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Cronótopos do fosso digital: relações entre literacias digitais e a baixa escolaridade que marca...

Date post: 19-Jul-2015
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Cronótopos do Fosso Digital Luísa Aires CETAC.Media/ Universidade Aberta Participação e Inclusão Digital Comparação de trajectórias de uso de meios digitais por diferentes grupos sociais em Portugal e nos Estados Unidos
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Page 1: Cronótopos do fosso digital: relações entre literacias digitais e a baixa escolaridade que marca gerações de adultos

Cronótopos do Fosso Digital

Luísa AiresCETAC.Media/

Universidade Aberta

Participação e Inclusão DigitalComparação de trajectórias de uso de meios digitais por

diferentes grupos sociais em Portugal e nos Estados Unidos

Page 2: Cronótopos do fosso digital: relações entre literacias digitais e a baixa escolaridade que marca gerações de adultos

1. Dimensões Empíricas da Inclusão Digital, em

indivíduos com baixos níveis de escolarização.

2. Cronótopos do Fosso Digital.

3. Fosso Digital e Literacia: Algumas reflexões

Tópicos

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Sub-amostra: Caracterização

Nível de Escolarização

• 16 indivíduos: 1º ciclo de escolaridade (4º ano)

• 1 indivíduo: 2º ano de escolaridade.

• Identificados na amostra global de 65 famílias.

Género

• 13 mulheres e 4 homens

Idade média

• 59,3 anos (idades entre os 43 e os 90 anos).

Usos do Computador e Internet

• Mulheres: Ausência de competências de competências de uso docomputador e da Internet.

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Dimensões de Análise

0 2 4 6 8 10 12 14

Pai/Mãe sem escolarização

Problemas Económicos

Baixas Expectativas Familiares

Escola

Page 6: Cronótopos do fosso digital: relações entre literacias digitais e a baixa escolaridade que marca gerações de adultos

Referenciais Teóricos

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Referenciais Teóricos

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Fosso Digital: Constructo a interpretar no contextos dossistemas de práticas culturais locais (Cole, 1986;Warschawer, 2002; 2010; 2011).

O acesso às TIC está envolvido por um complexo grupo dedimensões fisicas, digitais, humanas, recursossociais, relações.

Literacia: Reenvia para práticas sociais que envolvem o acessoa artefactos físicos, conteúdos, competências e suportesocial (Warschauer, 2002).

Fosso Digital e Literacia

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Cronótopo

• Matriz espaciotemporal presente em todas asnarrativas (Bakhtin, 1981; Hannan, 2011).

• Configura-se nos discursos dos participantes;desenvolve-se em processos situados e dinâmicos;relacional (Brown & Renshaw, 2006).

• Estabelece-se dialogicamente e reflecte a relaçãocontexto-significado.

• Medeia as configurações socioculturais dedeterminado período histórico (Hannan, 2011).

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Cronótopos do Fosso Digital

1- Famílias Rurais no Estado Novo.

2- A Escola no Feminino; A Escola dos anos 50

3- A Descoberta do Audio-Visual.

4- O Mundo Digital é dos “mais novos”.

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Análise Cronotópica

.

Agregados Numerosos

Valores: respeito, honestidade, não

roubar, não matar

Trabalho precoce Analfabetismo

Baixos rendimentos

Famílias Rurais no Estado Novo

Mulher: governo doméstico.subalternidade

Actividade agrícola

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“(…) venho de uma família bastante pobre, sem condições algumas, com7 irmãos e que apenas todos conseguimos a 4ª classe porque nessaaltura, quer dizer, os meus pais não podiam e… e nós tínhamos quetrabalhar, (…)” (Graciete,47).

“(…) comecei a trabalhar muito cedo, com 7 anos a gente já trabalhava(…)” (Lúcio,69).

Mas na minha sei que é importante ser honesta, não é? E não roubar, nãomatar, eu acho que isso é o essencial de tudo, não é? (Maria, 46)

Eu sei lá bem… É uns ricos e outros pobres, só se for isso… Queaproximação é que há? Somos todos iguais aqui. (Manuel, 62)

Famílias Rurais no Estado Novo

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Análise Cronotópica

.

Antecedentes Familiares com Baixas Expectativas

sobre a Escola

Elevadas expectativas escolares em relação às

gerações mais novas

Trabalho precoce

Problemas Económicos

AbandonoEscolar

A Escola no FemininoA Escola dos Séniores

Histórias familiares de analfabetismo

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“Eles bem queriam que os filhos estudassem... Mas como também

éramos dez irmãos, não é, não havia possibilidades. Era só o meu pai e aminha mãe a trabalhar. Éramos todos pequeninos... Não haviapossibilidades.” (Maria,46).

Qual é a escolaridade dos seus pais? E a dos seus avós?

R.: Eu não sei… Mas acho que a minha mãe não chegou a estudar porquenão sabe ler e o meu pai sabe, é porque andou na escola mas não sei queescolaridade é que ele tem.” (Lúcia, 55).

Ah, não liguei nunca porque trabalhei sempre, criei as minhas filhas com muito carinho e muito, e pronto, fiz tudo o que podia, fiz tudo o que podia com as filhas (Maria, 90).

A Escola no Feminino, a Escola nos Séniores

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Análise Cronotópica

Acesso tardio à Televisão

(casamento, adolescência)

Função LúdicaFunção Informativa

Filmes, Comédia,Acção, Novelas

Contexto: café, vizinhos

A Descoberta do Audio-visual

Baixo consumo InicialElevado consumo actual

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Primeiro íamos ver a televisão ao vizinho, quando tivemos nossa primeira televisão eu já era casada, com subsídio do Natal eu e meu marido fomos comprar a televisão e o aspirador de pó. (Silvina, 73)

Não tivemos rádio ou televisão (…) Sim *agora+ tenho televisão, mas não por cabo. Já a tive depois de casada e acho que já tinha as minhas duas filhas mais velhas (Maria, 57)

(…) Televisão já...já eu era casada, quando eu tinha televisão. [E quem é que a comprou?] Fui eu e o meu marido. (Antónia, 65)

E televisões, tem televisões cá em casa?

Tenho, tenho 3: uma na cozinha, uma na sala e outra no quarto da filha.

E rádio, tem rádio cá em casa?

Tenho, tenho 2: um está no meu quarto e o outro está no quarto da filha.”(Ana Paula, 43)

A Descoberta da Televisão

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“Eu só conheci a televisão sabes quê? Quando eu fui pó café, a primeiratelevisão que veio pas Cabanas foi a nossa lá pó café.“ (Dália, 78).

Uma vez ou outra. A leitura não é muito a minha praia. (…) Revistastambém, uma vez ou outra. (…) Eu vejo mais televisão. (Alice, 45)

Na televisão. É mais fácil na televisão (…) Música portuguesa e algumatambém estrangeira. Mas gosto sobretudo de música portuguesa (Custódia,55)

“Prefiro a televisão porque não sei mexer na Internet.” (Alice,45).

A Descoberta da Televisão

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Análise Cronotópica

Vantagens no uso da Internet Útil , mas má

Valor de uso das TIC

O Mundo Digital “é dos mais novos”

Desconhecimento das vantagens de uso

Importância para os mais novos

.

Criação de condições para uso de TIC na família

Iliteracia Digital

“A Internet serve para pesquisar o mundo”

Page 19: Cronótopos do fosso digital: relações entre literacias digitais e a baixa escolaridade que marca gerações de adultos

Não sei lá mexer nas teclas. (Maria, 46)

[Se usasse, seria para] “se calhar o que não dá para ver na televisão,investigar se calhar sei lá, acontecimentos ou coisas do género. Às vezes irbuscar um bocadinho a vida dos artistas ou uma coisa do género. Fazerassim uma cusquice. (Maria, 46)

Eles (os filhos) tinham prometido que iam-me ensinar e nunca me

ensinaram. (Alice, 45)

Olha, se queres que eu te diga eu não sei. Eu sei que o computador é

preciso mas pró que é eu não sei (…). É coisas que eu não dou valor nem

me interessa nem, nem quero saber disso para nada, nem tenho que lidar

com ele nem quero saber disso. Eh. (Dália,78)

O Mundo Digital “é dos mais novos”

Page 20: Cronótopos do fosso digital: relações entre literacias digitais e a baixa escolaridade que marca gerações de adultos

Eu não uso computador, nem Internet. Não sei por, nem fazer nada, mas

sei que tem, porque já pedi informações a minha neta, ai ela vai ali saber.

Outro dia precisava de um endereço e ela usou ali a Internet e logo me deu

a informação, mas eu não sei como fazer. Com essa idade já não tenho

paciência para aprender a utilizar o computador e a Internet. (Silvina, 73)

Comunicação. Falar... com a família, com amigos. Eu acho que é muitoimportante. Tar um do lado, outro do outro e através de comunicar tão, tãoa falar uns com os outros. Acho que isso que é muito importante. (Graciete,47)

O Mundo Digital “é dos mais novos”

Page 21: Cronótopos do fosso digital: relações entre literacias digitais e a baixa escolaridade que marca gerações de adultos

Até por motivos profissionais é mais a Internet (…) Não. Nunca aprendi.Quer dizer, nunca aprendi, nunca tive nenhum curso, nenhuma formação.(Leonel, 59).

Acho que sim... que é uma coisa muito boa. (…) Não utilizo... nem seimexer. Nem sei mexer nele. (…) É assim... também talvez nuncaprecisasse. Porque se eu, se... se eu precisasse talvez tivesse aprendido.Mas também nunca precisei, não é? O meu trabalho como não... não épreciso computador. (Graciete,47)

Eles [jovens] têm de andar mais para a frente do que nós. Os meus pais...Os meus pais ainda eram piores do que nós. Não é? Era um tempo maisatrasado, agora é que tem de evoluir mais, não é? Mas era um tempomais atrasado do que agora. Agora tem é de se ir para a frente. Evoluir.(Maria,46).

O Mundo Digital “é dos mais novos”

Page 22: Cronótopos do fosso digital: relações entre literacias digitais e a baixa escolaridade que marca gerações de adultos

Dinâmicas sociais e culturais na constituição familiar.

– Contextualização espaciotemporal da Família no EstadoNovo

• Marcas ideológicas nos percursos de vida,estruturalmente ligados à Igreja Católica e servindodirectamente propósitos conservadores (P. Delgado,2009).

• Ausência de valores como a autonomia, a iniciativa, areflexividade.

3. Fosso Digital e Literacia: Algumas reflexões

Page 23: Cronótopos do fosso digital: relações entre literacias digitais e a baixa escolaridade que marca gerações de adultos

• Fosso digital e baixos níveis de escolaridade: Predomíniodas Mulheres (até aos anos 60, a escolaridade básica nãoatingia igualmente os dois sexos) (C.Ponte)

- Prolongamento desta realidade nas duas primeirasdécadas da democracia.

• Mulheres e Iliteracia digital – Actividades profissionaismenos exigentes em termos tecnológicos (desempenhamtarefas mais “domésticas” e tradicionais).

• Geração dos mais novos: novas configurações e culturais familiares (menos filhos, maior investimento educacional e tecnológico)

- Um passo de gigante para a diluição do fosso digital?

3. Fosso Digital e Literacia: Algumas reflexões

Page 24: Cronótopos do fosso digital: relações entre literacias digitais e a baixa escolaridade que marca gerações de adultos

Cronótopos: Instrumentos analíticos a aprofundar.

Dimensões do Fosso digital:

– Histórico-culturais (políticas, económicas)

– Axiológicas

– Educativas

– Geracionais

– Género

Pedagogia Pública: Ênfase nos processos e lugares da EducaçãoInformal (Sandlin, O’Malley & Burdick, 2011).

3. Fosso Digital e Literacia: Algumas reflexões


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