bibliográfica desenvolve-se
com base em material já constituído como, por exemplo, artigos
científicos e livros.
Andrade (2004, p. 51) também lembra “[...] que todo o
trabalho científico, toda pesquisa, seja de laboratório ou de
campo, deve ter o apoio e o respaldo de uma pesquisa
bibliográfica preliminar”.
Dessa forma, utilizou-se neste estudo a pesquisa
bibliográfica por meio de estudos e reflexões acerca da
opinião de alguns teóricos como Kishimoto (2000, 2002 e 2010),
Urríes (1996), Barros (2009), Freire (2004), entre outros, que
tratam do assunto abordado, de forma a possibilitar o
embasamento teórico do presente estudo.
Também foi utilizada a pesquisa de campo para melhor
compreender o tema na prática. Acerca da pesquisa de campo,
Andrade (2004) destaca a importância da coleta de dados
observando sobre o planejamento da ação em campo (local
considerado no estudo). Torna-se importante a especificação
dos locais de pesquisa, estabelecimento dos parâmetros para a
seleção dos sujeitos (neste estudo refere-se aos alunos
participantes) e da definição da metodologia da coleta que foi
realizada através da observação direta durante o brincar
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dessas crianças com os brinquedos que foram confeccionados
pela pesquisadora deste estudo.
De acordo com Andrade (2004), os dados coletados na
pesquisa de campo devem ser tratados para que seja possível a
análise sem a necessidade de examinar todos os elementos do
fenômeno e, dessa maneira, a metodologia da apuração dos dados
podem ser realizadas para que esses sejam interpretados.
Dessa forma, no presente estudo, realizou-se a pesquisa
de campo em uma sala de aula de educação infantil com 18
alunos de 2 anos de idade de uma Escola Municipal da cidade de
Jacarezinho/PR. Isso possibilitou melhor entendimento acerca
da realidade sobre o assunto que foi realizado com observação
a esses alunos durante o desenvolvimento do brincar deles em
sala de aula no dia a dia nessa turma.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante todo o período em que o brincar dessa turma decrianças foi observado, o que se pode notar está em acordo comos autores estudados, como Barros (2009), que afirma acerca dapossibilidade de maior interação entre elas, melhorando assimo desenvolvimento delas em diversos aspectos.
Isso ficou comprovado durante o período de observação dascrianças participantes desta presente pesquisa, como mostraabaixo, confirmando a importância e as contribuições dobrincar para o desenvolvimento das crianças de 2 anos deidade.
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4.1 REALIDADE OBSERVADA EM RELAÇÃO AO BRINCAR DA CRIANÇA DE 2ANOS DE IDADE
Foi observado o brincar entre as crianças participantesdesta pesquisa, em diversos momentos, destacando-se dois delesapresentados nas figuras 1, 2 e 3 abaixo com brinquedosconfeccionados por essa pesquisadora, que também é professoradessa turminha.
Nota-se primeiramente na figura 1 a ilustração da caixade prendedor, confeccionada com cola quente, EVA amarelo,vermelho, verde e azul, prendedores, cola acrílica; e também acaixa das cores, confeccionada com rolo de papel higiênico,jornal, cola branca comum, tintas acrílicas, água, massa demachê, ambas com a finalidade de permitir às crianças oreconhecimento das cores, além de ajudar em sua coordenação.
Figura 1 - Caixa de prendedor e Caixa de coresFonte: A autora
As figuras 2 e 3 mostram como as crianças interagem
durante o brincar, notando-se que duas delas montam os
prendedores na caixa de prendedor enquanto outras duas
observam para depois também experimentarem a brincadeira.
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Figura 2 - Crianças brincando com a caixa de prendedorFonte: A autora
A figura 3 mostra muito a interação das crianças no ato
de brincar. Elas observam os colegas e demonstram interesse
pelos brinquedos mostrando-se que também são capazes e
realizam a atividade lúdica demonstrando muito prazer.
Figura 3 - Crianças brincando com a caixa de prendedor e a caixa de coresFonte: A autora
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Essas brincadeiras permitiram um maior desenvolvimento
dessas crianças, notando-se que quando se fala sobre cores com
essa turma elas sempre fazem associação ao brinquedo, o que
indica que para elas foram momentos importantes que levaram-
nas a compreender melhor sobre as cores.
4.3 SÍNTESE DOS RESULTADOS
Urríes (1996) considera a atividade lúdica a melhor forma
utilizada para educar crianças nessa faixa etária e o UNICEF
(2014) declara ser importante a oportunidade delas para
aprender partilhar, conviver e respeitar, seguindo as regras e
desenvolvendo outras possibilidades.
Kishimoto (2000, 2002 e 2010) evidencia acerca do
interesse da criança pelo brinquedo, ou seja, o brinquedo deve
ser sempre apropriado à sua faixa etária. Da mesma forma Soler
e Rossler (2014) destacam sobre a importância do brinquedo
como meio de proporcionar experiência e aumentar o repertório
de conhecimento da criança.
Portanto, considera-se esse brincar como atividade de
fundamental importância para a criança de 2 anos de idade, por
ser um meio natural que possibilita à ela explorar seu mundo e
do adulto, levando dessa forma, a criança, a descobrir-se e
entender-se.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O brincar pode se tornar valiosa estratégia para o
educador que trabalha com crianças de 2 anos de idade. No
entanto, é necessário saber utilizá-lo, pois somente o
professor que está preparado e estimulado é capaz de avaliar
as muitas formas de aprendizagem que motiva suas crianças
nessa faixa etária e tornar prazeroso o processo de ensino e
aprendizagem em sua prática com elas.
Cabe ao educador, no entanto, ter boas qualidades econdições para ser um profissional competente e saberdesempenhar o seu papel de acordo com a realidade de suascrianças, capaz de buscar as melhores estratégias paradesenvolver o potencial delas em diferentes condições.
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REFERÊNCIAS
ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos paracursos de pós-graduação: noções práticas. 4. ed. São Paulo:Atlas, 2004.
BARROS, Flávia Cristina Oliveira Murbach de. Cadê o brincar?:da educação infantil para o ensino fundamental. São Paulo:Cultura Acadêmica, 2009.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 39. ed. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 2004.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e brincadeiras naEducação Infantil. Faculdade de Educação da USP. Agosto/2010.Disponível em: <http://portal.mec. gov.br/index.php?Itemid=&gid=6672&option=com_docman&task=doc_download.>. Acessoem: 2 de jul. 2014 .
KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.). O brincar e suas teorias.São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogos infantis: o jogo, a criançae a educação. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
SOLER, Vanessa Tramontin da; ROSSLER, João Henrique. O papelda brincadeira no desenvolvimento do psiquismo infantil apartir da Psicologia Histórico Cultural. Anais do CongressoInternacional de Saúde Mental. Disponível em:http://www.anais.unicentro.br/cis/pdf/iv1n1/58.pdf>. Acessoem: 2 de jul. 2014.