CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC
PAULINO DE FREITAS LUDUVICE NETO
ANÁLISE DO DIMENSIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS DE DRENAGEM EM UMA RUA DO BAIRRO DA
JATIÚCA NA CIDADE DE MACEIÓ-AL
Maceió – AL 2018/2
PAULINO DE FREITAS LUDUVICE NETO
ANÁLISE DO DIMENSIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS DE DRENAGEM EM UMA RUA DO BAIRRO DA
JATIÚCA NA CIDADE DE MACEIÓ-AL
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário CESMAC, sob a orientação da professora Msc. Danubia Teixeira Silva e coorientação da professora Msc. Daysy Lira Oliveira Cavalcanti.
Maceió – AL
2018/2
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar aos meus pais, Paulo e Neurivânia, por sempre me
apoiarem e proporcionarem várias oportunidades ao longo da vida. Amo
vocês.
Às minhas orientadora Danubia Texeira Silva e coorientadora Daysy
Lira Oliveira Cavalcanti, pois sem elas esse projeto nunca tivesse sido
finalizado de forma devida.
Ao meu irmão Bruno, por não me incomodar e sempre estar disposto a
me ajudar durante o processo desse trabalho.
À Gabriella Salvador, por me salvar em momentos específicos do
trabalho.
Aos meus amigos e parentes que sempre me apoiaram durante a
realização desse trabalho.
ANÁLISE DO DIMENSIONAMENTO EM UMA RUA DO BAIRRO DA JATIÚCA NA CIDADE DE MACEIÓ-AL
ANALYSIS OF THE DESIGN IN A STREET IN THE DISTRICT OF JATIÚCA IN THE CITY OF MACEIÓ-AL
Paulino de Freitas Luduvice Neto Graduando no Curso de Engenharia Civil
[email protected] Danubia Teixeira Silva
Mestre em Engenharia Civil [email protected]
Daysy Lira Oliveira Cavalcanti Mestre em Engenharia Civil
RESUMO Com a problemática presente na cidade de Maceió-AL referente à falta de um devido funcionamento nos equipamentos drenagem, foi analisado um dos pontos mais conhecidos, a Rua Soldado Eduardo dos Santos. Foi feito um redimensionamento dos equipamentos de drenagem de sarjetas e bocas de lobo presentes, utilizando-se o método hidráulico racional, equações de dimensionamento de sarjetas e bocas de lobo, esta pesquisa teve como objetivo apresentar cenários hidráulicos como solução para os problemas que afetam a população, direta ou indiretamente, devido a insuficiência na atuação dos equipamentos de drenagem no local de estudo. PALAVRAS-CHAVE: Drenagem. Maceió. Microdrenagem
ABSTRACT With the present problem in the city of Maceió-AL referring to the lack of a proper functioning in the drainage equipments, one of the most well-known points, Rua Soldado Eduardo dos Santos was analyzed. The present study aimed to present hydraulic scenarios as a solution to the problems that affect the water supply, and to reduce the number of gutter drainage systems. Population, directly or indirectly, due to insufficient performance of the drainage equipment at the study site. KEYWORDS: Drainage. Maceió. Microdrainage
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Alagamento na Rua Soldado Eduardo dos Santos
Figura 2 - Afundamento de trilho de roda em um pavimento
Figura 3 - Presença de panelas em um pavimento
Figura 4 – Representação dos equipamentos em uma via
Figura 5 - Trecho a ser estudado
Figura 6 - Pavimento apresentando patologia
Figura 7 - Representação do projeto disponibilizado
Figura 8 - Mapeamento das bocas de lobo e poços de visita
Figura 9 - Representação do projeto disponibilizado com mapeamento das
bocas de lobo e poços de visita
Figura 10 - Delimitação da área de contribuição por boca de lobo
Figura 11 - Localização das sarjetas
Figura 12 - Modelo de padronização da sarjeta a ser adotado, sem escala
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Tempo de retorno de acordo com o tipo de ocupação da área
Quadro 2 - Áreas limites para o uso da fórmula do método racional
Quadro 3 – Valor de vazão de pico por boca de lobo
Quadro 4 - Novos valores de vazão de pico para as bocas de lobo ainda em
funcionamento
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Valores do coeficiente de escoamento superficial direto adotados
pela Prefeitura do Municipio de São Paulo (P.S. Wilken, 1978).
Tabela 2 - Valores das chuvas máximas (mm/h) de um dia para diferentes
períodos de retorno
Tabela 3 - Alguns valores de coeficiente de rugosidade de Manning para
sarjetas
Tabela 4 - Área de contribuição correspondente para cada boca de lobo
Tabela 5 - Novas áreas de contribuição para as bocas de lobo ainda em
funcionamento
Tabela 6 - Resultados para Boca de Lobo de Guia
Tabela 7 - Resultados para Boca de Lobo com Grelha
Tabela 8 - Novos Resultados para Boca de Lobo de Guia
Tabela 9 - Novos Resultados Boca de Lobo com Grelha
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 10
1.2 Objetivos .................................................................................................... 12
1.2.1 Geral.......................................................................................................... 12
1.2.2 Específicos ................................................................................................ 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 13
2.1 Bacias Hidrográficas ................................................................................. 13
2.2 Chuvas Intensas ........................................................................................ 13
2.2.1 Tempo de concentração ........................................................................... 14
2.2.2 Tempo de recorrência .............................................................................. 14
2.3 Ação Da Água Sobre As Vias Urbanas .................................................... 15
2.4 Drenagem ................................................................................................... 16
2.5 Cálculos Hidráulicos De Dispositivos De Microdrenagem .................... 19
2.5.1 Método racional ........................................................................................ 19
2.5.2 Coeficiente de escoamento superficial ..................................................... 20
2.5.3 Intensidade da chuva ............................................................................... 22
2.5.4 Dimensionamento de sarjetas .................................................................. 22
2.5.5 Dimensionamento de boca de lobo .......................................................... 23
3 METODOLOGIA ............................................................................................ 25
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 29
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 41
5.1 Conclusão .................................................................................................. 41
5.2 Propostas para trabalhos futuros ............................................................ 41
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 42
APÊNDICES ..................................................................................................... 44
APÊNDICE A .................................................................................................... 45
APÊNDICE B .................................................................................................... 56
APÊNDICE C .................................................................................................... 58
10
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações iniciais
A muito tempo a engenharia lida com métodos para transportar água de uma
região para outra com o objetivo de abastecer ou captar determinadas regiões, e
isso não é diferente com as águas provenientes das chuvas que incidem nos
pavimentos e calçadas. Devido a essa questão de transporte da água das chuvas,
foram criados equipamentos de drenagem que são dimensionados para que sejam
capazes de suportar o volume de água precipitado durante períodos de chuva.
Esses equipamentos, por sua vez, são instalados ao longo das ruas,
avenidas e estradas de uma área urbana ou rural, sendo direcionados a bacias onde
poderão suportar o volume de água transportado.
Os equipamentos de drenagem, antes de serem instalados, precisam ser
dimensionados. Para esse dimensionamento são utilizadas diversas informações,
principalmente as voltadas para volume de chuvas precipitadas, onde devem
atender a normas estabelecidas visando um funcionamento dos dispositivos
empregados.
Além do dimensionamento, devem ser levados em consideração a
manutenção e conservação desses equipamentos, para que os mesmos venham a
ter uma vida útil adequada e continuem com seu funcionamento sem apresentar
problemas.
Na cidade de Maceió-AL, existe uma problemática constante em relação aos
equipamentos de drenagem presentes nas áreas urbanas, pois os mesmos não
exercem sua função de forma devida e com isso apresentam problemas que afetam
a população tanto nas ruas como até mesmo nas calçadas.
O mau funcionamento acarreta em áreas alagadas, dificultando, ou até
impedindo, a locomoção dos meios de transporte e dos pedestres de forma geral.
Além da dificuldade de locomoção, as águas podem também transmitir doenças
provenientes dos dejetos de animais que transitaram pela região.
Uma dos pontos, na cidade de Maceió-AL, que sofre com problema de
drenagem é a Rua Eduardo Soldado dos Santos, no bairro da Jatiúca, que durante
período de chuvas intensas afeta a população que trafega pela rua.
No ano de 2017, durante o mês de junho, houveram precipitações nas quais
os dispositivos de drenagem instalados não conseguiram captar de forma devida o
11
volume de água precipitado, alagando, assim, toda a rua e dificultando o tráfego de
veículos e pedestres. Um dos momentos onde pôde ser registrado o ocorrido é
apresentado na Figura 1.
Figura 1 – Alagamento na Rua Soldado Eduardo dos Santos Fonte: Autor, (2017)
12
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Apresentar cenários hidráulicos onde não existam problemas provenientes
da falha no funcionamento de sarjetas e bocas de lobo em uma rua, no bairrro da
Jatiúca, na cidade de Maceió-AL.
1.2.2 Objetivos Específicos
Analisar os locais onde existem equipamentos de drenagem;
Redimensionar os equipamentos de sarjetas e bocas de lobo;
Comparar o dimensionamento das sarjetas e bocas de lobo com o
projeto do local de estudo selecionado;
Apresentar cenários ideais para que haja um funcionamento adequado
da drenagem no local.
13
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Bacias Hidrográficas
Conforme Tucci (1997, p. 40):
A bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água de precipitação que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída, seu extuório. A bacia hidrográfica compõe-se de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem formada por cursos de água que confluem até resultar em um leito único no seu exutório.
A bacia hidrográfica, em outras palavras, é um sistema do qual o volume de
água precipitado é a entrada e o exutório é a sua saída, existindo perdas devido aos
volumes evaporados e infiltrados no solo que, em certos casos, pode ser
desconsiderado.
A velocidade de seu escoamento, desde sua caída no solo até o exutório,
varia de acordo com o relevo da região, solo e vegetações presentes.
O volume a ser captado pela bacia, desconsiderando as perdas, é um dado
obtido através de um pluviômetro, equipamento que mede o uma altura de água
precipitada no recipiente nas últimas 24h. Com base nessa altura, é obtido o dado
de volume precipitado na região, a qual o pluviômetro abrange, que será também o
volume captado pela bacia.
O Manual de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais de São Paulo (2012)
também informa sobre as captações em tempo real de dados pluviométricos,
presentes em estações automatizadas, possibilitam a antecipação de dados para
prever e aletar sobre possíveis casos de risco eminente. Essas estações também
informam qualquer defeito ou falha, de forma imediata, no funcionamento de seus
equipamentos.
A cidade de Maceió-AL, em sua grande parte, está situada na bacia do
Pratagi, com 1911,3 km² de extensão, abrangendo também os municípios de Barra
sa Santo Antônio, Flexeiras, Messias, Murici Paripueira e Rio Largo, cidades
presentes no estado de Alagoas. A bacia também é responsável pela maior parte do
abastecimento de água da cidade, onde a estação de tratamento de água
responsável pela captação da água da bacia encontra-se no bairro do Benedito
Bentes
2.2 Chuvas Intensas
14
São fenômenos nos quais ultrapassam um determinado valor mínimo
mínimo de precipitação adotado. Caracterizadas pelos fatores intensidade, duração
e frequência, onde é obtido através de uma série de dados de chuvas coletadas e
relacionadas ao histórico da região, sendo levado em conta dados como tempo de
concentração e tempo de recorrência.
2.2.1 Tempo de concentração
Carvalho (1995) define como tempo de concentração o tempo que uma gota
de água teórica leva do ponto mais afastado da bacia para o ponto de concentração
da bacia. Sua medida de tempo é, usualmente, entregue em minutos.
Seu valor influencia diretamente na obtenção de dados, como, por exemplo,
a vazão que irá escoar em uma região.
2.2.2 Tempo de recorrência
Righetto (1998), citado por Tomaz (2002), define como tempo de
recorrência, ou período de retorno, sendo um evento hidrológico do qual é igualado
ou superado pelo menos uma vez.
Sua escolha afeta no dimensionamento dos dispositivos de drenagem, pois
caso seja escolhido, por exemplo, um tempo de recorrência que não inclua uma
chuva de grande magnitude para a região, o sistema não funcionará de forma
adequada, trazendo inundações e possíveis enchentes, afetando diretamente as
vias públicas e áreas particulares como comércios e residências.
Para equipamentos de microdrenagem os valores de tempo de retorno, ou
tempo de recorrência, varia de acordo com a área a qual atua, como apresentado no
Quadro 1.
Quadro 1 – Tempo de retorno de acordo com o tipo de ocupação da área
Tipo de Ocupação da Área Tempo de Retorno (anos)
Residencial 2
Comercial 5
Áreas com edifícios de serviços públicos 5
Aeroportos 2 a 5
Áreas comerciais e artérias de tráfego 5 a 10 Fonte: Adaptado Tucci, (1995)
15
2.3 Ação da Água Sobre as Vias Urbanas
Devido a urbanização e, consequentemente, a impermeabilização dos
terrenos se faz como necessário que toda a precipitação sobre as vias urbanas seja
direcionada de forma correta para evitar alagamentos e inundações, pois afeta
diretamente a população e também financeiramente o governo presente.
De acordo com Maia (2012) a insuficiência dos equipamentos de drenagem
apresentam patologias no pavimento como deformação excessiva, manchas de
umidade e panelas.
A patologia relacionada à deformação excessiva trata-se do afundamento de
trilho de roda ao longo do eixo da via. Pode ser visto um exemplo desta patologia na
Figura 2.
Figura 2 – Afundamento de trilho de roda em um pavimento Fonte: Maia, (2012)
As manchas de umidade são responsáveis pela diminuição da resistência à
derrapagem do pavimento, diminuindo, assim, a segurança dos condutores que
trafegam no pavimento defeituoso, trazendo a possibilidade de acidentes.
As panelas são caracterizadas por cavidades de diversas dimensões
apresentadas ao longo do pavimento. Ocorre em regiões mais fracas do pavimento
havendo uma remoção de asfalto e/ou base. É resultado da presença de água, pela
16
má drenagem, junto a ação do tráfego na pista, seu resultado pode ser observado
na Figura 3.
Figura 3 – Presença de panelas em um pavimento Fonte: Castro, (2014)
Uma das consequências que mais afeta a população como resultado de
alagamentos ou enchentes em áreas urbanas são as proliferações de doenças,
sendo direta ou indiretamente os habitantes presentes na região.
A Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (SESA), em 2013,
informou sobre as principais doenças causadas devido as consequências da má
drenagem, são mencionadas como as principais doenças causadas:
Leptospirose;
Febre Tifóide;
Diarréia;
Hepatite A.
As doenças ocorrem, em sua maioria, através do contato do ser humano
com água ou alimentos contaminados pela água, já que as águas de alagamentos
ou enchentes entram em contado com várias bactérias e outros microorganismos
infecciosos.
2.4 Drenagem
Booth (1991) comenta que o sistema de drenagem consiste nos elementos
em que a água é transportada, sendo através ou sobre os mesmos. Esses
17
elementos incluem o solo, vegetação e relevo, como elementos naturais, e
elementos construídos.
Segundo Butler e Davies (2011) é necessário o sistema de drenagem em
áreas urbanas devenvolvidas, devido a interação entre a atividade humana e o ciclo
natural hidrológico.
Solo, vegetação e relevo são responsáveis pela forma natural de como as
águs pluviais são captadas, transportadas e armazenadas em uma certa região. O
resultado disso é a hidrologia de uma região, porém cada perfil hidrológico muda de
acordo com a identidade dos elementos naturais presentes na região, como, por
exemplo, a variação na declividade de um relevo, que pode alterar a velocidade na
qual a água escoa.
Os elementos construídos são os dispositivos de drenagem presentes na
engenharia. São responsáveis pelo transporte de água em áreas impermeáveis para
dispositivos de armazenamento, podendo a mesma ter funcionalidades para o
homem. Com isso evita o acúmulo de água e, consequentemente, alagamentos e
enchentes.
O sistema de drenagem pluvial é composto por elementos de
microdrenagem e macrodrenagem.
“A microdrenagem urbana é definida pelo sistema de condutos pluviais a
nível de loteamento ou de rede primária urbana” (FRANCISCO; TUCCI, 1995, p.77).
Tomaz (2012) comenta sobre a dificuldade que é a definição exata do
conceito microdrenagem, pois existem diferentes definições literárias, não tendo um
conceito aceito por especialistas.
Entre os equipamentos de microdrenagem tem:
Sarjetas;
Boca de Lobo (BL);
Tubos de Ligação
Bueiro ou Galeria;
Poço de Visita (PV).
18
As sarjetas são identificadas por serem paralelas e vizinhas ao meio-fio,
servindo como uma espécie de calha, responsável por serem as receptoras das
águas que incidem sobre as vias públicas.
Em seguida temos as bocas de lobo que, localizadas em pontos ao longo
das vias públicas, são responsáveis pela captação das águas pluviais e
direcionando-as para os tubos de ligação.
Os tubos de ligação tem como função direcionar as águas captadas para as
galerias.
Galerias ou bueiros são a parte do sistema de drenagem urbana
responsável por canalizar as águas provenientes da captação pela bocas de lobo e
também pelas águas vindas de ligações privadas. Dependende da sua dimensão,
pode ser contemplado como equipamento de microdrenagem ou macrodrenagem.
Com base na Figura 4, pode-se ter uma noção de onde ficam localizados os
equipamentos de sarjeta, boca de lobo, tubo de ligação e galeria em uma pista.
Figura 4 – Representação dos equipamentos em uma via Fonte: Adaptado De Moraes, (2015)
De acordo com o Manual de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais de São
Paulo (2012) os poços de visita são os dispositivos que permitem a inspeção e
limpeza da rede de drenagem. Os poços de visita também atendem modificações ao
19
longo do sistema, estando presente, por exemplo, em pontos onde existem
mudanças de declividade, de direcionamento do fluxo d’água e de diâmetro
Para o melhor dimensionamento de tais dispositivos, é necessário, medida
da área da bacia, determinação do tempo de concentração e tempo de retorno.
Os elementos de macrodrenagem compreendem os elementos de canais,
sendo eles naturais ou construídos, galerias de grandes dimensões, acima de
1500mm, reservatórios de retenção e reservatórios de detenção.
A macrodrenagem tem como objetivo concentrar e conduzir as águas
contribuintes dos vários sistemas de microdrenagem a qual está ligado.
A falta ou escassez dos dispositivos de drenagem afetam as vias públicas,
acarretando problemas como por exemplo:
Alagamentos;
Enchentes;
Diminuição da vida útil do pavimento;
Proliferação de doenças.
Na cidade de Maceió-AL os dispositivos mais utilizados para drenagem são
os equipamentos de microdrenagem, apresentados nesse tópico, como pode ser
visto nas principais avenidas da cidade, além de conter, também, pontos onde
ocorre a presença de equipamentos de macrodrenagem, como é o caso do riacho
Salgadinho que abrange os bairros do Centro, Poço e Jaraguá.
2.5 Cálculos Hidráulicos de Dispositivos de Microdrenagem
2.5.1 Método racional
Método Racional trata-se de uma forma simplificada para a determinação da
vazão máxima. O método considera a chuva de projeto sendo constante a sua
intensidade e durante todo seu tempo de precipitação. É comumente usado para
áreas de bacias pequenas, porém existem variações nas delimitação da área para o
uso do método, variando de acordo com o autor e obra lida. A variação do limite de
área indicada para usar neste método é mostarada no Quadro 2, Tomaz (2002), de
acordo com cada autor:
20
Quadro 2 – Áreas limites para o uso da fórmula do método racional
AUTORES ÁREA (km²)
David H. Pilgrim e Ian Cordery (Austrália) Método probabilístico, 1993 20 a 500
Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica de São Paulo (FCTH) 1998 3
Wanielista et al.,1997 0,2 a 0,4
Ven Te Chow 0,4 a 0,81
DAEE-Cetesb 1
Porto, 1995 3
Linsley et al. 0,4 a 4,86
Paulo Sampaio Wilken 5
Linsley e Franzini 5
Osman Akan, 1993 13
Califórnia Hihgways até 4.050 40,5
Otto Pfasfstetter 200
ASCE,1992 0,8
Debo e Reese,1995 0,4
Regulamento do sul da Califórnia proibe acima de oito hectares. 0,08
McCuen,1998 Pequenas bacias
Fonte: Tomaz, (2002)
O método racional é representado pela Equação 1:
Q = 0,278.C.i.A (1)
Onde:
Q = Vazão máxima em m³/s;
C = Coeficiente de escoamento superficial (adimensional);
A = Área de contribuição da bacia local em km²;
i = Intensidade média da chuva em mm/h.
2.5.2 Coeficiente de escoamento superficial
Também conhecido como coeficiente de Runoff, é um dos dados
necessários para o cálculo da vazão de pico pelo método racional.
Conforme Tucci (2000, p. 61):
O coeficiente de escoamento deve variar com a magnitude da precipitação, já que a medida que aumenta a precipitação as perdas iniciais e a capacidade de infiltração é atendida, desta forma o escoamento superficial aumenta o que resulta num maior coeficiente de escoamento.
A variação de valores relacionadas ao coeficiente levam em conta fatores
como:
21
Solo;
Cobertura;
Parcela do solo ocupada e seu uso;
Área impermeabilizada;
Tempo de retorno;
Intensidade de precipitação;
Tabela 1 - Valores do coeficiente de escoamento superficial direto adotados pela
Prefeitura do Municipio de São Paulo (P.S. Wilken, 1978).
ZONAS C
Edificação muito densa:
Partes centrais, densamente construídas de uma cidade com ruas e calçadas pavimentadas
0,70 - 0,95
Edificação não muito densa:
Partes adjacente ao centro, de menos densidade de habitações, mas com ruas e calçadas pavimentadas
0,60 - 0,70
Edificações com poucas superfícies livres:
Partes residenciais com construções cerradas, ruas pavimentadas
0,50 - 0,60
Edificações com muitas superfícies livres:
Partes residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas 0,25 - 0,50
Subúrbios com alguma edificação:
Partes de arrabaldes e subúrbios com pequena densidade de construção
0,10 - 0,25
Matas, parques e campos de esporte:
Partes rurais, áreas verdes, superfícies arborizadas, parques ajardinados, campos de esporte sem pavimentação
0,05 - 0,20
Fonte: Tucci, 1995
22
2.5.3 Intensidade da chuva
Trata-se de um dado representado por “i” ou “I”, onde é a relação de
precipitação por unidade de tempo, sendo as unidades de tempo mais usuais a hora
e minuto.
Para cada área de estudo existe uma intensidade de tempo diferente, pois
varia de acordo com o regime de chuvas da região, tempo de concetração, tempo de
retorno.
Para a cidade de Maceió-AL, foi determinado, com base no trabalho de
Lima; Ferraz; França; Gomes; da Silva, em 2013, um quadro com as intensidade em
milímetros por hora, relacionadas com períodos distintos de retorno. Na Tabela 2
pode ser observado as intensidades, na cidade de Maceió-AL, de acordo com cada
período de retorno determinado.
Tabela 2 - Valores das chuvas máximas (mm/h) de um dia para diferentes períodos de retorno
Período de retorno em anos
5 10 15 25 50 100
106,85
129,22
142,71
162,59
184,15
205,54
Fonte: Adaptado de Lima; Ferraz; França; Gomes; da Silva, (2013)
2.5.4 Dimensionamento de sarjetas
No dimensionamento, de acordo com Tucci (1995), de sarjetas são
consideradas duas hipóteses:
Escoamento da água por toda calha da rua; ou
Escoamento da água apenas pela sarjeta.
O dimensionamento pode ser calculado pela Equação de Manning (2):
Q = A.(R^(2/3)).(S^(1/2)).(n^(-1)) (2)
Onde:
Q = Vazão em m³/s;
A = Área de drenagem em m²;
R = Raio hidráulico em m;
S = Declividade longitudinal em %;
23
n = coeficiente de Manning.
O valor do coeficiente de Manning varia de acordo com a superfície a qual a
água escoa, como pode ser visto na Tabela 3.
Tabela 3 – Alguns valores de coeficiente de rugosidade de Manning para sarjetas
Características n
Asfalto Suave 0,013
Asfalto Rugoso 0,016
Concreto suave com pavimento de asfalto 0,014
Concreto rugoso com pavimento de asfalto 0,015
Pavimento de concreto 0,014-0,016 Fonte: Adaptado Tucci, (1995)
De acordo com Tomaz (2002), com base em EPUSP, a velocidade de
escoamento nas sarjetas devem ser entre 0,5m/s e 3m/s.
2.5.5 Dimensionamento de boca de lobo
Com foco nesse estudo, serão abordados os dois tipos de bocas de bolo que
são as bocas de lobo de guia e bocas de lobo com grelha, ambos sem presença de
depressão.
Para as bocas de lobo de guia, de acordo com Tucci (1995), a Equação 3
para a capacidade de captação de água é dada por:
Q = 1,7.L’.(y^(3/2)) (3)
Onde:
Q = Vazão, em m³/s;
L’ = Comprimento da soleira, em m;
y = Altura da lâmina de água, em m.
Para o cálculo de captação de água das bocas de lobo com grelha, é dada,
de acordo com Tucci (1995), pela Equação 4:
Q = 1,7.P’.(y^(3/2)) (4)
Onde:
Q = Vazão, em m³/s;
P’ = Perímetro do orifício, em m;
y = Altura da lâmina de água, em m.
24
Para a situação onde as bocas de lobo são com grelha, a altura da lâmina
de água (y) não poderá ultrapassar 0,12m.
25
3 METODOLOGIA
Para esse estudo, foi analisada a Rua Soldado Eduardo dos Santos, no
bairro da Jatiúca, localizado na cidade de Maceió-AL, para assim verificar o
dimensionamento e observar o estado das sarjetas e bocas de lobo dessa mesma
rua e seu comportamento durante um período onde houve precipitação. A
localização da rua pode ser vista, com auxílio do Google Maps, mostrado na Figura
5:
Figura 5 – Trecho a ser estudado. Fonte: Adaptado do Google Maps, (2018)
26
A rua também apresenta patologias em seu pavimento, que impede um
trânsito de veículos sem obstáculos, como pode ser observado na Figura .
Figura 6 – Pavimento apresentando patologia Fonte: Autor(2018)
Foi disponibilizado um único projeto, a CURA-II, de Dezembro de 1983, o
qual foi feita uma representação em AutoCAD dos dispositivos presentes ao longo
da via, com base no projeto disponibilizado (Figura 7). Esse projeto será utilizado
como base para o redimensionamento, adotando as informações presentes no
mesmo como objeto de estudo, pois foi informado, por funcionário do órgão
responsável, que existe a possibilidade do mesmo não ter sido executado.
Houve uma visita no local de estudo para a localização, registro fotográfico e
mapeamento dos pontos de boca de lobo e poço de visita no sistema de drenagem,
em seguida representados em imagens os mapeamentos dos equipamentos
encontrados.
27
Figura 7 – Representação do projeto disponibilizado Fonte: Autor (2018)
Foram inicialmente verificados o relevo da área demarcada para estudo e o
estado atual dos dispositivos de drenagem.
28
Verificar quais equipamentos de drenagem da região analisada não atuam
de forma devida e tais dispositivos serão devidamente fotografados e datados.
Ao ser observado um funcionamento defeituoso foi realizado um
redimensionamento e uma análise do mesmo em relação ao projeto que foi utilizado
para a rua, obedecendo aos seguintes critérios:
Determinação do uso do tempo de retorno de acordo com o tipo de
obra;
Análise de intensidade de chuva;
Coeficiente de escoamento superficial;
Área na qual o dispositivo atuou;
Necessidade de outro(s) ponto(s) de equipamento(s) de drenagem;
Necessidade de reforma ou limpeza nas sarjetas bocas de lobo.
O tempo de retorno escolhido foi o de 5 anos, o mínimo para áreas de
ocupação com comércio e tráfego intenso, já que a rua faz ligação para colégio,
posto de gasolina, bares e lojas artesanais.
Para a intensidade de chuva, foi utilizada a Tabela 2 de Wilken (1978),
sendo escolhido a intensidade correspondente ao tempo de retorno anteriormente
escolhido, sendo assim, o valor adotado de 106,85mm/h.
O coeficiente de escoamento superficial selecionado foi de 0,9, pois é o que
mais se adapta, de acordo com a Tabela 1 de Lima; Ferraz; França; Gomes; da
Silva (2013), para a realidade da região, que é densa, como pode ser visto na Figura
5.
Enquanto o coeficiente de rugosidade de Manning terá valor de 0,016, de
acordo com a Tabela 3, considerando revestimento asfáltico rugoso.
29
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da leitura do projeto foi observado que a galeria ao longo de cada
trecho tem toda sua tubulação com diâmetro de 600mm, enquanto os tubos de
ligação são de 300mm.
O sentido do trajeto da água vai de acordo com a declividade da pista.
Não houve quaisquer informações, no projeto disponibilizado, sobre o
dimensionamento das sarjetas, bocas de lobo e poços de visita, apenas das galerias
circulares e tubos de ligação. Devido a falta de informações, no projeto CURA-II,
relacionadas ao dimensionamento das sarjetas, bocas de lobo e poços de visita,
além da ausência de um memorial de cálculo, não poderá ser feito a análise
comparativa com o dimensionamento, em projeto, desses equipamentos.
Após o levantamento em projeto, foi feito um mapeamento e registro
fotográfico das bocas de lobo e poços de visita presentes atualmente ao longo da
via. O mapeamento pode ser observado na Figura 8 e os registros fotográficos das
bocas de lobo estão apresentados no apêndice A.
Figura 8 – Mapeamento das bocas de lobo e poços de visita
Fonte: Autor (2018)
30
Figura 9 – Representação do projeto disponibilizado com mapeamento das bocas de lobo e poços de visita
Fonte: Autor (2018)
31
Foi observado que nesse trecho da rua, o sistema de drenagem é isolado,
logo, não recebe contribuição de outros sistemas de drenagem adjacentes.
Ao longo desse sistema, com base no projeto disponilibizado, verificou-se a
existência de 3 trechos correspondentes às galerias, presentes entre os poços de
visitas (PV). Os trechos foram nomeados como: Trecho 1, entre o poço de visita 1’ e
2’; Trecho 2, entre o poço de visita 2’ e 3’; e por fim Trecho 3, entre o poço de visita
3’ e 4’.
Foi apresentado, no projeto, as declividades longitudinais da rua Soldado
Eduardo Dos Santos: Ao longo do Trecho 1, a declividade foi de 0,27%, seguindo o
trajeto da água; Ao longo dos Trechos 2 e 3, a declividade foi de 0,01%, seguindo o
trajeto da água.
A declividade no perfil da pista, obeservado em projeto, foi de 3% para
ambos os lados.
Para as ruas adjacentes, por falta de dados no projeto, será utilizada a
declividade de 0,01%, acompanhando a menor declividade da rua de estudo.
Como pode ser visto em todas as Figuras presentes no apêndice A, existem
dois tipos de bocas de lobo, guia e com grelha, além de certas bocas de lobo que
foram tampadas ou estão danificadas, impossibilitando o seu devido funcionamento,
ou, também, não foram construídas. Também é notado um desnível ao longo do
trecho, como apresentado, por exemplo, onde o poço de visita 3’ está presente. Para
as outras bocas de lobo, é necessário um serviço de limpeza, para que não ocorra
problemas futuros nos mesmos.
Para o cálculo da vazão, em cada boca de lobo ao longo do trecho, foi
utilizado o método rácional. No cálculo desse método foi utilizado um período de
retorno de 5 anos, considerando o mínimo necessário para equipamentos de
microdrenagem em áreas comerciais e artérias de tráfego.
Será calculada uma vazão máxima Q para cada boca de lobo presente no
sistema, totalizando 14 bocas de lobo e, consequentemente, 14 valores de vazões.
As áreas de influência (A) para cada boca de lobo foram determinadas de
acordo com a áreas demarcadas. Os limites para cada demarcação foram
considerados o eixo da pista, a metade do comprimento e largura da quadra e a
metade da distância entre uma boca de lobo e outra, mostrados na Figura 10, e os
valores de cada área de contribuição por boca de lobo são apresentados na Tabela
4.
33
Tabela 4 – Área de contribuição correspondente para cada boca de lobo
BOCA DE LOBO ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO (Km²)
1 2621,05
2 2948,74
3 2550,52
4 2631,06
5 3099,19
6 2806,77
7 2757,01
8 2620,26
9 1417,98
10 1302,36
11 1433,61
12 1289,58
13 3430,50
14 3293,69
Fonte: Autor (2018)
O coeficiente de escoamento superficial (C) e intensidade de chuva, com
valores anteriormente determinados, leva aos valores de vazão máxima por boca de
lobo apresentados no Quadro 3.
Quadro 3 – Valor de vazão de pico por boca de lobo
BOCA DE LOBO VAZÃO MÁXIMA (m³/s)
1 0,07
2 0,08
3 0,07
4 0,07
5 0,08
6 0,08
7 0,07
8 0,07
9 0,04
10 0,03
11 0,04
12 0,03
13 0,09
14 0,09 Fonte: Autor, (2018)
34
Atualmente existem bocas de lobo que foram tampadas ou são inexistentes,
bocas de lobo 7, 11, 12, 13 e 14, e boca de lobo que está danificada e entupida,
boca de lobo 1, impossibilitando, assim, o funcionamento adequado para captação
de água.
Para as outras bocas de lobo, como objeto de estudo estará sendo
consideradas todas limpas e sem obstruções, com isso todas elas serão
consideradas que ocorre funcionamento devido. Isso ocorre devido o fato de que
apenas o serviço de limpeza resolveria o problema, além de não se ter a devida
informação da periodicidade das limpezas nas sarjetas e bocas de lobo da região.
Foi feito um dimensionamento, considerando novas áreas de contribuição
para as bocas de lobo ainda em funcionamento, para, assim, avaliar se o diâmetro
nominal encontrado consegue suportar o volume de água extra que não pôde ser
captado pelos dispositivos danificados.
Para as novas áreas de contribuição, foram considerados, levando em
consideração o sentido do trajeto da água, os seguintes parâmetros:
Na boca de lobo 3, foi considerado o somatório da sua área de
contribuição mais a área de contribuição da boca de lobo 1;
Na boca de lobo 6, foi considerado o somatório da sua área de
contribuição mais a área de contribuição da boca de lobo 7;
Na boca de lobo 9, foi considerado o somatório da sua área de
contribuição mais as áreas de contribuição das bocas de lobo 12 e 14;
Na boca de lobo 10, foi considerado o somatório da sua área de
contribuição mais as áreas de contribuição das bocas de lobo 11 e 13;
Com esse novo cenário de estudo, as áreas de contribuição para cada boca
de lobo estão presentes na Tabela 5.
Tabela 5 – Novas áreas de contribuição para as bocas de lobo ainda em
funcionamento
BOCA DE LOBO ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO (Km²)
2 2948,74
3 5171,57
4 2631,06
35
BOCA DE LOBO ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO (Km²)
5 3099,19
6 5563,78
8 2620,26
9 6001,25
10 6166,47 Fonte: Autor, (2018)
O coeficiente de escoamento superficial (C) e a intensidade de chuva (i)
continuarão com os mesmos valores que foram apresentados no início do estudo.
Essa modificação traz novos valores de vazão máxima que constam no
Quadro 4.
Quadro 4 – Novos valores de vazão de pico para as bocas de lobo ainda em
funcionamento
BOCA DE LOBO VAZÃO MÁXIMA (m³/s)
2 0,08
3 0,14
4 0,07
5 0,08
6 0,15
8 0,07
9 0,16
10 0,16 Fonte: Autor, (2018)
Para o dimensionamento de uma boca de lobo nominal, é necessário o
dimensionamento das sarjetas. Com isso será utilizado uma sarjeta padrão de
formato triangular para todas as sarjetas que estejam dentro das áreas de
contribuição do sistema, adotados para o cálculo da vazão máxima pelo método
racional.
A altura da lâmina de água a ser considerada será de 0,10m, pois é a altura
que mais se adapta aos dois tipos de bocas de lobo presentes ao longo do sistema.
Para as bocas de lobo 7, 11, 12, 13 e 14, por estarem tampadas, serão
consideradas como boca de lobo com grelha.
O dimensionamento da sarjeta levou em consideração os seguintes pontos:
36
Sarjeta com formato trangular.
Rua e sarjeta sendo utilizada como calha, captando a água da chuva;
Declividade da pista;
Inclinação do pavimento “i” de 3%;
Lâmina de água “y” de 10cm.
A localização dos trechos das sarjetas para cada área de contribuição é
dada pela Figura 11.
37
Figura 11 – Localização das sarjetas
Fonte: Autor, (2018)
O modelo das sarjetas foram consideradas como triangular que pode ser
observado na Figura 12.
38
Figura 12 – Modelo de padronização da sarjeta a ser adotado, sem escala
Fonte: Autor, (2018)
Diante deste cenário de sarjeta adotado, o dispositivo teve os seguintes
dados:
Largura da lâmina de água na superfície da estrutura (b) de 3,33m;
Comprimento molhado da estrutura (L) de 3,33m;
Perímetro molhado (P) de 3,43m;
Área molhada(A) de 0,17m²;
Coeficiente de rugosidade de Manning (n) de 0,016.
Com os dados acima como base, foi obtido os valores para a vazão das
sarjetas, presentes no Apêndice B.
O cenário de valores apresentados no apêncide B impossibilitam a aplicação
do dimensionamento, pois grande parte dos valores de vazão não atendem o
mínimo necessário para cada boca de lobo do sistema, e a velocidade encontrada
foi menor que a mínima, 0,5m/s, em todas sarjetas.
Como solução, foi proposto um novo cenário, no qual existe uma mudança
na declividade longitudinal da pista, sendo considerada uma declividade de 0,4% no
em todas os trechos contribuintes para as sarjetas. Os novos valores obtidos
constam no Apêndice C.
No novo cenário apresentado, todas as sarjetas atendem os valores
necessários para captar a vazão máxima calculada, além de atender a velocidade
mínima necessária.
39
O dimensionamento das bocas de lobo foi considerado os seguintes pontos:
Vazão máxima obtida pelo método racional;
Lâmina de água (y) de 0,10m;
Dimensionamento das bocas de lobo 1 e 2 sendo pela fórmula do
dimensionamento para boca de lobo tipo guia;
Dimensionamento das bocas de lobo 3 a 14 sendo pela fórmula do
dimensionamento para boca de lobo com grelha.
Para o resultado de bocas de lobo de guia é necessário obter o valor de
comprimento da boca L’, enquanto na boca de lobo com grelha é necessário obter o
perímetro
De acordo com as considerações acima foram obtidos os resultados para
boca de lobo tipo guia, Tabela 6, e boca de lobo com grelha, Tabela 7.
Tabela 6 – Resultados para Boca de Lobo de Guia
BOCA DE
LOBO VAZÃO Qr(m³/s) y(m) L’(m)
1 0,07 0,10 1,30
2 0,08 0,10 1,47
Fonte: Autor, (2018)
Tabela 7 – Resultados para Boca de Lobo com Grelha
BOCA DE LOBO VAZÃO Qr(m³/s) y(m) P’(m)
3 0,07 0,10 1,27 4 0,07 0,10 1,31 5 0,08 0,10 1,54 6 0,08 0,10 1,40 7 0,07 0,10 1,37 8 0,07 0,10 1,30 9 0,04 0,10 0,71
10 0,03 0,10 0,65 11 0,04 0,10 0,71 12 0,03 0,10 0,64 13 0,09 0,10 1,71 14 0,09 0,10 1,64
Fonte: Autor, (2018)
Para as bocas de lobo tipo guia e tipo grelha, será utilizado um equipamento
uniformizado para todos, considerando como base o dimensionamento nominal do
maior valor obtido. No caso da boca de lobo tipo guia, será considerado para todas o
40
dimensionamento obtido da boca de lobo 2, pois tem a maior largura, abrangendo,
assim, a necessidade mínima de todas as outras bocas de lobo. Já no caso da boca
de lobo tipo grelha, será considerado, para todas as bocas de lobo, o
dimensionamento da boca de lobo 13, pois tem o maior perímetro e abrange a
necessidade mínima de todas as outras bocas de lobo.
Levando em consideração a situação autal com as bocas de lobo ainda em
funcionamento, tem-se os resultados presentes nas Tabela 8 e Tabela 9
Tabela 8 – Novos Resultados para Boca de Lobo de Guia
BOCA DE
LOBO VAZÃO Qr(m³/s) y(m) L’(m)
2 0,08 0,10 1,47
Fonte: Autor, (2018)
Tabela 9 - Novos Resultados Boca de Lobo com Grelha
BOCA DE
LOBO VAZÃO Qr(m³/s) y(m) P’(m)
3 0,14 0,10 2,63
4 0,07 0,10 1,34
5 0,08 0,10 1,58
6 0,15 0,10 2,83
8 0,07 0,10 1,33
9 0,16 0,10 3,06
10 0,16 0,10 3,14 Fonte: Autor, (2018)
Com o cenário atual, comparando-o com o cenário de redimensionamento,
percebe-se uma diferença no dimensionamento das bocas de lobo, influenciando
diretamente no seu funcionamento, fazendo com que as bocas de lobo que são
atingidas pelas áreas de contribuição adjacentes necessitem de uma nova dimensão
para acatar com o volume captado.
Também é necessária a recuperação de partes do pavimento ao longo da
rua, que apresentam patologias, como a apresentada na Figura 9, para que também
facilite o escoamento da água para os equipamentos de drenagem.
41
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 Conclusão
Este trabalho teve como objetivo redimensionar os dispositivos de drenagem
da Rua Soldado Eduardo dos Santos, que apresenta problemas relacionados à
drenagem. Com esse redimensionamento haverá a possibilidade de que o sistema
de drenagem suporte as chuvas de pico com períodos de retorno de 5 anos,
tornando-se algo positivo para a população que transita pela região, pois não lidaria
mais com os problemas constantes que assolam a região.
A rua em si apresentou duas problematicas cruciais, a falta de bocas de lobo
e a inclinação longitudinal da pista. A falta de bocas de lobo faz com que as vazões
que iriam para as mesmas sejam relocadas para bocas de lobo adjacentes, fazendo
com que sobrecarregue as bocas de lobo presentes na rua e, consequentemente,
alague a região. A inclinação longitudinal da pista proporciona uma velocidade
menor que a aceitável, impossibilitando uma vazão adequada das sarjetas para as
bocas de lobo.
Para a problemática das bocas de lobo, o ideal é que seja feita uma reforma
no local incluindo novas bocas de lobo e substituindo as existentes para, pelo
menos, diâmetros mínimos aceitáveis para o período de retorno selecionado, que foi
de 5 anos.
Enquanto na problemática da velocidade e vazão nas sarjetas o cenário
ideal é que nas pistas da Rua Soldado Eduardo do Santos e nas ruas adjacentes,
tenha uma declividade longitudinal de no mínimo 0,4%.
5.2 Propostas para trabalhos futuros
Um estudo de Redimensionamento e análise dos equipamentos de tubo de
ligação e galerias.
Análise dos equipamentos de macrodrenagem da região de estudo.
42
REFERÊNCIAS
BONN, M. Enchentes e alagamentos podem causar doenças transmitidas pela água. 2015. Disponível em <https://saude.es.gov.br/enchentes-e-alagamentos-podem-causar-doencas>. Acesso em 30 de Outubro 2018.
BOOTH, D.B.. Urbanization and the Natural Drainage System – Impacts, Solutions, and Prognoses, Northwest Environmental Journal, University of Washington, Seattle, 1991.
BUTLER, D.; DAVIES, J. W. Urban Drainage, 3ª ed, Abington, Londres, 2011.
CARVALHO, G.M.. Drenagem Urbana. Belo Horizonte. 1995.
CASTRO, A. Patologia nos pavimentos. 2014. Disponível em <https://patologiaifap.wordpress.com/2014/05/19/patologia-nos-pavimentos-2/>. Acesso em 30 de Outubro de 2018
DE MORAES, A. Procedimentos técnicos de dimenesionamento da
microdrenagem do município de Santo André. In: XIX EXPOSIÇÃO DE
EXPERIÊNCIAS MUNICIPAIS EM SANEAMENTO. Poço de Caldas – MG. 2015.
FCTH. Diretrizes básicas para projetos de drenagem urbana no município de São Paulo, São Paulo, 1999.
LIMA, Temístocles Pacheco et al. Equações De Chuvas Intensas Para Os Municípios De Maceió e Arapiraca – AL. In: MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS: ATUAÇÃO E PERSPECTIVAS DA ENGENHARIA FLORESTAS NO NORDESTE. UFPI. 2013.
MAIA, I. M. C. Caraterização de patologias em pavimentos rodoviários. Universidade do Porto. Porto. Portugal. 2012.
MENEZES FILHO, F. C. M.; DA COSTA, A. R. Verificação do dimensionamento das galerias de água pluviais em uma sub-bacia do córrego Botafogo na cidade de Goiânia-GO. UFG. Goiânia. 2012.
SMDU. Manual de drenagem e manejo de águas pluviais: aspectos tecnológicos, vol 2. São Paulo. 2012.
43
SMDU. Manual de drenagem e manejo de águas pluviais: aspectos tecnológicos, vol 1. São Paulo. 2012.
SMDU. Manual de drenagem e manejo de águas pluviais: aspectos tecnológicos, vol 3. São Paulo. 2012.
TOMAZ, PLÍNIO. Cálculos hidrológicos hidráulicos para obras municipais. Guarulhos. 2002.
TOMAZ, PLÍNIO. Curso de Manejo de Águas Pluviais. Guarulhos. 2012.
TUCCI, C. E. M.. Hidrologia: ciência e aplicação, 2ª ed, Porto Alegre: ABRH/ Editora da UFRGS, 1997. TUCCI, C. E. M.; PORTO, R. L.; DE BARROS, M. T. Drenagem Urbana. Editora da Universidade. Porto Alegre. 1995. TUCCI, C. E. M. Coeficiente de escoamento e vazão máxima de bacias urbanas. RBRH. 2000.
56
APÊNDICE B
Dados de cada trecho de sarjeta para a boca de lobo que a mesma contribui
BOCA DE LOBO
TRECHO - SARJETA
Vazão (Q) (m³/s)
Declividade Longitudinal
A (m²) y (m) v (m/s) P (m) Raio
Hidráulico (m)
VAZÃO POR BOCA DE LOBO
1 1 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,09 2 0,07 0,27% 0,17 0,10 0,43 3,43 0,05
2 3 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,09 4 0,07 0,27% 0,17 0,10 0,43 3,43 0,05
3 5 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,09 6 0,07 0,27% 0,17 0,10 0,43 3,43 0,05
4 7 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,09 8 0,07 0,27% 0,17 0,10 0,43 3,43 0,05
5 9 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,03 10 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
6 11 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,03 12 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
7 13 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,03 14 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
8 15 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,03 16 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
9 17 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,03 18 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
57
BOCA DE LOBO
TRECHO - SARJETA
Vazão (Q) (m³/s)
Declividade Longitudinal
A (m²) y (m) v (m/s) P (m) Raio
Hidráulico (m)
VAZÃO POR BOCA DE LOBO
10 19 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,03 20 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
11 21 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,03 22 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
12 23 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,03 24 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
13 25 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,03 26 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
14 27 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
0,03 28 0,01 0,01% 0,17 0,10 0,08 3,43 0,05
58
APÊNDICE C
Dados de cada trecho de sarjeta para a boca de lobo que a mesma contribui para o novo cenário
BOCA DE LOBO
TRECHO - SARJETA
Vazão (Q) (m³/s)
Declividade Longitudinal
A (m²) y (Altura da
Sarjeta) v
(m/s) P (m)
Raio Hidráulico (m)
VAZÃO POR BOCA DE
LOBO
1 1 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 2 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
2 3 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 4 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
3 5 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 6 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
4 7 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 8 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
5 9 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 10 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
6 11 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 12 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
7 13 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 14 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
8 15 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 16 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
9 17 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 18 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
10 19 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 20 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
11 21 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 22 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
12 23 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 24 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
59
BOCA DE LOBO
TRECHO - SARJETA
Vazão (Q) (m³/s)
Declividade Longitudinal
A (m²) y (Altura da
Sarjeta) v
(m/s) P (m)
Raio Hidráulico (m)
VAZÃO POR BOCA DE
LOBO
13 25 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 26 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
14 27 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05
0,18 28 0,09 0,40% 0,17 0,10 0,53 3,43 0,05