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ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO CONCRETO LEVE NÃO
ESTRUTURAL COM SUBSTITUIÇÃO DE AGREGADO MIÚDO POR
RESÍDUO DE PRANCHA DE SURFE
GABRIELA PIVETTA SUAID
Macaé
Fevereiro/2019
Análise do comportamento do concreto leve não estrutural com substituição de
agregado miúdo por resíduo de prancha de surfe
Gabriela Pivetta Suaid
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal do
Rio de Janeiro – Campus Macaé, como
requisito parcial para aquisição do título de
engenheiro civil.
Orientador: Gustavo Vaz de Mello Guimarães
ii Macaé, RJ – BRASIL
Fevereiro/2019
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO CONCRETO LEVE NÃO
ESTRUTURAL COM SUBSTITUIÇÃO DE AGREGADO MIÚDO POR
RESÍDUO DE PRANCHA DE SURFE
GABRIELA PIVETTA SUAID
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APRESENTADO AO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO –
CAMPUS MACAÉ, COMO REQUISITO PARCIAL PARA AQUISIÇÃO DO GRAU
DE ENGENHEIRO CIVIL.
Macaé, _______de______________2019
Examinado por:
_______________________________________________________________
Prof. Gustavo Vaz de Mello Guimarães
Universidade Federal do Rio de Janeiro
_______________________________________________________________
Prof. André Borges Randolpho Paiva
Universidade Federal do Rio de Janeiro
_______________________________________________________________
Profª. Juliana Corrêa Trindade
Universidade Federal do Rio de Janeiro
_______________________________________________________________
Eng.º Marlos Romero Alves
iii
Suaid, Gabriela Pivetta
Análise do comportamento do concreto leve não
estrutural com substituição de agregado miúdo por
resíduo de prancha de surfe/ Gabriela Pivetta Suaid –
Macaé: UFRJ/Campus UFRJ – Macaé 2019.
XII, 91 p.: il. Color.; 29,7 cm.
Orientador: Gustavo Vaz de Mello Guimarães
Projeto de Graduação – UFRJ/Macaé/Curso de
Engenharia Civil, 2018.
Referências Bibliográficas p. 81-82.
1. Introdução. 2. Alguns conceitos. 3. Campanha de
ensaios. 4. Apresentação e análise dos resultados. 5.
Conclusões e sugestões para futuras pesquisas.
I. Guimarães, Gustavo Vaz de Mello, II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Macaé, Curso de
Engenharia Civil. III. Análise do comportamento do
concreto leve não estrutural com substituição de
agregado miúdo por resíduo de prancha de surfe
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus, por que só Ele na minha causa mesmo,
que me deu forças para necessárias para concluir essa pesquisa em dois meses.
Agradeço aos meus pais, Rosinéia e Jamil, por terem me tornado a
pessoa que sou, pelos valores que me ensinaram, pelas alegrias com minhas
conquistas, pelas cobranças diárias para que terminasse esse trabalho e,
principalmente, pelo amor e apoio incondicional que me dão.
Agradeço a minha irmã, Amanda, que mesmo com algumas implicâncias
e brigas, não deixo de me mostrar como sou capaz, mesmo que sendo do jeito
mais difícil. E ao meu cunhado, Daniel, por me apoiar e acreditar que um dia
pudesse me tornar engenheira.
À Universidade Federal do Rio de Janeiro, Macaé-RJ, por ter possibilitado
realizar esta árdua graduação, especialmente aos meus colegas Lucas Marques
Pires da Silva, por ter cedido, sem custo algum, os materiais para a pesquisa,
além de fornecer informações valiosas sobre os mesmos.
Ao meu orientador, professor Gustavo Guimarães, por ter me recebido
como orientanda, entendo minhas limitações com horários, sempre me
auxiliando e apoiando na condução dos estudos.
Ao Laboratório de Engenharia Civil da UFRJ – Macaé e o técnico Carlos
Antônio Macambira Tôrres pela colaboração na pesquisa quando não estava
presente. Aproveito para agradecer também ao eng.º mecânico Newton Amorim,
do Laboratório da Engenharia Mecânica pela ajuda no corte dos corpos de prova.
Aos amigos que fiz em Macaé e colegas de faculdade, que mesmo tirando
meu foco com algumas reuniões recreativas, sempre no meu potencial
acreditaram em mim.
E por fim, mas não menos importante, ao meu namorado, Guilherme, que
mesmo não contribuindo muito para a pesquisa em si, me coagia a escrever,
ainda que eu não quisesse.
A todos os meus mais sinceros agradecimentos.
Muito obrigada!
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à UFRJ – Macaé como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO CONCRETO LEVE NÃO
ESTRUTURAL COM SUBSTITUIÇÃO DE AGREGADO MIÚDO POR
RESÍDUO DE PRANCHA DE SURFE
Gabriela Pivetta Suaid
Fevereiro/2019
Orientador: Gustavo Vaz de Mello Guimarães
Curso: Engenharia Civil
Este trabalho teve como objetivo avaliar a resistência à compressão do concreto
leve com a substituição do agregado miúdo por resíduo de pranchas de surfe.
Também foram analisados a absorção de água dos corpos de prova e suas
massas especificas. Foram incorporados resíduo de prancha de surfe como
componente para proporcionar, principalmente, redução de peso do concreto.
As dosagens de concreto leve com resíduo de prancha de surfe (RPS) estudadas
foram compostas basicamente por: cimentos CPII-E-32, agregado graúdo (brita),
agregado miúdo (areia), resíduo de prancha de surfe e água. Ao final da
pesquisa experiemental, após a análise de 5 traços distintos, foi possível
observar a redução da resistência a compressão e da massa específica, além
de um aumento na absorção, conforme o acréscimo de RPS, ambos resultados,
naturalmente, em comparação ao concreto convencional.
Palavras-chave: Concreto leve não estrutural, Sustentabilidade, Resíduo de
Prancha de Surfe
vi
Abstract of the Undergraduate Project presented to UFRJ - Macaé as a partial
fulfillment of the requirements for the degree of Engineer.
BEHAVIOR OF NON-ESTRUCTURAL LIGHTWEIGHT CONCRETE WITH
REPLACEMENT OF FINE AGGREGATE BY SURFEBOARD RESIDUE
Gabriela Pivetta Suaid
February/2019
Advisor: Gustavo Vaz de Mello Guimarães.
Course: Civil Engineering
This study has as objective to evaluate the compressive strength of the
lightweight concrete with replacement of fine aggregate by surfboard residue.
Were also analyzed the water absorption and your specific masses. Were
incorporated the surfboard residue as component to provide, mainly, weight
reduction of concrete. The dosages of lightweight concrete with surfeboard
residue (SR) studied were composed basically for: cement CPII-E-32, coarse
aggregate (rock), fine aggregate (sand), surfboard residue and water. At the end
of the research, after the analysis of 5 distinct dosages, it was possible to observe
the reduction of the compressive strength and the specific mass, besides an
increase in the absorption, as the increase of SR, both results, of course,
compared to conventional concrete.
Keywords: Non Estructural Lightweight Concrete, Envirolment, Surfboards
Residue
vii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 13
1.1. SURFE NO BRASIL ............................................................................... 14
1.2. BREVE HISTÓRICO DA FÁBRICA DE PRANCHA DE SURFE LS
SURFEBOARDS .............................................................................................. 15
1.3. OBJETIVOS ........................................................................................... 19
1.4. METODOLOGIA ..................................................................................... 19
1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................... 20
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 21
2.1. CONCRETO ........................................................................................... 21
2.2. CONCRETO LEVE ................................................................................. 26
2.2.1. CONCRETO LEVE COM ESPUMA DE POLIESTIRENO
EXPANDIDO (EPS) .......................................................................................... 28
3. MATERIAS E MÉTODOS ....................................................................... 32
3.1.1. CIMENTO ............................................................................................... 33
3.1.2. AGREGADOS GRAÚDO E MIÚDO ....................................................... 35
3.1.3. RESÍDUO DE PRANCHA DE SURFE (RPS) ......................................... 38
3.1.3.2. SEPARAÇÃO DA AMOSTRA .......................................................... 39
3.1.3.3. MASSA ESPECÍFICA DO RPS ....................................................... 40
3.2.1. DOSAGEM DE REFERÊNCIA ............................................................... 42
3.2.3. DOSAGEM COM ADIÇÃO DE RPS ....................................................... 45
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................. 59
4.1. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO .......................................................... 59
4.2. ABSORÇÃO DE ÁGUA, ÍNDICE DE VAZIOS E MASSA ESPECÍFICA . 67
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS .......... 72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 75
APÊNDICE A - Cálculo do número de pontos representando os RPS. ........ 80
APÊNDICE B - Tabela de Dosagem do Concreto (Traços utilizados) .......... 80
APÊNDICE C - Dados dos ensaios de compressão simples ........................ 81
APÊNDICE D – Dados de Ensaios de Absorção .......................................... 82
viii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Fluxograma do processo de fabricação do EPS. Fonte: EPS Brasil
(acesso em 08 de fevereiro de 2019) ............................................................... 13
Figura 2: Tonzinho, na vila, centro de Saquarema, com uma L.S.Surfeboards.
Fonte: Arquivo pessoal de Leandro Santos ..................................................... 16
Figura 3: Leandro (centro), o internacional Gary Linden (esquerda), Arelo (direita)
em um evento em São Paulo. Arquivo pessoal de Leandro Santos ................. 16
Figura 4 (a):Tais de Almeida, com sua prancha shapeada por Leandro Santos
que, a patrocinava na ocasião, no pódio de um campeonato da Associação de
Surfe de Saquarema (A.S.S.) Fonte: Arquivo pessoal de Leandro Santos e (b)
Logotipo atual das L.S.Surfboards ................................................................... 17
Figura 5: Principais equipamentos e matéria prima para execução de uma
prancha de surfe, e sequencia com Leandro praticando a arte de fazer uma
prancha de surfe. ............................................................................................. 18
Figura 6: Pantheon, Roma, Itália. Fonte: INDEPENDENT (acesso em 25 de
janeiro de 2019) ............................................................................................... 22
Figura 7: Corte transversal do Patheon. Fonte: HISTÓRIA DA ARTE (acesso em
26 de janeiro de 2019) ..................................................................................... 23
Figura 8: Edifício A Noite, Rio de Janeiro, 1929, Fonte: DIÁRIO DO RIO (acesso
em 20 de janeiro de 2019) ............................................................................... 23
Figura 9: Edifício Martinelli, São Paulo, 1929. Fonte: ESTILOS
ARQUITETONICOS (acesso em 20 de janeiro de 2019) ................................. 24
Figura 10: Cimento Portland. Fonte: MAPA DA OBRA (acesso em 26 de janeiro
de 2019) ........................................................................................................... 25
Figura 11: 1) pedregulho; 2) brita; 3) areia de brita; 4) areia natural. Fonte: Google
image (acesso em 01 de janeiro de 2019) ....................................................... 25
Figura 12: Intervalos típicos de valores de massa específica de concretos leves.
......................................................................................................................... 27
Figura 13: Bloco de Poliestireno Expandido. Fonte: ECIVILNET (acesso em 5 de
fevereiro de 2019) ............................................................................................ 28
Figura 14: Matérias primas do concreto leve com EPS e alguns exemplos de
aplicação. Fonte: JUNOEPSR (acesso em 05 de fevereiro de 2019) .............. 29
ix
Figura 15: Gráfico Deformação x Resistência à compressão. Fonte: ABRAPEX
(acesso em 15 de janeiro de 2019) .................................................................. 30
Figura 16: Composição do concreto leve estrutural com pérolas de EPS. Fonte:
Thiago Catoia (2012) ........................................................................................ 31
Figura 17:Curva granulométrica da brita 0 e da areia fina. Fonte: Silva (2019) 35
Figura 18: (a) Ensaio da massa específica unitária da brita 0; (b) Execução do
ensaio do frasco de Chapman da areia. Fonte: Silva (2019 ............................. 37
Figura 19: Sequência de coleta inicial do RPS na fábrica de pranchas ........... 38
Figura 20: Saco de RPS coletado e transportado para o laboratório ............... 39
Figura 21: Separação dos rejeitos maiores ...................................................... 39
Figura 22: (a) RPS sendo colocado na peneira de abertura 6,35mm; (b) Material
retido após a peneiração .................................................................................. 40
Figura 23: Detalhe do RPS no frasco Chapman .............................................. 41
Figura 24: Curva de Abrams. Fonte: Clube do concreto (acesso em 28 de janeiro
de 2019) ........................................................................................................... 42
Figura 25: Bentoneira de 150 L e Materiais do traço pesado ........................... 47
Figura 26: Área externa do laboratório de engenharia civil UFRJ – Macaé ..... 48
Figura 27: (a) Colocação do RPS na betoneira; (b) Betoneira com proteção de
plástico ............................................................................................................. 49
Figura 28: Concreto no estado de “farofa” e oncreto com aspecto mais pastoso
......................................................................................................................... 50
Figura 29: Sequência de moldagem dos corpos de prova ............................... 51
Figura 30: Corpo de prova do SURFE 3 desmoldados após 24 horas e
identificados ..................................................................................................... 52
Figura 31: Corpo de prova dentro do tanque de cura ....................................... 52
Figura 32: Retificadora com disco rotativo diamantado .................................... 54
Figura 33: Corpo de prova na prensa hidráulica .............................................. 54
Figura 34: Corpo de prova após a ruptura ....................................................... 55
Figura 35: Sequencia que mostra o transporte dos corpos de prova do tanque
para a balança hidrostática com ajuda de um balde ........................................ 56
Figura 36: Gráfico Resistência à Compressão versus Corpos de prova do grupo
1 ....................................................................................................................... 61
x
Figura 37: Gráfico Resistência à Compressão versus Corpos de prova do grupo
2 ....................................................................................................................... 61
Figura 38: Gráfico Resistência à Compressão média x Teor de RPS (%) em
relação ao volume dos materiais ...................................................................... 62
Figura 39: Gráfico Resistência à Compressão média x Fator a/c nos concretos
com 5% de RPS ............................................................................................... 63
Figura 40: Aberturas realizadas pela haste de adensamento .......................... 63
Figura 41: Concreto leve com RPS após o ensaio de compressão ................. 64
Figura 42: Corpos de prova rompidos acima do centro de gravidade .............. 65
Figura 43: Processo de corte do corpo de prova com a serra mármore .......... 65
Figura 44: Segregação do RPS no corpo de prova .......................................... 66
Figura 45: Gráfico do percentual de absorção de água e índice de vazios por
dosagem........................................................................................................... 69
Figura 46: Gráfico da massa específica seca, saturada e real ......................... 71
Figura 47: Gráfico da relação entre a massa específica, índice de vazios e
absorção de água ............................................................................................. 71
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Limites de composição do cimento................................................... 33
Tabela 2: Requisitos físicas e mecânicos do cimento ...................................... 34
Tabela 3: Requisitos químicos do cimento Portland ......................................... 34
Tabela 4: Propriedades dos agregados ........................................................... 37
Tabela 5: Traço de referência .......................................................................... 43
Tabela 6: Traço-base de acordo com a ABCP ................................................. 44
Tabela 7: Traço com correção do fator a/c ....................................................... 45
Tabela 8: Traços elaborados ............................................................................ 45
Tabela 9: Dosagem do concreto com RPS ...................................................... 46
Tabela 10: Resistência a compressão do grupo 1 com variação no teor de RPS
......................................................................................................................... 59
Tabela 11: Resistência a compressão do grupo 2 com variação no fator a/c .. 60
Tabela 12: Tabela das massas dos corpos de prova ....................................... 67
Tabela 13: Tabelas dos resultados dos ensaios de absorção de água e índice de
vazios ............................................................................................................... 68
Tabela 14: Tabela de massa específica da amostra seca, saturada e real ...... 70
xii
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação (1) ...................................................................................................... 36
Equação (2) ...................................................................................................... 36
Equação (3) ...................................................................................................... 54
Equação (4) ...................................................................................................... 57
Equação (5) ...................................................................................................... 57
Equação (6) ...................................................................................................... 57
Equação (7) ...................................................................................................... 58
Equação (8) ...................................................................................................... 58
13
1. INTRODUÇÃO
Um dos principais problemas, do mundo moderno, que afetam diretamente
qualidade de vida é o imenso volume de resíduo produzido diariamente. Segundo a
Abrelpe (2017), os números referentes à geração de resíduo sólido urbano (RSU)
revelam um total de anual de 78,4 milhões de toneladas no país. Desse montante,
acerca de 6,9 milhões de toneladas de resíduos não foram coletados e,
consequentemente, tiveram destino impróprio. Quanto à disposição final de RSU, foi
registrado que apenas 59,1% da geração anual tem destino adequado, encaminhado
para os aterros sanitários.
Grande parte desse material descartado poderia ser reciclado, entretanto o
desprezo do homem e as dificuldades decorrentes das coletas seletivas acabam
impedindo esse processo. No Brasil, segundo o Ministério do Meio Ambiente, cerca
de 30% de todo o lixo é composto de materiais recicláveis, porém apenas 3% deste
total é efetivamente reciclado.
E é partindo dessa problemática que a presente pesquisa, busca iniciativas de
reaproveitamento dos resíduos tóxicos e inflamáveis – sendo alguns produzidos a
partir de subprodutos do petróleo, como é o caso da resina epóxi, da parafina21 e do
poliestireno expandido (EPS), ver Figura 1 – decorrentes da produção de pranchas de
surfe, bem como de sua precária e/ou inexistente destinação final.
Figura 1: Fluxograma do processo de fabricação do EPS. Fonte: EPS Brasil (acesso em 08 de
fevereiro de 2019)
14
1.1. SURFE NO BRASIL
Os primeiros indícios da chegada do surfe no Rio de Janeiro datam da década
50. A princípio, o esporte foi inserido no litoral brasileiro por intermédio de profissionais
de companhias aéreas, que tinham em contato com o surfe fora do país. Apenas 15
anos depois, foi criada a primeira organização voltada ao surfe, a Associação de Surfe
do Rio de Janeiro, fundada em 1965.
A partir de então, a popularidade desse esporte só aumentou, que se deve
principalmente pela a entrada de brasileiros na elite dos campeonatos mundiais.
Segundo ISA (International Surfeing Association) apud Vasconcellos (2013)
atualmente são cerca de 35 milhões de surfistas no mundo. Sendo que destes, estima
que 3 milhões estão no Brasil (Segundo MARTINS).
A indústria do surfe no Brasil movimenta aproximadamente R$ 7 bilhões ao
ano, com crescimento de, em média, 10% ao ano. A imagem do surfe dita tendências
de consumo, pois aproximadamente 90% dos consumidores nunca pisaram em uma
prancha (Ibrasurfe apud Lewgoy, 2015).
Como o surfe é praticado em contato com o meio ambiente, o estilo de vida
adotado pelo praticamente é associado à natureza, baseado em um ideal de liberdade
e “desapego” a bens materiais. O que cria um certo paradoxo, pois o processo de
fabricação de pranchas de surfe caracteriza-se por gerar um elevado volume de
resíduos que são de difícil reaproveitamento. Segundo a Equipe Ecycle (201-), uma
única prancha desperdiça de 50% a 70% de matéria-prima, ou seja, para fabricar uma
prancha de 3,1 kg, em média foram usados 10,8 kg de materiais. A maior parte dos
resíduos possui características como: elevada toxidade, altamente inflamável, ou, o
pior, possui prazo indeterminado de decomposição.
Além disso, como a maioria das pranchas são produzidas em pequenas
fábricas artesanais, não há, ainda, uma destinação final adequada dos rejeitos.
Segundo Grijó (2004), no Brasil cerca de 380 toneladas de resíduos sólidos oriundos
dessa indústria foram despejadas em aterros e/ou lixões.
Neste contexto, o presente trabalho procurou contribuir para o início de uma
possível pesquisa acerca do reaproveitamento dos resíduos de prancha de surfe
15
aplicados diretamente na engenharia civil. A investigação inicialmente partiu de um
programa de pesquisa nas cidades com alto número praticantes de surfe, nas
proximidades de Macaé, com intuito de beneficiar as comunidades locais frente a
geração de resíduos de prancha de surfe.
A primeira cidade atendida foi Saquarema, Rio de Janeiro, a 114 km de Macaé,
também conhecida como a MECA do surfe nacional, sede, nos últimos anos, da etapa
brasileira válida pela liga de surfe mundial (World Surfe League – W.S.L.). Lá, reside
e trabalha o fabricante de pranchas de surfe Leandro Santos e Silva.
1.2. BREVE HISTÓRICO DA FÁBRICA DE PRANCHA DE SURFE LS
SURFEBOARDS
Leandro Santos, como é conhecido na região, possui uma grande intimidade
com o surfe, pois além de fabricante é surfista. Ele começou a surfar a mais de 30
anos, no final da década de 1980, porém devido à falta de equipamentos na região e
consequentemente o elevado custo resolveu obter conhecimento para que pudesse
fabricar suas próprias pranchas.
Na ocasião eram apenas alguns fabricantes de pranchas locais, tais como:
Hilton Seixas Pereira da Saquarema Surfing (Tonzinho), Otavio e Fabio Pacheco da
Latin Soul, Paulo Costa da Stand up Surfboards (Pateta), Jean Carlos Pereira da
Kakaloha Surfboards (Kakalo), Zé Mauricio da Z.M. laminações e Nerci José da
Rocket Beach (Panga).
No início, Leandro descascava pranchas antigas, tidas como inutilizáveis,
muitas vezes emendando duas metades de pranchas distintas, e praticava a arte de
fabricar - “shapear” - manualmente suas próprias pranchas. Contou na época com o
auxílio do Tonzinho que já possuía uma boa experiência na atividade. A Figura 2:
Tonzinho, na vila, centro de Saquarema, com uma L.S.Surfeboards. Fonte: Arquivo
pessoal de Leandro Santos resgata uma imagem “das antigas” de Tonzinho como
uma das pranchas fabricadas por Leandro.
16
Figura 2: Tonzinho, na vila, centro de Saquarema, com uma L.S.Surfeboards. Fonte: Arquivo pessoal
de Leandro Santos
Logo depois começou a ir ao Rio de Janeiro em busca das melhores matérias
primas e acabou conhecendo o Shaper Marcos Villaça, que lhe ajudou a abrir às
portas.
Os anos se passaram, Leandro começou a viajar em busca de aprimoramento
das suas técnicas e sua arte de “shapear”. Em meados de 1998, em São Paulo,
participou de um evento voltado para o mundo do surfe, o São Paulo Surfe Beach. A
Figura 3: Leandro (centro), o internacional Gary Linden (esquerda), Arelo (direita) em
um evento em São Paulo. Arquivo pessoal de Leandro Santos apresenta Leandro no
meio de renomados “shapers”.
17
Figura 3: Leandro (centro), o internacional Gary Linden (esquerda), Arelo (direita) em um evento em
São Paulo. Arquivo pessoal de Leandro Santos
O “Shaper” sempre apoiou o surfe local. Pode-se considerar que a surfista local
de saquarema – Tais de Almeida – foi sua principal atleta de destaque. A Figura 4
(a):Tais de Almeida, com sua prancha shapeada por Leandro Santos que, a
patrocinava na ocasião, no pódio de um campeonato da Associação de Surfe de
Saquarema (A.S.S.) Fonte: Arquivo pessoal de Leandro Santos mostra Tais em 1999
em um campeonato local, ainda no início de sua carreira.
Hoje em dia, Leandro é um dos principais Shapers de Saquarema, tendo
shapeado incontáveis pranchas. Seu logotipo, ilustrado na Figura 4 (b), é facilmente
detectado na zona de arrebentação das ondas – “outside” – das praias de Itaúna, Vila,
Barrinha, Gravatá e Boqueirão em Saquarema. Sua fábrica está localizada em Rio
Seco, um local calmo e tranquilo, quase as margens da rodovia RJ-106. Um local
estratégico, pois está próximo ao acesso de seus principais destinos.
18
Figura 4 (a):Tais de Almeida, com sua prancha shapeada por Leandro Santos que, a patrocinava na ocasião, no pódio de um campeonato da Associação de Surfe de Saquarema (A.S.S.) Fonte: Arquivo
pessoal de Leandro Santos e (b) Logotipo atual das L.S.Surfboards
Possui em sua nova fábrica os equipamentos e tecnologias de ponta, e um
ambiente necessário a uma boa execução de prancha de surfe. A Figura 5: Principais
equipamentos e matéria prima para execução de uma prancha de surfe, e sequencia
com Leandro praticando a arte de fazer uma prancha de surfe., mostra Leandro
“shapeando” uma prancha em sua fábrica, além dos principais itens à realização de
seu trabalho, tais como:
1) sandscrew;
2) plaina elétrica;
3) surfeorms;
4) pincel;
5) régua – gabarito de simetria;
6) plaina tipo “ratinho”;
7) matéria prima - bloco (e.g: poliuretano, isopor, etc.).
19
Figura 5: Principais equipamentos e matéria prima para execução de uma prancha de surfe, e sequencia com Leandro praticando a arte de fazer uma prancha de surfe.
1.3. OBJETIVOS
Este trabalho tem por objetivo principal avaliar da resistência à compressão de
concreto leve não estrutural com a substituição do agregado miúdo por resíduo de
pranchas de surfe (RPS).
Como objetivo secundário, a presente pesquisa analisa a absorção de água
dos corpos de prova e suas massas especificas, visando contribuir para a
sustentabilidade na construção civil.
Sem dúvida um dos objetivos seria propor soluções práticas de engenharia
para a aplicação de um aproveitamento de um resíduo tão problemático como o RPS.
Por ora, poderia se pensar em aplicações, voltadas para a construção civil, nas áreas
de vedação, revestimento, preenchimento, entre outros.
20
1.4. METODOLOGIA
Uma árdua procura sobre referências bibliográficas do tema foi realizada
inicialmente. É importante mencionar que, só depois do decorrer da pesquisa, as
referências bibliográficas foram se tornando mais claras para serem encontradas e o
trabalho experimental teve prosseguimento com os devidos materiais.
Uma fábrica de pranchas de surfe na meca do surfe brasileiro – Saquarema –
foi escolhida para fornecer matéria prima para a pesquisa.
Os resíduos de prancha de surfe foram coletados e transportados para o
laboratório e uma primeira seleção foi realizada. O material restante foi passado na
peneira #6,35 mm para ser utilizado na pesquisa.
Uma dosagem inicial de referência foi calculada. A partir daí, foram estimados
os teores de resíduo de prancha de surfe para elaboração dos corpos de prova.
Executou-se o traço de referência e mais quatro traços de concreto leve
variando os fatores de água cimento e os teores de resíduo de prancha de surfe.
Em laboratório, foram executados os ensaios de resistência à compressão,
absorção de água, índice de vazios e massa específica, para fim de caracterização
dos concretos leves.
1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO
O corpo do estudo foi organizado em cinco capítulos. Neste primeiro capitulo,
encontra-se o contexto e motivação, além do objetivo e a metodologia da pesquisa.
No segundo capitulo são apresentados uma breve revisão bibliográfica sobre o
concreto e o concreto leve, com ênfase em concreto leve com adição de poliestireno
expandido.
21
O terceiro capítulo aborda os materiais utilizados para a fabricação do concreto
leve com resíduo de prancha de surfe, bem como a metodologia dos ensaios para a
determinação de suas propriedades físicas e mecânicas.
O quarto capítulo apresenta e analisa os resultados obtidos para as diferentes
dosagens de concreto leve com resíduo de prancha de surfe.
Finalmente, o quinto capitulo traz as considerações finais do trabalho, conforme
a análise dos resultados, e sugestões para futuras pesquisas no assunto.
.
22
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O concreto é o material artificial mais utilizado para a construção civil no Brasil,
chega a ser cerca de 90% de toda a construção do país (Falcetta, 2017?). Esse fato
se dá por conta da sua versatilidade, durabilidade, além das suas resistências à
compressão e à tração elevada, além do seu baixo custo (85% de seu volume é
composto de materiais de construção barato, como a água, areia e brita).
Seu comportamento mecânico associado a variações de dosagens já é
estudado há muito tempo e, recentemente, vem se pesquisando a incorporação de
materiais alternativos, visando justificar seu comportamento frente a parâmetros de
sustentabilidade otimizando, assim, o consumo de suas matérias-primas.
O desenvolvimento sustentável oferece grandes desafios para a indústria e os
profissionais, como resultado está uma maior economia, assim como a racionalização
de matéria-prima. A proposta desse estudo é substituir um percentual do agregado
miúdo do concreto por resíduo de prancha de surfe, aqui chamando também pela sigla
RPS, que surge com o intuito de contribuir para a sustentabilidade, além de,
possivelmente, conferir-lhe mais leveza e, ainda, associado a questões como
isolamento térmico e/ou acústico.
Para essa análise foi necessário se aprofundar nas propriedades de um
componente em particular o EPS (sigla internacional do Poliestireno Expandido, de
acordo com a Norma DIN ISSO-1043/78) que compõem cerca de 95% do resíduo de
prancha de surfe usado no estudo.
2.1. CONCRETO
Isaia (2010) afirma que o concreto de cimento Portland é o mais importante
material de construção civil e estrutural da atualidade. Ainda que tenha sido o material
de construção mais recente, é considerado uma das descobertas mais importante da
história do desenvolvimento da humidade e sua qualidade de vida.
23
Até o final do século XIX os sistemas construtivos usuais eram as estruturas
em madeira e em alvenaria. Como a madeira, embora abundante na época,
apresentasse os problemas de durabilidade e combustão (muitas cidades
sofreram sinistros de grandes proporções) a alvenaria de pedras [...] foi o
sistema estrutural empregado nas obras mais importantes. [...] É nesse
contexto que se inicia a história [...] do concreto: como aglomerantes para
argamassas de alvenarias. (CARVALHO, 2008)
O material considerado ideal para as construções é aquele que manifesta
associadamente resistência e durabilidade. A pedra, da alvenaria, tem resistência à
compressão e durabilidade elevadas, mas sua resistência à tração é baixa. Já o ferro
e o aço têm resistência elevado, mas a durabilidade também é limitada, devido as
corrosões que podem sofre. A partir desse impasse, o concreto armando surgi para
aliar a durabilidade da pedra com a resistência à tração do aço, com facilidade e
rapidez para assumir a forma desejada, além de proteger e envolver o aço para evitar
sua corrosão.
Acompanhando o desenvolvimento da humanidade pode-se observar que o
poder e progresso das nações está intrinsecamente ligado as grandes mudanças na
maneira de construir com novos matérias estruturais e no domínio do conhecimento
sobre esses materiais. É o caso dos romanos que se destacaram na aplicação de
concretos e argamassas, permitindo-lhes criar espaços amplos em forma de arco,
abóbadas e cúpulas. Essas obras esplendorosas e inéditas trouxeram-lhe grande
desenvolvimento e revolucionaram a arquitetura da época, como exemplo do
Pantheon, em Roma, na Itália, (Figura 6: Pantheon, Roma, Itália. Fonte), que tem sua
cúpula a uma altura igual ao diâmetro de sua base cilíndrica, 43 m, (ver Figura 7: Corte
transversal do Patheon. Fonte: HISTÓRIA DA ARTE (acesso em 26 de janeiro de
2019)), tornando o espaço interior virtualmente uma esfera. (Carvalho, 2008)
24
Figura 6: Pantheon, Roma, Itália. Fonte: INDEPENDENT (acesso em 25 de janeiro de 2019)
Figura 7: Corte transversal do Patheon. Fonte: HISTÓRIA DA ARTE (acesso em 26 de janeiro de
2019)
No Brasil, na primeira metade do século XX onde não existia indústrias
siderúrgicas capazes de produzir perfiz estruturais, o concreto armando teve um papel
fundamental, com isso foi o considerado o material estrutural de construção civil mais
consumido, e que continua sendo até hoje.
Ainda no contexto nacional, somente em 1931 ocorreu a publicação da primeira
norma, depois de haver projetado e construído dois recordes mundiais em altura, os
edifícios A Noite (Figura 8: Edifício A Noite, Rio de Janeiro, 1929, Fonte: DIÁRIO DO
RIO (acesso em 20 de janeiro de 2019)), no Rio de Janeiro, foi projetado por Joseph
Gire e Elisário da Cunha Bahiana, e Martielli (Figura 9: Edifício Martinelli, São Paulo,
1929. Fonte: ESTILOS ARQUITETONICOS (acesso em 20 de janeiro de 2019)) em
São Paulo, ambos com mais de 100m de altura.
25
Figura 8: Edifício A Noite, Rio de Janeiro, 1929, Fonte: DIÁRIO DO RIO (acesso em 20 de janeiro de
2019)
Figura 9: Edifício Martinelli, São Paulo, 1929. Fonte: ESTILOS ARQUITETONICOS (acesso em 20 de
janeiro de 2019)
Na mistura do concreto, o cimento ao se hidratar forma uma pasta onde a
fluidez varia de acordo com a quantidade de água adicionada. Os agregados, de
vários tamanhos, são envolvidos por esta pasta para produzir o concreto. No estado
ainda fresco, o concreto deve ter plasticidade suficiente para as operações de:
manuseio, transporte e lançamento nas formas. Com o tempo, o concreto começa a
endurecer, por causa da reação irreversível da água com o cimento, e assim passa a
adquirir resistência mecânica tornando-o um material de excelente desempenho
estrutural. Em alguns concretos são acrescentados aditivos para modificar suas
características físicas e químicas.
26
A composição básica do concreto é:
Água: Influência diretamente na qualidade e segurança da obra, por isso deve
atender certas qualidades químicas, ser isenta de impurezas e atender os parâmetros
recomendados.
Aglomerante: É um material ligante que promove a união dos grãos de
agregados, o aglomerante mais usado nas construções é o cimento, como mostrado
na Figura 10: Cimento Portland. Fonte: MAPA DA OBRA (acesso em 26 de janeiro de
2019). Por ser um material cerâmico, o cimento quando em contato com a água,
hidrata-se formando uma massa pastosa, finamente cristalina que ao endurecer
ganha resistência mecânica.
Figura 10: Cimento Portland. Fonte: MAPA DA OBRA (acesso em 26 de janeiro de 2019)
Agregados: Segundo Bauer (apud Júnior, 2015), os agregados contribuem
com cerca de 80% do peso e 20% do custo de concreto estrutural sem aditivos. Eles
podem ser separados em agregados graúdos, que podem ser o pedregulho natural, a
pedra britada (proveniente do britamento de rochas estáveis) ou a mistura de ambos;
e os agregados miúdos, que podem ser a areia de origem natural, a areia resultante
do britamento de rochas estáveis ou a mistura de ambas. Os tipos de agregados são
mostrados na Figura 11: 1) pedregulho; 2) brita; 3) areia de brita; 4) areia natural.
Fonte: Google image (acesso em 01 de janeiro de 2019) Eles são “o principal
responsável pela massa unitária, módulo de elasticidade e estabilidade dimensional
do concreto” (Mehta e Monteiro apud Júnior, 2015).
27
Figura 11: 1) pedregulho; 2) brita; 3) areia de brita; 4) areia natural. Fonte: Google image (acesso em
01 de janeiro de 2019)
Aditivos: São produtos que tem a capacidade de alterar as propriedades do
concreto em estado fresco ou endurecido, melhorando sua qualidade ou de
minimizando seus pontos fracos. Os principais tipos de aditivos são: plastificantes (P),
retardadores de pega (R), aceleradores de pega (A), plastificantes retardadores (PR),
plastificantes aceleradores (PA), incorporadores de ar (IAR), super plastificantes (SP),
super plastificantes retardadores (SPR) e super plastificantes aceleradores (SPA).
Adições: São matérias que podem ser integrados ao concreto ou no cimento
em fábrica, para aprimorar certas características dos mesmos. No concreto é comum
as adições de fibras de nylon para evitar fissuras, os pigmentas para colorir, o isopor
para enchimentos entre outros. Já no cimento, as adições mais conhecidas são o
Filler, a Escoria e a Pozolana, que são responsáveis pelos cimentos tipo CPII-F, CPII-
E e CPII-Z, no qual são responsáveis pela diminuição da permeabilidade e a
porosidade capilar, aumentam da resistência a sulfatos e reduzem o calor de
hidratação.
2.2. CONCRETO LEVE
A principal característica do concreto leve está em seu nome: a leveza. Essa
leveza é devido à baixa massa específica dos aditivos que quando incorporados no
28
concreto confere a ele uma redução no seu peso próprio, variando segundo Neville
(2013) de 300 kg/m³ a 1850 kg/m³, enquanto o convencional está na faixa de 2000
kg/m³ a 2800 kg/m³. A substituição dos agregados tradicionais pode ser parcial ou
total, os agregados leves mais usados são a argila expandida, a vermiculita, o isopor
ou a EVA.
Conforme a norma americana ACI 213R-87 (apud Schwantes, 2012), existem
3 categorias classificadas pela massa específica do concreto leve e sua aplicação. A
Figura 12: Intervalos típicos de valores de massa específica de concretos leves.
mostra essa classificação.
a. Concreto de baixa massa específica (abaixo de 800 kg/m³): sua
resistência à compressão varia de 0,7 a 7,0 MPa, aos 28 dias. Não tem
finalidade estrutural, porém por conta da baixa condutividade térmica
são usados como de isolamento térmico por;
b. Concreto de moderada resistência (800 a 1350 kg/m³): com resistência
variando de 7 a 17 MPa, nos 28 dias, tem utilidade para enchimentos,
com características de isolamento térmico intermediárias.
c. Concreto leve estrutural (1350 a 2000 kg/m³): resistência, aos 28 dias,
acima de 17,2 MPa. Possuem menor isolamento térmicos e contém,
geralmente, xistos expandidos, argilas, ardósias, escórias e pedra-pome
como agregados graúdos.
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
Vermiculita
Perlita
Pedra-Pomes
Escória
Argila, folhetos e ardósia expandidas em forno rotativo
Argila expandida por esteira de sinterização ou ardósia, cinza volante e escória expandido
Concreto estruturalConcreto com resistência média
Concretoisolante
Figura 12: Intervalos típicos de valores de massa específica de concretos leves.
29
Segundo Neville (apud Silva 2003), o concreto leve tem teores de cimento
maiores do que os concretos normais, o que pode condicionar no aumento no custo
do concreto. Porém essa desvantagem é compensada pela redução no peso próprio
e menor carga nas fundações.
Os concretos leves ainda podem ser classificados em:
• Concretos com agregados leves, abordado anteriormente, que detêm de
uma maior aplicação estrutural;
• Concretos celulares, que constitui na incorporação de grandes vazios no
interior da massa do concreto;
• Concretos sem finos, que são formados por grandes quantidades de
vazios intersticiais, por causa da ausência do agregado miúdo.
2.2.1. CONCRETO LEVE COM ESPUMA DE POLIESTIRENO
EXPANDIDO (EPS)
Atualmente, as pranchas são compostas, basicamente, por três materiais: a
espuma de poliestireno expandido (que compreende da maior porção de material),
fibra de vidro e resina epóxi. Podem ser encontradas também com a espuma de
poliuretano (PU), substituindo o EPS, além da fibra de vidro e a resina tradicional.
Também conhecido pelos nomes comerciais de Isopor® e Styropor®, o
poliestireno expandido (EPS), Figura 13: Bloco de Poliestireno Expandido. Fonte:
ECIVILNET (acesso em 5 de fevereiro de 2019), foi descoberto em 1949 por Fritz
Stastny e Karl Buchholz, dois químicos que trabalhavam nos laboratórios da BASF,
na Alemanha.
30
Figura 13: Bloco de Poliestireno Expandido. Fonte: ECIVILNET (acesso em 5 de fevereiro de 2019)
De acordo com Serfaty e Montenegro (2002), o poliestireno expandido é uma
espuma rígida obtida por meio da expansão da resina de poliestireno (PS) durante a
sua polimerização.
No processo de expansão, as pérolas são submetidas à expansão em até 50
vezes o seu tamanho original, através de vapor, fundindo-se e moldando-se em
formas diversas. Expandidas, as pérolas consistem em até 98% de ar e apenas 2%
de poliestireno (ABRAPEX). Como é composto basicamente por vazios contendo ar e
fisicamente estável pode suportar variações térmicas de -70º a 80º Centígrados.
A ABNT NBR 11752:07 classifica o poliestireno em duas versões: Classe P,
não retardante à chama e Classe F, retardante à chama, com as identificações dos
produtos, respectivamente, nas cores azul e vermelha. E também pode ser
encontrado em três grupos de massa específica aparente: I - de 13 a 16 kg/m3, II - de
16 a 20 kg/m3, III - de 20 a 25 kg/m3.
Coincidentemente, o concreto leve com EPS (ver Figura 14: Matérias primas
do concreto leve com EPS e alguns exemplos de aplicação. Fonte: JUNOEPSR
(acesso em 05 de fevereiro de 2019)) também começou a ser desenvolvido em 1957
na BASF. A princípio, o processo foi muito lento devido ao alto preço das pérolas de
EPS, que na época era considerada material de luxo. Somente em 1968, houve uma
avaliação de que o concreto leve teria uma grande importância na construção civil,
por apresentar inúmeras vantagens sobre o convencional.
31
Figura 14: Matérias primas do concreto leve com EPS e alguns exemplos de aplicação. Fonte:
JUNOEPSR (acesso em 05 de fevereiro de 2019)
O isopor tem sido um material largamente utilizado em muitas aplicações
cotidianas graças ao seu desempenho, versatilidade e custo-eficácia. Nas três últimas
décadas, esse material ganhou uma posição estável na construção civil, por suas
características de:
• Baixa condutividade térmica: a estrutura de células fechadas dificulta a
passagem do calor;
• Leveza: densidade variável de 10 a 30 kg/m³, moderando o peso das
construções. Cabe lembrar que a diminuição da densidade afeta diretamente a
resistência do concreto;
• Resistência mecânica: apesar de muito leve, tem resistência à compressão
elevada de 1 a 2 kg/cm2 (Figura 15: Gráfico Deformação x Resistência à
compressão. Fonte: ABRAPEX (acesso em 15 de janeiro de 2019));
32
Figura 15: Gráfico Deformação x Resistência à compressão. Fonte: ABRAPEX (acesso em 15 de janeiro de 2019)
• Facilidade de manuseio: além do seu baixo peso que facilita no manuseio,
também é possível trabalhar com ferramentas habituais.
• Baixo custo: mesmo as eventuais quebras ele ainda é a opção de melhor custo-
benefício;
• Baixa absorção de água: Mesmo quando imerso em água o isopor absorve
apenas pequenas quantidades de água, por isso é designado como um
material hidrofóbico.
Sempre que não haja exigência de resistência a grandes esforços, esse tipo de
concreto pode ser usado com grande redução de peso em elementos das edificações.
Além do baixo peso, suas qualidades isolantes ampliam sua utilização dando um
grande passo a caminho da industrialização de componentes da construção civil.
(ABRAPEX, 2006).
Tanto para o concreto leve de EPS como para o concreto normal, as
propriedades não diferem tanto, porém, devem-se tomar alguns cuidados
com a trabalhabilidade, evitando desta forma a segregação dos materiais.
Devido à textura áspera e a baixa densidade dos agregados, os trabalhos de
lançamento, compactação e acabamento necessitam de menor esforço e, por
conseguinte, necessitam de menor abatimento. (Mehta e Monteiro apud
Soares, 2014)
33
O concreto leve, além de versátil e economicamente vantajoso, pode ser uma
excelente opção sustentável, pois como o material pode ser 100% reaproveitável.
Alguns lugares que contam com coleta seletiva de lixo podem utilizar o EPS moído na
produção de concreto leve para calçadas, quadras esportivas, bancos de jardim,
vasos, balaústres, casas pré-fabricadas, e outros. Pode-se usá-lo em quase tudo à
exceção de estruturas. Na Figura 16: Composição do concreto leve estrutural com pérolas
de EPS. Fonte: Thiago Catoia (2012) abaixo, mostra um corpo de prova experimental com
pérolas de isopor.
Figura 16: Composição do concreto leve estrutural com pérolas de EPS. Fonte: Thiago Catoia (2012)
34
3. MATERIAS E MÉTODOS
Neste capítulo apresenta-se a metodologia e os procedimentos adotados para
realizar a investigação do resíduo de prancha de surfe (RPS) como um dos
constituintes do concreto leve não estrutural.
O estudo experimental desta pesquisa foi dividido em três etapas: dosagem de
referência, ajuste de dosagem e dosagem com adição de RPS. Os traços do concreto
com RPS estudados continham cimento, agregado graúdo, agregado miúdo, água e
RPS. O RPS foi empregado, inicialmente, como uma proposta para sustentabilidade,
e, consequentemente, proporcionou redução do peso do concreto.
No âmbito das propriedades mecânicas, será analisado a resistência à
compressão, absorção de água por imersão, massa específica e índice de vazios,
para os concretos de diferentes dosagens. Para essas análises, foi preciso produzir
corpos de prova padronizados segunda a norma vigente.
Vale salientar que poucas foram as referências sobre o assunto tratado neste
trabalho, assim foram necessários utilizar estudos referentes ao concreto leve com
EPS, pois o poliestireno é o material de maior percentual nos rejeitos de prancha de
surfe.
3.1. CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS
Visando um melhor entendimento e organização deste trabalho, nesta primeira
etapa, foi descrita os ensaios de caracterizados de todos os constituintes do concreto
com RPS, antes de apresentar as dosagens.
Verificou-se que uma das principais preocupações para com o resíduo de
prancha (RPS) foi caracterização das suas propriedades mecânicas. Verificou-se
também, que existe um cuidado com a quantidade de impureza encontrada e a
granulometria do resíduo a ser inserido no concreto.
35
Primeiramente foi realizada uma caracterização dos elementos constituintes do
concreto: cimento, agregados graúdo e miúdos e o RPS, a ser acrescentado. Cabe
destacar que a água potável usada em todas as misturas é proveniente da rede de
distribuição da cidade de Macaé, Rio de Janeiro.
3.1.1. CIMENTO
O cimento usado nesta pesquisa foi o CPII-E-32. Não foram encontradas
especificações técnicas quanto a composição, características físicas e químicas do
fabricante do produto usado, porém como é um cimento comercializado no mercado,
deve atender os requisitos estabelecidos na norma ABNT NBR 16697:18. Assim, as
Tabela 1: Limites de composição do cimento, Tabela 2: Requisitos físicas e mecânicos
do cimento e Tabela 3: expõem, respectivamente, a composição, as características
físicas e as características químicas do cimento normatizado.
Tabela 1: Limites de composição do cimento
COMPOSIÇÃO PORCENTAGEM DE
MASSA (%)
Clinquer + sulfatos de cálcio 51 - 94
Escória granulada de alto-forno 06 - 34
Material pozolânico 0
Material carbonático 0 - 10
Fonte: ABNT NBR 16697:2018
36
Tabela 2: Requisitos físicas e mecânicos do cimento
ESPECIFICAÇÕES PARÂMETROS
Finura - peneira abertura 75 µm ≤ 12,0
Tempo de início de pega ≥ 60 min
Tempo de fim de pega ≤ 600 min
Expansibilidade à frio ≤ 5 mm
Expansibilidade à quente ≤ 5 mm
Resistência à compressão (3 dias) ≥ 10 MPa
Resistência à compressão (7 dias) ≥ 20 MPa
Resistência à compressão (28 dias) ≥ 32 MPa
Fonte: ABNT NBR 16697:2018
Tabela 3: Requisitos químicos do cimento Portland
ESPECIFICAÇÕES PORCENTAGEM DE MASSA
(%)
Resíduo insolúvel (RI) ≤ 5,0
Perda ao fogo (PF) ≤ 6,5
Trióxido de enxofre (SO₃) ≤ 4,5
Fonte: ABNT NBR 16697:2018
37
3.1.2. AGREGADOS GRAÚDO E MIÚDO
Para todo o estudo foram utilizados dois tipos de agregados: o graúdo, sendo
a brita 0, e o miúdo, sendo a areia fina.
O ensaio de composição granulométrica foi realizado do mesmo modo para os
dois tipos de agregados, de acordo com a NM 248:03. O material seco foi levado para
uma sequência de peneiras por 15 minutos, no agitador mecânica. O final do tempo,
o material passante foi levado para outra sequência de peneiras mais finas e os
retidos, em cada peneira, foi pesado. Na Figura 17 abaixo é mostrado o gráfico de
granulométrica dos agregados miúdo e graúdo realizado por da Silva (2019).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0,01 0,10 1,00 10,00 100,00
Ma
teri
al re
tid
o
Ma
teri
al p
assa
nte
Diâmetro (mm)
Areia Brita 0
Figura 17:Curva granulométrica da brita 0 e da areia fina. Fonte: Silva (2019)
Segunda Silva (2019) para a massa específica unitária da brita 0 foi usada a
norma NM 45:06 e a ABNT NBR 9776:87 para massa específica da areia fina.
A massa específica unitária do agregado graúdo foi obtida de acordo com o
método A, da norma citada anteriormente e executada por Silva (2019).
38
Relembrando o procedimento, em que num recipiente, exposto na
Figura 18 (a), o agregado é dividido em 3 camadas e com 25 golpes é adensado em
cada camada, registrando a massa ao final da última camada.
Assim, a massa unitária é mensurada conforme a equação (1):
𝜌𝑎𝑝 =𝑚𝑎𝑟 + 𝑚𝑟
𝑉
(1)
Onde:
ρap = a massa unitária do agregado;
mar = a massa do recipiente mais o agregado;
mr = a massa do recipiente vazio;
V = o volume do recipiente.
39
O ensaio para determinar a massa específica da areia fina foi o do frasco de
Chapman, mostrado na
Figura 18 (b), que consiste pela secagem do agregado na estufa à 105ºC,
posteriormente 500gf da amostra é coloca cuidadosamente no frasco, para que não
fique grãos no tubo, com 200ml de água destilada, e assim agitada afim de eliminar
as possíveis bolhas. Após é feito a leitura do nível da mistura água destilada/agregado
e calculado sua massa a partir da equação (2):
𝛾 =𝑚
𝑉 (2)
Onde:
𝛾 = densidade
𝑚 = massa do material
𝑉 = leitura – volume do solvente (200ml de água)
40
Figura 18: (a) Ensaio da massa específica unitária da brita 0; (b) Execução do ensaio do frasco de Chapman da areia. Fonte: Silva (2019
Na Tabela 4 abaixo são apresentadas as massas específicas dos agregados
miúdo e graúdo, respectivamente:
Tabela 4: Propriedades dos agregados
PROPRIEDADES
Massa específica da areia (kg/m³) 2632
Massa específica unitária da brita (kg/m³) 2625
Fonte: DA SILVA (2019)
41
3.1.3. RESÍDUO DE PRANCHA DE SURFE (RPS)
3.1.3.1. COLETA DA AMOSTRA
A coleta do resíduo de prancha de surfe foi realizada manualmente utilizando
utensílios como pá, vassoura e sacos plásticos. Foi coletado um saco de RPS, com
cerca de 150 litros, que equivale a aproximadamente 8-10 pranchas, produzidas em
um período de 15 a 20 dias de trabalho intenso, antes do verão, segundo Leandro. A
Figura 19 apresenta a sequência da coleta dos resíduos de RPS na fábrica de
pranchas de surfe do Leandro Santos.
42
Figura 19: Sequência de coleta inicial do RPS na fábrica de pranchas
Os resíduos foram armazenados em um saco, lacrados e identificados. Sendo
posteriormente transportado de carro, entre a oficina e o laboratório da Universidade
Federal do Rio de Janeiro em Macaé, Rio de Janeiro. Na Figura 20, mostra o saco de
RPS coletado já no interior do laboratório na UFRJ/Macaé.
Figura 20: Saco de RPS coletado e transportado para o laboratório
43
3.1.3.2. SEPARAÇÃO DA AMOSTRA
Neste ponto cabe mencionar que, a estrutura do laboratório da engenharia civil
em Macaé, não possuía meios de triturar todo o resíduo que foi coletado.
Para obter o material final empregado no estudo, foram realizados 2 processos
de seleção da amostra. O primeiro consistiu, basicamente, na separação dos resíduos
de prancha maiores, como: bloco de isopor, plásticos, madeira, papel e fibra de vidro.
Lembrando que esses materiais poderiam ser utilizados caso o laboratório tivesse
adequadamente equipado. A Figura 21 apresenta o processo de seleção manual das
partes maiores dos resíduos de prancha.
Figura 21: Separação dos rejeitos maiores
44
Após a separação dos resíduos maiores, a amostra foi colocada na peneira
com abertura de 6,35 mm (1/4”) (
Figura 22 (a)), e submetida ao agitador mecânico onde ficou por aproximadamente 1
minuto, na máxima frequência do equipamento. O material passante na peneira foi
selecionado para a pesquisa e o retido foi adicionado ao material selecionado no
primeiro processo (
Figura 22 (b)).
45
Figura 22: (a) RPS sendo colocado na peneira de abertura 6,35mm; (b) Material retido após a
peneiração
3.1.3.3. MASSA ESPECÍFICA DO RPS
Como o RPS é constituído por uma série de materiais que possuem
propriedades distintas, foi necessário realizar um ensaio para saber sua massa
específica, com base NBR 9776:87.
A norma estabelece que é necessário pesar 500 g do material ensaiado e
colocá-lo no frasco Chapman com 200 mL, posteriormente é necessário movê-lo de
forma a eliminar as bolhas de ar. Para o caso do RPS, foi adotado uma modificação
do valor a ser pesado para 50 g. Após todos os procedimentos, verificou-se que o
RPS flutuou na água, isso fez com que a leitura do nível do frasco não fosse exata,
como pode ser visto na Figura 23. Em tempo, vale mencionar que este comportamento
era esperado, mas como os recursos existentes só possibilitavam esta tentativa, a
decisão foi de arriscar,
46
Figura 23: Detalhe do RPS no frasco Chapman
Para estipular o valor da massa específica do RPS, foi usada novamente a
equação (2). Contudo, notou-se que a massa específica da amostra não ficou próximo
aos valores pré-determinados para o poliestireno expandido (material em maior
quantidade), pela ABNT NBR 11949:07. Logo, foi adotado o valor para massa
específica de 25 kg/m³ definido na referida norma.
3.2. ESTUDO DA DOSAGEM
“Entende-se por estudo de dosagem dos concretos de cimento Portland os
procedimentos necessários à obtenção da melhor proporção entre os materiais
constitutivos do concreto, também conhecido por traço.” (ISAIA, 2011)
Isaia (2011) também recomenda para pesquisas de uma determinada propriedade
do concreto, que seja realizado o estudo de dosagem com 5 traços diferentes. Dentre
47
esses traços, eles se diferem em dois grupos de corpos de prova: grupo 1 (mesmo
fator a/c e variando o teor de RPS) e grupo 2 (mesmo teor de RPS e variam o fator
a/c).
3.2.1. DOSAGEM DE REFERÊNCIA
A primeira etapa da pesquisa foi elaborar um estudo-piloto da dosagem do
concreto de referência. Executou-se um traço inicial para um concreto com resistência
aos 28 dias (fcc28) de 15 MPa, conforme a dosagem empírica das notas de aula do
Professor Edmundo Rodrigues da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Foi usado um método empírico para que os concretos confeccionados
chegassem o mais próximo possível da realidade de um canteiro de obra.
As notas usam a curva de Abrams para encontrar o fator água-cimento (a/c),
ilustrada na Figura 24 a seguir.
Figura 24: Curva de Abrams. Fonte: Clube do concreto (acesso em 28 de janeiro de 2019)
Para cada dosagem estudada foram determinadas quantidades de materiais
(traço – cimento:areia:brita:água) para proporção de mistura em massa, sendo que os
agregados foram secos em estufa para não possuírem umidade e,
consequentemente, não necessitarem de correções no traço.
48
Como mostra na Tabela 5: Traço de referência o traço de referência
inicialmente calculado foi:
Tabela 5: Traço de referência
MATERIAIS EMPREGADOS PESO (kg)
Cimento 1
Areia Úmida 3,471
Brita 0 4,418
Água 0,8
Foi elaborado também um traço conforme o método da Associação Brasileira
de Cimento Portland, que leva em consideração os consumos dos materiais usados.
Esse método foi criado na década de 80 por meio de experimentos, porém hoje em
dia, por conta das mudanças dos matérias de construção, ele é considerado
desatualizado, não sendo utilizado para se obter diretamente um traço mas sim uma
base para molde de corpos de prova (Falcetta, 2017?).
Em comparação ao método de dosagem do Professor Edmundo, foi realizado
a dosagem racional pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), para que
não aja tanta discrepância entres os métodos empírico e racional. O método da ABCP
49
Esse método racional. Como exposto na Tabela 6
Tabela 6: Traço-base de acordo com a ABCP
MATERIAIS EMPREGADOS PESO (kg)
Cimento 1
Areia Úmida 3,193
Brita 0 3,000
Água 0,8
3.2.2. AJUSTES DE DOSAGEM
Segundo Rossignolo apud Schwantes (2012), de maneira geral, os métodos
utilizados para dosagem de concretos leves, são os mesmos aplicados nos concretos
convencionais. No entanto, quatro fatores devem ser considerados:
i. a necessidade de projetar um concreto com massa específica
partículada;
ii. a absorção de água dos agregados leves;
iii. a variação da massa específica do agregado leve em função de sua
dimensão;
iv. a influência das características dos agregados leves nas propriedades
dos concretos.
Como o objetivo do trabalho é estudar o comportamento do concreto com
adição de RPS comparando com um concreto de referência, foi preciso levar em conta
o ítem ii acima, citado por Schwantes (2012). Para melhorar a trabalhabilidade do
concreto leve se fez necessário aumentar o fator água/cimento (a/c), pois com o fator
do traço referência a massa se encontrava no estado de “farofa”. Assim, de maneira
experimental o traço foi corrigido e explicitado na Tabela 7Tabela 7
50
Tabela 7: Traço com correção do fator a/c
MATERIAIS EMPREGADOS PESO (kg)
Cimento 1
Areia Úmida 3,471
Brita 0 4,418
Água 1,50
Porém, com o aumento do fator a/c, a resistência de 15 MPa que estava sendo
usada de referencial para o concreto convencional foi perdida. A quantidade de água
em relação ao cimento é a principal responsável pela resistência química e mecânica
do concreto, e pela segregação dos materiais.
3.2.3. DOSAGEM COM ADIÇÃO DE RPS
O estudo da dosagem das adições de RPS se deu, a princípio substituindo, em
massa, os valores de 5% e 10% da areia. Foram elaborados 4 traços com essas
substituições, afim de avaliar tanto a variação do fator a/c como o teor de RPS. A
Tabela 8 apresenta os traços elaborados na pesquisa.
Tabela 8: Traços elaborados
NÚMERO DO TRAÇO
NOME DADO AO TRAÇO
PERCENTUAL DE SUBSTITUIÇÃO DA
AREIA FATOR A/C
1º SURFE 1 5% 1,5
2º SURFE 2 5% 1,25
3º SURFE 3 5% 1,75
4º SURFE 4 10% 1,5
51
Desta forma, as dosagens dos concretos são expostas da Tabela 9Tabela 9
Tabela 9: Dosagem do concreto com RPS
MATERIAL SURFE 1 (kg) SURFE 2
(kg) SURFE 3
(kg) SURFE 4
(kg)
Cimento 1 1 1 1
Areia Úmida 3,298 3,298 3,298 3,124
Brita 0 4,418 4,418 4,418 4,418
RPS 0,174 0,174 0,174 0,347
Água 1,50 1,75 1,25 1,50
Ao decorrer do estudo, notou-se que a utilização desses valores de RPS, que
inicialmente aparentavam ser pequenos em massa, tornou-se uma porcentagem
elevada quando colocados em volume. Naturalmente, isso aconteceu por conta a
baixa massa especifica do poliestireno expandido (25 kg/m³). Assim, quando os traços
foram transformados de massa para volume, o percentual de substituição resultou em
53% nos traços SURFE 1, SURFE 2 e SURFE 3, e 69% para o traço SURFE 4.
Os cálculos das dosagens do concreto podem ser encontrados no Apêndice B.
3.3. MISTURA
Após a pesagem de duas medidas de cada traço os materiais foram sendo
adicionados a betoneira de 150 L (ver Figura 25).
Para o concreto convencional, a ordem de colocação dos materiais na betoneira
foi:
1. Toda a brita e 50% da água, tempo decorrido de mistura 1 min;
2. Foi adicionado toda a areia, transcorrido 1 min;
52
3. Incluído todo o cimento, passado 1 min girando;
4. Por final, foi introduzido o restante da água. A mistura continuou sendo
realizada até a consistência adequada ter sido observada, neste caso, uma
massa bem homogênea(*).
(*) Observação: a verificação da consistência da massa foi realizada de forma táctil-visual
Já para o concreto leve a ordem foi a seguinte:
1. Toda a brita e 50% da água, passando-se 1 min;
2. Foi adicionado toda a areia, 1 min de giro;
3. Introduzido todo o RPS, decorrido 1 min de mistura;
4. Incluído todo o cimento, e deixando 1 min girando;
5. Adicionado o restante da água, transcorrido tempo suficiente para constatar
a homogeneidade da mistura.
Figura 25: Bentoneira de 150 L e Materiais do traço pesado
3.3.1. DIFICULTADES ENCONTRADAS COM RPS
Algumas dificuldades foram encontradas ao realizar as misturas dos traços com
RPS (SURF 1, SURF 2, SURF 3 e SURF 4). O local no qual é disposto para a
realização da mistura na betoneira (ver Figura 26: Área externa do laboratório de
engenharia civil UFRJ – Macaé), se encontra na área externa do laboratório. Mediante
a isso, o principal empecilho deparado, no momento da atividade, foi o vento, no qual
53
dificultou a colocação do RPS, bem como a permanência do material dentro da
betoneira.
Figura 26: Área externa do laboratório de engenharia civil UFRJ – Macaé
Na Figura 27 (a) apresenta o instante em que o RPS é introduzido na betoneira,
é possível visualizar que algumas partículas do material são perdidas por causa da
ação do vento. Para contornar esse fato durante a rotação da betoneira, houve a
necessidade de tampar a betoneira com um plástico, até que a mistura atingisse o
estado homogêneo. Na Figura 27 (b) mostra a proteção de plástico no momento da
rotação da betoneira.
54
Figura 27: (a) Colocação do RPS na betoneira; (b) Betoneira com proteção de plástico
Vale evidenciar, que outra dificuldade constatada foi na quantidade de água na
mistura dos concretos com RPS. Como dito anteriormente na parte de ajuste de
dosagem, o traço referência foi calculado para um fator a/c de 0,8, porém notou-se
que o RPS absorvia parte da água da mistura, fazendo com que o concreto ficasse
com um estado de “farofa”. Logo foi feito, de maneira gradual, o aumento da
quantidade de água até chegar em 1,50, onde percebeu-se que a massa obteve
aspecto mais pastoso (ver Figura 28).
55
Figura 28: Concreto no estado de “farofa” e oncreto com aspecto mais pastoso
3.4. MOLDAGEM
Seguindo a ABNT NBR 5738:15, foi possível moldar 6 corpos de prova
cilíndricos com o diâmetro de 10cm e altura 20cm para cada traço, com exceção do
SURFE 4 que rendeu 8 corpos de prova. Verificou-se que o traço rendeu mais que o
esperado. Devido ser o último traço a ser executado, já se esperava em média de 5
unidades para cada traço. A explicação está associada a baixa massa específica do
RPS, bem menor que a massa específica da areia, gerando assim, um aumento
considerável do volume da mistura. Outro ponto observado foi de tornar os corpos de
prova muito mais leve que os outros. A Figura 29 exibe a sequência de moldagem
dos corpos de prova. O adensado foi feito manualmente, com uma haste metálica, em
duas camadas com 12 golpes cada uma, como dito em norma.
56
Figura 29: Sequência de moldagem dos corpos de prova
57
3.5. CURA
A cura inicial, realizada para todas as misturas analisadas, foi de
aproximadamente 24 horas, em local protegido, dentro do laboratório. Depois
ocorreram as etapas de desmoldagem e de identificação do material (Figura 30).
Figura 30: Corpo de prova do SURFE 3 desmoldados após 24 horas e identificados
Posteriormente, todos os corpos de prova foram colocados em taque de água
por 28 dias, onde só saíram para a realização dos ensaios. Na Figura 31 onde mostra
os copos de prova no tanque, pode-se observar o surgimento de bolhas de ar quando
corpos de prova do SURF 4 foram submersos. A partir disso, já se pôde concluir que
uma maior porosidade dos concretos com RPS.
Figura 31: Corpo de prova dentro do tanque de cura
58
3.6. ENSAIOS COM O CONCRETO LEVE COM RPS
Para esta etapa foram utilizadas as seguintes normas ABNT NBR 5739:18 para
a realização do ensaio de compressão; e ABNT NBR 9778:05 para os ensaios de
absorção, índice de vazios e massa específica.
Os 6 corpos de prova cilíndricos de cada traço foram distribuídos da seguinte
maneira: 5 para a resistência à compressão e 1 para determinação da absorção,
índice de vazios e massa específica.
Como somente no caso do SURFE 4 tiveram 2 corpos de prova a mais, eles
foram realocados um para cada ensaio, ficando 6 para o ensaio de resistência a
compressão e 2 para o de determinação de absorção e índice de vazios.
Os ensaios foram executados aos 28 dias e os resultados, em valores médios,
para a resistência à compressão, absorção e incide de vazios são descritos no
próximo capítulo.
3.6.1. ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
A resistência à compressão axial é uma característica significativa na avaliação
das estruturas de concreto, fornecendo uma boa indicação da capacidade dos
elementos em resistir a esforços sem entrar em colapso, que consequentemente está
relacionada a qualidade do material utilizado.
A preparação dos corpos de prova para o ensaio foi realizada com o emprego
de uma retificadora com disco rotativo diamantado, mostrado na Figura 32. A
retificação dos mesmos foi executada de acordo com a ABNT NBR 5738:15 com o
intuito de promover a regularização do topo e a base, que ficam em contato com os
pratos do atuador hidráulico. Fazendo essa regularização da superfície, livra o corpo
de prova de ondulações e abaulamentos, que reduz a concentração de tensões
durante o ensaio.
59
Figura 32: Retificadora com disco rotativo diamantado
A resistência à compressão (𝑓𝑐) de cada corpo de prova foi obtida dividindo-se
a força de ruptura (𝑄), obtida a partir da leitura na presa hidráulica, pela área da seção
transversal do corpo de prova, conforme a equação (3):
𝑓𝑐 =4𝑄
𝜋𝑑²
(3)
Na Figura 33 observa-se o corpo de prova durante a realização do ensaio de
compressão, antes da ruptura.
Figura 33: Corpo de prova na prensa hidráulica
60
A seguir, na Figura 34, tem-se o corpo de prova fissurado após a ruptura, ao
término do ensaio.
Figura 34: Corpo de prova após a ruptura
3.6.2. ENSAIO DE ABSORÇÃO DE ÁGUA
A realização do ensaio consistiu em 3 pesagens dos corpos de prova. A
primeira pesagem os corpos de prova foram retirados do tanque de cura e
transportados direto para a estufa, onde permaneceu por um período de 72 horas e
em seguida realizada a coleta das massas secas.
Para a segunda pesagem dos mesmos imerso em água, foram necessários
fazer duas adaptações do procedimento da ABNT NBR 9778:05, onde é recomendado
a imersão da amostra por 72 horas e, posteriormente, a fervura durante 5 horas antes
de registra sua massa. Porém levando em conta o pouco tempo que havia para a
realização do ensaio e a escassez de equipamentos, foi preciso imergir a amostra por
mais de 72 horas e avançar a etapa de fervura, e assim suceder a pesagem do corpo
de prova saindo diretamente do tanque para a balança hidrostática.
61
Alguns cuidados foram tomados para que, ao retirar alguns corpos de prova, o
mesmo não incorporasse nenhum ar, e consequentemente não afetasse no ensaio.
Para isso, conforme mostrado a Figura 35, foi crucial a utilização de um balde para
transportá-los até a balança hidrostática.
Figura 35: Sequencia que mostra o transporte dos corpos de prova do tanque para a balança hidrostática com ajuda de um balde
A terceira pesagem dos corpos de prova saturado, foi realizada logo após a
segunda, com o auxílio de um pano úmido para enxugados.
62
Após a realização das 3 pesagens, para o cálculo de absorção de água e índice
de vazios, utilizou-se as equações (4) e (5), respectivamente:
𝐴 =𝑚𝑠𝑎𝑡 − 𝑚𝑠
𝑚𝑠 𝑥 100
(4)
Onde:
A = absorção de água;
msat = massa da amostra saturada em água após a imersão;
ms = massa da amostra seca em estufa.
𝐼𝑣 =𝑚𝑠𝑎𝑡 − 𝑚𝑠
𝑚𝑠𝑎𝑡 − 𝑚𝑖 𝑥 100
(5)
Onde:
Iv = índice de vazios;
msat = massa da amostra saturada em água após a imersão;
ms = massa da amostra seca em estufa;
mi = massa da amostra imersa em água.
Para a determinação das massas específicas seca, massa específica saturada
e massa específica real, os cálculos, pelas equações (6), (7) e (8) foram os seguintes:
𝜌𝑠 =𝑚𝑠
𝑚𝑠𝑎𝑡 − 𝑚𝑖
(6)
Onde:
ρs = massa específica da amostra seca;
msat = massa da amostra saturada em água após a imersão;
ms = massa da amostra seca em estufa;
mi = massa da amostra imersa em água.
63
𝜌𝑠𝑎𝑡 =𝑚𝑠𝑎𝑡
𝑚𝑠𝑎𝑡 − 𝑚𝑖
(7)
Onde:
ρsat = massa específica da amostra seca;
msat = massa da amostra saturada em água após a imersão;
mi = massa da amostra imersa em água.
𝜌𝑟 =𝑚𝑠
𝑚𝑠 − 𝑚𝑖
(8)
Onde:
ρr = massa específica da amostra seca;
msat = massa da amostra saturada em água após a imersão;
mi = massa da amostra imersa em água.
64
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo é apresentado os resultados da investigação experimental a
respeito dos diferentes traços de concreto leve com RPS realizados neste estudo. São
apresentados, descritos e analisados os resultados dos ensaios de resistência à
compressão, absorção por imersão, índice de vazios e massa específica.
4.1. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
A resistência à compressão do concreto de referência (concreto convencional)
obtida foi menor do que a da dosagem para o qual fora projetado (15MPa). Este
fenômeno pode ser atribuído ao aumento do a/c que contribuiu para a segregação dos
agregados, resultando na diminuição da resistência.
Nas Tabela 10Tabela 10 e Tabela 11 são apresentados os resultados do ensaio
resistência à compressão para os concretos do grupo 1 e grupo 2 aos 28 dias, com a
finalidade de caracterizar os concretos leves estudados.
Tabela 10: Resistência a compressão do grupo 1 com variação no teor de RPS
GRUPO 1
CONCRETOS
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
Referência SURF 1 SURF 4
CP 1 4,53 1,35 0,41
CP 2 4,52 1,30 0,52
CP 3 4,78 1,35 0,56
CP 4 5,02 1,12 0,55
CP 5 5,02 1,12 0,46
Média 4,78 1,30 0,52
65
Tabela 11: Resistência a compressão do grupo 2 com variação no fator a/c
GRUPO 2
CONCRETOS
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
SURF 2 SURF 1 SURF 3
CP 1 1,09 1,35 1,93
CP 2 1,24 1,30 2,01
CP 3 1,22 1,35 1,97
CP 4 1,36 1,12 2,42
CP 5 1,09 1,12 1,88
Média 1,22 1,30 1,97
As tabelas com as leituras das cargas de ruptura realizadas no ensaio de
compressão são encontradas no Apêndice C.
A partir destes resultados foram gerados gráficos, nos quais são apresentados
de acordo com cada grupo analisado. Em cada gráfico estão os resultados dos 5
corpos de prova, eliminando a média. A Figura 36 apresenta o gráfico de resistência
à compressão do grupo 1; e a Figura 37 exibe o gráfico de resistência à compressão
do grupo 2.
66
0
1
2
3
4
5
6
0 1 2 3 4 5 6
Re
sis
tência
à C
om
pre
ssã
o
(MP
a)
Corpo-de-prova
Convencional SURF 1 SURF 4
Figura 36: Gráfico Resistência à Compressão versus Corpos de prova do grupo 1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0 1 2 3 4 5 6
Re
sis
tência
à C
om
pre
ssã
o
(MP
a)
Corpo-de-prova
SURF 2 SURF 1 SURF 3
Figura 37: Gráfico Resistência à Compressão versus Corpos de prova do grupo 2
Analisando o grupo 1, verifica-se que quando adicionado os teores de 5% para
o traço SURF 1 e 10% para o traço SURF 4 em relação a massa da areia (que equivale
a 53% e 69% em relação ao volume de materiais) do traço referência, observou-se
uma redução de 73% e 89% da média da resistência à compressão em relação ao
concreto de referência (Tabela 10: Resistência a compressão do grupo 1 com variação
no teor de RPS).
67
Para o grupo 2, quando retirado 0,25 do fator a/c no traço SURF 2, houve uma
redução da média da resistência à compressão de 6%, em relação ao traço SURF 1.
E quando adicionado 0,25 do fator a/c no traço SURF 3, ocorreu o aumento de 55%
da média da resistência à compressão, em relação ao traço SURF 1 (Tabela 11:
Resistência a compressão do grupo 2 com variação no fator a/c).
Mediante esses dados, observa-se um comportamento não linear da variação
média da resistência à compressão tanto em relação ao teor de RPS (grupo 1) como
no fator a/c (grupo 2). Os resultados foram plotados nos gráficos das Figura 38 e
Figura 39 , onde mostra que o ajuste linear obtido não descreveu a tendência dos
pontos.
y = -0,4255x + 4,3027R² = 0,8693
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
0 5 10 15
Re
sis
tência
à C
om
pre
ssã
o
(MP
a)
Teor de RPS (%)
Figura 38: Gráfico Resistência à Compressão média x Teor de RPS (%) em relação ao volume dos materiais
68
y = -0,4255x + 4,3027R² = 0,8693
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
0 5 10 15
Re
sis
tência
à C
om
pre
ssã
o
(MP
a)
Teor de RPS (%)
Figura 39: Gráfico Resistência à Compressão média x Fator a/c nos concretos com 5% de RPS
Um detalhe que deve ser salientado é que se observou, somente após a
ruptura, foram observadas aberturas no interior dos concretos leves com RPS dos
traços SURF 1, SURF 2 e SURF 4 (em destaque na Figura 40: Aberturas realizadas
pela haste de adensamento), decorrente da ineficiência do adensamento com haste.
O motivo pelo qual houve a existência destas aberturas se dá pelo baixo fator a/c em
relação ao teor de RPS, que impediu os materiais assentarem nos moldes. O que,
consequentemente, pode ter prejudicado a resistência à compressão dos traços
citado. Uma alternativa para esse caso seria realizar o adensamento de maneira
mecânica utilizando vibradores.
69
Figura 40: Aberturas realizadas pela haste de adensamento
Outro fato que deve ser ressaltado é que o concreto com adição de RPS (SURF
1, SURF 2, SURF 3 e SURF 4), mesmo após a ruptura permaneceram na forma da
moldagem, sem lascamento, conforme apresentado na Figura 41 abaixo.
Figura 41: Concreto leve com RPS após o ensaio de compressão
70
Após a ruptura, de uma forma geral, a maioria dos corpos de prova teve suas
superfícies de ruptura formadas acima do centro de gravidade do corpo de prova de
concreto A Figura 42 apresenta diversos corpos de prova após o processo de
rompimento na prensa hidráulica do laboratório de engenharia civil da UFRJ/Macaé.
Figura 42: Corpos de prova rompidos acima do centro de gravidade
Este fato pode ser explicado por Mehta e Monteiro (apud Soares, 2014), pois
devido à baixa densidade do isopor (material de maior porção do RPS) ocorre um
fenômeno chamada flutuação do agregado, aonde os agregados convencionais, pela
maior massa específica, se concentram na parte inferior enquanto o isopor na parte
superior.
De forma a analisar esse fenômeno, os corpos de prova da pesquisa foram
submetidos a um corte longitudinal através de uma serra de corte especial. A Figura
43, exibe o processo de corte do corpo de prova com a serra mármore. É possível
observar que foi preciso mudar o corpo de prova de posição quando o disco da serra
chegava ao limite. O processo teve que ser adaptado, pois nenhum dos equipamentos
do laboratório eram adequados para a execução do serviço.
71
Figura 43: Processo de corte do corpo de prova com a serra mármore
A Figura 44: Segregação do RPS no corpo de prova mostra em destaque um
dos corpos de provas cortados no plano longitudinal.
Figura 44: Segregação do RPS no corpo de prova
De uma forma geral, é possível analisar que a parte superior do corpo de prova
contém mais pontos brancos (RPS) enquanto na parte inferior observa-se uma menor
72
concentração. Isto pode ser um indicativo de que houve uma segregação do resíduo
durante a cura do concreto.
Para maiores detalhes acerca da quantidade de RPS nas partes superior e
inferior dos corpos de provas ver apêndice A. Lembrando que, o processo baseia-se
em uma contagem aproximada.
Cabe observar que a parte do centro do corpo de prova não foi contabilizada
nesta análise, pois por conta do processo de corte imperfeito, pode-se ter perdido
parte do material. Incialmente, tentou-se cortá-los com uma serra policorte, porém os
discos disponíveis não eram adequados para tão operação.
Assim, a segunda tentativa de corte foi realizada com a serra mármore
(Tipo Makita), obteve-se sucesso, entretanto o disco da mesma não alcançava o
interior do corpo de prova, assim fez-se necessário força-lo mecanicamente para que
pudesse separar as partes.
4.2. ABSORÇÃO DE ÁGUA, ÍNDICE DE VAZIOS E MASSA ESPECÍFICA
Na Tabela 12 são apresentadas as massas das amostras mesuradas conforme
expostas no capítulo anterior. Deve-se frisar que para o SURF 4, os resultados
expressos em todas as tabelas e gráficos são dados pela média dos dois corpos de
prova informado anteriormente.
Tabela 12: Tabela das massas dos corpos de prova
CONCRETOS
MASSAS (kg)
SECA SATURADA IMERSA
Referência 2,574 2,9295 1,4009
SURF 1 2,2261 2,634 1,1448
SURF 2 2,165 2,5325 1,116
73
SURF 3 2,4795 2,773 1,5094
SURF 4 1,6335 2,0895 0,744
A Tabela 13Tabela 13, mostra os resultados do percentual de absorção de
água e índice de vazios. Pode-se observar que o traço SURF 4 apresentou o maior
percentual de absorção de água, enquanto que o traço de referência apresentou o
menor percentual de absorção.
O comportamento do índice de vazios segue de maneira similar a absorção de
água, tendo o SURF 4 com o maior índice de vazios e os traços SURF 3 e o de
referência empatando com o menor índice de vazios. Conforme pode ser visto da
Figura 45.
Tabela 13: Tabelas dos resultados dos ensaios de absorção de água e índice de vazios
CONCRETOS ABSORÇÃO DE ÁGUA
(%) ÍNDICE DE VAZIOS
(%)
Referência 12% 23%
SURF 1 18% 27%
SURF 2 17% 26%
SURF 3 14% 23%
SURF 4 28% 34%
Os dados detalhados dos ensaios encontram-se no Apêndice D.
Avaliando os valores da absorção de água e do índice de vazios de cada traço
estudado, constata-se que para esse conjunto de dosagem o índice de vazios é
sempre maior que a absorção de água.
74
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
Referência SURF 1 SURF 2 SURF 3 SURF 4
Absorção de água Índice de vazios
Figura 45: Gráfico do percentual de absorção de água e índice de vazios por dosagem
O aumento do teor de RPS (SURF 4) e a variação do fator a/c (SURF 1 e 2) no
concreto leve proporcionaram um aumento do percentual da absorção de água e
índice de vazios. Esse fato pode ser explicado devido a porosidade do agregado, e a
aparição das aberturas devido ao adensamento ineficiente desses traços (ver Figura
42).
Segundo o CEB-192 (1998) apud Silva (2006), a qualidade do concreto pode
ser relacionada com a sua qualidade quando: inferior a 3,0% baixa absorção e boa
qualidade; de 3,0% a 5,0% absorção e qualidade média; e superior a 5,0% indica alta
absorção e qualidade pobre.
De acordo com Helene (1983) apud Levy (2001), a durabilidade dos concretos
pode ser classificada, segundo sua absorção de água, em duráveis, quando o
percentual é menor do que 4,2%; normais, quando está entre 4,2% e 6,3%; e
considerados deficientes quando valores maiores que 6,3%. E em função da
porosidade (índice de vazios) é considerado duráveis quando menor que 10%;
normais entre 10 a 15%; e deficientes quando maior que 15%.
Com isso, para todos os traços deste estudo, os resultados de absorção de
água e índice de vazios indicam que os concretos apresentam alta absorção,
qualidade pobre e deficientes.
75
A menor massa específica real é de 1824 g/cm³ do traço SURF 4, e o traço de
referência é o que possui maior valor de massa específica real, de 2556 g/cm³, o que
indica uma redução da 29%. Como informado na Tabela 14.
Tabela 14: Tabela de massa específica da amostra seca, saturada e real
CONCRETOS
MASSA ESPECÍFICA
AMOSTRA SECA (g/cm³)
AMOSTRA SATURADA (g/cm³)
REAL (g/cm³)
Referência 1962 2195 2556
SURF 1 1495 1769 2059
SURF 2 1528 1788 2064
SURF 3 1684 1916 2194
SURF 4 1181 1533 1824
Para a massa específica seca e saturada também apresentou seus valores
extremos para os traços SURF 4 e de referência, maior e menor, respectivamente (ver
Figura 46: Gráfico da massa específica seca, saturada e real). O concreto leve possui
massa específica seca 40% menor do que o concreto convencional, já para a massa
específica saturada esse percentual é de 30%.
76
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Referência SURF 1 SURF 2 SURF 3 SURF 4
Massa específica seca Massa específica saturada
Massa específica real
Figura 46: Gráfico da massa específica seca, saturada e real
Os valores obtidos nos ensaios também permitem observar que os concretos
com massas específicas menores apresentaram índice de vazios maiores em sua
estrutura, e com isso apresentaram valores maiores de absorção de água. Para a
visualização, segue a Figura 47: Gráfico da relação entre a massa específica, índice
de vazios e absorção de água a seguir que relaciona as três propriedades.
0
500
1000
1500
2000
2500
Referência SURF 1 SURF 2 SURF 3 SURF 4
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
Massa específica seca Absorção de água Índice de vazios
Figura 47: Gráfico da relação entre a massa específica, índice de vazios e absorção de água
77
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
Foi realizada uma pesquisa experimental com o intuito de verificar algumas
propriedades de um concreto leve com RPS - não estrutural - frente a um traço de
referência.
As conclusões aqui expostas não devem ser tomadas de maneira absoluta, em
virtude de estarem associadas a resultados de concretos que foram desenvolvidos
com tipos de matéria e técnicas de execução específicas.
Explorando os resultados obtidos no programa experimental, pode-se obter as
conclusões nos itens subsequentes. Lembrando que os traços foram divididos em dois
grupos: grupo 1 (referência, SURF 1 e SURF 4) e grupo 2 (SURF 1, SURF 2 e SURF
3).
5.1. TRAÇOS COM A VARIAÇÃO DE RPS (SURF 1 E SURF 4) – GRUPO 1:
O aumento do teor de RPS nos concretos leve diminuiu a sua massa específica
em 19%, para o SURF 1, e 28%, para o SURF 4, ambos em relação ao concreto
padrão.
Houve uma redução acentuada da resistência à compressão, proporcional ao
aumento do teor de RPS. Para o SURF 1 em média essa perda de resistência foi de
73%, e para o SURF 4 foi de 89%.
As propriedades de absorção e índice de vazios aumentaram, sendo para o
SURF 1 foi de 55% e 18%, respectivamente; e para o SURF 4 de 137% e 46%.
5.2. TRAÇOS COM A VARIAÇÃO DO FATOR A/C (SURF 2 E SURF 3) – GRUPO
2:
78
A redução do fator a/c do SURF 2, em relação ao SURF 1, proporcionou uma
perda de 6% na resistência à compressão do concreto leve. Já com o aumento do a/c,
no caso do SURF 3, decorreu de um aumento de 52% na resistência.
A adição de água no SURF 3, contribuiu para o aumento de 6% da massa
específica. Em contrapartida, a redução da água, não alterou a massa específica do
concreto leve.
Ocorreu um curioso aumento, porém não muito expressiva, da absorção e
índice de vazios do SURF 2, comprando com o SURF 1, de apenas 7% e 5%,
respectivamente. Já para o SURF 3, ao aumentar a quantidade de água, notou-se um
aumento de 25% e 15%.
5.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados do ensaio de compressão, pode-se afirmar que o
concreto com adição de RPS apresenta resistência à compressão inferior ao concreto
convencional. Provavelmente, este fato deve-se ao aumento da porosidade da
mistura, em função da substituição do agregado pelo RPS, além de uma possível
menor interação entre o RPS e o cimento.
Os valores obtidos nos ensaios permitem que o concreto seja utilizado apenas
para fins de isolamento térmico. Ressaltando que não deve ser utilizado para fins
estruturais.
Naturalmente, as perdas percentuais nas propriedades mecânicas de
resistência à compressão eram aguardadas. Porém, pôde-se observar que o RPS
atribuiu ao concreto a capacidade de se deformar antes de sofrer a ruptura.
As massas específicas dos concretos leve com RPS foram reduzidas quando
comparada com a massa do traço de referência.
O aumento significativo dos percentuais de índice de vazios e absorção de
água, demonstram que o RPS atua como um agente incorporador de vazios. A
dificuldade do adensamento, dado pela perda da trabalhabilidade da mistura, em
79
alguns traços, resultou nas aberturas feitas pela haste, o que pode ter influência nesse
acréscimo também.
Mesmo com suas propriedades inferiores ao do concreto convencional, o
concreto leve de RPS ainda é um material interessante para a utilização em
construções, já que sua massa específica reduzida é uma característica desejada
para as estruturas de concreto armado, pois reduz os esforços solicitantes gerando
pelo peso próprio e consequentemente diminui os custos das construções no geral.
Algumas sugestões para futuras pesquisas são:
• Elaborar uma análise estatística da segregação do RPS nos corpos de prova;
• Calcular, executar e ensaiar dosagens menores de RPS, medidas em volume;
• Repetir a pesquisa com o poliuretano (P.U.), outra matéria prima de pranchas
de surfe;
• R realizar um estudo da viabilização do concreto leve com teores de RPS como
concreto leve estrutural.
80
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85
APÊNDICE A - Cálculo do número de pontos representando os RPS.
APÊNDICE B - Tabela de Dosagem do Concreto (Traços utilizados)
DOSAGEM DO CONCRETO
1) Tensão de Dosagem (fcc₂₈) 5) Traço SURF 1
Resistência aos 28 dias 15 Cimento 1 Kg
Areia Seca 3,298 Kg
2) Determinação do Fator água/cimento Brita 0 4,418 Kg
Fator água/cimento (x) - Curva de Abrams 0,8 Água 1,50 L
Peso do cimento 1 5% de Resíduo de Prancha 0,174 Kg
Peso da água 0,8 6) Traço SURF 4
3) Determinação da quantidade de Agregados Cimento 1 Kg
3.1) Determinação da Relação água/materiais secos (A%) Areia Seca 3,124 Kg
Tipo da Brita Brita 0 Brita 0 4,418 Kg
A% 0,09 Água 1,25 L
Peso dos Agregados (areia + pedra) 7,889 Kg 10% de Resíduo de Prancha 0,347 Kg
3.2) Determinação da quantidade de Areia e Brita 7) Traço SURF 3
Tipo de Areia Fina Cimento 1 Kg
% de Areia 0,44 Areia Seca 3,298 Kg
Peso da Áreia Seca 3,471 Kg Brita 0 4,418 Kg
Peso de Brita 4,418 Kg Água 1,75 L
4) Traço do concreto referência 5% de Resíduo de Prancha 0,174 Kg
Cimento 1 Kg 8) Traço SURF 4
Areia Seca 3,471 Kg Cimento 1 Kg
Brita 0 4,418 Kg Areia Seca 3,124 Kg
Água 1,50 L Brita 0 4,418 Kg
Água 1,50 L
10% de Resíduo de Prancha 0,347 Kg
86
APÊNDICE C - Dados dos ensaios de compressão simples
ENSAIO DE COMPRESSÃO
1) SURF 1 4) SURF 4
#
Carga de Ruptura Resistência à compressão
#
Carga de Ruptura Resistência à compressão
1 1,08 tf 1,35 MPa 1 0,33 tf 0,41 MPa
2 1,04 tf 1,30 MPa 2 0,42 tf 0,52 MPa
3 1,08 tf 1,35 MPa 3 0,45 tf 0,56 MPa
4 0,9 tf 1,12 MPa 4 0,44 tf 0,55 MPa
5 0,9 tf 1,12 MPa 5 0,37 tf 0,46 MPa
Média: 1,04 tf 1,30 MPa Média: 0,42 tf 0,52 MPa
2) SURF 2 5) Concreto referência
# Carga de Ruptura Resistência à compressão # Carga de Ruptura Resistência à compressão
1 0,87 tf 1,09 MPa 1 3,63 tf 4,53 MPa
2 0,99 tf 1,24 MPa 2 3,62 tf 4,52 MPa
3 0,98 tf 1,22 MPa 3 3,83 tf 4,78 MPa
4 1,09 tf 1,36 MPa 4 4,02 tf 5,02 MPa
5 0,87 tf 1,09 MPa 5 4,02 tf 5,02 MPa
Média: 0,98 tf 1,22 MPa Média: 3,83 tf 4,78 MPa
3) SURF 3 # Carga de Ruptura Resistência à compressão 1 1,55 tf 1,93 MPa 2 1,61 tf 2,01 MPa 3 1,58 tf 1,97 MPa 4 1,94 tf 2,42 MPa 5 1,51 tf 1,88 MPa Média: 1,58 tf 1,97 MPa
87
APÊNDICE D – Dados de Ensaios de Absorção
#M
sat
Mi
Ms
(72h
rs e
m e
stu
fa)
Ms
(144
hrs
em
est
ufa
)A
bso
rção
Índ
ice
de
vaz
ios
Mas
sa e
spe
cífi
ca
da
amo
stra
se
ca
Mas
sa e
spe
cífi
ca
da
amo
stra
satu
rad
a
Mas
ssa
esp
ecí
fica
re
al
Re
ferê
nci
a27
73,0
g15
09,4
g24
79,5
g*
12%
23%
1962
g/c
m³
2195
g/c
m³
2556
g/c
m³
SUR
F 1
2634
,0 g
1144
,8 g
*22
26,1
g18
%27
%14
95 g
/cm
³17
69 g
/cm
³20
59 g
/cm
³
SUR
F 2
2532
,5 g
1116
,0 g
*21
65,0
g17
%26
%15
28 g
/cm
³17
88 g
/cm
³20
64 g
/cm
³
SUR
F 3
2929
,5 g
1400
,9 g
2574
,0 g
*14
%23
%16
84 g
/cm
³19
16 g
/cm
³21
94 g
/cm
³
SUR
F 4
(1)
2013
,0 g
700,
0 g
1550
,0 g
*30
%35
%11
81 g
/cm
³15
33 g
/cm
³18
24 g
/cm
³
SUR
F 4
(2)
2166
,0 g
788,
0 g
1717
,0 g
*26
%33
%12
46 g
/cm
³15
72 g
/cm
³18
48 g
/cm
³
SUR
F 4
(Mé
dia
)20
89,5
g74
4,0
g16
33,5
g*
28%
34%
1213
g/c
m³
1552
g/c
m³
1836
g/c
m³