Post on 22-Mar-2017
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Parte I
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Orando no Espírito com Spurgeon
Parte 1
Traduzido, adaptado e editado
por Silvio Dutra
FEV/2016
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S772 Spurgeon, Charles H. Orando no Espírito com Spurgeon./ Charles H. Spurgeon : tradução e adaptação Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 288p.; 14,8x21cm 1. Oração. 2. Pregação. 3. Alves, Silvio Dutra. I. Título. CDD 252
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Sumário
A Chave de Ouro da Oração........................... 5
Certeza do Êxito na Oração.......................... 30
Como Suplicar.................................................. 46
O Dever da Oração Incessante...................... 66
O Poder da Oração Unânime.......................... 84
“Orai sem cessar” (I Tes 5.17)....................... 91
Pedir e Receber................................................ 111
“Sede perseverantes na oração”
(Rom 12.12).........................................................
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A Chave de Ouro da Oração
Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e
adaptado por Silvio Dutra)
"Clama a mim e te responderei e te mostrarei coisas grandes e ocultas que tu não conheces."
(Jer 33:3)
Algumas das obras mais famosas do mundo
têm o odor do azeite da mediocridade; porém há
obras, livros e ditos mais espirituais e escritos
pelos homens que têm o aroma úmido das masmorras. Poderia citar vários exemplos, sem
dúvida, O Peregrino de João Bunyan é melhor
que um cento deles. E este bom texto que temos
ante nossos olhos, amolecido e frio com a prisão em que Jeremias se encontrava, tem, não
obstante, um brilho e beleza em si, que jamais
houve e não haverá, como uma oração
reconfortante do Senhor para o prisioneiro, encerrado no pátio do cárcere. O povo do
Senhor sempre tem encontrado o melhor de
seu Deus quando se acha na pior das condições.
Ele é bom em todo o tempo porém parece dar a conhecer sua melhor expressão quando os seus
estão em seu pior momento. Rutherford teria
um dito pitoresco; quando era lançado nas celas
da aflição, recordava-se que o Grande Rei guardava ali o seu vinho, de modo que
imediatamente se poria a buscar as botijas e a
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beber. Os que mergulham no mar da aflição são
os que pegam as pérolas mais preciosas. Com-
panheiros na aflição, vocês sabem que assim é.
Vocês têm comprovado que Ele é um Deus fiel, e que quando abundam as suas tribulações, suas
consolações superabundam por Cristo Jesus.
Ao escolher este texto para esta manhã, minha oração é que sua grata promessa seja ouvida no
coração de alguns dos prisioneiros do Senhor; que se encontram amarrados e encerrados e
não podem sair devido ao seu presente estado
de espírito pesado, escutem o que E1e lhes diz ao
ouvido em um suave murmúrio que chega até ao coração: "Clama a mim e eu te responderei e
te mostrarei coisas grandes e poderosas que tu
não conheces.".
O texto está dividido naturalmente em três partes da verdade. Falaremos destas na medida
que Deus o Espírito Santo nos capacite. Em primeiro lugar, há uma ordem para orar: "Clama
a mim"; em segundo lugar, a promessa de uma
resposta: "e te responderei"; em terceiro lugar, o
estímulo à fé: "e te mostrarei coisas grandes e ocultas que tu não sabes.".
I. A primeira divisão é: UMA ORDEM PARA ORAR.
Não se nos aconselha e recomenda somente que oremos, senão que se nos ordena orar. Esta é
uma grande condescendência. Constroem um
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hospital. Considera-se que basta dar livre
admissão aos enfermos que buscam ser
atendidos. Porém a diretoria do hospital não
emite uma ordem no sentido de mandar que uma pessoa cruze suas portas. No mais rigoroso
do inverno se abre uma sala de jantar bem
abastecida. Divulga-se a notícia: para comer ali, os pobres devem apenas pedir; porém não se
pensa que o Parlamento promulgue uma lei
obrigando os pobres a entrarem pelas suas
portas em busca da caridade oferecida. Pensa-se que basta se dar a conhecer isto sem emitir
nenhuma ordenança no sentido de que os
homens devam aceitá-la. Sem dúvida, é tão
estranha a vaidade humana, por um lado, faz-se necessária uma ordem para que tenha
misericórdia de sua própria alma., e tão
maravilhosa é a condescendência do nosso
Deus misericordioso, por outro, que dá uma ordem de amor sem a qual nem sequer um só
homem nascido de Adão poderia participar da
festa do evangelho, antes preferiria morrer de
fome e não obedecer.
É assim que ocorre com a oração. O povo de
Deus necessita mesmo de um mandamento para orar, pois de outro modo, não o fará. Porém,
como pode ser isto? Queridos amigos, isto se
deve a que nós estamos mui sujeitos a
arrebatamentos de mundanismo, sim é que esse não é o nosso estado normal. Não nos
esquecemos de comer; não esquecemos de
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fechar nossas casas; não esquecemos de ser
diligentes nos negócios; não esquecemos de
tirar nossas folgas para descansar. Porém, com
frequência esquecemos de lutar com Deus em oração, e ter, como deveríamos, longos períodos
em consagrada comunhão com nosso Pai e
nosso Deus. Para muitos professores o maior livro é tão pesado que não o podem mover,
enquanto que a Bíblia, que representa sua
devoção, é tão pequena que podem colocá-la em
um bolso de sua roupa. Horas para o mundo! Pequenos momentinhos para Cristo! O mundo
recebe o melhor do nosso tempo, enquanto
nossa câmara de oração recebe somente os
desejos. Damos nossa força e juventude aos caminhos de Mamon, e nossa fadiga e languidez
aos caminhos do Senhor. Por isso é que se faz
necessário um mandamento para participar do
ato mesmo que deveria constituir nossa maior felicidade, do mais alto privilégio que podemos
ter, isto é, ir ao encontro de nosso Deus. "Clama
a mim," diz E1e, porque sabe que somos dados a
esquecer de clamar a Ele. "Que tens, dorminhoco? Levanta-te, e clama a teu Deus," é
uma exortação que necessitamos hoje tanto
quanto Jonas em meio à tormenta.
Ele sabe quão pesados são nossos corações quando estamos sob uma sensação de pecado.
Satanás nos diz: "Por que tens que orar? Como pensas prevalecer? Em vão estás dizendo
“levantar-me-ei e irei a meu Pai”, porque não és
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digno nem sequer de ser como um de seus
empregados. Como podes olhar o rosto do Rei
depois de havê-lo traído? Como te atreves a
acercar-te do altar que tu mesmo tens manchado, e quando o sacrifício que poderias
oferecer é pobre e imundo?" Oh, irmãos, quão
bom é que nos seja ordenado orar. Se Deus o ordena, indigno como sou, me arrastarei até o
estrado da graça. Pois que ele disse: "Orai sem
cessar," ainda que minhas palavras faltem e meu
coração divague, todavia poderei balbuciar os desejos de minha alma faminta e dizer-lhe: "Oh
Deus, ensina-me ao menos a orar, e ajuda-me a
prevalecer diante de ti!".
Não somos dados a orar devido à nossa frequente incredulidade? A incredulidade
murmura: "Que proveito tem o que busca ao Senhor em tal coisa? Seja algo muito trivial, ou
relacionado com coisas temporais, ou uma
questão em torno da qual tem pecado em
demasia, ou algo demasiadamente elevado, demasiadamente difícil, uma questão
demasiadamente complicada, não tens direito a
isso diante de Deus!" Isto é o que sugere desde o
inferno o inimigo imundo. Por isso permanece escrito como um preceito para todos os dias e
apropriadamente para cada caso em que possa
ver-se envolvido um cristão: "Clama a mim
...clama a mim." Estás enfermo? Queres ser curado? Clama a mim, porque sou o Grande
Médico! Perturba-te a providência? Temes que
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não poderás suster-te com honestidade diante
dos homens? Clama a mim! Te provocam
desgostos teus filhos? Estás sentindo aquilo que
é mais agudo do que os dentes de uma víbora, a ingratidão de teu filho? Clama a mim! São tuas
tribulações, poucas porém dolorosas, como
pequenas pontas de espinho? Clama a mim! É tua carga pesada, tanto que parece que tu cedes
sob ela? Clama a mim! "Lança sobre Jeová a tua
carga, e ele te sustentará; não deixará caído para
sempre o justo.".
Não devemos dar por encerrado nosso primeiro ponto antes de fazer outra observação. Devemos alegrar-nos muito no fato de que Deus nos tem
dado este mandamento em sua palavra para que
seja seguro e permanente. Poderia ser um
interessante exercício para alguns de vocês descobrir com quanta frequência nos é
mandado orar. Surpreenderia vocês descobrir
quantas vezes são-nos dadas palavras como
estas: "Invoca-me no dia da angústia e eu te livrarei"; "Oh, crentes, derramai diante dele
vosso coração;" "buscai a Jeová enquanto pode
ser achado, procurai-o enquanto está perto;"
"Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e se vos abrirá;" "Vigiai e orai, para que não entreis
em tentação." "Orai sem cessar;" "acheguemo-
nos confiadamente ao trono da graça;" "Achegai-
vos a Deus e ele se achegará a vós;" "Perseverai na oração." Não é necessário multiplicar os
exemplos em um ponto em que não posso ser
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exaustivo. Basta colher duas ou três desta
grande bolsa de pérolas. Vamos cristão!, não
deves jamais perguntar se tens direito a orar;
não deves jamais perguntar: “É-me permitido entrar em sua presença?”. Posto que tens tantos
mandamentos (e os mandamentos de Deus são
promessas), podes achegar-te confiadamente ao trono da graça celestial, pelo novo e vivo
caminho do véu que se rasgou.
Porém, há oportunidades em que Deus não somente manda seu povo orar na Bíblia, senão
que também o faz ordenando-lhes que orem de
modo direto por meio dos impulsos de seu Espírito Santo. Vocês, que conhecem a vida
interior, haverão de me compreender. Em meio
de seu trabalho vocês sentem um repentino
estímulo de retirarem-se para orar. Poderia ser que ao princípio não notem particularmente a
inclinação, porém uma e outra vez, vai e volta:
"Retira-te e ora!" Enquanto em oração percebo
que sou como um moinho de água que corre muito bem enquanto há água em abundância,
porém que vai perdendo força à medida que o
volume de água do rio baixa; ou como o barco
que navega sobre as águas e estende todo o seu velame quando o vento é favorável, porém que
tem que mover trabalhosamente as velas para
captar algo de uma pequena brisa favorável.
Agora, bem, me parece que quando nosso Senhor lhes der esta inclinação especial para
orar, vocês devem duplicar sua diligência.
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Devem sempre orar e não desmaiar, porém,
quando ele põe em seu coração um desejo
especial de orar, e sente uma atitude peculiar e
gozo nele, terá, além do mandamento que o obriga constantemente, outra ordem que o
levará a uma grata obediência. Penso que em
tais ocasiões poderíamos estar na posição de Davi, a quem o Senhor disse: "Quando ouvires o
ruído como de marcha pelas copas das
palmeiras então te moverás." O ruído de marcha
nas copas das palmeiras bem poderiam ser as pisadas de anjos que viriam apressadamente
ajudar a Davi, então Davi deveria atacar os
filisteus, e assim quando as misericórdias de
Deus se aproximam, suas pisadas são nossos desejos de orar; e nossos desejos de orar devem
ser uma indicação que tem chegado o momento
divino de favorecer imediatamente a Sião.
Semeia abundantemente agora, porque tua colheita será segura. Luta agora, Jacó, porque
estás a ponto de converter-te em um príncipe
que prevalece, e teu nome será chamado Israel.
Agora é teu tempo, mercador espiritual; o mercado está em alta, há muito negócio; teu
ganho será alto. Preocupa-te em usar de forma
correta a hora ensolarada, e realiza tua colheita
enquanto brilha o sol.
II. Consideremos agora nosso segundo ponto: A
PROMESSA DE UMA REPOSTA
Não deveríamos sustentar nem sequer por um só momento o horrível pensamento que Deus
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não responderá a oração. sua natureza, segundo
se manifesta em Jesus Cristo, demanda que
assim seja. Ele tem se revelado no evangelho
como Deus de amor, cheio de graça e verdade; assim, como poderia negar-se a ajudar aos que
são seus, que humildemente buscam seu rosto
e seu favor pelo modo que foi estabelecido por ele mesmo?
Em uma ocasião, o senado ateniense considerou mais conveniente reunir-se ao ar livre.
Enquanto estavam sentados em suas
deliberações, um pardal, perseguido por um
falcão, voou em direção ao senado. Perseguido muito de perto pela ave de rapina, buscou
refúgio no seio de um dos senadores. Este
homem de caráter rude e vulgar, tomou a ave de
seu seio, a lançou contra o solo e a matou. Naquele instante todo o senado se pôs de pé, e
sem uma só voz discordante, o condenaram à
morte, como indigno de sentar-se no senado
com eles ou de ser chamado um ateniense, posto que havia negado o socorro a uma criatura
que havia confiado nele. Podemos supor que o
Deus do céu, cuja natureza é amor, vá lançar de
seu seio a pobre pomba que para ali voa fugindo da águia da justiça e se refugia no seio da sua
misericórdia? Nos dará o convite para buscar
seu rosto, e quando nós, como ele sabe, com
tanta vacilação de temor, reunimos forças para voar a seu seio, será então tão injusto e carente
de graça como para atender em ouvir nosso
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clamor e responder-nos? Não pensemos tão mal
do Deus do céu.
Recordemos logo, junto com sua natureza, seu caráter passado. Me refiro ao caráter que lhe tem feito famoso através de suas obras de graça
passadas. Considerem, meus irmãos, aquela
grandiosa demonstração de amor - se
quiséssemos nomear um milhar, não poderíamos dar uma melhor ilustração do
caráter de Deus do que aquele fato grandioso: "O
que não poupou nem a seu próprio filho, senão
que o entregou por todos nós. Como - e esta não é uma inferência minha, senão inspirada
conclusão do apóstolo - não nos dará também
com ele todas as coisas?" Se o Senhor não se
nega a escutar minha voz sendo pecador culpado e inimigo, como vai recusar meu
clamor agora que tem sido justificado meu
coração, que não conhecia, e não buscava ajuda, se depois de tudo não me escutará agora que sou
seu filho e seu amigo? As feridas sangrentas de
Cristo são a segura garantia da oração atendida.
Em seu conhecido poema The Bag (a Bolsa), George Herbert apresenta o Salvador dizendo:
“Se há algo que queiras mandar ou escrever, para entregar nas mãos de meu Pai, creia-me
que seguramente vai recebê-lo, porque me
preocuparei do teu encargo. Perto do meu coração o podes, e se outros querem empregar-
me assim, a porta acham aberta de par em par,
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e, o que enviar, em mãos do Pai entregarei
acrescentado para que receba mais.”
Certamente o pensamento de George Herbert era que a expiação por si mesma é uma garantia
de que a oração deve ser ouvida, que a grande
ferida feita junto do coração do Salvador, que ficou exposto à luz para que se visse as
profundidades do coração da divindade, era una
prova de que aquele que se senta nos céus quer
escutar o clamor de seu povo. Se pensas que a oração é inútil, estás fazendo uma leitura
equivocada do Calvário.
Porém, amados, temos a promessa de Deus a respeito, e E1e é Deus, que não pode mentir.
"Invoca-me no dia da angústia . . . te
responderei." Não tem dito "Tudo o que pedires
em oração, crendo, o recebereis?". Por certo, não podemos orar a menos que creiamos nesta
doutrina; "porque é necessário que o que se
aproxima de Deus, creia que E1e é galardoador
dos que o buscam"; e se temos alguma dúvida quanto a que nossa oração seja ouvida somos
comparáveis com os que têm ânimo dobre:
"Porque o que duvida é semelhante à onda do
mar, que é arrastada pelo vento e é lançada de uma parte a outra. Não pense pois, quem o faz,
que receberá alguma coisa do Senhor."
Poderia além disso dar força ao nosso argumento se disséssemos que nossa experiência nos leva a crer que Deus atenderá a
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oração. Eu não posso falar por ti; porém posso
falar por mim. Se há algo que eu sei, algo de que
estou seguro além de qualquer dúvida, é que as
palavras de uma oração jamais são gastas em vão. Se não há aqui algum homem que se atreva
a dizê-lo, eu me atrevo a afirmá-lo, e sei que
posso prová-lo. Minha própria conversão é o resultado de longas, afetuosas, ferventes e
importunas orações. Meus pais oravam por
mim; Deus ouviu seus clamores, e aqui estou
para pregar o evangelho. Desde então, tenho me aventurado em empresas que estavam muito
acima de minha capacidade, porém, nunca
tenho fracassado, porque me tenho lançado nos
braços do Senhor.
Vocês sabem como igreja que não tenho tido escrúpulos para fixar-me em grandes ideias do que poderíamos, fazer para Deus. E tudo a que
nos temos proposto temos cumprido. Tenho
buscado a ajuda de Deus, seu socorro e auxílio
em todas as múltiplas empresas, e ainda não posso contar aqui a história de minha vida
privada enquanto faço a obra de Deus, se a
escrevesse seria uma prova firme de que há um
Deus que atende a oração. Ele tem ouvido minhas orações, não de vez em quando, não um
par de vezes, senão muitíssimas vezes, tantas,
que se tem convertido em um hábito expor
minha causa diante de Deus com absoluta certeza de que aquilo que lhe pedir, Ele me
concederá. Agora não é um "talvez" ou uma
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possibilidade. Sei que meu Senhor me atende, e
não me atrevo a duvidar, porque seria certa-
mente uma tolice fazê-lo. Assim como estou
seguro que uma quantidade de força sobre uma alavanca levantará uma coisa pesada, eu sei que
uma certa quantidade de oração traz a bênção.
Como a primavera tudo enche de flores, assim as súplicas asseguram as misericórdias. Em
todo trabalho há ganho, porém mais que em
tudo há na obra de intercessão; pois estou
seguro, porque dele tenho tido minha colheita.
Lembre-se porém que a oração sempre se oferece em sujeição à vontade de Deus; que
quando dizemos "Deus ouve a oração, não
queremos dizer com isto que ele sempre nos dá
literalmente o que pedimos. Todavia queremos dizer isto, que ele dá o que é melhor para nós e
que se ele não nos dá a misericórdia que lhe
pedimos em prata, a concede em ouro. Se não nos retira o aguilhão da carne, nos diz "Basta-te
a minha graça," e isso finalmente equivale ao
mesmo.
Lord Bolinbroke dizia à condessa de
Huntingdon: "Não entendo, senhora, como poderia fazer uma oração sincera que se
harmonizasse com a vontade divina.". "Meu
filho, disse ela, "Isso é algo que não oferece
dificuldade. Se eu fosse da corte de algum generoso rei, e ele me desse autorização para
solicitar dele qualquer favor, eu certamente lhe
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diria: "Poderia sua majestade em sua graça
conceder-me tal e tal favor? Porém, ainda que
muito o deseje, se de alguma forma empane a
honra de vossa majestade, ou se segundo o critério de sua majestade parece bem que não
receba tal favor, estarei tão contente sem ele
como se o houvesse recebido." Assim você pode ver que eu posso apresentar sinceramente
minha petição, porém submissimamente deixar
a resposta nas mãos do rei.". O mesmo ocorre
com Deus. Nós nunca oferecemos uma oração sem inserir aquela oração: "Porém não se faça
minha vontade, senão a tua.”. Somente
podemos orar sem um "se" condicional quando
estamos seguros de que nossa vontade é a vontade de Deus.
III. Chegamos a nosso terceiro ponto, que, penso, está cheio de alento para todos os que se
exercitam na arte bendita da oração: O ESTÍMULO À FÉ: "Te ensinarei coisas grandes e
ocultas que tu não conheces."
Notemos que isto originalmente foi dito a um profeta em prisão, e a maneira de conhecer as
verdades reservadas, as verdades mais elevadas e misteriosas de Deus, é esperando em Deus em
oração. Ontem, enquanto lia o livro de Daniel
notei de forma muito especial como Daniel
descobriu o sonho de Nabucodonosor. Os encantadores, magos, astrólogos e caldeus
trouxeram seus livros curiosos, e seus
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estranhos instrumentos, e começaram a
pronunciar suas abracadabras e a realizar toda
sorte de encantamentos misteriosos, porém
todos fracassaram. Que fez Daniel? Se pôs a orar, e sabendo que a oração de um corpo unido de
homens prevalece melhor que a oração de um
só, vemos Daniel convidando a seus irmãos a unirem-se a ele em fervente oração para que
Deus, em sua infinita misericórdia, pudesse dar-
lhe a conhecer a visão. E no caso de João, que é o
Daniel do Novo Testamento, recordareis que ele viu um livro na mão direita daquele que estava
assentado no trono, um livro selado com sete
selos, não achando-se ninguém digno de abrir
os selos. Que fez então João? O livro foi aberto pelo Leão da Tribo de Judá, que havia
prevalecido para abrir o livro, porém está
escrito que antes que o livro se abrisse, "eu
chorava muito." Sim e as lágrimas de João, que eram suas orações líquidas, foram no que lhe
respeita, as chaves sagradas pelas quais foi
aberto o livro selado.
Irmãos no ministério, vocês que são mestres na Escola Dominical, e todos os que são estudantes
na escola de Jesus Cristo, lhes rogo que recordem que a oração é seu melhor meio de
estudo. Como Daniel entenderão o sono e a
interpretação, quando o buscarem em Deus. E
como João verão os sete selos abertos entregando as preciosas verdades depois que
houverem chorado muito. "Se clamares à
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inteligência, e à prudência deres a tua voz; se
como a prata a buscares, e a procurares como a
tesouros, então entenderás o temor de Jeová, e
acharás o conhecimento de Deus.". As pedras não se rompem senão por meio do uso aplicado
do martelo, e o picador de pedras usualmente se
põe de joelhos. Utiliza o martelo da verdade, e além disso exercita o joelho da oração e as
doutrinas da Revelação, duras como rocha,
necessárias a vosso entendimento, se abrirão
diante de vocês o exercício dela e da oração. “Orar bem é estudar bem" é uma sábia sentença
de Lutero, que tem sido citada com tanta
frequência, que apenas nos temos atrevido a
fazer uma alusão a ela. "Haver orado bem é haver estudado bem.". Podes abrir-te caminho
através de qualquer coisa com a vara da oração.
Os pensamentos e os raciocínios podem ser
como cunhas de um arado que podem abrir um caminho até a verdade, porém a oração é a
chave, a alavanca que abre o cofre de ânimo do
mistério sagrado, para obter o tesouro ali
escondido somente para quem pode abrir com esforço uma via para alcançá-lo. O reino dos
céus todavia sofre violência e os violentos o
arrebatam. Cuidem em trabalhar com o
poderoso implemento da oração, e nada poderá opor-se a vocês. Todavia, não devemos deter-
nos aqui. Temos aplicado o texto a um só caso.
Se pode aplicar a centenas. Queremos assinalar
outro. O santo deve esperar descobrir uma experiência mais profunda e conhecer mais de
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uma vida espiritual mais elevada ao dedicar-se
mais à oração. Há diferentes traduções do meu
texto. Uma versão diz: "Te mostrarei coisas
grandes e reservadas que tu não conheces." Agora bem, nem todos os progressos na vida
espiritual são igualmente fáceis de alcançar.
Estão presentes as estruturas comuns e os sentimentos de arrependimento, fé, gozo e
esperança que desfruta toda a família. Porém há
uma esfera superior de rapto, de comunhão e de
união consciente com Cristo que estão longe de ser lugares comuns para os crentes. Todos os
crentes vêm a Cristo. Porém nem todos podem
por seus dedos nas feridas dos cravos, nem
meter suas mãos em seu lado. Nem todos temos o privilégio que João teve de reclinar-se sobre o
peito de Jesus, nem o de Paulo de ser arrebatado
ao terceiro céu.
Na arca da salvação encontramos o primeiro, segundo e terceiro pisos. Todos estão na arca,
porém nem todos estão no mesmo piso. A maioria dos crentes, quanto ao rio da
experiência, têm a água somente até os
tornozelos. Outros tem vadeado o rio até que as
águas lhes cheguem aos joelhos; uns poucos encontram a água até ao peito. Porém somente
uns poucos - quão poucos! Encontram-se no rio
de tal modo que podem nadar, cujo fundo não
pode ser tocado. Meus irmãos, há alturas no conhecimento experimental das coisas de Deus
que o olho da águia da perspicácia e do
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pensamento filosófico não tem logrado ver. E há
sendas secretas que a razão e o juízo ainda não
têm aprendido a transitar. Somente Deus nos
pode levar até ali. Porém a carruagem em que nos leva, e os cavalos de fogo que conduzem a
carruagem, são as orações prevalecentes. A
oração que prevalece é vitoriosa pela misericórdia de Deus. "Com seu poder venceu o
anjo; venceu o anjo e prevaleceu; chorou e lhe
rogou; em Betel lhe falou, e ali falou conosco.". A
oração que prevalece conduz o crente até o Carmelo e o habilita para cobrir os céus com
nuvens de bênçãos, e a terra com correntes de
misericórdia. A oração prevalecente leva o
crente ao alto do monte de Pisga e lhe mostra a herança que tem reservada. O eleva ao Tabor e o
transfigura até que na semelhança de seu
Senhor, como Ele é, assim somos nós neste
mundo. Se queres alcançar algo mais alto que a ordinária experiência de humilhação,
contemple a rocha que é mais alta que tu, e com
os olhos e de cima dela olhe através das janelas
da oração importuna.
Assim que, para crescer na experiência, deve haver muita oração.
Rogo a vocês que tenham paciência comigo enquanto aplico este texto a um, dois ou três
casos mais. É certamente verdadeiro para o que sofre provas. Se em oração espera em Deus,
receberá uma liberação muito maior que
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pudera haver sonhado: "Coisas grandes e
poderosas que tu não conheces.". Este é o
testemunho de Jeremias: "Te aproximaste no dia
que te invoquei, disseste: “Não temas.". Advogaste, Senhor, a causa de minha alma;
redimiste minha vida.". E com Davi dá-se o
mesmo: "Na minha angústia invoquei o Senhor, e me respondeu pondo-me num lugar
espaçoso... Te louvarei porque me tens ouvido,
foste-me por salvação.". E também: "Clamaram
a Jeová em sua angústia e ele os livrou de suas aflições. Os dirigiu por caminho direito para que
viessem à cidade habitada.". "Meu marido
morreu," disse a pobre mulher, "e tem vindo o
credor para levar meus dois filhos como servos.". Ela esperava que Eliseu possivelmente
dissesse: "Quanto deves? Eu pagarei."
Em lugar de fazer isso, ele multiplicou o azeite até que pôde dizer-lhe: "Paga a teus credores, e" - para quê era o "e"? - "tu e teus filhos vivam do
que restou.". Com muita frequência ocorrerá
que Deus não somente ajudará a seu povo a
cruzar os lugares lamacentos do caminho, Ele os levará a salvo através de toda a viagem.
Foi um milagre realmente notável. Quando em meio da tormenta Jesus Cristo veio caminhando
sobre o mar, os discípulos o receberam no
barco, e não somente se acalmou o mar, senão que está escrito: "O barco, chegou em seguida à
terra para onde iam.".
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Essa foi uma misericórdia superior ao que haviam pedido. Às vezes os escuto orar usando
uma citação que não está na Bíblia: É poderoso
para fazer todas as cousas muito mais abundantemente do que podemos pedir ou entender." Não diz assim na Bíblia. Eu não sei o
que podemos pedir ou o que podemos entender. Porém diz: "É poderoso para fazer todas as
cousas muito mais abundantemente do que
pedimos ou entendemos.".
Então, queridos amigos, quando estivermos em
grande tribulação digamos somente: "Agora estou em prisão; qual Jeremias, orarei como ele
o fez, porque tenho o mandamento de Deus de
fazê-lo; e esperarei, como ele o fez, até a hora por
mim desconhecida. E1e não somente vai conduzir o seu povo através da batalha,
protegendo suas cabeças nela, senão que os
levará adiante com os estandartes ondeando, para repartir despojos com os poderosos, e
reclamar sua porção com os fortes. Esperai
grandes coisas de um Deus que lhes dá
promessas tão grandes como estas.
Além disso, há aqui um estímulo para o obreiro. Meus queridos amigos, esperai muito de Deus
em oração, pois tendes a promessa de que E1e
fará por ti cousas maiores do que as que
conheces. Não sabemos quanta capacidade de serviço há em nós. Aquela queixada de jumento
tirada da terra, que poderia fazer?
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Nada se sabe para que serve. Porém nas mãos de Sansão, que não pode fazer? Nada se pode
duvidar agora que Sansão a maneja. E tu, amigo,
frequentemente tens te considerado tão desdenhável como este osso e tens dito: "Que
posso fazer?". Sim, porém quando Cristo pelo
seu Espírito te toma, o quê não podes fazer? Certamente podes adotar a linguagem do
apóstolo Paulo e dizer; "Tudo posso em Cristo
que me fortalece.".
Todavia, não deveis depender da oração sem esforço. Em uma escola havia uma menina que
conhecia ao Senhor. Muito graciosa, sensível e confiante. Como deve ser, a graça se
desenvolveu na menina conforme a sua posição.
suas lições sempre eram as melhores da classe.
Outra menina lhe disse: "Como consegues que tuas lições estejam sempre bem?". "Oro a Deus
para que me ajude a aprender minhas lições,"
respondeu ela. "Bem," pensou a outra, "Eu farei o
mesmo.". No dia seguinte, quando fez a lição não sabia nada, e sentindo-se desgraçada se queixou
à outra colega e lhe disse: "Por que eu orei a Deus
pedindo-lhe que me ajudasse a aprender a lição
e não aprendi nada? Para que serviu a oração?". "Porém, te sentaste para aprendê-la?" "Oh, não,"
disse ela. "Nem sequer olhei o livro.". "Ah," disse
a outra, "Eu pedi a Deus que me ajudasse a
aprender a lição, porém em seguida me sentei para estudá-la, e prossegui até que a soubesse
bem, e a aprendi com facilidade, porque meu
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desejo sincero, que havia expressado a Deus, era
que me ajudasse a ser diligente em meu esforço
para cumprir meus deveres."
Assim ocorre com alguns que vêm as reuniões de oração e oram, e logo se acham de braços
cruzados e se vão esperando que a obra de Deus
siga adiante. Como a mulher que disse: "Voa, voa, poderoso evangelho," porém não pôs
dinheiro no ofertório. sua amiga lhe tocou o
braço e lhe disse: "Porém, como pode voar, se tu
não lhe dá as asas?". Há muitos que parecem ser muito poderosos em oração, maravilhosos em
suas súplicas, porém logo requerem que Deus
faça o que eles podem fazer por si mesmos, e
portanto, Deus não faz nada por eles. “Deixarei meu camelo solto,”, disse um árabe a Maomé,
“e confiarei na providência”. “Amarra-o
firmemente”, disse Maomé, “ e depois confia na
providência”.
Assim, vocês que dizem, "Orarei e entregarei minha igreja, ou minha classe, ou minha obra ao
cuidado de Deus,", mas bem poderias ouvir a voz
da experiência e da sabedoria que diz: "Faz o melhor de tua parte; trabalha como se tudo
dependesse do teu trabalho; como se teu
próprio braço pudesse trazer-te a salvação"; "e
quando houveres feito tudo bem. Descansa sobre aquele sem o qual é em vão levantar-se
cedo, sair tarde e comer o pão do esmero. E se
27
ele te der um caminho abençoado, dá-lhe
graças.".
Não lhes deterei por muitos minutos mais, porém quero destacar que esta promessa deve provar sua utilidade para consolar aos que
intercedem em favor de outros. Vós, que estais
clamando a Deus para que salve a vossos filhos,
que abençoe vossos vizinhos, que tenha harmonia com vossos maridos e com vossas
esposas, em sua misericórdia, podereis receber
consolo disto: "Te mostrarei cousas grandes e
ocultas que tu não conheces.".
Não podes imaginar a grande bênção com que Deus te abençoaria. Se somente chegas e ficas
parado à sua porta, não podes dizer o que Ele lhe
tem reservado. Se não rogas, nada receberás. Porém se lhe rogas, não te irás a dar com ossos e
restos de carne, senão se dirá ao que serve a tua
mesa: "Toma essa carne primorosamente
servida e coloque ante este pobre homem.”. Rute foi a rebuscar as espigas; esperava ter
umas poucas espigas, porém Boaz lhe disse:
"Que recolhesse também espigas entre as
gavelas, e não a censureis," e além disso, à hora da comida: "Venham aqui e come do pão, e
molha teu bocado em vinagre.”. Ela encontrou
um marido onde somente esperava encontrar
um punhado de cevada! Assim ocorre quando oramos pelos outros, Deus pode dar-nos tais
misericórdias que cairemos perplexos ante elas
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pois que esperávamos somente um pouco.
Lembrem-se do que disse a Jó: “Jeová disse...:
Meu servo Jó orará por vós porque certamente
atenderei a ele para não tratar-lhes afrontosamente, porquanto não tendes falado
de mim com retidão como meu servo Jó.”. E
Jeová retirou a aflição de Jó, quando ele orou por seus amigos, e aumentou ao dobro todas as
coisas que Jó havia tido.
Agora, esta palavra para terminar. Alguns de vocês estão buscando sua conversão. Deus tem
vivificado o interesse de vocês por orar por suas
próprias almas. Não lhes alegra ir para o inferno. Vocês querem o céu. Querem ser
lavados no sangue precioso. Querem a vida
eterna. Queridos amigos, eu lhes rogo que se
apropriem deste texto – Deus mesmo o tem dito para vocês: "Clama a mim e te responderei e te
mostrarei coisas grandes e ocultas que tu não
conheces.". Toma imediatamente a palavra de
Deus. Regresse para casa, entra no teu quarto, fecha a porta e prova-o. Jovens, provai e vede se
ele é fiel ou não. Se Deus é verdadeiro, não
podereis buscar misericórdia em suas mãos por
meio de Cristo e receber uma resposta negativa. Posto que sua própria promessa e seu caráter o
obrigam, ele deve abrir-lhes as portas da
misericórdia quando lhe clamarem de todo o
coração. Deus te ajude, crendo em Cristo Jesus, a clamar em voz alta a Deus e sua resposta de paz
está já a caminho para encontrar-se contigo. O
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ouvirás dizer: "Teus pecados, que são muitos,
têm sido perdoados.".
Que Deus os abençoe por causa do seu amor! Amém.
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Certeza do Êxito na Oração
Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e adaptado por Silvio Dutra)
“Por isso vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que
pede recebe, o que busca, encontra; e a quem
bate, abrir-se-lhe-á.”. (Lc 11.9,10).
Buscar ajuda em um ser sobrenatural em
tempo de angústia é um instinto da natureza
humana. Não dizemos que a natureza humana
não renovada ofereça uma oração
verdadeiramente espiritual, ou que possa exercer a fé salvadora no Deus vivo. Porém, não
obstante, como criança que cora na escuridão
com desejo angustiante de receber ajuda de um
ou de outro lugar, dificilmente pode saber de onde, a alma com profundo pesar quase
invariavelmente clama a algum ser
sobrenatural no seu pedido de socorro. Não há
pessoas mais dispostas a orar em tempo de angústia que aquelas que têm ridicularizado a
oração em tempos de prosperidade; e
provavelmente não há orações mais reais e em
conformidade com os sentimentos da hora que as que o ateu tem oferecido sob a pressão do
temor da morte.
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Este instinto de procurar ajuda sobrenatural foi colocado pelo próprio Deus no homem, de
forma que possa se deixar achar especialmente
pelos seus escolhidos, tanto para dar-lhes a salvação quando os chama, como para socorrê-
los em suas aflições. O homem ora porque há
algo na oração. Como quando Deus deu a suas criaturas o dom da sede, é porque existe a água
para saciá-la, e a sede é o sinal de que o corpo
necessita de ser reabastecido pela água. Da
mesma forma, há uma sede espiritual que indica a necessidade da alma de ser
reabastecida com a graça de Deus. Assim,
quando Deus inclina os homens a orarem é
porque a oração tem uma bênção correspondente que está unida a ela.
Encontramos uma poderosa razão para esperar que a oração seja efetiva pelo fato de que é uma
instituição de Deus. Na palavra de Deus,
repetidas vezes se nos dá o mandamento de
orar. As instituições de Deus não são vazias. Posso crer que o Deus infinitamente sábio me
tem ordenado um exercício que é ineficaz e que
não é mais que um jogo de meninos? Me ordena
orar, e contudo, a oração não tem mais resultado do que o silvo do vento? Se não há
resposta à oração, a oração é um monstruoso
absurdo e Deus é o autor dele. E isto é uma
blasfêmia se alguém se atreve a afirmá-lo. Nenhum homem que não seja um tonto seguirá
orando uma vez que se lhe tem provado que a
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oração não faz qualquer efeito diante de Deus, e
nunca recebe uma resposta. A oração é uma
tarefa de idiotas e loucos, e não para pessoas sãs,
se fosse verdade que seus efeitos terminam no mesmo homem que ora.
Jesus sabia que surgiriam muitas dificuldades em relação à oração, e poderiam fazer vacilar a
seus discípulos, assim, eliminou toda oposição
mediante uma afirmação incontroversível: “Por
isso vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que
pede recebe, o que busca, encontra; e a quem
bate, abrir-se-lhe-á.”. No texto, o Senhor faz
frente a todas as dificuldades, em primeiro lugar, dando-nos o peso da sua autoridade: “Por
isso vos digo”. Em segundo lugar, dando-nos
uma promessa: “Pedi e dar-se-vos-á, etc”. E
recordando-nos um fato indiscutível: “todo o que pede recebe, o que busca encontra, e a
quem bate abrir-se-lhe-á”. Temos aqui três
feridas mortais para as dúvidas que o crente
possa ter em relação à oração.
I. Em primeiro lugar, NOSSO SALVADOR NOS DÁ O PESO DA sua PRÓPRIA AUTORIDADE:
“Por isso vos digo”.
A primeira marca de um seguidor de Cristo é que crê em seu Senhor. De nenhum modo
podemos seguir ao Senhor se levantamos dúvidas acerca de pontos que Ele tem
estabelecido positivamente. Embora uma
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doutrina esteja rodeada de dez mil dificuldades,
o dito do Senhor Jesus suprime todas elas. No
que concerne aos verdadeiros crentes. Estes
sabem que há condições que acompanham a oração triunfante e perseverante. Eles sabem
quais renúncias têm que fazer quanto à carne,
ao mundo e ao diabo, para se manterem na Palavra do Senhor, e assim poderem conhecer a
sua vontade, para pedirem de acordo com ela,
submetendo-se a tudo que está ordenado por
Deus, ou pelo menos esforçando-se neste sentido, à medida que crescem no
conhecimento do Senhor e da sua vontade,
renunciando ao próprio eu, para serem achados
em conformidade com a santidade de Cristo. Se as palavras dele estiverem em nós, e se
estivermos nele, para que Ele permaneça em
nós, então pediremos o que quisermos, que seja
conforme a sua vontade, e nos será feito.
Mas, como dizíamos, a declaração do nosso Mestre é todo o argumento que necessitamos
para sabermos que nossas orações são ouvidas e
respondidas, quando atendem às condições a que nos referimos antes. Quando Ele diz: “Por
isso vos digo” todo debate e dúvida chegam ao
fim. Porque Ele tem dito, e isto põe um ponto
final em tudo o mais.
Se a natureza tem leis irreversíveis, não importa porque Aquele que criou todas as coisas diz:
“pedi e dar-se-vos-á”. Então certamente será
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assim, sejam quais forem as leis da natureza.
Sendo o Criador o Senhor conhece todo o
mecanismo de todas as forças do universo, e
assim Ele diz: “Pedi e dar-se-vos-á”. Não há forças naturais ou espirituais que possam
impedir o cumprimento da palavra do Senhor.
Pedi e dar-se-vos-á. Agora, quem é que diz isto? É o que tem estado com o Pai desde o princípio,
e Ele conhece quais são os propósito de Deus e como é o coração de Deus, porque tem dito em
outro lugar, “o Pai mesmo lhes ama”. Agora, já
que Ele conhece o decreto do Pai, e o coração do
Pai, pode dizer com absoluta certeza de um testemunho ocular que não há nada no
conselho eterno que entre em conflito com esta
verdade e de que o que pede recebe, e o que
busca acha. Ele tem lido os decretos do princípio ao fim. Não tem tomado o livro e não tem
desatado os sete selos, declarando as
ordenanças do céu? Ele lhes diz que nada há que
seja contra os teus joelhos dobrados e teus olhos molhados com lágrimas, e com o fato de que o
pai abra as janelas dos céus para fazer chover
sobre ti as bênçãos que tu estás buscando. Mais
ainda, Ele mesmo é Deus: os propósitos dos céus são seus propósitos, e aquele que ordenou o
propósito aqui da segurança de que nada há nele
que impeça a eficácia da oração. “Eu vos digo”. E
quando Ele diz cessam todos os argumentos contrários. E as tuas dúvidas são lançadas ao
vento, porque sabes que Ele ouve a oração.
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Porém às vezes surge em nossa mente uma terceira dificuldade, que está associada com
nosso próprio juízo acerca de nós mesmos e
nossa avaliação de Deus. Sentimos que Deus é muito grande, e trememos na presença de sua
majestade, sentimos que somos muito
pequenos, e que, além disso, somos vis, e parece uma coisa incrível que uma insignificância
culpável tenha poder para mover o braço que
move o universo. Me pergunto se não é esse
temor culpável o que nos impede frequentemente que oremos. Porém Jesus
responde docemente: “Eu vos digo: Pedi e dar-
se-vos-á.”. E pergunto novamente, quem é o que
diz “eu vos digo”? É aquele que conhece tanto a grandeza de Deus como a fraqueza do homem.
Ele é Deus e desde sua excelsa majestade,
imagino ouvir-lhe dizer: “Eu vos digo: Pedi e dar-
se-vos-á”.
Porém Ele também é homem como nós, e diz: “Não tenhas medo de tua insignificância, porque eu, osso de teus ossos, e carne de tua
carne te asseguro que Deus ouve a oração do
homem.”. E, se contudo o terror do pecado nos
espante, e nosso pesar nos deprime, eu lhes recordaria que quando diz: “Eu vos digo”, Jesus
nos dá a autoridade, não somente de sua pessoa,
senão de sua experiência. Jesus era dado a orar.
Nunca ninguém orou como ele o fez. Ele passava as noites em oração, e dias inteiros em fervente
intercessão. Ele é quem nos diz: “Eu vos digo,
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pedi e dar-se-vos-á”. Jesus provou o poder da
oração.
Além disso, recordem que se Jesus podia falar positivamente aqui, há razões maiores ainda
para crer nele agora, porque passou além do
véu, e se assentou à destra de Deus Pai, e a voz que agora nos vem não nos chega do homem
pobre que usa uma túnica sem costura, senão do
sacerdote entronizado que nos diz desde a
destra de Deus: “Eu vos digo: pedi e dar-se-vos-á”. Vocês não creem no seu nome? Se creem,
então como poderia cair em terra uma oração
que se oferece sinceramente nesse nome?
Quando apresentas a tua petição no nome de Jesus, uma parte da sua autoridade reforça as
tuas orações. Se tua oração é recusada, Cristo é
desonrado. Não podes crer que isso possa
ocorrer. Posto que tens confiado nele. Creia que a oração oferecida por meio dele deve ter êxito,
e o terá.
II. Agora recordaremos que NOSSO SENHOR NOS APRESENTA UMA PROMESSA
Note-se que a promessa é dada para diversas
formas de oração: “Eu vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á.”.
O texto claramente afirma que todas as formas
de oração verdadeira serão escutadas, com a
condição de serem apresentadas por intermédio de Jesus Cristo, e são para bênçãos
prometidas. Algumas são orações verbalizadas
37
em que os homens pedem, não devemos jamais
deixar de oferecer a oração expressada pela
língua, porque a promessa é que o que pede será
ouvido. Porém, há outros que sem descuidar a oração ativa, porque pelo uso humilde e
diligente dos meios eles buscam as bênçãos que
necessitam. seus corações falam com Deus por meio de seus anelos, seus esforços, suas
emoções e seus trabalhos. Que não cessam de
buscar, porque certamente acharão. Há outros
que, em seu ardor, combinam as formas mais apaixonadas, atuando e falando, porque
clamam, e isso é uma forma intensa de pedir e
uma forma veemente de buscar. Assim a oração
cresce desde o pedir – que é sua vocalização, sua declaração, até o buscar – que é suplicar; e
clamar – que é importunar. Para cada uma
destas etapas da oração há uma promessa clara.
O que pede terá aquilo que pediu. Porém, o que busca tendo ido mais além, encontrará,
desfrutará, estreitará entre suas mãos, saberá
que tem obtido. E o que clama, irá mais longe
ainda, porque entenderá, e se lhe abrirão as coisas preciosas. Não somente terá a bênção e o
desfrute, senão que a compreenderá, entenderá
com todos os santos quais sejam as alturas e as
profundidades. Contudo, quero que notem o seguinte, que engloba tudo, seja qual for a forma
de oração, terá êxito. Se somente pedis,
recebereis; se buscais, achareis; se clamais, será
aberto, porém em cada caso lhes será feito conforme a vossa fé. As cláusulas da promessa
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que temos diante de nossos olhos não se nos
apresentam coletivamente, como dizemos no
direito: o que pede e busca e clama, receberá, o
que busca achará e o que clama lhe será aberto. Não é quando combinamos as três coisas que
recebemos a bênção, embora indubitavelmente
se as combinamos receberemos uma resposta combinada; porém se exercemos somente uma
destas três formas de oração, de todos os modos
teremos o que nossa alma necessita.
Estes três métodos da oração exercitam uma variedade de nossa graça. Os pais comentam
sobre esta passagem que a fé pede, a esperança busca e o amor clama, e vale a pena repetir esse
comentário. A fé pede porque crê que Deus dará;
havendo pedido, a esperança espera, e em
consequência busca a bênção; o amor leva mais perto ainda, e não receberá uma negativa de
Deus, antes deseja entrar em sua casa e cear
com Ele, e por isso clama à sua porta até que lha
abram. Porém, voltamos ao nosso ponto original. Não importa qual é a graça que se
exerce, uma bênção corresponde a cada uma. Se
a fé pede, receberá; se a esperança busca,
achará, e se o amor clama, lhe será aberto. Estes três modos de orar nos convêm em diferentes
situações de angústia. Ali estou, pobre mendigo,
à porta da misericórdia, peço e receberei.
Porém, me extravio, de modo que não posso falar com Aquele a quem uma vez pedi tão
exitosamente; então posso buscá-lo com a
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certeza de que o acharei. E se estou na última das
etapas, não somente pobre e confuso, senão
também imundo como para sentir-me separado
de Deus, como leproso que é lançado fora do acampamento, então posso clamar e a porta se
me abrirá.
Cada uma desta diferentes descrições das orações é sobremaneira sincera. Se alguém dissesse: “Não posso pedir”, nossa resposta
seria: “não entendes a palavra.”. Com toda a
segurança qualquer pessoa pode pedir. Uma
criança pode pedir. Muito antes que o bebê saiba falar, ele pode pedir. Não necessita de palavras
para pedir o que necessita, e não há um só entre
nós que esteja incapacitado de pedir. Não é
necessário que as orações sejam belas. Creio que Deus abomina as orações floreadas. Quando
oramos, quanto mais sincera for nossa oração
melhor, a linguagem mais sincera, a mais humilde, que expressa o que queremos dizer, é
a melhor de todas.
A segunda palavra é buscar, e certamente não há dificuldade para buscar. Poderia haver
dificuldades para encontrar, porém não para buscar. Quando a mulher da parábola perdeu o
dinheiro, ela acendeu uma luz e a buscou. Não
creio que tenha estado alguma vez na
universidade, ou que foi qualificada como doutora em medicina, ou que houvesse estado
diante da Junta Escolar como mulher de sentido
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superior, porém ela podia buscar. Todo o que
deseja fazê-lo pode buscar, seja homem, mulher
ou criança; e para estimular-lhes, a promessa
não é dada de alguma forma filosófica particular quanto ao buscar, senão estabelece
simplesmente, “o que busca acha”.
Agora vejamos o “clamar” ou “chamar”, que é traduzido em nossa Bíblia como “bater”. Bater à
porta é o mesmo que clamar ou chamar à porta.
A ideia é que alguém venha nos atender. Muito bem, quando éramos crianças, sempre
encontrávamos métodos para chamar. Uma
pedra ou um bico com nossa bota serviam para
chamar a atenção daqueles que eram muito altos em relação à nossa estatura. Qualquer
coisa servia para bater na porta. De nenhum
modo estava isso além da nossa capacidade.
Portanto, Jesus o põe desta maneira como para dizer-nos: “Não necessitas ter escolaridade,
preparação, talento, e nem gênio para orar.
Pede, busca, chama, isso é tudo, e há uma
promessa para cada uma destas formas de orar.
Crerás na promessa? É Cristo quem a dá. Jamais tem saído de seus lábios uma mentira. Oh, não
duvidem dele. Se tens orado, prossegue orando, e se nunca tens orado, Deus te ajude para que
comeces ainda hoje.
III. Nosso terceiro ponto é que JESUS DÁ TESTEMUNHO DO FATO DE QUE A ORAÇÃO É
OUVIDA
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Havendo dado uma promessa, logo acrescenta: Podeis estar completamente seguros de que
esta promessa será cumprida, não somente
porque eu vos digo, senão porque é e tem sido sempre assim. Quando um homem diz que
manhã após manhã sairá o sol, e cremos, porque
sempre tem sido assim. Nosso Senhor nos diz, como fato indiscutível, que através de todas as
eras o verdadeiro pedir tem sido seguido pelo
receber. Recordem que quem afirma este fato o
conhece. Se eu afirmasse um fato, poderias responder-me: “Sim, no que respeita ao que tu
tens observado, é verdade”, porém a observação
de Cristo não tem limites. Jamais tem havido
uma oração verdadeira que Ele não tenha conhecido. As orações aceitáveis ao Altíssimo
lhe chegam pela via das feridas de Cristo. Daí
que o Senhor Jesus pode falar com
conhecimento pessoal, e sua declaração é que a oração tem tido êxito: “Todo o que pede recebe,
e o que busca encontra.”.
Neste ponto devemos supor, desde logo, as limitações que iniciaria o sentido comum
ordinário, e que são estabelecidas pelas
Escrituras. Não é que todo o que peça com frivolidade ou maldade a Deus, vá obter o que
pediu. Deus não responderá cada petição néscia,
ociosa e desconsiderada do coração não
regenerado. De nenhum modo. As Escrituras colocam o limite: “Não recebeis porque não
pedis, ou pedis mal”. Há um pedir mal que
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nunca obterá o que pede. Porém tendo em conta
estas cousas, a declaração de nosso Senhor não
tem outra limitação: “Todo o que pede recebe.”.
Cabe recordar que frequentemente, ainda quando os ímpios e os perversos têm pedido a Deus, têm recebido. Com muita frequência no
dia da angústia têm clamado a Deus, e Ele lhes
tem respondido. Como te atreves a dizer isso?
Diz alguém. Não o digo eu, a Escritura é quem o diz. A oração de Acabe foi respondida e o Senhor
disse: “Não tens visto como Acabe se tem
humilhado diante de mim? Pois porquanto se
tem humilhado diante de mim, não trarei o mal em seus dias; nos dias de seu filho trarei o mal
sobre sua casa.”. Assim também, o Senhor ouviu
a oração de Joacaz, filho de Jeú, que fez o que era
mau diante do Senhor (II Rs 13.1-4). Os israelitas também, quando por seus pecados foram
entregues a seus inimigos, clamaram a Deus,
pedindo libertação e receberam sua resposta,
contudo, o Senhor mesmo testifica a respeito deles que somente o lisonjeavam com seus
lábios. Muitas vezes, no tempo de enfermidade
e no tempo de dor, Deus tem atendido às
orações dos ingratos e dos maus. Pensas que nada dá senão aos bons? Tens ficado ao pé do
Sinai e tens aprendido a julgar segundo a lei dos
méritos? Que eras quando começaste a orar?
Eras bom e justo? Não te tem mandado Deus que faças bem aos maus? Crês que Ele te mandaria
fazer algo que ele mesmo não faria? Não tem
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dito que envia a chuva sobre justos e injustos?
Não está dando bênçãos cotidianas a quem lhe
maldiz? Esta é uma das glórias da graça de Deus.
Bem, agora se Deus tem ouvido as orações ainda que de homens que não o buscam da maneira
mais elevada, e lhe tem dado libertação
temporal em resposta aos seus clamores, não te ouvirá com maior razão quando te humilhas na
sua presença, e desejas ser reconciliado com
Ele?
O publicano estava de pé e tão quebrantado de
coração que não se atrevia a levantar os olhos ao céu. Contudo, Deus o contemplou desde acima
e atendeu à sua oração. Manassés tinha sido um
cruel perseguidor dos santos, e não havia nele o
que pudesse servir-lhe de recomendação diante dos olhos de Deus. Mas Deus lhe ouviu desde
suas prisões e concedeu liberdade à sua alma.
Pelo seu próprio pecado Jonas chegou ao ventre do grande peixe. Contudo, desde o seio do
inferno clamou e Deus lhe ouviu. “Todo o que
pede recebe, e o que busca acha e ao que chama
se lhe abrirá.”. Todo o que. Eu não creio que entre os condenados ao inferno haverá alguém
que se atreva a dizer: “Eu busquei ao Senhor e
ele me recusou.”.
Não se achará no dia final da redenção uma só
alma que possa dizer: “Chamei à porta da misericórdia, porém Deus se negou a abrí-la.”.
Isto não poderá ocorrer de modo algum, porque
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Deus não pode negar-se a si mesmo. Ele não
pode deixar de ser fiel à sua Palavra para a
cumprir, pois tem dito “Todo o que... recebe,
acha, abrir-se-lhe-á”. Se tens dúvidas, faça a prova, se já tens provado, prova novamente.
Estás vestido de farrapos? Não importa, todo o
que pede recebe. Estás imundo pelo pecado? Não tem importância, todo o que busca
encontra. Te sentes como se estiveras de todo
separado de Deus? Tampouco importa, chama e
a porta será aberta, para que você seja atendido. Quando o Senhor disse estas palavras, ele
poderia haver recorrido à sua própria vida como
evidência. Em todo caso, nós podemos nos
referir à mesma agora e demonstrar que ninguém pediu a Cristo sem receber. A mulher
sirofenícia descobriu que todo aquele que pede
recebe. A mulher que sofria de hemorragia e
tocou a veste do Senhor, não estava pedindo, estava buscando, e encontrou.
“Tenho pedido fé”. Diz alguém. Bem, que queres dizer com isso? Crer em Jesus é um dom de
Deus, porém além disso deve ser um ato teu.
Pensas que Deus crerá por ti, ou que o Espírito
Santo crê no nosso lugar? Que tem que crer o Espírito Santo? Tu deves crer por ti mesmo ou te
perderás, caso não conheças ainda ao Senhor.
Ele não pode mentir. Ele tem dito que o que crer
e for batizado será salvo. Se alguém pede em oração para ser salvo, mas não crê ao mesmo
tempo no Senhor Jesus, não pode ser salvo.
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Porque a Palavra não diz: “Ora e serás salvo”,
mas sim “crê e serás salvo”. Confia no Senhor e
serás salvo, e tua oração será respondida.
Se na tua constante comunhão com o Senhor te sentes movido a orar pela salvação de
determinada pessoa, continua orando com
esperança porque obterás a resposta à tua oração. Há muitos que têm tido a resposta às
suas orações por outros depois de mortos.
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Como Suplicar
Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e
adaptado por Silvio Dutra)
“Eu sou pobre e necessitado; ó Deus, apressa-te em valer-me, pois tu és o meu amparo e o meu
libertador. Senhor, não te detenhas!” (Sl 70.5).
Oh! Quantas convicções errôneas temos fixado
em todas as nossas relações com as pessoas, não
sabendo a forma de dar a devida honra e
deferência a quem é digno de honra, conforme
está determinado pelo Senhor. E com o próprio Deus também não sabemos como convém sobre
a maneira de nos dirigirmos a Ele, e isto é algo
para ser aprendido ao longo de toda a vida. Mas podemos aprender muitas coisas básicas a este
respeito, e temos um bom professor para isto na
pessoa de Davi.
Os pintores, na antiguidade costumavam aprender debaixo dos pés dos grandes mestres.
Eles estavam convencidos de que poderiam
alcançar mais facilmente os níveis de excelência se estivessem na escola de homens
eminentes. Os homens têm gasto grandes
somas em dinheiro para que seus filhos possam
ser aprendizes das pessoas que são as melhor preparadas em seus ofícios e profissões. Agora
se algum de nós quiser aprender a sagrada arte
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e mistério da oração, é bom que estude as
produções dos grandes mestres desta ciência.
As condições da oração ouvida, em relação ao
comportamento e à vida do que ora, a sua atitude, o objeto de sua petição, e tantas outras
minúcias, podemos aprender da vida daqueles
que prevaleceram com Deus na oração. E não houve quem melhor entendesse a arte da
oração do que o salmista Davi. Ele também
conhecia a forma de louvar, e seus salmos se
converteram na linguagem dos bons homens de todas as épocas. Ele entendeu tão bem como se
deve orar, que se nós captarmos o seu espírito, e
seguir sua maneira de orar, teremos aprendido
a suplicar a Deus da maneira que melhor prevalece. Põe diante de ti, em primeiro lugar ao
Filho e Senhor de Davi, o mais poderoso de todos
os intercessores, e junto a Ele encontrarás a
Davi como um dos mais admiráveis modelos para ser imitado.
Então consideraremos nosso texto como uma das produções de um grande mestre em
assuntos espirituais, e o estudaremos orando todo o tempo que Deus nos ajude a orar da
mesma maneira.
Em nosso texto teremos a alma de alguém que suplica com êxito sob quatro aspectos: em
primeiro lugar, vemos a alma que confessa: “eu sou pobre e necessitado”. Logo, temos a alma
que suplica, porque usa sua pobre condição
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como argumento para pedir, e acrescenta: “ó
Deus, apressa-te em valer-me”. Em terceiro
lugar podes ver uma alma premida pela
urgência, porque exclama: “apressa-te”, e varia a expressão porém conserva a mesma ideia:
“Senhor, não te detenhas!”. E tens em quarto e
último lugar, uma alma que se aferra a Deus, porque o salmista o expressa deste modo: “pois
tu és o meu amparo e o meu libertador.”, assim
se agarra a Deus com suas mãos, como para não
deixá-lo ir até haver obtido a bênção.
I. Então, para começar, vejamos neste modelo de súplica UMA ALMA QUE CONFESSA
O lutador se despe antes de começar a luta, e a confissão faz o mesmo pelo homem que está por
apresentar sua causa diante de Deus. O que corre nas pistas da oração não pode esperar o
triunfo a menos que, por meio da confissão e
arrependimento e fé, se despoje de todo o peso
do pecado. Para a salvação da alma é necessário que se reconheça pela operação do Espírito, a
condição de miséria espiritual em que nos
encontramos por conta do pecado, para que
Deus possa nos salvar tornando-nos ricos com a sua graça. No caso de crentes, que têm
necessidades específicas, é necessário o
reconhecimento e pesar diante de Deus destas
necessidades e da nossa total incapacidade de atendê-las. A alma confessa que é pobre e
necessitada e Deus se move para suprir a vida
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daquele que ora com o que for necessário à
manutenção da sua vida, enquanto ele se
mantém em obediência e fiel à vontade de Deus,
porque os seus olhos repousam sobre os justos e sobre os que se humilham, mas Ele resiste ao
soberbo.
Agora, temos que recordar sempre que a confissão é absolutamente necessária para o pecado quando busca pela primeira vez ao
Salvador. O que busca, não pense que achará a
paz para o seu coração atribulado, enquanto não
tiver reconhecido a sua transgressão e iniquidade diante do Senhor. Pode fazer tudo o
que desejar, mesmo tentar crer em Jesus,
porém irá descobrir que a fé dos eleitos de Deus
não está ainda nele, a menos que esteja disposto a fazer uma confissão completa de suas
transgressões, e desnudar seu coração diante de
Deus. Geralmente nós não fazemos doações de
caridade a pessoas que não a necessitam. O médico não dá seu medicamento a quem não
está enfermo. O cego junto ao caminho a
mendigar. Se ele tivesse dúvida quanto à sua
cegueira, o Senhor teria passado de largo adiante dele. Ele abre os olhos aos que se
confessam cegos, porém ao demais diz: “porque
dizeis vemos, o vosso pecado permanece”. Aos
que eram levados diante dele, perguntava: “Que queres que eu te faça” para que sua necessidade
fosse publicamente reconhecida. Tem que ser
50
assim para todos nós: devemos oferecer a
confissão, ou não podemos obter a bênção.
Permitam-me que fale a vocês que desejam encontrar a paz com Deus, e a salvação por meio do precioso sangue de Jesus. Vocês farão bem
em fazer uma confissão muito sincero e muito
explícita diante de Deus. É certo que vocês não
têm nada para esconder, porque nada há que possam esconder. Ele já conhece a culpa de
vocês, porém ele quer que vocês a conheçam, e
por isso manda que a confessem. Entra no
detalhe dos seus pecados reconhecendo-os secretamente diante de Deus. Reconhece a
maldade do pecado, pede a Deus que lhe faça
senti-la. Não o trates como se fosse uma coisa
pequena, porque não é. Deus odeia o mínimo pecado. Para redimir o pecador dos efeitos do
pecado, Cristo mesmo teve que morrer, e de
outra sorte não poderia haver perdão de qualquer pecado, por mínimo que fosse.
Procure ver o pecado como Deus o vê, como
uma ofensa contra tudo o que é bom, uma
rebelião contra tudo o que é amável. Veja o pecado como traição, como ingratidão, como
uma coisa baixa e egoísta.
Nunca espere que o Rei do céu perdoe a um traidor, se este não confessa e abandona sua
traição. Até o pai mais terno espera que o filho se humilhe quando tem causado uma ofensa, e
não deixará de mostrar-lhe a face franzida até
51
que ele com lágrimas diga: “pai, tenho pecado”.
Você se atreve a esperar que Deus se humilhe
diante de você, e não seria ao contrário que Ele
te constrangeria a se humilhar a Ele? Você quer que Ele faça vista grossa às suas faltas e feche os
olhos às suas transgressões? Ele terá
misericórdia, porém é santo. Está disposto a perdoar, porém não tolera o pecado, e portanto,
não pode lhe perdoar se você segue acariciando
os seus pecados, ou se atreve a dizer: “não tenho
pecado”. Assim pois dá-te pressa, lhe rogo, e apresenta-te diante do trono da graça com isto
em teus lábios: “Eu sou pobre e necessitado; ó
Deus, apressa-te em valer-me, pois tu és o meu
amparo e o meu libertador. Senhor, não te detenhas!”. Com tal reconhecimento começas
bem a tua oração, e por Jesus Cristo prosperarás
nisto.
Amados leitores, o mesmo princípio se aplica à igreja de Deus. Estamos orando por uma
demonstração do poder do Espírito Santo nesta igreja, para o fim de orarmos com êxito nisto, é
necessário que unanimemente façamos a
confissão que se acha em nosso texto: “eu sou
pobre e necessitado”. Temos que reconhecer nisto que carecemos de poder. A salvação é de
Jeová e não podemos salvar uma só alma. O
Espírito de Deus está escondido em Cristo, pelo
que devemos buscá-lo diante do que é o grande Cabeça da Igreja. Não podemos enviar o Espírito,
e nada podemos fazer sem Ele.
52
Ele sopra onde quer. Devemos sentir isto profundamente e reconhecê-lo honestamente.
Antes de abençoar a sua igreja, Deus quer que
saiba que a bênção vem completamente dele, não com exército, nem com força, senão com o
seu Espírito, diz o Senhor.
A lição que aprendemos da experiência que Deus concedeu a Gideão para confirmar que
faria por meio dele aquilo que havia designado, é muito instrutiva. Lemos em Jz 6.36-40: “Disse
Gideão a Deus: Se há de livrar a Israel por meu
intermédio, como disseste, eis que eu porei uma
porção de lã na eira: se o orvalho estiver somente nela, e seca a terra ao redor, então
conhecerei que hás de livrar a Israel por meu
intermédio, como disseste. E assim sucedeu;
porque ao outro dia se levantou de madrugada e, apertando a lã, do orvalho dela espremeu uma
taça cheia de água. Disse mais Gideão: não se
acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só
esta vez; rogo-te que mais esta vez faça eu a prova com a lã: que só a lã esteja seca, e na terra
ao redor haja orvalho. E Deus assim o fez
naquela noite: pois só a lã estava seca, e sobre a
terra ao redor havia orvalho.”. Gideão tem sido retratado nesta passagem como um homem
cheio de dúvidas, medroso, mas isto não faz
honra ao seu caráter, porque Deus não teria
respondido ao coração que duvida do seu poder. Vemos de outra forma, uma prova da fé que
Gideão tinha em Deus, e por isso mesmo foi
53
chamado por Ele para liderar Israel, pois Ele cria
que Deus era poderoso para fazer o que fez.
Vemos uma atitude de prudência e de
confirmação, de que quem o estava chamando era de fato o Senhor, porque nenhum outro
poderia fazer o que Ele fez. A lição que Deus
ensinou a Gideão e que também nos ensina nesta passagem é que sem o orvalho da sua
graça nada podemos fazer. Não é porque
estamos no auge de um ministério que Deus
normalmente abençoa, ou porque estamos numa igreja que Deus normalmente visita com
sua graça, porém nos faz ver que as visitações do
seu Espírito são o fruto da sua soberana graça, e
são dons do seu amor infinito, e não da vontade do homem, nem pelo homem. Como disse
Tomás Fuller: “os ventos de Deus podem mudar
e serão tão gloriosos de uma maneira como de
outra.”. Tal qual o Senhor fizera com a lã de Gideão, numa noite encharcou a lã com o
sereno, deixando tudo seco ao redor, e numa
outra noite fez o contrário, deixou a lã seca e
encharcou tudo ao seu redor. O pedido de Gideão foi sábio, porque o orvalho que cai numa
região, não pode cair num só pequeno ponto (a
lã), e não ao redor, como também não pode
deixar de cair num único pequeno ponto, enquanto cai em todo o seu redor. Isto somente
Deus pode fazer pelo seu poder. Isto nos revela
que no que se refere especialmente a milagres,
dependemos inteiramente dele e da sua soberana vontade. Somos de fato, diante dele,
54
pobres e necessitados. Nada podemos fazer
quando o feito excede a nossa capacidade
pessoal. Dependemos inteiramente do Espírito
que age como quer e onde quer e sobre quem quer, assim como o vento que sopra onde quer.
É muito significativo que antes que desse de comer aos milhares de pessoas, Jesus pediu que
os discípulos fizessem antes o inventário das
provisões que estavam disponíveis, para que
ninguém dissesse que o milagre foi feito com os recursos do próprio homem que estavam
disponíveis no momento. Quando Jesus
ordenou aos discípulos que lançassem as redes
à direita do barco e eles o encheram de peixes, ele não fez o milagre até que eles tivessem
confessado que haviam trabalhado a noite
inteira e que não tinham conseguido pescar
nenhum peixe. Assim, souberam que naquele milagre o êxito foi inteiramente devido ao seu
Senhor. Devemos entender e aprender isto, e
quanto mais cedo o consigamos, melhor.
Por isso dou graças a Deus quando nos limpa a alma de toda autosuficiência e vaidade e
bendigo o seu grande nome quando nos levar a
sentir a pobreza de nossa alma como igreja, porque é certo que então virá a bênção.
Um pai e crente fiel, chora porque o dinheiro
mal dá para pagar as contas e já não pode ofertar e ajudar a outros como gostaria, e na sua
pobreza financeira chora diante de Deus, não
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murmurando, mas prosseguindo com sua alma
grata e satisfeita ao Senhor, mesmo com o quase
nada que tem, reconhece sua pobreza e
necessidade, e incapacidade de inverter a situação, porque todas as portas parecem ter
sido fechadas. Não demora muito e a resposta
vem do céu trazendo a provisão necessária para tornar aquele coração confiante na certeza de
que há um Deus no céu que cuida de cada uma
das nossas necessidades.
Quando o fogo vem do céu como resposta à nossa oração, dá-se o mesmo que se deu com
Elias, podemos colocar água, uma, duas, três vezes sobre o altar onde nos oferecemos como
sacrifício vivo e santo ao Senhor, e o fogo
queimará a oferta, e nenhuma água poderá
apagá-lo. Se nesta igreja, se deseja que o Senhor nos abençoe grandemente, o Senhor pode
enviar-nos a prova de derramar água, uma,
duas, ou três vezes. Pode desalentar-nos, afligir-
nos, provar-nos e fazer-nos esmorecer, até que vejamos que não é o pregador, nem a
organização, não é o homem senão
completamente de Deus, o Alfa e o Omega, que
vem a bênção da igreja, daquele que opera todas as cousas de acordo com o conselho da sua
vontade. Assim, tenho demonstrado que para
ter uma boa sessão de oração o melhor é
começar com a confissão de que somos pobres e necessitados. Aprendamos com o rei Davi que
prevaleceu diante de Deus.
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II. Em segundo lugar, quando a alma se tem despojado do peso dos méritos e da
autosuficiência, e começa a orar, então nos
encontramos diante de UMA ALMA QUE SUPLICA.
“Eu sou pobre e necessitado; ó Deus, apressa-te em valer-me, pois tu és o meu amparo e o meu
libertador. Senhor, não te detenhas!”. O leitor
cuidadoso notará quatro súplicas neste único
versículo.
Deus é quem tudo faz. É quem opera o querer e o efetuar. Mas você tem que atender as
condições que Ele mesmo estabeleceu para abençoar o seu povo: obediência à sua vontade,
à sua Palavra, e isto implica muitas coisas. Lutar
com Ele em súplica, ser submisso a quem é
devido, amar com apreço os pastores, o cônjuge, os filhos, enfim, andar em fidelidade nos seus
deveres para com o Senhor, guardando a sua
Palavra e esforçando-se para honrar o seu
nome. A bênção virá no entanto não pelo nosso mérito decorrente da nossa obediência, esta é
condição, mas não é a causa, a causa é sempre o
próprio Senhor, lembre-se sempre que somos
pobres e necessitados, nada há em nós, mesmo em nossa fidelidade que nos recomende à
benção de Deus.
Sobre este tema quero destacar que é hábito da fé, quando está orando, usar súplicas. Que sejam
até mesmo suspiros do coração, mas que sejam
57
expressões da alma que se move diante do Deus
vivo e procura o seu socorro e auxílio. Os que são
simples pronunciadores de orações, de
nenhum modo estão orando, porque se esquecem de se oferecer a Deus. Porém aqueles
que querem prevalecer, oferecem suas razões e
seus poderosos argumentos e debatem a questão com Deus. Os que lutam o fazem de
acordo com certas regras. Têm um estilo de se
lançar sobre o oponente. E a arte da luta da fé é
suplicar a Deus, e dizer com ousadia: “que seja assim e assim, por tais e tais razões”.
Quando Jacó temia seu irmão Esaú, ele se colocou diante de Deus e lembrou-Lhe que ele
estava vindo àquele lugar em obediência a Ele e
que Ele lhe havia prometido que lhe faria bem. Estando em grande aperto, se firmou na
promessa do Senhor: “Disseste: eu te farei
bem.”. E o Senhor o ouviu e o abençoou.
Irmãos, aprendemos assim a suplicar com os preceitos e promessas, e com qualquer outra
coisa que possa servir-nos; porém tenhamos
sempre algo em que basear nossa súplica. Não
faças conta de ter orado se não tens argumentado porque o argumentar é a medula
mesma da oração. O que suplica com
argumentos conhece o segredo de prevalecer
com Deus, especialmente se apela ao sangue de Cristo, porque isso abre a fechadura dos
tesouros celestiais.
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A fé invocará ousadamente todas as relações da graça de Deus. Poderás Lhe dizer: “Não és tu o
Criador? Desampararás a obras das tuas mãos?
Não és o Redentor? Normalmente a fé se deleita em lançar mão da paternidade de Deus. “Tu és
Pai e nos castigarás e matarás? Um pai e não
proverás? Um pai e não te compadeces e nem tens misericórdia? Um pai e negas o que teu
filho pede?”.
Os que oram de verdade são como pessoas sérias que vão ao banco sacar dinheiro. Elas não
saem da agência até que tenham retirado o seu dinheiro. Assim, são pessoas frívolas aqueles
que jogam a oração, digo que jogam, porque não
pedem com seriedade e não esperam o
recebimento da resposta de Deus, e assim são pessoas puramente frívolas, que não honram ao
Senhor. Não lhe dão a oportunidade de provar a
sua completa fidelidade. O Senhor não está jogando ou brincando quando faz promessas.
Não foi um jogo quando derramou o seu sangue,
e não devemos converter a oração numa
frivolidade, orando com um espírito que nada espera.
O Espírito Santo é sério e nós devemos também ser sérios. Devemos ir em busca de uma bênção,
e não ficarmos satisfeitos até que a tenhamos
alcançado. Como o caçador, não fica satisfeito por haver corrido, tantas milhas, e não está
contente até que tenha colhido uma presa.
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Ademais, a fé apela às proezas de Deus. Contempla o passado e diz: “Senhor, tu me
salvaste em tais e tais ocasiões, me faltarás
agora?”. “Tens me trazido até este ponto para que ao final seja posto em vergonha?”. A fé
conhece as antigas misericórdias de Deus, e as
converte em argumentos para obter favores presentes. Porém todo teu tempo se terá ido se
tratas de mostrar sequer a milésima parte dos
argumento da fé.
Contudo, às vezes os argumentos da fé são
muito singulares. Como ocorre no nosso texto, de nenhum modo se conforma às regras da
orgulhosa natureza humana ao suplicar: “Eu
sou pobre e necessitado, oh Deus apressa-te em
socorrer-me”. Esta não é a maneira com que os homens suplicam, porque dizem: “Senhor, tem
misericórdia de mim, porque não sou tão
pecador como os outros.”. Porém a fé faz sua leitura sob uma luz mais realista, e baseia seus
argumentos na verdade. “Senhor, posto que
meu pecado é grande, e tu és o grande Deus, que
tua misericórdia seja concedida a mim.”.
Vocês conhecem a história da mulher siro-fenícia. É um grande exemplo da ingenuidade
do arrazoamento da fé. Veio a Cristo a suplicar
por sua filha, e ele não lhe respondeu palavra
alguma. Que creem que disse seu coração? “Bem, está bem, porque não me tem recusado.
Posto que não tem falado não me tem
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recusado.”. Animando-se com isto, começou a
suplicar de novo. Deste vez Jesus lhe falou de
forma um tanto áspera, e então seu valente
coração disse: “Por fim tenho alcançado o que esperei. Logo terei uma obra maravilhosa.”. Isso
também a alegrou, e então, quando Ele a
chamou de cachorro, ela respondeu: “porém um cachorrinho é parte da família, tem alguma
conexão com o amor da casa. Embora não coma
à mesa, recebe as migalhas que caem dela, e
agora te tenho a ti, grande Amo, ainda que seja um cachorrinho. A grande misericórdia que te
estou pedindo, embora seja muito grande para
mim, para ti é somente uma migalha. Conceda-
ma te rogo.”. Poderia fracassar o que estava pedindo? Impossível. Quando a fé tem um
desejo, sempre encontra um caminho, e obterá
a vitória quando todas as coisas pressagiam uma
derrota. Ainda que o próprio Deus nos ponha à prova indicando que não está muito interessado
em resolver nossos problemas.
Não é um argumento contundente afirmar que estamos aflitos e necessitados. Não é esse o principal argumento diante da benevolência,
seja humana ou divina? Não é nossa
necessidade a melhor razão que podemos
oferecer?
III. No ponto seguinte devo ser breve. É UMA ALMA PREMIDA PELA NECESSIDADE
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“Apressa-te em valer-me, pois tu és o meu amparo e o meu libertador. Senhor, não te
detenhas!”. Podemos pedir urgência a Deus, se
todavia não somos salvos, porque nossa necessidade é urgente. Estamos em perigo
constante, e perigo da pior espécie. Oh, pecador,
dentro de uma hora, dentro de um minuto, podes encontrar-te onde a esperança já não te
visitará mais. Portanto, clama: “Dá-te pressa,
Oh, Deus, livra-me, apressa-te em socorrer-
me!”. O teu caso é um que não admite demoras. Não tens tempo para perder. És uma alma
premida, porque tua necessidade é urgente. E
recorda, se estás realmente numa necessidade,
e o Espírito está operando em ti, terás a sensação de urgência e deves atuar com urgência. Um
pecador comum poderia contentar-se com
esperar, porém um pecador vivificado quer
misericórdia agora mesmo. Um pecador morto permanecerá quieto, porém um pecador
vivificado não pode descansar até que o perdão
tenha sido selado em sua alma. Se tens urgência
agora, fico contente com isso, porque na tua urgência alcançarás a posse da vida espiritual.
Quando já não podes viver sem um Salvador, o
Salvador virá a ti, e tu te regozijarás nele.
Irmãos, membros desta igreja, a mesma verdade tem valor para vocês. Deus virá para
abençoá-los, e virá prontamente, quando a sensação de urgência se faça mais profunda e
urgente. Oh, quão grande é a necessidade desta
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igreja! Não se acostume ao seu fracasso. Não se
acostume à sua enfermidade, se esta é
espiritual. Não se acostume á frieza de coração.
Isto nos fará mundanos, nos colocará longe da santidade, nos dividirá, trará discórdias de todas
as espécies. Satanás se regozijará, e Cristo será
desonrado, a menos que obtenhamos uma maior medida do Espírito Santo. Nossa
necessidade, então receberemos a bênção que
desejamos se a buscarmos com o espírito de
urgência em Deus. De minha parte, irmãos e irmãs, desejo sentir um espírito de urgência
dentro de minha alma enquanto suplico a Deus
o orvalho de sua graça descendo sobre esta
igreja. Jesus tem dito que devemos orar sempre e não desmaiar. Deus nos tem convidado a nos
aproximarmos do trono da graça. Ele te motiva,
te ordenando que acudas a Ele, e tem prometido
que tudo o que pedirmos em oração, crendo, o receberemos. Então venha com urgência, venha
em forma importuna, venha com esse
argumento: “estou pobre e necessitado, não te
detenhas, oh Deus meu”, e seguramente virá uma bênção, não tardará. Que Deus nos conceda
o poder de vê-la, para que lhe demos toda a
glória.
IV. Esta é outra parte da arte e mistério da oração: A ALMA QUE SE AFERRA A DEUS.
A alma tem suplicado, tem mostrado a urgência, e agora se aproxima de Deus e se agarra a Ele.
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Agarra-o com uma das mãos e diz? “Tu és minha
ajuda”, e com a outra mão: “Tu és meu
libertador.”.
Agora, pecador, possa Deus ajudá-lo a dizer nesta manhã ao bendito Cristo de Deus: “Tu és
minha ajuda e meu libertador.”. Talvez te queixes de não poder ir longe, porém, pobre
alma, tens outra ajuda? Se a tens, não podes ter
dois ajudadores em uma só mão. “Oh, não,”,
digas, “não tenho ajuda alguma. Não tenho esperanças senão em Cristo.”. Então, pobre
alma, posto que tens as mãos vazias, essa mão
vazia foi preparada intencionalmente para
aferrar-se a teu Senhor. Aferra-te a Ele. O Senhor ama a ousadia dos pobres pecadores.
“Oh”, diz alguém, “porém sou tão indigno. “Ele veio buscar e salvar o que se havia perdido”. Ele não é Salvador dos que se creem justos. Ele é
Salvador dos pecadores: “amigo dos pecadores.”
é seu nome. Tu que te sentes indigno, aferra-te
a Ele. “Oh,”, diz alguém. “porém não tenho direito”. Bem, posto que tu não tens direito, tua
necessidade será teu clamor: é tudo o que
necessitas pedir. Parece-me ouvir alguém que
diz: “é demasiado tarde para que eu suplique pedindo graça. “Não pode ser, é impossível,
enquanto vivas e desejes a graça, não será
demasiado tarde para buscá-la.
Qualquer momento é o tempo oportuno para invocar o nome de Jesus. Assim não deixes que o
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diabo te tente com o pensamento de que é
demasiado tarde. Acode a Jesus agora, vem
imediatamente, e aferra-te aos cornos do altar
pela fé, e diz-lhe: “Sacrifício dos pecadores, te fizeste sacrifício em meu lugar. Intercessor dos
que estão sem a graça, sê tu meu intercessor. Tu
que dás dons aos rebeldes, dá-me dons a mim, porque tenho sido rebelde. Quando ainda
éramos fracos, a seu tempo Cristo morreu pelos
ímpios. Que o poder da tua morte seja visto em
mim para a salvação da minha alma.”.
Oh, vocês que são salvos, e portanto, que amam a Cristo, quero que vocês, irmãos amados, como
são de Deus, ponham em prática esta parte final de meu tema, estejam seguros de aferrar-se a
Deus em oração. “Tu é minha ajuda e meu
libertador.”. Como igreja nos arrojamos sobre o
poder de Deus, e nada podemos fazer sem Ele. Porém não queremos estar sem Ele, nos
aferremos a Ele firmemente.
A oração move o braço que move o mundo.
Quando a igreja começa a orar, Ele poderia em princípio fazer como que tivéssemos que ir mais
longe, e poderíamos ter o temor de não receber resposta alguma. Sigam firmes, queridos
irmãos. Estejam firmes, inamovíveis, apesar de
tudo. Mais tarde, poderia ocorrer, haverá
desalento onde esperávamos um êxito grandioso, encontraremos irmãos que opõem
dificuldades, alguns caíram no pecado,
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abundaram os reincidentes e impenitentes.
Porém não deixemos de avançar. Sigamos com
maior firmeza. E se chegar a ocorrer que nós
mesmos nos desencorajamos e nos desalentarmos, e sentimos que nunca ficamos
tão débeis como agora, não importa irmãos,
sigamos adiante, porque quando o tendão se encolhe, (tal como se deu com a coxa de Jacó), a
vitória está próxima.
O que se obtém por uma só oração, às vezes é somente uma bênção de segunda classe. Porém
a que se obtém depois de um esforço desesperado, e de uma luta terrível, está é uma
bênção completa e preciosa. Sempre é lindo
contemplar os filhos da importunidade. Aqueles
que são importunos diante de Deus por conta das incessantes petições que lhe dirigem. A
bênção que nos custa mais orações será a mais
apreciada. Somente sigamos perseverando em
súplicas, e obteremos uma bênção ampla e de largo alcance para nós, para a igreja e para o
mundo.
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O Dever da Oração Incessante
Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e
adaptado por Silvio Dutra)
Agora, mais uma ordenança prática de Paulo
em I Tes 5.17, que está resumindo
sinteticamente o dever de orar sempre sem
cessar.
Paulo aprendeu isso do próprio Jesus. Lemos em Lc 18.1: “Disse-lhes Jesus uma parábola, sobre o
dever de orar sempre e nunca esmorecer.”. Isto inclui tanto a oração particular privada, quanto
a oração pública. Quanto a esta última podemos
ler em I Tim 2.8: “Quero, portanto, que os varões
orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade.”.
Em primeiro lugar, a oração é absolutamente necessária à salvação do homem. Sabemos firmemente que a salvação de qualquer um é
pela graça de Deus, e não por qualquer coisa que
façamos. Mas que alguém possa alcançar a
salvação sem que a peça a Deus, como uma forma de oração em seu coração, não podemos
ver isto na Bíblia. Porque somente aqueles que
invocarem o nome do Senhor, e aqueles que o
confessarem como Senhor com sua boca, crendo isto em seu coração, é que são salvos.
Não é propriamente a oração que salva, mas a
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graça do Senhor, mas não podemos encontrar
que sem oração alguém será salvo.
Não é absolutamente necessário à salvação que um homem deveria ler e conhecer toda a Bíblia.
Um homem pode não ter nenhuma
aprendizagem, ou ser cego, e ainda ter Cristo dentro do seu coração. Não é absolutamente
necessário que um homem deva ouvir a
pregação pública do Evangelho (entretanto ele
tem que receber a Palavra de alguma outra forma). Ele pode viver onde o Evangelho não é
pregado publicamente, ou ele pode estar
acamado, ou ser surdo. Mas a mesma coisa não
pode ser dita sobre oração. É absolutamente necessário à salvação que um homem deveria
orar.
Como poderemos ser salvos por um Deus “desconhecido?”. E como poderemos conhecer
a Deus sem oração? Nós não podemos conhecer
as pessoas se nós não falarmos com elas, e da
mesma forma não podemos conhecer Deus em Cristo, a menos que nós falemos com Ele em
oração. Se nós desejarmos estar com Ele no céu,
nós devemos ser amigos dele na terra. E se
desejamos ser seus amigos na terra, nós devemos orar.
Em segundo lugar, o hábito de oração é uma das
marcas mais seguras de um verdadeiro crente. Todos os filhos de Deus na terra são
semelhantes neste aspecto. Assim como o
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primeiro sinal de vida em uma criança quando
é nascida ao mundo, é o ato de respirar, assim o
primeiro ato de homens e mulheres quando
eles nascem de novo, é orar. Esta é uma das marcas comuns de todos os eleitos de Deus:
"Eles sempre oram e nunca esmorecem” (Lc
18:1). O Espírito Santo os faz novas criaturas, trabalha neles o sentimento de adoção, e os faz
clamar,"Abba, Pai" (Rm 8:15). Eles veem a
necessidade deles de misericórdia e graça. Eles
sentem a fraqueza deles.Eles têm que orar.
Eu examinei as vidas dos santos de Deus cuidadosamente na Bíblia. Eu não pude achar
um cuja história que nos é contada, de Gênesis
a Apocalipse, que não fosse um homem de
oração. Eu encontro mencionado na Bíblia que uma característica do homem piedoso, é que
eles clamam ao Pai, que eles clamam ao Senhor
Jesus Cristo. E eu acho registrado como uma característica dos ímpios, que eles não clamam
a Deus (I Pe 1.17; I Cor 1:2; Sl 14:4).
Eu li as vidas de muitos grandes cristãos que estiveram na terra desde os dias da Bíblia.
Alguns deles, eu vejo, eram ricos, e alguns pobres. Alguns eram educados, e alguns sem
educação. Eles vieram de várias denominações
e alguns eram independentes. Alguns amaram
um serviço de culto muito estruturado, e alguns gostaram disto de forma bastante informal. Mas
uma coisa, eu, vejo, que todos eles tiveram em
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comum. Todos eram homens de oração.
Quando Jesus diz, quando Paulo diz: “orai sem
cessar”. É porque a oração deve ser uma parte
integrante da vida do crente. Ele deve ter o seu pensamento e o seu coração fixado em Deus em
todo o tempo.
Eu não nego que um homem possa orar sem coração, e sem sinceridade. Eu não posso afirmar que o mero fato de uma pessoa estar
orando prova tudo sobre a sua alma. Como em
tudo o mais na religião, também nisto, há
bastante decepção e hipocrisia.
Mas isto eu digo - que não orar, é uma prova clara que um homem não é ainda um verdadeiro
crente. E além disso, eu digo, que de todas as
evidências do real trabalho do Espírito Santo, o hábito da oração privada é o mais indicativo da
obra do Espírito na alma. Um homem pode
pregar. Um homem pode escrever livros, e fazer
bons discursos, e parecer diligente em boas obras, e ainda ser um Judas Iscariotes. Mas um
homem raramente entra no seu quarto, e
derrama a sua alma diante de Deus em secreto,
a menos que ele seja sincero. O Senhor fixou o selo dele em oração como a melhor prova da
verdadeira conversão. Quando Ele enviou
Ananias a Saulo em Damasco, Ele não lhe deu
nenhuma outra evidência da mudança do coração dele além desta, "ele está orando" (Atos
9:11).
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Eu sei que o eleito de Deus é escolhido para a salvação por toda a eternidade. Eu não esqueço
que o Espírito Santo que os chama a seu devido
tempo em muitos exemplos os conduz através de graus muito lentos para uma consciência de
Cristo. Mas o olho do homem só pode julgar
pelo que vê. Eu não posso chamar ninguém de justificado até que ele creia. Eu não ouso dizer
que qualquer um creu até que ele ore. Eu não
posso entender uma fé silenciosa e estupefata.
O primeiro ato da fé será falar com Deus. A fé está para a alma assim como a vida está para o
corpo. A oração está para a fé assim como a
respiração está para a vida.
Sua visão doutrinária pode ser correta. seu
amor pelo evangelho pode ser inconfundível. Mas ainda estes podem ser um conhecimento
mais de cabeça e espírito de festa. O grande
ponto é este - se você pode falar "com" Deus tanto quanto pode falar "sobre" Deus.
Em terceiro lugar, não há nenhuma parte da vida espiritual tão negligenciada como a oração
privada. Nós vivemos em dias em que abundam
as profissões religiosas. Há mais lugares de adoração pública agora do que já havia dantes.
Há mais pessoas que assistem a eles que alguma
vez houve desde que nós nos tornamos uma
nação. E ainda apesar de toda esta religiosidade pública, eu creio que há uma negligência vasta
de oração privada. Eu tenho chegado à
71
conclusão que a grande maioria dos crentes
professos não oram.
Eu sei que isto chocará a muitos. Mas eu estou convencido que a oração é dessas coisas sobre
as quais se pensa que é "um assunto privado", e
como muitos "assuntos privados" está vergonhosamente negligenciada. Como é uma
transação privada entre a nossa alma e Deus,
que nenhum olho vê, então há toda uma
tentação para passar por cima disso e não cumpri-lo. Orar em todo o tempo é um dever,
mas não há dever mais negligenciado na face da
terra.
Eu creio que milhões "nunca dizem uma palavra de oração, nenhuma.". Eles comem; eles bebem;
eles dormem; eles vão para o seu trabalho; eles
voltam para suas casas; eles respiram o ar de Deus; eles veem o sol de Deus; eles caminham
na terra de Deus; eles desfrutam as
misericórdias de Deus; eles têm julgamento e
eternidade diante deles. Mas eles "nunca falam com Deus!". Eles vivem como os animais que
perecem; eles se comportam como criaturas
sem almas; eles não têm nenhuma palavra para
dizer a Ele em cujas mãos está a vida deles, a respiração e todas as demais coisas. Quão
terrível isto parece!
Eu creio que há milhões cujas orações são uma mera forma - um jogo de palavras repetido, sem
um pensamento sobre o significado delas".
72
Palavras ditas sem coração são totalmente
inúteis para as nossas almas. Onde não há
nenhum coração, os lábios podem se mover e a
língua ser articulada, mas não há nada sendo escutado por Deus - não há nenhuma oração.
Não há nenhum exagero no que eu estou afirmando. Você esqueceu que não é uma coisa
natural a qualquer um, o ato de orar? A mente
carnal é inimizade contra Deus. O desejo do
coração do homem natural é ficar afastado de Deus. O sentimento dele para com Deus não
está baseado no amor, mas no medo.
Isto ocorre não porque Deus não seja desejável ou atraente, isto ocorre porque a natureza
terrena está sujeita ao pecado, e o pecado
impede que o homem faça a correta apreciação
do valor de Deus e das suas bênçãos. É por isso que Paulo exorta os crentes a prosseguirem em
seu crescimento rumo à maturidade espiritual.
Que sejam homens espirituais com a mente
renovada, com a mente de Cristo. E não crentes carnais, que agem segundo o homem, e que
julgam segundo o homem, e não segundo Deus.
Crentes espirituais podem orar segundo a
mente de Deus, porque são assistidos pelo Espírito Santo que intercede por eles com
gemidos inexprimíveis.
Em quarto lugar, a oração é o ato da vida espiritual no qual há o maior encorajamento.
Porque Jesus como nosso Sumo-Sacerdote que
73
intercede por nós à direita do Pai dia e noite,
endossa as nossas orações, fazendo com que as
petições daqueles que sabem que são pobres e
necessitados diante do trono da sua graça, sejam fortalecidos pelo seu poder enquanto
oram. Este é um segredo que Davi e Paulo
aprenderam. Em todas as suas tribulações e fraquezas encontramos a ambos orando e
clamando junto ao Pai de misericórdias, e eram
fortalecidos com o seu poder. O incenso da
oração dos santos misturado ao poderoso incenso da intercessão de Jesus Cristo faz com
que nossas orações subam como aroma suave
diante do trono de Deus.
Da mesma maneira que os ouvidos do Senhor Jesus já estão abertos ao clamor de todos os que
querem misericórdia e graça, é também sua
alegria ouvir a oração deles. Pense nisto. Isto não é encorajador?
Sempre há o Espírito santo pronto para ajudar nossa fraqueza em oração. É uma parte das funções especiais dele nos ajudar em nosso
empenho para falar com Deus. Nós não
precisamos ser lançados abaixo e ficar afligidos
pelo medo de não saber o que dizer. O Espírito nos dará palavras se nós só buscarmos a sua
ajuda.
Há ótimas promessas para aqueles que oram. Lemos em Mt 7.7,8: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai,
e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que
74
pede recebe; o que busca, encontra; e a quem
bate, abrir-se-lhe-á.”. E na sequência Jesus
afirma que isto é como um pai atendendo às
necessidades de seus filhos. Se os homens sendo maus, sabem dar boas dádivas aos seus
filhos, quanto mais o Pai celeste não dará boas
coisas aos que lhe pedirem? (Mt 7.9,11). Lemos também em Mt 21.22: “e tudo, quanto pedirdes
em oração, crendo, recebereis.”. E em Jo 14.13,14:
“E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso
farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma cousa em meu nome, eu
o farei.”. Pense no encorajamento que há nestas
palavras para que oremos sem cessar.
Há exemplos maravilhosos na Bíblia sobre o poder da oração. Nada parece ser muito grande,
muito duro, ou muito difícil que a oração não
possa resolver. Obteve coisas que pareciam
impossíveis e fora de alcance. Ela obteve vitórias sobre o fogo, ar, terra, e água. A oração
abriu o Mar Vermelho. A oração tirou água da
pedra e trouxe pão do céu.
A oração fez o sol parar. A oração trouxe fogo do céu nos dias de Elias. A oração transformou o
conselho de Aitofel em tolice. A oração derrotou
o exército de Senaqueribe. Como disse Maria, a
rainha dos escoceses, "eu temo mais as orações de John Knox do que um exército de dez mil
homens.". A oração curou o doente. A oração
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levantou o morto. A oração obteve a conversão
de almas.
Em quinto lugar, a diligência em oração é o segredo da santidade eminente. Sem dúvida há uma grande diferença entre verdadeiros
crentes. Há uma imensa distância entre o mais
forte e o mais fraco no exército de Deus. Todos
eles está empenhados no mesmo bom combate da fé - mas quão valentemente uns lutam mais
do que outros! Todos eles estão fazendo a obra
de Deus - mas alguns fazem melhor do que
outros! Todos eles são luz no Senhor - mas alguns brilham mais intensamente do que
outros! Todos eles estão na mesma corrida –
mas alguns correm mais rápido do que outros!
Todos eles amam o mesmo Deus e Salvador - mas quantos O amam mais do que outros!
Agora, como nós podemos responder pela diferença que eu há pouco descrevi? Qual é a
razão de que alguns crentes são luminosos e mais santos do que outros? Eu creio que a
diferença em dezenove casos em vinte, surge de
hábitos diferentes de oração privada. Eu creio
que aqueles que não são eminentemente santos orem pouco, e esses que são eminentemente
santos orem muito. É por isso que Paulo diz em I
Tes 5.17: “Orai sem cessar.”. Este é o caminho da
verdadeira santificação, do verdadeiro crescimento espiritual, que torna o homem
poderoso em obras diante de Deus.
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Ninguém nasce grande na fé diante de Deus. Todos começam do mesmo ponto no novo
nascimento. E o que torna um crente poderoso
em palavras e em obras como foi Moisés (At 7.22) é o hábito da oração privada. Os crentes
crescem mais quanto mais crescem no hábito
da oração privada. Por isso Paulo diz: “Orai sem cessar.”. Ele mesmo estava “orando noite e dia,
com máximo empenho” para vê-los
pessoalmente e reparar as deficiências da fé dos
tessalonicenses (I Tes 3.10). E particularmente em relação a eles disse o que lemos em II Tes
1.11,12: “Por isso também não cessamos de orar
por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos
da sua vocação, e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé; a fim de que
o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado
em vós, e vós nele, segundo a graça do nosso
Deus e do Senhor Jesus Cristo.”. Isto eram palavras de efeito usadas por Paulo? Palavras
para impressionar os leitores de sua epístola?
De modo nenhum. Ele conhecia o poder que há
na oração incessante e que prevalece diante de Deus. Ele praticava isto, assim como Davi
praticara no passado. Eles cresceriam no
conhecimento de Deus e seriam capacitados a
fazer a sua obra na mesma proporção que orassem. E Paulo destacou para eles o seu
próprio exemplo pessoal. A obra do Senhor
prosperava em suas mãos porque ele orava
incessantemente. Jesus lhe ensinou isto quando ele aprendeu o evangelho diretamente do
77
Senhor, e ele o colocou por prática, e aprendeu
que a obra do Senhor só avança quando
obedecemos o seu mandamento de orar sempre
sem esmorecer.
A oração é o remédio mais seguro contra os ataques do diabo. O pecado não mantém sua influência sobre nós quando temos uma vida
regular de oração privada incessante.
Em sexto lugar, negligenciar a oração é uma grande causa de apostasia. Os homens podem
correr bem por um período, assim como os
Gálatas, e então se desviarem com o ensino de
falsos mestres. Os homens podem perder o seu primeiro amor, como os da igreja de Éfeso. Os
homens podem esfriar em seu zelo tal como
João Marcos, o bom companheiro de Paulo. Os
homens podem seguir um apóstolo por um tempo e depois voltarem para o mundo, tal com
Demas, os homens podem fazer todas estas
coisas.
Não há nenhuma dúvida que se a pessoa é verdadeiramente um crente então a verdadeira
graça nunca será extinta, e a verdadeira união
com Cristo nunca será quebrada. Mas eu creio que um homem pode apostatar tão longe que ele
perderá a visão da sua própria graça, e a certeza
da sua própria salvação. E se isto não for o
inferno, é certamente algo muito próximo dele! Uma consciência ferida, uma mente doente,
uma memória cheia de autocomiseração; um
78
coração ferido com as correções de Deus, um
espírito quebrado, com uma carga de acusação
no seu interior - tudo isso tem "gosto de
inferno.". É um inferno na terra.
Agora, qual é a maior causa da apostasia? Eu creio que uma das suas principais causas é a negligência da oração privada. Claro que a
história secreta de apostatar não será conhecida
até o último dia. Eu somente posso dar minha
opinião como ministro de Cristo e como um estudante do coração.
Bíblias lidas sem oração, sermões pregados sem oração, compromissos para matrimônio sem oração, viagens empreendidas sem oração,
casas escolhidas sem oração, amizades
formadas sem oração – são os tipos de passos
que fazem um crente cair na condição de paralisia espiritual, ou atingir um ponto onde
Deus permite que ele tenha uma tremenda
queda.
Em sétimo lugar, a oração é um dos melhores modos para se adquirir felicidade e satisfação.
Nós moramos em um mundo onde a tristeza
abunda. Este sempre foi seu estado desde que o pecado entrou no mundo. Não pode haver
nenhum pecado sem tristeza. E até que o pecado
seja tirado do mundo será vão para qualquer um
supor que ele pode escapar da tristeza. Alguns, sem dúvida, têm um cálice maior de tristeza
para beber do que outros. Mas poucos serão
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achados por muito tempo vivendo sem tristezas
ou cuidados de um tipo ou outro. Nossos corpos,
nossas propriedades, nossas famílias, nossos
filhos, nossas relações, nossos amigos, nossos vizinhos, e tudo o mais são fontes de cuidado.
Doenças, mortes, perdas, decepções, divisões,
separações, ingratidões, difamações - tudo isto são coisas comuns. Nós não podemos passar
pela vida sem experimentá-las. Algum dia elas
nos descobrirão E qual é o melhor modo para se
ter alegria num tal mundo como este? Como nós passaremos por este vale de lágrimas
entretanto com menos dor? Eu não conheço
nenhum modo melhor que o hábito de "levar
tudo a Deus em oração.". Este é o conselho claro que a Bíblia dá, tanto no Velho quanto no Novo
Testamento. O que diz Deus? "Clama a mim no
dia da angústia, eu te livrarei e tu me
glorificarás.” (Salmo 50:15). O que o apóstolo Paulo diz? “Não andeis ansiosos de cousa
alguma; em tudo, porém sejam conhecidas
diante de Deus as vossas petições, pela oração e
pela súplica, com ações de graça. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento,
guardará os vossos corações e as vossas mentes
em Cristo Jesus.” (Fp 4.6,7). E o que Tiago diz?
“Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração.” (Tg 5.13).
O único modo para estar realmente contente, num tal mundo como este é lançando todos os
nossos cuidados sobre Deus. É a tentativa de
80
levar o seu próprio fardo que tão
frequentemente faz com que os crentes vivam
tristes. Se eles somente contassem as suas
dificuldades para Deus Ele os capacitaria a suportar mais facilmente os seus fardos assim
como Sansão fez com os portões de Gaza.
Jesus pode fazer feliz aquele que nele confia. Ele pode lhe dar paz de coração na prisão, satisfação
no meio da pobreza; conforto em meio a perdas;
alegria à beira da morte. Há uma abundância poderosa nele para todos os seus membros -
uma abundância que está pronta para ser
despejada sobre todos os que lhe pedem em
oração. Oh, que os homens venham a entender que a felicidade não depende de circunstâncias
externas, mas do estado do coração!
A oração pode trazer um raio de esperança, quando todos nossos prospectos terrenos
parecem falhar.
É de fato impressionante a forma econômica como o Espírito Santo diz grandes e profundas
verdades com poucas palavras: “Orai sem
cessar.”. É o seu mandamento. Você deve orar
perseverantemente. Tendo começado o hábito uma vez, nunca o abandone. seu coração às
vezes vai dizer, "Nós já fizemos a oração familiar;
que grande dano será se nós quebrarmos o
hábito da nossa oração privada. seu corpo às vezes dirá: "Você está doente, ou sonolento, ou
cansado; você não precisa orar.". sua mente às
81
vezes dirá: "Você tem um negócio importante
para fazer hoje; corte suas orações, para ganhar
tempo.". Olhe, todas essas sugestões vêm
diretamente do diabo. Isto é o mesmo que dizer: "Negligencie sua alma.". Não a alimente. Deixe-a
perecer. Eu não digo que suas orações sempre
deveriam ter o mesmo tempo e intensidade; mas eu digo, não permita que nenhuma
desculpa o leve a deixar de orar. Porque o
mandamento de Deus para você é: “Orai sem
cessar”. Ele sabe que você necessita disso para permanecer de pé na sua presença, de maneira
que possa estar habilitado a fazer a sua vontade
neste mundo. Não foi sem razão que Paulo disse:
“Orai sem cessar” em I Tes 5.17 e “Perseverai na oração, vigiando com ações de graça” em Col
4.2. Ele não quis dizer que os homens sempre
deveriam estar sobre os seus joelhos. Mas ele
queria dizer que nossas orações deveriam estar como a oferta contínua que queimava
ininterruptamente – algo que perseverasse
continuamente no nosso interior, em todos os
dias da nossa vida – algo que deveria existir com a regularidade das quatro estações do ano, que
sempre chegam no seu próprio tempo. Algo que
nunca cessará enquanto a terra existir.
Nunca esqueça que você pode fazer uma cadeia infinita de orações curtas ao longo do dia. Até
mesmo na companhia de outros, ou enquanto você trabalha, ou indo rua abaixo, você pode
estar enviando silenciosamente para cima
82
pequenos mensageiros alados a Deus, como
Neemias fez na presença mesma de Artaxerxes
(Ne 2:4). E nunca pense que o tempo que é dado
a Deus é tempo perdido. Uma nação não fica mais pobre porque perde um ano de dias úteis
em sete por honrar o Dia do Senhor.
É também importante a sinceridade, a seriedade e o fervor na oração. Não é necessário que um
homem devesse gritar, ou gritar muito alto, para provar que ele é sincero e sério. Mas é desejável
que nós sejamos fervorosos revelando que nós
estamos realmente interessados naquilo que
nós estamos fazendo. É a oração de um homem íntegro que é "poderoso e efetiva", e não do frio,
sonolento, preguiçoso, desatento. Esta é a lição
que nos é ensinada pelas expressões usadas na
Bíblia sobre oração. É "chorando, batendo, lutando, trabalhando, se esforçando.". Esta é a
lição que nos é ensinada através de exemplos da
Bíblia. Jacó lutando com Deus em Peniel: “Não
te deixarei ir, se me não abençoares”. (Gên 32.26). Daniel é outro exemplo, que ficou três
semanas inteiras na presença de Deus, e o
Senhor veio ter com ele em resposta à sua
perseverança (Dn 10.2,3,12,13). Veja um trecho da forma como ele orava em Dn 9.19: “Ó Senhor,
ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e
age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó
Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.”. Ele derrama o
coração em interjeições. Ele apresenta
83
argumentos poderosos diante de Deus. É a Tua
honra Senhor que está em jogo, diria ele em
outras palavras.
O próprio Senhor Jesus, sendo Deus, deu-nos o exemplo da oração perseverante. dele se diz em
Hb 5.7: “Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo
oferecido com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem podia livrar da morte, e tendo
sido ouvido por causa da sua piedade,”. Isto é
muito importante para ser aprendido: “foi
ouvido por causa da sua piedade”. Ninguém espere ser ouvido por Deus vivendo na prática
da impiedade. Os olhos do Senhor repousam
sobre os justos e os seus ouvidos estão atentos às
suas orações. Deus quer ser glorificado em nós, atendendo nossas orações. Por isso não
atenderá os pedidos que lhe são dirigidos para o
simples atendimento de prazeres terrenos,
egoístas, carnais (Tg 4.3).
84
O Poder da Oração Unânime
“Em verdade, também vos digo que, se dois
dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer cousa que porventura
pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que
está nos céus. Porque onde estiverem dois ou
três unidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.19.20)
Uma das principais lições de nosso Senhor no
seu ensino sobre a oração foi: Que não seja para
ser vista pelos homens. Entre no seu quarto; e
fale a sós com o Pai. Assim, Ele nos ensinou que
o significado da oração é contato pessoal, individual com Deus, mas Ele deu também uma
segunda lição: Você não somente precisa de
oração secreta solitária, mas também de oração
pública, unânime. E Ele nos dá uma muito especial promessa para a oração unânime de
dois ou três que concordam no que eles pedem.
Como uma árvore tem suas raízes escondidas
no chão e seu caule cresce para cima à luz solar, assim a oração precisa igualmente para seu
desenvolvimento completo do segredo
escondido no qual a alma conhece a Deus
individualmente, e do companheirismo público com aqueles que acham no nome de Jesus o
lugar da sua reunião comum.
85
A razão por que isto deve ser assim está claro. O laço que une um homem aos membros da raça
humana não são menos reais e íntimos do que
aqueles que os unem a Deus; ele é um com eles. A graça não somente renova nossa relação com
Deus mas também para com os homens. Nós
não somente aprendemos a dizer "Meu Pai", mas "Nosso Pai.". Nada seria mais antinatural do que
os filhos de uma família sempre conhecerem o
pai deles separadamente, mas nunca na
expressão unida dos desejos ou do amor deles. Crentes não somente são os membros de uma
família, mas até mesmo de um corpo. Da mesma
maneira que cada membro do corpo depende do
outro, e a ação completa do espírito que habita no corpo depende da união e cooperação de
tudo, assim os cristãos não podem alcançar a
bênção plena que Deus está pronto para dar pelo
seu Espírito a menos que eles busquem e recebam isto dentro da comunhão de uns com
os outros. Está na união e comunhão dos
crentes que o Espírito pode manifestar o seu
completo poder. Eram cento e vinte perseverando em oração unânime, e o Espírito
veio do trono do Deus glorificado, sobre os
discípulos, no dia de Pentecoste.
São dadas a nós as características da verdadeira oração unânime nestas palavras de nosso
Senhor:
1. Acordo sobre a coisa pedida
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A primeira é "acordo" sobre a coisa pedida. Não deve haver somente o consentimento geral para
concordar com qualquer coisa que outro possa
pedir, deve haver alguma coisa especial, algum assunto de desejo comum; o acordo teria que
ser, como deve ser toda a oração, em espírito e
em verdade. Em tal acordo ficará muito claro a nós aquilo que nós estamos exatamente
pedindo, e se nós podemos pedir
confiantemente de acordo com a vontade de
Deus, e se nós estamos prontos para crer que nós receberemos o que nós pedimos.
2. Reunidos no Nome de Jesus.
A segunda característica é estar unidos no nome de Jesus. Nosso Senhor nos ensina que o
Nome deve ser o centro de união no qual os
crentes devem estar reunidos, o laço de união
que lhes faz um, da mesma maneira que uma casa contém e une tudo que está nela. "O nome
do SENHOR é uma torre forte". Esse Nome é
uma realidade tal para aqueles que nele creem,
que se encontrar dentro disto é ter um presente. O amor e a unidade dos discípulos dele têm
atração infinita para Jesus: "Onde dois ou três
estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.”. É a presença viva de Jesus, na
comunhão dos seus discípulos, que dá à oração
unânime o seu poder.
3. A resposta segura.
87
A terceira marca, é a resposta segura: “ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus”.
Uma oração que tenha por alvo manter nossa comunhão em Cristo, ou buscar nossa própria edificação, pode ter seu uso; mas não era esta a
visão do Salvador quanto ao seu desígnio. Ele
quis dizer isto como um meio de afiançar a
resposta especial à oração. Uma oração que se encontra sem resposta reconhecida deveria ser
uma exceção. Quando qualquer de nós tem
desejos com respeito aos quais nos sentimos
muito fracos para exercitar a fé necessária, nós deveríamos buscar força na ajuda de outros. Na
unidade de fé e de amor e do Espírito, o poder do
Nome e a presença de Jesus agimos mais
livremente e a resposta vem mais seguramente. A marca da verdadeira oração unânime é o
fruto, a resposta, o recebimento da coisa que
nós pedimos: “Em verdade, também vos digo que... ser-lhes-á concedida por meu Pai que está
nos céus.”.
Isso que é um privilégio indizível da oração unânime, e isso revela o poder que ela poderia
ter. Se o marido crente e sua esposa soubessem que eles foram unidos no Nome de Jesus para
experimentar a presença dele e dar poder à
oração unânime (1 Peter 3); se os amigos
cressem que auxílio poderoso há em dois ou três orando em acordo, podem dar um ao outro; se
em toda oração que se faz em Nome de Jesus, a
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fé na sua presença, e a expectativa da resposta,
se levantasse em primeiro plano; se em toda
igreja a oração unânime e eficaz foi considerada
como um dos propósitos principais para os quais eles estão ligados juntamente, sendo o
exercício mais alto do poder deles como uma
igreja; se na Igreja Universal a vinda do reino, a vinda do próprio Rei, primeiro, na efusão
poderosa do Espírito Santo, a própria pessoa
gloriosa dele, realmente for uma questão de
clamar juntos e unidos incessantemente a Deus - Oh, que poder e bênçãos poderiam vir, àqueles
que assim aceitaram provar a Deus no
cumprimento da sua promessa.
Nós vemos isso no apóstolo Paulo isso muito
distintamente, como uma realidade da fé dele no poder da oração unânime da igreja. Aos
romanos ele escreve (15:30): “Rogo-vos, pois,
irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamente
comigo nas orações a Deus a meu favor.”.
Ele esperava ser livrado de seus inimigos e ter prosperidade em seu trabalho através das
respostas às orações unânimes da igreja. Lemos em II Cor 2.10,11: “O qual nos livrou e livrará de
tão grande morte, em quem temos esperado que
ainda continuará a livrar-nos, ajudando-nos
também vós, com as vossas orações a nosso favor, para que, por muitos sejam dadas graças a
nosso respeito, pelo benefício que nos foi
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concedido por meio de muitos.”. Paulo sabia que
seria beneficiado em razão da oração unânime
de muitos, dando-se cumprimento à promessa
do Senhor de abençoar a oração da igreja unida.
Aos efésios ele escreveu: “com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito, e
para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos, e também por mim;
para que me seja dada, no abrir da minha boca,
a palavra, para com intrepidez fazer conhecido o
mistério do evangelho,”. (Ef 6.18,19). O sucesso no seu ministério dependia da oração deles.
Em Fp 1.19 ele diz: “Porque estou certo de que isto mesmo, pela vossa súplica e pela provisão
do Espírito de Jesus Cristo, me redundará em libertação.”.
Em Col 4:3 lemos: “Suplicai ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo,
pelo qual também estou algemado;”.
E em II Tes 3.1,2: “Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague, e seja glorificada, como também está
acontecendo entre vós; e para que sejamos
livres dos homens perversos e maus; porque a fé
não é de todos.”.
Em todos os lugares está evidente que Paulo se sentia membro de um corpo e que ele contou
90
com as orações destas igrejas para alcançar o
que era necessário e que de outro modo não
poderia ser obtido. As orações da Igreja eram
para ele como um fator real no trabalho do reino para a manifestação do poder de Deus.
Quem pode dizer que poderia formar uma igreja sem exercitar esse trabalho de oração, dia e
noite? Como Deus poderia ser glorificado através da vida de seus servos na salvação de
almas, sem este exercício de oração unânime?
A maioria das igrejas pensa que os seus membros são simplesmente unidos para
edificação mútua. Eles não sabem que Deus rege o mundo através das orações dos seus santos,
que a oração é o poder pelo qual Satanás é
vencido, que através da oração a Igreja na terra
tem à sua disposição os poderes do mundo divino. Eles não se lembram que Jesus tem toda
autoridade no céu e na terra, e que por sua
promessa, consagrou toda a igreja em seu Nome
para ser um portão do céu, onde a presença dele será sentida, e o poder dele experimentado
cumprindo os desejos dos seus servos.
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“Orai sem cessar” (I Tes 5.17)
A afirmação do nosso texto vem
imediatamente depois do mandamento:
“Regozijai-vos sempre”, como se esse mandamento tivesse desnorteado um pouco o
leitor, levando-o a perguntar: “Como eu posso
estar sempre alegre?”, então, o apóstolo juntou
como resposta: “orai sem cessar”. Isto não é muito diferente do que se lê em Tg 5.13 a: “Está
alguém entre vós sofrendo? Faça oração.”. As
tristezas como que nos acompanham neste
mundo, incessantemente e bem de perto. E como poderia o crente cumprir o mandamento
de estar sempre alegre, se não fosse pelo vencer
as tristezas que lhe sobrevêm, por meio da
oração? Até parece que as tribulação têm este propósito específico de obrigar-nos a orar, para
que sejamos conduzidos à presença de Deus, e
ali, vemos que nossas tristezas são dissipadas.
A oração constrói um canal para que as tristezas retidas na alma, sejam lançadas para fora, e para
que flua no lugar delas uma inundação de gozo sagrado no coração. Ao mesmo tempo quando
se está alegre e que se ora; quando o coração
está em uma condição quieta, e cheio de alegria
no Senhor, então ele se aproxima também do Senhor em adoração. A alegria santa e o ato da
oração influenciam um ao outro.
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Porém, observe o que imediatamente se segue no texto: "Em tudo dai graças.". Quando alegria e
oração estão casadas, o primeiro filho nascido
deles é a gratidão. Quando nós nos alegramos no Senhor pelo que nós temos, e oramos mais a ele,
então nossas almas lhe agradecem tanto pelo
prazer do que nós temos, quanto por aquilo que ainda há de vir. Esses três textos são três
companheiros inseparáveis, enquanto
representando a vida de um verdadeiro crente.
I. O Que significam estas palavras? "Orai sem cessar.". Elas não significam que o uso da voz é
um elemento essencial na oração? Seria até mesmo muito impróprio se fosse possível nós
continuarmos orando em voz alta
incessantemente. Não haveria nenhuma
oportunidade, claro, para pregar e ouvir, para a troca de relacionamento amigável, para
negócio, ou para qualquer outro dos deveres da
vida; enquanto o estrondo contínuo de tantas
vozes nos faria lembrar mais dos adoradores de Baal do que os de Sião. Nunca foi desígnio do
Senhor Jesus que nossas gargantas, pulmões, e
línguas deveriam estar para sempre em oração.
Desde que nós devemos orar sem cessar, e ainda, que não podemos orar com a voz sem
cessar, está claro que idioma audível não é
essencial à oração. Nós podemos falar mil
palavras que parecem ser oração, e ainda nunca ter orado; por outro lado, nós podemos clamar
ao ouvido de Deus mais efetivamente, e ainda
93
nunca ter dito uma palavra. No livro de Êxodo
Deus é apresentado como dizendo a Moisés:
"Por que clamas a mim?". E ainda não está
registrado que Moisés tivesse proferido uma única sílaba até aquele momento. É verdade que
o uso da voz ajuda frequentemente a oração. Eu
acho, pessoalmente, que eu posso orar melhor quando eu posso ouvir minha própria voz; ao
mesmo tempo não é essencial, não entra nada
na aceitabilidade, realidade, ou prevalência da
oração.
Está igualmente claro que a postura de oração não é de nenhuma grande importância, porque
se fosse obrigatório orar de joelhos nós não
poderíamos orar sem cessar, a postura seria
dolorosa e prejudicial. Para que fim nosso Criador nos deu os pés, se ele nunca desejasse
que nós nos levantássemos sobre eles? Está bem
que orar de joelhos é uma postura mais apropriada, porque expressa humildade, mas,
ao mesmo tempo, os homens piedosos oraram
em seus quartos, sentados, de pé, em qualquer
postura, e a postura não entra na essência da oração. Não consinta ser colocado em
escravidão por esses para os quais o joelho
dobrado tem maior importância do que o
coração arrependido.
Também, está claro no texto, que o lugar não é essencial para a oração, porque se houvesse
lugares certos e santos somente nos quais a
94
oração seria aceitável, e se nós tivéssemos que
orar sem cessar, nossas igrejas deveriam ser
extremamente grandes, para que nós sempre
pudéssemos estar nelas. Mas isto é ridículo; portanto eu junto que frequentar determinados
lugares em particular tem pouco ou nada a ver
com a oração.
"Orai sem cessar.". Esse preceito põe por terra a ideia de que há tempos particulares em que a oração é mais aceitável ou mais apropriada do
que outros. Se eu devo orar sem cessar, então
todos os segundos devem ser satisfatórios para
a oração, e não há nenhum momento profano da hora, nem de qualquer dia do ano. O Senhor não
designou uma certa semana para a oração, mas
todas as semanas deveriam ser semanas de
oração: nem ele disse qual hora do dia é mais aceitável do que outra. É comum se ouvir que a
madrugada é o tempo em que Deus atende
melhor à oração. É possível até que seja para o
que ora, mas não para Deus. Todo o tempo é igualmente legítimo para súplica, igualmente
santo, igualmente aceitável por Deus, ou então
não nos deveria ser dito que devemos orar sem
cessar. É bom ter suas horas do dia reservadas para oração; é bom reservar períodos especiais
para a súplica, nós não temos nenhuma dúvida
quanto a isso; mas nós nunca temos que
permitir este tipo de superstição de que há uma certa hora santa para oração pela manhã, uma
hora especialmente aceitável para oração à
95
noite, e um tempo sagrado para oração e certos
períodos do ano. Onde quer que nós busquemos
a Deus com verdadeiros corações ele é achado
por nós; sempre que nós clamamos diante dele, Ele nos ouve. Todo lugar é chão sagrado para um
coração sagrado, e todos os dias sãos dias santos
para um homem santo.
Há uma outra coisa insinuada no texto, isto é, que nenhum lugar está vedado ao crente quanto
à permissão para orar. Orai sem cessar? E se há
algum lugar onde eu não posso fazê-lo, como
estar diante de programas e situações mundanas, envolvido na participação das
mesmas. Não devo estar fazendo isso porque
não me permitem cumprir o mandamento de
orar sem cessar. Aquilo que Deus não pode abençoar, e que ao contrário está amaldiçoado
pelo diabo, deve ser imediatamente condenado
por nós, e não devemos participar disto, porque não pode contar com a bênção de Deus, e pelo
fato de não me permitir o cumprimento do
mandamento da oração incessante.
II. “Orai sem cessar.”. Mas agora, o que ISTO
SIGNIFICA REALMENTE? É privilégio e dever de todo filho de Deus, entrar na sua presença. As
portas do templo do amor divino nunca estão
fechadas a qualquer hora do dia ou da noite.
Nada pode interpor uma barreira entre a alma que ora e o seu Deus. Porém, ainda é um
preceito, "orai sem cessar.". E o que significa?
96
Significa uma grande verdade que eu não posso
muito bem dar a você em algumas palavras, e,
então, tenho que tentar colocar isso em quatro
ou cinco pontos.
Significa, primeiro, nunca abandonar a oração. Nunca por qualquer causa ou razão deixe de
orar. Não imagine que você tem que orar até que
você seja salvo, e pode partir então sem orar
mais. Para esses cujos pecados são perdoados a oração continua sendo totalmente necessária.
"Orai sem cessar", para que você possa
perseverar em graça, você tem que perseverar
em oração. Caso você esteja experimentando a graça e sendo enriquecido com muito
conhecimento espiritual, você não deve nem
sonhar em parar com a oração por causa de seus dons e graças. "Orai sem cessar", ou então sua
flor enfraquecerá e seu fruto espiritual nunca
amadurecerá. Continue em oração até o último
momento de sua vida.
"Enquanto viverem devem os crentes orar,
porque somente enquanto eles oram é que eles vivem.".
Como nós devemos respirar sem cessar, assim nós devemos também orar sem cessar. Assim
como uma pessoa não pode progredir na vida
em saúde, força ou vigor muscular, sem respirar, do mesmo modo não pode ter qualquer
condição de crescimento espiritual ou avançar
97
em graça dispensando o dever de orar sem
cessar.
Nunca deixe de orar, nem mesmo Satanás deveria sugestioná-lo que é em vão para você
clamar a Deus. Ore diante dos dentes dele; "ore sem cessar.". Ainda que os céus pareçam como
bronze sobre sua cabeça, continue orando; se
mês após mês sua oração parece ter falhado, e
nenhuma resposta foi dada a você, contudo continue clamando ainda a Deus. Não abandone
o lugar da misericórdia por qualquer razão que
seja. Se é uma coisa boa que você tem pedido, e
você está seguro que está de acordo com a vontade divina, e se a visão permanecer,
continue esperando a resposta, peça, lute,
agonize até que você adquira aquilo pelo que
você tem orado. Se seu coração está frio em oração, não pare de orar até que seu coração se
aqueça, mas peça a ajuda do Espírito Santo que
nos ajuda nas nossas fraquezas. Lembre que
somente a graça do Senhor pode fortalecer o nosso coração em nossas angústias e aflições,
despachando-as para longe de nós. A sua graça
nos basta. O seu poder se aperfeiçoa na nossa
fraqueza. É Deus mesmo, depois de termos sofrido por um pouco, que nos aperfeiçoa,
firma, fortifica e fundamenta. É Ele quem faz
nossa alma sossegar, repousar e se aquietar, em
face dos maremotos desta vida. Nunca cesse a oração por qualquer tipo de razão ou
argumento. Se o filósofo lhe falar que todo
98
evento é fixo, e, então, a oração não pode mudar
nada, e, por conseguinte, deve ser loucura;
ainda, que você não possa lhe responder e possa
até mesmo ficar um pouco confundido pelos argumentos dele, continue todavia com todas as
suas súplicas a Deus. E você saberá que há um
Deus que responde a oração miraculosamente, reduzindo a sabedoria deste mundo a nada.
Nenhum problema difícil relativo à digestão
impediria o seu ato de se alimentar, porque o
resultado justifica a prática, e assim também nenhuma discussão deveria nos fazer cessar de
orar, porque o sucesso seguro disto recomenda
a prática da oração a nós. Você sabe o que seu
Deus lhe prometeu, e se você não pode responder a toda dificuldade que o homem
possa apresentar, você pode no entanto
continuar obediente à vontade divina, e ainda
pode "orar sem cessar.". Nunca, nunca, nunca renuncie ao hábito da oração, ou sua confiança
em seu poder.
Um segundo significado é isto. Nunca suspenda o oferecimento regular da oração. Você terá, se
for um crente vigilante, seus momentos de
devoção diários, não fixados por superstição, mas por sua conveniência; da mesma maneira
que Davi, o fazia três vezes ao dia, e como Daniel,
que orava sete vezes ao dia, buscando o Senhor.
Mantenha esta oração diária sem interrupção. Nunca deixe a oração matinal, nem a oração da
noite, nem a oração do meio-dia se isso se tornar
99
o seu hábito. E assim, se você persevera orando
nesses momentos reservados para a oração,
pode ser dito que você ora sem cessar.
Estes momentos diários que nós reservamos para falar com Deus, parecem ser o motivo de
sermos abençoados no restante do dia.
Porém, isso é só uma ajuda, porque eu tenho que acrescentar, em terceiro lugar, a estes
momentos separados para a devoção, o trabalho da oração que acontece quando estamos
envolvidos em nossas atividades, porque
mesmo nessas horas devemos deixar nossos
corações falarem com Deus; não em vinte orações de cada vez, mas em orações quebradas
em interjeições. Deixe que orações curtas
subam ao céu, introduzidas por um "Ah", um
"Oh", ou mesmo sem palavras nós podemos orar com os suspiros do coração. Aquele que ora sem
cessar lança muitos pequenos dardos e
granadas de mão de desejos que partem do seu
coração na direção de Deus.
Em quarto lugar, se nós desejamos orar sem cessar, nós devemos sempre estar em espírito
de oração. Nosso coração, renovado pelo Espírito Santo, deve ser como a agulha
magnetizada que está sempre apontando para o
Norte. Assim deixe seu coração ficar sempre
magnetizado com a oração, de forma que toda vez que você deixe de orar por coisas que
costumam desviar nossa atenção de Deus, seu
100
coração magnetizado volte sempre para a
direção de Deus, assim como a agulha da
bússola que volta a apontar para o Norte, depois
que é liberada por algum dedo que a houvesse desviado para outra direção.
Mas, talvez, o último significado que eu darei tem a maior parte da verdade do texto nisto, a saber: todas as suas ações devem ser
consistentes umas com as outras, sendo na
realidade uma continuação de suas orações.
Orar sem cessar, não pode significar que eu sempre estarei no ato de devoção direta; porque
a mente humana, segundo Aquele que a
constituiu, necessita de variedade de ocupação.
Então, nós temos que mudar o modus operandi, ou seja, a maneira de operação, se nós
desejamos perseverar em oração. Nós temos
que procurar fazer nossas orações sempre de
outra maneira.
Por exemplo. Nesta manhã eu orei pedindo a Deus para despertar o seu povo para a
intercessão; muito bem; quando eu fui para
casa, minha alma continuou pedindo: "O Deus, desperte os teus filhos para a intercessão".
Agora, enquanto eu estou orando por você, não
estou me dirigindo ao mesmo ponto? Meu
sermão não é a continuação da minha oração, porque eu estou desejando e estou apontando
para a mesma coisa? Não é perseverando na
101
oração que nós usamos os melhores meios para
a obtenção daquilo que estamos pedindo?
III. COMO NÓS PODEMOS OBEDECER ESTAS PALAVRAS?
Evitemos todos os tipos de interrupções desnecessárias da nossa oração. Se nós sabemos
que qualquer assunto, do qual nós podemos
escapar, tem uma tendência para perturbar o
espírito de oração dentro de nós, evitemos isto seriamente. Devemos tentar o quanto possível,
não ficarmos fora da atmosfera da oração. O
objetivo de Satanás será distrair a mente,
desviar seu alvo.
Quando Edward Payson era um estudante na Faculdade, ele achou que deveria somente
gastar o seu tempo assistindo as aulas e se preparando para os exames, e que não deveria
gastar tanto tempo com oração privada; mas,
afinal, acordando com o sentimento de que ele
estava substituindo as coisas divinas pelos seus hábitos, ele passou a gastar o tempo devido à
devoção e ele registrou no seu diário que fez
mais progressos em seus estudos em uma única
semana depois que ele tinha passado tempo com Deus em oração, do que ele tinha realizado
em doze meses antes. Deus pode multiplicar
nossa habilidade para fazer uso do tempo. Se nós
dermos para Deus o que é devido a ele, nós teremos tempo bastante para todos os
propósitos necessários. Neste assunto busque
102
primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas
estas coisas serão acrescentadas a você. seus
demais compromissos andarão suavemente se
você não esquecer de seu compromisso com Deus.
Nós devemos, queridos amigos orar sem cessar, por isso se esforce contra a indolência na
oração. Eu creio que nenhum homem ama a oração até que o Espírito Santo lhe ensine a
doçura e o valor disto. Se você alguma vez orou
sem cessar continuará orando sem cessar. Os
homens que não gostam de orar não conhecem a sua alegria secreta. Quando a oração é um ato
mecânico, e não há nenhuma alma nisto, é uma
escravidão e um cansaço; mas quando a oração
é verdadeira e viva, e quando o homem ora porque ele é um crente e não pode ficar sem
orar, quando ele ora caminhando na rua, no seu
trabalho, quando ora em casa, no campo, quando toda a sua alma estiver cheia de oração,
então ele não pode ficar sem ter isto.
Deixe-nos evitar, acima de tudo coisas como letargia e indiferença na oração. Oh, já é uma
coisa terrível que nós insultemos a Majestade do céu com palavras que saíram do nosso
coração. Eu devo, meu espírito, educar-te a isto,
que tu tens que ter comunhão com Deus, e se tu
não falas com Deus em oração, tu deves aprender a fazê-lo. Não fiques longe do trono da
misericórdia pela falta de oração.
103
Irmão amado, diga assim à tua alma: "eu vim aqui ao trono da graça para adorar a Deus e
buscar a bênção dele, e eu não vou embora até
que eu tenha feito isto; eu não sairei de meus joelhos, porque eu passei meus minutos
habituais, mas vou permanecer orando até
saber em meu espírito que eu alcancei a bênção.". Satanás fugirá frequentemente
quando ele o achar assim resoluto em oração.
Irmãos, nós precisamos acordar. A rotina cresce
em nós. Nós entramos na caminhada que não leva a lugar algum como o cavalo que anda em
redor do moinho para esmiuçar o grão. Isto é
mortal. Um homem pode pedir vinte anos com
regularidade, até onde o tempo permita, e fazê-lo de tal forma que nunca tenha pedido de fato
um único grão de oração em todo este período.
Um real gemido que parta do coração vale um
milhão de ladainhas, uma respiração viva de uma alma vale mais do que dez mil palavras
recitadas mecanicamente. Nós podemos ser
mantidos despertados pela graça de Deus,
enquanto oramos sem cessar.
E nós temos que ter cuidado, queridos irmãos,
ainda, ao executarmos este dever de orar, em lutar contra qualquer coisa como o medo de não
sermos ouvidos. Se nós não fomos ouvidos
depois de seis vezes, nós devemos, como Elias,
orar pela sétima vez; se nosso Pedro está em prisão, e a igreja pediu a Deus para o libertar, e
ele ainda está acorrentado na prisão,
104
continuemos orando até que num destes dias
Pedro bata no portão. Seja inoportuno, o portão
do céu não se abre para toda batida fugitiva.
Bata, e bata, e bata novamente; e continue buscando, e não fique satisfeito até que tenhas
obtido uma real resposta.
Nunca cesse a oração por presunção; vigie contra isso. Sinta, crente que você sempre precisa orar. Não diga, "eu sou rico e aumentei
em bens, e não tenho necessidade de nada.". Tu
és por natureza, pobre, nu e miserável; então,
persevere em oração, e compre do Senhor ouro refinado pelo fogo, vestiduras brancas para se
vestir, e colírio para os olhos para que veja. Sem
a graça do Senhor não somos verdadeiramente
ricos, porque a aparência deste mundo passa, e por mais que tenhamos no mundo, nada
levaremos dele conosco. Também não estamos
dignamente vestidos diante de Deus por mais luxuosas que sejam as nossas vestes deste
mundo. E também não podemos enxergar as
coisas de Deus sem a graça de Jesus, que é colírio
para os nossos olhos espirituais.
IV. Agora, muito brevemente, em último lugar, POR QUE NÓS deveríamos OBEDECER ESTE
PRECEITO? Claro que nós deveríamos obedecer
isto porque é uma ordenança divina; mas, além
disso, nós deveríamos prestar atenção a isto porque o Senhor sempre merece ser adorado. A
oração é uma forma de adoração; então, sempre
105
continue rendendo a seu Criador, seu Provedor,
seu Redentor, seu Pai, a homenagem de suas
orações. Como a um Rei não nos deixe afrouxar
a homenagem. Devemos pagar-lhe continuamente o devido louvor. Todos os
pecados perdoados do passado, e os que
continua perdoando no presente e sendo longânimo e misericordioso para conosco
fazendo-nos experimentar pelo perdão, a sua
paz, amor, bondade, alegria, cura de nossas
enfermidades da alma e do corpo, já são por si só suficiente motivo para louvarmos o seu santo
nome diariamente, porque as suas
misericórdias são renovadas a nosso favor a
cada despertar de um novo dia. Os inimigos do Senhor o amaldiçoam; mas nós o adoraremos
sem cessar. Além disso, irmãos, o espírito de
amor dentro de nós nos incita seguramente à
comunhão com Deus, fazendo com que nos aproximemos dele. Cristo é nosso marido. A
noiva deve ser fiel aos votos do seu matrimônio
para permanecer na companhia do noivo. Deus
é nosso Pai. Que tipo de filho não deseja subir no colo de seu pai e receber um sorriso da sua face?
Se você e eu podemos viver dia após dia e
semana após semana sem qualquer comunhão
com Deus, como o amor de Deus permanecerá em nós? "Orai sem cessar", porque o Senhor
nunca deixa de amar, nunca deixa de abençoar,
e nunca deixa de nos considerar seus filhos.
"Orai sem cessar", porque você deseja uma bênção em todo o trabalho que você está
106
fazendo. Exclua o Senhor da construção da casa,
e todo o trabalho naquela construção será em
vão. E em se tratando de negócios? Será inútil
levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente foi ganho. Você é
ensinado a dizer: “o pão nosso de cada dia dai-
nos hoje” - uma oração inspirada para coisas seculares. Oh, consagre seus assuntos seculares
através da oração. E, se você estiver
comprometido no serviço de Deus, que trabalho
poderá ter sucesso sem a bênção dele? Ensinar o jovem, pregar o evangelho, instruir o
ignorante, tudo isto não requer a bênção dele? O
que farão eles se esse favor for negado? Então,
ore enquanto você trabalha.
Você sempre está em perigo de ser tentado; não há qualquer posição na vida na qual você não
possa ser assaltado pelo Inimigo. "Orai sem
cessar", então. Um homem que vai ao longo de uma estrada escura onde ele sabe que há
inimigos lhe espreitando, deve ter sempre uma
espada com ele, para que os ladrões saibam que
ele está pronto para eles.
Assim também o crente, orando sem cessar; leva sua espada em sua mão, a mais poderosa
arma de todas é a oração, da qual Bunyan fala.
Nunca embainhe a espada. Você não temerá
qualquer inimigo se você orar sem cessar. Como você é tentado sem cessar, assim também ore
sem cessar.
107
Você sempre precisa orar, porque você sempre quer algo. Em nenhuma condição você é tão rico
que você não precise de algo de seu Deus. Não é
possível você dizer, "eu tenho todas as coisas", ou, se você puder, você só as tem em Cristo, e de
Cristo você tem que continuar buscando-as.
Como você sempre está em necessidade, assim sempre implore no portão da misericórdia.
Além disso, bênçãos sempre estão esperando
por você. Anjos estão prontos com favores que
você não conhece, e você tem mais para pedir e receber.
As bênçãos do céu estão esperando somente que você ore para recebê-las. O homem que sabe
que a sua agricultura é lucrativa, e que a terra
dele produz abundantemente, estará alegre de semear uma extensão mais ampla de terra no
ano seguinte; e aquele que sabe que Deus
responde a oração, e ainda está pronto para respondê-la, abrirá a sua boca ainda mais
amplamente para que Deus possa enchê-la.
Continuem orando, irmãos, porque até mesmo se vocês não precisassem orar em seu próprio
favor, há outros que estão morrendo, doentes, pobres, ignorantes, ou apostatando, ou
blasfemando. "Orai sem cessar", porque os
inimigos trabalham incessantemente, e o reino
ainda não foi estabelecido em Sião. Você nunca poderá dizer, "eu parei de orar, porque eu não
tinha nada pelo que orar.".
108
E, agora, eu digo porque NÓS especialmente deveríamos orar, e isso fechará o sermão.
Amados amigos, esta igreja deveria orar sem
cessar. Nós estivemos por anos orando. Se alguma igreja tem orado, eu posso dizer que esta
é a nossa igreja. Eu poderia achar muitas faltas
com respeito à oração em alguns, mas eu ainda posso dizer que na visão de Deus houve oração
viva por muitos anos nesta igreja, e
consequentemente nós tivemos muitos anos de
paz e prosperidade. Nós não tivemos falta de nada porque nós não faltamos com a oração. Eu
não duvido que nós poderíamos ter tido muito
mais se nós tivéssemos orado mais.
Agora, irmãos, suponham que vocês não tivessem nenhum pastor, suponham que o
pastor tivesse deixado vocês, e isto não os levaria a orar? Vocês não orarão então por mim
enquanto eu viver? Se você oraria para que
outro viesse, você não orará por mim enquanto
eu estiver aqui? Amados, vocês oraram muito seriamente pelo seu pastor quando ele esteve
doente, suas orações foram a sua consolação e a
sua restauração; e vocês têm orado agora para
que ele possa pregar o evangelho com poder, e que a saúde dele possa ser santificada ao serviço
de Deus, e o ministério da verdade possa ser
poderoso em alcançar almas. Eu peço isto a
vocês, eu penso que eu poderia reivindicar isto de vocês. Eu peço a vocês, irmãos, orem por nós.
Suponham ainda, queridos irmãos, não havia
109
nenhuma conversão em nosso meio, vocês não
orariam? E desde então tem havido muitas
conversões, e isso deveria ser uma razão para
cessar a oração? Para cada oração elevada para cima quando não havia nenhuma conversão,
deveria haver agora dez quando Ele continua
operando a salvação entre nós.
Suponham que nós fomos divididos, e houve muitos cismas, e ciúmes, e brigas, e os fiéis não
orariam em amargura de espírito? Você não
orará então quando não há nenhuma divisão, e há muito amor cristão? Seguramente, eu digo
novamente, você não tratará Deus pior porque
ele o trata melhor. Isso realmente é algo tolo.
Nós oraremos menos porque Deus tem dado mais?
Orem então, sem cessar.
Igreja do Tabernáculo, guarda o que tens para que ninguém tome a tua coroa. Continua sendo
uma igreja de oração, porque quando nós nos
levantarmos diante do Tribunal de Cristo,
pastores e ovelhas, não possam ser acusados de falta de oração, nem de fazerem a obra de Deus
relaxadamente. Eu espero seriamente que tudo
isso tenderá a fazer com que o dia de oração
amanhã seja mais sério e intenso; mas ainda mais eu peço isso a toda hora que tudo de nós
deve ser fervoroso, frequente, com prontidão, e
110
constante em oração; orando no Espírito Santo,
no nome de Jesus.
111
Pedir e Receber
“Cobiçais, e nada tendes; matais e invejais, e
nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer
guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para
esbanjardes em vossos prazeres.”( Tg 4.2,3).
O homem é uma criatura cheia de
necessidades, e sempre intranquilo, e por isso seu coração está cheio de desejos. Não posso
imaginar a um homem sequer, que não tenha
muitos desejos de uma ou de outra espécie. O
homem é comparável com a anêmona marinha com seus muitos tentáculos, que sempre estão
caçando seu alimento da água; ou como certas
plantas trepadeiras que enviam pendentes,
buscando meios para subir.
Este fato ocorre com os piores dos homens e com os melhores. Nos maus os desejos se corrompem e chegam a converter-se em
luxúria: anelam o que é egoísta, sensual e
consequentemente, mau. A corrente de seus
desejos está posta firmemente numa direção equivocada. Em muitos casos a luxúria se faz
extremamente intensa: Faz do homem seu
escravo. Domina seu juízo; o estimula à
violência: peleja e faz a guerra, talvez literalmente, o mate. À vista de Deus, que
considera a ira como homicídio, mata
112
frequentemente. Tal é a força de seus desejos
que comumente são chamados paixões, e
quando estas paixões se excitam plenamente,
então o homem mesmo luta veementemente, de maneira que o reino do diabo sofre violência
e os violentos o arrebatam pela força.
Entretanto, há também os desejos da graça no homem. Retirar do santos os seus desejos seria
prejudicá-los grandemente, porque devido a eles elevam seu baixo ser. Os desejos da graça
nos homens são por coisas melhores: coisas
puras e pacíficas, louváveis e com elevados
propósitos. Desejam a glória de Deus, e por isso seus desejos brotam de motivos mais elevados
que os que inflamam a mente não renovada.
Tais desejos nos crentes, frequentemente são
muito ferventes e contundentes; sempre deveria ser assim. E os desejos movidos pelo
Espírito de Deus agitam a nova natureza,
excitando-a, e fazendo que o homem anele e
entre em ansiedade até que possa alcançar aquilo que Deus lhe tem ensinado que é digno
de ser almejado. O desejo do mau e o santo
desejo dos justos têm seus próprios meios de
buscar satisfação. Os desejos dos maus se convertem em contenda, matam e desejam ter;
pelejam e fazem guerra, todavia por outro lado
os desejos dos justos, corretamente guiados,
tomam um curso muito melhor para atingir seus propósitos, porque se expressam em
oração fervente e insistente. O homem piedoso,
113
quando está cheio de desejos pede a Deus e
recebe da mão de Deus.
Nesta oportunidade, com a ajuda de Deus, tratarei de expor a partir de nosso texto,
primeiro, a pobreza de cobiçar, - “Cobiçais e
nada tendes.” Em segundo lugar, com tristeza mostrarei a pobreza de muitos crentes
professantes nas coisas espirituais,
especialmente em sua qualidade de igreja;
também desejam e não têm. Em terceiro lugar, e para terminar, falaremos da riqueza com que serão recompensados os santos desejos se tão somente usarmos os meios corretos. Se
pedimos, receberemos.
I. Primeiro, consideremos A POBREZA DE COBIÇAR - “Cobiçais e não tendes.”.
As cobiças carnais, sem importar quão fortes possam ser, em muitíssimos casos não obtêm o
que buscam: como diz o texto, “Cobiçais e não
tendes.” O homem anela ser feliz, porém não é; suspira por ser grande, porém se faz menor a
cada dia. Aspira a conseguir isto e aquilo, que
pensa que o deixaria contente, porém segue
insatisfeito. É como o mar agitado que não tem repouso. De uma ou outra forma sua vida é uma
desilusão. Se agita como se estivesse no fogo,
porém o resultado é vaidade e aflição de espírito.
Como poderia ser de outro modo? Se semeamos ventos? Não devemos colher tufões e nada
mais? 0u, ainda que os fortes desejos de um
114
homem ativo, talentoso e perseverante lhe
deem o que busca, logo o perde. O que, de certo
modo é o mesmo que não ter. A busca é trabalho
porém a posse é uma ilusão. Ganha para perder; edifica e seu fundamento arenoso se desfaz e
sua torre desmorona em ruínas. O que tem
conquistado reinos morre descontente em uma solitária em meio ao oceano; e o que tem
revivido um império cai para não mais se
levantar. Assim como a aboboreira de Jonas
murchou numa noite, há impérios que têm caído repentinamente, e seus senhores têm
morrido no exílio. Assim, o que os homens
obtêm por meio de guerras e pelejas é uma
propriedade com um contrato por breve tempo. A conquista é tão temporária, que segue sendo
correto que “cobiçam e não têm”.
0u se há homens com dons e poder suficientes para reter o que têm obtido, todavia, noutro
sentido não têm, porque o prazer que
esperavam encontrar nele não está ali. Tiram a maçã da árvore, e se transforma numa das
maças do Mar Morto, que se desfaz na mão. O
homem é rico, porém Deus afasta dele o poder
de desfrutar sua riqueza. Por suas cobiças e batalhas o homem licencioso obtém o objeto de
seus desejos, e depois de um momento de
deleite, sente aversão pelo que tão
apaixonadamente havia cobiçado. Aspira ao prazer tentador, o agarra, e o faz em pedacinhos
devido à ânsia com que o agarrou.
115
Sua pobreza se apresenta de três maneiras. “Matais e invejais e nada podeis obter”. “Não
tendes o que desejais porque não pedis.”. “Pedis
e não recebeis, porque pedis mal.”.
Se os que cobiçam fracassam, não é porque não se põem a trabalhar para alcançar seus
objetivos. Porque de acordo com sua natureza,
utilizaram os meios mais práticos ao seu alcance, e os usaram amplamente. Segundo a
mente carnal o único modo de obter uma coisa
é lutar por ela, e Tiago deixou isto escrito como
a razão de todas as lutas. De onde procedem as guerras e contendas que há entre vós? Não é das
paixões que militam em vossa carne?”
Esta é a forma de esforço do que lemos: “combateis e lutais, porém não tendes.”. Neste modo de agir se aferram os homens de época em
época. Se alguém deseja progredir neste
mundo, dizem que deve lutar com seu próximo,
e tirá-los do lugar vantajoso em que se encontram. Não deve dar importância ao fato de
como os demais têm prosperado, senão que
deve preocupá-lo a oportunidade que a ele se
apresenta, e cuidar em aparecer, não importa quantos devam ser pisados no processo. Não
pode esperar progresso se ama ao próximo
como a si mesmo. Lhes parece que sou satírico?
Pode ser, porém tenho ouvido este modo de falar da parte de pessoas que o diziam de forma
séria. Assim que eles empreendem a luta, e essa
116
luta é sempre vitoriosa, porque segundo o texto
“Matais,” é dizer, combatem de tal maneira que
derrotam seu adversário e acabam com ele.
Multidões de homens estão vivendo para si mesmos, combatendo aqui e lutando acolá,
fazendo a guerra com suas próprias mãos com a
máxima perseverança.. Não selecionam a forma
de fazê-lo. Não permitem que a consciência interfira em suas transações, porém soa em
seus ouvidos, o antigo conselho: “Ganha
dinheiro; ganha-o honestamente, se podes,
porém por todos os meios, ganha dinheiro.”. Não importa que se arruínem corpo e alma, e
que outros sejam liquidados pela miséria,
combate, porque nesta guerra não há trégua.
Bem disse Tiago: “Matais e invejais, e não podeis alcançar; combateis e lutais, porém não
tendes.”.
Quando os homens se entregam a seus propósitos egoístas e não logram êxito, poderiam possivelmente ouvir que a razão de
sua falta de êxito é “porque não pedis.” Então,
deve alcançar o êxito pedindo? Isso é o que
parece insinuar o texto, e isso é o que entende o justo. Por que este homem de desejos intensos
não pede? A razão é, em primeiro lugar, que é
contrário à natureza do homem natural que ore.
É como esperar que voe. Sente desprezo pela ideia de suplicar. “Orar?” pergunta. “Não, eu
quero trabalhar. Não posso desperdiçar meu
117
tempo em devoções; a oração não é prática;
quero lutar à minha maneira. Enquanto tu oras,
eu derrotarei o meu adversário. Eu vou ao meu
serviço e te deixo com tua Bíblia e orações.”. Não tem intenção de suplicar a Deus. É tão orgulhoso
que se considera a si mesmo como sua própria
providência. sua própria destra e seu braço forte o conduziram à vitória. Quando se gaba de sua
muita liberalidade em suas opiniões reconhece
que ainda que não ore, poderia haver algo de
bom na oração, porque tranquiliza a mente da gente, e lhe faz sentir-se bem, porém rechaça a
ideia de que alguma resposta possa vir para a
oração, e fala filosófica e teologicamente do
absurdo que é pensar que Deus altere o curso de sua conduta ou responda às orações de homens
e mulheres. “Ridículo,” diz, “completamente
ridículo”; e então, em sua grande sabedoria,
volta à luta e à sua guerra, porque por tais meios espera atingir seus objetivos. Porém não
alcança. Toda a história da humanidade mostra
o fracasso da cobiça para obter seu objetivo.
Por um momento o homem carnal segue sendo o mesmo, porém se não pode alcançá-lo de um
modo, tentá-lo-á de outro. Se tiver que pedir, pedirá; se fará religioso, e este será o método
pelo qual alcançará seu objetivo. Descobre que
alguns religiosos prosperam no mundo, e que
inclusive os crentes sinceros estão longe de serem néscios nos negócios, e portanto provará
o esquema deles. E então fica sob a terceira
118
censura do nosso texto: «Pedis e não recebeis.»
Qual é a razão do homem que é escravo de sua
cobiça não obter o que deseja, apesar de
começar a pedir? A razão é que seu pedir é um puro formalismo; seu coração não está em sua
adoração. Compra um livro que contém o que se
denomina fórmulas de oração, e as repete, porque repetir é mais fácil que orar, e não
requer que se pense.
Não tenho objeções contra o uso de um formulário de oração se com ele tu oras de fato;
porém sei que a grande maioria não ora com eles, senão somente repetem a fórmula. Muitos
homens espirituais usam um formulário,
porém os homens carnais seguramente o fazem
porque sempre caem no formalismo. (É necessário ter muito cuidado para que não
tenhamos também uma espécie de formulário
verbal, onde a congregação é estimulada simplesmente a repetir as palavras que lhe são
proferidas pelo dirigente do culto, pois é bem
possível que na maioria das vezes, não se esteja
de fato orando na presença de Deus – nota do tradutor).
Se teus desejos são anelos da natureza caída, se teus desejos começam e terminam no teu
próprio eu, e se a finalidade principal pela qual
vives não é a de glorificar a Deus, senão glorificar a ti mesmo, então poderás lutar,
porém não terás; poderás levantar-te cedo e
119
deitar-te tarde porém não obterás de Deus
nenhuma coisa que valha a pena. Lembra o que
o Senhor diz no Salmo trinta e sete: “Deixa a ira,
abandona o furor; não te impacientes; certamente isso acabará mal. Porque os
malfeitores serão exterminados, mas os que
esperam no Senhor possuirão a terra. Mais um pouco de tempo e já não existirá o ímpio;
procurarás o seu lugar, e não o acharás. Mas os
mansos herdarão a terra, e se deleitarão na
abundância de paz.”.
II. Em segundo lugar, COMO AS IGREJAS CRISTÃS PODEM SOFRER DE POBREZA
ESPIRITUAL, de modo que elas também
“cobiçam e não podem alcançar.”
Supostamente, o crente busca coisas mais elevadas do que as coisas mundanas, de outro
modo, não seria digno de ser chamado assim.
Pelo menos, professadamente, seu objetivo é alcançar as verdadeiras riquezas, e glorificar a
Deus em espírito e em verdade. Se, porém
olharem, queridos irmãos, nem todas as igrejas
alcançam o que almejam. Teremos que queixar-nos não em um ou outro lugar, mas em muitos
lugares, de igrejas que estão quase
adormecidas, e declinam gradualmente. O culto
público está quase deserto em algumas partes, o pastor não tem poder de reunir gente, e os que
entram pela aparência, ou estão descontentes
120
ou indiferentes. Em tais igrejas não há
conversões. Qual é a razão disto?
Em primeiro lugar, ainda entre os que professam ser crentes, pode haver a busca de coisas desejáveis por métodos errôneos.
“Combateis e lutais, porém não tendes.”. Não há
igrejas que têm pensado prosperar competindo
com outras? “Em tal e tal lugar de adoração tem um homem muito esperto. Temos que
conseguir um assim também para nós.”. De fato
deveria ser mais astuto que o herói de nossos
vizinhos. Esta é a coisa: um homem esperto! Ai de mim! Que temos que viver em uma era em
que falamos de ter um homem esperto que
pregue o evangelho de Jesus Cristo! Ai, como se
pode pensar que este santo serviço depende da astúcia humana!
As igrejas têm competido entre si em arquitetura, em música, em equipamento e em
estado social. Em alguns casos há uma medida de amargura em rivalidade. As mentes estreitas
não permitem achar agradável ver que outras
igrejas prosperem mais do que a sua própria.
Podem ser mais ferventes que nós, e podem estar fazendo melhor que nós na obra de Deus,
porém somos dados a contemplá-los com
inveja, e mais ainda, queríamos que eles não
fossem tão bem. “Pensais que a Escritura diz em vão: O Espírito que ele tem feito habitar em nós
não anela zelosamente?”. Sim poderíamos ver
121
um escândalo neles, de modo que sofreram
uma queda e caíram eclesiasticamente mortos,
não nos regozijaríamos. Por certo que não,
porém não nos daria uma tristeza mortal. Em algumas igrejas há permanentemente um
espírito ruim. Não tenho uma acusação
denegridora para apresentar, e portanto não direi mais do que isto: Deus nunca bendirá tais
meios nem tal espírito; os que se deixam levar
por isto desejaram ter, porém nunca
alcançaram.
Ao mesmo tempo, qual é a razão pela qual não têm uma bênção? O texto diz: “Porque não
pedis,”, temo que haja igrejas que não pedem.
Descuida-se da oração em todas as suas formas.
Permite-se que termine a oração particular. Deixo à consciência de cada pessoa até que
ponto têm se preocupado com a oração secreta,
e quanta comunhão com Deus há em secreto entre os membros da igreja. Certamente sua
existência saudável é vital para a prosperidade
da igreja. A oração familiar é mais fácil de julgar,
porque podemos vê-la. Temo que nestes dias muitos têm abandonado a oração familiar.
Rogo-lhes que não os imitem.
Quisera que todos fôssemos do mesmo pensamento do trabalhador escocês que obteve
um emprego na casa de um rico agricultor famoso porque pagava bem. Todos seus amigos
o invejavam porque estava a seu serviço. Pouco
122
tempo depois retornou à sua terra natal e
quando lhe perguntaram por que havia deixado
seu trabalho, respondeu que “não podia viver
em uma casa que não tinha teto.”. Uma casa sem oração é uma casa que não tem teto. Não
podemos esperar bênçãos em nossas igrejas se
não a temos em nossas famílias.
Quanto à oração congregacional, não está decaindo em reunir-se no que chamam de cultos de oração? Em muitos casos a reunião de
oração é desprezada, e considerada como uma
espécie de reunião de segunda categoria. Há
membros da igreja que nunca estão presentes, e não lhes toca a consciência pelo fato de se
manterem afastados. Algumas congregações
mesclam a oração com uma reunião de estudo,
de modo que têm um só serviço durante a semana. Há alguns dias li uma desculpa para
isto: diz-se que as pessoas estão melhor em casa
atendendo às ocupações familiares. São
palavras infundadas, porque, quem entre nós deseja que as pessoas descuidem de seus
deveres domésticos? Se descobrirá que os que
melhor atendem às suas ocupações rotineiras,
que são diligentes em pô-las em ordem, são os que se esforçam para participar das reuniões de
adoração. O descuido da casa de Deus, com
frequência é um indicador da negligência de
suas próprias casas. Não trazem seus filhos a Cristo, disto estou convencido, de outro modo
os trariam aos serviços. De toda forma, as
123
orações da igreja medem sua prosperidade. Se
retemos a oração retemos a bênção. Nosso
verdadeiro êxito como igreja só se pode obter
pedindo-o a Deus. Não estamos dispostos a fazer uma reforma quanto a isto? Oh, que chegue a
hora da angústia de Sião, quando uma agonia
em oração mova todo o corpo dos fiéis!
Porém alguns respondem: “Há reuniões de oração, e pedimos bênçãos, no entanto não
chegam.”. Não se encontra a explicação em
outra parte do texto: “Não recebeis porque pedis
mal.”.
Quando as reuniões de oração se convertem em uma pura formalidade, quando os irmãos se
levantam e esgotam o tempo com suas largas
orações, em vez de falar a Deus com palavras sinceras e ardentes, quando não há expectação
de uma bênção, quando a oração é fria e
congelante, então nada sai dela. O que ora sem
fervor, na realidade não tem orado. Não podemos ter comunhão com Deus, que é fogo
consumidor, se não há fogo em nossas orações.
Muitas orações não chegam a seu destino
porque não há fé nelas. As orações que estão cheias de dúvidas, são petições de recusa.
Imagine que você escreve a um amigo e lhe diz:
“Querido amigo. Estou em graves problemas, e
portanto te escrevo para pedir-te ajuda porque me parece bom fazê-lo. Porém ainda que te
esteja escrevendo, não creio que vais ajudar-me
124
em algo. Por certo, me surpreenderia muito
receber tua ajuda, e falaria disto como uma
grande maravilha.”.
Pensas que receberás ajuda? Eu diria que seu amigo teria suficiente sensibilidade para
observar a pouca confiança que deposita nele.
Então responderia que, como não esperas nada,
não te provocarei uma surpresa.
Tua opinião de sua generosidade é tão baixa que não se sente chamado a sair de sua rotina por
tua causa. Quando as orações são deste tipo, não
cabe surpreender-se se “não recebeis, porque pedis mal.”. Ademais, se nossas orações, por
ferventes e confiantes que sejam são um
simples pedir de prosperidade para nossa igreja
porque queremos gloriarmo-nos nisto, se queremos ver que nossa denominação cresça
em grande número e melhore em
respeitabilidade, para poder participar das
honrarias, então nossos desejos não passam de meras cobiças. Pode ser possível que os filhos de
Deus manifestem as mesmas emulações, zelos e
ambições dos homens do mundo? Pode ser a
obra religiosa uma questão de rivalidades e de competição? Ah, então as orações que buscam
êxito não terão aceitação diante do trono da
graça. Deus não nos ouvirá, senão que nos
despedirá, porque não se importará em responder as petições, das quais Ele não é o
objeto: “Não tendes, porque pedis mal.”.
125
III. Em terceiro lugar, A RIQUEZA QUE ESPERA O USO DOS MEIOS ADEQUADOS, a saber, de
pedir de forma correta a Deus.
Convido-os a colocarem toda a atenção neste assunto porque é de vital importância. Minha
primeira observação é esta: depois de tudo, quão
pequena é esta demanda que Deus nos faz. Pedi!
É o mínimo que pode esperar de nós, possivelmente, e não é mais do que nós
geralmente exigimos de quem necessita da
nossa ajuda. Esperamos que um pobre peça, e se
não o faz, não lhe tiramos a culpa da sua carência. Se Deus dá ao que pede, e nós
seguimos em pobreza, de quem é a culpa? Não é
a culpa mais grave? Não dá a impressão que
estivéramos fora de ordem com Deus, de modo que nem sequer condescendemos em pedir-lhe
um favor? Certamente deve existir em nossos
corações uma inimizade secreta com Ele, ou de outro modo em vez de ser uma necessidade
indesejável seria considerado um grande
prazer.
Entretanto, irmãos, agrade-nos ou não,
lembremos: pedir é a regra do reino, “Pedi e recebereis.”. É uma regra que nunca será
alterada por nenhum motivo. Nosso Senhor
Jesus Cristo é o irmão mais velho da família,
porém Deus não afrouxou a regra para Ele. Lembra deste texto: “Jeová diz a seu Filho: Pede-
me e te darei as nações por herança.”. Se o Filho
126
de Deus, real e divino não pode ser excetuado da
regra de pedir, como nós seríamos isentados
dela? Deus bendirá Elias e enviará chuva a
Israel, porém Elias deve orar por ela. Se a nação eleita tem de prosperar, Samuel deve suplicar a
respeito. Se os judeus têm de ser livrados, Daniel
deve interceder. Deus ungirá Paulo, as nações serão convertidas por seu intermédio, porém
Paulo deve orar. Orou sem cessar. suas epístolas
mostram que nada esperava sem ter pedido a
Deus em oração.
Além disso, é claro, ainda ao pensador mais superficial, que há algumas coisas necessárias para a igreja de Deus que não podemos obter de
outro modo que não seja pela oração. Podeis ter
o homem astuto de que lhes falei; e a nova igreja,
o novo órgão, e até o coro podereis obter sem oração. Porém não podereis obter a unção
celestial: o dom de Deus não se pode comprar
com dinheiro. Alguns membros de uma igreja
em uma primitiva aldeia da América pensavam que poderiam levantar uma congregação
colocando um muito formoso jogo de luzes na
casa de reuniões. O povo falava do jogo de luzes,
e alguns iam vê-la, porém a luz logo começou a diminuir. Tu podes comprar toda sorte de
pintura, e todo tipo de música – tudo isto sem
oração, em realidade, seria uma impertinência
orar por tais coisas, porém não podes ter o Espírito Santo sem oração. “Ele sopra onde
quer”. Não se achegará por nenhum processo
127
ou método controlado por nós, senão pelo pedir.
Não há meios mecânicos que possam substituir
sua ausência. A oração é a grande porta das
bênçãos espirituais, e se a desprezais, jogais fora o favor.
Irmãos amados, não acham que este pedir que Deus requer é um privilégio muito grande?
Suponhamos que se tem publicado um édito segundo o qual não podes orar. Por certo seria
uma dificuldade.
Se a oração interrompesse o fluxo da bênção em vez de aumentá-lo, seria uma triste calamidade. Tens visto a um mudo sob uma forte excitação,
ou sofrendo uma grande dor, e devido ao seu
desejo de falar? É um espetáculo terrível. O rosto
fica desfigurado, o corpo se agita de forma atroz. O mudo se retorce e sofre com espantosa
angústia; cada membro se contorce com o
desejo de ajudar a língua, porém não pode
romper suas ligaduras. Sons cavernosos saem de seu peito, e sussurros ineficazes.
Suponhamos que nossa natureza espiritual
estivesse cheia de desejos intensos, e entretanto
estivesse muda quanto à expressão em oração. Penso que isto seria uma das aflições mais
espantosas que poderia nos sobrevir.
Estaríamos terrivelmente lesionados e nossa
agonia seria angustiante. Bendito seja seu nome! O Senhor estabelece uma forma de
expressão e pede ao nosso coração que fale.
128
Amados, devemos orar. Parece-me que deveria ser a primeiríssima coisa por fazer quando
estamos em necessidade. Se os homens
estivessem em boa relação com Deus e o amassem de verdade, orariam de forma tão
natural como respiram. É minha esperança que
alguns de nós estejamos em uma boa relação com Deus e não tenhamos que ser arrastados à
oração, porque em nós ela tem chegado a ser um
instinto natural.
Recentemente, um amigo me contou a estória de um menino alemão, estória que o seu pastor
gosta de narrar. O menino amado, cria em seu Deus, e se deleitava na oração. seu mestre estava
exigindo aos estudantes que chegassem à escola
na hora prevista para o início das aulas, e este
menino estava cumprindo a exigência. Porém seu pai e mãe eram pessoas fleumáticas, e uma
manhã, somente por falta deles, o menino saiu
de casa no momento em que o relógio marcou a
hora do início da classe. Um amigo que estava próximo do menino o ouviu clamar: “Querido
Deus, concede-me que possa chegar a tempo na
escola.”. A pessoa que o ouviu pensou que
daquela vez a oração não poderia ser respondida, porque já havia chegado a hora, e
ainda havia uma grande distância a percorrer.
Teria curiosidade por saber o resultado. Agora,
bem nesta manhã aconteceu que o professor, ao abrir a porta da escola, deu uma volta ao
contrário na chave, e não pôde mover a tranca,
129
vendo-se na necessidade de chamar um
chaveiro para abrir a porta. Houve uma
dilatação no tempo, e quando a porta foi aberta,
nosso pequenino amigo entrou com o restante da turma, a tempo. Deus tem muitas formas de
atender nossos desejos. Foi muito natural que
um menino que realmente ama a Deus falasse com Ele, de seu problema em vez de por-se a
chorar e a fazer pirraça. Não deveria ser natural
que tu e eu, espontânea e imediatamente
apresentássemos ao Senhor o nosso primeiro recurso?
Ai! segundo a Escritura e pela observação, dói-me concordar, segundo a experiência, a oração
com frequência é a última coisa. Olhe o homem
enfermo do Salmo cento e sete. Os amigos lhe
trazem diversos alimentos, porém sua alma aborrece todo tipo de comida. Os médicos fazem
o que podem para sarar-lhe, porém adoece mais
e mais, e chega próximo das portas da morte:
“Clamaram a Jeová em sua angústia.”. O que devia ser o primeiro fizeram no final. “Chamem
ao doutor. Preparem-lhe alimentos. Envolvam-
no em faixas.”. Tudo está muito bem, porém,
haveis orado a Deus? Deus será invocado quando a situação se fizer desesperante. Olhe os
marinheiros descritos no mesmo Salmo. O
barco está a ponto de naufragar. “Sobem até o
céu, descem aos abismos; suas almas se derretem com o mal.”. Todavia fazem tudo o que
podem para escapar da tormenta; porém
130
quando “andaram e cambalearam como ébrios,
e perderam todo tino. Então, na sua angústia,
clamaram ao Senhor, e ele os livrou das suas
tribulações.”. Oh, sim! Buscam a Deus quando se veem próximos a perecer. E que misericórdia é
que Ele escute orações tão tardias, e libere os
suplicantes de suas angústias! Porém, deveria ser assim contigo, comigo e com todas as igrejas
em decadência dizer: “Oremos dia e noite até
que o Senhor venha a nós. Reunamo-nos
unânimes em um lugar, e não nos separemos até que desça sobre nós a bênção”.
Os irmãos sabem quantas grandes coisas poderiam obter somente pedindo? Todos os
céus estão ao alcance do homem que pede.
Todas as promessas de Deus são ricas e inesgotáveis, e seu cumprimento pode ser
alcançado pela oração.
Jesus disse: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai,” e Paulo disse: “Tudo é vosso, e vós de Cristo.”. Quem não poderia orar
quando todas as coisas nos têm sido entregues
dessa maneira? Sim, e promessas que em
princípio foram feitas a indivíduos especiais, são todas feitas para nós também, se sabemos como
pedi-las em oração. Israel cruzou o Mar
Vermelho faz muitos anos; entretanto, lemos no
Salmo sessenta e seis: “Ali nos alegramos nele.”. Somente Jacó estava presente em Peniel,
entretanto, Oseias disse: “Ali falou conosco.”.
131
O autor de Hebreus quer dar-nos uma grande promessa para os tempos de necessidade, e cita
do Antigo Testamento: “Porque ele disse: Não te
desampararei, nem te deixarei.”. De onde ele tirou isso? É da segurança que o Senhor deu a
Josué: “Não te deixarei, nem te desampararei.”.
É certo que a promessa era para Josué somente? Não. É também para nós, e por isso é reafirmada
pelo Espírito Santo através do autor de Hebreus.
“Nenhuma Escritura é de interpretação
particular.”. Toda Escritura é nossa. Olhe como Deus aparece a Salomão de noite e lhe diz: “Pede
o que queres que eu te dê.”. Salomão pediu
sabedoria. “Oh, esse é Salomão,” dizes tu. Ouve:
“Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça a Deus.”. Deus deu a Salomão riqueza e fama
dentro do trato. Não é peculiar a Salomão? Não,
porque da verdadeira sabedoria se diz:
“Longevidade de dias estão em sua mão direita, em sua esquerda, riquezas e honra”; e isto não
difere muito das palavras de nosso Salvador:
“Busca primeiro o reino de Deus e sua justiça, e
todas estas cousas vos serão acrescentadas.”. Assim, podeis ver que as promessas do Senhor
têm muitos cumprimentos e seguem esperando
para derramar seus tesouros no regaço da
oração. Isto não conduz a oração a um elevado nível, quando Deus está disposto a repetir em
nós as biografias de seus santos, quando espera
mostrar sua graça e encher-nos com seus
benefícios? Devemos mencionar outra verdade que deve fazer-nos orar, e é esta, que se
132
pedimos, Deus nos dará muito mais do que
pedimos. Abraão pediu a Deus que Ismael fosse
preservado em vida. Pensava “seguramente ele
é a semente prometida: não posso esperar que Sara possa gerar um filho em sua velhice. Deus
me tem prometido uma semente, e
seguramente é este filho de Hagar. Oxalá Ismael possa viver diante de ti.”. Deus lhe concedeu
isto, porém também lhe deu a Isaque, e todas as
bênçãos do pacto. Lá está Jacó, ajoelhado a orar,
e pede ao Senhor que lhe dê “pão para comer e vestido para vestir.”. Porém, que lhe deu Deus?
Quando voltou a Betel, teria dois
acampamentos, milhares de ovelhas e camelos,
e muita riqueza. Deus lhe havia ouvido e havia feito muito mais abundantemente acima de
tudo que havia sido pedido. De Davi se diz: “vida
te pediu e lhe deste longevidade de dias,”. Sim,
não somente lhe deu longevidade mas também um trono para seus filhos para todas as
gerações, até que Davi se sentou diante de Jeová,
abençoado pela bondade de Deus.
“Bom,” dizes, “porém, vale isso para as orações do Novo Testamento?”. Sim, assim ocorre com
os que oram no Novo Testamento, sejam santos ou pecadores. Trazem um homem paralítico a
Cristo, e lhe pedem que o sare, e ele diz: “Filho,
teus pecados te são perdoados.”. Ele não havia
pedido isso, verdade? Não, porém Deus dá coisas maiores que as que pedimos. Escuta a
humilde oração daquele pobre ladrão
133
moribundo, “Senhor, recorda-te de mim
quando vieres em teu reino.”. Jesus lhe
respondeu: “Hoje estarás comigo no paraíso.”.
Não sonhava com tal honra. Ainda a história do pródigo nos ensina isto. Ele havia resolvido
dizer: “Não sou digno de ser chamado teu filho,
faz-me como a um de teus jornaleiros.”. Qual foi a resposta? “Este meu filho estava morto, e
reviveu, estava perdido e foi achado. Trazei
depressa a melhor roupa; vesti-o, ponde-lhe um
anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e
regozijemo-nos.”. Uma vez que tiveres entrado
na posição de um que pede, terás o que não tens
pedido e que nunca pensaste receber. Nós poderíamos pedir, somente para sermos mais
santos e ter mais fé, coisas das maiores, porém
Deus está disposto a dar-nos infinitamente mais
do que pedimos.
Creio que neste momento a igreja de Deus poderia ter bênçãos inconcebíveis se somente estivesse disposta a orar agora. Tens notado
alguma vez o maravilhoso quadro do capítulo
oitavo de Apocalipse? É digno de ser
considerado com muito cuidado. Não intentarei explicá-lo em suas conexões, senão que vou
sinalizar o quadro tal como se apresenta:
“Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve
silêncio no céu cerca de meia hora.”. Silêncio no céu: não havia hinos! Não havia aleluias, nem
anjos que movessem uma asa! Silêncio no céu!
134
Podem imaginá-lo! E olhem! Sete anjos de pé
diante de Deus, aos quais são entregues sete
trombetas. Ali esperam com as trombetas nas
mãos, porém não há sonidos. Nenhuma nota de alegria ou de advertência durante um intervalo
que foi suficientemente longo para provocar
vivas emoções, porém suficientemente breve para evitar a impaciência. Um silêncio
ininterrupto, profundo e terrível, reinava no
céu. A ação foi suspensa no céu, o centro de toda
atividade. “Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado
muito incenso para oferecê-lo com as orações
de todos os santos sobre o altar de ouro que se
acha diante do trono.”. Ali parou, porém tudo está quieto e em silêncio. Que será que o porá
em movimento? O incenso e as orações dos
santos, sobre o altar de ouro que estava diante
do trono. A oração é apresentada com o mérito do Senhor Jesus.
Agora, veja o que aconteceu. “E da mão do anjo, subiu à presença de Deus o fumo do incenso
com as orações dos santos.”. Essa é a chave de
todo o assunto. Agora o anjo começa sua tarefa.
Toma o incensário, enche-o com o fogo do altar, e o lança à terra, “e houve trovões, vozes,
relâmpagos e terremoto.”. “E os sete anjos que
tinham as sete trombetas prepararam-se para
tocar.”. Agora tudo começa a se mover. Tão pronto como as orações dos santos foram
mescladas com o incenso do mérito eterno de
135
Cristo, e a fumaça começou a subir desde o altar,
então as orações se fizeram eficazes. Caíram as
brasas vivas entre os filhos dos homens,
enquanto os anjos da divina providência, que ainda estavam quietos fizeram soar suas
trombetas e cumpriram a vontade do Senhor.
Tal cena no céu, é em certa medida, ainda até ao dia de hoje. Traz até aqui o incenso. Traz até aqui
as orações dos santos. Acende o fogo com os
méritos de Cristo, e sobre o altar de ouro deixa
que queimem diante do Altíssimo. Então veremos o Senhor em ação e sua vontade será
feita na terra como no céu. Deus envie a sua
bênção com estas palavras, por amor de Cristo.
Amém.
136
“Sede perseverantes na oração” (Rm
12.12)
Isto é colocado em relação a um grande
número de preceitos muito pesados. A oração tem uma relação distinta com todos os deveres
cristãos e graças. Não é possível nós levarmos a
cabo os santos mandamentos de nosso Senhor
Jesus Cristo a menos que nós sejamos abundantes em súplica. Os romanos, na ocasião
em que Paulo lhes escreveu estavam sujeitos à
perseguição, e neste verso ele menciona dois
remédios para a impaciência debaixo de tais aflições, remédios que são igualmente eficazes
debaixo de todas as tentações da vida. O apóstolo
Paulo nos dá o primeiro antídoto: "regozijar-se
na esperança", e então ele nos dá o segundo antídoto: "ser paciente na tribulação". Qualquer
um destes, ou ambos juntos, trabalharão
maravilhosamente para sustentar o espírito na
hora da aflição; mas será observado, que nenhum destes remédios pode ser aplicado à
alma salvo se eles estiverem misturados com a
oração. A alegria e a paciência são essências
curativas, mas elas devem ser derramadas em um copo cheio de súplica, e então elas serão
maravilhosamente eficientes. Como nós
poderemos nos "alegrar na esperança" se nós
não soubermos nada sobre orar ao Deus de esperança. Sempre que sua esperança parece
fracassar e sua alegria começa a entristecer, o
137
método mais curto é dobrar os seus joelhos. Pela
oração a promessa da esperança será
sustentada, e então a alegria vai saltar disto,
porque a alegria é o filho primogênito da esperança. O mesmo vale para a "paciência",
porque como nós poderemos ser pacientes se
nós não podemos orar?
Os santos antigos sempre se sustentaram nos
seus dias difíceis de aflição e depressão
recorrendo à oração. A impaciência irá seguir a falta de oração. Eu gosto daquele bonito,
entretanto triste, quadro do mártir de Norwich,
Hudson, de quem Fox nos fala que, quando ele
foi levantado preso à estaca para ser queimado, ele foi envolto numa nuvem. O Senhor tinha
retirado a luz do seu rosto, e então este homem
de Deus saiu de suas cadeias para ter alguns
minutos somente com o Senhor. Alguns pensaram que ele estava a ponto de se retratar,
e os mártires da mesma categoria dele
começaram a exortá-lo a ser firme, mas este
querido crente sabia quem ele era, e quando ele tinha falado com o seu Senhor ele voltou à
estaca com um semblante luminoso e radiante,
enquanto dizia: "Agora, eu agradeço a Deus,
porque eu sou forte, e não temo o que possa me fazer o homem", e se levantou no seu lugar com
os sofredores que tiveram a mesma sorte que
ele e foi queimado rapidamente à morte sem
qualquer temor. Oh o poder da oração! Se nós soubermos manter contato com o Eterno e
Onipotente, nós seremos joviais e pacientes em
138
todas as tribulações, e corajosamente
suportaremos até mesmo o extremo da morte
aguda.
A oração será exercitada em todas as coisas, porque de sua posição no contexto presente nós
somos ensinados que sem oração nós não
podemos "atender às necessidades dos santos.".
Porque é orando por eles que nós ficamos preparados para ajudá-los com ações de amor.
Se nós não fomos acostumados a orar pelos
irmãos, nós não seremos dados à hospitalidade;
e muito menos poderemos "abençoar os que nos perseguem.”. A oração é a vida e sangue do
dever, a seiva secreta da santidade, a fonte da
obediência.
“Na oração perseverantes”. No original grego o sentido de nosso texto é: "aplicar sempre força
na oração", ou “continuar com todo seu poder
em oração.”. Nossa oração deve estar cheia de
força; "abençoado é o homem cuja força está em ti.". Um cachorro de caça quando está em
perseguição de sua vítima trabalha em
movimento pleno, enquanto usa todo membro e
músculo para seguir tão rápido quanto possível. Se você pega isto num olhar rápido você verá
que se lança adiante com intensa ânsia, o corpo
inteiro e alma do cachorro está em movimento
para um objeto; nenhuma porção dele está envolvido em qualquer outra coisa a não ser no
seu objetivo, a criatura inteira busca de forma
139
pronta e imediata o que procura, urgentemente,
com pés ligeiros, como costumamos dizer, para
colher a presa. Agora, este é o modo com que
nós devemos orar. A oração como uma mera forma, isto é, formal, e de maneira desfalecida e
indiferente pode ser mais um escárnio que
desonra a Deus do que qualquer honra para ele; nós mesmos podemos ser muito prejudicados
através da oração morna, do que beneficiados
por isto. A oração prevalecente é
frequentemente descrita na Bíblia como uma agonia: "esforçando-se juntamente comigo em
suas orações.". Nós frequentemente falamos
disto como "lutando", e nós fazemos bem,
porque é assim. Como um homem luta com toda sua mente como também todo o seu corpo,
ocupando-se com o desejo de vencer o seu
antagonista.
Da mesma forma deve ser a oração, com toda a sua mente, sua memória, seu julgamento, seu
afeto, suas esperanças, seus temores, e até mesmo sua imaginação devem estar
concentrados nesta luta de oração. Possa o
trabalho de Espírito Santo em você produzir este
ardor interior, esta energia do homem inteiro. Nós temos que ir com nossa alma inteira a Deus
ou Ele não nos aceitará. Estará indiferente a nós
se nós formos indiferentes, porque isto está
escrito: “o coração deles está dividido”. “o homem de coração dobre não obterá nada do
Senhor”. O reino dos céus é tomado pela força.
140
Nós somos exortados a "bater", e temos para
exemplo do que devemos ser, aquele que
despertou seu amigo à meia-noite. Nós somos
exortados a ser inoportunos, como a viúva com o juiz injusto. Nós devemos orar como se tudo
dependesse de nossa oração. Nós devemos ser
tão inoportunos como que se Deus estivesse pouco disposto, e alegar tão seriamente como se
ele ainda não soubesse das coisas que nós temos
necessidade.
A seriedade deve estar presente em todas as
nossas orações ou elas voltarão a nós sem resposta: isto é bastante razoável. Será esperado
que Deus dê a nós aquilo a que não damos o
devido valor? Se nós não avaliarmos a bênção
suficientemente para estarmos verdadeiramente ansiosos e desejosos em
buscá-la, não é certo que Ele deveria retê-la até
que nós estejamos com uma mente melhor? E nós podemos adorar a Deus com uma
reverência dividida? Nós podemos esperar que
ele receba o nosso sacrifício se nós não
pusermos nenhum fogo debaixo dele? Se nós não tivermos nenhuma seriedade impetuosa de
espírito, nós podemos esperar que sejamos
aceitos?
Ele detesta o morno, e isto o torna contrário às
nossas orações. Veja como nós lidamos com nossos membros da raça humana; se eles nos
pedem um favor e nós vemos que eles se
141
preocupam muito pouco com o que estão
pedindo, nós não temos nenhuma pressa em
atendê-los. E se observamos que a necessidade é
apenas uma expressão verbal de um desejo que não está no coração, neste caso nem os
atendemos, porque na verdade não desejam o
que está pedindo com a boca.
Mas, se forem muito insistentes e sinceros no que pedem, nós atendemos às suas solicitações;
e é do mesmo modo que Deus se rende aos
pedidos sinceros de misericórdia do seu povo. A
mãe poderá continuar nos seus afazeres domésticos se o seu bebê está chorando
intermitentemente, e baixinho, mas se este
choro se torna intenso e forte, ela para
imediatamente o que está fazendo para atendê-lo. Filhos de Deus, vocês têm que chorar
poderosamente diante de Deus, e derramar
seus corações em lágrimas diante dele, e então ele terá consideração com a voz do seu clamor,
e agirá com você de acordo com a intensidade
do seu desejo. A insistência na oração é
necessária; e nós devemos ser ferventes e ardentes, ou nós não prevaleceremos.
A falta de intensidade e fervor pode denunciar que apesar de reconhecermos as nossas
necessidades, sejam quais forem, sentimentais,
financeiras, espirituais, etc, não lhes damos a devida atenção e valor. Podemos estar
amargurados por elas e acostumados à nossa
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amargura, mas não dispostos o suficiente para
vencê-la. Podemos estar confiando que seremos
atendidos por outros meios ou pela sorte, e até
mesmo, podemos estar cultivando um coração incrédulo que não consegue aceitar a ideia que
Deus de fato possa modificar as circunstâncias
de nossas vidas. Não podemos esperar que Ele nos socorra enquanto mantemos tal atitude.
Mas, como sairemos deste estado e podemos adquirir este espírito de urgência e insistência.
Somente o Espírito Santo pode nos ajudar nisto.
Mas, lembremos que o Espírito sempre opera por métodos. Se é uma coisa sobre a qual você
não tem certeza de que estaria de acordo com a
vontade de Deus, coloque de lado: você não deve orar sobre uma necessidade que é questionável.
Mas quando você está convicto de que a bênção
que busca é uma coisa boa e necessária para a
sua alma, então para que o seu espírito possa ser forte em oração, adquira um senso profundo do
valor do que você está buscando, avalie a sua
necessidade; examine como um ourives
inspeciona uma joia quando ele desejar calcular seu valor. O ardor de um homem em
perseguição será proporcional à consciência
dele do valor daquilo que ele procura. Adquira o
senso de que se trata de uma graça preciosa, e que vale lutar por ela para que o Senhor a traga
a você; e uma vez que o seu coração perceba o
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valor daquilo que busca, então expresse isto
com suas orações cheias de intenso desejo.
Quando você estiver fazendo isto, medite muito sobre as suas necessidades e do quanto elas dependem da misericórdia de Deus. Veja a
pobreza da sua alma e da sua própria inutilidade.
Olhe para o que lhe acontecerá a menos que esta
bênção venha. Se é alguma bênção espiritual absolutamente indispensável, imagine-se a si
mesmo como ficarias murcho se Deus a
retivesse, que males lhe sobrevirão se esta
necessidade não for atendida, e que necessidades adicionais ainda poderão lhe
sobrevir. Quanto maior for a sua necessidade,
maior deve ser o seu clamor diante de Deus.
Devemos reconhecer nossa incapacidade para obter a bênção que buscamos pelo nosso
próprio poder ou de outras pessoas. Nada pode
sair de nada, e eu não sou nada. Eu não posso
trazer uma coisa limpa de uma suja, e eu estou sujo. Esta bênção espiritual que eu não posso
obter de meu próximo; nem rei, nem pai
poderiam trazer isto a mim. Somente Deus pode
dar isto a mim, e ele é soberano, ele tem direito para dar ou reter. Eu não posso reivindicar isto
dele como um assunto de direito, ele tem que
dar isto a mim pela sua exclusiva misericórdia,
deve ser um benefício de favor imerecido. Oh, se você tiver esta verdade bem forjada em sua
alma, você orará seriamente, e você usará os
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argumentos certos: "Tem misericórdia de mim,
ó Deus, de acordo com a sua longanimidade, que
outorga até a multidão das tuas ternas
misericórdias.". Somente Deus pode ajudá-lo, e se ele demora em atendê-lo, então chore
poderosamente diante dele.
Isto deve motivá-lo a se esforçar ainda mais em oração para desejar o que é bom. Não se levante
antes que tenhas a certeza de que Deus está contente ou não. Não fique satisfeito sem que
tenha uma resposta. Mas, lembre que a apatia
nunca prevalecerá com Deus. Há tempos
quando você deve ser trazido a esta condição que não lhe negarão. Há uma "ousadia" santa,
como os Puritanos costumavam chamá-la, que
consiste no fato de que nós devemos ter uma
santa coragem em dizer como Jacó: “Eu não te deixarei até que me abençoes”. Tal idioma seria
blasfêmia se não fosse permitido, seria
presunção se não fosse encorajado. Nos é
permitido usar a liberdade de crianças obedientes, amorosas. Nos é permitida a
confiança santa da fé para solucionar o que nós
buscamos até que o achemos, nós pediremos
até que recebamos, nós bateremos até que a porta nos seja aberta. Nosso caso é urgente, e
nós devemos apresentar os nossos argumentos
até que a nossa causa saia vencedora. A oração
deve ser trabalho de coração, da alma, do espírito. A oração deveria ser o suor da alma, às
vezes deveria ser até mesmo como o suor
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sangrento de um coração agonizante, enquanto
chora poderosamente diante do Senhor, como
Jesus fez no jardim.
Reúna todas as suas faculdades para ver se esta coisa é uma questão de promessa ou não. Pegue
o Livro, sua Escritura e vá a seu Pa, e veja se há
qualquer parte da Escritura que promete esta
coisa boa a você. Quando você encontrar a posição da promessa coloque o seu dedo sobre
ela. Melhor ainda, com seu aperto de espírito
com isto em sua mão, vá diante de Deus com
isto. Se sua oração é como Lutero a chamava, "bombarda Christianorum", a grande arma do
crente com que ele pode bombardear o céu,
então seguramente a promessa é o tiro que ele
envia. Alegue a promessa dizendo, "Deus, faça como tu disseste. Cumpre esta palavra que
criaste e na qual tu me fizeste esperar.". Se você
não parece prevalecer com uma promessa
procure outra e alegue. Derrame esta segunda promessa diante de Deus. Nada o agrada mais
que ver a própria palavra dele ser declarada
pelos seus filhos. Tente isto, e caso se torne
manifesto que você não obteve sucesso com esta, volte com outra promessa, e outra e outra
e outra, e então alegue: "Por causa do teu nome,
por causa da tua verdade, por causa do teu pacto;
e então entre com o maior argumento de todos: "Por causa de Jesus e do nome dele, por causa do
seu sangue.". Você prevaleceu lá. Por aquele
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sinal você venceu. Novamente será visto que o
Senhor ouve e atende a voz de um homem.
Ainda há uma coisa mais querido, e isso é a fé forte, não somente no que Deus é, mas que ele é
o recompensador daqueles que diligentemente o buscam. Você não pode oferecer uma oração
aceitável caso você não acredite que a oração
será ouvida por Deus. Os homens sábios
modernos, com um ar protetor, asseguram que a oração é um exercício piedoso, sumamente
benéfico para nós mesmos, mas bastante
inoperante com Deus. Eles são amáveis bastante
para nos permitir orar, só que nós não devemos supor que a oração terá o menor efeito. E eles
pensam que nós somos tão idiotas ao ponto de
que nós estaríamos de pé e assobiaríamos ao
vento por achar que seria bom para nossas almas um tal procedimento estúpido? Eles
devem ter formado a noção deles da nossa
condição mental a partir da própria condição
deles, se eles imaginam que nós deveríamos orar se soubéssemos que Deus não nos ouviria,
e não nos responderia. Oração aparte da ideia de
uma audição e resposta de Deus não é oração; é
solilóquio, ou, em palavras mais claras, uma fala tola. Você tem que crer que Deus existe, e que
seus pedidos são uma parte do modo divino de
abençoar, ou então você não está orando mas
falando consigo mesmo e tagarelando. O Senhor realmente escuta as petições de seus filhos, e
entretanto ele não altera a ordenação dele e o
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seu decreto, contudo de algum modo ou outro
ele faz com que as orações do seu povo sejam
uma ligação eficiente na maquinaria da sua
providência, de forma que se há oração ele os abençoa abundantemente. Queridos amigos,
possa o Espírito Santo nos incitar a sermos
perseverantes na oração poderosa, enérgica.
II. Em segundo lugar vem a CONSTÂNCIA - "na oração perseverantes". É o mesmo que: “continuando na oração”. Voltemos ao exemplo
do cachorro de caça. Nós o vimos se apressando
como o vento para atingir seu objetivo, mas isto
não seria o suficiente se durasse somente por um pequeno tempo; ele tem que continuar a
corrida se ele deseja pegar a sua presa. Não
importa quão rápido o cão de caça tenha sido se
depois de ter mantido o passo por algum tempo ele começa a afrouxar, e com isso a caça
escapará dele. Nós temos que manter o ardor da
oração; nós sempre devemos ser intensos.
Oração não é para ser uma coisa de ontem, mas de cada dia, e para amanhã, até isto se
transformar em louvor. Talvez a oração
continuará até mesmo no céu. Certamente as
almas debaixo do altar clamam "Quanto tempo?", e profecias ainda não cumpridas,
contudo grandes, relativas a eventos futuros são
alegadas até mesmo lá. Porém, o louvor é a
característica principal do estado futuro, como a oração é a característica do presente. Nós
devemos manter um passo constante e bom "na
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oração perseverantes", e então manter isto para
cima continuando perseverando em oração.
"Isso é difícil" diz alguém. Quem disse que não
era? Todos os processos da vida Cristã são difíceis; realmente, eles são impossíveis aparte
da ajuda permanente do Espírito divino: mas "o
Espírito ajuda nossas fraquezas.". Agora então, irmãos que nós podemos ser ajudados a manter
nosso fervor em oração, por favor note que a
oração deve ser contínua, porque é misturada
de modo singular com a dispensação inteira do evangelho. Como o incenso encheu o templo,
assim faz o abastecimento da oração na
economia do evangelho. O fogo deveria queimar
incessantemente sobre o altar, no Tabernáculo; e o incenso deveria ser queimado diariamente
no altar do incenso, indicando-se com isto que
toda a igreja, como as doze tribos, está servindo
o Senhor dia e noite em oração, esperando o cumprimento da promessa da sua volta gloriosa.
A unidade, a vida, e a espiritualidade da igreja
são vistas melhor, na oração.
"Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão.” (Sl
2.8). A oração é a atmosfera que envolve a terra
de Emanuel: como as nuvens repousam sobre as
montanhas, assim a oração repousa sobre toda a grande misericórdia de Deus.
A oração está conectada com todas as bênçãos do pacto. Porque, amado, é sobre aqueles que
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são chamados pelo nome de Deus que a
promessa da salvação está determinada.
Nosso Pai divino dá o Espírito Santo àqueles que O pedem. A justificação foi dada ao publicano
em vez do fariseu, porque ele tinha se
apresentado de modo humilde, enquanto cria, e
a sua oração foi aceitável; mas o fariseu nada pediu, mas só se glorificou. A adoção gera a
oração, porque ela traz o espírito de adoção por
meio do qual nós clamamos, Abba, Pai.
Agora, amados, nos é ordenado que sejamos constantes em nossa perseverança. Isto está
correto não está? Há qualquer hora quando nós
podemos afrouxar a oração? Quando um crente poderia parar de orar? É quando ele prospera?
Não. É quando ele está em angústia? A própria
natureza não nos ensina que em tempo de
aflição nós deveríamos especialmente estar mais próximos de Deus em oração? Não somos
templos do Espírito Santo? Onde quer que você
vá você leva seu templo com você, e então esteja
seguro que você deve orar em todo o tempo e lugar. Se você está no eirado com Pedro ore lá, e
se está servindo à mesa com Neemias, ore lá: se
no campo com Isaque ou no monte com o
Senhor, ou no mar com Jonas, ou em uma prisão com José, ou diante da morte com Estevão, ore
lá.
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"Onde quer que vivam devem os crentes orar, porque somente enquanto eles oram é que eles
vivem.".
Mas, especialmente, nós deveríamos ser constantes em oração, porque se você pode
esperar quieta e pacientemente, tudo estará
bem. As melhores bênçãos do céu estão
reservadas para os Elias que podem dizer ao seu moço enquanto orava de joelhos com o rosto em
terra para que voltasse a chover, e que olhasse
para o lado do mar para ver se havia alguma
nuvem como evidência de chuva: “Volta”, porque não havia evidência, e lhe mandou voltar
por sete vezes até que Deus respondeu à sua
oração, ainda que com uma pequena nuvem
como a palma da mão de um homem (I Rs 18.41-45). Era uma pequena evidência, mas somente
por ela o profeta afirmou o que de fato ocorreu,
dentro em pouco, os céus se enegreceram, com nuvens e vento, e caiu grande chuva, depois de
a terra ter ficado sem chuvas por mais de três
anos.
Assim, voltemos novamente, novamente e
novamente e não deixemos de voltar à oração até que a resposta do céu nos seja enviada, ainda
que com uma pequena evidência, que será a
promessa para a prova da nossa fé, do
cumprimento pleno da bênção esperada. Espere então no Senhor com importunidade santa de
oração, e sua recompensa será certa. É bom para
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nós sermos compelidos a orar assim; porque
nos conduz da infância espiritual ao
aperfeiçoamento da varonilidade. Então seja
constante em oração, e junte forças para pedir inoportunamente.
Nenhuma razão pode ser dada por que nós não deveríamos perseverar em oração. Eu posso
supor um irmão dizendo, "eu sinto eu não posso
orar.". Quando você sente que você não pode orar, esteja seguro que você está em falta com o
dever de orar constantemente e com
perseverança, porque é uma ordenança do
Senhor para nós. É um mandamento que será transgredido se não for obedecido. Então ore
quando você puder orar, e ore quando você não
puder orar. "Ai, Senhor, eu não posso emitir
além de um gemido." Irmão, não fique aflito, a melhor forma de orar em todo o mundo consiste
em "gemidos que não podem ser exprimidos.".
Não temos qualquer dúvida quando o Espírito de
Deus nos ajuda a orar com orações alegres, entretanto eu digo que não há qualquer
necessidade para a dúvida quando nós não
podemos fazer nada além de uma oração triste,
porque é dito expressamente que Ele intercede por nós com gemidos inexprimíveis. Você pensa
que o fim principal da vida de um crente é estar
confortável? É frequentemente melhor para nós
lamentarmos como pombas do que cantar como rouxinóis. Às vezes pode haver mais oração em
um suspiro do que numa oração longa. Então
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ore sempre; se você sente vontade ou não de
orar, ainda ore. O pescadores de Mentone
continuam pescando com a grande rede deles;
sim, eles continuam lançando suas redes, mesmo que muitas vezes, para a dor deles, não
consigam retirar do mar mais do que uma
pequena sardinha. Muitas vezes eu vi que eles não puderam tirar da imensidão do mar, mais
do que pudesse encher a mão deles. Mas por que
eles continuam navegando? Porque eles são
pescadores, e não podem fazer qualquer outra coisa. Você e eu estamos pedindo aos homens, e
não há nada mais que nós possamos fazer, mas
podemos esperar no Senhor.
Assim se, depois de muitos lançamentos de
rede, nós adquirimos uma resposta pequena, nós tentaremos novamente, porque isto é tudo o
que nós podemos fazer. "Senhor, para quem
iremos nós?".
Continue em oração porque a continuação de nossa perseverança em oração é o teste da
realidade da nossa devoção. Homens que estão
envolvidos em negócios não podem se dispor a
abrir sua loja e fazer comércio em poucas ocasiões, e então colocar um anúncio: "o
proprietário desta loja saiu para uma excursão,
e retomará ao negócio quando ele se sentir
inclinado a isto.". E é assim com a oração: orar um pouco e então parar será uma ilusão e uma
armadilha.
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Orações reais são orações constantes. Há um peixe, você sabe, que às vezes tenta voar, mas
não é nenhum pássaro. Só consegue um
pequeno voo e então está novamente na água; mas um verdadeiro pássaro se mantém com
suas asas, especialmente se tal pássaro é a águia
cuja asa incansável a conduz acima das nuvens. Se precavenha de orações que saltam para cima
como um gafanhoto e estão lobo abaixo
novamente. Deixe suas orações terem asas
como de uma pomba, e as deixe voar longe da terra e descanse em Deus. Um crente genuíno
"ora sem cessar.".
Amados, nós temos que continuar em oração, mas somente o Espírito Santo pode nos
capacitar a fazer isto. Porém, nós podemos ser
ajudados muito nisto reservando um tempo especial ocasionalmente. Dias de oração e horas
de oração, e temporadas de oração são muito
úteis.
Nós deveríamos ter nossos períodos de oração designados cada dia, mas tempos especiais para
isto podem ajudar o fogo a queimar mais
brilhantemente. Unir-se com outros cristãos em
oração é frequentemente muito útil. A oração privada é mais importante que oração pública
sob qualquer aspecto, e é um teste melhor de
um crente; ainda que oração pública resulte
frequentemente em devoção privada, e quando dois ou três estão reunidos em nome do Senhor,
as suas súplicas serão frequentemente úteis a
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um e ao outro e obterão a coisa que eles
desejam.
III. Nossa última palavra EXPECTANTE não é
citada diretamente no texto, mas deve estar lá realmente, porque não haverá nenhuma coisa
tal como insistência ou constância a menos que
haja uma expectativa, e uma convicção de que
Deus pode e dará aquilo que nós buscamos. Voltemos mais uma vez ao exemplo do cão de
caça. Ele não correria tanto se ele não esperasse
agarrar a sua presa. Não há nenhuma oração
com qualquer fervor a menos que haja fé que Deus a ouvirá; pelo menos se pode ser sentida a
insistência durante algum tempo, a constância
não pode ser mantida por muito tempo sem isto. Expectativa que Deus ouvirá. Nós oramos
porque o Senhor já atendeu pedidos nossos
antes, e agora nós oramos não somente porque
isto nos é ordenado, mas porque se tornou natural para nós orar, e esperamos porque
sabemos que o Senhor nos ouve. Nós somos
filhos pobres e necessitados que são
expectantes da graça de Deus, assim como os filhotes dos pássaros aguardam com confiança
o alimento que lhes é trazido pelos seus pais.
Alguns líderes raramente exercitam a
expectativa em oração, mas a alma da oração se terá ido quando você não tiver nenhuma
expectativa.
Deus atende ao clamor do seu desejo, mas a mão na qual ele porá a sua misericórdia é a mão da
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sua expectativa. Você tem que acreditar que
você tem a bênção, ou você não terá isto a menos
que experimente por um pouco a misericórdia
extraordinária além do que é prometido. O modo habitual do Senhor é atender nossas
expectativas de forma que nós olhemos para o
seu favor, e então ele envia o que esperamos. Entretanto, não devemos pedir a Deus o que nós
mesmos podemos fazer. Se temos recursos
suficientes para ajudar as viúvas, porque
pediremos ao Senhor que provenha para elas se nós mesmos podemos fazê-lo com o nosso
próprio dinheiro? Inúmeras orações são desse
tipo: nós estamos pedindo a Deus para fazer o
que nós deveríamos fazer, e isso é impertinência completamente. Quando oramos “venha a nós o
teu reino”, é nossa obrigação cooperar com o
Senhor para que o seu reino venha. Quando
oramos para que o seu nome seja santificado, nós devemos nos consagrar e santificar o seu
nome. Nós deveríamos ser de ação tão prática,
de forma que nós achássemos a resposta para a
nossa oração antes de nós pedirmos, de acordo com a promessa, "Antes que eles clamem eu
lhes responderei, e enquanto eles ainda
estiverem falando eu os ouvirei." Foi encontrado
num documento escrito por um pobre homem, e que foi transcrito pela Duquesa de Gordon, o
seguinte pedido: "Oh Deus, dê-me graça para
sentir minha necessidade da tua graça! Dê-me
graça para te pedir a tua graça! Dê-me graça para receber as tuas bênçãos!.