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Satisfação do usuário com os serviços de atenção à tuberculose em Ribeirão Preto, 2008

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Cad. Saúde Colet., 2012, Rio de Janeiro, 20 (2): 234-43 234 Artigo Original Resumo O objetivo do presente estudo foi analisar a satisfação do usuário em relação aos serviços de saúde (SS) de atenção à tuberculose (TB). Um estudo descritivo foi realizado em Ribeirão Preto, em 2008, por meio da aplicação de um questioná- rio estruturado, baseado na adaptação do Primary Care Assessment Tool (PCAT) para ações em TB, a 77 pacientes, em tratamento da doença, sobre domínios da satisfação (infraestrutura, acesso e relação usuário-equipe de saúde), seguida de duas questões abertas. Calculou-se um valor médio das respostas do questionário e a satisfação foi avaliada segundo os valores: 1 a 2, não satisfeitos; 3, satisfação regular; 4 a 5, satisfeitos. Utilizou-se análise de conteúdo para as questões abertas. Identificou-se padrão satisfatório de respostas na maioria dos itens dos domínios. No entanto, houve gastos com transporte até o SS, descumprimento da pontualidade nas consultas e falta de suporte social. Os depoimentos desvelam, ainda, fragilidades nas instalações dos SS e inflexibilidade na realização do tratamento diretamente observado. Concluiu-se, assim, que se faz necessário repensar as estratégias dos SS para o alcance de um cuidado integral, principalmente em relação ao acesso e o papel da equipe multiprofissional. A complementação da abordagem quantitativa pela qualitativa contribuiu para a análise da satisfação. Palavras-chave: tuberculose; satisfação do paciente; atenção primária à saúde; avaliação em saúde. Abstract The aim of this study was to analyze patient satisfaction in relation to health services responsible for tuberculosis (TB) care. A descriptive study was conducted in Ribeirão Preto, in 2008. A structured questionnaire, based on the adapted version of the Primary Care Assessment Tool (PCAT) for TB actions, was applied in 77 TB patients, in treatment, regarding satisfaction domain (infrastructure, access to treatment, and professional-patient relationship), followed by two open questions. An aver- age value of patient responses for the questionnaire was calculated and satisfaction was assessed according to: values from 1 to 2: not satisfied; 3: regular satisfaction and 4 to 5: satisfied. Analysis of thematic content was used for open questions. Satisfação do usuário com os serviços de atenção à tuberculose em Ribeirão Preto, 2008 User´s satisfaction to tuberculosis care services in Ribeirão Preto, Brazil, 2008 Tereza Cristina Scatena Villa 1 , Rubia Laine de Paula Andrade 2 , Tiemi Arakawa 3 , Gabriela Tavares Magnabosco 3 , Aline Ale Beraldo 4 , Aline Aparecida Monroe 5 , Maria Amélia Zanon Ponce 3 , Maria Eugênia Firmino Brunello 3 , Lucia Marina Scatena 6 , Pedro Fredemir Palha 7 , Antônio Ruffino-Netto 8 Trabalho realizado na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) – Ribeirão Preto (SP), Brasil. 1 Professora Titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil. 2 Aluna de Doutorado do Programa Interunidades de Doutoramento em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP; Especialista em Laboratório da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil. 3 Aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil. 4 Aluna de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil. 5 Professora Doutora do Departamento Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil. 6 Professora Doutora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) – Uberaba (MG), Brasil. 7 Professor Livre-docente da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil. 8 Professor Titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil. Endereço para correspondência: Tereza Cristina Scatena Villa – Avenida Bandeirantes, 3900 – Campus Universitário – CEP: 14040-902 – Ribeirão Preto (SP), Brasil – E-mail: [email protected] Fonte de financiamento: Projeto Fundo Global Tuberculose Brasil – Edital de seleção Fundo Global Tuberculose Brasil/Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (FIOTEC)/ENSP/FIOCRUZ/Ministério da Saúde (MS) nº 1/2009. Conflito de interesse: nada a declarar.
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Cad. Saúde Colet., 2012, Rio de Janeiro, 20 (2): 234-43234

Artigo Original

ResumoO objetivo do presente estudo foi analisar a satisfação do usuário em relação aos serviços de saúde (SS) de atenção à tuberculose (TB). Um estudo descritivo foi realizado em Ribeirão Preto, em 2008, por meio da aplicação de um questioná-rio estruturado, baseado na adaptação do Primary Care Assessment Tool (PCAT) para ações em TB, a 77 pacientes, em tratamento da doença, sobre domínios da satisfação (infraestrutura, acesso e relação usuário-equipe de saúde), seguida de duas questões abertas. Calculou-se um valor médio das respostas do questionário e a satisfação foi avaliada segundo os valores: 1 a 2, não satisfeitos; 3, satisfação regular; 4 a 5, satisfeitos. Utilizou-se análise de conteúdo para as questões abertas. Identificou-se padrão satisfatório de respostas na maioria dos itens dos domínios. No entanto, houve gastos com transporte até o SS, descumprimento da pontualidade nas consultas e falta de suporte social. Os depoimentos desvelam, ainda, fragilidades nas instalações dos SS e inflexibilidade na realização do tratamento diretamente observado. Concluiu-se, assim, que se faz necessário repensar as estratégias dos SS para o alcance de um cuidado integral, principalmente em relação ao acesso e o papel da equipe multiprofissional. A complementação da abordagem quantitativa pela qualitativa contribuiu para a análise da satisfação.

Palavras-chave: tuberculose; satisfação do paciente; atenção primária à saúde; avaliação em saúde.

AbstractThe aim of this study was to analyze patient satisfaction in relation to health services responsible for tuberculosis (TB) care. A descriptive study was conducted in Ribeirão Preto, in 2008. A structured questionnaire, based on the adapted version of the Primary Care Assessment Tool (PCAT) for TB actions, was applied in 77 TB patients, in treatment, regarding satisfaction domain (infrastructure, access to treatment, and professional-patient relationship), followed by two open questions. An aver-age value of patient responses for the questionnaire was calculated and satisfaction was assessed according to: values from 1 to 2: not satisfied; 3: regular satisfaction and 4 to 5: satisfied. Analysis of thematic content was used for open questions.

Satisfação do usuário com os serviços de atenção à tuberculose em Ribeirão Preto, 2008User´s satisfaction to tuberculosis care services in Ribeirão Preto, Brazil, 2008

Tereza Cristina Scatena Villa1, Rubia Laine de Paula Andrade2, Tiemi Arakawa3, Gabriela Tavares Magnabosco3, Aline Ale Beraldo4, Aline Aparecida Monroe5, Maria Amélia Zanon Ponce3, Maria Eugênia Firmino Brunello3, Lucia Marina Scatena6, Pedro Fredemir Palha7, Antônio Ruffino-Netto8

Trabalho realizado na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) – Ribeirão Preto (SP), Brasil.1 Professora Titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil. 2 Aluna de Doutorado do Programa Interunidades de Doutoramento em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP; Especialista em Laboratório da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil. 3 Aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil.4 Aluna de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil.5 Professora Doutora do Departamento Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil.6 Professora Doutora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) – Uberaba (MG), Brasil. 7 Professor Livre-docente da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil.8 Professor Titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil. Endereço para correspondência: Tereza Cristina Scatena Villa – Avenida Bandeirantes, 3900 – Campus Universitário – CEP: 14040-902 –

Ribeirão Preto (SP), Brasil – E-mail: [email protected] Fonte de financiamento: Projeto Fundo Global Tuberculose Brasil – Edital de seleção Fundo Global Tuberculose Brasil/Fundação para o Desenvolvimento

Científico e Tecnológico em Saúde (FIOTEC)/ENSP/FIOCRUZ/Ministério da Saúde (MS) nº 1/2009. Conflito de interesse: nada a declarar.

Cad. Saúde Colet., 2012, Rio de Janeiro, 20 (2): 234-43 235

Satisfação do usuário com os serviços de atenção à tuberculose

INTRODUÇÃOA avaliação dos serviços de saúde (SS) é compreendida

enquanto “fator qualificador do processo de gestão”1, sendo reconhecida como um processo sistemático de emissão de um juízo de valor, capaz de contribuir para o aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS)2. Neste contexto, a análise da satisfação do usuário possibilita a valorização da percepção desse ator, em relação aos padrões de prestação da atenção, e se firma como um subsídio para a reorganização do cuidado de acordo com as necessidades dos usuários e com os projetos políticos estabelecidos3.

Dentre os vários modelos existentes na literatura que medem a satisfação do usuário4,5, destaca-se o foco voltado às percepções em relação às suas expectativas, valores e desejos. Portanto, o que se mede, muitas vezes, não é a satisfação propriamente dita, mas “a percepção dos serviços e a expectativa prévia dos usuários”6. Neste sentido, a satisfação do usuário pode ser definida como “as avaliações positivas individuais de distintas dimensões do cui-dado à saúde”7,8, o que implica no reconhecimento da complexa interação de elementos na qual se encontra a avaliação em saúde a partir da subjetividade e da percepção de cada usuário.

A investigação da adequação entre as expectativas e aspira-ções dos usuários em contraponto ao cuidado prestado vai ao encontro das políticas atuais e das novas recomendações para o fortalecimento dos SS no enfrentamento a condições crônicas9. Sabe-se que a satisfação do usuário possui um papel essencial na utilização dos SS, garantindo o retorno do indivíduo cada vez que surge uma nova necessidade de atenção e aumentando a credibilidade e a confiança na assistência4, o que influencia a continuidade do cuidado e da adesão ao tratamento5, questão primordial no manejo das condições crônicas.

A tuberculose (TB), doença infecciosa de evolução crônica, tem um prolongado tempo de adoecimento e uma terapêutica que dura, no mínimo seis meses. No atual contexto político-sanitário de atenção à doença, marcado pelo processo de reorganização e transferência gradual de responsabilidades relacionadas ao con-trole da TB para a atenção básica, há uma necessidade urgente de se contextualizar o cuidado de forma a indicar possibilidades para medição da responsividade do sistema de saúde na susten-tabilidade de suas ações10.

A principal ferramenta utilizada para assegurar a con-tinuidade do cuidado em TB é a estratégia do tratamento

diretamente observado (TDO), que propõe a supervisão dire-ta da ingestão dos medicamentos do tratamento de TB pelos profissionais de saúde, aliada a uma abordagem centrada no indivíduo, que visa aproximar o profissional de saúde da rea-lidade do indivíduo e de sua família e identificar as barreiras à continuidade do cuidado11.

O TDO, portanto, vai além da vigilância isolada da tomada das medicações, pois traz uma maior responsabilidade aos profissionais para o seguimento terapêutico, tanto no cenário do domicílio, quanto dos SS, ao incluir a necessidade de for-talecimento do vínculo e a confiança do doente com a equipe de profissionais e com o SS, e facilita as ações de educação em saúde do paciente e de seus contatos11.

Na literatura são escassos os trabalhos que avaliam a satisfa-ção dos indivíduos acometidos pela doença em relação à estru-tura e/ou tecnologias ofertadas12, sendo mais comum encontrar estudos relacionados à organização dos serviços para o desen-volvimento e incorporação do TDO como uma abordagem de diminuição do abandono e melhoria da adesão ao tratamento medicamentoso13-15.

Assim, este estudo buscou analisar a satisfação dos usu-ários em relação aos serviços de saúde que oferecem ações para o tratamento da TB em Ribeirão Preto, enfatizando as seguintes dimensões: infraestrutura, acesso ao tratamento e relação profissional-doente, buscando ampliar a análise da qualidade dos SS.

MÉTODOSTratou-se de estudo epidemiológico descritivo do tipo

inquérito, parte integrante do projeto “Avaliação da satisfação do usuário em relação aos serviços de saúde que prestam ações de controle da tuberculose em municípios de diferen-tes regiões do Brasil”, financiado pelo Projeto Fundo Global Tuberculose - Brasil (contrato BRA 506602T).

O estudo foi conduzido no município de Ribeirão Preto, considerado prioritário no Estado de São Paulo para o contro-le da TB e que, em 2008, possuía uma população estimada de 558.136 habitantes16. Um total de 162 casos de TB foi notifica-do no município no ano de 2007, com 82,1% de taxa de cura, 4,3% de abandono, 9,9% de óbito e 3,7% de outros desfechos (transferência, falência e ignorados – que correspondem a

A satisfactory standard of answers for most of the items of the domains was identified. However, there were need of use and costs with transportation to the health service, failure of punctuality in appointments and lack of social support. The interviews reveal weaknesses in the health facilities structure and inflexibility regarding directly observed treatment. Then, it is necessary to reflect about services strategies for an integral care, mainly when it comes to access and multidisciplinary team roles. The complement of quantitative assessment by the qualitative contributed for satisfaction analysis.

Keywords: tuberculosis; patient satisfaction; primary health care; health evaluation.

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Tereza Cristina Scatena Villa, Rubia Laine de Paula Andrade, Tiemi Arakawa, Gabriela Tavares Magnabosco, Aline Ale Beraldo, Aline Aparecida Monroe, Maria Amélia Zanon Ponce, Maria Eugênia Firmino Brunello, Lucia Marina Scatena, Pedro Fredemir Palha, Antônio Ruffino-Netto

registros ainda não preenchidos, os quais podem correspon-der a casos que ainda não foram encerrados)17.

Foram eleitos como locais de estudo os cinco ambulatórios de referência, de nível secundário, que compõem o Programa de Controle à Tuberculose (PCT) municipal. Esses serviços estão distribuídos em cada um dos distritos sanitários (Norte, Sul, Leste, Oeste e Central) da cidade de Ribeirão Preto e contam com equipes especializadas no manejo da doença.

Ressalta-se que a rede de atenção aos doentes de TB é ain-da integrada por um ambulatório de doenças infecciosas, per-tencente a um hospital público de nível terciário, que atende casos que apresentam maior complexidade clínica, em regime ambulatorial e de internação parcial ou integral.

No entanto, somente as cinco unidades de nível secundá-rio realizam as ações do TDO, sendo responsáveis também pela supervisão dos doentes que estão em seguimento no nível terciário de atenção.

A população de estudo foi constituída por todos os doentes de TB em tratamento nos ambulatórios de referência durante o período da coleta de dados (dezembro de 2007 a janeiro de 2008). Considerou-se como critérios de inclusão: estar em tratamento há pelo menos um mês, ser residente no municí-pio de Ribeirão Preto e ter idade igual ou superior a 18 anos. Foram excluídos aqueles pacientes encarcerados no sistema prisional, apresentando limites de cognição, que se recusaram a participar da pesquisa e aqueles que, após três tentativas de contato, não foram localizados para a coleta de dados.

Dos 113 doentes de TB em tratamento no município no período da coleta de dados, 90 doentes se enquadravam nos critérios de inclusão, porém 5 se recusaram a participar, 2 estavam hospitalizados em estado grave e não tiveram con-dições de colaborar na pesquisa, 6 não foram localizados para realização da entrevista, totalizando 77 doentes de TB inclusos no estudo.

Utilizou-se para a coleta de dados um questionário es-truturado aos doentes de TB que considera os domínios da satisfação do usuário descritos na literatura7,18-20: infraestru-tura, acesso ao tratamento e relação usuário-equipe de saúde, considerando as dimensões que consistem no instrumento de coleta de dados adaptado por Villa e Ruffino-Netto21, para a avaliação da atenção à TB a partir do Primary Care Assessment Tool (PCAT)22, para avaliação das dimensões da Atenção Primária à Saúde (APS), validado no Brasil por Almeida e Macinko23. O questionário consistia em 49 pergun-tas, divididas em 5 seções, descritas a seguir:I Dados sociodemográficos: informações sobre sexo,

idade, escolaridade, ocupação, renda mensal;II Dados sobre informações clínicas e sobre o acompanha-

mento do caso: informações sobre forma clínica, tempo de

tratamento, serviço responsável pelo acompanhamento, local de realização da consulta medica, modalidade de tratamento (autoadministrado ou diretamente observa-do), local de realização do TDO;

III Dados sobre a satisfação dos doentes quanto à ‘infra-estrutura dos SS’: questões sobre o conforto, a dispo-nibilidade e a estética das instalações, a utilização de tecnologias e insumos para o acompanhamento do tratamento nos SS;

IV Dados sobre a satisfação dos doentes quanto ao acesso ao tratamento: questões sobre as características dos serviços e dos recursos de saúde que facilitam ou limitam seu uso pelos usuários, envolvendo aspectos relacionados à locali-zação das Unidades de Saúde que realizam o seguimento do doente, o cumprimento de agendamento, horário e flexibilidade para a realização do TDO;

V Dados sobre a satisfação dos doentes quanto à ‘relação com a equipe de saúde’: questões sobre aspectos refe-rentes ao vínculo e laços de confiança estabelecido entre profissionais e doente de TB para favorecer a adesão ao tratamento da doença.

Os entrevistados responderam cada pergunta das seções III, IV e V segundo uma escala de possibilidades preestabele-cida, escala Likert, à qual foi atribuído um valor entre ‘um’ e ‘cinco’, sendo que a resposta mais favorável recebeu o valor mais alto da escala e a mais desfavorável recebeu o valor mais baixo. Além disso, os valores ‘zero’ e ‘99’ foram atribuídos para respos-ta “não sei” e “não se aplica”, respectivamente. Na análise dos dados dessas seções, foi calculado um valor médio das respos-tas dos doentes para cada item do instrumento, sendo atribuído um intervalo de confiança de 95%. A satisfação foi avaliada segundo os valores médios obtidos: os valores próximos de um e dois receberam a classificação de não satisfeitos; próximo de três, satisfação regular; e próximos de quatro e cinco, satisfeitos.

Além da aplicação do questionário estruturado, os doentes entrevistados responderam a duas questões abertas sobre as im-pressões gerais do usuário sobre a assistência prestada pelos SS e sugestões de melhoria do atendimento prestado. As questões foram gravadas e posteriormente, transcritas. Para o tratamento dos dados referentes às questões abertas, utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo, modalidade temática24. A partir da análise, foram identificados núcleos de sentido, tendo configurado como resultado uma unidade temática.

A presente pesquisa atende às recomendações contidas na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Protocolo nº 0969/2008).

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Satisfação do usuário com os serviços de atenção à tuberculose

RESULTADOS

Caracterização dos usuários: perfil sociodemográfico, clínico e operacionalA maioria dos doentes era do sexo masculino (70,1%),

com idade média de 43,1 (desvio padrão – DP±16,1) anos, sendo a idade máxima encontrada de 84 anos. Observou-se que, dos 77 doentes entrevistados, 63,4% não chegaram a concluir o ensino fundamental, 40,3% eram casados/união estável, 55,9% exerciam alguma atividade remunerada (empregados, autônomos). No que diz respeito à renda familiar, 44,2% recebiam de 1–3 salários-mínimos e 14,3% não tinham rendimento fixo.

No que tange aos aspectos clínicos da TB, 77,9% dos entrevistados apresentavam exclusivamente a forma pul-monar; o tempo mediano de tratamento era de 4 meses (intervalo interquartil 2–5 meses); 85,7% recebiam TDO, dos quais 95,5% eram realizados no domicílio do usuá-rio e 4,5% nos SS, sendo a média de observações de 3,8

(DP=1,6) por semana. A equipe do PCT era responsável pela supervisão direta da ingesta dos medicamentos de 95,5% dos doentes entrevistados.

Em relação aos locais de atendimento, 85,7% dos usuários realizavam a consulta médica de controle nos cinco PCT e os demais recebiam atendimento no ambulatório pertencente a hospital público de nível terciário. Quanto à realização de exames laboratoriais e raio-X, 62,3 e 44,1% dos entrevistados, respectiva-mente, realizavam os mesmos nos próprios PCT (Tabela 1).

Satisfação dos usuários com o tratamentoInfraestrutura, insumos e tecnologias utilizadasA Tabela 2 apresenta a distribuição dos valores dos escores

(média e intervalos de confiança) das respostas dos doentes em relação à infraestrutura e as tecnologias/insumos disponíveis no local onde os usuários realizavam as consultas médicas. Verifica-se que a percepção referida dos doentes de TB em re-lação à “aparência física”; “acomodações”; “percepção sonora”; “percepção olfativa”; “iluminação” e “ventilação” das unidades

Exames laboratoriais Raio-Xn % n %

Atenção Básica 1 1,3 - -Ambulatórios de Referência TB 48 62,3 34 44,1Demais serviços de nível secundário 1 1,3 15 19,5Hospital público 18 23,4 17 22,1Laboratório/clínica conveniada SUS 2 2,6 4 5,2Laboratório/clínica particular 6 7,8 6 7,8Não fez exames 1 1,3 1 1,3Total 77 100,0 77 100,0

Tabela 1. Distribuição dos doentes entrevistados, segundo os locais de realização dos exames laboratoriais e raio-X, no município de Ribeirão Preto (SP), 2008

TB: tuberculose; SUS: Sistema Único de Saúde.

TB: tuberculose.

Variáveis n Média Intervalo de confiançaAparência física 77 3,82 [3,61–4,02]Acomodações 77 3,77 [3,56–3,98]Percepção sonora 74 3,81 [3,63–3,99]Percepção olfativa 73 3,89 [3,72–4,06]Iluminação 77 3,97 [3,84–4,11]Ventilação 77 3,71 [3,48–3,94]Materiais utilizados durante as consultas 76 4,28 [4,14–4,41]Disponibilidade de medicamentos para o tratamento da TB 77 4,36 [4,19–4,54]Oferecimento de cestas básicas 65 4,40 [4,23–4,57]Realização do Tratamento Diretamente Observado 66 4,45 [4,28–4,63]Disponibilidade de profissionais para atendê-lo quando necessário 75 4,32 [4,11–4,53]Local onde realiza os exames laboratoriais 74 4,35 [4,20–4,50]Local de realização do raio-x 71 4,07 [3,86–4,28]

Tabela 2. Distribuição das médias e intervalos de confiança das variáveis de satisfação quanto à estrutura física das unidades de atendimento aos doentes de tuberculose, Ribeirão Preto (SP), 2008

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Tereza Cristina Scatena Villa, Rubia Laine de Paula Andrade, Tiemi Arakawa, Gabriela Tavares Magnabosco, Aline Ale Beraldo, Aline Aparecida Monroe, Maria Amélia Zanon Ponce, Maria Eugênia Firmino Brunello, Lucia Marina Scatena, Pedro Fredemir Palha, Antônio Ruffino-Netto

de atendimento se apresenta regular, com médias de valor entre três e quatro.

As variáveis, “materiais utilizados durante as con-sultas”; “disponibilidade de medicamentos para o trata-mento”; “oferecimento de cestas básicas”; “realização do TDO”; “disponibilidade de profissionais para atendê-lo quando necessário”; “local de realização dos exames labo-ratoriais e raio-X” apresentaram médias acima de quatro e mostram que os doentes estavam satisfeitos em relação à tais aspectos.

Observou-se que a “realização do TDO” apresen-tou maior média (4,45) e a “ventilação no ambiente

das consultas” apresentou a menor média (3,71) do domí-nio infraestrutura.

Acesso ao tratamentoA Tabela 3 apresenta a distribuição dos valores das médias

e intervalos de confiança das respostas dos doentes em rela-ção ao acesso ao tratamento nos SS.

As variáveis “distância da residência com relação ao SS”; “tempo de deslocamento”; “meio de transporte utilizado para ir ao SS”; “tempo de espera para consulta e para realização de exames diagnósticos” obtiveram avaliação regular, com médias entre três e quatro.

Variáveis n Média Intervalo de confiançaDistância da residência com relação ao serviço de saúde 77 3,64 [3,42–3,86]Tempo de deslocamento 77 3,66 [3,42–3,91]Meio de transporte necessário para ir ao serviço de saúde 58 3,62 [3,33–3,91]Gasto com transporte para ir às consultas mensais 42 3,10 [2,75–3,44]Disponibilidade do serviço de saúde realizar consultas eventuais e/ou de urgência 54 4,09 [3,84–4,35]Tempo de espera pela consulta 77 3,62 [3,37–3,87]Tempo da consulta médica de controle 77 4,27 [4,11–4,44]Tempo da consulta de enfermagem 74 4,32 [4,17–4,48]Tempo de espera para os exames diagnósticos 73 3,73 [3,49–3,96]Horário de atendimento para os doentes de TB 73 4,10 [3,93–4,27]Horário para realização do Tratamento Diretamente Observado 65 4,22 [4,04–4,39]Local em que realiza o Tratamento Diretamente Observado 67 4,24 [4,02–4,46]

Tabela 3. Distribuição das médias e intervalos de confiança das variáveis de satisfação quanto à acessibilidade aos serviços de atenção à tuberculose, Ribeirão Preto (SP), 2008

TB: tuberculose.

Variáveis n Média Intervalo de confiançaAtendimento da recepção 73 4,21 [4,02–4,40]Atendimento da equipe de enfermagem 76 4,45 [4,30–4,59]Atendimento médico 77 4,52 [4,37–4,66]Atendimentos dos Agentes Comunitários de Saúde 15 4,20 [3,72–4,68]Atendimento da assistente social 36 3,97 [3,58–4,36]Atendimento do profissional que administra a dose supervisionada 66 4,56 [4,42–4,70]Apoio emocional oferecido pelos profissionais 66 4,33 [4,15–4,52]Confiança na equipe de saúde 77 4,47 [4,33–4,61]Orientações recebidas sobre a doença e tratamento 77 4,47 [4,32–4,61]Privacidade do atendimento 77 4,48 [4,36–4,61]Opção para decidir sobre seu tratamento 67 4,16 [3,97–4,36]Tempo que o médico dedica para o esclarecimento de dúvidas 77 4,38 [4,21–4,54]Tempo que a enfermagem dedica para o esclarecimento de dúvidas 73 4,36 [4,19–4,52]Do relacionamento dos profissionais de saúde com os contatos intradomiciliares 71 4,35 [4,20–4,50]Dos trabalhos educativos sobre TB voltados para a comunidade 46 4,00 [3,70–4,30]Todo o serviço prestado pelo serviço de saúde 75 4,44 [4,27–4,61]Divulgação do diagnóstico de TB para os contatos intradomiciliares 57 4,09 [3,88–4,30]Divulgação do diagnóstico de TB para os colegas de trabalho e/ou vizinhos 23 3,39 [2,81–3,97]

Tabela 4. Distribuição das médias e intervalos de confiança das variáveis de satisfação quanto à relação equipe-usuário nos serviços de atenção à tuberculose, Ribeirão Preto (SP), 2008

TB: tuberculose.

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Satisfação do usuário com os serviços de atenção à tuberculose

Os usuários se mostram ainda satisfeitos com a “dispo-nibilidade dos SS realizarem consultas eventuais e/ou de urgência”; o “tempo da consulta médica e de enfermagem”; o “horário de atendimento nos SS”; e ainda com o “horário” e “local de realização do TDO”.

Através dos resultados apresentados, percebe-se que a variável da dimensão acesso ao tratamento com menor nível de satisfação está relacionada aos “gastos com o transporte para a realização da consulta médica”, com uma avaliação regular.

Relação equipe de saúde-usuárioJá, no que diz respeito aos resultados da satisfação

quanto à relação equipe de saúde-usuário, apresentados na Tabela 4, vale ressaltar que a frequência total (100%) de respostas válidas (n=77) não foi alcançada com algumas variáveis devido ao fato de alguns entrevistados terem res-pondido “não sabe” ou “não se aplica”. O atendimento de agentes comunitários em saúde e assistente social observa-do em apenas 19,4% (n=15) e 46,7% (n=36) dos entrevista-dos, respectivamente, receberam avaliação satisfatória.

A maioria das variáveis relativas à satisfação com o atendimento prestado pela equipe de saúde apresentou ava-liações positivas em relação aos atributos como confiança do usuário nos profissionais, autonomia oferecida durante o tratamento, apoio emocional e orientações recebidas.

A variável com menor nível de satisfação em relação às demais foi a “divulgação do diagnóstico de TB para os colegas de trabalho e/ou vizinhos”, com avaliação regular.

Em relação às questões abertas, por meio da análise de conteúdo emergiram os seguintes núcleos de sentido, que serão discutidos a seguir: a precariedade nas instalações/equipamentos dos SS; o impacto da organização no acesso dos usuários às ações e SS para o tratamento da TB; o TDO enquanto uma tecnologia favorável à adesão, os quais confi-guraram a unidade temática intitulada: Satisfação dos usuá-rios: aspectos relacionais versus estruturais/organizacionais.

No que concerne à precariedade nas instalações/equi-pamentos, identificou-se que os usuários reconhecem a dedicação e empenho dos profissionais de saúde respon-sáveis pelo manejo do tratamento da TB. Outro aspecto que é possível identificar é a visão crítica do doente sobre a infraestrutura dos SS, na medida em que revelam as fragilidades no que tange à ambiência dos SS, bem como dos equipamentos utilizados, conforme desvelam os depoi-mentos a seguir.

[...] todas as pessoas [equipe], a parte deles, eles fizeram [...] só o estabelecimento, tá precisando de uma reforma, tem que fazer urgente (E3).

Em relação ao serviço, tá dez [...] você é amparado, te explicam, tá bom. Só tá faltando um lugar mais adequado pra fazer esse tipo de tratamento (E7).[...] tem uma balança que não tem precisão [...] sobre o pessoal que trabalha lá dentro, eu tiro o chapéu. Sobre as meninas que vêm aqui também, são gente boa (E11).

Quanto ao impacto da organização no acesso às ações e SS para o tratamento da TB, identificou-se que a agilidade no processo de atendimento dos usuários favorece a satisfação dos mesmos em relação à atenção prestada pelos SS. No entan-to, lacunas na organização e debilidade na comunicação entre usuários-profissionais fragilizam a continuidade do cuidado e configuram-se em barreiras de acordo com a percepção dos entrevistados. Outro aspecto identificado, que dificulta o acesso aos SS, refere-se à distância entre os domicílios dos in-divíduos e os SS, resultando na necessidade de recursos para fins de transporte visando o deslocamento até a unidade de referência para o tratamento.

Eu tenho convênio [...], às vezes fico [Convênio] 40 minutos, uma hora esperando minha vez, no postinho eu chegava às 8:00 h e ela [médica] me atendia pontu-alíssima! (E12).No feriado que emenda e no final de semana eu levo o remédio pra casa. Houve um feriado que emendou e não me comunicaram [...] vim aqui e tava tudo fechado. Aí, cadê a medicação pra eu tomar? [...] Foi falta de co-municação, poderiam ter me ligado (E14).É difícil pra mim porque meu filho vem correndo me levar [...] vai pro serviço [...] é complicado [distância], porque tem um posto aqui perto de casa, na porta [...] (E14).[...] o apoio de transporte deveria ser mais, com cer-teza. Veio uma Assistente Social aqui, mas nunca mais voltou para dar resposta. Lamentavelmente o apoio é pouco (E9).

Em relação à potencialidade do Todo, enquanto uma tecnologia que contribui com o estabelecimento de vínculo e adesão dos usuários ao tratamento, verificou-se que os entrevistados sentem-se cuidados e acolhidos pela equipe de saúde, revelando que o SS constitui-se efetivamente como uma rede de suporte social para os usuários em um dado con-texto da doença. Sob esse prisma pode-se identificar que os profissionais atuam como agentes educacionais na medida em que favorecem uma melhor compreensão sobre o processo de adoecimento no ambiente familiar, possibilitando a aceitação da doença nesse contexto. Outro aspecto importante é que os doentes revelam as dificuldades que têm sobre o entendimento,

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sobre a terapêutica instituída, importante para a adesão ao tratamento em longo prazo, na medida em que ele pode se constituir num dos componentes de abandono. Revela tam-bém pelas falas um constrangimento ao receber diariamente o profissional em sua casa, o que atribui como uma exposição em relação à comunidade, contribuindo, dessa forma, com o estigma da doença.

[...] Esse acompanhamento, acho muito bom. Eu tenho mais certeza que to fazendo a coisa certa e que ta dando certo. Eu tomando [o remédio] na presença deles [profis-sionais], [...] tenho mais segurança [...] (E1).[...] se eu tivesse sozinho, não conseguiria fazer esse tratamento, eu me perco nos remédios. Eu tava sozi-nho, enrolou tudo, deu recaída. Fui pra rua [morar]. [...] Tem certas pessoas que não chegam ao fim do tratamento (E11).[...] tem dia que a gente esquece de tomar o remédio, então eles fazem você lembrar (E2).[...] o atendimento é muito bom. Às vezes saio para fa-zer um ‘bico’, se tem alguém em casa ele [profissional de saúde] deixa o remédio e eu tomo à tarde, senão, deixo o endereço onde tô e eles vão atrás (E13).[...] Muito bom. Excelente pessoa, sabe conversar. [...] Deu conselho para os meus filhos [...] que no começo disseram: ‘você trouxe doença para dentro de casa!’ [...] Aí depois eles foram entendendo (E5).[...] O único ruim disso, deles ’vir’ [pra fazer o TDO], é a vizinhança, que é muito ignorante tudo cheio de pre-conceito. Agora eu acho ruim, deles querer vir aqui todo dia (E7).

DISCUSSÃO A condição crônica da TB9 emerge como uma das mais

importantes questões do cotidiano da assistência e norteia um novo desafio às ações de controle da doença11. A satisfação do usuário é então considerada como um dos objetivos do cuida-do, identificando fragilidades/potencialidades de estratégias para adesão ao tratamento, e, de fato, constitui um meio que possibilita a mudança de paradigma de um cuidado biologicis-ta e médico centrado, para um cuidado integral e individual.

Os resultados sobre o perfil sociodemográfico dos doen-tes de TB entrevistados, compatíveis ao que se encontra na maior parte da literatura científica nacional e internacional, reforçam a relação entre a doença e a vulnerabilidade social, demonstrando um acometimento da doença mais preva-lente no sexo masculino e em indivíduos com escolaridade intermediária15,25,26.

Diante desse conhecido perfil de adoecimento por TB, é importante reconhecer que a rigidez na rotina de atendimen-to por parte dos SS pode agravar as dificuldades econômicas e sociais vivenciadas pelo doente em tratamento27. Dessa forma, faz-se essencial que os profissionais envolvidos nessa atividade conheçam as tecnologias disponíveis para o manejo da doença, bem como suas dinâmicas operacionais, e sejam capazes de continuamente adaptá-las às necessidades dos usuários28.

Na presente pesquisa, aspectos organizacionais da presta-ção de cuidado nos SS, como a disponibilidade de consultas eventuais e de controle, a duração das consultas médica e de enfermagem e os horários de atendimento, foram avaliados como satisfatórios pelos usuários. Estudos trazem que de-terminados aspectos da consulta, especificamente a duração do atendimento, pode constituir um fator que diminui a insatisfação dos usuários com o serviço prestado29, pois é principalmente por meio desse momento de assistência indi-vidualizada que o paciente se percebe cuidado. No entanto, quanto ao tempo de espera para a consulta médica, obteve-se avaliação regular. A valorização do SS, quando este cumpre com pontualidade os horários das consultas marcadas, está presente na fala de um dos entrevistados, que chega a compa-rar o atendimento recebido pelo serviço particular (convênio) com o público.

A expressão dos usuários nas entrevistas abertas também contribui na avaliação da satisfação em relação à infraestru-tura do serviço. Apesar do sentimento de satisfação com o atendimento da equipe no SS, o apontamento de deficiências estruturais revela que o usuário está atento a toda a capacida-de de recursos físicos e humanos da unidade na qual recebe o cuidado.

Outra questão importante na adequação do SS com as ne-cessidades de seu usuário é a da localização geográfica. Apesar do estudo identificar que a distância geográfica em si não configura um limitante à obtenção de atenção para a maioria dos usuários, a necessidade do uso de meios de transporte foi identificada como uma barreira. O uso de meios de transpor-tes se desdobra em mudanças na rotina dos usuários; como perda de tempo e dependência de terceiros para o desloca-mento. Há ainda o ônus financeiro, pois o pagamento pelo transporte representa um obstáculo econômico, e os usuários expressam a falta de instrumentos de suporte social por parte dos SS. Nos locais de estudo, o benefício do vale transporte é restrito e o critério de distribuição não é padronizado, depen-dendo da avaliação situacional dos profissionais do próprio PCT, muitas vezes sem o apoio de um assistente social.

Além disso, a própria organização da atenção no sistema de saúde também pode influenciar o acesso geográfico ao

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Satisfação do usuário com os serviços de atenção à tuberculose

cuidado: apenas a proximidade entre domicílio e serviço não é suficiente para a opção da escolha do usuário, já que o aces-so depende também da coerência do padrão tecnológico com o tipo de demanda daquele indivíduo30.

No contexto do município de estudo, os doentes de TB são seguidos e acompanhados em ambulatórios de referência com equipes do PCT especializadas. No entanto, a rede mu-nicipal de serviços de APS conta com 41 Unidades Básicas de Saúde (UBS) com áreas geográficas delimitadas e cobertura de Estratégia Saúde da Família (ESF) de 23%.

Apesar da recomendação de descentralização das ações de tratamento de TB para o âmbito da APS, a incorporação das ações em diversos municípios tem sido realizada de for-ma gradual e coexistem realidades onde o tratamento ainda é feito em unidades de nível secundário.

Existem diversas questões que envolvem a viabilidade da realização do TDO nos serviços de APS, como debilidade de recursos financeiros, de pessoal disponível e capacitado para efetivar o manejo do caso, o comprometimento político de manutenção das ações31,32. A responsabilização da APS pelo tratamento, além da intenção de ofertar condições de acesso geográfico, busca a responsabilização de um doente e sua doença não apenas no plano individual – mas o insere em sua família, na comunidade, em seu território.

Uma mudança de paradigma na prestação de cuidado inclui as formas como se acolhe as necessidades do usuário pelos trabalhadores de saúde, potencializa a participação do doente na terapêutica, objetiva um cuidado coordenado, e assim, por conseguinte, pode liderar uma maior satisfação do usuário33. Em relação às metas de oferecimento de TDO, o estudo identificou uma taxa superior a 80% de cobertura34. A alta cobertura, no entanto, não garante automaticamente a efetivação do TDO. A supervisão da ingesta de medicamentos deve ser inserida em uma abordagem que possibilita o conta-to e comunicação do profissional-paciente para o desenvolvi-mento de atitudes fortalecedoras da adesão o que evidencia um processo complexo, que incorpora a subjetividade da relação humana e do perceber-se doente.

Nas falas dos entrevistados, é possível reconhecer aspec-tos do modo de enfrentamento individual e familiar frente à doença e também do imaginário em relação ao adoecer. O estigma com relação à TB e o receio em receber o TDO na residência são apresentados, revelando também obstáculos para a realização do tratamento de forma adequada. Alguns autores argumentam que o estigma constitui uma construção social que pode vir a ser modificada através de uma parceria entre trabalhadores e comunidade35.

Devido à complexidade que o portador de TB apresen-ta, em termos de manifestação do processo saúde-doença,

necessidades sociais e de saúde, o acompanhamento do trata-mento requer o suporte de equipes multiprofissionais, incluin-do, também o assistente social. Entretanto, identificaram-se carências na constituição da equipe responsável pelo controle da TB. Em termos de coordenação da assistência, identificou-se um trabalho fragmentado por parte da equipe responsável pelo tratamento da TB com outros profissionais e outros SS.

O número de entrevistados que referiu não ter sido aten-dido por assistentes sociais e agentes comunitários de saúde durante o tratamento da doença indica que há deficiências na constituição da equipe, o que pode comprometer a qualidade do cuidado integral, multidisciplinar e coordenado.

A questão relativa à opção do doente fazer o tratamento autoadministrado ou TDO tem suscitado uma série de debates que envolvem o conflito entre a autonomia individual (direito humano) e da política de saúde baseada na epidemiologia do risco36. No que se relaciona à organização dos SS e da assistên-cia para a realização do TDO, os doentes relatam que o horário é estabelecido de acordo com a disponibilidade dos recursos do serviço (viatura e supervisor) e não há flexibilidade, nem um espaço para que o usuário expresse suas preferências. Identificou-se ainda, emergindo da fala de um entrevistado, falta de comunicação na distribuição dos medicamentos para os feriados e fins de semana para os doentes em TDO. A orga-nização dos SS está alicerçada na concepção de doença como produto de uma determinada forma como a sociedade se or-ganiza, privilegiando uns e destituindo outros, e reproduz essa falta de flexibilidade dos SS em atender às necessidades de um paciente que se apresenta debilitado, às vezes em condição de exclusão social, sendo que

a adesão ao tratamento depende de uma série de inter-mediações que envolvem o indivíduo, a organização dos processos de trabalho em saúde e a acessibilidade em sentido amplo, que levam (ou não) ao desenvolvimento da vida com dignidade36.

Considera-se que o TDO apresenta potencialidade que transcende a razão técnica, acreditando-se que isso se deve à relação cotidiana que se estabelece no processo de produção da saúde37.

Como limites do estudo, cabe ressaltar que a pesquisa teve como campo de investigação serviços públicos de saúde que oferecem ações de controle aos doentes de TB. Embora seja um estudo circunscrito por um cenário específico, que pode ter sido influenciado pela forma como os SS são organizados, à luz da literatura permite-se compreender que sua singulari-dade é comum a outros estudos realizados sobre a satisfação dos usuários. Pesquisas observadas na literatura também

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Tereza Cristina Scatena Villa, Rubia Laine de Paula Andrade, Tiemi Arakawa, Gabriela Tavares Magnabosco, Aline Ale Beraldo, Aline Aparecida Monroe, Maria Amélia Zanon Ponce, Maria Eugênia Firmino Brunello, Lucia Marina Scatena, Pedro Fredemir Palha, Antônio Ruffino-Netto

apresentam resultados de satisfação positivos em relação aos SS, principalmente nas pesquisas com questões fechadas7,26,38. Na literatura, esse fenômeno é conhecido como efeito de “elevação” das taxas de satisfação e ocorre mesmo quando as expectativas sobre os serviços são negativas. É válido consi-derar que, muitas vezes, isso se deve ao grau de expectativa e exigências individuais baixas dos usuários, causados por uma dificuldade usual em conseguir atendimento39, ou também pelo sentimento de gratidão, o qual impede os usuários de avaliarem criticamente os serviços, por medo de perder o acesso ao serviço ou o vínculo com o profissional de saúde7. Apesar das entrevistas terem sido realizadas, na maioria, na residência ou em salas reservadas nos próprios SS, de forma a se preservar o sigilo, se faz necessária uma investigação maior acerca dos fatores que influenciam na avaliação da assistência prestada aos doentes de TB.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados permitiram analisar a satisfação do usuá-

rio quanto às ações oferecidas pelos SS no que concerne aos cuidados que envolvem a doença. Muito embora se perceba as debilidades em relação à infraestrutura dos locais de segui-mento do tratamento, a insatisfação quanto a esse domínio fica pouco evidente entre os usuários, destacando-se apenas em algumas falas.

O fato do acompanhamento do tratamento ainda estar centralizado em ambulatórios no nível secundário de aten-ção e com equipes especializadas, mostrou uma dubiedade

na satisfação dos usuários. Em virtude de ser oferecido em algumas unidades de saúde, muitas vezes, não tão próximas às residências dos doentes, o gasto e a distância dessas uni-dades causam certa insatisfação dos doentes que, em grande parte, apresentam uma carência social e financeira. Por outro lado, nota-se que a centralização das ações favorece o vínculo, a relação profissional-doente, facilitando a adesão ao tratamento.

Observou-se que o TDO é um dos pontos fortes para ade-são ao tratamento da TB, entretanto, nota-se a dificuldade de agregar profissionais como Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Assistentes Sociais nesse processo, o que mostra certa barreira em constituir uma equipe multidisciplinar para o acompanhamento integral dos casos, muita vezes sobrecarre-gando outros profissionais.

Outro aspecto que ainda mostra-se como um empecilho à adesão do doente é o estigma presente, permeando a TB, o que exige cuidado dos profissionais que atuam diretamente no TDO para que o seguimento não seja prejudicado.

A abordagem quantitativa complementada pela quali-tativa mostrou-se de grande valia para o entendimento e avaliação da satisfação dos usuários, deixando claro que a utilização desses métodos pode colaborar com a identificação dos problemas para, posteriormente, propor soluções.

AGRADECIMENTOSAo Fundo Global Tuberculose Brasil, à Rede Brasileira de

Pesquisas em Tuberculose, ao Programa ICOHRTA AIDS/TB.

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Recebido em: 19/06/2011 Aprovado em: 17/02/2012


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