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Discípulos de Buda

Date post: 18-Dec-2014
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Dez maiores discípulos de Shakyamuni Buda.
24
– R R R R EVISTA EVISTA EVISTA EVISTA C AMINHO AMINHO AMINHO AMINHO Z EN EN EN EN Dez Grandes Discípulos Dez Grandes Discípulos Dez Grandes Discípulos Dez Grandes Discípulos de de de de Gautama Buda Gautama Buda Gautama Buda Gautama Buda – S HAKU -S ON D YU D D ESHI _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ S O T O S H U S U M U C H O _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Transcript

–––– R R R R E V I S T A E V I S T A E V I S T A E V I S T A CCCC A M I N H O A M I N H O A M I N H O A M I N H O ZZZZ E N E N E N E N ––––

Dez Grandes DiscípulosDez Grandes DiscípulosDez Grandes DiscípulosDez Grandes Discípulos dededede

Gautama BudaGautama BudaGautama BudaGautama Buda

– S H A K U - S O N D Y U D A Í D E S H I –

___________

SOTOSHU SUMUCHO

___________

IIII MAHAKASHYAPA: HONORÁVEL POBREZA E ALTRUÍSMO

Recém Casados que Negaram o Mundo

Mahakashyapa nasceu na rica tribo Kashyapa na vila de Mahatitta no antigo reino hindú de Magadha (moderna Bihar no sul). Ele originalmente chamava-se Pippala porque era dito que havia nascido quando sua mãe descansava sob uma árvore pipal (bo).

Inteligente por natureza, com oito anos havia aprendido os preceitos Brâmanes e demonstrado talento em todas as áreas do aprendizado e da arte. Ao crescer, no entanto, começou a desgostar do redemoinho de desejos acompanhando os prazeres da vida e desejou negar a vida secular para propósitos religiosos.

Oposto a esta idéia, seus pais ansiavam vê-lo casado para prosseguir a linhagem familiar. Para deixá-los tranquilos, ainda que contra sua vontade, casou-se. Aconteceu, no entanto, que sua nova esposa também desejava negar a vida secular e, mesmo casados, fizeram votos de viver uma vida pura. Encontro com Shakyamuni

Um dia, 12 anos depois da morte de seus pais, Pippala observou um grande número de vermes entre feijões espalhados para secagem e ficou deprimido em saber das pequenas vidas que havia ignorado dia após dia. Portanto decidiu entrar para a vida religiosa. Decidido a encontrar um bom mestre e prometendo informar sua esposa, começou seu esperado treino religioso. É dito que quando Pippala fez esta decisão, Shakyamuni alcançou a iluminação sob a árvore Bo.

Porque era membro da tribo Kashyapa, Pippala ficou conhecido como o grande Kashyapa, ou Mahakashyapa. Um dia quando estava viajando de uma vila para outra em disciplina religiosa, encontrou-se com Shakyamuni cercado por muitos discípulos. Chocado pela grande nobreza de Shakyamuni, Mahakashyapa prostrou-se e, anunciando que não havia outro mestre, pediu para ser aceito como discípulo.

Percebendo a total honestidade de Mahakashyapa, Shakyamuni diligentemente o instruiu nos ensinamentos. E em oito dias, Mahakashyapa atingiu a iluminação. Sua esposa tornou-se uma monja e, depois de passar por disciplina religiosa, atingiu a iluminação. Felicidade em Simples Comida

Mahakashyapa foi o mais rígido em práticas ascéticas dentre os discípulos. Abandonou todo interesse em comida, roupa e habitação; e viveu a vida com o mínimo. Ele cumpriu as doze práticas designadas para eliminar

todas as formas de apegos. 1- Treinar em um local silencioso, longe das habitações. 2- Comer somente comida adquirida em esmola. 3- Esmolar de porta em porta, e não ligar se o dono da casa é rico ou pobre. 4- Resumir esmolas a uma refeição por dia. 5- Comer escassamente. 6- Não comer nada depois do meio dia. 7- Fazer roupas com trapos. 8- Ter somente uma túnica, como prescrito por Shakyamuni. 9- Dormir em um cemitério. 10- Viver sob uma árvore em uma floresta silenciosa. 11- Sentar-se em um lugar vazio. 12- Sempre sentar, nunca deitar.

A seguinte estória mostra o extremo que Mahakashyapa cumpriu estas regras. "Entrando em uma vila para esmolar, eu me aproximei de um homem doente que estendeu uma mão apodrecida contendo uma pequena quantidade de arroz. Quando o homem jogou o arroz na minha tigela, um de seus dedos apodrecidos caiu junto. Sentei-me ao lado de uma cerca e comi. Estava pleno de sentimento de gratidão."

Ignorando a comida dos ricos, Mahakashyapa sempre esmolou dos pobres. Suas ofertas o alegravam, pois recebendo-as estava dando oportunidade para receberem mérito.

Uma certa vila estava perplexa em como lidar com certos monges pedintes.

Mahakashyapa ganhou profundo respeito dos vilarejos dizendo-lhes como viver em paz mental. Mesmo quando Shakyamuni estava entre o grupo, as crianças corriam para fazer ofertas para Mahakashyapa. Asceta por toda a Vida

Quando Mahakashyapa envelheceu, Shakyamuni começou a se preocupar com sua condição. Roupas feitas com trapos costurados eram pesados e incômodos. Shakyamuni lhe disse, "Você é uma pessoa idosa. Porque não veste roupas mais leves e limpas? E ao invés de sempre esmolar, às vezes aceite o convite dos crentes para refeições. É frio na floresta. Porque não vem e vive no meu templo?"

Ainda que grato por estas bondosas palavras de preocupação, Mahakashyapa replicou, "O modo de vida ascético me faz feliz mais do que qualquer coisa. Ao continuar, deixo bom exemplo e encorajo novas gerações." Shakyamuni apreciou grandemente esta atitude e, zelando por ele, permitiu Mahakashyapa fazer o que desejava fazer. O mais Idoso da Ordem

Sua profunda sinceridade foi reconhecida de tal modo que em seus últimos anos, Mahakashyapa ajudou Shakyamuni como um dos mais velhos da

Ordem. Quando lhe foi dito da morte iminente de Shakyanuni, Mahakasyapa ficou tão entristecido que desmaiou.

Ainda se recuperando de sua tristeza, tomou a importante decisão de compilar e arranjar os ensinos de Shakyamuni e preceitos monásticos para que pudessem ser corretamente transmitidos à posteridade. Também decidiu tomar preparações para a tarefa conseguindo a aprovação de outros discípulos.

Em breve reuniu todos no que veio a ser chamado o Primeiro Concílio. Entre as pessoas presentes estava Ananda que, constantemente ao lado de Shakyamuni, havia ouvido o máximo número de ensinamentos. Sua prodigiosa memória foi valiosa na compilação.

Mahakashyapa tornou-se o líder da Ordem. 20 anos após a compilação dos ensinamentos, percebendo que o tempo da sua morte estava próxima, legou a ordem para Ananda e subiu o monte Kukkutapada-giri. A tranquilidade de seus últimos momentos foi justo à dignidade do homem. Forrou o chão com folhas e sentou-se em meditação, com a roupa e a tigela de Shakyamuni ao seu lado. Juntando suas palmas em atitude reverente e orando pela paz de todos os seres, entrou em estado meditativo e quietamente deu seu último suspiro. É dito que no momento de sua morte as montanhas caíram em estrondo e Mahakashyapa tornou-se um com eles.

Satisfeito com o mínimo e sempre correto, Mahakashyapa foi não somente um rigoroso asceta, mas em seus últimos anos, o centro unificador da Ordem e a força motriz atrás da tarefa de compilar os ensinamentos. É dito que o Budismo nunca teria se desenvolvido sem ele. O fato de que tal maravilhoso discípulo reverenciou Shakyamuni é testemunha da sua grandeza.

IIIIIIII

SHARIPUTRA – O SÁBIO Tempo da Juventude

Chamado o mais sábio dos Dez Discípulos Principais de Shakyamuni, Shariputra foi um modelo para todos outros monges e um líder da Ordem. Aprendemos muito com sua vida.

Em uma vila brâmane chamada Nalandagrama no antigo reino de Magadha, um certo homem era famoso por suas habilidades oratórias. Uma vez, no entanto, um jovem o venceu em um debate. Mesmo vencendo, o jovem permaneceu humilde e sensível aos sentimentos do oponente. O velho homem, portanto, deu-lhe a mão de sua filha em casamento. O casal mais tarde teve um filho chamado Upatishya, que mais tarde adotou o nome de Shariputra.

Upatishya tinha um bom amigo chamado Kolita. De fato, era dito que os

dois foram concebidos por suas mães no mesmo dia. Ambos, nascidos de famílias ricas, eram proeminentes na vida acadêmica e nas artes. Um dia, a visão de um festival religioso acompanhado por uma multidão de seguidores despertou um senso de futilidade nas mentes dos dois. Pensaram, "Ver festivais deste tipo é fútil. Nenhuma destas pessoas viverá para sempre. Neste mundo, nada pode dar satisfação eterna para a mente?" Portanto, decidindo que a procura pela iluminação era a única verdadeira felicidade, resolveram abandonar a vida secular pela vida de procura religiosa. A Procura do Verdadeiro Ensino

Encaminhados na sua procura pelo Caminho, viajaram toda a Índia tentando encontrar um bom professor, mas em vão. Então um dia, Upatishya encontrou o Venerável Assagi, um dos primeiros monges a obter iluminação sob a direção de Shakyamuni. A absorta maneira com que ele mendigava impressionou muito Upatishya, que perguntando a Assagi quem era o mestre dele, disse, "Bem amigo. Fale muito ou pouco como desejares, mas tenha certeza de dizer-me o espírito da doutrina."

Assagi o explicou somente uma parte do ensino de Shakyamuni. Upatishya entendeu de uma só vez e atingiu o sublime estado espiritual precedendo a iluminação total. Com um coração alegre, foi com Kolita a ver Shakyamuni.

Em Venuvana, ou Monastério do bambuzal, Shakyamuni os viu aproximando ao longe e predisse que um dia eles se tornariam dois de seus Principais Discípulos. Quando formalmente tornaram-se discípulos de Shakyamuni, Upatishya adotou o nome de Shariputra e Kolita o nome de Maudgalyayana.

Um dia, Shakyamuni e um monge em treino visitaram a caverna em que Shariputra vivia. Mesmo que o sermão não era direcionado a ele, entendeu cada palavra e atingiu verdadeira iluminação. Isto ocorreu 14 dias depois que ele foi admitido na Ordem. Shakyamuni reconheceu o bem que Shariputra havia feito em existências anteriores. Portanto Shariputra e Maudgalyayana seguiram o caminho Budista com dedicação, dando exemplo para outros monges. Nobre Espírito

Sua imperturbável calma conquistou a confiança de muitos crentes. Para testar seus poderes espirituais, um certo brâmane bateu Shariputra nas costas enquanto caminhava. Shariputra continuou o seu caminho como se nada houvesse acontecido. Ao saber disto, Shakyamuni disse, "Pessoas iluminadas abandonaram a raiva."

Em uma outra ocasião, um certo monge que havia recebido comida como recompensa por tratamento médico, arrogantemente ofereceu para Shariputra, que recusando, levantou-se e partiu. Shakyamuni aconselhou a monges não receberem nenhum tipo de recompensa. Nesta ocasião, elogiou o ato de

Shariputra. Disse, "A pessoa que, vendo a tolice dos outros, fica alerta, pode vir a conhecer o desgosto oculto na tolice dos outros."

Porque ele voluntariamente viajou de lugar a lugar espalhando os ensinos, Shariputra conquistou muitos discípulos que o respeitavam profundamente. Entre eles estavam seus irmãos e parentes e um órfão que ele educou para ser um monge. Reconciliação

Nos seus últimos dias, Shariputra estava perturbado por saber que sua mãe o odiava porque ele e todos os filhos haviam abandonado a vida secular e não deixaram ninguém para ser herdeiro e administrar a fortuna da família. Sofrendo de um ataque de diarréia e percebendo que sua morte estava próxima, foi a ver sua mãe pela última vez. Ela ficou atônita em ver divindades descendo do céu para chamá-lo.

Ela disse, "Filho, você é superior aos deuses!"

Ele replicou, "Não, Shakyamuni é superior a todos!"

Sua mãe então escutou o que seu filho tinha a dizer e abriu sua mente para o Caminho de Buda. Sua mente traquilizada, Shariputra morreu em paz, sendo seguido pela morte de Maudgalyayana duas semanas mais tarde.

Aos monges e tristeza e lamentação pela perda de Shariputra, Shakyamuni disse, "Budas do passado tiveram excelente discípulos e Budas do futuro terão também. Nada neste mundo dura para sempre. Dependam de si mesmos e acreditem nos ensinos de Buda." O resto dos discípulos guardaram a mensagem no coração e seguiram o Caminho de Buda com dedicação.

IIIIIIIIIIII ANANDA – MEMÓRIA INDISPENSÁVEL

Natureza Bondosa

Ananda, que serviu Shakyamuni como atendente pessoal nos últimos 25 anos de sua vida, foi dentre os discípulos o que mais ouviu os Ensinos de Shakyamuni. Exerceu uma impressionante capacidade de concentração em memorizá-los. Sua memória poderosa foi essencial na primeira compilação dos Ensinos no primeiro concílio depois da morte de Shakyamuni.

Membro da tribo Shakya, Ananda era primo de Shakyamuni. Mesmo sendo escolhido para ser o atendente de Buda, não tinha nenhum desejo de ser bem tratado. Shakyamuni confiava nele por causa do fervor com que ele ouvia a Lei.

Sendo uma pessoa bondosa, entusiasticamente pedia a Shakyamuni a

ajudar os miseráveis, como revela este seguinte episódio:

Um dia quando Ananda caminhava escutou o pranto de crianças. Entrando na casa para consolá-los, perguntou do porque tanta tristeza. As crianças responderam, "O que será de nós? Depois que nossa mãe morreu, junto com nosso pai nos esforçamos para sobreviver. Então nosso pai também morreu. Decidimos nos tornarmos monges, pois era a única maneira de permanecermos vivos. Uma vez quando os discípulos de Shakyamuni estavam passando, pedimos para nos juntarmos ao grupo. Mas fomos rejeitados pois ainda não estamos com 15 anos."

Ananda se condescendeu tanto pela tristeza destes irmãos que após voltar para Shakyamuni, pediu permissão para os dois irmãos ingressarem para a vida religiosa. Tocado pela misericórdia de Ananda, Shakyamuni calmamente respondeu, "Estes dois conseguem espantar as aves de rapina das plantações. Podemos aceitá-los na vida religiosa como pessoas maduras mesmo que não tenham ainda 15 anos." Desta maneira, o pedido de Ananda conseguiu salvar as crianças das dificuldades. Ordenação das Mulheres

A profunda compreensão de Ananda pelos outros foi capaz de até alterar as regras da Ordem. Depois de seus filhos terem abandonado a vida secular e o rei Shakya ter morrido, Mahaprajapati, mãe adotiva de Shakyamuni, entrou em profunda depressão que ela mesma decidiu adotar também a vida religiosa. No entanto na sociedade paternalista daquela época, as mulheres deveriam permanecer em casa e cuidar da família, alguns membros da Ordem se preocupavam com a presença de mulheres que poderia representar tentações no esforço dos monges de se livrarem das ilusões. Por isso a Ordem original Budista consistia somente de monges e mesmo a mãe adotiva de Shakyamuni foi excluída.

Mahaprajati e muitas mulheres da tribo dos Shakya, que queriam se tornar monjas cortaram o cabelo e descalças com a tigela de esmola foram se encontrar com Shakyamuni. Ananda as recebeu e representando-as perante Shakyamuni pediu: "O ensino do Budismo é aberto tanto para homens como para mulheres. Por que as mulheres são proibidas de serem aceitas na Ordem?" Shakyamuni nada respondendo, Ananda continuou, "Se elas guardarem os ensinos de Buda, com devoção às regras da Ordem e forem diligentes na disciplina, as mulheres também não podem atingir a iluminação? Em retribuição à bondade de sua mãe adotiva abra um caminho para estas devotas mulheres entrarem na Ordem."

Comovido pelo entusiasmo de Ananda, Shakyamuni permitiu mulheres a entrarem na vida religiosa sob condição de seguirem certas regras especiais. E com isto, a primeira Ordem para monjas nasceu no mundo. Por Fim, a Iluminação

Para Ananda, que havia constantemente servido Shakyamuni, ouvido

seus sermões e seguido seus ensinamentos, a aproximação da morte de Shakyamuni era devastadora. A despeito do frequente contato com os ensinos, Ananda não havia atingido a iluminação e provavelmente sentiu que a falta de Shakyamuni poderia fechar para sempre as portas da Iluminação para ele. Na sua morte, Shakyamuni preocupado com Ananda disse, "Ananda, todos os seres viventes são fadados a morrerem. Não fique triste quando eu morrer. Tenha devoção aos meus ensinos e regras e treine com diligência."

Mesmo encorajado por estas palavras, era grande a tristeza de perder o respeitado mestre que não conseguia parar de chorar.

Logo após a morte de Shakyamuni, a Ordem começou a se preparar para o Primeiro Concílio, que deveria compilar os sermões e ditos de Buda para rápida difusão para o mundo. Porque havia sido o atendente pessoal de Shakyamuni, Ananda foi escolhido para participar da maior parte da compilação. Alguns dos mais velhos ficaram descontentes com a escolha porque Ananda ainda não havia atingido a Iluminação.

Uma noite antes do Concílio, pressionado com a responsabilidade e totalmente consciente de que havia dependido demais de Shakyamuni, Ananda devotou-se à concentração na disciplina. Então, quando ia para a cama, um instante antes de sua cabeça tocar o travesseiro, experimentou iluminação completa.

Cheio de alegria, manifestou seu extraordinário poder de memória ao máximo ao recitar os ensinos de Shakyamuni para compilação histórica. Pacificador até o Final

É dito que Ananda viveu até os 120 anos. Um episódio mostra como ele era bondoso e considerado.

Sentindo que sua morte estava perto, Ananda estava preocupado sobre um possível conflito entre os reinos de Magadha e Vaishali. Ele tinha muitos seguidores nos dois países e temia que após sua morte, disputas poderiam surgir por causa de seus restos. Os Ganges era a fronteira entre os reinos. Ananda entrou em um bote até o centro do rio e entrando em estado de disciplina, fazendo possível a espontânea emissão de fogo de seu corpo, cremou a si mesmo. Então seguidores de Magadha e Vaishali dividiram seus restos igualmente.

Até o final, esforçou-se ao máximo em nome da paz. Junto com seu grande feito no Primeiro Concílio, seus atos de profunda compaixão formam uma eterna parte do Budismo.

IVIVIVIV MAUDGALYAYANA – GRANDE EM PODERES ESPIRITUAIS

Abandonando a Riqueza para Seguir o Caminho

Sem abusar ou ser arrogante por seu supremo poder espiritual, o discípulo de Shakyamuni, Maudgalyayana, sem descanso disciplinou-se a buscar o perfeito Caminho de Buda. Ele e seu amigo próximo Shariputra, deixaram um exemplo como discípulos de Buda para jovens monges.

Nascido em uma rica família Brâmane na vila de Kolita, Maudgalyayana tinha muitos servos e vivia em um verdadeiro palácio. Nunca precisou de nada. Perto vivia Shariputra, que com ele conviveu e brincou desde a infância. Os laços de amizade entre eles permaneceram forte até que a "morte" os separou.

Mesmo que aparentemente felizes, os jovens tinham pensamentos que finalmente tomaram forma quando atenderam um festival no topo da montanha e no meio de felizes pessoas celebrando, ainda assim estavam perturbados. O senso de futilidade persistiu até que vieram a entender claramente que estavam no questionamento de algo: "Toda esta alegria é efêmera. Devemos buscar verdadeira, eterna e imutável alegria." Escolhido por Shakyamuni

Assim, os dois iniciaram uma jornada de treinamento e disciplina, indo a todos os lugares à procura do verdadeiro mestre. Finalmente, um monge asceta chamado Assaji contou-lhes sobre Shakyamuni, cujos discípulos se tornaram. Ambos Maudgalyayana e Shariputra eram naturalmente sábios e devotados à procura do Caminho. Mesmo no começo, Shakyamuni sabia que poderiam se tornar os seus mais destacados discípulos.

Com o incentivo de Shakyamuni, Maudgalyayana imediatamente foi para o monte do abutre (Monte Gridhrakrta na Índia Central), onde, engajado na meditação zazen, alcançou a iluminação sete dias depois de ter-se tornado discípulo. Shariputra atingiu a iluminação após um mês e meio. Ambos então avançaram a posições altas bem mais do que os mais velhos na Ordem. Shakyamuni lhes disse, "Maudgalyayana é bom em apoiar vocês e Shariputra é como uma mãe. Siga o exemplo deles e treinem diligentemente." Muitos crentes reverenciavam Maudgalyayana como o maior em poderes espirituais e Shariputra como o maior em sabedoria. Divergência Revelando Poderes Espirituais

Muitas tradições testemunham a grandeza de Maudgayayana. A iluminação lhe trouxe extraordinário poder espiritual. Mas ele nunca se orgulhou ou comentou sobre isto. Sua verdadeira grandeza se baseia na sua

fidelidade a Buda e a sinceridade de suas aspirações. Várias histórias ilustram sua personalidade.

Uma vez a divindade guardiã Indra, que se dizia residir no topo do monte Sumeru, o centro do universo, veio até Shakyamuni e juntando suas palmas em reverência, perguntou, "Que devo fazer para atingir a iluminação?" Shakyamuni respondeu,"Elimine todos os seus desejos e apegos da sua mente."

Maudgalyayana ouviu a conversa e, quando Indra partiu, usou seus poderes espirituais para seguí-lo e entrar em seu palácio no topo do Monte Sumeru. Indra o recebeu no palácio e o convidou a conhecê-lo, falando sobre as suas centenas torres e belas mulheres e serventes que lá viviam. Admoestando a sua atitude hedonista de Indra, Maudgalyayana sobrenaturalmente balançou o palácio com um de seus grandes pés até que Indra se lembrasse e recitasse os ensinos de Shakyamuni. Admoestrando Indra a guardar e praticar estes ensinos, Maudgalyayana voltou para o lado de Shakyamuni.

Em outra ocasião, ainda usando seus poderes espirituais, ele percebeu que o espírito de sua mãe estava sofrendo com fome. Apressou em dar-lhe comida, que se queimava se desvanecendo. Não sabendo o que fazer, pediu auxílio a Shakyamuni, que lhe disse, "No dia 15 de julho, todos os monges terminarão o treino da estação das chuvas e confessarão se arrependendo. Se, nesse dia, você fazer ofertas a 100.000 monges, os méritos acumulados por seus atos trarão o fim do sofrimento para sua mãe." Maudgalyayana assim o fez, como Shakyamuni lhe disse, trazendo alívio para o espírito de sua mãe. Incidentalmente, é dito que esta é a origem do Festival O-bon. A Morte de Maudgalyayana

Maudgalyayana não morreu em paz. Ele havia diligentemente protegido e promovido a Ordem que Shakyamuni havia construído. Isto descontentou pessoas sem coração com outras idéias a ponto de quererem matá-lo. A princípio, ele fugiu deles para evitar que cometessem o crime de homicídio. Mas ele não poderia correr para sempre. Finalmente, baderneiros o pegaram e o bateram com bastões até que seus ossos quebrassem e seu corpo se desfigurasse. Mas seus poderes espirituais o permitiram a transportar seu corpo lesado até o lado de Shakyamuni, onde deitou e morreu.

A morte prematura de Shariputra seguida pela morte de Maudgalyayana causou grande tristeza a Shakyamuni. Ainda assim, mantendo o ensino Budista de que todas as coisas no mundo são passageiras, deve ter instruído a outros discípulos e crentes que, a despeito de seus poderes espirituais, Maudgalyayana tinha que se deparar com o fim de sua vida.

Em termos Budistas, poder sobrenatural consiste em transcender aparentes impossibilidades vendo pessoas e coisas com os olhos de Buda. Ele não confere o poder para superar a morte.

Depois da morte de Maudgalyayana, Shakyamuni fez construir um local para seus restos no Monastério do Arvoredo de Bambu e ofereceu ofertas. É

dito que ele mesmo morreu logo após. Um Modelo para Outros Monges

Desde a infância, através da maturidade até a velhice Maudgalyayana e Shariputra, o primeiro o maior em poderes espirituais e o segundo em sabedoria, trabalharam e ficaram famosos juntos. Desde que o Budismo dá precedência à sabedoria do que poderes sobrenaturais, é dito que os poderes de Shariputra eram um pouco superiores. Mas os poderes de Maudgalyayana podem ser vistos como resultado de sua inata sabedoria devido à busca do Caminho e diligente autodisciplina. Manifestando suas habilidades individuais e combinando forças, eles ajudaram monges em treino e eram, em todos os sentidos, destacados discípulos de Shakyamuni que confiava completamente neles. Mesmo após a morte, viveram como exemplos na mente de muitos monges.

VVVV PURNA - EXCELÊNCIA NA PREGAÇÃO

Shariputra impressionado

Por causa de sua grande, Purnamaitrayaniputra geralmente chamado simplesmente de Purna era respeitado por sua excelência na pregação dentre os discípulos de Shakyamuni. Nascido em uma vila brâmane não muito distante de Kapilavastu (atual Nepal), região do palácio real de Shakyamuni, Purna veio de uma família nobre. De natureza sábia, era também perseverante e com 29 proeminentes companheiros, cresceu como um bom brâmane. Mas sua autodeterminação estimulou sua vontade de autodesenvolvimento de tal forma que por fim desistiu da vida secular em prol da vida religiosa. Citam-se várias causas do porquê disso. É dito que o ciúme por causa de uma mulher o fez abandonar a vida secular. Outras versões da história dizem que a razão foi porque ele perdeu um debate com Shakyamuni ou mesmo por reconhecimento de sua própria imaturidade.

Purna continuou perseverando depois de se tornar um dos discípulos de Shakyamuni e manifestando seus poderes inatos de compreensão, logo atingiu a iluminação. Portanto, ele se tornou célebre entre outros monges por manter os ensinos e sua prática.

Sua reputação chegou até Shakyamuni. Certa vez, durante os três meses da estação das chuvas quando os monges não mendicavam, mas permaneciam nos seus templos estudando, um grupo de compatriotas de Purna reuniu-se com Shakyamuni, e este lhe perguntou qual era o monge do país deles que eles mais respeitavam. Em uníssono, todos disseram que era

Purna. Um deles ainda acrescentou, "O Venerável Purna é perseverante. Seu ascetismo faz com que ele seja um modelo para outros e ele explica quão importante é o que ele faz."

Shariputra, que estava presente, ficou tão impressionado pelo que contavam sobre ele que no final da estação das chuvas, visitou Purna. Depois de elogiá-lo, Shariputra perguntou o que era mais importante para o alcance da iluminação. Purna respondeu, "Manter os preceitos e separar-se da ilusão não são suficientes. Na disciplina, tudo é importante. Por exemplo..." Ele passou a contar o seguinte incidente:

— "Uma vez quando o rei Pasenadi de Kosala teve de viajar a um lugar distante para um compromisso urgente, ele tinha sete carruagens preparadas e montando em cada uma delas em revezamento, fez a longa jornada em apenas um dia. Assim como o rei se apoiou em sete carruagens para atingir sua meta, assim eu me apóio em todos os ensinos para atingir a iluminação." A Importância da Perseverança e Tolerância

A eloquência pela qual Purna era famoso era mais do que mera verbosidade. Suas palavras convenciam porque ele mesmo treinava assiduamente para servir como modelo e porque ele era muito influenciado pela perseverança e tolerância ensinada por Shakyamuni. Isso é vividamente aparente na última conversa que eles tiveram.

Uma tarde, Purna terminou sua meditação e disse a Shakyamuni que estava prestes a fazer uma jornada. Shakyamuni disse-lhe para se disciplinar e evitar a confusão causada pela informação recebida através dos sentidos: visão, audição, olfato, paladar, tato e intelecto. Então, perguntou o destino dele:

— "Bem, Purna. Agora que eu dei uma breve instrução, em que país irá viver?" — "Senhor, há um país chamado Sunaparanta. Vou viver por lá." — "Purna, o povo de Sunaparanta é agressivo. Eles são brutos. Se eles o insultarem e o

ridicularizarem, o que você vai pensar ?" — "Se eles me insultarem e ridicularizarem, pensarei, 'Este povo de Sunaparanta é

civilizado, tão civilizado que não me ferirão com suas mãos.' ..." — "Mas se eles o ferirem com as mãos, o que pensará ?" — "...Pensarei, 'Este povo de Sunaparanta é civilizado, tão civilizado que não me ferirão

com uma pedra'. ..." — "Mas se eles o ferirem com uma pedra, o que pensará?" — "...Pensarei,'Este povo de Sunaparanta é civilizado, tão civilizado que não me ferirão

com um bastão.' ..." — "Mas se eles o ferirem com um bastão, o que pensará?" — "...Pensarei, 'Este povo de Sunaparanta é civilizado, tão civilizado que não me ferirão

com uma faca.' ..." — "Mas se eles o ferirem com uma faca, o que pensará?" — "...Pensarei, 'Este povo de Sunaparanta é civilizado, tão civilizado que não me ferirão

com uma faca afiada.' ..." — "Mas se eles o matarem com uma faca afiada...?" — "Se tomarem minha vida com uma faca afiada, pensarei, 'Há discípulos do

Abençoado que horrorizados, humilhados e desgostosos pelo corpo e pela vida procuraram pelo assassino, mas aqui encontrei o meu assassino sem procurá-lo."

— "Bem, Purna, muito bom. Possuindo tal calma e autocontrole você se dará bem entre

as pessoas de Sunaparanta. Agora é hora de praticar o que disse."

(traduzido do Pali por Thanissaro Bhikkhu)

Entusiasmo em um Novo Lugar

Na terra de Sunaparanta, Purna edificou muitos templos e através de ardente trabalho missionário conseguiu muitos discípulos e crentes. É dito que ele ensinava mais de 1000 crentes leigos de ambos os sexos durante os períodos de estudo das estações das chuvas. Prosseguindo com sua autodisciplina, finalmente adquiriu habilidades supra-humanas. Finalmente, para a dor de muitos, ele morreu em paz.

Notícias de sua morte chegaram imediatamente a Shakyamuni de um lugar distante. Para os Monges que se reuniram para perguntá-lo sobre a vida e o futuro de Purna, Shakyamuni disse, "Purna atingiu o Nirvana. Ele era realmente um sábio e nunca me perturbou com perguntas. Monges, vocês também devem viver praticando os ensinos de Buda com perseverança, como ele fez."

Guardando as palavras de Shakyamuni no coração, os monges se devotaram com nova disposição. E o espírito de perseverança e tolerância representado por Purna viveu na mente de muitas gerações futuras.

VIVIVIVI RAHULA – UM MODESTO MEMBRO DA ORDEM

Filho de Shakyamuni

Shakyamuni estava com 29 anos quando Rahula, seu filho único e mais tarde, um dos Dez Discípulos Principais, nasceu. Logo depois, Shakyamuni deixou a vida secular para a dedicação religiosa. Mesmo não vendo seu pai por anos, como herdeiro do reino, Rahula teve uma infância feliz com afetuosas companhias em Kapilavastu, a cidade principal da tribo dos Shakya.

Eles se encontraram pela primeira vez seis anos mais tarde, quando Shakyamuni já iluminado, visitou sua terra natal. Rahula foi incapaz de conter sua vergonha e confusão. Tomando suas mãos, sua mãe disse-lhe gentilmente:

— "Príncipe, veja. Este radiante homem, cercado de muitos discípulos é o seu pai." Havia uma serena expressão na face de Shakyamuni, quando em um instante, Rahula aproximou-se e disse, "Você é meu pai? Estar ao seu lado me traz grande paz ao meu coração." Então, como se todos estes anos houvessem desvanecido, o menino começou a conversar com Shakyamuni.

Havia um grande tesouro em Kapilavastu que ninguém havia tocado

desde a partida de Shakyamuni. Rahula, instruído por sua mãe, pediu para Shakyamuni dar-lhe este tesouro como a herança real. Mas Shakyamuni, sem responder, partiu.

Em seu coração, Shakyamuni queria legar ao seu filho, algo mais precioso, que são os ensinamentos Budistas. Chamando o seu discípulo Shariputra, o instruiu para fazer com que seu filho deixasse a vida secular pela religiosa. Agindo por Shakyamuni, Shariputra, conhecido como o primeiro em Sabedoria, explicou o Caminho de Buda ao menino de um modo acessível. Rahula então resolveu iniciar o noviciado e disciplina sob orientação de Shariputra. O Inocente Noviço

Parecia que por causa da alegria de estar ao lado de seu pai e o prazer que tinha em aprender, trocar a sua vida luxuosa por uma vida de disciplina monástica não foi muito difícil para ele. Ao acordar de manhã, tinha o costume de pegar areia e orar para que pudesse aprender a quantidade de ensinamentos como o número de grãos nas suas mãos. Isto trazia sorrisos aos monges mais idosos.

Por outro lado, ele era travesso como uma criança. Uma vez disse para os visitantes que Shakyamuni não estava, quando na verdade, ele estava presente. Rahula deleitava-se em vê-los perplexos. Shakyamuni calmamente o corrigia por ficar mentindo deste jeito. Sério e Bondoso

A história conta como ele fez progresso dia após dia, sob a direção direta de Shariputra. Rahula veio a tornar-se uma pessoa séria e bondosa. Certa vez, quando Shakyamuni estava ensinando em uma vila, foi levantado o assunto de noviços dormindo nos alojamentos dos monges depois do ensino da noite. Não tendo recebido ainda os 250 preceitos, muitos noviços falavam enquanto dormiam ou dormiam em posições impróprias. Por esta razão, Shakyamuni estabeleceu a regra de que quem não tivesse ainda recebido os preceitos, não poderia dormir nos alojamentos. Rahula, sendo filho de Shakyamuni, poderia reivindicar um lugar para ele, mesmo sendo ainda um noviço. Mas, disposto a seguir as regras, decidiu dormir no lavatório de Shakyamuni. Os monges em treino, impressionados, elogiaram Rahula pela sua seriedade. Manga com Açúcar e Amor

Rahula preocupava-se muito com sua mãe, que o seguiu, abandonando a vida secular. Certa ocasião, ela sofria terríveis dores de estômago, o que fez Rahula ficar preocupado. Ela acredita que manga com açúcar poderia aliviar o seu sofrimento. Ansioso em conseguir a fruta para ela, falou com Shariputra.

Manga era um luxo fora do alcance dos monges mendicantes. Ainda

assim, Shariputra, tocado pela profunda consideração de Rahula por sua mãe, viajou até a cidade de Savatti para pedir ajuda ao rei Pasenadi de Kosala. Os dois encontraram-se com um vendedor trabalhando em um pomar com uma cesta cheia de mangas. Movido pelas palavras de Shariputra, Pasenadi tirou uma manga da cesta, a descascou, jogou açúcar nela e entregou a ele. Com afeição, Rahula deu a fruta à sua mãe, que comendo-a, logo sentiu-se melhor com a cor voltando à sua face. Iluminado pela Compaixão de Shakyamuni

Atento ao desenvolvimento espiritual de seu filho, Shakyamuni soube intuitivamente que o tempo para a iluminação de Rahula havia chegado. Tratava-o com compaixão, não como filho, mas como um discípulo ansioso por aprender e explicou-lhe como se livrar de toda a ilusão. Disse-lhe para preparar-se para ir com ele para o bosque de Andhavana para meditação zazen. No bosque, Shakyamuni e Rahula, lado a lado, assumiram a posição zazen. Shakyamuni pediu-lhe para responder algumas perguntas. Iniciaram um diálogo até que finalmente, após Shakyamuni ter sumarizado o seu ensinamento, Rahula sentiu a sua mente aclarada e atingiu a iluminação. Sabendo disto, outros monges passaram a chamá-lo Rahulahbada (Rahula, o sortudo) por ter nascido filho de Shakyamuni e por ter alcançado a correta iluminação.

Rahula, que morreu antes de Shakyamuni e Shariputra, é considerado um dos Dez Discípulos Principais, não porque era filho de Shakyamuni, mas porque sendo um modesto membro da Ordem, conquistou a confiança completa de seus companheiros através de sua perseverança no aprendizado.

VIIVIIVIIVII UPALI – PREEMINENTE EM GUARDAR OS PRECEITOS

De Barbeiro a Monge

Quase todos os discípulos introduzidos até agora nesta série foram filhos de famílias aristocráticas. Upali foi diferente. Nascido na casta dos Shudras, ele foi um barbeiro. Mais tarde, ficou famoso por seu entendimento e prática correta dos preceitos estabelecidos por Shakyamuni.

Existem várias versões sobre as razões de Upali ter ingressado para a vida religiosa. De acordo a uma versão, ele era um diligente barbeiro que trabalhava para a tribo dos Shakya. Quando, após seis anos de sua iluminação, Shakyamuni retornou para sua terra natal, Upali recebeu a importante tarefa de raspar a cabeça dele. Impressionado pela aura radiante de Shakyamuni, Upali sussurrou:

— "Que maravilhoso é ser o discípulo de tão bela pessoa!"

Na ocasião de sua visita, o pai de Shakyamuni, o rei Sudhodana tomou a iniciativa de pedir para que ao menos um membro de cada família abandonasse a vida secular e fosse um discípulo durante a estadia de seu filho entre eles. Muitos atenderam ao desejo do rei. Vendo-os em lágrimas e concluindo que seu papel como barbeiro havia acabado, Upali resolveu segui-los e tornou-se um monge. O Espírito de Equidade

De acordo a outra versão, ele acompanhou seis jovens da tribo dos Shakya - dentre eles Ananda, um dos Dez Discípulos Principais - que haviam decidido tornarem-se monges. No caminho, no entanto, disseram-lhe para retornar à casa com os pertences deles. Sentindo-se muito inseguro, pensou:

— "Se eu voltar sozinho, todos irão me criticar, perguntando-me porque eu falhei em convencer os outros seis em não tornarem-se monges. Se for para eu ser criticado por ter quebrado minha promessa, é melhor seguir eu próprio o Caminho de Buda."

Após isto, correu para Shakyamuni, chegando antes deles e obteve a permissão de Buda para ser monge. Passo a Passo

Como um membro da Ordem, Upali treinou com diligência adquirida no seu ofício de barbeiro. Impaciente por atingir a iluminação, pediu permissão para disciplinar-se sozinho na floresta. Shakyamuni, ainda que apreciando o entusiasmo dele, convenceu-lhe a mudar de idéia dizendo:

— "Upali, imagine um grande lago. É seguro para um elefante, mas para os pequenos animais é terrível. É só entrar na água que logo morrem afogados. Assim também é a disciplina."

Crianças aprendem brincando passo a passo. Shakyamuni quis dizer que no treino do Dharma, as grandes coisas são adquiridas passando por estágios. De uma maneira simples, estava mostrando a Upali que ainda não era iluminado, como é difícil a disciplina religiosa. Recebendo a mensagem profundamente, livrou-se da impaciência entendendo a importância de sempre se considerar um monge em constante aprendizado. A Monja Grávida

A vida de Upali sempre teve a atitude de um monge em constante treino. Devotou, mais do que outros, de corpo e alma, para o entendimento e prática dos preceitos. Ganhou completa confiança de Shakyamuni. Outros sempre pediam o seu conselho e arbitração quando surgia algum problema na Ordem. Certa vez, Shalyamuni pediu-lhe para descobrir se uma monja era culpada de

infração dos preceitos porque estava grávida:

— "Upali, resolva esta questão de uma maneira clara a todos."

Upali, então pediu para outras mulheres examinarem o corpo da monja. Descobriram quantos meses de gestação ela estava certificando e que a concepção havia ocorrido antes de sua entrada na Ordem. Ela então, não sabia de sua gravidez. Upali a julgou inocente. Feliz por ter esclarecido a suspeita, ela mais tarde deu à luz a um saudável menino. Sendo inconveniente para ela assumir a criação do menino, a responsabilidade foi passada para um certo rei. Quando adulto, seu filho tornou-se um dos discípulos de Shakyamuni e um ativo monge, famoso por sua eloquência.

Por isso, o diligente Upali desenvolveu poderes superiores, estudando os preceitos e resolvendo problemas à luz dos ensinos.

Quando havia necessidade, intervia para preservar a ordem no grupo, terminando sua brilhante vida famoso pela sua preeminência em guardar os preceitos.

(*) A palavra casta derivada do português casta (descendência ou linhagem de sangue), refere-se ao sistema

social da Índia, em que o casamento, profissão e outros aspectos da vida são limitados pela posição hereditária. A política governamental moderna é trabalhar pela segurança social dos sem castas, baseado no sistema planificado de castas.

VIIIVIIIVIIIVIII SUBHUTI – O QUE COMPREENDEU A VERDADE DO VAZIO

No Monastério Jetavana

Subhuti, um dos Dez Discípulos principais de Shakyamuni, era conhecido como um meticuloso seguidor da verdade do shunyata(*), sempre traduzido como vazio mas próximo do significado da palavra relatividade. Dizem que sua absorção nesta doutrina e em práticas espirituais sublimes, o fez afastar-se das atividades mais externas, e é por esta razão que seu nome aparece raramente nas escrituras. Praticando este difícil conceito, ganhou a profunda admiração dos seguidores, que lhe ofereciam ofertas em grandes quantidades. Além disto, sua intensa dedicação ganhou a confiança de Shakyamuni.

Subhuti nasceu numa rica família e cresceu sem passar necessidades. Seu tio Sudatta construiu o Monastério Jetavana, onde Shakyamuni sempre pregava. Na ocasião da dedicação do monastério para a Ordem Budista, Subhuti ouviu Shakyamuni pela primeira vez, e mudou completamente a sua vida. Profundamente comovido pelos ensinos de compaixão e sabedoria, abandonou sua vida de fartura pela busca da verdade. Indo direto à Shakyamuni, pediu permissão para tornar-se monge.

A Forma de Shakyamuni é Shunyata

Uma vez, desejando instruir sua mãe Mahamya, que encontrava-se na esfera celestial, Shakyamuni desapareceu temporariamente deste mundo. Ainda que muitos dos discípulos estivessem preocupados pela sua ausência, Subhuti simplesmente sentou-se em conduta inalterada, calmamente costurando vestes. Com o retorno de Shakyamuni, outros discípulos correram, empurrando uns aos outros para serem os primeiros a saudá-lo. Parando no meio do trabalho, Subhuti levantou-se como indo juntar-se a eles, então, controlando sua emoção, disse a si mesmo:

— "Não são todas as coisas o vazio? Até mesmo a forma de Shakyamuni é o resultado transitório da causa direta e indireta e não tem existência real. Cultuar isto é como cultuar a terra, a água fluente, o fogo ardente, e o sopro do vento."

O Buda, o eu e todas outras coisas são inconstantes. Descobrindo que a própria de Shakyamuni é inconstante e reforçando sua própria crença, Subhuti sentou-se novamente e voltou a costurar.

Shakyamuni dirigiu estas palavras de advertência a uma monja que foi a primeira a chegar à frente de uma multidão que corria para cumprimentá-lo:

— "Você pode ter sido a primeira a chegar, mas não é a primeira a me cultuar. Ainda que não presente, posso ver Subhuti recitando a si mesmo, 'Todas as coisas são shunyata.' Este é o verdadeiro modo de me cultuar." Suas palavras fizeram a monja consciente da sua ganância e imaturidade como servidora de Buda. Em Paz em uma Cabana sem Teto

Imperturbável e com a mente livre de complicações, Subhuti nunca envolveu-se em discussões.

Uma vez foi à capital do reino de Magadha na Índia central. O rei Bimbisara, que havia comissionado e doado o Monastério de Venuvana (arvoredo de bambu), ordenou que uma cabana fosse construída para Subhuti, mas estando ocupado com questões de governo, não pode monitorar o trabalho. Resultou que a cabana de Subhuti ficou sem teto. Nunca reclamando, ele tranquilamente aguentou o vento e o sol. Sorte dele, o clima estava ao seu lado, pois nenhuma chuva caiu enquanto estava morando nela. Mas isto causava grande sofrimento a ele. Pessoas pediram ao rei, que sabendo da falta de teto na cabana, mandou consertá-la. Agradecendo pelas melhores acomodações, Subhuti dirigiu-se aos céus deste modo:

— "Os céus agora nos concedem abençoada chuva para nós. Minha mente está calma e obtive a esfera da iluminação. No entanto, quero continuar disciplinando-me e viver somente de acordo ao Caminho de Buda. Por favor, céus, traga a benção da chuva para as pessoas."

Os céus concederam seu desejo e regaram a terra para a alegria geral do povo, que mais uma vez louvava a grandeza de Subhuti.

Como um Vento Forte Derruba uma Grande Árvore

Uma vez doente, a despeito da dor física, Subhuti sentou-se em meditação, questionando seu Buda interior sobre a causa e significado de seu sofrimento. Havendo ouvido sobre seu sofrimento, a deidade guardiã Budista Indrah, acompanhado de 500 servas celestiais e deuses da música, vieram para ele. Seus bonitos cantos e sons de harpa alegraram Subhuti, que expressava sua felicidade. Quando o preocupado Indrah perguntou sobre sua doença, Subhuti respondeu:

— "A mais forte árvore morre se derrubada pelo vento. A árvore mais frutífera seca sem água. Para a floração e frutificação, tem que haver chuva em quantidade certa. Todas as coisas passam por distúrbio e restauração da ordem. Quando entendi isto, minha doença sumiu."

Suas palavras revelam o profundo entendimento de shunyata de uma pessoa que serviu a Buda por toda sua vida. Após ouvi-lo, Indrah voltou para o céu em paz. (*) Um elemento fundamental da filosofia Budista, a idéia de shunyata (ku em japonês), significa que todas coisas dependem de diretas ou indiretas causas (relações) e nada tem permanente existência. Este conceito que data dos tempos de Shakyamuni foi importante para o Budismo Mahayana e é apresentado na escritura Mahayana Prajnaparamita-sutra e na escritura popular em condensada forma conhecida em japonês como Hannya-Shingyô. O ensino de shunyata tem tanto aspectos teóricos como práticos. Em termos teóricos, rejeita a existência fixa de todas as coisas e todas as tentativas para considerá-las. Ensina que, uma vez que, permanente entidade e apegos a isto forem abandonados, todas coisas revelam sua natureza essencial. Nesta conexão é quase idêntica com a idéia da causa origem e relações. Em termos práticos, ensina o abandono das tentativas de adquirir mérito e todos os apegos e a prática da idéia da inconstância de todas as coisas. Por exemplo, em conexão com caridade, significa que se as relações entre doador, receptor e doação são puras, todos virão a resultar de relações de causas e terão nenhuma existência em si mesmos. É chamado de triplo círculo de doação.

IXIXIXIX ANIRUDDHA – PREEMINENTE NA VISÃO ESPIRITUAL

Abençoado na sua Infância

Em Aniruddha, o primo de Shakyamuni do lado paterno, o sentido espiritual para perceber a verdade do mundo e a vida e a morte das pessoas era mais desenvolvido do que outros discípulos.

Nascido de uma família rica, gozava de uma vida livre de necessidades. Quatro servas cuidavam dele na sua infância. Crescendo, estudou aritmética e artes. Ele deslumbrava os que estavam ao seu lado pela sua aparência e físico bem formados. Os membros de sua família deslumbravam-se com os milagres que aconteciam com ele. Diziam que uma vez, a água tirada com a sua mão de uma poça suja, ficou limpa e doce para beber. Todos à sua volta acreditavam que ele era destinado a bênçãos especiais desde o seu nascimento.

Impelido à Vida Religiosa

Mais tarde, percebeu que muitos jovens da tribo dos Shakya estavam desistindo da vida secular para engajarem na vida de busca religiosa. Este fato e mais a conversa que teve com seu irmão o fez pensar seriamente. Seu irmão o havia dito:

— "Triste o fato de que ninguém da nossa família engajou-se na vida religiosa. Um de nós dois tem que dar este passo."

Discutiram o assunto e finalmente decidiram que seu irmão era mais condizente com a tarefa de cuidar do trabalho braçal da fazenda de sua família, enquanto Aniruddha deveria partir de sua casa para a vida de disciplina religiosa.

Uma vez decidido, uma onda de entusiasmo para concretizar a sua meta começou a apoderar-se dele como sangue quente correndo nas veias. Sua mãe ficou hesitante com sua decisão e só concordou em deixá-lo partir se seu amigo Príncipe Bhaddiya fosse com ele. No entanto, o príncipe, diante dos apelos de Aniruddha, pediu para esperar por sete anos para a decisão. Finalmente Aniruddha o convenceu e sete dias mais tarde, partiram para a vida religiosa. Abandonando o Orgulho

Desejando atingir a iluminação, Aniruddha deu de tudo na vida de disciplina que acabou ficando orgulhoso. Certa vez Shariputra, o preeminente na sabedoria, o admoestou, ao que Aniruddha respondeu com orgulho:

— "Já atingi a visão divina de ver este e o outro mundo. No entanto, não importa o quanto eu me esforce, ainda não consigo atingir o domínio da perfeita iluminação. Tem alguma sugestão a me dar?"

Shariputra respondeu calmamente:

— "Aniruddha, você só fala arrogantemente sobre o que você fez e sobre sua auto disciplina. Se você devotar-se ao treino, abandonando a arrogância, a luz ficará cada vez mais visível."

Shariputra, dizendo isto, restaurou a humildade no coração do jovem Aniruddha. A partir de então, praticando, atingiu os passos da iluminação. Ensinando uma Prostituta

Numa ocasião, a boa aparência de Anirudda teve um efeito inesperado. Numa tarde, viajando para Kosala, passou a procurar um lugar para passar a noite. As pessoas do vilarejo o levaram até a casa de uma prostituta. Aniruddha permaneceu fora da casa, mas pediu por um local onde pudesse meditar debaixo das árvores. Com os clientes da prostituta chegando, ela acabou convidando Aniruddha a entrar. Então, com seus poderes sobrenaturais, levitou-se permanecendo sentado e ficou suspenso no ar diante dela. É dito que apos isto, ela juntou as mãos em oração e escutou

sinceramente os ensinos de Aniruddha. O Olho Divino

Sua dedicação extraordinária resultou no seu reconhecimento de possuir o Olho Divino, a visão espiritual. Certa vez, cansado de tanto treino e disciplina, cochilou quando Shakyamuni pregava. Shakyamuni o advertiu do seguinte modo:

— "Aniruddha, por que decidiu tornar-se monge?"

— "Porque não gosto do sofrimento do nascimento, velhice, doença e morte."

— "Se foi por causa disto, porque acabou dormindo?"

— "Ah, venerável Shakyamuni, nunca mais dormirei de novo diante do Buda. Manterei a promessa, não importa o que aconteça com meu corpo."

Homem de palavra, Aniruddha nunca mais veio a dormir na presença de Shakyamuni. Preocupado com a possibilidade de Aniruddha perder a visão por causa disto, Shakyamuni o aconselhou:

— "Nutrimento é necessário para tudo. Para os olhos, o sono é nutrimento. Para a mente, a lei é nutrimento." Aniruddha então perguntou:

— "E quanto ao Nirvana?"

— "Diligência constante é o nutrimento do Nirvana."

— "Então, eu treinarei diligentemente sem parar e nunca mais dormirei." Afirmou Aniruddha.

Profundamente movido pela sua determinação, Shakyamuni deixou Aniruddha fazer a sua vontade. De fato, Aniruddha acabou perdendo sua visão, mas ao mesmo tempo, abriu a sua visão espiritual. Foi o primeiro monge com o Olho Divino. A Compaixão de Shakyamuni

Após a perda da visão de Aniruddha, Shakyamuni sentiu compaixão especial por ele. Certa vez, quando suas vestes ficaram esfarrapadas, Aniruddha usou de seus poderes sobrenaturais para chamar alguém que pudesse adquirir méritos reparando suas vestes. Ouvindo o seu chamado, Shakyamuni foi até ele e estendeu a sua mão. Mas Aniruddha comentou:

— "Venerável Shakyamuni, estas vestes são para alguém que queira adquirir méritos ajudando a outros, não para alguém como você que já atingiu o estado Búdico." Então Shakyamuni respondeu:

— "Desejo a felicidade assim como todo mundo. Um Buda busca a felicidade por amor da salvação de todos os seres vivos."

Aniruddha lembrou-se destas palavras de compaixão de Shakyamuni no seu coração pelo resto de sua vida.

XXXX MAHAKATYAYANA – PREEMINENTE MESTRE

O Menino que era Muito Esperto

Nascido numa família brâmane em Avanti, localizada na parte sudeste da Índia moderna, Mahakatyayana, ou Nalaka como era conhecido quando criança, tinha um irmão mais velho que estudava muito com muitos mestres. Seu profundo conhecimento ganhou respeito de todos. Todavia, só com uma lição, Nalaka pode entender ensinos que o seu irmão havia levado vários anos para aprender. A inveja motivou o seu irmão a planejar um assassinato. Suspeitando disso, o seu pai pediu para o tio de Nalaka cuidar dele. O seu tio chamado Ashita, era o homem que havia profetizado que o recém-nascido Sidarta Gautama alcançaria a iluminação e se tornaria no Buda Shakyamuni. Sob a tutela de Ashita, o desenvolvimento de Nalaka chegou ao ponto dele adquirir poderes sobrenaturais. Um dia, prestes a morrer, Ashita disse a Nalaka que um Buda havia aparecido no mundo e que Nalaka deveria tornar-se um discípulo deste Buda. Porém, ainda perturbado pelo desejo de riqueza e glória, Nalaka não fez nenhum esforço para seguir este conselho. Um Poema que só o Buda pôde Interpretar

Certa vez, o rei Naga (ou serpente), a procura do verdadeiro Buda, pediu a várias pessoas para interpretarem um certo poema para ele. Era dito que somente alguém verdadeiramente iluminado poderia fazer isto. Pessoas de todo o país tentaram sem sucesso decifrar o significado do poema. Até mesmo o tão respeitado Nalaka achou difícil. Nesta situação, Nalaka finalmente foi até a Shakyamuni pedir ajuda. Logo após ouvir o poema, Shakyamuni explicou o significado. Chocado e admirado, Nalaka de uma só vez deixou a vida secular para a vida de busca religiosa e disciplinando com entusiasmo, atingiu a iluminação. Por causa disso, o prefixo maha (o grande ) foi adicionado ao seu sobrenome Katyayana. O Caminho para a Libertação

Shakyamuni elogiou Mahakatyayana pelo seu entendimento dos ensinos e sua habilidade de explicá-los tão bem para que os outros pudessem entender. Contam-se muitas histórias de como seus sermões, utilizando os ensinos, guiaram as pessoas.

Quando a esposa do rei de Magadha faleceu no rio Ganges, o rei ficou tão entristecido que não comia nada e nem cuidava do governo do seu reino. Preocupado sobre o que poderia acontecer com o monarca e a monarquia, os servos o convenceram a escutar os conselhos de Mahakatyayana. Ele aconselhou ao rei:

— "O mundo é efêmero como sonhos e fantasias. Tudo tem que acabar. Todas as coisas irão cessar a existência. Toda a vida tem que se deparar com a velhice, a doença e a morte."

Então ele habilmente explicou ao rei que a única maneira de encontrar a libertação é reconhecer a absoluta inevitabilidade da velhice, doença e morte. Profundamente tocado pelo que ouviu, o rei jurou confiar no Buda, nos Ensinos e no Grupo de discípulos pelo resto de sua vida. Oito Sonhos

O rei de Ujjayaini no oeste da Índia foi uma das pessoas que Mahakatyayana apresentou os ensinos de Shakyamuni. Temido como um tirano, o rei odiava monges. Shakyamuni enviou MahaKatyayana para ter com ele. Gradualmente o rei passou a respeitá-lo pelo seu comportamento e inteligência. Uma noite, o rei teve oito sonhos, que ele suspeitou serem algum tipo de maus presságios. Preocupado, ele consultou os brâmanes que disseram que os sonhos previam desastres que só poderiam ser evitados se ele sacrificasse as vidas da rainha, seus filhos e Mahakatyayana. O atormentado rei estava num dilema. Finalmente a rainha contou a situação para Mahakatyayana, que explicou ao rei:

— "Sete destes sonhos significam que reinos vizinhos oferecerão maravilhosos tesouros. O último sonho significa que vocês terão uma briga."

Assim como foi predito por Mahakatyayana, os tesouros foram entregues ao rei. Mas então, ele e a rainha começaram a discutir por causa do tesouro. No auge da discussão, o rei apontou uma espada para a rainha. Quando estava para golpear, subitamente lembrou-se que esta era a briga que Mahakatyayana havia profetizado e então se acalmou.

Ao responder a indagação do rei do porque os tesouros lhe foram entregues, Mahakatyayana disse:

— "Bem longe no passado, uma certa profecia dizia que um príncipe retornaria numa nobre família e receberia maravilhosos tesouros porque havia devotado sua própria coroa e sua espada de jóias para um Buda chamado Visapim. Você era este príncipe na vida passada." Isso deixou o rei tão contente que veio a reverenciar os ensinos Budistas expostos por Mahakatyayana. Criança aos 90

Há muitas outras histórias sobre a habilidade de Mahakatyayana de ensinar e guiar. Uma vez um brâmane idoso o chamou. Quando Mahakatyayana meramente sentou-se sem o cumprimentar ou dizer nada, o brâmane o indagou:

— "Por que você não cumprimenta um idoso e lhe pede para sentar?"

— "Até mesmo com 90 anos de idade, uma pessoa que permanece apegada ao desejo, merece o respeito reservado ao idoso."

— Noutra ocasião, um rei indagou Mahakatyayana:

— "Os brâmanes estão certos ao pensarem que são superiores a outras castas?"

— "Até mesmo um rei deveria ser punido por sua maldade. Seja brâmane ou rei por nascimento, não é a casta que importa, mas sim as ações."

Desta maneira, Mahakatyayana deu felicidade a muitas pessoas, explicando os ensinos de Shakyamuni de maneira fácil de entender.

Digitação: Koguen Gouveia

(São Paulo, Dezembro de 2005)


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