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HB22 3 - Associação Brasileira de Horticultura · 134 Editor's Letter Hortic. bras., v. 27, n.2,...

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ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURA The Brazilian Association for Horticultural Science IAC - Centro de Horticultura C. Postal 28, 13012-970 Campinas – SP Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374 E-mail: [email protected] Site: www.abhorticultura.com.br Presidente/President Paulo César T de Melo USP-ESALQ - Piracicaba Vice-Presidente/Vice-President Dimas Menezes UFRPE - Recife 1º Secretário / 1 st Secretary Valéria Aparecida Modolo IAC - Campinas 2º Secretário / 2 nd Secretary Eunice O Calvete UPF-FAMV - Passo Fundo 1º Tesoureiro / 1 st Treasurer Sebastião Wilson Tivelli IAC - Campinas 2º Tesoureiro / 2 nd Treasurer João Bosco C da Silva Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Editorial Committee C. Postal 190, 70351-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3385 9088 / 3385 9049 / 3385 9000 Fax: (0xx61) 3556 5744 E-mail: [email protected] Presidente / President Paulo Eduardo de Melo Embrapa Hortaliças Editor Assistente / Assistant Editor Mirtes F Lima Coordenação Executiva e Editorial / Executive and Editori- al Coordination Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças Editores Associados / Associated Editors Alice Maria Quezado Duval Embrapa Hortaliças Antônio T Amaral Júnior UENF - Campo dos Goytacazes Arminda M de Carvalho Embrapa Cerrados Francisco Bezerra Neto UFERSA - Mossoró Gilmar Paulo Henz Embrapa Hortaliças Paulo E Trani IAC - Campinas Sebastião Wilson Tivelli IAC - APTA - São Roque Editores Científicos / Scientific editors Ana Cristina PP de Carvalho Embrapa Agroindústria Tropical Ana Maria MP de Camargo IEA - São Paulo André Luiz Lourenção IAC - Campinas Antônio Evaldo Klar UNESP - Botucatu Arthur Bernardes Cecilio Filho UNESP - Jaboticabal Braulio Santos UFPR - Curitiba Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças Daniel J Cantliffe University of Florida Derly José H da Silva UFV - Viçosa Francisco Antônio Passos IAC - Campinas José Fernando Durigan UNESP - Jaboticabal José Magno Q Luz UFU - Uberlândia Luiz Henrique Bassoi Embrapa Semi-Árido Maria de Fátima A Blank UFS - Itabaiana Maria do Carmo Vieira UFGD - Dourados Mônica S de Camargo IAC - APTA - Piracicaba Paulo César T de Melo USP-ESALQ Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Ricardo Alfredo Kluge USP-ESALQ Roberval D Vieira UNESP - Jaboticabal Rogério L Vieites UNESP - Botucatu Vagner Augusto Benedito Samuel Roberts Noble Foundation - USA Valter R Oliveira Embrapa Hortaliças Waldemar P de Camargo Filho IEA - São Paulo
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ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURAThe Brazilian Association for Horticultural ScienceIAC - Centro de HorticulturaC. Postal 28, 13012-970 Campinas – SPTel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374E-mail: [email protected]: www.abhorticultura.com.brPresidente/PresidentPaulo César T de Melo

USP-ESALQ - PiracicabaVice-Presidente/Vice-PresidentDimas Menezes

UFRPE - Recife1º Secretário / 1st SecretaryValéria Aparecida Modolo

IAC - Campinas2º Secretário / 2nd SecretaryEunice O Calvete

UPF-FAMV - Passo Fundo1º Tesoureiro / 1st TreasurerSebastião Wilson Tivelli

IAC - Campinas2º Tesoureiro / 2nd TreasurerJoão Bosco C da Silva

Embrapa HortaliçasCOMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURABRASILEIRAEditorial CommitteeC. Postal 190, 70351-970 Brasília – DFTel.: (0xx61) 3385 9088 / 3385 9049 / 3385 9000Fax: (0xx61) 3556 5744E-mail: [email protected] / PresidentPaulo Eduardo de Melo

Embrapa HortaliçasEditor Assistente / Assistant Editor

Mirtes F LimaCoordenação Executiva e Editorial / Executive and Editori-al CoordinationSieglinde Brune

Embrapa HortaliçasEditores Associados / Associated EditorsAlice Maria Quezado Duval

Embrapa HortaliçasAntônio T Amaral Júnior

UENF - Campo dos GoytacazesArminda M de Carvalho

Embrapa CerradosFrancisco Bezerra Neto

UFERSA - MossoróGilmar Paulo Henz

Embrapa HortaliçasPaulo E Trani

IAC - CampinasSebastião Wilson Tivelli

IAC - APTA - São Roque

Editores Científicos / Scientific editorsAna Cristina PP de Carvalho

Embrapa Agroindústria TropicalAna Maria MP de Camargo

IEA - São PauloAndré Luiz Lourenção

IAC - CampinasAntônio Evaldo Klar

UNESP - BotucatuArthur Bernardes Cecilio Filho

UNESP - JaboticabalBraulio Santos

UFPR - CuritibaCarlos Alberto Lopes

Embrapa HortaliçasDaniel J Cantliffe

University of FloridaDerly José H da Silva

UFV - ViçosaFrancisco Antônio Passos

IAC - CampinasJosé Fernando Durigan

UNESP - JaboticabalJosé Magno Q Luz

UFU - UberlândiaLuiz Henrique Bassoi

Embrapa Semi-ÁridoMaria de Fátima A Blank

UFS - ItabaianaMaria do Carmo Vieira

UFGD - DouradosMônica S de Camargo

IAC - APTA - PiracicabaPaulo César T de Melo

USP-ESALQRenato Fernando Amabile

Embrapa CerradosRicardo Alfredo Kluge

USP-ESALQRoberval D Vieira

UNESP - JaboticabalRogério L Vieites

UNESP - BotucatuVagner Augusto Benedito

Samuel Roberts Noble Foundation - USAValter R Oliveira

Embrapa HortaliçasWaldemar P de Camargo Filho

IEA - São Paulo

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Programa de apoio a publicações científicas

A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo AGRIS/FAO, AGROBASE, CAB,JOURNAL CITATION REPORTS, SciSearch® e TROPAGScientific Eletronic Library Online: http://www.scielo.br/hbwww.abhorticultura.com.br

Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983

Trimestral

Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura.V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.

Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.

Periodicidade até 1981: Anual.de 1982 a 1998: Semestralde 1999 a 2001: Quadrimestrala partir de 2002: TrimestralISSN 0102-0536

1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Associação Brasileira deHorticultura.

CDD 635.05

Editoração e arte/CompositionLuciano Mancuso da Cunha

Revisão de inglês/English revisionPatrick Kevin Redmond

Revisão de espanhol/Spanish revisionMarcio de Lima e Moura

Tiragem/printing copies1.000 exemplares

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ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

Volume 27 número 2Abril-junho 2009

SUMÁRIO/CONTENT* Artigos em inglês com resumo em português* Articles in English with an abstract in Portuguese

CARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER133

ARTIGO CONVIDADO / INVITED ARTICLE

Registro e proteção de cultivares pelo setor público: a experiência do programa de melhoramento de Capsicum da Embrapa HortaliçasRegistration and protection of cultivars in Brazil: the experience of Embrapa Vegetables’ Capsicum breeding programSIC Carvalho; LB Bianchetti; FJB Reifschneider 135

PESQUISA / RESEARCHRendimento e conservação pós-colheita de bulbos de cebola com doses de nitrogênio e potássioYield and post-harvest conservation of onion bulbs using doses of nitrogen and potassiumGM Resende; ND Costa; JM Pinto 139

Desempenho e qualidade de frutos de tomateiro em cultivo protegido com diferentes números de hastesPerformance and quality of tomato fruits of Santa Cruz group in greenhouse with different number of stemsHCO Charlo; SC Souza; R Castoldi; LT Braz 144

Desempenho produtivo, partenocarpia e expressão sexual de linhagens de pepino caipira em ambiente protegidoYield, parthenocarpy and sexual expression of ‘caipira’ cucumber lines under protected cultivationAR Godoy; MM Castro; AII Cardoso 150

Cultivo de híbridos de pimentão amarelo em fibra da casca de cocoPerformance of yellow sweet peppers hybrids grown in coconut husk fiberHCO Charlo; R Castoldi; C Fernandes; PF Vargas; LT Braz 155

*Reação de genótipos de melão ao crestamento gomoso e ao míldio*Reaction of melon genotypes to the gummy stem blight and the downy mildewGR Santos; MD Castro Neto; LN Ramos; AC Café-Filho; A Reis; VG Momenté; JM Pelúzio; M Ignácio 160

Tamanho de amostra para avaliação de caracteres de cenoura em sistemas de cultivo agroecológicoSample size for evaluation of carrot traits in agroecologic cultivation systemsGO Silva; JV Vieira; MS Villela 166

Fertilização de cobertura com boro e potássio na nutrição e produtividade da batata-doceFertilization with boron and potassium on sweet potato nutrition and yieldFR Echer; JC Dominato; JE Creste; DH Santos 171

Absorção de nutrientes e distribuição da massa fresca e seca entre órgãos de batata-doceAbsorption march of nutrients and distribution of fresh and dry matter among organs of sweet-potatoFR Echer; JC Dominato; JE Creste 176

Dinâmica populacional de Bemisia tabaci biotipo B em tomate monocultivo e consorciado com coentro, sob cultivo orgânico e convencionalPopulation dynamic of Bemisia tabaci B biotype in monoculture tomato crop and consortium with coriander in organic and conventional crop systemPHB Togni; MR Frizzas; MA Medeiros; EYT Nakasu; CSS Pires; ER Sujii 183

*Capacidade de combinação em pimentão para resistência a oídio*Combining ability in sweet pepper for resistance to powdery mildewCB Marchesan; AMT Melo; MEAGZ Paterniani 189

*Fontes de resistência ao Mosaico Amarelo do Pimentão em pimentas*Sources of resistance against the Pepper yellow mosaic virus in chili pepperCS Bento; R Rodrigues; FM Zerbini Júnior; CP Sudré 196

COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA / SCIENTIFIC COMMUNICATIONViabilidade agronômica de consórcios entre cebola e alface no sistema orgânico de produçãoAgronomic viability of onion and lettuce intercropped in the organic cultivation systemPD Paula; JGM Guerra; RLD Ribeiro; MNZ Cesar; RE Guedes; JC Polidoro 202

Influência da temperatura e da luz na germinação da semente de calêndulaInfluence of temperature and light on the germination of marigold seedJ Koefender; NL Menezes; GA Buriol; R Trentin; G Castilhos 207

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Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

Fontes de nitrogênio, polpa de banana e ágar no desenvolvimento in vitro de plântulas de orquídeaNitrogen sources, banana pulp and agar in the orchid seedlings in vitro developmentM Pasqual; MA Figueiredo; JC Rezende; AG Araújo; FC Santos; EA Ferreira; KP Junqueira 211

Cultivares de morango de dia neutro: produção em função de doses de nitrogênio durante o verãoDay-neutral strawberry cultivars: summer yield in function of nitrogen ratesRF Otto; RK Morakami; MY Reghin; EF Caíres 217

Influência do turno de rega no crescimento e produção do tomateiro no verão em SeropédicaInfluence of the irrigation schedule on growth and production of tomato during summerJA Monte; AS Pacheco; DF Carvalho; C Pimentel 222

Desenvolvimento e produtividade do tomateiro sob diferentes freqüências de irrigação em estufaTomato development and yield under different irrigation frequencies in greenhouseRCM Pires; PR Furlani; E Sakai; AL Lourenção; EA Silva; A Torre Neto; AMT Melo 228

Conservação pós-colheita de berinjela com revestimentos de fécula de mandioca ou filme de PVCPostharvest conservation of eggplant fruits by the application of cassava edible coating or PVC filmPA Souza; EMM Aroucha; AED Souza; ARFC Costa; GS Ferreira; F Bezerra Neto 235

Condicionamento fisiológico de sementes de couve-florPriming seed treatment of cauliflower seedsALP Kikuti; J Marcos Filho 240

PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGE

Produção e qualidade de frutos de melão submetidos a dois sistemas de irrigaçãoYield and quality of melon in two irrigation systemsPF Batista; MMML Pires; JS Santos; SOP Queiroz; CA Aragão; BF Dantas 246

Cultivo de melão rendilhado com dois e três frutos por plantaEvaluation of net melon cultivars conducted with two and three fruits per plantHCO Charlo; R Castoldi; PF Vargas; LT Braz 251

Desempenho de quatro genótipos de soja-hortaliça em dois anos agrícolasPerformance of four vegetable soybean genotypes in two agricultural yearsR Castoldi; HCO Charlo; PF Vargas; LT Braz; JL Mendonça; MC Carrão-Panizzi 256

NOVA CULTIVAR / NEW CULTIVAR

Anita: cultivar de alface de verão para cultivo protegido no solo e em hidroponia‘Anita’: a new summer lettuce cultivar suitable for protected cultivation in soil and hydroponics systemsEC Silva 260

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS263

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carta do editor

Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

Prezados,Aí está mais um número de Horticultura Brasileira. Em nossa capa trazemos o taro, uma hortaliça cujo enorme potencial é,

sem dúvida, subutilizado.

Neste número nos despedimos dos editores Alice Maria Quezado Duval, José Orestes M Carvalho, Marie Y Reghin,Ronessa B de Souza, Rosana F Otto e Rovilson José de Souza. A todos o nosso sincero e profundo agradecimento pelacompetência e tempo dedicados à Horticultura Brasileira. Ao mesmo tempo, saudamos Mirtes F Lima, que passa a desempenhara função de editora-assistente. Mirtes, seja muito bem-vinda!

Nesta Carta do Editor, gostaria de voltar a tratar do Fator de Impacto da revista científica. De forma bem simples, o fator deimpacto é reconhecido hoje como medida da importância da revista para a comunidade científica. Quanto maior o fator deimpacto, maior a importância. O número que representa o fator de impacto é a razão entre o número citações recebidas e onúmero de artigos publicados na revista. Portanto, o fator de impacto cresce à medida que a revista passa a ser mais e maiscitada.

Na base Scielo, estamos em uma posição confortável, com um fator de impacto de 0,3114 (2008, base três anos), que noscoloca entre as cinco principais revistas da nossa área. Porém, a partir de 2010, teremos também um fator de impacto internacio-nal publicado pelo Journal Citation Reports, fruto da nossa indexação pelo ISI. É este o Fator de Impacto utilizado pelo sistemaQualis para classificação de periódicos.

Uma das nossas principais ocupações hoje é trabalhar para que o fator de impacto de Horticultura Brasileira aumente. Paraisso, além de continuar estimulando nossos autores a publicarem em inglês (veja as normas de publicação, item Idioma dePublicação, no final deste número), aumentamos o nível de seletividade dos trabalhos aceitos para tramitação, preferindoaqueles com resultados expressivos e de maior impacto potencial. Essas são medidas cujos resultados aparecerão em médioprazo. Porém, algumas conseqüências são imediatas, em especial o aumento no número de trabalhos rejeitados.

Não há outro caminho: no futuro não haverá revistas boas, apenas revistas excelentes. Queremos ser uma delas.

Até o próximo número,

Comissão Editorial

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Editor's Letter

Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

Dearest,

Here it goes another issue of Horticultura Brasileira. Our cover portrays taro, a vegetable crop whose potential isdefinitely under utilized.

This issue is the farewell of our editors Alice Maria Quezado Duval, José Orestes M Carvalho, Marie Y Reghin, RonessaB de Souza, Rosana F Otto, and Rovilson José de Souza. To you all, our deepest and sincere appreciation for the competenceand time dedicated to Horticultura Brasileira. At the same time, we greet Mirtes F Lima, who joins us as the assistant-editor.Welcome, Mirtes!

In this Editor´s Letter, I would like to come back to the theme Impact Factor of scientific journals. Straightforwardspeaking, the Impact Factor is currently accepted as the measure of relevance of a journal to the scientific community. Thehigher the Impact Factor, the higher the relevance. The number used to express the Impact Factor is the ratio between thenumber of citations received by a journal and the number of articles it published. Therefore, the Impact Factor rises as thejournal is more often cited.

At Scielo database, we are in comfortable position. Our Impact Factor, 0.3114 (2008, three-year basis), ranks us amongthe top five journals in our scientific field. Nevertheless, from 2010 ahead, we will also have an international Impact Factorwhich will be published by the Journal Citation Reports, as a result of our indexing at ISI. This is the Impact Factor taken byQualis to categorize scientific journals.

Presently, efforts to increase the Impact Factor of Horticultura Brasileira are keeping us quite busy. In addition tocontinue motivating and aiding authors to publish in English (please, refer to Guidelines for submission of papers, captionThe Publishing Idiom, in the end of this issue), we started being more selective on accepting papers for reviewing. Priorityis strongly given now to manuscripts reporting significant and high-impact results. These measures will change the impactfactor only in the mid-term. However, some consequences are instantaneous, in special, an increase in the number of rejectedpapers.

There is no way out: in future there is no room for good journals, only for outstanding journals. We want to be one of them.

See you in the next issue,

The Editorial Board

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artigo convidado / invited article

Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

As instituições públicas têm um importante papel na coleta, caracteri-

zação e conservação dos recursos ge-néticos vegetais que servem de basepara programas de melhoramento e vi-sam o lançamento de novas cultivaresde interesse do agronegócio brasileiro.Com a venda de tradicionais empresasbrasileiras produtoras de sementes àsgigantes multinacionais e as recentesfusões dessas últimas, o mercado tor-nou-se altamente concentrado e compe-titivo. Parte das empresas brasileiras quecomercializam sementes de hortaliçasnão mantém programas de melhoramen-to próprios e dependem da importação

CARVALHO SIC; BIANCHETTI LB; REIFSCHNEIDER FJB. 2009. Registro e proteção de cultivares pelo setor público: a experiência do programade melhoramento de Capsicum da Embrapa Hortaliças. Horticultura Brasileira 27: 135-138.

Registro e proteção de cultivares pelo setor público: a experiência do pro-grama de melhoramento de Capsicum da Embrapa HortaliçasSabrina IC de Carvalho¹; Luciano de B Bianchetti²; Francisco JB Reifschneider¹¹Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70351-970 Brasília-DF; 2Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, C. Postal 2372, 70770-900Brasília-DF; [email protected]

de cultivares ou do estabelecimento deparcerias com instituições públicas,como universidades e empresas de pes-quisa e desenvolvimento, para a gera-ção de novos genótipos. O Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimen-to (MAPA) estabeleceu mecanismospara cadastrar e organizar informaçõesdetalhadas sobre as características dascultivares habilitadas para a produção ecomercialização, em todo o território na-cional, instituindo o Registro Nacionalde Cultivares (RNC). O RNC é de funda-mental importância para os programasde melhoramento, pois além de assegu-rar a identidade genética e qualidade

varietal das cultivares, resguarda as cul-tivares melhoradas contra a degradaçãodecorrentes de misturas mecânicas, cru-zamentos, trocas de nomes ou denomi-nações e outras ocorrências acidentais.

Histórico - O Registro Nacional deCultivares (RNC) foi fundamentado naantiga Lei de Sementes (Decreto nº81.771, de 7 de junho de 1978), que esta-belecia que as espécies agrícolas, culti-vares ou híbridos, deveriam ser previa-mente aprovados pela entidadecertificadora/fiscalizadora, em função derecomendações de pesquisa e interes-ses da agricultura nacional. Tais princí-pios originaram o Sistema Brasileiro de

RESUMOO registro de cultivares permite a produção e comercialização de

sementes no país. É um processo importante para os programas demelhoramento, pois assegura a identidade genética e a qualidade varietaldas cultivares. Adicionalmente, a proteção de cultivares, que garante osdireitos intelectuais aos obtentores, possibilita que empresas públicase privadas de pesquisa possam ser beneficiadas com o ingresso derecursos decorrentes dos direitos sobre as cultivares que desenvolvemdando sustentabilidade parcial ou total à continuidade de programas demelhoramento e o subseqüente lançamento de novas cultivares de inte-resse para o agronegócio brasileiro. Este trabalho apresenta a experiên-cia do programa de melhoramento de Capsicum da Embrapa Hortaliçase o resultado dos processos de registro e proteção de cultivares depimentas do grupo jalapeño, denominadas BRS Sarakura e BRS Garça.Foram utilizados 48 descritores, sendo que quatro apresentaram po-tencial discriminatório para diferenciar as duas cultivares: altura e lar-gura das plantas, intensidade da coloração verde dos frutos antes damaturação e espessura do pedúnculo. Ambas cultivares apresentamuniformidade de plantas, alta produtividade, alto teores de capsaicina,estabilidade quanto aos descritores avaliados durante os dois ciclos,bem como se mostraram distintas de outras cultivares de pimentas dogênero Capsicum. Para a obtenção do registro e proteção das cultivaresde pimenta foram relevantes a experiência na caracterização morfológicado banco de germoplasma e aplicação dos descritores, o conhecimentoda morfologia da planta, o auxílio de um profissional na área de botâni-ca para identificar as diversas espécies e variedades do gênero Capsicume o conhecimento e cumprimento das exigências burocráticas paraefetivação dos processos.

Palavras-chave: C. annuum, pimentas, sementes.

ABSTRACTRegistration and protection of cultivars in Brazil: the

experience of Embrapa Vegetables’ Capsicum breeding program

The process of registration of new cultivars in the Ministry ofAgriculture, Livestock and Food Supply is an important step forseed production and commercialization in Brazil. Registration assuresthe genetic identity and varietal quality for breeding programs.Additionally, cultivar protection guarantees royalties to private andpublic breeding and seed companies, which can use these resourcesto continue their research and development projects. This paperdescribes the experience in registering and protecting two new jalapeñopepper cultivars (BRS Sarakura and BRS Garça) released by EmbrapaVegetables’ Capsicum breeding program. Four out of 48 botanicaldescriptors showed high discriminatory potential to differentiate thetwo new cultivars: plant length and size, green color intensity infruits before maturity, and peduncle thickness. Both jalapeño cultivarsshowed plant uniformity, high yield and capsaicin content, and geneticstability during two growing-cycles, as well as distinct traits whencompared to other Capsicum cultivars. Lessons learned with cultivarregistration and protection include the need to have prior experiencein morphological characterization and practical application of botanicaldescriptors, the aid of an experienced botanist to identify newCapsicum species and varieties, and finally knowledge of bureaucraticprocedures and requirements.

Keywords: C. annuum, chili peppers, seeds.

(Recebido para publicação em 7 de março de 2009; aceito em 20 de maio de 2009)(Received in March 7, 2009; accepted in May 20, 2009)

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136 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

Avaliação e Recomendação de Cultiva-res (Portaria nº 178, de 21 de julho de1981) e o Sistema Brasileiro de Registrode Cultivares (Portaria nº 271, de 06 deoutubro de 1982), que foram coordena-dos pela pesquisa oficial, através daEmpresa Brasileira de PesquisaAgropecuária (Embrapa). A avaliação eraexecutada sob a forma de convênio co-operativo com outras empresas de pes-quisa, tanto públicas, quanto privadas.Comissões regionais, organizadas porprodutos, eram responsáveis por defi-nir os ensaios de avaliação, as listas derecomendações de cultivares e proporsua homologação junto ao Ministério daAgricultura e do Abastecimento. O Re-gistro de Cultivares também era coorde-nado pela Embrapa, cuja execução ha-via sido delegada ao CENARGEN –Embrapa Recursos Genéticos eBiotecnologia (BRASIL, 2009a).

O Registro Nacional de Cultivares(RNC) - O RNC foi instituído por meioda Portaria nº 527, de 30 de dezembro de1997, mediante a necessidade dedisponibilizar rapidamente para os agri-cultores os mais recentes avanços dapesquisa genética vegetal, além de ade-quar os Sistemas Brasileiros de Avalia-ção e Recomendação de Cultivares e deRegistro de Cultivares aos normativosdos acordos inter-regionais doMERCOSUL. Atualmente o RNC é regi-do pela Lei de Sementes nº 10.711/03(BRASIL, 2009a), que habilita as culti-vares para a produção, beneficiamentoe comercialização de sementes e mudasem todo o território nacional. Para a ins-crição de uma determinada cultivar noRNC, deve-se previamente submetê-la aensaios para determinação do Valor deCultivo e Uso (VCU), ou seja, o valorintrínseco da combinação das caracte-rísticas agronômicas da cultivar com assuas propriedades de uso em ativida-des agrícolas, industriais, comerciais ede consumo in natura. De acordo comas normas estabelecidas, até o presentemomento (1º sem. de 2009), os ensaiosde VCU são exigidos apenas para 29 es-pécies vegetais. Dentre as hortaliças, fo-ram estabelecidas normas somente paraa cultura da batata (AVIANI et al., 2008).Para as demais hortaliças, o pedido deinclusão no RNC deve ser encaminhadoseparadamente para cada cultivar, pormeio de formulário específico (Formulá-rio IX), disponível no sítio eletrônico doMinistério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento - MAPA. O Formulário IXé específico para a inscrição das espéciesvegetais cujos critérios mínimos para a ava-liação do VCU não estejam ainda estabele-cidos. Neste formulário são apresentadosos seguintes dados: genealogia, principaiscaracterísticas morfológicas, biológicas e/ou fisiológicas que identificam a cultivar,relatório técnico indicando a produtivida-de, comportamento ou reação às principaispragas e doenças, região de adaptação eoutros dados que justifiquem a sua impor-tância para o mercado nacional e internacio-nal. O registro é comumente confundidocom a proteção de cultivares. Todavia, es-ses processos possuem objetivos e proce-dimentos distintos, mesmo considerandoque o processo de registro de cultivarespode usufruir e até mesmo ser abreviadopelo processo de proteção de cultivares.Este é o caso quando os ensaios de DHEsão utilizados também para fornecer dadosde registro.

A Proteção de Cultivares - A proteçãode cultivares é regida pela Lei nº 9.456/97 ecoordenada pelo Serviço Nacional de Pro-teção de Cultivares (SNPC), que tem com-petência para acatar os pedidos e assegu-rar o direito de propriedade intelectual dosobtentores de novas combinaçõesfilogenéticas na forma de cultivares distin-tas, homogêneas e estáveis. A proteção dosdireitos intelectuais sobre a cultivar é efe-tuada mediante a concessão de um certifi-cado de proteção de cultivares. Este certifi-cado é considerado um bem móvel e repre-senta a única forma de proteção das espé-cies superiores de plantas (BRASIL, 2009b).Os requisitos necessários para a proteçãode cultivares são os seguintes:

• ser produto de melhoramento ge-nético;

• ser uma espécie passível de pro-teção;

• não ter sido comercializada no ex-terior há mais de quatro anos ou há maisde seis anos, nos casos de videiras ouárvores;

• ser distinta, homogênea e estável.O Registro de Cultivares e Proteção

de Cultivares: diferenças básicas - O re-gistro de cultivares habilita a produção ecomercialização de sementes no país, en-quanto a proteção cobre as obtenções denovas cultivares produzidas pelos progra-mas de melhoramento genético de insti-tuições de pesquisa e assegura o direitode exploração comercial de uso (royalties),por um determinado período de tempo. O

registro é fundamentado na legislação desemente. A proteção tem legislação pró-pria, vinculada a ordenamentos internacio-nais de proteção intelectual. Para registraruma cultivar deve-se previamentesubmetê-la a ensaios de VCU, exigidos paraas espécies que possuem critérios míni-mos estabelecidos. Para a proteção é ne-cessária a comprovação das característi-cas da cultivar por meio de ensaios deDistinguibilidade, Homogeneidade e Es-tabilidade (DHE), que só podem ser reali-zados para as espécies que possuemdescritores morfológicos publicados noDiário Oficial pelo MAPA (AVIANI et al.,2008). Hoje existem cerca de 24 mil cultiva-res de espécies vegetais registradas peloRNC e 1050 cultivares protegidas peloSNPC. Para Capsicum, são 526 cultivaresregistradas (BRASIL, 2009d), nenhumadestas protegida (BRASIL, 2009e), e duasem processo de proteção (BRS Sarakura eBRS Garça).

O registro de cultivares é um instru-mento importante para proteger o agricul-tor da compra de sementes e mudas nãoavaliadas nas condições edafoclimáticasbrasileiras. É um processo simples e bara-to se comparado ao de proteção de culti-vares, bem como de fácil adoção pelossetores público e privado. Por sua vez, aproteção de cultivares pode influenciarmais diretamente nos custos de sementesde cultivares de polinização aberta, umavez que os híbridos dispensam a proteçãolegal, devido às suas características de de-senvolvimento. Os maiores beneficiadospela proteção de cultivares serão os quedetêm maior capacidade para o desenvol-vimento de novos produtos (CASTRO etal., 2006).

O Registro e a Proteção de Cultivaresde Pimentas Capsicum: a experiência daEmbrapa Hortaliças - Desde 1980, aEmbrapa Hortaliças vem conduzindo umprograma de melhoramento genético deCapsicum visando o desenvolvimento delinhagens, cultivares e híbridos com resis-tência múltipla a doenças e com melhor pro-dutividade e qualidade de fruto, de forma aatender as demandas do setor produtivopor novos materiais genéticos dos diferen-tes segmentos do agronegócio brasileiro.Projetos envolvendo parcerias técnicas efinanceiras têm sido desenvolvidos comempresas processadoras de Capsicumobjetivando, principalmente, a obtenção decultivares de pimentão para a produção depáprica e de pimenta dos tipos jalapeño ehabanero, para a produção de molhos e

SIC Carvalho et al.

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137Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

pastas, adaptadas às condiçõesedafoclimáticas brasileiras. Várias cultiva-res de pimentas obtidas pelo programa fo-ram inscritas no Registro Nacional de Culti-vares (RNC): biquinho BRS Moema (RNC22493), dedo-de-moça BRS Mari (RNC22492), pimentão BRS Brasilândia (RNC20920), jalapeños BRS Ema (RNC 22491),BRS Garça (RNC 22896) e BRS Sarakura(RNC 222897). As duas últimas cultivaresforam recentemente encaminhadas para aproteção no Ministério da Agricultura, Pe-cuária e Abastecimento e serão utilizadasaqui para exemplificar este processo.

O ensaio para o RNC, visando o re-gistro das pimentas tipo jalapeño BRSSarakura e BRS Garça foi instalado emum área de um produtor de Catalão, GO(18º09’57’’S, 835 metros de altitude), des-tinada a ensaios pré-comerciais destascultivares, no período de maio a novem-bro de 2007. Cada material foi cultivadoem uma área de três hectares, noespaçamento duplo de (0,60 ou 0,80) x0,40 m correspondendo a 35.714 plantasha-1, irrigadas por meio de pivô-central. Acolheita dos frutos foi realizada em cinco

parcelas aleatórias, com oito plantas porparcela. Foram avaliadas característicasmorfológicas, teor de capsaicina e pro-dutividade de frutos (t ha-1).

Os ensaios de DHE, visando a prote-ção de cultivares, foram instalados no cam-po experimental da Embrapa Hortaliças,Brasília, DF (47°56’S, 997 metros de altitu-de), durante dois ciclos consecutivos. Noprimeiro ciclo (de março a outubro de 2007)e no segundo ciclo (de março a outubro de2008), foram avaliadas além das duas culti-vares de pimentas tipo jalapeño, a popula-ção original de onde foram extraídas e umacultivar de jalapeño comercial disponívelno Brasil. As plantas foram cultivadas emplantio convencional, em uma área de 86,4m², no espaçamento de 0,4 x 0,75 m,totalizando 288 plantas, divididas em oitorepetições. Cada parcela foi formada por 36plantas, sendo que três plantas foram me-didas, totalizando 24 plantas avaliadas paracada cultivar. As cultivares foram caracteri-zadas morfologicamente utilizando osdescritores mínimos estabelecidos parapimentão e pimenta (Capsicum spp), pu-blicados pelo SNPC (BRASIL, 2009c). Fo-

ram utilizados 48 descritoresmorfológicos no processo de proteçãodas cultivares (Tabela 1).

As pimentas BRS Sarakura e a BRSGarça, adaptadas ao Brasil Central, foramdesenvolvidas pelo método genealógico oupedigree. Foram verificados os seguintesresultados para os descritores morfológicosda parte vegetativa para a cultivar BRSSarakura: hábito de crescimento intermediá-rio, porte baixo, cerca de 30 a 50 cm de altu-ra, 65 cm de largura e comprimento da hasteprincipal em torno de 10 cm; e os seguintesresultados para os descritores morfológicosdos frutos: pendentes, formato triangular,coloração verde quando imaturos e verme-lhos escuros quando maduros, com estriasna superfície, peso de aproximadamente 40g, 10 cm de comprimento, 3,2 cm de largurae 5 mm de espessura de parede, picantesdevido ao conteúdo de capsaicina de 58000 SHU (Unidade de Calor Scoville) e comprodutividade 65 t ha-1. Para a cultivar BRSGarça, foram encontrados os seguintes re-sultados para os descritores morfológicosda parte vegetativa: hábito de crescimentoindeterminado, porte médio, cerca de 70 a

Tabela 1. Descritores morfológicos para Capsicum aplicados nos ensaios de Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade, para aproteção de cultivares de pimentas tipo Jalapeño (Capsicum morphological descriptors used in Distinction, Homogeneity, and Stabilityessays for protecting chili pepper cultivars, jalapeño type). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2009.

Descritores morfológicos Descritores morfológicos

1. Plântula: pigmentação antociânica no hipocótilo 25. Fruto: posição

2. Planta: posição das hastes 26. Fruto: comprimento

3. Planta: comprimento da haste 27. Fruto: diâmetro

4. Planta: entrenós curtos (na parte mais alta) 28. Fruto: forma predominante da seção longitudinal

5. Planta: altura 29. Fruto: forma predominante da seção transversal

6. Planta: comprimento do entrenó (apenas cultivares sem entrenó curto) 30. Fruto: sinuosidade do pericarpo na porção basal

7. Planta: pigmentação antociânica na altura dos nós 31. Fruto: textura da superfície

8. Folha: comprimento da lâmina 32. Fruto: coloração na maturidade

9. Folha: largura 33. Fruto: intensidade da coloração na maturidade

10. Folha: coloração 34. Fruto: brilho

11. Folha: variegação 35. Fruto: profundidade da depressão peduncular

12. Folha: pigmentação antociânica 36. Fruto: forma do ápice

13. Folha: pilosidade 37. Fruto: profundidade dos sulcos interloculares

14. Folha: rugosidade 38. Fruto: número predominante de lóculos

15. Flor: número de flores por axila 39. Fruto: espessura do pericarpo

16. Flor: posição do pedúnculo 40. Placenta: tamanho

17. Flor: coloração da corola 41. Pedúnculo: comprimento

18. Flor: mancha na corola 42. Pedúnculo: espessura

19. Flor: coloração da mancha na corola 43. Cálice: margem

20. Flor: coloração da antera 44. Cálice: constrição anelar

21. Flor: coloração do filamento 45. Cálice: aspecto

22. Flor: posição do estigma 46. Fruto: capsaicina na placenta

23. Fruto: coloração antes da maturação 47. Ciclo até o florescimento

24. Fruto: intensidade da coloração antes da maturação 48. Ciclo até a maturação

Fonte: BRASIL (2009c), com modificações.

Registro e proteção de cultivares pelo setor público: a experiência do programa de melhoramento de Capsicum da Embrapa Hortaliças

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90 cm de altura, 70 a 80 cm de largura ecomprimento da haste principal em tornode 10 cm; e os seguintes resultados para osdescritores morfológicos dos frutos: os fru-tos assemelham-se aos da BRS Sarakura,porém com menor conteúdo de capsaicina(50.000 SHU) e produtividade (55 t ha-1).

Nos dois ciclos dos ensaios de DHEconduzidos no campo experimental daEmbrapa Hortaliças, as cultivares BRSSarakura e BRS Garça apresentaram uni-formidade de plantas, homogeneidadepara os descritores aplicados, estabilida-de durante os dois ciclos, bem como sedistinguiram das outras cultivares avalia-das. Além disso, apresentaram alta produ-tividade e frutos com alto teor decapsaicina. Dos 48 descritores utilizados,os quatro listados a seguir (Tabela 2) apre-sentaram potencial discriminatório paradiferenciar, entre si, as cultivares jalapeñoBRS Sarakura e BRS Garça: (a) altura e (b)largura das plantas, (c) intensidade da co-loração verde dos frutos antes damaturação e (d) espessura do pedúnculo.Além desses descritores, outros quatro,totalizando um conjunto de oito (Tabela 2)apresentaram potencial discriminatóriopara diferenciar todos os materiais avalia-dos: (a) pigmentação antociânica na altu-ra dos nós; (b) comprimento e (c) diâmetrodos frutos e (d) espessura do pericarpo.Para que o processo de proteção de culti-vares seja efetivado, o melhorista respon-sável deverá conhecer o comportamentoda espécie, dos grupos e variedades, des-tacando-se a importância da comparaçãoda nova cultivar com as cultivares exis-tentes no mercado, por meio de caracterís-ticas morfológicas, resistência a doenças,precocidade e homogeneidade, mantidasao longo dos ciclos de produção das plan-tas. Espera-se que as cultivares de pimen-

ta do tipo jalapeño BRS Sarakura e BRSGarça sejam as primeiras cultivares prote-gidas de Capsicum, de acordo com a le-gislação vigente.

Lições aprendidas - Dentre as prin-cipais lições aprendidas durante a exe-cução dos processos de registro e pro-teção de cultivares de pimentasCapsicum na Embrapa Hortaliças, po-demos destacar:

• a experiência na caracterizaçãomorfológica do banco de germoplasmae aplicação dos descritores foram fun-damentais para o exercício de ambosprocessos;

• o conhecimento da morfologia daplanta é imprescindível para descrever comprecisão as características da cultivar;

• a cultivar a ser protegida deve serclaramente distinguível das demais culti-vares já conhecidas da mesma espécie;

• a participação ativa de um pro-fissional da área de botânica para iden-tificar as diversas espécies e variedadesdo gênero Capsicum é essencial paraagilizar e tornar o processo seguro;

• conhecer e cumprir as exigênciasburocráticas para a efetivação dos pro-cessos.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. 2009a, 28 de abril. Ministério da

Tabela 2. Descritores morfológicos diferenciadores de Capsicum aplicados nos ensaios de Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade,para a proteção de cultivares de pimentas tipo jalapeño (Discriminatory Capsicum morphological descriptors used in the Distinction,Homogeneity, and Stability assays for protecting chili pepper cultivars, jalapeño type). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2009.

Descritores Morfológicos Pimentas tipo Jalapeño

Planta BRS Sarakura BRS Garça Pop. Original Comercial

Pigmentação antociânica na altura dos nós média médiaausente a fraca atémuito forte

Média

Altura curto até 65 cm médio > 65 a 85 cm curto a médio curto até 65cm

Largura pequena até 70 cm média > 70 a 100 cm pequena a média pequena até 70 cm

Fruto

Intensidade da cor verde antes da maturação média escura escura Média

Comprimento muito longo > 9 cm muito longo > 9 cm longo a muito longo longo > 7 a 9 cm

Diâmetro grande > 3 a 4cm grande > 3 a 4cm médio a grande médio > 2 a 3 cm

Espessura do pericarpo grossa > 4,5 mm grossa > 4,5 mm média a grossa média > 3 a 4,5 mm

Espessura do pedúnculo grossa > 5 mm média > 3 a 5 mm média > 3 a 5 mm média > 3 a 5 mm

Agricultura, Pecuária e Abastecimento.Registro Nacional de cultivares: orientaçõese informações técnicas. Disponível em:<http://http://www.agricultura.gov.br/pls/portal/docs/PAGE/MAPA/SERVICOS/C U L T I V A R E S /S E M E N T E S _ M U D A S _ N O V O /I N F O R M A C O E S _ U S U A R I O S /INFORME_2007_CORRIGIDO_0.PDF>.

BRASIL. 2009b, 28 de abril. Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento.Informações aos usuários dos SNPC.Disponível em: <http: //www.agricultura.gov.br/pls/portal/docs/PAGE/MAPA/SERVICOS/CULTIVARES/P R O T E C A O /INFORMACOES_USUARIOS_PROTECAO/INFORMACAO_DE_USUARIOS_DO_ S N P C _ O U T U B R O _ 2 0 D E _0UTUBRO_DE_2008.PDF>.

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SIC Carvalho et al.

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pesquisa / research

Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

No Brasil, a cebola ocupa entre ashortaliças o terceiro lugar em im-

portância econômica (Souza & Resende,2002). A fertilização constitui uma daspráticas agrícolas mais caras e de maiorretorno econômico, resultando em maio-res rendimentos e em produtos maisuniformes e de maior valor comercial(Ricci et al., 1995). O fato relevante dese determinar uma dose adequada àsculturas relaciona-se às perdas porvolatilização e lixiviação que ocorremcom nitrogênio e potássio, que segun-do Pôrto et al. (2007) são os mais absor-vidos em termos de porcentagem namatéria seca da cebola. O diâmetro dobulbo e a produtividade aumentaramcom o incremento das doses até 80 kgha-1 de N, não havendo diferenças sig-nificativas da dose de 120 kg ha-1 de N(Singh & Sharma, 1991). Faria & Pereira.(1992), verificaram nas condições do

RESENDE GM; COSTA ND; PINTO JM. 2009. Rendimento e conservação pós-colheita de bulbos de cebola com doses de nitrogênio e potássio.Horticultura Brasileira 27: 139-143.

Rendimento e conservação pós-colheita de bulbos de cebola com doses denitrogênio e potássioGeraldo M de Resende; Nivaldo Duarte Costa; José Maria PintoEmbrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56302-970 Petrolina-PE; [email protected]

Vale do São Francisco, que o nível eco-nômico de N para produtividade na cul-tura da cebola é de 115 kg ha-1.Vachchani & Patel (1996) aplicando 150kg ha-1 de N na cultura da cebola obtive-ram aumento na altura das plantas, nú-mero de folhas por planta, peso e tama-nho do bulbo e na produtividade, po-rém sem mostrar diferenças significati-vas na dose de 100 kg ha-1 de N, para opeso do bulbo e a produtividade. Au-mentos na produção de cebola com apli-cações de doses de N têm sido relata-das por diversos autores (Dixit, 1997;Hussaini et al., 2000; Neeraja et al., 2001;Diaz-Perez et al., 2003; Singh et al., 2000;Boyhan et al., 2007). Entretanto, outrostrabalhos não encontraram respostaspositivas à aplicação de nitrogênio (Patelet al., 1992; Batal et al., 1994; Hensel &Shumaker, 1991).

Apesar das plantas de cebolaextrairem grandes quantidades de potás-sio, respostas da cultura a esse nutrien-te, de maneira geral, não têm sido obser-vadas (Filgueira, 2003) e há poucos re-sultados que confirmam efeito signifi-cativo do fertilizante potássico na pro-dutividade, embora não se conheça oseu efeito sobre a qualidade e a conser-vação do produto (Magalhães, 1993).Sharma (1992) e Shukla et al. (1992), ob-tiveram um incremento na produtivida-de da cultura com a aplicação de 40 kg/ha de potássio, sem verificar qualquerefeito adicional quando se aplicaramdoses superiores (80 e 160 kg ha-1 deK

2O).

No que se refere a bulbos armazena-dos sob condições ambientais, Singh &Dhankhar (1991) verificaram que a perdade peso e a incidência de bulbos podrese brotados aumentaram com o incremen-

RESUMOO experimento foi conduzido de março a novembro de 2001, em

Petrolina-PE, com o objetivo de avaliar a influência de doses de nitro-gênio e potássio aplicadas via fertirrigação sobre o rendimento econservação pós-colheita da cebola. Utilizou-se a cultivar FranciscanaIPA-10, no delineamento experimental de blocos ao acaso, em esque-ma fatorial 4 x 3, compreendendo quatro doses de nitrogênio (0; 60;120 e 180 kg ha-1) e três doses de potássio (0; 90 e 180 kg ha-1 deK

2O), com três repetições. A adubação nitrogenada apresentou efei-

tos lineares positivos na produtividade comercial independente daadubação potássica. Para a produtividade não comercial (refugos)constataram-se reduções lineares na ausência da adubação potássicae nas doses de 90 e 180 kg ha-1 de K

2O, com o incremento das doses

de nitrogênio. O aumento das doses de nitrogênio proporcionou umincremento linear na massa fresca dos bulbos. Não se constataramefeitos significativos para perda de massa aos 40 e 80 dias após cura,com a aplicação de nitrogênio e potássio.

Palavras-chave: Allium cepa, cultivo de inverno, produtividade, adu-bação NK.

ABSTRACTYield and post-harvest conservation of onion bulbs using

doses of nitrogen and potassium

This study was carried out from March to November 2001, inPetrolina, Pernambuco State, Brazil, to evaluate the influence ofnitrogen and potassium levels applied through fertirrigation, on yieldand post-harvest quality of onion bulbs. Cultivar Franciscana IPA-10 was used in a randomized complete block design, in a 4 x 3factorial arrangement, with four nitrogen levels (0; 60; 120 and 180kg ha-1) and three potassium levels (0; 90 and 180 kg ha-1 of K

2O)

with three replications. The applied levels of nitrogen showed lineareffects on the commercial yield independent of the potassiumfertilization. The non-commercial yield (calls) showed linearreductions in the three potassium levels, with the increase in nitrogenlevels. With the increase of applied nitrogen levels a linear effect onthe fresh mass of the bulbs was observed. There were no significanteffects of nitrogen and potassium application on the mass loss of thebulbs at 40 and 80 days after cure.

Keywords: Allium cepa, yield, winter cultivation, NK fertilization.

(Recebido para publicação em 10 de dezembro de 2007; aceito em 13 de maio de 2009)(Received in December 10, 2007; accepted in May 13, 2009)

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to das doses de nitrogênio (80 a 160 kgha-1 de N) e reduziu com a dose de 100 kgha-1 de K

2O. As melhores respostas para

a qualidade de armazenamento foram ob-tidas com as doses de 80 kg ha-1 de Nmais 100 kg ha-1 de K

2O.

Neste trabalho, avaliou-se o efeito dedoses de nitrogênio e potássio na pro-dutividade e conservação pós-colheita debulbos de cebola no Vale do São Francis-co, em condições de inverno.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido de mar-ço a novembro de 2001, em campo experi-mental da Embrapa Semi-Árido, emPetrolina-PE. O solo classificado comoLatossolo Vermelho Amarelo Distróferrico(Embrapa, 1999), apresentou pH (H

2O)=

6,8; Ca= 2,1 cmolcdm-3; Mg= 0,7 cmol

cdm-3

Na= 0,01 cmolcdm-3; K= 0,27 cmol

cdm-3;

Al= 0,00 cmolcdm-3, P(Mehlich)= 32,0 mg

dm-3 e M.O.= 6,8 g kg-1.

O delineamento experimental utiliza-do foi blocos ao acaso, em esquemafatorial 4x3, compreendendo quatro do-ses de nitrogênio (0; 60; 120 e 180 kg ha-1)e três doses de potássio (0; 90 e 180 kgha-1) com três repetições. As unidadesexperimentais foram distanciadas uma daoutra por 2,0 m e constituiram-se de umcanteiro com oito linhas de 3,0 m de com-primento, espaçadas de 0,15 m, com 0,10m entre plantas, perfazendo uma áreatotal de 3,6 m2 (3,0 x 1,2 m), sendo utiliza-das como área útil as seis linhas cen-

trais, retirando-se 0,50 m em cada extre-midade (1,80 m2).

A adubação de plantio constou de60 kg ha-1 de P

2O

5 (superfosfato simples)

baseada na análise do solo. As aduba-ções nitrogenada (uréia) e potássica (sul-fato de potássio) foram aplicadas viaágua de irrigação, diariamente, utilizan-do-se injetores hidráulicos de fertilizan-tes, de acordo com os diferentes trata-mentos, iniciando-se aos cinco dias apóso transplantio, sendo aplicadas por 44vezes para o nitrogênio, totalizando ses-senta dias consecutivos e por 59 vezespara o potássio totalizando setenta diasconsecutivos.

A semeadura da cultivar FranciscanaIPA-10 foi feita em 22 de março de 2001 eo transplante efetuado 30 dias após. Opreparo do solo constou de aração,gradagem e levantamento dos canteirosa 0,20 m de altura. A cultura foi mantidano limpo através de capinas manuais e airrigação por microaspersão realizadadiariamente, com lâminas em torno de 5mm, baseada na evaporação do tanqueclasse A, e suspensa 20 dias antes dacolheita. Os tratos fitossanitários foramrealizados de acordo com as recomen-dações para a cultura da cebola.

A colheita foi realizada em 14 de agostode 2001 quando as plantas apresentaramsinais avançados de senescência, comoamarelecimento e seca das folhas e mais de70% das plantas encontravam-se estaladas.A cura foi realizada ao sol por 3 dias e 12dias à sombra em galpão ventilado.

Foram avaliadas a produtividade co-mercial de bulbos (bulbos perfeitos e comdiâmetro transversal acima de 35 mm) enão comerciais (refugos) (com diâmetroinferior a 35 mm) expressas em t ha-1, aos15 dias após a cura. A massa fresca debulbo (g bulbo-1) foi determinada divi-dindo-se o peso de bulbos comerciaisapós a cura pelo número de bulbos.Após o período de cura, os bulbos fo-ram armazenados à temperatura ambien-te (média mensal de 26,1°C) e umidaderelativa média (57,3%) e realizadas pesa-gens aos 40 e 80 dias, sendo os valorescomparados àqueles obtidos ao final dacura (15 dias após colheita). Os valoresforam transformados em porcentagem deperda de massa. A classificação de bul-bos comerciais segundo o diâmetrotransversal (mm) foi feita de acordo comBrasil (1995) em classe 2 (>35 até 50 mmde diâmetro); classe 3 (>50 até 70 mm);classe 4 (>70 ate 90 mm) e classe 5 (>90mm). Os dados foram expressos em por-centagem. Os dados coletados foramsubmetidos à análise de variância e re-gressão polinomial ao nível de 5% deprobabilidade. Os dados de porcenta-gem foram transformados em arco-seno P / 100 para efeitos de análise.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se efeitos significativospara as doses de nitrogênio e potássio,assim como para sua interação, varian-do com as características avaliadas.

As doses de nitrogênio apresenta-ram efeitos significativos lineares posi-tivos na produtividade comercial na au-sência da adubação potássica, como nasdoses de 90 e 180 kg ha-1 de K

2O (Figura

1). Observa-se, ainda pela Figura 1 in-cremento na produtividade comercialcom o aumento também das doses depotássio, contudo, em baixa magnitude,apresentando as doses de 90 e 180 kgha-1 de K

2O produtividades similares.

Neste contexto, infere-se ser a dose de90 kg ha-1 de K

2O a mais adequada nas

condições estudadas, tendo em vistaque na maior dose de N (180 kg ha-1)apresentou 58,7 t ha-1 contra 58,8 t ha-1,obtidos pela dose de 180 kg ha-1 de K

2O.

Pelos resultados obtidos infere-se ser

Figura 1. Produtividade comercial de bulbos de cebola nas doses 0; 90 e 180 kg ha-1 depotássio em função das doses de nitrogênio (Commercial yield of onion bulbs on the levels 0;90 and 180 kg ha-1 at potassium in response to the nitrogen levels). Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 2001.

GM Resende et al.

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as doses de 180 kg ha-1 de nitrogênio e90 kg ha-1 de K

2O as mais adequadas em

termos produtivos. Respostas positivasda aplicação de nitrogênio na cultura dacebola têm sido relatadas por diversosautores até as doses de 150 kg ha-1 (Diaz-Perez et al., 2003; Singh et al., 2004) e200 kg ha-1 (Neeraja et al., 2001) de for-ma isolada. Em interação, Singh et al.(2000) verificaram maiores produtivida-des com 100 kg/ha de N e 83 kg ha-1 deK

2O; Syed et al. (2000) com 120 kg/ha

de N e 90 kg ha-1 de K2O; enquanto

Mandira & Khan (2003), obtiveram me-lhores rendimentos com 150 kg ha-1 deN e 75 kg ha-1 de K

2O.

A literatura relata um antagonismoentre estes elementos; no entanto, osresultados obtidos sugerem uma respos-ta complementar, todavia, evidenciandoser o nitrogênio o principal fator que afe-ta positivamente a produtividade. Deacordo com Silva Junior. (1987) este an-tagonismo tem origem em adubaçõesdesequilibradas, afirmação corroboradapor Resende et al. (1997), que afirmamque há um efeito significativo e comple-mentar na absorção de nitrogênio e po-tássio, e que o importante é a necessi-dade de um adequado nível de potássiopara incrementar a produtividade com aadição de nitrogênio.

Resultados similares foram obtidospara a produtividade não comercial (re-fugos) em relação inversa, onde consta-tou-se reduções lineares na ausência daadubação potássica, assim como nasdoses de 90 e 180 kg ha-1 de K

2O, com o

incremento das doses de nitrogênio (Fi-gura 2). Observa-se que tanto as aplica-ções de nitrogênio, como as de potás-sio promoveram menores produções debulbos considerados refugos, o quedenota uma interação entre esses nu-trientes já comentada na variável ante-rior. Assim como se pode verificar que oefeito da aplicação de nitrogênio foi maisexpressiva do que a promovida pelopotássio, verificado pela inclinação evariação entre linhas. Cabe salientar quecomo a característica anterior, houve si-milaridade no comportamento das do-ses de 90 e 180 kg ha-1 de K

2O, sobretu-

do, na maior dose de nitrogênio. May(2006) encontrou com aplicação de 115kg ha-1 de N e 150 kg ha-1 de K

2O, redu-

ções na quantidade de bulbos conside-rados não comerciais (refugos).

Para a massa fresca do bulbo verifi-cou-se efeito apenas para doses de ni-trogênio (Figura 3). O aumento das do-ses proporcionou um incrementogradativo na massa fresca dos bulbos.Estes resultados mostram a capacidadede resposta da cebola à aplicação de ni-trogênio e alicerça as afirmações de di-versos autores que relatam que o ele-mento contribui marcadamente para pro-dução de bulbos de maior tamanho (mas-sa fresca) e conseqüentemente melhorprodutividade da cultura (Singh &Sharma, 1991; Faria & Pereira, 1992;Vachchani & Patel, 1996; Hussaini et al.,2000).

A classificação de bulbos comerciaisde cebola foi influenciada pela interaçãodos fatores estudados (Tabela 1), sen-do obtidos apenas bulbos classes 2 e 3.No que se refere à classificação de bul-

bos classe 2 que são bulbos de tama-nho inferior (>35 até 50 mm de diâme-tro), verificou-se tanto na ausência comona presença da adubação potássica re-duções lineares na produção de bulbosnesta classe com o incremento das do-ses de nitrogênio. Resultados similaresforam obtidos para classe 3 que são bul-bos maiores (>50 até 70 mm de diâmetro)em ordem inversa, ou seja, obtiveramefeitos lineares positivos na ausência enas dose de 90 e 180 kg ha-1 de K

2O,

onde registrou-se com o incremento dasdoses de nitrogênio e potássio maiorespercentagens de bulbos de tamanhosuperior (Tabela 1). Todavia, como ascaracterísticas anteriores, apesar dasaplicações de potássio mostrarem-sesignificativas, foram de baixa magnitu-de. Estes resultados corroboram as afir-mações de Maier et al. (1990), que rela-

Figura 2. Refugos (produtividade não comercial) de bulbos de cebola nas doses 0; 90 e 180kg/ha de potássio em função das doses de nitrogênio (Non-commercial yield of onion bulbs(culls) on the levels of 0; 90 and 180 kg ha-1 of potassium in response to the nitrogen levels).Embrapa Semi-Árido, 2001.

Figura 3. Massa fresca de bulbos de cebola em função das doses de nitrogênio (fresh mass ofonion bulbs in response to the nitrogen levels). Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 2001.

Rendimento e conservação pós-colheita de bulbos de cebola com doses de nitrogênio e potássio

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142 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

tam ser o nitrogênio de grande impor-tância para o aumento de bulbos comer-cialmente desejáveis, dos quais, segun-do Silva et al. (1991), os de classe 3 têma preferência do mercado consumidornacional.

Para perda de massa, não se consta-tou efeitos significativos aos 40 dias,verificando-se variações para doses denitrogênio entre 4,2 e 7,1% e 5,5 a 6,3%para doses de potássio. Da mesma for-ma, aos 80 dias após a cura, observa-ram-se variações para doses de nitrogê-nio entre 14,5 e 14,7% e 13,1 a 15,0%para doses de potássio. Apesar dos re-sultados não serem significativos, evi-denciou-se que as perdas foram maio-res com o aumento das doses de nitro-gênio e menores com o incremento dasdoses de potássio. Singh & Dhankhar(1991) verificaram em bulbos armazena-dos sob condições ambientais que aperda de massa e a incidência de bulbospodres e brotados aumentaram com oincremento das doses de nitrogênio (80a 160 kg ha-1 de N) e reduziram com adose de 100 kg ha-1 de K

2O. As doses de

80 kg ha-1 de N mais 100 kg ha-1 de K2O

obtiveram as melhores respostas em ter-mos de armazenamento.

Vale a pena salientar que a área utili-zada para o experimento apresentou solocom teor de K= 0,27 cmol

c dm-3, o que é

considerado alto e que de acordo comCavalcanti (1998) necessitaria de incor-poração de 90 kg ha-1 de K

2O. Os re-

sultados obtidos indicaram ser esta a dosemais adequada quando associada (eminteração) ao nitrogênio, que proporcio-na maior produtividade comercial, meno-res produções de bulbos não comerciais(refugos) e bulbos de maior diâmetro. Noentanto, caso o presente estudo fosse

realizado em um solo com teores meno-res de potássio, certamente se obteriaresultados provavelmente superiores.

Os resultados obtidos permitem con-cluir que as maiores produtividades co-merciais de bulbos de cebola foram ob-tidas com as doses de 180 kg ha-1 denitrogênio e 90 kg ha-1 de K

2O; que as

aplicações de nitrogênio e potássio pro-moveram redução na produtividade nãocomercial de bulbos (refugos) e aindaque, na interação o nitrogênio é o nu-triente de maior importância, em termosde produtividade e diâmetro do bulbo,sendo potássio mais relevante na con-servação pós-colheita.

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Tabela 1. Equações de regressão para classificação, em classes (%), segundo o diâmetrotransversal de bulbos de cebola de doses (D) de potássio (K) e nitrogênio (N) (regressionequations for classification (%), according to the transversal diameter of onion bulbs to thepotassium (K) and nitrogen (N) levels (D). Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 2001.

Características Equações de regressão

Classe 2

N : K (0) Y = 37,0901 - 0,0897*D R² = 0,70

N : K (90) Y = 34,8972 - 0,0641**D R² = 0,70

N : K (180) Y = 30,1328 - 0,1050**D R² = 0,85

Classe 3

N : K (0) Y = 52,9098 + 0,0897**D R² = 0,78

N : K (90) Y = 55,1027 + 0,0641**D R² = 0,72

N : K (180) Y = 59,8671 + 0,0647**D R² = 0,85

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Desempenho e qualidade de frutos de tomateiro em cultivo protegido comdiferentes números de hastesHamilton César de O Charlo; Samuel de C Souza; Renata Castoldi; Leila T BrazUNESP-FCAV, Depto Produção Vegetal Rodov. Prof. Paulo Donato Castellane s/n, 14884-900 Jaboticabal-SP; [email protected]

O tomateiro (Solanum lycopersicum)é originário da América do Sul

(Polston & Anderson, 1999), e está am-plamente distribuído pelo mundo intei-ro. Caracteriza-se como uma das princi-pais espécies oleráceas, sendo consu-mido na forma in natura ou industriali-zado.

Dentre as hortaliças cultivadas noBrasil, o tomateiro é a mais importante,considerando-se os aspectossocioeconômicos (Martins, 1992). Deacordo com Agrianual (2007), de 1999 a2006 a produção nacional de tomatemanteve-se praticamente constante,embora tenha ocorrido diminuição naárea plantada da ordem de 16,3%. Comprodução anual de cerca de 3,2 milhõesde toneladas numa área de pouco mais

de 50.000 ha, o Brasil é o nono maiorprodutor mundial.

De acordo com Filgueira (2003), apluviosidade excessiva é o fatoragroclimático mais prejudicial àtomaticultura, além disso, tem-se tam-bém, a elevada umidade relativa do ar,que favorece o aparecimento de doen-ças fúngicas e bacterianas.

Uma alternativa para a tomaticulturaé o cultivo protegido, uma vez que tornapossível obter-se boa produtividade, fru-tos de excelente qualidade e estabilidadede oferta durante o ano (Martins, 1984).

Em casa de vegetação, o tomateirodeve ser tutorado onde práticas cultu-rais como desbrotas, raleios e podasapicais devem ser adotadas (Postingheret al., 1996). A poda é uma das práticas

que mais interferem na produção e naqualidade dos frutos desta hortaliça,sendo muito usada em cultivares de cres-cimento indeterminado. Existem diversoscritérios para se efetuar a poda, os quaisdependem da cultivar e do uso a que sedestinam (Zupolini, 1993).

Diante da grande importância dessahortaliça e da necessidade de pesqui-sas sobre sistemas de condução da cul-tura, este trabalho teve por objetivo ava-liar diferentes orientações de crescimen-to, em tomateiro cultivado sob ambienteprotegido, em Jaboticabal-SP.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em casade vegetação, de maio a novembro de

RESUMOCom o objetivo de avaliar diferentes orientações de crescimento,

em tomateiro cultivado sob ambiente protegido, e seus efeitos sobrea produtividade e qualidade, foi conduzido um experimento em casade vegetação, em solo preparado de acordo com as recomendaçõestécnicas para a cultura. Adotou-se o espaçamento de 1,0 m entrelinhas por 0,5 m entre covas. Foi utilizado o delineamento em blocoscasualizados com 8 tratamentos e 4 repetições, em esquema fatorial2x2x2, sendo dois sistemas de condução (deixando-se apenas umahaste por planta e deixando-se duas hastes por planta); dois sistemasde desbrota (convencional e diferenciada); dois números de plantaspor cova (uma e duas plantas por cova). Cada parcela foi constituídade sete plantas, sendo avaliadas as cinco plantas centrais de cadaparcela. Na desbrota convencional todos os brotos laterais foramretirados e, na desbrota diferenciada foram deixados os brotos late-rais, e nestes um rácemo. Foram avaliados o número de rácemos porplanta, altura do primeiro rácemo, número de frutos por planta, diâ-metro e comprimento dos frutos, espessura da polpa, massa dosfrutos, número de lóculos por fruto, diâmetro do lóculo, produçãoestimada total e comercial, pH, acidez titulável, sólidos solúveis evitamina C. Para as condições em que o trabalho foi conduzido e combase nos resultados obtidos recomenda-se a condução de duas plan-tas por cova, duas hastes por planta e desbrota do tipo convencional.

Palavras-chave: Solanum lycopersicum Mill, produtividade, qualidade.

ABSTRACTPerformance and quality of tomato fruits of Santa Cruz

group in greenhouse with different number of stems

An experiment in a greenhouse was conducted to evaluatedifferent orientations of growth of tomato plants, and the effect onproductivity. The soil was prepared according to technicalrecommendations for the culture and soil analysis. Plants were spaced1.0 m between rows and 0.5 m between plants in the line. Theexperimental design was comprised of a complete randomized blockdesign, with eight treatments and four repetitions, in factorialarrangement of 2x2x2. Each plot consisted of seven plants, whereonly the central five plants of each plot were evaluated. Two systemsof conduction were used (leaving only one stem per plant and leavingtwo stems per plant); and two systems of pruning (conventional anddifferentiated); and two numbers of plants per hollow (one plant perhollow and two plants per hollow). In the conventional pruning allthe lateral sprouts were removed and, in the differentiated pruningthe lateral sprouts were left, and in these one raceme. We evaluatedthe number of raceme per plant, height of the first raceme, number offruits per plant, diameter and length of fruits, thickness of pulp,weight of fruits, number of locules per fruit, diameter of locule,commercial and total yield estimated, pH, titratable acidity, solublesolids and vitamin C. The conduction of two plants per hollow, twostems per plant and conventional pruning type are recommended.

Keywords: Solanum lycopersicum Mill, productivity, qualitity.

(Recebido para publicação em 26 de fevereiro de 2008; aceito em 8 de maio de 2009)(Received in February 26, 2008; accepted in May 8, 2009)

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145Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

2006, na UNESP, Câmpus de Jaboticabal.O local está a uma altitude de 614 m,21º14’05" de latitude Sul e 48º 17’09" delongitude Oeste. O solo da área foi clas-sificado como sendo Latossolo Verme-lho Eutroférrico (Embrapa, 1999).

Utilizou-se do delineamento experi-mental em blocos casualizados, com oitotratamentos e quatro repetições, em es-quema fatorial 2x2x2, sendo utilizado,dois sistemas de condução (deixando-se apenas uma haste por planta e dei-xando-se duas hastes por planta); doissistemas de desbrota (desbrota conven-cional e desbrota diferenciada) e doisnúmeros de plantas por cova (uma plan-ta por cova e duas plantas por cova).Cada parcela foi constituída de sete plan-tas, sendo avaliadas as cinco plantascentrais.

Nos tratamentos que constavam deduas hastes por planta, a segunda has-te foi definida como aquela imediatamen-te abaixo da primeira inflorescência daplanta. Para tratamentos de desbrota, naconvencional todos os brotos lateraisforam retirados e, na diferenciada foramdeixados todos os brotos laterais, e nes-tes um rácemo. Após o surgimento dorácemo, no broto lateral, deixou-se maisuma folha e fez-se a capação do broto.Quando as plantas atingiram dois metrosde altura realizou-se a capação.

Foi utilizada a cultivar de tomateiroAlambra F

1, a qual apresenta as caracte-

rísticas: cultivar do grupo Santa Cruz,com a característica “longa vida”, plan-tas uniformes, vigorosas, produtivas,precoces, e de crescimentoindeterminado. Os frutos são uniformescom formato globular, de coloração ver-melho intenso quando maduros, resis-tentes ao rachamento concêntrico e ra-dial e pesam acima de 200 gramas. Apre-senta resistência a Verticillium dahliae,Fusarium oxysporum, Cladosporiumfulvum, Meloidoigyne incognita, M.hapla, M. javanica e M. arenaria(Clause Tézier, 2005).

A semeadura foi realizada em 20 demaio de 2006, em bandejas depoliestireno expandido de 128 célulaspiramidais, preenchidas com substratoPlantmax® HT.

O preparo do solo, no interior da casade vegetação, constou de umdestorroamento, feito por enxada

rotativa. Foi realizada adubação de plan-tio mediante análise de solo e as reco-mendações técnicas para a cultura, con-forme Raij et al. (1997).

As mudas foram transplantadasquando apresentavam de 4 a 6 folhasdefinitivas no espaçamento de 1,00 mentre linhas de plantio por 0,50 m entrecovas. As plantas foram tutoradas comfitilhos de polietileno, fixados vertical-mente em fios de arame, esticados hori-zontalmente em mourões de madeira. Afixação das plantas ao tutor foi feita pormeio do enrolamento do fitilho nosinternódios da planta. A condução dasplantas foi de acordo com os tratamen-tos preconizados.

Demais tratos culturais efitossanitários foram realizados de acor-do com o recomendado para a cultura.Foram avaliadas as cinco plantas cen-trais de cada parcela experimental, ten-do início em 27 de setembro de 2006,quando os frutos se apresentavam noinício da maturação e estendendo-se até27 de novembro de 2006. Logo após acolheita, os frutos foram levados ao la-boratório para as análises das caracte-rísticas de produção.

Foram avaliados o número derácemos por planta; altura do primeiroracemo (45 dias após o transplante (cm));número médio de frutos por planta; diâ-metro médio do frutos (cm); comprimen-to médio dos frutos (cm); espessuramédia da polpa (mm); massa média dosfrutos (g); número médio de lóculos porfruto; diâmetro médio do lóculo (mm);produção estimada total e comercial (tha-1); pH (determinado no extrato dosuco de cinco frutos, com auxílio depeagâmetro digital (Ferreria et al., 2006));acidez titulável (emprego de umaalíquota de 10 ml de suco, ao qual foiadicionado 40 ml de água destilada e trêsgotas do indicador fenolftaleína alcoóli-ca a 1%; após, titulação com solução deNaOH 0,1 N, até o ponto de viragem (%de ácido cítrico)); sólidos solúveis (usode refratômetro manual obtendo os va-lores em %, corrigidos a 20ºC, no sucode cinco frutos por parcela (ºBrix)).

As médias foram submetidas à análi-se de variância, conforme delineamentoproposto e posteriormente comparadaspelo teste de Tukey a 5% de probabili-dade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a característica número de fru-tos por planta, observou-se que houveinteração entre os fatores número deplantas por cova e número de hastes porplanta e também entre os fatores núme-ro de plantas por cova e tipo de desbrota(Tabela 1).

Tanto para a condução de uma ouduas plantas por cova verificou-se quea condução de duas hastes por plantade tomateiro proporcionou maior núme-ro de frutos por planta, apresentando70,57 e 46,96 frutos planta-1, respectiva-mente (Tabela 3).

Ressalte-se que a condução de duasplantas por cova apresentou menor nú-mero de frutos por planta (39,17 quandoorientada com 1 haste e 46,96 quandoorientada com duas hastes). Carvalho& Tessarioli Neto (2005) também verifi-caram menor número de frutos por plan-ta quando conduzidas com uma haste,em comparação às conduzidas com duashastes. Isso se deve ao fato de que plan-tas conduzidas com duas hastes emitemmaior número de rácemos econsequentemente produzem maior nú-mero de frutos.

Para a interação entre os fatores nú-mero de plantas por cova e tipo dedesbrota, observou-se maior número defrutos por planta com a condução de umaplanta por cova e desbrota do tipo dife-renciada (69,3 frutos planta-1) (Tabela 3).

Para as características produção porplanta e massa do fruto não foramverificadas interações significativas en-tre os fatores (Tabela 1), portanto, estasserão discutidas separadamente.

Para a característica produção porplanta, observou-se diferença significa-tiva para os fatores número de plantaspor cova e número de hastes por planta.Já para o fator desbrota não ocorreu di-ferença significativa (Tabela 1).

Com relação ao fator número de plan-tas por cova observou-se que a condu-ção de uma planta por cova proporcio-nou maior produção por planta (6,61 kgplanta-1). Esse fato pode ser explicadopois quando há duas plantas por cova acompetição por nutrientes, luz e água,torna-se maior e portanto a produção porplanta diminui.

Desempenho e qualidade de frutos de tomateiro em cultivo protegido com diferentes números de hastes

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146 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

Para o fator número de hastes porplanta verificou-se que a maior produ-ção por planta foi observada quandoconduzida com duas hastes (5,71 kgplanta-1) (Tabela 1). Possivelmente istodeve estar relacionado ao fato de havermaior número de flores e maior área foliarfotossintetizante.

Para a característica massa do frutoverificou-se diferença significativa paratodos os fatores avaliados isoladamen-te. Para o fator número de plantas porcova verificou-se que a condução comuma planta por cova proporcionou mas-sa do fruto superior (109,35 g) às médiasdas plantas conduzidas com duas plan-tas por cova (97,81 g).

Com relação ao fator número de has-tes por planta, observou-se que a maiormassa foi proporcionada pelas plantasconduzidas com uma haste (110,36 g),isto porque, plantas conduzidas comuma haste produzem menor quantidadede frutos, o que possibilitou que essesse desenvolvessem mais, devido aomenor número de drenos por planta.

Carvalho & Tessarioli Neto (2005)verificaram frutos com massas superio-res aos observados no presente traba-lho. Os referidos autores observaramvalores máximos de massa de fruto de149,24 g para o híbrido Carmen conduzi-

do com uma haste, e 109,96 g para o hí-brido Diana conduzido com duas has-tes por planta. A maior massa de frutoobservada pelos referidos autores podeser atribuído às cultivares utilizadas se-rem diferentes da utilizada no presentetrabalho.

Para o fator tipo de desbrota, obser-vou-se que a desbrota convencionalproporcionou massa superior (111,9 g)à obtida através da desbrota diferencia-da (95,2 g). Essa diferença se deve aofato de que as plantas conduzidas coma desbrota diferenciada apresentavammaior número de frutos por planta, o queresulta em maior competição pelosfotoassimilados, e conseqüentemente,menor massa de frutos (Tabela 1).

Para as características sólidos solú-veis, pH e teor de vitamina C, não seobservou diferenças e interações signi-ficativas entre os fatores avaliados. Oteor médio de sólidos solúveis foi de4,9°Brix, pH de 4,3 e vitamina C de 18,9mg de ácido ascórbico/100ml de suco(Tabela 1).

Para a característica acidez titulávelobservou-se interação significativa en-tre os fatores número de hastes por plan-ta e tipo de desbrota. De acordo com aTabela 3, observa-se que a condução deuma haste por planta proporcionou

maiores teores de acidez titulável, tantopara a condução com desbrota diferen-ciada, bem como para a desbrota con-vencional, apresentando 0,22 e 0,19% deácido cítrico, respectivamente. Estesvalores são inferiores à média de acideztitulável de frutos de tomateiro (0,42%)observados por Mattedi et al. (2004a).

Detectaram-se interações significa-tivas entre os fatores avaliados apenaspara a característica espessura da polpa(Tabela 2).

Para a característica diâmetro do fru-to observou-se diferença significativapara todos os fatores (Tabela 2). Comrelação ao fator número de plantas porcova, verificou-se que a condução deuma planta por cova proporcionou fru-tos com maior diâmetro (6,6 cm) quandocomparado às plantas conduzidas comduas plantas por cova (6,4 cm).

Quanto ao fator tipo de desbrota,observou-se que plantas conduzidascom desbrota convencional produziramfrutos com diâmetro superior (6,6 cm) aodas plantas conduzidas com a desbrotadiferenciada (6,5 cm) (Tabela 2). Essadiferença provavelmente ocorre devidoà menor competição por fotoassimiladosnas plantas conduzidas pela desbrotaconvencional, visto que o número defrutos por planta foi menor.

HCO Charlo et al.

Tabela 1. Número de frutos por planta (NFP), produção por planta (PP), massa do fruto (MF), sólidos solúveis (SS), pH, teores de vitaminaC (Vit C) e acidez titúlavel (AT), para a cultura do tomateiro, conduzido com diferentes orientações de crescimento (number of fruit per plant(NFP), production per plant (PP) and weight of the fruit (MF), soluble solids (SS), pH, levels of vitamin C (Vit C) and titratable acidity (AT),for the tomato cultivation, conducted with different orientations of growth. Jaboticabal, UNESP, 2007.

Plantas/cova(Pc)

NFPPP

(kg planta-1)MF(g)

SS(°Brix)

pHVit C (mg ác.

ascórbico100ml suco-1)

AT(% ac. cítrico)

1 61,73 a 6,61 a 109,35 a 4,94 a 4,28 a 18,30 a 0,20 a

2 43,07 b 4,02 b 97,81 b 4,92 a 4,27 a 18,26 a 0,18 a

Nº de hastes (H)

1 46,03 b 4,92 b 110,36 a 4,91 a 4,28 a 18,15 a 0,20 a

2 58,76 a 5,71 a 96,79 b 4,95 a 4,27 a 18,42 a 0,18 b

Desbrota (Db)

Diferenciada 57,71 a 5,50 a 95,24 b 5,00 a 4,27 a 18,38 a 0,19 a

Convencional 47,08 b 5,13 a 111,91 a 4,86 a 4,28 a 18,19 a 0,19 a

Interação

Pc x H 6,19 * 3,75 ns 0,00 ns 0,22 ns 0,20 ns 2,75 ns 2,68 ns

Pc x Db 5,11 * 1,15 ns 0,19 ns 3,27 ns 0,20 ns 0,30 ns 1,49 ns

H x Db 0,05 ns 1,85 ns 0,62 ns 1,09 ns 0,20 ns 0,45 ns 4,39 *

Pc x H x Db 3,11 ns 2,31 ns 0,00 ns 6,60 ns 2,75 ns 0,30 ns 1,21 ns

CV(%) 10,72 10,06 5,97 3,76 0,82 9,74 14,83

Médias seguidas de letras minúsculas iguais na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, 5% de probabilidade (meansfollowed by lowercase letters equal in the column don’t differ significantly between them, according to Tukey’s test, 5% probability).

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147Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

Mattedi et al. (2004b) avaliando 16acessos de tomateiro do Banco deGermoplasma de Hortaliças da UFV e 3testemunhas (Fanny, Santa Clara e Dé-bora Plus) quanto às características defruto, verificaram maior diâmetro de fru-to para a cultivar Fanny (8,1 cm), no pre-sente trabalho o maior diâmetro do frutofoi de 6,6 cm, observado nas plantasconduzidas com uma planta por cova.

Para a característica comprimento dofruto, verificou-se diferença significati-va em todos os fatores avaliados (Tabe-la 2). Quanto ao número de plantas porcova, observou-se que a condução deuma planta por cova proporcionou fru-tos com maior comprimento (5,3 cm)quando comparado aos produzidos comduas plantas por cova (5,1 cm).

Para o fator número de hastes porplanta, verificou-se que plantasconduzidas com uma haste por plantaproduziram frutos com comprimento su-perior (5,3 cm) às plantas conduzidascom duas hastes por planta (5,1 cm). Adiferença se deve à competição porfotoassimilados entre os frutos, sendomaior em plantas conduzidas com duashastes.

Quanto ao fator tipo de desbrota,observou-se que plantas conduzidas

com a desbrota convencional produzi-ram frutos de maior comprimento (5,3 cm)que as plantas conduzidas com desbrotadiferenciada (5,1 cm). Mattedi et al.(2004b) avaliando dezesseis genótipose três cultivares comerciais de tomatei-ro, observaram valores de comprimentodo fruto variando de 2,5 a 6,7 cm, sendoque os valores de comprimento estãobem próximos aos encontrados no pre-sente trabalho.

Para as características diâmetro dolóculo e número de lóculos não houvediferença significativa para os fatoresavaliados (Tabela 2).

Para a característica espessura dapolpa, observou-se interação somentepara os fatores número de plantas porcova e número de hastes por planta. Pelofato de não haver interação entre o fatordesbrota, este será discutido separada-mente.

Observou-se diferença significativapara o fator tipo de desbrota, sendo queplantas conduzidas com desbrota con-vencional produziram frutos com espes-sura de polpa maior (8,68 mm) do queplantas conduzidas pelo método dedesbrota diferenciada (8,32 mm).

Observa-se que a condução de umahaste por planta com uma planta por

cova proporcionou maior valor de es-pessura de polpa. Já quando se utilizouduas hastes por planta, recomenda-seuma planta por cova para se obter maio-res espessuras de polpa (Tabela 3). Es-tes valores são semelhantes aos máxi-mos valores de espessura de polpa defrutos de tomateiro (8,38 mm) observa-dos por Mattedi et al. (2004a).

Para as características produtivida-de total estimada por hectare e produti-vidade comercial estimada por hectarenão foram detectadas interações signi-ficativas entre os fatores avaliados,portanto os dados estão apresentadosseparadamente.

Para a característica produtividadetotal estimada verificou-se diferença sig-nificativa para todos os fatores avalia-dos (Tabela 2). Para o fator número deplantas por cova observou-se que acondução de duas plantas por cova apre-sentou a maior média de produtividadeestimada (161,15 t ha-1). Esta produçãose deve pelo maior número de plantaspor área.

Com relação ao número de hastes porplanta, verificou-se que a maior produti-vidade estimada foi obtida quando aplanta foi conduzida com 2 hastes (156,65t ha-1).

Tabela 2. Diâmetro do fruto (DF), comprimento do fruto (CF), diâmetro do lóculo (DL), número de lóculos (NL), espessura da polpa (EP),produção total estimada por hectare (PTEH), produção comercial estimada por hectare (PCEH), número de rácemos por planta (NRP) e aaltura do primeiro rácemo (APR), para a cultura do tomateiro conduzido com diferentes orientações de crescimento (diameter of the fruit(DF), length of the fruit (CF), diameter of locule (DL), number of locules (NL), pulp thickness (EP), estimated total production per hectare(PTEH), estimated commercial production per hectare (PCEH), number of racemes per plant (NRP) and height of the first raceme (APR), forthe tomatoes culture conducted with different orientations of growth.). Jaboticabal, UNESP, 2007.

Plantas/cova(Pc)

DF(cm)

CF(cm)

DL(mm)

NLEP

(mm)PTEH(t ha-1)

PCEH(t ha-1)

NRPAPR(cm)

1 6,6 a 5,3 a 18,50 a 3,50 a 8,76 a 132,50 b 130,94 b 12,79 a 38,39 a

2 6,4 b 5,1 b 18,05 a 3,60 a 8,24 b 161,15 a 156,55 a 10,75 b 34,17 a

Nº hastes (H)

1 6,6 a 5,3 a 18,27 a 3,53 a 8,70 a 137,00 b 135,51 b 9,32 b 37,87 a

2 6,5 a 5,1 b 18,27 a 3,57 a 8,31 b 156,65 a 151,97 a 14,21 a 34,68 a

Desbrota (Db)

Diferenciada 6,5 b 51,47 b 18,08 a 3,57 a 8,32 b 151,22 a 146,84 a 13,70 a 37,78 a

Convencional 6,6 a 52,57 a 18,47 a 3,53 a 8,68 a 142,42 b 140,65 a 9,84 b 34,78 a

Interação

Pc x H 1,34 ns 2,87 ns 0,04 ns 0,07 ns 12,53 ** 0,49 ns 0,00 ns 0,61 ns 0,00 ns

Pc x Db 0,89 ns 2,40 ns 4,03 ns 0,07 ns 0,87 ns 0,27 ns 0,00 ns 1,81 ns 0,18 ns

H x Db 0,05 ns 0,09 ns 0,00 ns 0,87 ns 0,69 ns 1,22 ns 0,17 ns 0,43 ns 0,33 ns

Pc x H x Db 0,15 ns 0,75 ns 0,33 ns 0,87 ns 0,00 ns 1,93 ns 0,36 ns 0,00 ns 0,20 ns

CV(%) 2,11 1,89 4,35 9,02 2,88 8,09 9,24 11,99 21,95

Médias seguidas de letras minúsculas iguais na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, 5% de probabilidade (meansfollowed by lowercase letters equal in the column don’t differ significantly between them, according to Tukey’s test, 5% probability).

Desempenho e qualidade de frutos de tomateiro em cultivo protegido com diferentes números de hastes

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148 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

Carvalho & Tessarioli Neto (2005),observaram produtividades inferiores àsobtidas no presente trabalho. Os referi-dos autores verificaram produtividadesmáximas de 110,15 t ha-1 para o híbridoDiana conduzido com duas hastes e 97,78t ha-1 para o híbrido Carmen conduzidocom uma haste por planta (Tabela 2).

Observou-se que a desbrota diferen-ciada proporcionou maior produtivida-de total estimada (151,22 t ha-1). Isto,provavelmente, está relacionado aomaior número de inflorescências e áreafoliar das plantas, proporcionando as-sim, maior produtividade.

Para a característica produtividadecomercial estimada por hectare obser-vou-se diferença significativa para osfatores número de plantas por cova enúmero de hastes por planta. Para o fa-tor número de plantas por cova, verifi-cou-se que a condução de duas plantaspor cova proporcionou maior produçãocomercial estimada (156,55 t ha-1) (Tabe-la 2). Esse resultado se deve ao maiornúmero de plantas por área, quandocomparado com a condução de uma plan-ta por cova.

Tabela 3. Interações significativas entre os fatores avaliados de tomateiros conduzidos comdiferentes orientações de crescimento (significant interactions between factors evaluated oftomato culture conducted with differents growth orientations). Jaboticabal, UNESP, 2007.

Número de frutos por planta em função da interação entre número de plantas porcova e número de hastes por planta

1 haste 2 hastes Teste F

1 planta/cova 52,90 B a 70,57 A a 39,56 **

2 plantas/cova 39,17 B b 46,96 A b 7,68 *

Número de frutos por planta em função da interação entre número de plantas porcova e método de desbrota

Diferenciada Convencional Teste F

1 planta/cova 69,30 A a 54,17 B a 28,97 **

2 plantas/cova 46,13 A b 40,00 B b 4,77 *

Acidez titulável em função da interação entre número de hastes por planta emétodo de desbrota em frutos de tomateiro

Diferenciada Convencional Teste F

1 haste/planta 0,22 Aa 0,19 Aa 3,06 ns

2 hastes/planta 0,17 Ab 0,19 Aa 1,47 ns

Espessura da polpa em função da interação entre número de plantas por cova enúmero de hastes por planta de frutos de tomateiro

1 haste 2 hastes Teste F

1 planta/cova 8,80 A a 8,72 A a 0,46 ns

2 plantas/cova 8,59 A a 7,89 B b 32,35 **

Médias seguidas de letras maiúsculas iguais na linha e minúsculas na coluna não diferemestatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade (means followed by capitalizationequals in the row and lowercase letters equal in the column don’t differ statistically byTukey’s test, 5% probability).

HCO Charlo et al.

Quanto ao fator número de hastes porplanta, observou-se que a maior produti-vidade comercial estimada foi obtidaquando a planta foi conduzida com duashastes (151,97 t ha-1) (Tabela 2).

Marim et al. (2005) avaliando a efi-ciência de três sistemas de tutoramento(tradicional, triangular e vertical) e doistipos de condução (1 e 2 hastes por plan-ta) da planta do tomateiro, na produçãode frutos comercializáveis, verificaramprodutividades comerciais inferiores àsobtidas no presente trabalho, ou seja,produtividades comerciais máximas de73,4 t ha-1 para plantas tutoradas pelométodo tradicional com uma haste porplanta, e 70,2 t ha-1 para plantastutoradas pelo método vertical com duashastes por planta, de agosto a dezem-bro de 2000. As produtividades comer-ciais inferiores se devem ao fato de ascultivares utilizadas nos experimentosserem diferentes e também porque osexperimentos foram realizados em cam-po, enquanto no presente trabalho oexperimento foi realizado em casa devegetação.

Para estas características número derácemos por planta (NRP) e a altura do

primeiro rácemo (APR) não detectaram-se interações significativas entre os fa-tores avaliados, portanto os dados es-tão apresentados separadamente.

Para a característica número derácemos por planta, observou-se dife-rença significativa entre os fatores ava-liados. Verificou-se que a condução deuma planta por cova proporcionou maiornúmero de rácemos por planta (12,79).

O número de hastes por planta e otipo de desbrota também influenciaramesta característica, sendo que foi obser-vado maior número de rácemos por plantaquando se orientou as plantas com duashastes (14,21 rácemos planta-1) e comdesbrota diferenciada (13,70 rácemosplanta-1), respectivamente.

Para a altura do primeiro rácemo nãoverificaram-se diferenças significativasentre os fatores avaliados (Tabela 2).

Com base nas características produ-tivas e qualitativas dos frutos, conclui-se que para as condições em que o tra-balho foi conduzido, o cultivo com duasplantas por cova, duas hastes por plan-ta e desbrota convencional é o mais in-dicado.

AGRADECIMENTO

Ao CNPq pela concessão de bolsade iniciação científica ao segundo autordo trabalho.

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149Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

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150 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

O pepino (Cucumis sativus L.) é umahortaliça pertencente à família

Cucurbitaceae, com centro de origem naÍndia. A espécie não se adapta ao culti-vo sob baixas temperaturas, sendo odesenvolvimento da planta favorecidopor temperaturas superiores a 20ºC(Lower & Edwards, 1986). Temperaturasinferiores a 20ºC afetam a absorção deágua e nutrientes pelo sistema radicular(Robinson & Decker-Walters, 1999), fatoque tem contribuído para o cultivo emambiente protegido. Neste tipo de culti-

GODOY AR; CASTRO MM; CARDOSO AII. 2009. Desempenho produtivo, partenocarpia e expressão sexual de linhagens de pepino caipira emambiente protegido. Horticultura Brasileira 27: 150-154.

Desempenho produtivo, partenocarpia e expressão sexual de linhagens depepino caipira em ambiente protegidoAmanda Regina Godoy; Márcia Maria Castro; Antonio Ismael Inácio CardosoUNESP-FCA, Depto Prod. Vegetal, C. Postal 237, 18603-970 Botucatu-SP; [email protected]

vo, o pepino se encontra entre as princi-pais hortaliças, ocupando o segundolugar, após o tomate (Cañizares, 1998).Aumentos de produtividade sob estesistema de cultivo em relação ao cultivoem campo aberto, têm sido relatados noBrasil, variando de 0,3 a 48,5%, depen-dendo da cultivar (Reis et al., 1991, 1992)e de 55,0 a 79,6% (Oliveira et al., 1995).

A maioria dos híbridos de pepino dotipo japonês e holandês sãopartenocárpicos, por isso podem sercultivados em ambiente protegido o ano

todo (Filgueira, 2000; Cardoso & Silva,2003). As cultivares e híbridos de pepi-no caipira não apresentam partenocarpia,o que dificulta o seu plantio em estufasfechadas, devido à redução na possibi-lidade de entrada de insetospolinizadores (Cardoso, 2002; Godoy &Cardoso, 2004). Entretanto, muitos pro-dutores têm cultivado pepino em estu-fas, mantendo as laterais abertas e pos-sibilitando a entrada destes insetos.

A partenocarpia viabiliza a tecnologiade produção de pepino em estufa ga-

RESUMO

Avaliou-se a capacidade produtiva, partenocarpia e expressãosexual de linhagens de pepino caipira sob cultivo em ambiente prote-gido. A capacidade produtiva foi avaliada em experimento em blocosao acaso com 18 tratamentos (16 linhagens e dois híbridos do tipocaipira, Safira e Guarani), quatro repetições e cinco plantas por par-cela, em estufa agrícola com as laterais abertas possibilitando a entra-da de insetos polinizadores. A expressão sexual e a partenocarpiaforam avaliadas em delineamento semelhante, utilizando 16 linha-gens da população SHS (F

2RC

1 do cruzamento entre os híbridos

Safira e Hatem (tipo holandês)) e 19 da população GH (F2 do cruza-

mento entre os híbridos Guarani e Hatem), porém este experimentofoi conduzido em estufa agrícola fechada, com tela anti-afídeo, evi-tando-se a entrada de insetos polinizadores. A partenocarpia foi ava-liada verificando o pegamento de frutos em cada linhagem. Váriaslinhagens foram estatisticamente similares aos híbridos em termos deprodução, mas nenhuma foi superior. Os híbridos Safira e Guaraniproduziram respectivamente 23,1 e 19,1 frutos planta-1, sendo, res-pectivamente, 21,9 e 17,5 frutos comerciais. As massas total e co-mercial de frutos por planta foram respectivamente 3,8 e 3,6 kg parao híbrido Safira e 2,9 e 2,7 kg para o híbrido Guarani. A linhagemSHS-2 destacou-se pela boa produção, similar aos dois híbridos,apresentando frutos do tipo caipira claro, além de ser partenocárpicae possuir plantas ginóicas. Todas as linhagens da população SHSapresentaram frutos do tipo caipira, mas apenas cinco forampartenocárpicas. Na população GH, nove linhagens forampartenocárpicas e dez apresentaram frutos do tipo caipira. Duaslinhagens da população SHS apresentaram apenas plantas monóicas,com as demais segregando para plantas ginóicas e monóicas. Na po-pulação GH, todas as plantas foram ginóicas. A população SHS émais interessante para a obtenção de linhagens principalmente devi-do ao tipo de fruto caipira mais próximo dos frutos comerciais.

Palavras-chave: Cucumis sativus, produção, melhoramento de plantas.

ABSTRACT

Yield, parthenocarpy and sexual expression of ‘caipira’cucumber lines under protected cultivation

The yield capacity, parthenocarpy and sexual expression of‘caipira’ cucumber lines were evaluated under protected cultivation.Yield capacity was evaluated in an experiment in randomized blocksdesign with 18 treatments (16 lines and two ‘caipira’ hybrids, Safiraand Guarani), four replicates and five plants per plot, in a greenhousewith opened laterals to permit the entrance of pollinators. Sexualexpression and parthenocarpy were evaluated in similar design, with16 lines of SHS population (F

2BC

1 from the crossing between hybrids

Safira and Hatem-beith alpha type) and 19 of GH population (F2

from the crossing between hybrids Guarani and Hatem), but thisexperiment was set up in closed greenhouse, with anti-aphid net,avoiding the entrance of pollinators. Parthenocarpy was evaluatedverifying fruit set in each line. Many lines were statistically similarto hybrids in yield capacity, but none was superior. Hybrids Safiraand Guarani yielded 23.1 and 19.1 fruits plant-1, and 21.9 and 17.5commercial fruits, respectively. Total and commercial weights plant-1

were respectively 3.8 and 3.6 kg for hybrid Safira and 2.9 and 2.7 kgfor hybrid Guarani. Line SHS-2 presented good yield, similar to bothhybrids, with light ‘caipira’ fruit type, besides parthenocarpy andgynoecious plants. All lines from population SHS have ‘caipira’ fruittype, but only five were parthenocarpic. In population GH, ninelines were parthenocarpic and ten have ‘caipira’ fruit type. Two linesfrom population SHS have only monoecious plants, with the otherssegregating to gynoecious and monoecious plants. In population GH,all plants were gynoecious. SHS population is more interesting toobtain lines because the ‘caipira’ fruit type is more similar tocommercial fruits.

Keywords: Cucumis sativus, yield, breeding.

(Recebido para publicação em 19 de novembro de 2007; aceito em 13 de maio de 2009)(Received in November 19, 2007; accepted in May 13, 2009)

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rantindo a produtividade e a qualidadede frutos na ausência de insetospolinizadores. Esta é uma característicavantajosa, que pode ser incorporada àsplantas através do melhoramento gené-tico. Outra importante característica quevem sendo trabalhada nos programas demelhoramento genético de pepino é oginoicismo, visto que plantas ginóicastêm maior potencial de produção(Denna, 1973; Miller, 1976; Wehner &Miller, 1985). Entretanto, somente a in-corporação destas características não ésuficiente. A população resultante temque ser adaptada ao cultivo sob ambien-te protegido e, de preferência, ser com-petitiva em relação aos híbridos comer-ciais, mesmo na presença de insetospolinizadores. A obtenção de linhagensginóicas também facilita a produção co-mercial de sementes de híbridos F

1

(Zhang et al., 1992).

Linhagens puras, vigorosas e sadiassão condições básicas para viabilizar oprograma de produção de híbridos e,para serem obtidas com probabilidadeaceitável, deve-se partir de populaçõesgeneticamente adequadas (Vello, 1984).Segundo Fehr (1987), a avaliação dodesempenho das linhagens per se obti-das a partir de populações segregantesé uma das fases para o desenvolvimen-to de híbridos comerciais. Já Robinson(1999) relatou que a ausência de perdade vigor pela endogamia poderiaviabilizar a utilização de linhagens depepino diretamente como cultivares co-merciais.

Este trabalho teve como objetivoavaliar a capacidade produtiva,partenocarpia e expressão sexual de li-nhagens de pepino caipira cultivadas emambiente protegido.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidosna Fazenda Experimental São Manuel daUNESP, Campus de Botucatu. Foramutilizadas estufas agrícolas, tipo arco,com 7 m de largura por 20 m de compri-mento e pé direito de 1,8 m, com cober-tura de polietileno transparente de 75 µmde espessura.

Foram utilizadas duas populações, aprimeira obtida através do cruzamentoentre os híbridos Safira (tipo caipira) e

Hatem (tipo holandês ou beit alpha). Ohíbrido resultante foi retrocruzado coma cultivar híbrida Safira, obtendo-se apopulação (Safira x Hatem) x SafiraF

1RC

1. Vinte plantas desta população

foram cruzadas entre si para obtençãoda população F

2RC

1, denominada de

população SHS. A segunda populaçãofoi obtida através do cruzamento entreos híbridos Guarani (tipo caipira) eHatem, resultando na população(Guarani x Hatem) F

1. Vinte plantas des-

ta população foram cruzadas entre sipara obtenção da população F

2, deno-

minada de população GH. A partir deautofecundações sucessivas destasduas populações (SHS e GH), pelo mé-todo de Single Seed Descent (SSD)(Brim, 1966), foram obtidas as linhagensque constituíram os tratamentos avalia-dos. Todos os cruzamentos manuais fo-ram realizados fechando-se as flores fe-mininas antes de sua antese epolinizando-as manualmente na manhãseguinte com pólen das flores masculi-nas. Após a polinização, as flores foramprotegidas com sacos de papel (Lower& Edwards, 1986).

O híbrido Hatem foi utilizado porapresentar forte partenocarpia, ser adap-tado ao cultivo em ambiente protegido eapresentar frutos com dimensões e co-loração mais próximas do tipo caipira queos híbridos partenocárpicos do tipo ja-ponês. Porém, não foi utilizado comotestemunha por não haver disponibili-dade de sementes.

Experimento 1: foi implantado nodelineamento de blocos ao acaso, comdezoito tratamentos (dezesseis linha-gens da população SHS e dois híbridoscomerciais: Safira e Guarani), quatro re-petições e cinco plantas por parcela. Asemeadura foi realizada em bandejas depoliestireno expandido de 128 células (03de agosto de 2004) e, o transplante,quando as plântulas apresentavam duasfolhas definitivas (26 de agosto). Asplântulas foram transplantadas para es-tufas agrícolas, sem fechamento das la-terais para permitir a entrada de insetospolinizadores. O espaçamento utilizadofoi 1,0 x 0,5 m.

A colheita estendeu-se de 08 de ou-tubro a 22 de novembro de 2004. Os fru-tos foram colhidos a cada dois dias, comcerca de 15 cm de comprimento, pesa-

dos e classificados em comerciais ounão, de acordo com a ausência ou pre-sença de defeito visual aparente.

Avaliou-se massa e número total defrutos e de frutos comerciais, porcenta-gem de frutos comerciais e massa médiade frutos comerciais. Foram realizadasanálises de variância e as médias foramcomparadas pelo teste de Tukey (p<0,05).

Experimento 2: Foram avaliadas,para partenocarpia e expressão sexual,dezesseis linhagens da população SHS,dezenove linhagens da população GH eos híbridos comerciais Safira e Guarani.O delineamento utilizado foi blocos aoacaso, com quatro repetições e cincoplantas por parcela.

A semeadura foi realizada em bande-jas de poliestireno expandido de 128 cé-lulas (03 de agosto de 2004) e, o trans-plante, quando as plântulas apresenta-vam duas folhas definitivas (26 de agos-to). O espaçamento utilizado foi 1,0 x 0,5m. Para avaliar a partenocarpia, as plan-tas foram colocadas em estufa agrícolatotalmente fechada, com tela anti-afídeo,evitando-se a entrada de insetospolinizadores (Pike & Peterson, 1969). Apartenocarpia foi avaliada verificando opegamento de frutos nas plantas de cadalinhagem. Os frutos foram colhidos e ava-liados buscando verificar se poderiam serclassificados como tipo caipira (formatocilíndrico e cor verde-clara).

A expressão sexual foi avaliada como início do florescimento, através daobservação da presença de flores femi-ninas e masculinas na haste principal daplanta. Plantas que apresentaram somen-te flores femininas foram classificadascomo ginóicas, enquanto plantas comflores femininas e masculinas foram clas-sificadas como monóicas. Em ambos osexperimentos, durante a condução dacultura, a área foi mantida livre de ervasdaninhas através de capinas manuais.As plantas foram irrigadas porgotejamento. A adubação de coberturafoi efetuada semanalmente com nitratode cálcio (2 g planta-1) a partir da primei-ra semana após o transplante e nitratode potássio (3 g planta-1) a partir do iní-cio da frutificação. O controle de pragase doenças foi realizado de acordo comas necessidades da cultura, através depulverizações com inseticidas efungicidas.

Desempenho produtivo, partenocarpia e expressão sexual de linhagens de pepino caipira em ambiente protegido

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Cada planta foi tutorada individual-mente eliminando todas as brotações eflores até o 5º nó da haste principal. Rea-lizou-se também a desbrota das ramaslaterais (após o 6º nó da haste princi-pal), entre a segunda e terceira folhas.Retirou-se o meristema apical da plantaquando esta atingiu a altura do arame(cerca de 1,80 m).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Experimento 1: Várias linhagens ex-perimentais apresentaram resultados si-milares ao híbrido Safira e todas elas fo-ram estatisticamente semelhante ao hí-brido Guarani, em todas as característi-cas avaliadas (Tabela 1). O híbrido Safi-ra teve um número total de frutos esta-tisticamente superior apenas à linhagemSHS-5, maior número de frutos comer-ciais que as linhagens SHS-5 e SHS-13,maior massa total de frutos por plantaque as linhagens SHS-1, SHS-5, SHS-8 e

SHS-13 e para massa comercial de fru-tos por planta, foi superior às linhagensSHS-1, SHS-5, SHS-8, SHS-9 e SHS-13.Godoy et al. (2005), ao estudarem a mis-tura de linhagens desta mesma popula-ção com uma a cinco gerações deautofecundação, relataram perda de vi-gor associada à endogamia, mostrandoa dificuldade de se obter linhagens nes-ta população por SSD com potencial pro-dutivo superior à população original.Porém, os autores avaliaram populaçõesobtidas pela mistura de linhagens e con-forme Maluf (2001), diferentes linhasobtidas após certo número de geraçõesde autofecundação, podem apresentarresultados diferentes em relação à per-da de vigor, como sugerem os resulta-dos aqui obtidos.

Neste trabalho, tomou-se uma amos-tra das linhagens obtidas nos cruzamen-tos e cada uma foi avaliada individual-mente. Embora algumas tenham sidomenos produtivas que os híbridos

parentais, foram obtidas outras tão pro-dutivas quanto eles. Destaque deve serdado à linhagem SHS-2, partenocárpica,com frutos do tipo caipira claro, apre-sentando plantas ginóicas que podemser selecionadas em um teste de progê-nie. A boa produtividade desta linhagemconfirma que linhagens que não apre-sentam perda de vigor pela endogamiapoderiam ser utilizadas diretamentecomo cultivares de pepino (Robinson,1999). Porém, na combinação entre aslinhagens para obtenção de híbridos F

1

podem ser obtidos híbridos experimen-tais ainda mais produtivos, tendo-se emvista que diversos autores relataram apresença de heterose para produção defrutos em pepino (Ghaderi & Lower,1978; Delaney & Lower, 1987; Robinson& Decker-Walters, 1999; Cardoso, 2006,2007; Godoy et al., 2008).

Os valores obtidos para as caracte-rísticas de produção por planta foramum pouco inferiores para produção to-tal (3,8 kg planta-1 para o híbrido Safira)e muito superiores para produção co-mercial (3,6 kg para o híbrido Safira) (Ta-bela 1), que o relatado por Cardoso(2002) no cultivo de inverno em SãoManuel, onde as produções total e co-mercial do híbrido Safira foram respecti-vamente 3,5 e 2,6 kg planta-1. A maiorprodução comercial aqui observadapode ser resultado da boa sanidade dacultura. Exceto pela linhagem SHS-5,nenhuma outra foi inferior ao híbridocomercial, tendo sido sempre observa-dos valores superiores a 87% da produ-ção total sendo classificada como co-mercial (Tabela 1), enquanto Cardoso(2002) obteve apenas cerca de 64% defrutos comerciais com o híbrido Safira.

Para as características massa médiade frutos comerciais e porcentagem defrutos comerciais, não houve qualquerdiferença significativa entre os híbridosSafira e Guarani e as linhagens avalia-das. Para massa média de frutos comer-ciais, a única diferença estatística ob-servada foi a superioridade da linhagemSHS-11 sobre a linhagem SHS-14 (Tabe-la 1). A ausência de diferença significati-va para esta característica entre os dife-rentes materiais aconteceu em virtudeda pequena variação observada na mas-sa média de frutos comerciais (155 a 178g fruto-1) e já era esperada. O ponto de

Tabela 1. Produção total e comercial de frutos de pepino (total and commercial yield ofcucumber fruits). São Manuel, UNESP-FCA, 2004.

GenótiposNFT¹

planta-1

NFC¹planta-1

MT¹ planta -

1 (kg)MC¹ planta -

1 (kg)MMC1 (g) %FC¹

SHS-1 16,3 bc 15,3 bc 2,6 c 2,5 c 160,5 ab 93,4 ab

SHS-2 25,0 a 23,2 a 4,0 a 3,7 a 161,2 ab 92,6 ab

SHS-3 19,8 abc 18,1 abc 3,3 abc 3,1 abc 171,3 ab 90,7 ab

SHS-4 19,3 abc 18,7 abc 3,3 abc 3,2 abc 171,9 ab 96,6 a

SHS-5 15,3 c 14,2 c 2,4 c 2,2 c 160,5 ab 92,9 ab

SHS-6 17,7 abc 16,3 abc 3,0 abc 2,8 abc 170,0 ab 91,6 ab

SHS-7 18,4 abc 17,3 bc 3,1 abc 2,9 abc 169,1 ab 94,1 ab

SHS-8 15,8 bc 14,9 bc 2,5 c 2,4 c 158,7 ab 94,4 ab

SHS-9 19,0 abc 16,6 abc 3,0 abc 2,7 abc 161,1 ab 87,1 b

SHS-10 18,5 abc 17,9 abc 3,2 abc 3,1 abc 172,9 ab 96,5 a

SHS-11 19,2 abc 18,1 abc 3,3 abc 3,2 abc 178,3 a 94,2 ab

SHS-12 19,8 abc 18,7 abc 3,1 abc 2,9 abc 155,9 ab 94,0 ab

SHS-13 16,4 bc 14,3 c 2,6 c 2,3 c 160,5 ab 87,5 b

SHS-14 17,2 bc 16,3 abc 2,7 bc 2,5 c 154,7 b 94,7 ab

SHS-15 17,7 abc 16,9 abc 2,9 abc 2,8 abc 162,8 ab 94,7 ab

SHS-16 19,1 abc 17,7 abc 2,9 abc 2,8 abc 157,0 ab 92,8 ab

Safira 23,1 ab 21,9 ab 3,8 ab 3,6 ab 165,5 ab 94,5 ab

Guarani 19,1 abc 17,5 abc 3,0 abc 2,7 abc 159,5 ab 91,8 ab

C.V. (%) 15,7 16,2 14,5 15,2 5,4 3,3

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si, teste deTukey, p < 0,05 (Means followwed by same letter in colums did not differ statisticaly eachother, Tukey test, p < 0,05).1/NFT = número total de frutos (total fruit number); NFC = número de frutos comerciais(commercial fruit number); MT = massa total de frutos (total weight of fruits); MC = massade frutos comerciais (weight of commercial fruits); MMC = massa média de frutos comer-ciais (average weight of commercial fruits); %FC = porcentagem de frutos comerciais(percentage of commercial fruits).

AR Godoy et al.

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colheita foi aproximadamente o mesmopara todos os tratamentos, ou seja, fru-tos com cerca de 15 cm de comprimento.O pepino é um fruto imaturo, ainda emfase inicial de crescimento. Diferençasna massa média dos frutos entre os ma-teriais avaliados seriam facilmente obti-das se os frutos fossem colhidos madu-ros, com o máximo de seu tamanho.

Experimento 2: Das 16 linhagens dapopulação SHS avaliadas, apenas cinco(31,3%) foram partenocárpicas. A baixataxa de linhagens partenocárpicas de-veu-se provavelmente aoretrocruzamento realizado com umparental não partenocárpico (híbridoSafira). Segundo Allard (1971), o méto-do do retrocruzamento constitui umamaneira precisa de melhorar cultivaresque já são superiores em relação a gran-de número de atributos, mas que aindaapresentam deficiência em algumas ca-racterísticas. No presente estudo, oretrocruzamento objetivou recuperar ascaracterísticas do fruto do tipo caipira,o que realmente foi observado, já quetodas as linhagens apresentaram frutosdo tipo caipira.

Já entre as 19 progênies da popula-ção GH, nove (47,4%) forampartenocárpicas. Entretanto, quanto àscaracterísticas de fruto, houve linhagenscom frutos do tipo caipira, linhagens comfruto do tipo holandês e linhagens queainda estão segregando para tipo de fru-to. Neste caso, a não realização doretrocruzamento para o híbrido Guaranifavoreceu o aumento da taxa de linhagenspartenocárpicas (sem retrocruzamentopara parental não partenocárpico), masdesfavoreceu a recuperação do tipo de fru-to caipira, inviabilizando o aproveitamen-to das linhagens para o mercado de pepi-no caipira.

Como o avanço de gerações foi rea-lizado por SSD, sem seleção parapartenocarpia, as proporções de progê-nies partenocárpicas obtidas (31,3% paraSHS e 47,4% para GH) se aproximam doesperado (25% e 50%, respectivamente,com e sem retrocruzamento para oparental não partenocárpico) conside-rando a herança da característica. Segun-do Pike & Peterson (1969), a herança dapartenocarpia é condicionada por umgene (P), que apresenta dominância in-completa.

Quanto à expressão sexual, obser-vou-se que a maioria das linhagens dapopulação SHS apresentou segregaçãopara plantas ginóicas e monóicas e ape-nas duas linhagens apresentaram ape-nas plantas monóicas. Provavelmente ohíbrido Safira vem de um cruzamentoentre um parental ginóico e um monóico.A segregação observada em algumas li-nhagens sugere que a característica ain-da não foi fixada. A expressão sexualginóica é condicionada por um gene F,que sofre considerável influência degenes modificadores e de fatoresambientais (Cantliffe, 1981; Lower et al.,1975). Deve-se ressaltar também que noprocesso de autofecundações sucessi-vas é mais fácil manter plantas monóicasque plantas ginóicas, mesmo com a apli-cação de tiossulfato de prata (Godoy etal., 2005), pois, para se realizar aautofecundação, é necessário que, nomesmo dia, na mesma planta, ocorra aantese tanto de uma flor feminina comode uma masculina. Se isto não ocorrer,não se realiza a autofecundação e a plan-ta não deixa descendentes para a próxi-ma geração por SSD. Plantas fortementeginóicas, mesmo com aplicação detiossulfato de prata, às vezes não emi-tem ou emitem um pequeno número deflores masculinas, impossibilitando aautofecundação. Ao contrário da popu-lação SHS, todas as plantas das linha-gens da população GH foram ginóicas.Embora sua identificação seja um sigilocomercial, provavelmente ambos osparentais do híbrido Guarani sãoginóicos não possibilitando a segrega-ção para plantas monóicas.

Plantas ginóicas e partenocárpicasviabilizam a tecnologia de produção depepino em estufa garantindo a produti-vidade e qualidade de frutos na ausên-cia de insetos polinizadores. Percebe-seque existe um grande número de linha-gens com ambas características, sendocinco da população SHS (SHS-1, SHS-2,SHS-3, SHS-5 e SHS-9) e cinco da GH(GH-9, GH-10, GH-12, GH-14 e GH-18)que devem ser avaliadas para potencialprodutivo na ausência de insetospolinizadores. Porém, a população SHSmostrou-se mais interessante para a ob-tenção de linhagens que a populaçãoGH, principalmente devido ao tipo defruto caipira observado em suas linha-

gens serem mais próximos do padrãocomercial.

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155Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

O pimentão é uma das espécies dogrupo das hortaliças mais difundi-

das e consumidas no Brasil na forma innatura, sendo considerada uma das dezespécies de maior importância econômi-ca no mercado de hortaliças (Ribeiro etal., 2000). Sua produção está concen-trada principalmente no estado de SãoPaulo, maior produtor com 8.291 hecta-res, produzindo 70 mil toneladas e ge-rando 4.543 empregos (Marchizeli et al.,2003). A crescente demanda do produtono País tem ampliado seu cultivo em casade vegetação, devido à maior seguran-ça na produção, reduzindo perdas e con-seqüentemente, aumento do rendimen-to e da qualidade dos frutos.

Atualmente, não existem cultivaresde pimentão resistentes a M. incognita

CHARLO HCO; CASTOLDI R; FERNANDES C; VARGAS PF; BRAZ LT. 2009. Cultivo de híbridos de pimentão amarelo em fibra da casca de coco.Horticultura Brasileira 27: 155-159.

Cultivo de híbridos de pimentão amarelo em fibra da casca de cocoHamilton César de O Charlo; Renata Castoldi; Carolina Fernandes; Pablo F Vargas; Leila T BrazUNESP-FCAV, Depto Prod. Vegetal, Rodov. Prof. Paulo Donato Castellane s/n, 14884-900 Jaboticabal-SP; [email protected]

e M. mayaguensis, o que provoca umaintensa mudança de áreas de cultivo, oua necessidade de tratamento de solo,causando grandes impactos ambientais.Uma possível saída para este problemaé o cultivo em vasos ou sacos (“bags”),preenchidos com substratos.

O cultivo em substratos com a utili-zação de fertirrigação promove o incre-mento de produtividade e da qualidadedos frutos produzidos, por fornecer àsplantas quantidade de nutrientes ade-quada para cada estádio de desenvolvi-mento da cultura. Neste contexto, o apro-veitamento da casca do coco surge comoboa alternativa, tanto na área agrícolacomo florestal, por ser um produtorenovável e ecologicamente correto.

Vale ressaltar que a condução dasplantas se torna mais fácil no sistema de

cultivo em vasos contendo substratos,pois as plantas desenvolvem seu siste-ma radicular normalmente, e assim ficamfixas, não sendo arrancadas por ocasiãode ventanias, como pode ocorrer emcultivo hidropônico sem substrato.

Outro fator importante que difere ocultivo do pimentão em vasos do siste-ma de hidroponia sem substrato, é amenor dependência de constantes irri-gações, pois o substrato funciona comoum reservatório de água e nutrientes àsplantas, vantagem esta que não se ob-serva no cultivo hidropônico.

Carrijo et al. (2004), avaliando a pro-dução das cultivares de tomate Larissae TX em diferentes substratos, verifica-ram que as maiores produtividades fo-ram obtidas no substrato feito a partir

RESUMOObjetivou-se avaliar a produtividade de cinco híbridos de pimen-

tão amarelo em ambiente protegido, utilizando fibra de casca de cocoe fertirrigação. Adotou-se o delineamento em blocos casualizados,com cinco cultivares (Zarco, CLXP 1463, Línea, Matador e Eppo), equatro repetições, sendo cada parcela constituída por onze plantas.O cultivo de pimentão foi feito em sistema aberto em vasos plásticosde 13 L, transplantando-se uma muda por vaso, as quais foram pro-duzidas em bandejas de poliestireno expandido. Adotou-se oespaçamento de 0,8 m entre fileiras simples, 1,10 m entre fileirasduplas e 0,5 m entre plantas. As plantas foram conduzidas comquatro hastes principais e tutoradas individualmente em forma de“V”. A colheita dos frutos foi realizada quando estes atingiam otamanho ideal e, no mínimo, 70% da coloração amarela. Avaliaram-seo comprimento e o diâmetro médio dos frutos, a relação comprimen-to/diâmetro, a espessura da polpa, o teor de sólidos solúveis totais, opH, o número de frutos por planta, a massa total de frutos porplanta, o peso médio dos frutos, a produtividade total e comercial, ea classificação dos frutos. O híbrido CLXP 1463 produziu frutos demaior comprimento e diâmetro. Este híbrido apresentou menor nú-mero de frutos por planta, porém com maior massa. Para as caracte-rísticas espessura da polpa, sólidos solúveis totais e pH não se veri-ficou diferença significativa entre os híbridos. Os híbridos CLXP1463, Eppo e Matador se mostraram promissores, com produtivida-des comerciais de 107,61; 102,62 e 95,31 t ha-1, respectivamente. Oshíbridos CLXP 1463, Eppo, Línea e Matador apresentaram toda aprodução classificada como Extra.

Palavras-chave: Capsicum annuum, produtividade, substrato.

ABSTRACTPerformance of yellow sweet peppers hybrids grown in

coconut husk fiber

The yield of five yellow sweet pepper hybrids was evaluated inprotected cultivation, using coconut fiber and fertirrigation. Theexperiment was arranged in a randomized blocks design, with fivecultivars (Zarco, CLX 1463, Línea, Matador and Eppo) and fourreplications, therefore each plot comprised eleven plants. Plants weregrown in open system, in plastic pots of 13 L, transplanting oneseedling pot, which was produced in polystyrene trays. The spacingutilized was single row spacing of 0.8 m, double rows of 1.10 m andplant spacing of 0.5 m. The plants were trained individually in “V”shape with four main stems. Fruits were harvested at ideal size, withat least 70% of the skin yellow colored. There were studied: fruitmean length and diameter, the ratio length/diameter, pulp thickness,total soluble solids content, pH, number of fruits per plant, totalweight of fruits per plant, mean fruit weight, total and commercialyield and fruit classification. The hybrid CLXP 1463 yielded fruitsof greater length and diameter. This hybrid produced lower numberof fruit per plant, but with greater mass. For the characteristics ofpulp thickness, total soluble solids and pH there was not significantdifference between hybrids. The hybrids CLXP 1463, Eppo andMatador showed themselves to be promising, with commercial yieldsof 107.61, 102.62 and 95.31 t ha-1, respectively. The whole productionof the hybrids CLXP 1463, Eppo, Línea and Matador was classifiedas Extra.

Keywords: Capsicum annuum, yield, substrate.

(Recebido para publicação em 27 de março de 2008; aceito em 13 de maio de 2009)(Received in March 27, 2008; accepted in May 13, 2009)

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da fibra da casca de coco (10,4 kg m-2).

Por ser uma técnica de cultivo recen-te, são escassos na literatura trabalhosapresentando dados de produtividade,bem como a indicação de híbridos depimentão mais produtivos, quando es-tes são cultivados em substratos, acon-dicionados em vasos, com fertirrigação.Portanto, a avaliação de novas cultiva-res, aliada ao emprego de modernas téc-nicas de cultivo, como por exemplo ocultivo em fibra da casca de coco, se fazde suma importância, pois a produção éo resultado da interação de genótipos xambientes.

Este trabalho teve por objetivo ava-liar a produtividade de cinco híbridosde pimentão amarelo em ambiente pro-tegido, cultivados em fibra de casca decoco e fertirrigados.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em casade vegetação construída em estruturametálica, do tipo teto em arco com 3 mde pé-direito, coberta com filme depolietileno transparente, aditivado con-tra raios ultravioleta, com 150micrômetros de espessura, e as lateraisprotegidas com telas de polipropilenopreto com 50% de sombreamento, naUNESP em Jaboticabal-SP, de 14 de de-zembro de 2004 a 18 de junho de 2005. Oclima, segundo a classificação deKöppen, é do tipo Aw com transição paraCwa (Volpe1).

O delineamento experimental adota-do foi de blocos casualizados, com cin-co tratamentos (híbridos Zarco, Mata-dor, Eppo, Línea e CLXP 1463) e quatrorepetições. Cada parcela constou deonze plantas, sendo avaliadas as noveplantas centrais.

As mudas foram produzidas em ban-dejas de poliestireno expandido, comcapacidade para 128 células piramidais,colocando-se uma semente por célula,utilizando como substrato o PlantmaxHortaliças® tipo HT, acondicionadas emambiente protegido, recebendo irrigaçãopor aspersão 3 ou 4 vezes ao dia. Aos 30dias após a semeadura, as mudas foramtransplantadas para copos plásticos de

300 mL, perfurados no fundo, utilizandosubstrato Plantmax Hortaliças® tipo HT,onde ficaram por mais 10 dias para ga-rantir melhor enraizamento.

O cultivo do pimentão foi realizadoem regime de hidroponia aberta (sem cir-culação da solução nutritiva) e em va-sos plásticos de 13 L. Os vasos forampreenchidos com fibra da casca de coco,previamente umedecida, e dispostos emfileiras duplas, nos espaçamentos 0,8 mentre fileiras simples, 1,10 m entre filei-ras duplas e 0,5 m entre plantas na filei-ra. Em cada um desses recipientes, foitransplantada uma muda de pimentão,com 40 dias de idade, apresentando de 6a 8 folhas definitivas e aproximadamen-te 12 cm de altura.

A fertirrigação foi realizada constan-temente, ou seja, os fertilizantes foramaplicados em todas as irrigações. O mé-todo de irrigação adotado foi o localiza-do, do tipo gotejamento, com a utiliza-ção de emissores com vazão de 14 mL/min, sendo colocados dois emissores emcada recipiente. Semanalmente foi deter-minado o volume da solução nutritivaaplicado na fertirrigação. Para tanto eraaplicada solução nutritiva até atingir acapacidade de vaso e iniciar a lixiviação.Imediatamente quando se iniciava alixiviação, a irrigação era cessada, e ovolume de água gasto era definido comoo volume a ser aplicado durante aquelasemana, de maneira a promover a drena-gem mínima dos vasos e garantir a uni-formidade na distribuição de água nosubstrato acondicionado no vaso.

Foi adotada a solução nutritiva re-comendada por Goto & Rossi (1997), ci-tados por Trani & Carrijo (2004), para acultura do pimentão. Para o preparo de100 L da solução foram utilizados nitra-to de cálcio (650 g), nitrato de potássio(500 g), fosfato monopotássico - MKP-(170 g), sulfato de magnésio (250 g), ni-trato de magnésio (50 g), ferro-EDTA (11g de cloreto de ferro + 15 g de EDTAdissódico) e 150 mL da solução estoquede micronutrientes. Esta solução esto-que de micronutrientes era preparadacom 16,70 g de acido bórico, 15 g decloreto de manganês, 0,82 g de cloretode cobre, 0,33 g de óxido de

molibidêdino e 2,62 g de sulfato de zin-co diluídos em 1L de água.

As plantas foram conduzidas em for-ma de “V, com quatro hastes principais etutoradas de forma individual comfitilhos plásticos presos a fios de açoque se encontravam a 2,2 m de altura noambiente protegido, e estendidos sobretodas as linhas de cultivo e fixados asuportes de madeira. As flores que sur-giram na primeira bifurcação foram reti-radas. Durante todo o cultivo, foram fei-tas desbrotas dos brotos laterais comauxílio de bisturi cirúrgico, garantindoque cada planta ficasse com apenasquatro hastes. Para a fixação das plan-tas nos fitilhos, foi utilizado alceador demaneira a evitar o tombamento da plan-ta e a quebra das hastes, devido ao pesodos frutos à medida que as plantas fo-ram crescendo.

O controle de pragas e de doençasfoi realizado adotando-se o um manejoracional, no qual se efetuou a aplicaçãode agrotóxicos mediante, a constataçãovisual do agente, inseto ou patógeno.

Em 07 de março de 2005, observa-ram-se, nos frutos, sintomas de podri-dão apical, provocados pela deficiênciade cálcio, devido, provavelmente, às al-tas temperaturas registradas dentro dacasa de vegetação, que dificultam atranslocação deste elemento para os fru-tos. Os frutos que apresentavam os sin-tomas foram retirados das plantas e des-cartados.

A partir desta data, foram realizadassemanalmente aplicações foliares de ni-trato de cálcio, na dose de 10 gramas/L,com pulverizador costal, com jatodirecionado aos frutos.

A colheita foi iniciada aos 84 diasapós o transplante, quando os frutosapresentavam pelo menos 70% de suasuperfície de cor amarela e estendendo-se até aos 148 dias após o transplante.Os frutos colhidos foram conduzidos aolaboratório, onde avaliaram-se o compri-mento médio dos frutos, o diâmetro mé-dio dos frutos, a relação comprimento/diâmetro, espessura média da polpa dosfrutos, teor de sólidos solúveis totais,potencial hidrogeniônico (pH), númerode frutos por planta, produção total por

1 VOLPE CA. 2005. (Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP - Câmpus de Jaboticabal) Comunicação pessoal.

HCO Charlo et al.

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planta, massa fresca média dos frutos,produtividade total e comercial (expres-sas em t ha-1) e a classificação dos fru-tos. Para a determinação da produtivi-dade total foram considerados a produ-ção por planta e o número estimado deplantas por hectare (25.000 plantas). Jápara o cálculo da produtividade comer-cial, foram desconsiderados os frutosque apresentavam defeitos graves.

Para a classificação dos frutos, fo-ram levados em consideração o grupo,o subgrupo, a classe, a subclasse e acategoria, seguindo recomendações deSão Paulo (1998), a partir das medidasde comprimento e diâmetro dos mesmos,as quais fornecem a classe e a subclasse,respectivamente. Fizeram-se também asidentificações do formato e da colora-ção dos frutos, as quais fornecem o gru-po e o subgrupo, respectivamente.

A identificação da qualidade foi feitapela caracterização e quantificação dosdefeitos considerados graves e leves.Portanto, a categoria dos frutos de pi-mentão obedecem aos limites de tole-rância desses defeitos, permitindo a clas-sificação em Extra, Categoria I, Catego-ria II e Categoria III, conforme a legisla-ção do programa paulista para melhoriados padrões comerciais de hortaliças doCeagesp (São Paulo, 1998).

Os dados obtidos foram submetidosà análise de variância e as médias foramcomparadas pelo teste de Tukey.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se diferenças significativasentre os tratamentos para o comprimen-to, diâmetro de frutos e relação compri-mento/diâmetro (Tabela 1). O híbridoCLXP 1463 apresentou a maior médiapara o comprimento (13,60 cm), não di-ferindo estatisticamente apenas do hí-brido Matador (12,30 cm). Línea foi ohíbrido com a menor média de compri-mento de frutos (10,60 cm). Silva et al.(2005a) em sistema hidropônico NFT,verificaram que o híbrido Matador des-tacou-se entre vários genótipos com re-lação ao comprimento de frutos.

O híbrido CLXP 1463 produziu fru-tos com maior diâmetro (7,89 cm), porémnão diferiram significativamente dos

híbridos Eppo e Línea. O híbrido Zarcoproduziu frutos com menor diâmetro (Ta-bela 1). Estes resultados são semelhan-tes aos observados por Silva et al.(2005b), para Matador e Zarco, cultiva-dos em solo sob ambiente protegido, emcultivo convencional.

Para a relação comprimento/diâme-tro o híbrido Zarco apresentou o maiorvalor, embora não tenha diferido do hí-brido Matador. Esta relação está ligadaao formato do fruto, sendo que os fru-tos de formato quadrado, também cha-mados de “block”, apresentam relaçãocomprimento/diâmetro mais próxima de1. Frutos mais alongados, sejam eles dosgrupos retangular ou cônico, apresen-tam relação mais distante de 1. Atual-mente os consumidores têm preferênciapor frutos de formato quadrado, portan-to os frutos dos híbridos Eppo, Línea eCLXP 1463 têm maior aceitação no co-mércio.

Observou-se que, para espessura depolpa, não houve diferença significati-va entre os tratamentos, com média de6,01 mm (Tabela 1). Frizzone et al. (2005),em seus estudos com a cultura do pi-mentão do subgrupo amarelo, verifica-ram médias inferiores de espessura depolpa, variando de 2,5 a 5,6 mm. Vale res-saltar que frutos que apresentam polpamais espessa, são mais resistentes aotransporte, têm maior duração pós-co-lheita e maior rendimento em massa, alémde sua maior preferência pelo mercado.

Para todas as características apresen-tadas na Tabela 2, com exceção do teorde sólidos solúveis totais, detectou-sediferença estatística significativa entreos híbridos avaliados.

Os valores de sólidos solúveis to-tais variaram de 5,85 a 7,42, embora nãotenha se observado diferenças signifi-cativas entre os híbridos para esta ca-racterística. Rocha et al. (2004), avalian-do as características químicas de frutosde híbridos de pimentão, observaramvalores de sólidos solúveis totais (°Brix)variando de 4,39 a 4,96.

O híbrido Zarco apresentou a menormédia de pH (4,98); sendo portanto seusfrutos , mais ácidos que os demais. Napresente pesquisa, os valores de pHvariaram de 4,98 até 5,26. Estes valoresestão próximos aos observados porFactor (2003), que verificou em frutosmaduros de pimentão da cultivarMargarita, cultivada em diferentessubstratos e soluções nutritivas, valo-res de pH na faixa de 4,95 a 5,04.

O híbrido Zarco apresentou maiornúmero de frutos por planta (21,64).No entanto, a produção por planta foimaior no híbrido CLXP 1463. A culti-var CLXP 1463 produz frutos commaior massa, como pode ser observa-do na Tabela 2.

Silva et al. (2005a), avaliando a pro-dutividade de cultivares de pimentão em

2FERRAZ PS. 2005. Produtores associados de Reginóplois e região (PARE). R. Boa Vista, 139 17190-000 Reginóplis-SP. Comunicação pessoal.

Cultivo de híbridos de pimentão amarelo em fibra da casca de coco

Tabela 1. Médias do comprimento e diâmetro do fruto, relação comprimento/diâmetro e daespessura da polpa de cinco híbridos de pimentão amarelo, cultivados em fibra da casca decoco com fertirrigação, em ambiente protegido (Means of length and diameter of the fruit,length/diameter ratio and thickness of the pulp of five hybrids of yellow bell pepper, grownin coconut husk fiber with fertirrigation, in protected environment). Jaboticabal, UNESP-FCAV, 2005.

HíbridoComprimento

(cm)Diâmetro (cm)

Relaçãocomp./diâm.

Espessura dapolpa (mm)

CLXP 1463 13,60 a 7,89 a 1,76 bc 6,43 a

Zarco 12,07 b 6,42 c 2,07 a 5,23 a

Eppo 11,05 bc 7,54 ab 1,54 c 5,97 a

Línea 10,60 c 7,53 ab 1,53 c 6,04 a

Matador 12,30 ab 7,05 bc 1,93 ab 6,05 a

CV (%) 5,10 4,16 7,13 18,76

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5%de probabilidade (means followed by the same letter in the column do not differ significantly,according to Tukey’s test at 5% level of probability).

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hidroponia, observaram para as cultiva-res Zarco e Matador 17,75 e 31,25 frutospor planta, respectivamente. Comparan-do-se os resultados, nota-se uma dife-rença significativa entre o número de fru-tos obtidos na presente pesquisa e osobservados pelos referidos autores parao híbrido Matador. Porém a produção porplanta foi semelhante nos dois trabalhos,sendo que Silva et al. (2005a) obtiveram4,12 kg planta-1, não relatando o tempode colheita do experimento, enquanto, nopresente trabalho, em dois meses de co-lheita, foram observados 3,81 kg planta-1.

Verificou-se diferença significativaentre os tratamentos para produtivida-de total e comercial (Tabela 2). As pro-dutividades comerciais variaram de 9,14a 10,76 kg m-2, sendo que a cultivar CLXP1463 apresentou maior produção comer-cial, com 10,76 kg m-2, embora não tenhadiferido dos híbridos Eppo e Matador.

A produção de pimentão em casa devegetação obtida pelos produtores as-sociados de Reginóplis e região (PARE),em dois meses de colheita, é de aproxi-madamente de 35 t/ha (Ferraz, 20052).

De maneira geral, os rendimentosmédios obtidos no presente trabalhosuperam a maioria dos encontrados naliteratura (Factor, 2003; Pereira, 1995;Rosa, 1995; Queiroga et al., 2002; Fon-tes et al., 2005). Portanto, a produção depimentão em recipientes sob ambienteprotegido, utilizando fibra da casca decoco e fertirrigação, mostrou-se uma téc-nica muito promissora, visto que as pro-dutividades observadas são elevadas.

Para a classificação dos frutos veri-ficou-se que os híbridos CLXP 1463,

Eppo e Línea pertencem ao grupo (for-mato) quadrado, e os demais, ao gruporetangular. Quanto ao subgrupo (colo-ração), todos os híbridos avaliados sãodo subgrupo amarelo. Para a classe (com-primento), os híbridos CLXP 1463, Zarcoe Matador produziram frutos que se en-quadram na classe 12 (12 a 15 cm de com-primento). Os híbridos Eppo e Línea fo-ram classificados na classe 10 (10 a 12cm de comprimento). Para a subclasse,todos os foram classificados nasubclasse 6 (6 a 8 cm de diâmetro).

Todos os híbridos, com exceção doZarco, foram classificados na categoriaExtra. O híbrido Zarco, em conseqüên-cia da quantidade de frutos tortos apre-sentada, foi classificado na Categoria I.

De modo geral, a produtividade depimentão em ambiente protegido, utili-zando fibra da casca de coco efertirrigação, neste experimento, foi muitoexpressiva, porém há uma carência deinformações na literatura sobre este sis-tema de cultivo.

Portanto, faz-se necessário que no-vos estudos sobre o assunto sejam rea-lizados, como, por exemplo, a curva decrescimento, a marcha de acúmulo denutrientes, o sistema de condução comdiferentes números de hastes, os dife-rentes espaçamentos entre os vasos,dentre outros.

Com base nos resultados obtidos,pode-se concluir que os híbridos CLXP1463, Eppo e Matador se mostraram pro-missores, com produtividades comerciaisde 107,61; 102,62 e 95,31 t ha-1, respecti-vamente. Os híbridos CLXP 1463, Eppo,Línea e Matador apresentaram toda a pro-

Tabela 2. Médias de teor de sólidos solúveis totais (SST) e do pH da polpa, do número de frutos por planta, produção por planta, massamédia dos frutos, produtividade total e produtividade comercial de cinco híbridos de pimentão amarelo, cultivados em fibra da casca de cococom fertirrigação, em ambiente protegido (means of total soluble solids (SST), pH, number of fruit per plant, production per plant, meanweight of fruit, total yield and commercial yield estimated of five hybrids of yellow bell pepper, grown in coconut husk fiber withfertirrigation, in a protected environment.). Jaboticabal, UNESP-FCAV, 2005.

Híbrido SST (°Brix) pHNº

frutos/plantaProdução/planta (kg)

Massa médiados frutos(g)

Produtividadetotal

Produtividadecomercial

CLXP 1463 6,55 a 5,26 a 16,94 b 4,32 a 257,25 a 108,17 a 107,61 a

Zarco 7,42 a 4,98 b 21,64 a 3,66 bc 170,00 c 91,60 bc 91,50 b

Eppo 5,85 a 5,07 ab 18,39 ab 4,12 ab 223,75 b 102,90 ab 102,62 ab

Línea 6,37 a 5,15 ab 19,66 ab 3,55 c 181,75 c 88,87 c 88,75 b

Matador 6,62 a 5,06 ab 20,78 ab 3,81 abc 184,00 c 95,40 abc 95,31 ab

CV (%) 12,69 2,07 9,10 6,35 5,97 6,33 6,52

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade (means followed by the sameletter in the column do not differ significantly, according to Tukey’s test at 5% level of probability).

HCO Charlo et al.

dução classificada como Extra.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à FAPESP pela con-cessão de bolsa de iniciação científica(Processo n° 04/03146-7) ao primeiroautor do trabalho.

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The cultivation of melon (Cucumismelo L.) in Brazil has a mounting

economic importance due mainly to theopportunities opened by the externalmarket. The Brazilian Northeasternregion hosts over 90% of the melonfields, as well as of the nationalproduction (Santos et al., 2004). In thisregion, high temperatures and profuseinsolation promote the development offruits with high contents of solublesolids. In the State of Tocantins, wheremelon also founds favorable soil andclimatic conditions, crops are expandinggradually from the current fields grownby small farmers.

SANTOS GR; CASTRO NETO MD; RAMOS LN; CAFÉ-FILHO AC; REIS A; MOMENTÉ VG; PELÚZIO JM; IGNÁCIO M. 2009. Reaction ofmelon genotypes to the gummy stem blight and the downy mildew. Horticultura Brasileira 27: 160-165.

Reaction of melon genotypes to the gummy stem blight and the downy mildewGil R dos Santos1; Manoel D de Castro Neto1; Leandro N Ramos2; Adalberto C Café-Filho2; AiltonReis3; Valéria G Momenté1; Joenes M Pelúzio1; Maíra Ignácio1

1Universidade Federal do Tocantins, C. Postal 66, 77402-970 Gurupi-TO; 2UnB-Depto Fitopatologia, 70910-900 Brasília-DF; 3EmbrapaHortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; [email protected]

In spite of the suitable environmentalconditions, the lack of cultivars withresistance to the most important diseaseshampers the expansion of meloncultivation in Tocantins. The gummystem blight or stem canker, induced bythe fungus Didymella bryoniae (Fuckel)Rehm, ranks among the leading melondiseases due to the setback it causes inboth fruit yield and quality (Santos &Café Filho, 2006). The gummy stem blightis a common disease in tropical andsubtropical areas worldwide (Sitterly &Keinath, 1996). The downy mildew,whose etiological agent isPseudoperonospora cubensis (Berk. et

Curtis) Rostowzew, is another ordinary,but relevant disease in melon. Thedowny mildew may give grounds to fieldtotal losses, mainly when rainyconditions co-occur with cooltemperatures (Blancard et al., 1996).According to Rego (1995), wind, raindrops, and sprinkler irrigation areresponsible for P. cubensisdissemination. Sporangia are driven faraway by the wind. The pathogen infectsthe majority of the species in familyCucurbitaceae, both cultivated, such aswatermelon (Citrullus lanatus (Thunb.)Matsum. & Nakai), and weeds. Underthe Tocantins environmental conditions,

ABSTRACTThe gummy stem blight (Didymella bryoniae) and the downy

mildew (Pseudoperonospora cubensis) are two foremost melon(Cucumis melo) diseases, considering their effects on yield and fruitquality. Despite the importance of such diseases, relatively fewstudies have been done so far on the identification of resistancesources to D. bryoniae and P. cubensis in Brazil. This work aimed atevaluating the resistance of commercial melon genotypes to the gummystem blight and the downy mildew. Firstly, the most aggressive andrepresentative D. bryoniae isolate was selected. Subsequently, theresistance of 86 melon genotypes to stem infection was studiedupon greenhouse conditions by inoculating with the previouslyselected isolate. Afterwards, the resistance to mildew and leaf infectionby D. bryoniae of 28 melon genotypes was evaluated in the field,under natural infection. In the greenhouse, all 86 melon genotypeswere infected and showed stem infection symptoms caused by D.bryoniae four days after inoculation. Nevertheless, a significantvariation on the resistance levels of the melon genotypes was found.Under field conditions and natural inoculation, genotypes Taslakiand Sary Juliabi were the most susceptible to leaf infection by D.bryoniae, significantly differing from the other genotypes. The lowestlevels of susceptibility were identified in genotypes Perlita Busle S1,Valenciano Elíptico, Glaver, MR1, and 2526. All genotypes weresusceptible to the downy mildew, albeit differing in susceptibilitylevels.

Keywords: Cucumis melo, Didymella bryoniae, Pseudoperonosporacubensis, genetic resistance.

RESUMOReação de genótipos de melão ao crestamento gomoso e ao

míldio

O crestamento gomoso do caule (Didymella bryoniae) e o míldio(Pseudoperonospora cubensis) estão entre as principais doenças domeloeiro (Cucumis melo) ocasionando redução da produtividade e daqualidade dos frutos. Apesar da importância dessas doenças, sãopoucos os trabalhos envolvendo a identificação de fontes de resistên-cia a D. bryoniae e a P. cubensis no Brasil. O objetivo deste trabalhofoi avaliar a resistência de genótipos comerciais de melão a essasdoenças. A partir da seleção de um isolado mais agressivo, foi estuda-da, em condições de casa de vegetação, a resistência de 86 genótiposde meloeiro à infecção por D. bryoniae no caule. Posteriormente, emcondições de campo, foi avaliada a resistência conjunta de 28 genótiposao crestamento gomoso e ao míldio. Em casa de vegetação, todos os86 genótipos de meloeiro avaliados foram infectados e mostraramsintomas de crestamento no caule, quatro dias após a inoculação.Houve variação significativa nos níveis de resistência entre osgenótipos avaliados. No campo, sob inóculo natural, os genótiposTaslaki e Sary Juliabi mostraram-se mais suscetíveis à infecção porD. bryoniae nas folhas, diferindo significativamente dos demaisgenótipos. Os menores níveis de suscetibilidade foram verificadosnos genótipos Perlita Busle S1, Valenciano Elíptico, Glaver, MR1 e2526. Na avaliação da resistência ao míldio, todos os genótipos fo-ram considerados suscetíveis, embora tenham sido encontradas dife-renças nos níveis de suscetibilidade.

Palavras-chave: Cucumis melo, Didymella bryoniae,Pseudoperonospora cubensis, resistência genética.

(Recebido para publicação em 29 de abril de 2008; aceito em 7 de abril de 2009)(Received in April 29, 2008; Accepted in April 7, 2009)

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161Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

the pathogen is challenging mainly inJuly, when the temperature falls from 35oCduring the day to 25oC at night, and leafwetting simultaneously takes place(Santos et al., 2005). At present, controlmeasures are based on fungicidespraying. However, the efficacy ofchemical control is very restricted inhighly susceptible cultivars and whenmeteorological conditions are favorableto the pathogen (Thomas, 1998).

There are few reports on theidentification of sources of resistanceto D. bryoniae and P. cubensis in Brazil.In an experiment carried out at thegreenhouse and under plastic tunnel toevaluate the resistance to D. bryoniaein two half-sib populations derived fromgenotypes PI 140471 and Anô#2, bothprogenies were more resistant than thereference cultivar. Nevertheless, cultivarAnô#2 was considered a more adequateresistance source, since it concurrentlyassembles multiple disease resistanceand favorable commercial characteristics(Tsutsumi & Silva, 2004). The resistanceof PI 140471, a Texan native melon, iscontrolled by a pair of genes (Norton &Prasad, 1967). The resistance to D.bryoniae in melon cultivars Anô#1,Anô#2, and Anô#3, was introgressedfrom cultivar Mi-tang-ting (Takada,1983). Other researchers havedemonstrated that the moderateresistance in lines C#1 e C#8, derivedfrom the melon cultivar AuburnCantaloup, was controlled by anindependent pair of genes. AccessionsPI 157082 and PI 511890 own theirresistance to the gummy stem blight toa single dominant gene (Zuniga et al.,1999). The yellow melon genotype PI124111F, native from India, displayedresistance to all pathotypes of P.cubensis. The resistance is controlledby two complementary loci with partialdominance (Cohen & Eyal, 1987;Thomas et al., 1988).

Considering the importance of thegummy stem blight and the downy mildewin the melon agribusiness and the scarceresearch efforts on studying the reactionof commercial resistance sources to bothdiseases, the aim of this work was toevaluate the resistance of commercialmelon genotypes to the gummy stemblight and the downy mildew.

MATERIAL AND METHODS

Assay I: Aggressiveness ofDidymella bryoniae isolates to melonseedlings - In this assay, we used sevenD. bryoniae isolates. Isolates wereobtained from melon plants with thegummy stem blight symptoms andconserved in PDA medium (250 g ofpotato + 15 g of dextrosis + 20 g of agar)at the Mycological Collections of theUniversity of Brasília and EmbrapaVegetables. Aiming at standardizing theaggressiveness potential of the isolates,which were kept in vitro for differentperiods at the Collections, all isolatesused in this study were inoculated in20-day old melon seedlings, cultivarDalton. Before inoculation, isolates werecultured in PDA medium and incubatedfor ten days. For inoculation, myceliumdisks with 0.6-cm in diameter, taken fromthe inner part of the colony, were fixedto the seedling stem 3.0 cm over soil level,using a sterile pin. After inoculation,seedlings were incubated for 48 h in amoist chamber, with 12-hourphotoperiod and temperature rangingfrom 28 to 33oC.

For studying isolate aggressiveness,we used only colonies developed out ofre-isolation from the abovementionedinoculated plants. Experiments werecarried out at the greenhouse, withtemperatures also ranging between 28and 33oC. Seedlings grew in 4.0-kg

polyethylene pots, filled with a 3:1mixture of vegetal mold + manure. Wesowed six seeds per pot of cultivarsSolarking and Dalton, thinning to thefour most uniform plants. Pots wereirrigated daily to keep the soil constantlymoist.

To study isolate aggressiveness,sensu Andrivon (1993), the experimentwas set in a completely randomizeddesign, with seven treatments and threereplications. Treatments correspondedto the following D. bryoniae isolates:Melon Brasília a (BRSa), Melon Brasíliab (BRSb), Melon Brasília c (BRSc),Melon DF1 (76), Melon DF2 (78), MelonGurupi (MGP), and CNPH. Theexperimental plot consisted of a 4-plantpot, with each plant taken as a sub-sample. Isolate aggressiveness wasassessed by measuring the length of thestem lesion four days after inoculation.To select isolates, we used themethodology established by Santos(2005), according to the following scale:(-) symptomless seedlings, (+) seedlingswith lesions shorter than 1 cm, (++)seedlings with lesions longer than 1 cm,(+++) seedlings showing damping-off.

Assay II: Resistance of melongenotypes to Didymella bryoniae steminfection - The resistance of 86 melongenotypes to D. bryoniae waschallenged at the greenhouse, withtemperatures varying from 28 to 33oC.Plants grew in 3.0 L-pots, filled with a3:1 mixture of vegetal mold + manure.

Reaction of melon genotypes to the gummy stem blight and the downy mildew

Table 1. Aggressiveness of Didymella bryoniae isolates to melon seedlings, cultivars Daltonand Solarking, assessed as the average length of the stem lesion, four days after inoculation(agressividade de isolados de Didymella bryoniae a plântulas de melão, cultivares Dalton eSolarking, avaliada de acordo com o comprimento médio da lesão no caule do hospedeiro,quatro dias após a inoculação). Gurupi, UFT, 2007.

IsolateLesion Class*

cv. Dalton cv. Solarking

BRSb +++ ++

78 ++ +

MGP ++ +

BRSc + +

76 + +

BRSa + +

CNPH + +

*Scale for lesion classes (escala para classe de lesão): (-) symptonless seedlings (plântula semsintomas), (+) seedlings with lesions shorter than 1 cm (lesão menor que 1 cm), (++) seedlingswith lesions longer than 1 cm (lesão maior que 1 cm), (+++) seedlings showing damping-off(tombamento da plântula).

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The experiment was planned in acompletely random design, with 86treatments (Table 2), and threereplications. We used isolate D.bryoniae BRSb, selected due to itscomprehensive representation (Santoset al., 2008), higher aggressiveness, anduniform results, according to theoutcomes of the aggressiveness assay(Table 1). Inoculation and incubation ofinoculated seedlings, as well as lesionevaluation, were performed as describedfor assay 1.

Assay III: Field resistance of melongenotypes to the gummy stem blight andthe downy mildew - We used the 28melon genotypes most resistant to thegummy stem blight in the greenhouseto evaluate the joint resistance to thisdisease and to the downy mildew in thefield (Table 3). The experiment wascarried out from January to March 2007,in Gurupi county, State of Tocantins, atthe experimental station of the FederalUniversity of Tocantins (11º43’45"S;49º04’07" W, 280 m over sea level). Theexperimental area was previously usedfor growing watermelon and had ahistory of occurrence of both the gummystem blight and the downy mildew.Melon plants grew under natural diseasepressure, upon the existing fieldinoculum. The experiment was designedin completely randomized blocks, with28 treatments and three replications. Ineach plot, twelve plants were assessed.

After plowing and harrowing, theexperimental area was fertilized (800 kgha-1, formulation 05-25-15 of N-P-K).Seeds were sown in holes, in 1.0 x 0.5 mspacing, placing 5 seeds hole-1, 2 cmdeep. Each experimental plot consistedof six holes planted with the samecultivar. Thinning was carried out 30days after emergence (DAE), leaving twoplants hole-1, with side fertilizationperformed along (200 kg ha-1,formulation N-P-K 20-00-20). Weedingwas carried out three times during thewhole experiment, 10, 20, and 30 DAE,through hand-hoeing. Plants were rain-fed, except for a two-day period withoutrain, when sprinkler irrigation was usedwith 12-h shifts and a 7.9 mm averagedaily depth. Metamidophos at 0.24 kgha-1, applied 20, 30, and 45 DAE, wasused for controlling pests. No fungicideswere sprayed.

GR Santos et al.

Genotype* Origin Lesion Length (cm)**

Hegykô Hungary 1,4 c

M63A17 Spain 1,4 c

Melão Caboclo Ceasa-DF1 1,4 c

M59CH4 Spain 1,4 c

Valenciano Elíptico Brasília 1,4 c

Sary Juliabi The Soviet Union 1,5 c

Hales Best Jumbo IPB Seeds 1,5 c

Glaver Japan 1,5 c

Amarelo Commercial 1,5 c

F1 Helios Cotia County - SP 1,5 c

Valenciano Amarelo Commercial 1,5 c

PS-2 Pele de Sapo Spain 1,5 c

2526 German 1,5 c

Sea Bolt Japan 1,5 c

Eldorado Embrapa Vegetables 1,5 c

MelãoTrevo Commercial 1,5 c

Taslaki The Soviet Union 1,5 c

Csárdaszállás Hungary 1,5 c

Prince USDA/USA 1,5 c

A2 Spain 1,5 c

A1 Spain 1,5 c

Nyíregyháza Hungary 1,5 c

Dolidor F1 Netherlands 1,5 c

MR 1 USDA/USA 1,5 c

Aroma F1 Wisconsin University 1,5 c

Uc. Perlita Busle S1 Wisconsin University 1,5 c

Gold Beauty USA 1,5 c

Caipira Currais Novos County - RN 1,6 c

Kzil The Soviet Union 1,6 c

IC-Kzil The Soviet Union 1,6 c

Galileu Comercial 1,6 c

Polpa Laranja Brasília - DF 1,6 c

Nyíribrony Hungary 1,6 c

Galia F1 Topseed 1,6 c

Ananás Germany 1,6 c

Gaucho Sakata 1,6 c

Gynox Resist. P. Wisconsin University 1,6 c

Nagycserkesz Hungary 1,6 c

PS-1 Pele de Sapo Spain 1,6 c

193246 Pelotas County - RS 1,6 c

TM-002-F1 Japan 1,6 c

TM-001-F1 Japan 1,6 c

Flexuosus "M-2791" Israel 1,6 c

Chilton Wisconsin University 1,6 c

Cristobal Asgrow 1,6 c

Shavit Hibrid Israel 1,6 c

M53A2 Spain 1,6 c

193254 Canguçu County - RS 1,6 c

2534 Germany 1,7 b

Valenciano Redondo Brasília - DF 1,7 b

Melão Caipira Brasília - DF 1,7 b

Table 2. Resistance of melon genotypes to the stem inoculation of Didymella bryoniae,assessed as the average length of the stem lesion, four days after inoculation (resistência degenótipos de melão à inoculação no caule de Didymella bryoniae, avaliada pelo comprimentomédio da lesão, quatro dias após a inoculação). Gurupi, UFT, 2007.

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The gummy stem blight and thedowny mildew were assessed in leaves75 DAE, when both diseases were spreaduniformly. Diseases were evaluatedbased on the following scale (Santos etal., 2005): 0 = healthy plant; 1= less than1% of affected leaf area; 3= between 1and 5% of affected leaf area; 5= between6 and 25% of affected leaf area; 7=between 26 and 50% of affected leaf area;9= more than 50% of affected leaf area.In view of the co-occurrence of bothdiseases, symptom differentiation wasbased on the lesion general aspect,according to Blancard et al. (1996). Thegummy stem blight symptoms wererecognized as dark necrotic spots, inwhich the damaged tissue dries and getloose from the plants. The downy mildewsymptoms were identified as angular orround spots that progress from lightgreen to necrosis, displaying the fungilight reproductive structures in theabaxial leaf surface. To support thevisual diagnosis, infected leaves werecollected and examined under opticaland stereoscopic microscope to confirmthe presence of either pathogen. Datawere submitted to analysis of varianceand the means for genotypes wereseparated using the Scott-Knott test. Weused the software ASSISTAT 7.4 beta-2007 (Silva & Azevedo, 2006).

RESULTS AND DISSCUSSION

Assay I: Aggressiveness ofDidymella bryoniae isolates to melonseedlings - All isolates were pathogenicto melon seedlings, cultivars Dalton andSolarking. Nevertheless, isolates differedfrom each other in aggressiveness, sensuAndrivon (1993). Isolate BRSb was themost aggressive, since it induceddamping-off in cultivar Dalton seedlingsand caused an average stem lesionlonger than 1 cm in cultivar Solarkingseedlings (Table 1). This isolate belongsto the diversity group which is prevalentin Brazil (Santos et al., 2008) and maywell be employed in melon breedingprograms for resistance to the gummystem blight. Cultivar Solarking was lesssusceptible than cultivar Dalton forthree out of the seven isolates studied.

Assay II: Resistance of melongenotypes to Didymella bryoniae steminfection - All genotypes were infected

Reaction of melon genotypes to the gummy stem blight and the downy mildew

Table 2. Part II

Genotype* Origin Lesion Length (cm)**

Sib do CNPH 82-038 Dessert Seed 1,7 b

Janne Canari Petoseed 1,7 b

Honey Dew Green Petoseed 1,7 b

W6 Wisconsin University 1,7 b

Asgrow 200230 USA 1,7 b

Deltex Commercial 1,7 b

W 30 Japan 1,7 b

PMR-45 Petoseed 1,7 b

Karry Kiz The Soviet Union 1,7 b

Honi Deni Hami China 1,7 b

193249 Piratini County - RS 1,7 b

Edisto 47 Wisconsin University 1,7 b

Doublon Commercial 1,7 b

Golden Petoseed 1,7 b

Miskolc Hungary 1,7 b

TR 63230 Turkey 1,7 b

Verde Comprido Spain 1,7 b

Super Doce Spain 1,7 b

Sul State of Rio Grande do Sul 1,8 b

Pinonet France 1,8 b

Attajskaja Embrapa GR&B2 1,8 b

Glover Japan 1,8 b

193248 Piratini County - RS 1,8 b

Margot France 1,8 b

Marigold USA 1,8 b

193258 Rio Grande County - RS 1,9 a

Rochedo Asgrow 1,9 a

Koh Japan 1,9 a

G-35 Japan 1,9 a

Gold Mine Petoseed 1,9 a

Extra Supermercado Brasília - DF 1,9 a

PI 532830- China 2,0 a

Caipira da Bolívia Bolivia 2,0 a

Ak-Kaun The Soviet Union 2,1 a

193257 Rio Grande County - RS 2,1 a

CV% 9,7

*Seedlings inoculated by a stem wound, 20 days after emergence (plântulas inoculadas comferimento no caule, 20 dias após a emergência); **Means followed by the same letter in thecolumn do not significantly differ from each other, Scott-Knott clusteting test, p<0.05(médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si, teste de agrupamento deScott–Knott, p<0,05).1CEASA-DF = Wholesale market for Brasília-DF (Central de Abastecimento de Brasília–DF); 2Embrapa GR&B= Embrapa Genetic Resources and Biotechnology (Embrapa Recur-sos Genéticos e Biotecnologia).

upon stem inoculation and presentedcharacteristic symptoms four days afterinoculation. In spite of the inexistenceof immunity, significant variation insusceptibility to stem infection wasobserved among the inoculatedgenotypes. Within 86 genotypes, 48 hadstem lesions ranging from 1.4 to 1.6 cm;28, from 1.7 to 1.8 cm; and 10, from 1.9 to

2.1 cm, the latter ones clustered as themost susceptible. The genotypes withthe shortest stem lesions were M59CH4,Valenciano Elíptico, Melão Caboclo,M63A17, and Hegykô. The mostsusceptible genotypes, with the longeststem lesions, were 193257, AK-Kaun,Caipira da Bolívia, and PI 532830 (Table2). In watermelon, Santos & Café-Filho

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164 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

GR Santos et al.

(2005) also found variability in thereaction to the gummy stem blight fromcultivar to cultivar. The protectionagainst the disease given by geneticresistance, although only partial,decreases the outbreak progress rateand is valuable in association with othermeasures, contributing to the reductionin both the use of fungicides andproduction costs. Genetic resistance canalso be useful to lessen chances ofenvironmental contamination, accidentswith the person in charge of spraying,and presence of chemical residues infruits.

Assay III: Field resistance of melongenotypes to the gummy blight in leavesand the downy mildew - Highprecipitation occurred during the wholecrop cycle, especially in the first months,when more than 500 mm of rain fell down.Monthly rain distribution, according toMetereological Station of theUniversitary Campus of Gurupi (FederalUniversity of Tocantins), was as follows:228, 330, 151, and 21 mm, respectivelyfrom January to April 2007. Such climaticcondition, particularly in the beginningof the cycle, might have favored boththe gummy blight and the downy mildew,

since high humidity contributes todissemination of both sporangia andzoospores.

Regarding the gummy blight,genotypes Taslaki and Sary Juliabi weresignificantly the most susceptible to theleaf infection, while genotypes PerlitaBusle S1, Valenciano Elíptico, Glaver,MR1, and 2526 were the less susceptible(Table 3). Genotypes M59CH4,Valenciano Elíptico, Melão Caboclo,M63A17, and Hegykô, which wereclustered as less susceptible in relationto stem infection (Assay 2), weregrouped among those genotypesconsidered as moderately resistant to leafinfection. The correlation betweensusceptibility in stem and leaves waspreviously reported in watermelon(Santos & Café-Filho, 2005), in which acorrelation value of r = 0.77 was foundbetween symptoms in both plant organs.The methodology of searching forresistance based on evaluatingsymptoms both in stem and leaves isalso employed by other authors (Zhanget al., 1997; Sakata et al., 2000). Santoset al. (2004), when studying theresistance of 20 melon hybrids to themain diseases in States of Ceará and RioGrande do Norte, observed that allgenotypes were susceptible to thegummy stem blight and the downymildew.

In spite of all genotypes beingsusceptible to the downy mildew, therewere significant differences insusceptibility among genotypes. Thehighest disease severity scores camefrom genotypes MR1, ValencianoAmarelo, and 2526. Genotype Taslaki, forits turn, had the lowest severity score,followed by genotypes M88CH4, Prince,and Melão Caboclo (Table 3). Otherauthors, when studying the resistanceof melon lineages to the downy mildew,found few sources of disease resistance.Cohen et al. (1995) studied theresistance of eight melon genotypes andfound tolerance in lineages P22a andP6a-3.

All commercial genotypeschallenged in this study weresusceptible to both the gummy blightand the downy mildew. Nevertheless,there were distinct levels ofsusceptibility among them. The

Table 3. Field resistance of 28 melon genotypes to the gummy blight (Didymella bryoniae)in leaves and to the downy mildew (Pseudoperonospora cubensis) (resistência em campo de28 genótipos de melão ao crestamento gomoso (Didymella bryoniae) e ao míldio(Pseudoperonospora cubensis)). Gurupi, UFT, 2007.

GenotypesDisease Severity*

Gummy blight in leaves Downy mildew

Perlita Busle S1 3.6 c 4.3 b

Valenciano Elíptico 3.6 c 5.0 a

Glaver 3.6 c 5.6 a

MR1 3.6 c 7.6 a

2526 3.6 c 7.6 a

M59CH4 4.3 c 6.3 a

Hegykô 4.3 c 6.3 a

Aroma F1 4.3 c 4.3 b

Melão Caboclo 4.3 c 3.6 b

Csardaszallas 4.3 c 5.6 a

M88CH4 4.3 c 3.6 b

Valenciano Amarelo 4.3 c 7.6 a

Gold Beauty 4.3 c 6.3 a

M63A17 5.0 c 6.3 a

F1 Helios 5.0 c 5.0 a

P S-2 Pele de Sapo 5.0 c 6.3 a

A2 5.6 c 6.3 a

Hales Best Jumbo 5.6 c 5.6 a

Amarelo 5.6 c 5.0 a

Prince 5.6 c 3.6 b

Nyiregyhara 5.6 c 6.3 a

Sea Bolt 6.3 b 7.0 a

Dolidor F1 6.3 b 5.6 a

Melão Trevo 6.3 b 5.0 a

A 1 7.0 b 5.6 a

Eldorado 7.6 b 5.6 a

Taslaki 9.0 a 3.0 b

Sary Juliabi 9.0 a 5.6 a

CV% 11,3 10,8

*Prior to the application of the means separation test, raw data were tranformed to X=”x +0,5 (antes da aplicação do teste de médias, os dados originais foram transformados para X=”x+ 0,5). Means followed by the same letter in the column do not differ significantly from eachother, Scott-Knott clustering test, p<0.05 (médias seguidas da mesma letra nas colunas nãodiferem significativamente entre si, teste de agrupamento de Scott-Knott, p<0,05).

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165Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

Reaction of melon genotypes to the gummy stem blight and the downy mildew

differential reaction points to thepossibility of selecting cultivars whichare likely to be less severely affectedamong those suitable for the market. Yet,this is a partial protection. Therefore,farmers should make use also of furtherintegrated management measures, suchas crop rotation, chemical spraying,adequate season for planting, irrigationmethod (avoiding leaf wetting), andbalanced fertilization. In addition, it isimportant to implement new breedingprograms and to expand the existingones aiming at developing melongenotypes with improved levels ofresistance to the gummy stem blight andthe downy mildew.

ACKNOWLEDGMENTS

AC Café Filho thanks the financialsupport of the National Council forScientific and TechnologicalDevelopment (CNPq), grant forProductivity in Research, process CNPq306968/2006-1.

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A cenoura é uma das principais hor-taliças cultivadas no Brasil, sendo

que a maioria das cultivares para o culti-vo de verão é oriunda de atividades demelhoramento executadas por institui-ções brasileiras públicas ou privadas.Entretanto, pouca informação tem sidoregistrada sobre os detalhesmetodológicos aplicados durante o pro-cesso de desenvolvimento dessas cul-tivares (Vieira et al., 2006).

O correto dimensionamento de ex-perimentos deve ser realizado para quese possa reduzir o erro experimental e,com isso, maximizar a precisão das in-formações obtidas em um experimento(Steel & Torrie, 1960). Nos programas

SILVA GO; VIEIRA JV; VILLELA MS. 2009. Tamanho de amostra para avaliação de caracteres de cenoura em sistemas de cultivo agroecológico.Horticultura Brasileira 27: 166-170.

Tamanho de amostra para avaliação de caracteres de cenoura em siste-mas de cultivo agroecológicoGiovani Olegário da Silva; Jairo V Vieira; Michelle S VillelaEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; [email protected]

de melhoramento, a diminuição do erroexperimental em função do número deplantas por parcela é de grande interes-se, uma vez que conduz a redução davariância fenotípica, e, consequente-mente, para maiores progressos genéti-cos com a seleção (Eberhart, 1970). Es-tudos sobre tamanho de parcela têmcontribuído sobremaneira para a redu-ção de recursos financeiros empregadosna pesquisa de várias culturas (Freitaset al., 2001).

Em um mesmo ambiente a máximaexatidão das estimativas genéticas éobtida com o mais elevado número defamílias avaliadas numa população. Noentanto, se considerar um experimento

em que o número de repetições e de plan-tas dentro de família é adequado parareduzir a influência ambiental e represen-tar de forma adequada determinado cru-zamento, a utilização de um número defamílias suficiente para bem representardeterminado cruzamento, é recomenda-do (Granate et al., 2001). Além disso, otamanho e número de parcelas está dire-tamente ligado ao custo de implantaçãode experimentos e das avaliações, sen-do que o balanço entre custo e precisãodetermina o tamanho ótimo da amostraexperimental (Zhanga et al., 1994. Storcket al., 2006).

De acordo com Wu et al. (1978), parafins de melhoramento genético, o tama-

RESUMO

O correto dimensionamento de experimentos deve ser utilizadopara que se possa reduzir o erro experimental e com isso, maximizara precisão das informações obtidas. O objetivo deste trabalho foiestimar o número mínimo de famílias e de plantas por parcela paraavaliação de caracteres de raiz em uma população de cenoura cultiva-da em sistema agroecológico. Os ensaios foram conduzidos no verãode 2006/2007 em duas propriedades com cultivo agroecológico emBrasília: Associação Mokiti Okada, que segue modelo de AgriculturaNatural em Brazlândia-DF e Núcleo Rural Taguatinga, seguindo mo-delo de Agricultura Orgânica em Taguatinga-DF. Foram avaliadas 100famílias de meio-irmãos de cenoura dispostas em delineamento deblocos casualizados com duas repetições e parcelas de 1 m2. Foramcolhidas 20 plantas competitivas por parcela e avaliadas individual-mente para os caracteres comprimento de raiz, diâmetro da raiz,massa da raiz, diâmetro do xilema da raiz, relação diâmetro do xilema/diâmetro da raiz, tipo de ponta da raiz, tipo de ombro da raiz,parâmetro a* para os tecidos xilema e floema. Foi realizada análise devariância conjunta e para cada sistema, com informação entre e den-tro de parcelas. Foram realizadas ainda análises de representatividadedo número mínimo de famílias e de plantas para representar umapopulação de cenoura. Foi verificado que uma amostra de 18 plantascompetitivas/parcela coletadas em ensaios com 2 repetições, bemcomo de 74 famílias, são suficientes para garantir uma adequadaavaliação de famílias meio-irmãos de cenoura para os caracteres estu-dados.

Palavras-chave: Daucus carota L., número mínimo de plantas, nú-mero mínimo de famílias, simulação.

ABSTRACT

Sample size for evaluation of carrot traits in agroecologiccultivation systems

The correct experiment design should be used to reduce theexperimental error and, with that, maximize the precision of theinformation obtained. The objective of this work was to estimate theminimum number of families and of plants per plot for evaluation ofroot traits in a carrot population cultivated in agroecologic systems.The essays were conducted in the summer of 2006/2007 in twoagroecologic properties in Brasília: “Associação Mokiti Okada”,which follows model of Natural Agriculture in Brazlândia and “NúcleoRural Taguatinga”, following model of Organic Agriculture inTaguatinga, Brazil. We evaluated 100 half-sib families of carrot arrangedin randomized block design with two replications and plots of 1 m2.Twenty competitive plants per plot were harvested and individuallyevaluated for the traits: root length, root diameter, root mass, rootxylem diameter, relationship of xylem diameter/root diameter, typeof root tip, type of root shoulder, parameter a* of root xylem andphloem. Joint variance analysis of the group and of each system,were performed with information between and inside plots. Analysesof representativity minimum number of families and of plants torepresent a carrot population were performed. A sample of 18 plantscompetitive/plot collected in essays with 2 replications, as well as74 families, are enough to guarantee an appropriate evaluation ofcarrot half-sib families for the traits studied.

Keywords: Daucus carota L., minimun number of plants, minimunnumber of families, simulation.

(Recebido para publicação em 21 de maio de 2008; aceito em 11 de maio de 2009)(Received in May 21, 2008; accepted in May 11, 2009)

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nho mínimo da amostra pode ser defini-do como o número mínimo de elementosnecessários para estimar a média e a va-riância de um dos caracteres da popula-ção, com precisão razoável.

O tamanho mínimo da amostra de tra-balho em melhoramento depende da es-pécie, do tipo de população, dasinferências que se deseja realizar, dascondições ambientais sob as quais éconduzida a população e do nível deprecisão desejado (Graybill &Kneebone, 1959; Palomino et al., 2000;Viana et al., 2002, Alves & Seraphin,2004), sendo importante que os progra-mas de melhoramento realizem estudossobre as condições locais em que é apli-cada a seleção.

Pelo aumento do interesse por pro-dutos com baixo nível de resíduos deagrotóxicos e produção menos agressi-va ao meio ambiente, a agriculturaagroecológica tem tido crescimento ace-lerado em todo o mundo. Consideran-do-se que a agroecologia representa umconjunto de técnicas e conceitos quevisam a produção de alimentos maissaudáveis e naturais, as linhasagroecológicas mais relevantes são:Agricultura Orgânica, AgriculturaBiodinâmica, Agricultura Biológica, Agri-cultura Ecológica, Agricultura Natural ea Permacultura (Souza, 2006).

A Agricultura Orgânica foi fundadaem 1931 na Índia, por Sir Albert Howarde por Lady Eve Balfour. A principal ca-racterística deste movimento é o proces-so ‘Indore’ de compostagem, que se ca-racteriza por uma compostagem em pi-lhas ou leiras a céu aberto, as quais sãoremovidas por processo manual. Howardadmite que “a verdadeira fertilidade dossolos deve estar assentada sobre umamplo suprimento de matéria orgânica eprincipalmente na manutenção de ele-vados níveis de húmus no solo”. Nestesistema, o uso de plantas de raízes pro-fundas é ainda recomendado por seremcapazes de explorar as reservas mine-rais dos solos (Souza, 2006).

A Agricultura Natural surgiu no Ja-pão em 1935 e seu fundador foi MokitiOkada. Ele propôs um sistema de pro-dução agrícola que tomasse a naturezacomo modelo. Nesse sistema o solo nãodeve ser movimentado, todos os restosculturais e palhadas devem ser

reciclados e não devem ser utilizadosestercos animais nos compostos. Atual-mente, utilizam-se também microrganis-mos efetivos (EM), que servem para pre-venção de problemas fitossanitários ouna inoculação do composto orgânicoque será utilizado na propriedade (Sou-za, 2006).

O objetivo deste trabalho foi estimaro número mínimo de famílias de meio-irmãos e de plantas por parcela para ava-liação de caracteres de raiz em uma po-pulação de cenoura cultivada em siste-mas agroecológicos.

MATERIAL E MÉTODOS

Os ensaios foram conduzidos noverão de 2006/2007, em duas proprieda-des com cultivo agroecológico emBrasília: Associação Mokiti Okada, queutiliza modelo de Agricultura Natural emBrazlândia-DF; e Núcleo RuralTaguatinga, seguindo modelo de Agri-cultura Orgânica em Taguatinga-DF. Ostratos culturais foram efetuados de acor-do com os procedimentos usuais decada propriedade, seguindo as orienta-ções dos respectivos modelosagroecológicos. Foram avaliadas 100famílias de meio-irmãos de cenouraoriundas de uma população derivada dacultivar Alvorada do programa de me-lhoramento da Embrapa Hortaliças, ob-tida por seleção recorrente entre e den-tro de famílias de meios-irmãos. As famí-lias foram dispostas em delineamento deblocos casualizados com duas repeti-ções e parcelas de 1 m2. A semeadura foifeita em quatro linhas transversais aocomprimento do canteiro, espaçadas de25 cm uma da outra, totalizando aproxi-madamente cerca de 100 plantas por m2.O desbaste nas duas propriedades foirealizado 30 dias após semeio; na pri-meira propriedade foi cultivada uma plan-ta a cada 2 cm, sendo que na segundapropriedade o desbaste foi apenas par-cial (apenas retirado o excesso de plan-tas), a metodologia de cultivo emprega-da, inclusive do desbaste, foi a utilizadatradicionalmente nos diferentes mode-los agroecológicos.

Foram colhidas 20 plantas competiti-vas por parcela com aproximadamente 90dias após semeio, as quais foram avalia-das individualmente para os caracteres

comprimento de raiz (mm), diâmetro da raiz(mm) avaliado na metade do comprimentoda mesma, massa da raiz (g), diâmetro doxilema da raiz (mm) avaliado na metade docomprimento da raiz, relação diâmetro doxilema/diâmetro da raiz, tipo de ponta daraiz (critério de notas: 1= arredondada, 2=levemente afilada, 3= afilada), tipo de om-bro da raiz (critério de notas: 1= cônico, 2=arredondado, 3= plano, 4= côncavo), e porleitura colorimétrica direta, determinou-seo parâmetro a* para os tecidos xilema efloema de cada raiz, utilizando-se oanalisador de cor de tristimulus compactoMinolta CR-200b (Minolta CorporationInstrument System Division), parâmetro decor que determina o teor de â-caroteno dasraízes de cenoura (Pereira, 2002).

Os dados foram submetidos à análi-se de homogeneidade de variância (tes-te de Bartllet) e de normalidade (Lilliefors)para cada sistema individualmente, e dehomogeneidade de variância na análiseconjunta. Os caracteres parâmetro a* doxilema para o primeiro sistema e a* dofloema para o segundo sistema, foramtransformados por , enquanto quediâmetro do xilema, tipo de ombro, tipode ponta, para o segundo sistema, e diâ-metro de raiz para os dois sistemas, fo-ram transformados por , paraatender a pressuposição de normalida-de de distribuição.

Posteriormente, foi realizada análisede variância conjunta, e análise de va-riância com informação entre e dentrode parcelas, para cada sistema, para oscaracteres com interação genótipo xambiente ou sem homogeneidade devariância na análise conjunta. Foram rea-lizadas ainda análises derepresentatividade do número mínimo defamílias e de plantas para representaruma população de cenoura pelo métodoBootstrap de simulação de subamostrascom determinação baseada na estabili-zação da média e da variância genética.Para a estimação do número mínimo deplantas por parcela e de famílias, iniciou-se com subamostras de duas plantas ecinco famílias, com incremento de umaplanta e uma família, de uma análise paraa outra. O número de plantas foi suces-sivamente aumentado até se atingir ototal de 20 plantas por parcela e de famí-lias até 100. Para cada tamanho desubamostra realizaram-se 20

Tamanho de amostra para avaliação de caracteres de cenoura em sistemas de cultivo agroecológico

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reamostragens de forma aleatória, comreposição. Para cada subamostra, foramestimados os parâmetros genéticos, ob-tendo-se em seguida a média das 20subamostras do mesmo tamanho.

O número de plantas e de famílias,para representar a população, foi deter-minado como o ponto a partir do qual aestimativa do parâmetro escolhido tor-nou-se estável, de acordo com retas delimites superiores e inferiores do desviopadrão, tomando-se como referência amédia obtida com as 20 plantas e 100famílias, respectivamente, com objetivode tornar as estimativas não subjetivas.

Todas as análises foram efetuadas uti-lizando-se o programa GENES (Cruz, 2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pela análise de variância conjunta para

os dois sistemas de cultivo, os caracteresmassa, diâmetro de xilema e relação entrediâmetro de xilema, não possueminteração entre famílias e sistema de pro-dução denotando homogeneidade devariância. Pela análise de variância con-junta, estes três caracteres (massa, diâ-metro de xilema e relação entre diâmetrodo xilema) foram significativos em dife-renciar as famílias, e os coeficientes devariação foram de 21,32%, 17,31% e17,81%, respectivamente, indicando boaprecisão experimental.

Para os caracteres comprimento deraiz, parâmetro a* de xilema e de floema,tipo de ponta e tipo de ombro, a interaçãode famílias x sistema de produção foi sig-nificativa, e diâmetro de raiz semhomogeneidade das variâncias resi-duais, indicando que os ambientes nãoinfluenciaram da mesma forma na expres-

são destes caracteres, sendo que paraestes, as inferências foram efetuadaspara cada sistema.

Pela análise de variância dos dados dosistema Agricultura Natural, verificou-seque todos os caracteres foram significati-vos em diferenciar as famílias, exceto para oparâmetro a* do floema. Os coeficientes devariação ambiental foram reduzidos, sendoinferiores a 13% para todos os caracteres,indicando boa precisão experimental. Já,pela análise de variância para o sistemaAgricultura Orgânica, verificou-se que ape-nas o caráter diâmetro de raiz não foi signi-ficativo na diferenciação das famílias, reve-lando forte influência ambiental, com coefi-ciente de variação de 38,50%. Para os de-mais caracteres, as estimativas de coefici-ente de variação foram inferiores a 9%.

Para o caráter comprimento de raiz,no sistema Agricultura Natural, de acor-

Figura 1. Número mínimo de famílias e de plantas dentro de parcela para uma população de cenoura por simulação de acordo com aestabilização da média e variância genética, para o caráter tamanho de raiz, cultivado em sistema de Agricultura Natural (minimum familynumber and plants per plot for a carrot population by simulation in accord with the average and genetic variance stabilizations, for the traitroot size, cultivated in Natural Agriculture system). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2007.

GO Silva et al.

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do com o método da estabilização damédia e da variância genética, o primei-ro ponto de uma série constante queesteve dentro do limite do desvio pa-drão variou de 8 para a estabilização damédia, a 7 para a estabilização da variân-cia genética, indicando que 8 deve serconsiderado como a estimativa do nú-mero mínimo de plantas por parcela pararepresentar uma população, em condi-ções de campo, para este caráter (Figura1). Números superiores a estes nãoacrescentariam maiores informações enão proporcionariam redução significa-tiva do erro (Zanon & Storck, 2000).

Ainda para o sistema de cultivo Agri-cultura Natural, em relação ao númeromínimo de famílias, verifica-se que a es-tabilização da média e da variância ge-nética, dentro de um desvio padrão, tam-bém para o caráter comprimento de raiz,o primeiro ponto de uma série constantedentro dos limites de confiança, é cor-respondente a 58 famílias, e para a va-riância genética a 70 famílias. Portanto,para este caráter, o número estimadomínimo de famílias deve ser de 70 (Figu-ra 1). Para os demais caracteres nos doissistemas de cultivo agroecológicos, asestimativas de número mínimo de plan-tas por parcela e de famílias foi realizadoseguindo este mesmo modelo, e estãodescritos nas Tabelas 1 e 2.

Há que se acrescentar que ainda emrelação ao caráter comprimento de raiz, nosistema de cultivo Agricultura Orgânica,verificou-se que 63 seria o número mínimode famílias a ser utilizado em ensaios paraa seleção de famílias (Tabela 1).

Para os demais caracteres que expres-saram interação entre famílias x sistemade cultivo, ou ausência dehomogeneidade de variância, verificou-se que o número mínimo de 74 famíliasque deve ser utilizado na avaliação con-junta dos caracteres: diâmetro de raiz,parâmetro a* do xilema, tipo de ponta etipo de ombro no sistema de cultivoAgricultura Natural. Da mesma forma,para os caracteres a* do xilema e floemae ainda tipo de ponta e de ombro, avalia-dos no sistema de cultivo AgriculturaOrgânica, este valor também foi de nomínimo 74 famílias (Tabela 1). Em rela-ção ao número mínimo estimado de plan-tas por parcela, para a avaliação destesmesmos caracteres, pode-se verificar

Tabela 2. Estimativas do número mínimo de famílias e de plantas por parcela, por simulação,de acordo com a estabilização da média e variância genética, para caracteres de raiz de cenouraque não apresentaram interação genótipo x ambiente e apresentaram homogeneidade de va-riância na análise de variância conjunta, em uma população com 100 famílias e 20 plantas porparcelas em duas repetições, cultivada em dois sistemas de produção agroecológicos (estimatesof the minimum family number and of plants per plot, by simulation, in accord with the meanand genetic variance stabilizations, for traits of carrot root that didn’t present interactiongenotype x environment and presented variance homogeneity in the joint variance analysis,in a population with 100 families and 20 plants per plot in two replications, cultivated in twosystems of agroecologic production). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2007.

Agricultura Natural e Agricultura orgânica

CaráterMédia Variância

Valor MédioNúmero de famílias

Massa 65 56 60,50

Diâmetro xilema (DX) 65 55 60,00

Relação DR/DX 58 63 60,50

Número de plantas por parcela

Massa 16 9 12,50

Diâmetro xilema (DX) 5 16 10,50

Relação DR/DX 10 11 10,501Não significativo pela análise de variância (1not significant by variance analyses).

que pelo menos 17 plantas necessitamser avaliadas no sistema AgriculturaNatural; já para Agricultura Orgânica,este valor é de 18 (Tabela 1).

Para os caracteres sem interação fa-mília x sistema de cultivo, ou ausência

de homogeneidade de variância (massa,diâmetro de xilema e relação entre diâ-metro de xilema e diâmetro da raiz), onúmero mínimo estimado de famílias,para os dois sistemas de produção, foide 65, enquanto 16 foi o número mínimo

Tamanho de amostra para avaliação de caracteres de cenoura em sistemas de cultivo agroecológico

Tabela 1. Estimativas do número mínimo de famílias e de plantas por parcela, por simulação,de acordo com a estabilização da média e variância genética, para caracteres de raiz de cenouraque apresentaram interação genótipo x ambiente ou não apresentaram homogeneidade devariância na análise de variância conjunta, em uma população com 100 famílias e 20 plantaspor parcelas em duas repetições, cultivada em dois sistemas de produção agroecológicos(estimates of the minimum family number and of plants per plot, by simulation, in accordwith the mean and genetic variance stabilizations, for traits of carrot root that presentedinteraction genotype x environment and variance homogeneity in the joint variance analysis,in a population with 100 families and 20 plants per plot in two replications, cultivated in twosystems of agroecologic production) Brasília, Embrapa Hortaliças, 2007.

CaráterAgricultura Natural Agricultura orgânica

Valor MédioMédia Variância Média Variância

Número de famílias

Comprimento 58 70 57 63 58,75

Diâmetro Raiz (DR) 68 72 -1 - 70,00

a* Xilema 60 67 59 68 63,50

a* Floema - - 61 71 66,00

Tipo ponta 54 52 62 74 60,50

Tipo ombro 60 74 68 58 65,00

Número de plantas por parcela

Comprimento 9 8 13 8 9,50

Diâmetro Raiz (DR) 11 7 - - 9,00

A* Xilema 17 6 18 11 13,00

A* Floema - - 11 5 8,00

Tipo ponta 13 13 5 8 9,75

Tipo ombro 8 10 11 16 11,251Não significativo pela análise de variância (1not significant by variance analyses).

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170 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

GO Silva et al.

de plantas (Tabela 2).

Tem-se, portanto, que para que to-dos os caracteres avaliados possam seravaliados nos dois sistemas de produ-ção, o número de famílias mínimo reque-rido é 74, enquanto a parcela deveriaconter pelo menos 18 plantas. Estes va-lores seriam suficientes para propiciaradequada avaliação e ou caracterizaçãodas famílias em teste.

Estes valores de número mínimo defamílias foram superiores aos estimadospor Vieira et al. (2006) para os caracteresnúmero e comprimento de folhas, massae comprimento da raiz e primeira conta-gem e germinação de sementes, que foide 67. Granate et al. (2001) utilizaram tam-bém o método de análise visual dos grá-ficos e verificaram que o número mínimode famílias, em população de milho pi-poca ‘CMS 43’, foi de 141.

Desta forma, pode-se verificar queuma amostra de 18 plantas competitivas/parcela, coletada em ensaios com duasrepetições, em 74 famílias de meio-irmãossão suficientes para garantir uma ade-quada avaliação desta estrutura popu-lacional em cenoura para os caracteresestudados.

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171Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

Os solos brasileiros, em sua grandemaioria, são constituídos por

Latossolos e Argissolos. Os mesmosapresentam elevada taxa deintemperização dos seus materiais cons-tituintes, restando pouca ou nenhumareserva mineral de nutrientes nas maio-res frações, dominadas quase que ex-clusivamente por quartzo e outros ma-teriais resistentes ao intemperismo(Meurer et al., 1996).

A matéria orgânica do solo consti-tui-se a principal fonte de boro disponí-vel às plantas (Abreu, et al., 2007;Dechen & Nachtigall, 2007). Assim, so-los altamente intemperizados, especial-mente os arenosos, em condições de altapluviosidade, tendem a apresentar bai-xos teores de matéria orgânica e conse-qüentemente baixo aporte de B (Dechen& Nachtigall, 2007), o que pode ser

ECHER FR; DOMINATO JC; CRESTE JE; SANTOS DH. 2009. Fertilização de cobertura com boro e potássio na nutrição e produtividade da batata-doce. Horticultura Brasileira 27: 171-175.

Fertilização de cobertura com boro e potássio na nutrição e produtividadeda batata-doceFábio R Echer2; Júlio C Dominato2; José E Creste1; Diego H Santos2

1UNOESTE-CCA, Campus II, Rod. Raposo Tavares, km 572, 19067-175 Presidente Prudente-SP; 2Mestrando em Agronomia;[email protected]

minimizado com o acréscimo da aduba-ção boratada nos programas de aduba-ção das culturas.

Dentre os fatores que afetam a ab-sorção de potássio, a morfologia do sis-tema radicular determina a sua absorçãoe, conseqüentemente, influencia seutransporte na solução do solo em dire-ção às raízes (Ernani et al., 2007). Sendoassim, à medida que o sistema radicularaumenta, resultando na exploração demaior volume de solo, aumenta tambéma absorção de K.

O K desempenha diversas funçõesna planta, destacando-se a ativação deenzimas; atua na fotossíntese e respira-ção, síntese de proteínas, carboidratose da ATP; na regulação osmótica, namanutenção de água na planta por meiodo controle da abertura e fechamentodos estômatos (Marschner, 1995). A de-

ficiência de K origina frutos de menortamanho e com menor intensidade de cor(Ernani et al., 2007).

Já o B compõe a membrana celular;atua no transporte de açúcares realiza-do pelo K via floema, participa da divi-são, diferenciação e elongação celular etem papel na fecundação e na germina-ção do grão-de-pólen. Aumenta a absor-ção de P, Cl e K através do sistemaradicular; inibe a formação de amido eatua no metabolismo e transporte decarboidratos até os órgãos de reserva(Malavolta et al.,1997). Além disso, osmetabolismos do RNA e do AIA (ÁcidoIndol Acético) são mediados pelo B;participa ainda da respiração, da fixaçãode N

2, e na diminuição da toxicidade de

Al. A deficiência de B aumenta a quedade botões florais, flores e frutos em de-senvolvimento, bem como é responsá-

RESUMOOs Latossolos e Argissolos apresentam elevada taxa de

intemperização dos seus materiais constituintes, com pouca ou ne-nhuma reserva mineral de potássio (K) e normalmente, baixos teoresde matéria orgânica do solo, principal fonte de boro (B) às plantas. Oobjetivo do trabalho foi avaliar a produtividade da cultura da batata-doce em resposta à combinação de doses de adubação potássica eboratada. O experimento foi conduzido entre os meses de agosto de2007 e janeiro de 2008, em lavoura comercial de batata-doce, cv.Canadense, em Presidente Prudente-SP. O delineamento experimen-tal utilizado foi de blocos casualizados, com três repetições, em es-quema fatorial 4x4: doses de adubação potássica (0; 50; 100 e 200 kgha-1 de K

2O) e doses de adubação boratada (0; 1; 2 e 3 kg ha-1 de B),

ambas aplicadas em cobertura. Os tratamentos foram aplicados aos62 dias após o plantio. A maior produtividade obtida foi de 27,7 t ha-1,com a combinação das doses de 2 kg ha-1 de B aliada à aplicação de200 kg ha-1 de K

2O. O teor foliar de B aumentou conforme o aumento

da dose de B e de K. Doses de 1 e 3 kg ha-1 de B não influenciaram oteor de Mg nas folhas, mas em doses de 0 e de 2 kg ha-1 de B o teor deMg apresentou comportamento quadrático em função do aumentoda adubação potássica.

Palavras-chave: Ipomoea batatas, produção comercial, teor de nu-trientes, adubação.

ABSTRACTFertilization with boron and potassium on sweet potato

nutrition and yield

Most of Brazilian soils have little or no mineral reserve ofpotassium and, usually low content of organic matter in the soil, themost important source of boron for the plants. In this work weevaluated the yield of sweet potato, cultivar Canadense, in responseto the combination of different rates of potassium fertilization andboron fertilization. The research was carried out from August 2007to January 2008, in Presidente Prudente, São Paulo State, Brazil.The experimental design consisted of randomized blocks in a factorialscheme 4x4, with three repetitions: rates of potassium fertilization(0, 50, 100 and 200 kg ha-1 of K

2O), and levels of boron fertilization

(0, 1, 2 and 3 kg ha-1 of B), both in side dressing. The treatments wereapplied 62 days after planting date. The maximum estimated yieldwas of 27.7 t ha-1, with combination of the rates of 2 kg ha-1 of Ballied to the application of 200 kg ha-1 of K

2O. The foliar nutrient

content of B increased with increasing rates of B and K. 1 and 3 kg ha-1

of B rates did not influence the foliar content of Mg, but with rates of0 and 2 kg ha-1 of B the Mg foliar content presented quadratic behaviorin function of increasing K fertilization.

Keywords: Ipomoea batatas; marketable yield; nutrient content.

(Recebido para publicação em 28 de maio de 2008; aceito em 22 de abril de 2009(Received in May 28, 2008; accepted in April 22, 2009)

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FR Echer et al.

vel pelo insucesso do estabelecimentode sementes e de frutos (Kirkby &Römheld, 2007).

As raízes tuberosas da batata-doceconstituem o principal produto comer-cial da cultura, ricas em carboidratos,com grande demanda na alimentaçãohumana, e elevado potencial para raçãoanimal, produção industrial de farinha,amido e álcool (Clark & Moyer, 1988).

A batata-doce chega a remover de300 a 400 kg ha-1 de K

2O por meio da

colheita das raízes tuberosas, para umacolheita de 30 t ha-1, podendo exaurirrapidamente as reservas dos solos, prin-cipalmente os mais arenosos (Potafos,1990). Relatos na literatura indicam quepara cada tonelada de tubérculos debatata-doce, são extraídas 66 gramas deB (Byju, 2007). Assim, para produtivida-des de 20 t ha-1, a exportação seria de1,32 kg ha-1 de B.

Em plantas deficientes em K ocorreintenso amarelecimento e necrose nasbordas entre as nervuras de folhas ve-lhas; há uma diminuição da pigmenta-ção roxa em folhas jovens e no ponteiroe os tubérculos têm a sua espessura di-minuída (O’Sullivan et al., 1997). Os sin-tomas da deficiência de B em batata-doce caracterizam-se peloengrossamento de folhas jovens que seenrolam para baixo; crescimento com-pacto devido à redução dos internódios,clorose mosqueada; redução de lóbu-los e margens irregulares; morte domeristema apical; formação de raízescurtas, grossas e de tubérculos racha-dos; ocorre ainda a formação de bolhasna superfície do tubérculo; em casosmais severos as raízes laterais ficam cur-tas, altamente ramificadas e engrossa-das (O’Sullivan et al., 1997). Há indica-ção que a presença do H

3BO

3 na aduba-

ção de solo aumenta o teor de K na plan-ta, sendo que o inverso não ocorre.

Embora conhecida por sua rustici-dade, tolerância à seca e sua sensibili-dade a solos pobres, a batata-doce re-quer água e nutrientes suficientes paraque haja um bom rendimento da cultura(Huaman, 1992).

Alguns trabalhos com adubação embatata-doce têm apresentado bons re-sultados em termos de produtividade,como os obtidos por Brito et al (2006)com doses de K; por Echer et al (2007)

com a interação entre NxK; por Oliveiraet al (2005a) e Oliveira et al (2006) comN e por Oliveira et al (2005b) com a apli-cação de fósforo. Todavia, trabalhos queenvolvam a aplicação demicronutrientes, são escassos.

Este trabalho teve por objetivo estu-dar a influência da combinação de níveisde adubação potássica e boratada sobrea nutrição e a produtividade da culturada batata-doce, na região do OestePaulista, em Presidente Prudente-SP.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido entreos meses de agosto de 2007 e janeiro de2008, em lavoura comercial de batatadoce em Presidente Prudente-SP, defini-da pelas seguintes coordenadas geográ-ficas: latitude 22°06’50’’S e longitude51°27’32’’W, a uma altitude média de 406m. Na Figura 1 estão os dados referen-tes às condições climáticas durante acondução do experimento.

O solo da área foi classificado comoArgissolo Vermelho-Amarelo arenoso(Embrapa, 1999). De acordo com a análi-se de solo antes da instalação do experi-mento, este apresentou as característi-cas: pH (CaCl

2 0,01 mol L-1) 5,4; 10 g dm-3

de MO; 39 mg dm-3 de Presina

; 15 mmolc

dm-3 de H+Al; 2,1 mmolc dm-3 de K; 19

mmolc dm-3 de Ca; 5 mmol

c dm-3 de Mg;

5,6 mg dm-3 de S; 26 mmolc dm-3 de SB;

41 mmolc dm-3 de CTC; saturação por

bases de 63%; 40,4 mg dm-3 de Mn; 19mg dm-3 de Fe; 0,7 mg dm-3 de Cu; 1,9 mgdm-3 de Zn e 0,13 mg dm-3 de B.

O preparo do solo deu-se com duasarações pesadas, três gradagens levese com a marcação de curvas de nível. Asleiras foram demarcadas comespaçamento entre si de 0,90 m. O plan-tio foi realizado em agosto de 2007, utili-zando-se a cultivar Canadense. Utiliza-ram-se ramas coletadas na mesma pro-priedade. A adubação de plantio foi de250 kg ha-1 da fórmula NPK 4-30-10.

O delineamento experimental utiliza-do foi de blocos casualizados, com trêsrepetições, em esquema fatorial 4x4,totalizando 16 tratamentos: doses de adu-bação potássica de 0, 50, 100 e 200 kg ha-1

de K2O, fonte KCl, e doses de adubação

boratada com 0, 1, 2 e 3 kg ha-1 de B, fonteH

3BO

3, ambas aplicadas em cobertura.

Cada parcela continha 50 plantas, emuma área de 20 m2, com dimensões de 5 x3,6 m, com quatro linhas de plantio. Aárea útil compreendeu as duas linhascentrais da parcela, totalizando 9 m².

Os tratamentos foram aplicados em18 de outubro de 2007, 62 dias após oplantio, e em 12 de dezembro de 2007foram coletadas folhas para a realizaçãodas análises foliares, seguindometodologia descrita em Malavolta et al.(1997). A colheita foi realizada em janei-ro de 2008, aos 145 dias após o plantio.A produtividade comercialcorrespondeu ao peso das raízes de for-mato uniforme e lisas, com peso igualou superior a 80 g, conforme Embrapa(1995).

O estudo estatístico constou de análi-se de regressão, e foram ajustadas equa-ções significativas até 5% de probabilida-de pelo teste F que apresentaram os maio-res coeficientes de determinação (R2).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura 2 estão apresentadas ascurvas de resposta da adubaçãopotássica em combinação com as dosesde boro aplicadas ao solo. Na ausênciade adubação potássica, verificou-se in-cremento na produtividade de batata-doce conforme o aumento da dose de B.Isso indica que o aporte de B melhoroua produtividade, independentemente doacréscimo de K e, que o solo pode terfornecido o mínimo suficiente para al-cançar essas produtividades, já que oteor inicial de K no solo era de 2,1 mmol

c

dm-3 e foi realizada uma adubação inicialcom 250 kg ha-1 da formula 4-30-10.

Quando não foi realizada a aduba-ção boratada, observou-se resposta àadubação potássica até a dose de 138kg ha-1 de K

2O, com pico de produtivi-

dade de 21 t ha-1 (Figura 2). No entanto,quando a dose utilizada foi de 1 kg ha-1

de B, a máxima produtividade de 22,5 tha-1, foi obtida com a dose de 103,96 kgha-1 de K

2O. Esses dados sugerem um

efeito sinérgico entre o K e o B, pois aadição de um potencializou a utilizaçãode outro.

A maior produtividade obtida foi de27,7 t ha-1, com a utilização de 2 kg ha-1

de B, aliada à aplicação de 200 kg ha-1 de

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173Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

Figura 1. Temperatura máxima e mínima do ar e precipitação durante a condução do experi-mento (maximum and minimum air temperature and precipitation during the conduction ofthe research). Presidente Prudente, UNOESTE, 2007/2008.

Figura 2. Superfície de resposta da produtividade de raízes comerciais de batata-doce emfunção das doses de adubo com potássio e boro (commercial yield of sweet potato roots ,infunction of the fertilizer rates with potassium and boron). Presidente Prudente, UNOESTE,2007/2008.

Fertilização de cobertura com boro e potássio na nutrição e produtividade da batata-doce

K2O, conforme a Figura 2. Trabalhos que

envolvam a interação entre K e B sãoescassos na literatura. No Brasil não édiferente, pois são raros os resultadosde pesquisa da interação entre K e B nacultura da batata-doce, entretanto emalguns manuais de adubação, verifica-se a inclusão da adubação boratada (Sil-va et al., 2002; Reis et al.,1996). Entre-tanto, em estudos desenvolvidos porDavis et al. (2003) na cultura do tomatedemonstraram que o aumento do forne-cimento de B aumentou a absorção e atranslocação de K; o mesmo foi verifica-do por Schon & Blevins (1990) em soja.

Alguns autores têm estudado o efei-to isolado do K sobre a produtividadeda cultura da batata-doce; assim, Britoet al (2006) estudando doses de K

2O na

cultura da batata doce em um solo detextura franco-arenosa obtiveram produ-tividade comercial de 8,4 t ha-1 com adose de 163 kg ha-1 de K

2O.

Outros trabalhos que envolvam ainteração do K com outros nutrientessão incomuns. No entanto, Echer et al.(2007) estudaram a resposta da interaçãoentre doses de N e de K, e verificaramque a utilização de 120 kg ha-1 de K

2O

em combinação com 100 kg ha-1 de Nforam responsáveis pela produtividademáxima de 23,44 t ha-1.

Por outro lado, autores de outrospaíses como Granberry et al., (2007) re-comendam a utilização de 1,12 kg ha-1 deB e de 30-180 kg ha-1 de K

2O para a pro-

dução de batata-doce nos EUA. JáSwiader (2007), também nos EUA, reco-menda a utilização de 0,5 a 3,2 kg ha-1 deB, sendo que as doses mais elevadasdevem ser aplicadas em solos com baixoteor de matéria orgânica, solos areno-sos e altamente intemperizados.

No Brasil, Silva et al. (2002) indicama utilização de 60 kg ha-1 de K

2O em so-

los com teor alto de K; e de 1 a 2 kg ha-1

de B em solos com baixa fertilidade, comoé o caso dos solos da região do Cerradobrasileiro. Por outro lado, Reis et al (1996)indica a utilização de 0,5 a 1 kg ha-1 de Bem solos com baixos teores dessemicronutriente.

Os resultados obtidos contrastamcomo a recomendação proposta porFilgueira (2003) que preconiza a aduba-ção potássica na cultura da batata-doceque varia de 90-120 kg ha-1 de K

2O, e

com Monteiro & Peressin (1997) que re-comendam a adubação com 60 kg ha-1

de K2O em solos com altos teores desse

nutriente.

De acordo com a análise química,apenas os teores foliares de Mg e B apre-sentaram diferença significativa. Na Fi-gura 3 estão dispostos os resultados doteor foliar de B em função das doses deB e de K. Observou-se que, na ausênciada adubação potássica, o teor de B nasfolhas da batata-doce apresentou com-

portamento quadrático, sendo que amenor concentração ocorreu na dose de1 kg ha-1 de B. Para as demais doses deK

2O, observou-se comportamento linear

positivo conforme o aumento da dosede B. O maior teor foliar de B obtido foide 115 mg kg-1, com a combinação dasdoses de 200 kg ha-1 de K

2O com 3 kg

ha-1 de B, acima dos teores adequadospara a cultura da batata-doce indicadospor Lorenzi et al. (1997), que varia de 25-75 mg kg-1. No entato, O’Sullivan et al.

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174 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

Figura 3. Teores de B nas folhas em função das doses de potássio e de boro (foliar contento f Bin function of the rates of potassium and boron). Presidente Prudente, UNOESTE, 2007/2008.

Figura 4. Teores de Mg nas folhas em função das doses de potássio e de boro. PresidentePrudente, UNOESTE, 2007/2008.

FR Echer et al.

(1997) relatam que os teores foliares ade-quados de B variam de 50-200 mg kg-1,ocorrendo problemas de fitotoxidez emconcentrações superiores a 220 mg kg-1.

O teor de Mg nas folhas de batata-doce não variou com o aumento da adu-bação potássica em função da aplica-

ção das doses de 1 e 3 kg ha-1 de B,permanecendo este em 5,80 e 5,75 g kg-1,respectivamente (Figura 4). Na ausên-cia de adubação com B, entretanto, ob-servou-se comportamento quadráticoem função do aumento da adubaçãopotássica, sendo o maior teor de Mg nas

folhas de batata-doce obtido na ausên-cia de K. Quando foram aplicados 2 kgha-1 de B, a resposta também foiquadrática, e o teor máximo de Mg nasfolhas foi obtido com a aplicação de 87kg ha-1 de K

2O.

Esses valores estão de acordo comos teores considerados como adequadospor Lorenzi et al., (1997) que em folhas debatata-doce é de 3-12 g kg-1. O’Sullivanet al.(1997) relatam que foram observa-dos sintomas de deficiência em lavourasde batata-doce em países como Ugandae Austrália, e estes foram associados aconcentrações de Mg nas folhas de 2,9-3,7 g kg-1 e nos Estados Unidos obser-vou-se deficiência de Mg com teoresfoliares de 4 g kg-1.

Com base nos resultados obtidospode-se concluir que a máxima produti-vidade obtida foi de 27,7 t ha-1, com acombinação das doses em cobertura de2 kg ha-1 de B aliada à aplicação de 200kg ha-1 de K

2O. O teor foliar de B aumen-

tou conforme o aumento da dose de B ede K, e o teor de Mg nas folhas foiinfluenciado pela combinação das do-ses de B e de K.

AGRADECIMENTOS

Ao proprietário e aos funcionáriosdo Rancho Ebenezer, Marcos e Ricardopor terem cedido a área para realizaçãodo experimento e pela colaboração nacondução do mesmo.

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176 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

A marcha de absorção estuda a rela-ção existente entre a quantidade de

nutrientes, o acúmulo de matéria seca ea idade da planta, permitindo identificar,a) quantidade de nutrientes necessáriospara a produção; b) época de maior exi-gência de cada nutriente; c) em qual ór-gão cada nutriente se encontra em maiorquantidade; d) o quanto é exportadopela colheita e o quanto será necessáriorepor ao solo para não exauri-lo(Marschner, 1995). Portanto, a marchade absorção das culturas é uma impor-tante ferramenta para auxiliar os progra-mas de adubação e o manejo de fertili-zantes das lavouras. No entanto, no Bra-sil, informações sobre a absorção denutrientes e a curva de acúmulo de mas-sa seca na cultura da batata-doce sãoescassos ou inexistentes.

A composição mineral nos tecidosfoliares varia conforme a espécie, culti-

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Absorção de nutrientes e distribuição da massa fresca e seca entre órgãosde batata-doceFábio R Echer2; Júlio C Dominato2; José E Creste1

1UNOESTE-CCA, Rod. Raposo Tavares, km 572, 19067-175 Presidente Prudente-SP; 2Mestrando em Agronomia;[email protected]

var, tipo de folha e idade da planta(Malavolta et al., 1997), e a absorção denutrientes em hortaliças segue um pa-drão de crescimento ou acúmulo de mas-sa seca, sendo o potássio normalmenteo mais absorvido (Ferreira et al., 1990).

A batata-doce é uma dicotiledôneada família Convolvulaceae, que possuialta eficiência na captação da energiasolar e grande capacidade de produzirmatéria seca por um longo período detempo (Hahn, 1977). Seu caule é herbá-ceo de hábito prostrado, folhas largas epecíolo longo (Embrapa, 2008). Possuidois tipos de raiz: a tuberosa, que cons-titui a principal parte de interesse co-mercial, e a raiz absorvente, responsá-vel pela absorção de água e extração denutrientes do solo.

Os mecanismos morfo-fisiológicoscontribuem para o uso eficiente de nu-trientes pelas plantas. Entre eles, estão

o sistema radicular eficiente e extensi-vo; alta relação raiz/parte aérea; associa-ção a microrganismos que fixam N

2 at-

mosférico; habilidade das raízes em mo-dificar a rizosfera para superar situaçõesde baixa disponibilidade de nutrientes;capacidade de manter o metabolismoinalterado com baixas concentrações denutrientes nos tecidos e, alta taxafotossintética (Fageria & Baligar, 1993).

Por ter elevado potencial produtivo,a batata-doce requer grande quantida-de de nutrientes. Para uma produção de11 a 15 t ha-1 de raízes tuberosas, estima-se que a extração seja de 60 a 113 kg deN, 20 a 47,5 kg de P

2O

5, 100 a 236 kg de

K2O, 31 a 35 kg de CaO e 11 a 13 kg de

MgO (Silva et al., 2002).

No Brasil, dados referentes à extra-ção de micronutrientes pela batata-docesão escassos. No entanto, relatos na li-teratura indicam que para cada tonelada

RESUMOA marcha de absorção estuda a relação existente entre a quantida-

de de nutrientes, o acúmulo de massa seca e a idade da planta. Oobjetivo deste trabalho foi determinar a marcha de absorção de nu-trientes e a produção de massa fresca e seca dos órgãos da batata-doce, cultivar Canadense. O experimento foi conduzido entre os mesesde agosto e dezembro de 2007, em lavoura comercial, em PresidentePrudente-SP. O delineamento experimental utilizado foi inteiramentecasualizado, com três repetições. Os tratamentos consistiram emoito épocas de coleta iniciadas aos 40 dias após o transplantio, comintervalo entre coletas de 15 dias. As raízes tuberosas proporciona-ram maior produção de massa fresca e seca no momento da colheitaem relação aos demais órgãos. O N e o Mn foram os macro emicronutrientes mais absorvidos pelas folhas, ramas e raízes tuberosasde batata-doce, enquanto na raiz, observou-se maior absorção de Cae Mn. O período de maior absorção de N e K pelas raízes tuberosasfoi entre 115-145 e 115-130 dias após o transplantio, respectiva-mente.

Palavras-chave: Ipomoea batatas, extração de nutrientes, produçãode biomassa.

ABSTRACTAbsorption march of nutrients and distribution of fresh and

dry matter among organs of sweet-potato

The absorption march studies the relationship between theamount of nutrients, dry mass accumulation and the plant age. Theabsorption march of nutrients, fresh mass and dry mass productionof sweet potato organs was determined on the cultivar Canadense.The experiment was carried out between August and December, 2007,in Presidente Prudente, São Paulo State, Brazil, on a commercialfarm. The completely randomized experimental design was adopted,with three repetitions. The treatments consisted of eight collectiondates, beginning 40 days after transplanting, at 15-day intervals. Thestorage roots provided higher production of fresh and dry mass atharvest in comparison to other organs. N and Mn were the macro andmicronutrients more absorbed by leaves, stems and storage roots ofsweet potato, while higher absorption of Ca and Mn was observed inthe roots. The period of larger absorption of N and K by storageroots was between 115-145 and 115-130 days after transplantingdate, respectively.

Keywords: Ipomoea batatas; nutrient extraction, biomass yield.

(Recebido para publicação em 28 de maio de 2008; aceito em 23 de abril de 2009)(Received in May 28, 2008; accepted in April 23, 2009)

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177Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

de raízes tuberosas de batata-doce, sãoextraídas 66 gramas de B (Byju, 2007),assim para produtividades de 15 t ha-1, aexportação seria em torno de 1 kg de B.

Scott (1950) estudou a absorção depotássio pela batata-doce; nos primei-ros 60 dias a absorção foi baixa, aumen-tando aos 90 dias, sendo que quase todopotássio foi acumulado na parte aéreada planta, havendo translocação para asraízes tuberosas aos 120 e 150 dias.

Em outro trabalho realizado por Fabroet al. (1976), concluiu-se que a absor-ção de nutrientes em batata-doce variasignificativamente com o tempo, comdestaque para o potássio e o nitrogênioque a partir da oitava semana após oplantio tiveram altas taxas de absorção.

O objetivo deste trabalho foi deter-minar a marcha de absorção de nutrien-tes e a produção de massa seca dos ór-gãos da batata-doce em lavoura comer-cial no município de Presidente Pruden-te, oeste paulista.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado entre osmeses de agosto e dezembro de 2007 emlavoura comercial de batata doce, noRancho Ebenezer, em Mundo Novo, Dis-trito de Montalvão, Presidente Pruden-te-SP, definida pelas coordenadas geo-gráficas: latitude 22°06’50’’S; longitude51°27’32’’W e 406 m de altitude. Na fi-gura 1 estão os dados referentes às con-dições climáticas durante a condução doexperimento.

O solo da área foi classificado comoArgissolo Vermelho-Amarelo arenoso(Embrapa, 1999). A análise do solo reve-lou as características: pH= 5,4 (CaCl

2 0,01

mol L-1); MO= 10 g dm-3; Presina

= 39 mgdm-3; H+Al= 15 mmol

c dm-3; K= 2,1 mmol

c

dm-3; Ca= 19 mmolc dm-3; Mg= 5 mmol

c

dm-3; S= 5,6 mg dm-3; SB= 26 mmolc dm-3;

CTC= 41 mmolc dm-3; saturação por ba-

ses= 63%; B= 0,13 mg dm-3; Cu= 0,7 mgdm-3; Fe= 19 mg dm-3; Mn= 40,4 mg dm-3

e Zn= 1,9 mg dm-3.A calagem foi realizada no ano agrí-

cola anterior, em agosto de 2006, e ante-cedeu o cultivo de milho, seguido porum cultivo de batata-doce, com dose de1 t ha-1 de calcário dolomítico, de PRNTigual a 90%. O preparo de solo se deu

com duas arações pesadas, trêsgradagens leves e com a marcação decurvas de níveis. As leiras foramdemarcadas com espaçamento entre side 0,90 m. O transplantio foi realizadoem meados de agosto de 2007, utilizan-do-se ramas da cultivar Canadense,coletadas na mesma propriedade. A adu-bação de plantio foi de 250 kg ha-1 doformulado NPK 04-30-10.

O delineamento experimental foi in-teiramente casualizado, com três repeti-ções e os tratamentos consistiram nasépocas de coleta iniciadas em 20 de se-tembro de 2007 e finalizadas em 27 dedezembro de 2007, totalizando oito épo-cas. As coletas iniciaram aos 40 dias apóso transplantio (DAT), em intervalos de15 dias.

A coleta foi realizada aleatoriamentena lavoura de batata-doce, sendo retira-das três plantas completas por repeti-ção. Em seguida as plantas foram leva-das ao laboratório de tecidos vegetaisda UNOESTE, onde foram lavadas e se-paradas em folhas, ramas, raízestuberosas e raiz.

Com o auxílio de uma balança eletrô-nica de precisão as amostras tiveram suamassa fresca determinada e foram enca-minhadas à estufa de circulação de arforçada, à temperatura de 65ºC, durante72 horas. Após esse período as amos-tras tiveram sua massa seca determina-da e foram moídas para posterior análisequímica, seguindo metodologia de

Malavolta et al. (1997). Foram avaliadoso nitrogênio (N); fósforo (P); potássio(K); cálcio (Ca); magnésio (Mg); enxo-fre (S); boro (B); cobre (Cu); manganês(Mn); ferro (Fe) e zinco (Zn).

Os dados foram analisados por meiode regressão, sendo ajustadas equaçõessignificativas até 5% de probabilidadepelo teste F com os maiores coeficien-tes de determinação (R2).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A maior produção de massa frescaentre os órgãos de batata-doce na co-lheita ocorreu nas ramas, com aproxima-damente 40,4 t ha-1, seguida pelas raízestuberosas com 36,5 t ha-1, pelas folhascom 33,2 t ha-1 e pelas raízes com 3,9 tha-1 (Figura 2a). Folhas e raízestuberosas tiveram ajuste linear na pro-dução de massa verde, enquanto as ra-mas e as raízes ajuste quadrático, sendoque para todos os órgãos a maior pro-dução de massa fresca ocorreu por oca-sião da colheita.

As massas secas das folhas e dasraízes tuberosas tiveram crescimento li-near positivo até os 115 DAT. O mesmonão ocorreu com os demais órgãos daplanta, ramas e raiz, onde o ajuste foiquadrático (Figura 2b). Entre 115 e 130DAT, houve um forte crescimento damassa seca de raízes tuberosas, reflexoda translocação e do acúmulo de nutrien-tes, sendo que após esse período hou-

Figura 1: Temperatura máxima e mínima do ar e precipitação durante a condução do experi-mento. (maximum and minimum air temperature and precipitation during the conduction ofthe research). Presidente Prudente, UNOESTE, 2008.

Absorção de nutrientes e distribuição da massa fresca e seca entre órgãos de batata-doce

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ve diminuição na massa seca das raízestuberosas. Esse fato se explica pelo ci-clo perene da cultura, pois nessa fase aplanta redireciona os fotoassimilados einveste no crescimento vegetativo(Hauman, 1992).

Esses resultados estão de acordo àscurvas de acúmulo de massa seca de al-gumas espécies de olerícolas, que ge-ralmente possuem três fases distintas:na primeira fase a absorção é lenta, se-

guida de intensa absorção até atingir oponto máximo, a partir do qual ocorreum pequeno declínio (Prata, 1999; Araú-jo et al., 2001; Lima, 2001).

Porém, no trabalho de Conceição etal. (2004), o pico de produção de massaseca de folhas e de ramas foi entre 110 e116 DAT para as cultivares Abóbora eDa Costa, e o acúmulo de massa seca foidiferente entre as duas cultivares, dife-rentemente dos resultados obtidos no

presente trabalho, onde a maior produ-ção de massa seca de folhas e ramas foiobtida por ocasião da colheita.

Já para a produção de massa seca deraízes tuberosas, Conceição et al. (2004)constataram que as cultivares respon-deram de maneira diferenciada, sendoque a cultivar Abóbora obteve maiorquantidade de massa seca aos 130 DAT,enquanto a cultivar Da Costa aos 150DAT. Existe certa semelhança entre acultivar Abóbora e a Canadense, utiliza-das neste ensaio, ambas com pico deprodução de massa seca e de raízestuberosas aos 130 DAT, com um peque-no declínio até o momento da colheita.

Na Figura 3 está a marcha de absor-ção de nutrientes pelas folhas de bata-ta-doce, cv. Canadense e no Quadro 1estão dispostas as respectivas equaçõesajustadas. Desde o início dasamostragens, o nitrogênio (N) foi omacronutriente mineral mais absorvidopelas folhas de batata-doce, com taxade absorção elevada até os 100 DAT,quando o teor absorvido pelas folhasdiminuiu aos 115 DAT, voltando a au-mentar até a colheita, aos 145 DAT, comum total de 124 kg ha-1 de N extraídopelas folhas.

O segundo macronutriente em ordemde extração pelas folhas de batata-docefoi o K, com comportamento semelhan-te ao N, chegando a exportar cerca de 83kg ha-1 de K na época da colheita. O Cafoi responsável pela terceira maior taxade absorção pelas folhas de batata-doce,com extração de 52 kg ha-1 de Ca porocasião da colheita. Os demais nutrien-tes, Mg, S, e P tiveram menores taxas deabsorção pelas folhas no momento dacolheita, com valores de 17; 15 e 10 kgha-1, respectivamente. Esses resultadosobtidos na cultura da batata-doce, di-vergem de outros autores em outras cul-turas, como por Fernandes et al (1971)que avaliaram a marcha de absorção denutrientes em folhas de alface e obtive-ram a seguinte ordem de extração emplantas com 65 dias: K>N>Ca>P>Mg>S.No estudo de Furlani et al (1978), ava-liou-se a extração de nutrientes nas fo-lhas de olerícolas tuberosas como a ce-noura e a beterraba, e concluiu-se que aordem de extração foi:K>N>Ca>S>Mg>P eK>N>Mg>Ca>P>S, respectivamente.

Figura 2. (a) Distribuição da massa fresca entre órgãos de batata-doce, cultivar Canadense, emlavoura comercial; (b) Distribuição da massa seca entre órgãos de batata-doce.((a) fresh matterdistribution among sweet potato organs, cultivar Canadense, in commercial farming; (b) drymatter distribution among sweet potato organs). Presidente Prudente, UNOESTE, 2008.** Significativo a 1%.

FR Echer et al.

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179Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

Em termos de extração demicronutrientes pelas folhas de batata-doce, o Mn foi o mais absorvido, comexportação de 380 g ha-1 no momento dacolheita, aos 145 DAT (Figura 3). Emseguida tem-se o B, Zn, Fe, e Cu, comextrações de 162; 87; 48 e 41 g ha-1, res-pectivamente. A marcha de absorção demicronutrientes nas culturas da beterra-ba e cenoura teve a seguinte ordem deextração, para ambas as culturas:Fe>Mn>Zn>B>Cu (Furlani et al, 1978),no entanto no estudo de Fernandes etal (1971) o Mn foi o micronutriente maisabsorvido, seguido pelo Zn, Fe e Cu.

Nas ramas, assim como nas folhas, oN foi o nutriente mais absorvido, comextração de 85 kg ha-1, aos 145 DAT (Fi-gura 3). Por sua vez, o Ca foi o segundonutriente em ordem de extração, perfa-zendo um total de 75 kg ha-1 nas ramasde batata-doce no momento da colheita,seguido pelo K com 56 kg ha-1, pelo Mgcom 16 kg ha-1, S com 12,8 kg ha-1 e Pcom 11,8 kg ha-1. Todos os nutrientesapresentaram altos coeficientes de de-terminação no ajuste das curvas de ex-tração de macro e micronutrientes nasramas, conforme o Quadro 1. No traba-lho de Espíndola et al (1998), que ava-liou a influência da adubação verde so-bre o acúmulo de N, P e K nas ramas enas raízes tuberosas da batata-doce,concluiu-se que o K foi o nutriente maisextraído, seguido pelo N e pelo P.

De acordo com a Figura 3, a extraçãode micronutrientes nas ramas de batata-doce teve o Mn como o micronutrientemais extraído com 162 g ha-1, seguidopelo B com 114 g ha-1, pelo Fe com 65 gha-1, pelo Zn com 57 g ha-1 e pelo Cucom 41 g ha-1.

Os resultados da marcha de absor-ção de macronutrientes revelam que oCa foi o nutriente extraído em maior quan-tidade pelas raízes de batata-doce (Fi-gura 3), com extração de 25 kg ha-1 nomomento da colheita. De acordo comMalavolta et al (1974), uma das princi-pais funções do Ca, juntamente com oB, é o crescimento, desenvolvimento eo funcionamento do sistema radicular,sendo essencial na divisão celular(mitose). Os demais nutrientes, em or-dem de extração por ocasião da colheitaforam N, K, P, Mg e S com 12; 5,6; 1,5;1,5 e 1,2 kg ha-1, respectivamente. De

acordo com o ajuste das curvas de ex-tração de nutrientes pela raiz, o K e oMn foram os únicos nutrientes onde oajuste foi linear, os demais tiveram ajus-te quadrático (Quadro 1).

Furlani et al (1978) estudaram a com-posição mineral da raiz de culturas pro-dutoras de raízes tuberosas e concluiramque a ordem de extração da beterraba

foi: K>N>P>Mg>Ca>S; já a cenoura (cul-tivar Nantes) apresentou a seguinte or-dem: K>N>Ca>P>Mg>S e o nabo e orabanete apresentaram a mesma ordemde extração de macronutrientes pela raiz:K>N>P>S>Ca>Mg.

Assim, observa-se que a batata-doceapresenta comportamento diferenciadode absorção de nutrientes pela raiz, quan-

Figura 3. Marcha de absorção de macronutrientes e de micronutrientes pelas folhas1; ramas2;raíz e pelas raízes tuberosas2 de batata-doce, cultivar Canadense (absorption march of macroand micronutrients in leaves, stems, root and storage root of sweet potato, cultivar Canaden-se). Presidente Prudente, UNOESTE, 2008.1Os valores reais de Fe e Mn foram divididos por 10, obtendo-se os valores do gráfico;2Valores de Fe foram divididos por 10 (1the real values for Fe and Mn were divided for 10,obtaining the values of the figure; 2values of Fe were divided for 10).

Absorção de nutrientes e distribuição da massa fresca e seca entre órgãos de batata-doce

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do comparada a outras olerícolas pro-dutoras de raízes tuberosas, onde a ex-tração de Ca varia da terceira à quintaposição entre os macronutrientes.

Na Figura 3, tem-se a ordem de extra-ção de micronutrientes pela raiz da bata-ta-doce: Mn>B>Zn>Fe>Cu, com taxasde 35; 18; 10,9; 9,9 e 8,93 g ha-1, respec-tivamente. Esses resultados são diferen-tes dos observados por Furlani et al(1978) na marcha de absorção demicronutrientes em culturas olerícolasprodutoras de raízes como a cenoura(cultivar Nantes): Fe>Mn>Zn>B>Cu epela beterraba, nabo e rabanete, que seassemelharam de extração de nutrientes:Fe>Zn>B>Mn>Cu.

O N foi o nutriente mais absorvidopelas raízes tuberosas, com taxa de 129kg ha-1, com o maior período de absor-ção entre 115-145 DAT; seguido pelo Kcom 81 kg ha-1, que apresentou aos 115-130 DAT a maior taxa de absorção e peloCa com 23 kg ha-1 (Figura 3). Os demaismacronutrientes foram extraídos a taxasde 16; 9,6 e 7,4 kg ha-1 para P, S e Mg,respectivamente. Entre osmicronutrientes, o Mn foi o mais extraí-do com 136 g ha-1; seguido do B comtaxa de 84 g ha-1, e do Zn com 82 g ha-1.Os demais (Fe e Cu) apresentaram ab-sorção de 61 e 52 g ha-1, respectivamen-te (Figura 3).

De acordo com o Quadro 1, para o K,Ca, Mg e Mn foram ajustadas curvas deextração lineares, enquanto para o N, P,S, B, Fe, Cu e Zn o ajuste foi quadrático.

A Tabela 1 mostra a marcha de ab-sorção de nutrientes pelos órgãos dabatata-doce no momento da colheita. Amaior parte dos nutrientes absorvidosestá nas folhas, ramas e nas raízestuberosas.

As raízes tuberosas representam agrande fonte de exportação de nutrien-tes pela batata-doce, e para essa produ-tividade de 6.290 kg ha-1 de massa seca,os macronutrientes mais extraídos foramo N com 129 kg ha-1 e o K com 81 kg ha-1,mostrando assim que boa parte dos nu-trientes extraídos está contida nas raízestuberosas, principal dreno de assimila-dos da planta, analogamente aos frutosna cultura da abóbora (Vidigal et al.,2007); no tomate (Fayad et al.,2001), ena cultura da melancia (Grangeiro &Cecílio Filho, 2005).

Quadro 1. Equações de regressão para a marcha de absorção de nutrientes pelos órgãos debatata-doce, cultivar Canadense (Regression equations for absorption march of nutrients bysweet potato organs, Cultivar Canadense). Presidente Prudente, UNOESTE, 2008.

Folhas Ramas

NY = 13,910095 + 12,867794x; R² =0,81**

Y = 17,953976 -10,987012x +2,237702x²; R² = 0,89**

PY = 2,43676 -0,639484x + 0,184897x²; R²= 0,81**

Y = 3,548131 -4,347276x + 1,230812x²;R² = 0,83**

K Y = -5,312726 + 9,771782x; R² = 0,81**Y = 7,831839 -4,347276x + 1,230812x²;R² = 0,96**

Ca Y = 7,579190 + 5,308198x; R² = 0,78**Y = 10,532923 -4,984073x + 1,450554x²;R² = 0,86**

Mg Y = 2,530262 + 1,820377x; R² = 0,87**Y = 2,370625 -0,862192x + 0,295998x²;R² = 0,93**

SY = 4,9173 -1,940058x + 0,376355x²; R²= 0,87**

Y = 3,541810 -2,261500x + 0,395190x²;R² = 0,85**

BY = -5,113476 + 16,077948x; R² =0,70**

Y = 31,663244 -22,399018x +3,685204x²; R² = 0,74**

Cu Y = -4,438179 + 4,980623x; R² = 0,85**Y = 6,491048 -4,786190x + 1,074087x²;R² = 0,95**

FeY = -440,15 + 690,54x - 77,02x²; R² =0,71**

Y = -110,97 + 114,32x -10,626x²; R² =0,53**

Mn Y = 438,4; nsY = 32,130952 -9,837302x + 3,123016x²;R² = 0,91**

Zn Y = -0,011905 + 8,373016x; R² = 0,70**Y = 14,821429 -8,527778x + 1,567460x²;R² = 0,77**

Raiz Raízes Tuberosas

NY = 2,8948 -1,848609x + 0,350185x²; R²= 0,77**

Y = 19,132726 -11,523865x +3,033667x²; R²= 0,93**

PY = 0,5081 -0,297018x + 0,048696x²; R²= 0,70**

Y = 3,787994 -2,270534x + 0,420665x²;R²= 0,77**

K Y = -0,448857 + 0,640579x; R² = 0,68**Y = -14156012 + 12,089206x; R² =0,83**

CaY = 4,8840 -3,329187x + 0,679917x²; R²= 0,85**

Y = -3,126238 + 3,679933x; R² = 0,91**

MgY = 0,3082 - 0,154540x + 0,036698x²; R²= 0,78 **

Y = -1,534381 + 1,162075x; R² = 0,92**

SY = 0,4107 -0,257893x + 0,042464x²; R²= 0,77**

Y = 2,032417 -1,322786x + 0,274063x²;R² = 0,95**

BY = 6,3848 -3,890921x + 0,601944x²; R²= 0,68**

Y = 24,057821 -15,307901x +2,486940x²; R² = 0,61**

CuY = 1,5605 -1,122567x + 0,244774x²; R²= 0,82**

Y = 11,368036 -8,540095x +1,669921x²; R² = 0,95**

FeY = -26,059 + 25,964x -2,2103x²; R² =0,33

Y = -109,636 + 138,0456x -14,4226x²; R²= 0,94**

Mn Y = 1,904762 + 4,373016x; R² = 0,60**Y = -3,583333 + 16,027778x; R² =0,89**

ZnY = 2,3214 -1,095238x + 0,246032x²; R²= 0,55**

Y = 15,1547 -10,3928x + 2,154762x²; R²= 0,79**

**Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns= não significativo.

FR Echer et al.

A ordem de extração de nutrientespela planta de batata-doce foi:N>K>Ca>Mg>P>S>Mn>B>Zn>Fe>Cu.Esses resultados corroboram com osobtidos por Pacheco et al (2005) queobservaram maior extração de N que deK pela planta de abóbora cultivada emcasa de vegetação. No entanto discor-dam dos resultados obtidos por Fontes& Lima (1993), que observaram maior

extração de potássio por plantas de abó-bora e pepino e por Vidigal et al. (2007),também na cultura da abóbora, que ob-servaram que a ordem de extração foiK>N>Ca>P>Mg>S.

O mesmo comportamento foi verifi-cado por outros autores, emcucurbitáceas por Lima (2001) na cultu-ra do melão; Solis et al. (1988) em pepi-no; Araújo et al. (2001) em abobrinha e

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por Grangeiro & Cecílio Filho (2005) emmelancia. Na cultura da berinjela,Malavolta et al (1974) ordenam os nu-trientes na seguinte ordem de extração:K>N>Ca>Mg>P>S.

Dentre os nutrientes absorvidos pelabatata-doce destaca-se a elevada absor-ção de N, o que pode ser explicado pelaassociação da batata-doce commicroorganismos do solo, já que foramfornecidos apenas 10 kg ha-1 de N viafertilizante no momento do plantio e, oteor de matéria orgânica do solo, impor-tante fonte de N às plantas, foi relativa-mente baixo, de 10 g dm-3. Byju (2008)recomenda a aplicação de 10 kg ha-1 deAzospirillum®; nesse caso a dose de Npode ser reduzida em até 35%, pois aassociação com esses microorganismosresulta em maior produção defitohormônios, o que acarreta em maiorcrescimento da planta.

De acordo com Lorenzi et al (1997), arecomendação oficial de adubaçãonitrogenada na cultura da batata-doceno estado de São Paulo é de 20 kg ha-1

de N no plantio, e de 30 kg ha-1 de N emcobertura, totalizando 50 kg ha-1 de N, oque, caso fosse a única fonte de N àcultura, seria de apenas 15% da neces-sidade da batata-doce.

A produção de massa seca dos ór-gãos de batata-doce apresentou a or-dem: raízes tuberosas, ramas, folhas eraiz. O N e o Mn foram os macro emicronutrientes mais absorvidos pelasfolhas, ramas e raízes tuberosas de ba-tata-doce. Na raiz, observou-se maiorabsorção dos macro e micronutrientesCa e Mn, respectivamente e, os perío-dos de maior exigência de N e K pelasraízes tuberosas foi entre os 115-145 e115-130 DAT, nesta ordem.

AGRADECIMENTOS

Ao proprietário e aos funcionáriosdo Rancho Ebenezer, Marcos e Ricardopor terem cedido a área para realizaçãodo experimento e pela colaboração nacondução do mesmo.

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*Exportado pela colheita das raízes tuberosas (*exported from storage roots after harvest); MS= massa seca (MS= dry mass).

Tabela 1. Marcha de absorção de nutrientes e produção de massa seca pelos órgãos de batata-doce, cultivar Canadense, por ocasião da colheita(absorption march of nutrients and dry mass production of sweet potato organs, cultivar Canadense, after harvest). Presidente Prudente,UNOESTE, 2008.

ÓrgãoMS

(kg ha -1)

Absorção

kg ha-1 g ha-1

N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn

Folhas 3525,0 124,0 11,0 83,0 52,0 17,0 15,0 162,0 41,0 48,0 380,0 87,0

Ramas 4870,0 85,0 12,0 56,0 75,0 16,0 13,0 114,0 41,0 65,0 162,0 57,0

Raiz 744,7 12,0 1,5 5,6 24,0 1,5 1,2 18,0 9,0 10,0 35,0 11,0

Raiz tuberosa* 6290,0 129,0 16,0 81,0 23,0 7,4 9,6 84,0 52,0 61,0 136,0 82,0

Total 15.429,7 350,0 40,5 225,6 174,0 41,9 38,8 378,0 143,0 184,0 713,0 237,0

Absorção de nutrientes e distribuição da massa fresca e seca entre órgãos de batata-doce

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183Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

As práticas agrícolas modernas ouconvencionais são caracterizadas

principalmente pela alta dependência deinsumos artificiais externos, como o usointensivo de produtos químicos para ocontrole de pragas, o que afeta espéciesnão-alvo, uso intensivo do solo e omonocultivo de espécies comerciais(Gliessman, 2005). O plantio emmonoculturas anuais torna as culturasmais expostas na paisagem, pois o re-curso é distribuído de forma homogê-nea e abundante, favorecendo a locali-

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Dinâmica populacional de Bemisia tabaci biótipo B em tomate monocultivoe consorciado com coentro sob cultivo orgânico e convencionalPedro HB Togni1; Marina R Frizzas4; Maria A de Medeiros2; Erich YT Nakasu3; Carmem SS Pires3;Edison R Sujii3

1Pós-graduando em Ecologia, Unb-Instituto de Ciências Biológicas, C. Postal 04457, 70919-970 Brasília-DF; 2Embrapa Hortaliças, C.Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 3Embrapa Cenargen, Av. W5 norte (final), 70770-900 Brasília-DF; 4UniCEUB-Faculdade de Ciênciasda Educação e da Saúde, SEPN 707/909, 70790-075 Brasília-DF; [email protected]; frizzas@#yahoo.com.br;[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

zação das plantas hospedeiras por inse-tos herbívoros (Scriber & Feeny, 1979).Por isso, pode ocorrer um rápido cresci-mento populacional dessas espécies,levando-as a se tornarem pragas (Altieriet al., 2003). Ao contrário dos sistemasconvencionais, a agricultura orgânicaestá fundamentada na conservação emelhoramento da capacidade produtivado solo, diversificação do sistema deprodução (por exemplo, consorciação deculturas) e aproveitamento dos proces-sos ecológicos para a regulação das

populações de herbívoros-praga (deSouza & Resende, 2006). Essacompreensão coloca em foco a impor-tância das interações tróficas e da es-trutura da comunidade local no controledo crescimento populacional de insetos-praga (Altieri, 1999).

O tomate (Lycopersicon esculetum)destaca-se dentre as hortaliças cultiva-das no Brasil em área plantada (56.275ha), em produção (3.356.456 t) e produti-vidade (57,9 t/ha), sendo cultivado emtodas as regiões brasileiras sob diferen-

RESUMOA mosca-branca Bemisia tabaci Biótipo B (Hemiptera:

Aleyrodidae), é um herbívoro de difícil controle devido à altaplasticidade genotípica da espécie. No tomateiro pode causar danosseveros principalmente pela transmissão de diversas viroses. O ma-nejo do sistema de produção e o consórcio de culturas podem ter umefeito direto nas populações desse herbívoro, sem que seja necessáriaa aplicação de inseticidas. Avaliou-se a influência dos sistemas deprodução orgânico e convencional e o consórcio tomate-coentro nadinâmica populacional da mosca-branca no campo experimental daEmbrapa Hortaliças, de maio a setembro/06. O monitoramento dosadultos da mosca-branca e de seus inimigos naturais foi realizadoutilizando-se armadilhas adesivas amarelas fixadas nas bordas e nointerior das parcelas experimentais e a amostragem de ninfas foi rea-lizada por observação direta das folhas de tomate no campo. Emboraas populações ao redor dos diferentes tratamentos fossem equivalen-tes, a abundância de adultos de mosca-branca foi significativamentemenor nas parcelas de tomate consorciado com coentro, tanto nosistema convencional como orgânico. Apenas o consórcio tomate-coentro em sistema orgânico apresentou redução significativa na quan-tidade de ninfas por planta em relação aos demais tratamentos. Osinimigos naturais foram significativamente mais abundantes em sis-tema orgânico e foi verificada uma correlação negativa da abundânciados inimigos naturais e a quantidade de ninfas por planta. A associa-ção tomate-coentro e o manejo orgânico do agroecossistema favore-ceram ao controle biológico natural da mosca-branca.

Palavras-chave: Mosca-branca, Lycopersicon esculetum, flutuação po-pulacional, agroecologia, controle biológico natural, inimigos naturais.

ABSTRACTPopulation dynamic of Benisua tabaci B biotype in

monoculture tomato crop and consortium with coriander inorganic and conventional crop system

Due to its high genotypic plasticity, the control of the silverleafwhitefly Bemisia tabaci B biotype (Hemiptera: Aleyrodidae), isdifficult. This insect may cause severe damage to the tomato crop asa vector of several viruses. The management of the production systemand the consortium with other crops may have a direct effect on thisherbivore population, without the need of chemical insecticidespraying. The effect of organic and conventional production systemsand the tomato-coriander consortium were evaluated in this study, infield, during May-September 2006. Adults of whitefly and its naturalenemies were monitored using yellow adhesive traps installed at theedge and inside the experimental plots, and nymphs were sampledby direct observation on tomato plants. Although adult populationsin the neighborhood of the different treatments were equivalent, theabundance of whitefly adults was significantly lower in the plotswith the consortium tomato-coriander in both systems, conventionaland organic. Significant reduction in the amount of nymphs per plantwas only observed in the consortium tomato-coriander when alltreatments were compared. There were more natural enemies in organicsystem and a negative correlation was observed between naturalenemies abundance collected in the traps and whitefly nymphs’density. The association tomato-coriander and the organic managementof the agroecossystem favored natural biological control of B. tabaci.

Keywords: Silverleaf whitefly, Lycopersicon esculetum, populationfluctuation, agroecology, natural biological control, natural enemies.

(Recebido para publicação em 28 de maio de 2008; aceito em 31 de março de 2009)(Received in May 28, 2008; accepted in March 31, 2009)

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tes sistemas de manejo (IBGE, 2007).Essa cultura exige manejo constante,pois está sujeita a diversos problemasfitossanitários, em sua maioria relacio-nados aos danos causados por insetoscomo a mosca-branca e lagartasbrocadoras. Tais problemas com pragasrepresentam uma grande dificuldadepara a produção dessa hortaliça em sis-temas convencionais e principalmenteorgânicos, onde não é permitido o usode agrotóxicos (França et al., 2000).

No tomateiro, a mosca-brancaBemisia tabaci Biótipo B (Hemiptera:Aleyrodidae) pode comprometer a ca-pacidade fotossintética da planta pelasucção de seiva e pelo favorecimentoda proliferação de fungos (fumagina)(Villas Bôas et al., 1997). Porém, os prin-cipais danos são indiretos, por meio datransmissão de diversos vírus (Jones,2003). O método mais largamente utiliza-do para o controle dessa praga é a apli-cação de inseticidas químicos (Haji etal., 2005). Entretanto, devido à grandeplasticidade genotípica e o grande nú-mero de plantas hospedeiras dessa es-pécie (EMPPO, 2004), o uso desse mé-todo favorece a rápida seleção de indi-víduos resistentes e a grande dispersãode adultos. Estudos de ecologia popu-lacional de mosca-branca mostram queos predadores e parasitóides podem re-presentar os principais fatores bióticosde mortalidade (Naranjo & Ellsworth,2005). Além disso, Letourneau &Goldstein (2001) demonstraram que onão uso de inseticidas em tomate é com-pensado pela atuação dos inimigos na-turais. Portanto, o entendimento dos fa-tores que regulam a colonização e esta-belecimento das populações da mosca-branca na cultura do tomateiro podemsubsidiar o desenvolvimento de méto-dos alternativos e mais sustentáveis demanejo da praga, baseados no controlebiológico natural e na interação inseto-planta.

O objetivo deste trabalho foi avaliarse o plantio de tomate em associaçãocom o coentro, em sistema orgânico econvencional, afeta a dinâmica popula-cional da mosca-branca com implicaçõespara o seu manejo como praga. Para isso,foram investigadas as questões: a) hádiferenças na abundância de ninfas eadultos da mosca-branca e conseqüen-

temente na taxa de colonização em áreascom maior ou menor diversidade vege-tal e em sistema orgânico e convencio-nal?; b) A abundância de adultos influen-cia o recrutamento de ninfas indepen-dente da diversidade vegetal na área edo sistema de produção?; c) há diferen-ças na abundância de inimigos naturaisem sistema orgânico e convencional eesta diferença está relacionada com aflutuação populacional de mosca-bran-ca? As repostas a essas questões nospermitirão fazer inferências às seguin-tes hipóteses: 1) a diversidade vegetalinfluencia na dinâmica populacional demosca-branca, reduzindo sua densida-de populacional, independente do ma-nejo do sistema; 2) a diversidade vege-tal nos sistemas orgânicos favorece aomanejo da praga em função da maior di-versidade de interações tróficas na co-munidade local e conseqüente preser-vação de inimigos naturais dessa espé-cie devido a não aplicação de insetici-das. Ao final deste trabalho espera-sefornecer subsídios que permitirão pro-por novas estratégias para o manejo damosca-branca na cultura do tomate.

MATERIAL E MÉTODOS

Esse trabalho foi realizado no campoexperimental da Embrapa Hortaliças (15º56’S, 48º08’W e 997 m de altitude), demaio a setembro/06. O campo experimen-tal possui uma área total de 110 ha delatossolo vermelho escuro, sendo 18 hade Área de Pesquisa em Produção Or-gânica de Hortaliças. Essa área encon-tra-se sob manejo orgânico desde 2001e situa-se a cerca de 250 m de uma mataciliar e 150 m da área experimental de pro-dução convencional. A proximidade dasáreas de produção convencional e or-gânica permite o estabelecimento de ex-perimentos comparativos entre sistemasorgânicos e convencionais de formapareada, característica raramente encon-trada nos trabalhos dessa natureza. Nasáreas não cultivadas é permitido o cres-cimento de vegetação espontânea ondepredominam os capins Pennisetumpurpureum (Poaceae) e Brachiariadecumbens (Poaceae) (Medeiros, 2007).

As parcelas experimentais (5 x 6 mcada) foram formadas por plantas de to-mate e de coentro dispostas nas combi-

nações de plantio: 1) tomatemonocultivo; 2) coentro monocultivo; e3) tomate consorciado com coentro(policultivo). O coentro foi utilizado noexperimento por ser uma planta não hos-pedeira de mosca-branca e por ser cita-do na literatura como uma planta nãopreferida por herbívoros específicos emparcelas com tomate consorciado (porexemplo, Hilje et al., 2001). As parcelasexperimentais foram plantadas em siste-mas de cultivo orgânico e convencio-nal, distantes 150 m um do outro, comtrês replicações em blocos ao acaso,com a posição da parcela sorteada aoacaso. Ao redor das áreas experimentaishavia linhas com plantas de milho ecrotalária que serviam como bordadurapara aumentar a diversidade vegetal ecomo barreira à dispersão de pragas. Aárea de plantio orgânico era cercada porfaixas de girassol mexicano (Tithoniadiversifolia).

As mudas de tomate foram transplan-tadas em 18/05/2006, com um par de fo-lhas definitivas, em fileira dupla etutorados por estacas, sendo uma plan-ta por estaca. Cada parcela foi constituí-da por 80 plantas do hibrido F1 Dura-douro, com espaçamento de 0,5 m entreplantas, 0,8 m entre linhas e de 2,0 mentre parcelas. O tratamento coentromonocultivo foi ressemeado em 16/08/06, após a primeira colheita, sendo man-tido até o final do experimento (21/08/06) para floração. A irrigação foi por as-persão e os demais tratos culturais comodesbaste e condução seguiram a reco-mendação técnica de Makishima &Miranda (1992). O solo na área orgânicafoi preparado com aração,encanteiramento, adubado com compos-to no plantio e adubação de cobertura.No sistema convencional o solo foi pre-parado da mesma forma, e recebeu ferti-lização química com N-P-K (4-14-8) ecobertura quinzenal (sulfato de amônioe cloreto de potássio) (Makishima &Miranda, 1992). Na área convencional,os seguintes inseticidas e fungicidasforam aplicados, em dosagens reco-mendadas, em rotação de princípio ati-vo para o controle de pragas:imidaclopride, abamectina, clorotalonil,buprofezina, tebufenozida, cimoxanil +mancozebe, endossulfam, hidróxido decobre, teflubenzurom, clorfenapir e

PHB Togni et al.

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lufenurom. Ao final do ciclo da culturafoi avaliada a produtividade média decada tratamento, a fim de verificar o efei-to do consórcio do coentro na produti-vidade do tomateiro.

Para amostragem da população deadultos de mosca-branca e da abundân-cia de seus inimigos naturais foram ins-taladas, em estacas, quatro armadilhasadesivas amarelas (10,0 x 12,5 cm) nasbordas externas de cada sistema de plan-tio, a cinco metros das parcelas experi-mentais e duas armadilhas no interior decada parcela, distantes quatro metrosuma da outra. As armadilhas foram sem-pre posicionadas na altura correspon-dente ao terço superior das plantas detomate. Semanalmente, as armadilhaseram coletadas, substituídas e levadasao laboratório para identificação e con-tagem dos insetos. Onze espécies deinimigos naturais de mosca-branca fo-ram selecionados para monitoramentonas armadilhas amarelas ao longo dopresente estudo, de acordo com estu-dos anteriores realizados por Gerling etal. (2001) e Oliveira et al. (2003) (Tabela1). O número de inimigos naturais cap-turados em cada armadilha e constantesna Tabela 1 foi usado para calcular amédia e comparar a abundância entre ossistemas de produção.

A densidade de ninfas por parcelafoi estimada a partir da quantidade mé-dia de ninfas de mosca-branca por plan-ta de tomate. A amostragem foi feita, alea-toriamente, em cinco plantas por parce-la. Para isso, a planta foi dividida espa-cialmente em três terços, sendo cadaplanta amostrada em um dos terços(Toscano et al., 2002).

As densidades médias de moscas-brancas (adultos e ninfas) nas armadi-lhas e plantas foram comparadas poranálise de variância não-paramétrica(Kruskal-Wallis) seguida por teste decomparação de médias (Teste de Dunn).O mesmo procedimento foi utilizado paraavaliar a produtividade média de cadaparcela. As densidades médias dos ini-migos naturais nas parcelas experimen-tais e de adultos de mosca-branca nasbordas dos dois sistemas, capturadosnas armadilhas, foram comparadas porteste t, ou Mann-Whitney quando ne-cessário. A correlação das populaçõesde mosca-branca nos tratamentos e dos

inimigos naturais e a praga foram calcu-ladas utilizando o coeficiente de corre-lação de Pearson com auxílio do progra-ma SigmaStat V 3.1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A população média de adultos demosca-branca ao longo do ciclo do to-mateiro nas bordas do sistema de culti-vo orgânico foi de 1,86 ± 1,97 (média ±desvio padrão) indivíduos por armadi-lha, enquanto no convencional foi de2,62+3,22 indivíduos por armadilha. Asdensidades dessas populações não di-feriram (Mann-Whitney T= 3822

p=0,385), indicando que adultos de mos-ca-branca dispersavam-se livremente noentorno das parcelas experimentais nosdois sistemas de cultivo com populaçõessemelhantes. Portanto, é possível con-siderar que o potencial de colonizaçãodas parcelas experimentais era equiva-lente. Esse mesmo padrão de distribui-ção de adultos foi observado na áreapara a traça-do-tomateiro utilizando ar-madilhas de feromônio (Medeiros, 2007).

Nos tratamentos tomatemonocultivo orgânico e convencionalnão houve diferença em relação à abun-dância de adultos de mosca-branca nointerior das parcelas (Tabela 2). Esse

Dinâmica populacional de Bemisia tabaci biótipo B em tomate monocultivo e consorciado com coentro sob cultivo orgânico e convencional

Tabela 1. Inimigos naturais de B. tabaci Biótipo B selecionados para amostragem em arma-dilhas adesivas amarelas instaladas nos tratamentos monocultivo e policultivo de tomate ecoentro sob manejo orgânico e convencional (selected natural enemies of B. tabaci B biotypefor sampling by yellow adhesive traps installed inside and around the tomato and tomato-coriander treatments cropped in organic and conventional systems). Brasília, Embrapa Hor-taliças, 2006.

Espécie Ordem Família Classificação

Encarsiasp. Hymenoptera Aphelinidae Parasitóide

Eretmocerus sp. 1 Hymenoptera Aphelinidae Parasitóide

Eretmocerus sp. 2 Hymenoptera Aphelinidae Parasitóide

Orius sp. Hemiptera Anthocoridae Predador

Chrysoperla externa Neuroptera Chrysopidae Predador

Cycloneda sanguinea Coleoptera Coccinellidae Predador

Eriopis connexa Coleoptera Coccinellidae Predador

Scymnus sp. Coleoptera Coccinellidae Predador

Nephaspis sp. Coleoptera Coccinellidae Predador

Hyperaspis festiva Coleoptera Coccinellidae Predador

Aranhas Araneae - Predador

Tabela 2. Número (média+desvio padrão) de adultos de mosca-branca capturados em arma-dilhas adesivas amarelas e de ninfas amostradas em plantas de tomate cultivadas em parcelascontendo tomate e coentro em monocultivo e em consórcio (number (mean±standard deviation)of whitefly adults captured in yellow adhesive traps and nymphs sampled in tomato plantsin plots with tomato and coriander cropped in monoculture and consortium. Brasília, EmbrapaHortaliças, 2006.Tratamento Nº adultos¹ Nº ninfas²

Tomate monocultivo orgânico 5,81 ± 3,78 a 1,10 ± 1,56 a

Tomate monocultivo convencional 5,80 ± 3,96 a 1,49 ± 2,02 a

Tomate consorciado com coentro convencional 2,96 ± 2,95 b 1,08 ± 1,43 a

Tomate consorciado com coentro orgânico 2,71 ± 2,68 b 0,56 ± 0,89 b

Coentro monocultivo orgânico 1,85 ± 1,29 b -

Coentro monocultivo convencional 2,15 ± 1,01 b -

¹Resultados comparados por Análise de Variância não paramétrica (Kruskal-Wallis H=41,406p<0,001, 5 G.L.), seguida do teste de Dunn (results compared by the non-parametric analysisof variance (Kruskal-Wallis H=41,406 p<0,001, 5 G.L.), followed by Dunn´s test); ²Resul-tados comparados por Análise de Variância não paramétrica (Kruskal-Wallis H = 33,04p<0,001, 3 G.L.), seguida do teste de Dunn. (results compared by the non-parametric analysisof variance (Kruskal-Wallis H = 33,04 p<0,001, 3 G.L.), followed by Dunn´s test); ³Médiasseguidas das mesmas letras nas colunas não diferiram significativamente (p<0,05) (meansfollowed by the same letter in the column did not differ significantly).

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resultado difere dos apresentados porMedeiros (2007) para a traça-do-tomatei-ro (Tuta absoluta), que observou menorabundância de ovos, lagartas e adultosem parcelas de tomate cultivado em sis-tema orgânico quando comparado ao sis-tema convencional. O reduzido espectrode hospedeiros de traça-do-tomateiro,que é especialista em alguns gêneros desolanáceas (França et al., 2000; MichereffFilho & Vilela, 2000), é um fator que pode-ria explicar a capacidade do adulto de tra-ça-do-tomateiro reconhecer a qualidadedo alimento para sua prole. Emcontraposição, a mosca-branca que é ex-tremamente generalista e se alimenta emmais de 600 espécies de plantas (EMPPO,2004), não reconhece a qualidade do ali-mento (Inbar et al., 2001) e colonizaindiscriminadamente plantas de tomatei-ro nos dois sistemas de cultivo.

A população de adultos de mosca-branca nos tratamentos tomate consor-ciado com coentro e coentromonocultivo, tanto orgânico como con-vencional, foi significativamente menordo que nos tratamentos tomatemonocultivo convencional e orgânico(Tabela 2). Esses resultados demonstrama não-preferência de B. tabaci pelas par-celas de tomate consorciado com coentroem cultivo orgânico e convencional. Ocoentro pode possuir uma ação repelen-te através da produção de compostossecundários e voláteis tóxicos ou podedificultar a localização da planta hospe-deira pelo inseto (Hilje, 2001). É possívelque as plantas de coentro além da produ-

ção de voláteis repelentes também con-tribuam para o aumento de microhabitatspara inimigos naturais e na interferênciafísica na colonização de adultos.

O número médio de ninfas por folhaapresentou um padrão diferente daqueleobservado para adultos capturados nasarmadilhas adesivas. Apenas o tratamen-to consórcio tomate-coentro em sistemaorgânico apresentou densidade de ninfassignificativamente menor que os demaistratamentos (Tabela 2). Não foi verificadacorrelação entre as abundâncias de adul-tos e ninfas nos tratamentos, indicandoque o recrutamento de ninfas não estárelacionado com a população de adultoscapturados nas respectivas parcelas. Es-ses resultados contrariam o esperado,onde mais adultos condicionariam aamostragem de mais ninfas e sugerem queoutros fatores como inimigos naturais,atuam sobre a abundância de ninfas. Aredução da densidade de ninfas obser-vada no tomate consorciado com coentroneste trabalho concorda com resultadosanteriores, como o de Ramappa et al.(1998) que verificaram menor infestaçãode ninfas em tomate consorciado comhospedeiras alternativas em sistema decultivo convencional e com Bezerra(2001), que observou o mesmo padrãoem tomate no Semi-Árido brasileiro. Es-ses resultados demonstram que mesmosob a aplicação de agrotóxicos, que po-dem afetar negativamente os inimigos na-turais, houve uma redução na abundân-cia de ninfas nos sistemas de cultivo maisdiversificados.

A abundância de inimigos naturaisno sistema de produção orgânico(90,64±33,02) foi maior que no conven-cional (47,57±23,06), havendo diferençasignificativa entre os dois sistemas (t =4,001 p<0,001, 26 G.L.). As espécies maisabundantes foram Encarsia sp., Scymnussp., e Nephaspis sp., (Tabela 3) similaraos resultados previamente obtidos porOliveira et al. (2003). Esses autores regis-traram 14 espécies de predadores, 12 es-pécies de parasitóides e doishiperparasitóides das moscas-branca B.tabaci e Trialeurodes vaporariorum, emBrasília, sendo Encarsia formosa eNephaspis gemini, as duas espécies maisabundantes. A abundância de inimigosnaturais em sistema de cultivo convenci-onal provavelmente foi menor do que nosistema orgânico devido à ação dos inse-ticidas. Estes podem afetar de forma ines-perada organismos não-alvo como, porexemplo, os inimigos naturais causandoa diminuição de sua abundância (Palumboet al., 2001). Esse mesmo padrão é obser-vado em vários trabalhos em diferenteslocalidades no mundo e dentre as princi-pais causas atribuídas à redução da abun-dância de inimigos naturais em sistemasconvencionais são os efeitos indiretosdos inseticidas nessas populações (verreferências em Hole et al., 2005).

Letourneau & Goldstein (2001) en-contraram uma quantidade similar de in-setos-praga em tomate orgânico e con-vencional e uma quantidade significa-tivamente maior de artrópodes benéfi-cos em tomate orgânico, na Califórnia,EUA, embora a abundância de mosca-branca em particular não foi apresenta-da. Esses autores concluem que a nãointervenção química nos campos de to-mate orgânico é compensada pela atua-ção dos inimigos naturais, que são maisabundantes e podem conseqüentemen-te ser mais eficientes em sistemas orgâ-nicos. Da mesma forma, Berry & Wratten(1996), encontraram maior abundância ediversidade de predadores eparasitóides em cenoura sob sistema decultivo orgânico em relação ao sistemade cultivo convencional, na NovaZelândia. Aparentemente a não inter-venção química favorece a abundânciados inimigos naturais no controle po-pulacional de mosca-branca e de outrosinsetos-praga. Hole et al. (2005) revisa-ram 76 artigos que compararam os im-

Tabela 3. Número de inimigos naturais (média+desvio padrão) capturados em armadilhasadesivas amarelas em sistema de cultivo orgânico e convencional de tomate (number ofnatural enemies mean ± standard derivation captured in yellow adhesive traps in tomatocropped in organic and conventional system). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006.

EspécieNº inimigos naturais

Orgânico Convencional

Encarsiasp. 22,6+7,6 10,9+6,9

Eretmocerus sp. 1 12,6+6,8 6+5,3

Eretmocerus sp. 2 3+1,8 1,9+1,7

Orius sp. 4,5+1,7 2,6+1,8

Chrysoperla externa 2,6+1,6 3,9+4,3

Cycloneda sanguinea 1+1 2,6+2,8

Eriopis connexa 1,1+1,2 1,1+1

Scymnus sp. 16,6+7,8 5,9+4,6

Nephaspis sp. 12+6,5 5,1+3,1

Hyperaspis festiva 5,9+5,4 3,9+4,2

Aranhas 5,4+1,8 1,9+1,5

PHB Togni et al.

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pactos de sistemas orgânicos e conven-cionais na biodiversidade de diferentesgrupos taxonômicos. Dentre estes, 47estudos compararam o efeito do manejodo sistema (orgânico e convencional) nabiodiversidade de artrópodes sendoobservado um efeito positivo nabiodiversidade em 34 estudos, efeitonegativo em oito e nenhuma diferençaem relação ao sistema convencional emcinco estudos. Portanto, o sistema or-gânico de produção, em geral, pode be-neficiar a abundância e diversidade deartrópodes, principalmente predadorese parasitóides, no agroecossistema.Também é possível que ocorra um efeitosomatório de redução da oviposição(menor recrutamento de indivíduos paraas gerações futuras) somado a maiorpredação por inimigos naturais, princi-palmente de ninfas, em parcelas onde éfeito consórcio de tomate com coentroem sistema orgânico. Essas interaçõesdevem ser melhor estudadas para utili-zação em favor do manejo de pragas.

Foi observado um coeficiente de cor-relação negativo e significativo entre onúmero médio de ninfas e a abundânciade inimigos naturais (Coeficiente deCorrelação de Pearson r

convencional= -0,611,

P= 0,0267; rorgânico

= -0,617, P= 0,0247) de-monstrando que o aumento na densida-de de inimigos naturais reduz a quanti-dade média de ninfas por planta, inde-pendente do sistema de cultivo. Os ini-migos naturais analisados foram agen-tes importantes no controle populacio-nal de B. tabaci, principalmente deninfas, no sistema de cultivo orgânico.Isso demonstra que o sistema de plan-tio orgânico pode aumentar a abundân-cia dos inimigos naturais, favorecendotambém o controle biológico natural noagroecossistema em substituição aos in-seticidas, seja pela eficiência dos inimi-gos naturais ou pela dificuldade emencontrar a planta hospedeira (Root,1973). Assim, o consórcio com coentroem sistema orgânico mostrou ser maiseficiente do que em sistema convencio-nal no controle populacional de moscas-branca em tomate, podendo reduzir osdanos causados à cultura (Rammapa etal., 1998; Hilje et al., 2001; Palumbo etal., 2001; Morales, 2002). Além disso, aprodutividade do tomateiro não foi afe-tada pelo consórcio com coentro ou pelo

sistema de produção (orgânico ou con-vencional) (Kruskal-Wallis H=5,964p=0,087, 3 G.L.). Apesar de não ter sidoavaliado neste trabalho, o consórcio comcoentro pode reduzir os custos da pro-dução, devido à redução ou o não usode insumos químicos como inseticidas,no caso de sistemas orgânicos.

O consórcio tomate-coentro podeinfluenciar positivamente o manejo deB. tabaci, ao afetar sua dinâmica popu-lacional e reduzir a densidade de adul-tos no sistema convencional e orgâni-co. Dessa forma, além de reduzir o nú-mero de ninfas nas gerações seguintes,o consórcio tomate-coentro em sistemasorgânicos favorece o estabelecimentode uma maior abundância de inimigosnaturais e menor densidade de ninfasnas plantas de tomate com possíveisconseqüências na sobrevivência dosdiferentes estágios de desenvolvimen-to da mosca-branca. Portanto, opolicultivo tomate-coentro, principal-mente em sistemas orgânicos, é favorá-vel ao controle biológico natural de mos-ca-branca.

AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Raúl A. Laumann pela ajudana identificação dos inimigos naturais.À Michele Erdman e Kelly R. Cavalcan-te pelo auxílio no trabalho de campo eao M.Sc. Ronaldo Setti (Embrapa Horta-liças) pela manutenção do experimentoe apoio em campo.

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In Brazil, the production of vegetablesis the segment of agriculture that

employs the most, being mainly grownby family farmers. In 2004 this segmentoccupied an area of approximately 776.8thousand hectares with a production of16,086 tons (Embrapa Hortaliças, 2008).The sweet pepper (Capsicum annuumL.) is among the ten most importantvegetables in the country (Maluf, 2001).The cultivation of sweet pepper occursin almost all regions of Brazil, beingmainly concentrated in the SoutheastRegion of the country in the States of

São Paulo, and Minas Gerais. In 2001,world production was approximately of1.3 million hectares and Brazil gained735.8 thousand reais (Brazilian currency)with the export of its products (Blat,2004). In the country, about 1.5 milliondollars is involved in thecommercialization of seeds of hot andsweet peppers (Carvalho et al., 2003).

In 2007, the State of São Paulo wasresponsible for the commercialization of54.6 thousand tons of sweet pepper, onan area of 1899 hectares, exceeding theproduction of 2006 in 9.6%, which was

49.8 thousand tons of sweet pepper onan area of 2103 hectares. The productionvalue for 2007 was 48.7 million reais, wellabove the result for 2006 of 30.7 millionreais, representing an increase of 58.6%(IEA, 2008). Regarding the fruit quality,the difference in price of green pepperExtra AA and Extra was 46% until August2007, suggesting the consumer’spreference for the aspects of appearanceand size of the fruit (Agrianual, 2008).The price of mature sweet pepper, ingeneral, is higher than the green,however, there are no available data

MARCHESAN CB; MELO AMT; PATERNIANI MEAGZ. Combining ability in sweet pepper for resistance to powdery mildew. HorticulturaBrasileira 27: 189-195.

Combining ability in sweet pepper for resistance to powdery mildewCristina B Marchesan1; Arlete MT de Melo1; Maria Elisa AGZ Paterniani2

1IAC-Centro de Horticultura, C. Postal 28, 13012-970 Campinas-SP; 2IAC-Centro de Gãos e Fibras; [email protected];[email protected]; [email protected]

ABSTRACTWith the increase of the production of pepper in protected

environment, pathogens began to cause serious damages to producerssuch as Leveillula taurica (Lév.) Arn., fungus that causes powderymildew. The systemic fungicides have not shown very satisfactoryresults. Thus, considering that protected cropping of pepper in Brazilis significant and growing, the incorporation of genes that conferresistance to powdery mildew is important for the maintenance ofthis cropping system. In this research, carried out in 2007 in Campinas,São Paulo State, Brazil, the agronomic performance and resistance topowdery mildew was determined by triple hybrids of sweet pepperthrough general and specific combining ability of their parents. Foragronomic performance of the triple hybrid, it was evaluated theweight length and width average of the fruit, length and width ratio ofthe fruit and wall thickness. For severity of powdery mildew a scaleof scores from 1 to 5 was used. For statistical and genetic analysis, itwas adopted Griffing’s method two, model I, adapted for partialdiallel. The experimental design was completely randomized blocks,with 17 treatments, including ten experimental hybrids and sevenparents, eight replications and four plants per plot. The additiveeffects were greater than the non-additive effects for all agronomiccharacters; ‘P36-R’ and ‘Platero’ were highlighted as good combiners;‘Quantum-R x HV-12’, ‘Rubia x HV-12’ and ‘P36-R x HV-12’presented the best specific combining ability; the mean square of thespecific combining ability for the severity of the disease was significantindicating the importance of genes with dominant and epistatic effect;triple hybrids obtained by crosses with ‘Quantum-R’ and ‘Rubia-R’had negative general combining ability and the best reactions topowdery mildew.

Keywords: Capsicum annuum L., Oidiopsis taurica (Lév) Arn.,breeding, vegetables.

RESUMOCapacidade de combinação em pimentão para resistência a oídio

Com o aumento do cultivo protegido de pimentão, patógenos comoLeveillula taurica (Lév.) Arn., fungo causador do oídio, passaram acausar sérios prejuízos aos produtores. Os fungicidas sistêmicos nãotêm apresentado resultados muito satisfatórios. Assim, levando-se emconta que o cultivo protegido de pimentão no Brasil é importante ecrescente, a incorporação de genes que conferem resistência ao oídio érelevante para a manutenção desse sistema de cultivo. Nesse trabalho,realizado em 2007 em Campinas-SP, determinou-se o potencial agro-nômico e de resistência a oídio de híbridos triplos de pimentão pormeio da capacidade geral e específica de combinação dos genitores.Para determinar o desempenho agronômico dos híbridos triplos, avalia-ram-se o peso, comprimento e largura média do fruto, relação entrecomprimento e largura do fruto e espessura da polpa. Para a avaliaçãoda severidade da doença utilizou-se escala de notas de 1 a 5. Para asanálises estatístico-genéticas, adotou-se o método dois, modelo I deGriffing, adaptado para dialelo parcial. O delineamento experimentalutilizado foi o de blocos ao acaso, com 17 tratamentos, incluindo dezhíbridos experimentais e sete genitores, oito repetições e quatro plan-tas por parcela. Os efeitos aditivos foram superiores aos efeitos não-aditivos para todos os componentes agronômicos avaliados; ‘P36-R’ e‘Platero’ destacaram-se como bons combinadores para os caracteresagronômicos avaliados; ‘Quantum-R x HV-12’, ‘Rubia-R x HV-12’ e‘P36-R x HV-12’ apresentaram os maiores efeitos da capacidade espe-cífica de combinação para a maioria dos caracteres avaliados; o quadra-do médio da capacidade específica de combinação significativo para aseveridade da doença indicou a importância de genes com efeito dedominância e epistasia; híbridos triplos obtidos do cruzamento com‘Quantum-R’ e ‘Rubia-R’ apresentaram capacidade geral de combina-ção negativa e as melhores reações de resistência ao oídio.

Palavras-chave: Capsicum annuum L., Oidiopsis taurica (Lév) Arn.,melhoramento genético, hortaliças.

(Recebido para publicação em 4 de junho de 2008; aceito em 8 de maio de 2009)(Received in June 4, 2008; accepted in May 8, 2009)

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CB Marchesan et al.

distinguishing the production andmarketing of these two segments.

The advent of the production ofsweet pepper in protected croppingenvironment provided the conditions forthe development of pathogens causingserious damages to producers, such asthe Leveillula taurica (Lév.) Arn., oneof the fungi that causes powdery mildew(Reis et al., 2004 ; Reis et al., 2007). Onits anamorphic form it is known asOidiopsis taurica and in this phase it isvirulent (Boiteux et al., 1994; BergaminFilho et al., 1995; Stadnik, 2001; Reis etal., 2004). They are easily recognized byforming colonies with powder aspect onthe lower surface of the leaves of liveplants. They are obligate biotrophicparasitic fungi, depending on the hostfor their development and reproduction(Bettiol et al., 1997; Reis et al., 2007).Reports show that L. taurica can infectseveral groups of plants, in addition tosweet pepper, many vegetables andornamental (Stadnik, 2001; Reis et al.,2004; Reis et al., 2005, Reis et al., 2007).

Currently, O. taurica occurs in themain producing areas of sweet pepper inBrazil with protected croppingenvironment. The first symptoms arealways observed in adult plants and olderleaves, which are more susceptible to thepathogen (Souza & Café Filho, 2003).

When powdery mildew startedappearing in sweet pepper crops,farmers began to use systemicfungicides with specificity; however, itis not always efficient. Moreover, theabusive use may induce and promotethe development of resistant breeds ofthe pathogen to the fungicide. Takinginto account that the protectedenvironment cultivation of sweet pepperin Brazil is significant and increasing, theincorporation of genes that conferresistance to powdery mildew is of greatimportance for the maintenance of thecropping system (Reis et al., 2005).

In a breeding program of vegetablesthe main goals are related to theintroduction of genetic resistance todisease, productivity and productquality. The F

1 hybrids have been the

best strategy for an immediate increaseof productivity and improvement in thequality of the fruit of sweet pepper, butnot excluding the possibility of selecting

superior inbred lines in segregatingpopulations derived from F

2 progenies

or even from backcross (Stadnik, 2001).

One way to assess the geneticpotential of the parents and hybrids isthrough diallel crosses evaluating thecharacters of interest. Its application isoriginated from the development of theconcepts of general and specificcombining ability, established bySprague & Tatum (1942).

The purpose of this study was todetermine the agronomic performanceand the resistance of triple hybrid ofsweet peppers through general andspecific combining ability of theirparents.

MATERIAL AND METHODS

The experiments were conducted ina protected cropping environment, onthe Horticulture Center of InstitutoAgronômico (IAC) in Campinas, SãoPaulo, Brazil in 2007.

For the evaluation of the hybrids, theexperimental design was randomizedblocks, with 17 treatments, including tenexperimental hybrid and seven parents,eight replications and four plants per plot.The cultivation was carried out in fourbeds with two lines of 30.6 m each.Spacing was 0.45 x 0.5 x 0.6 m, respectively,between plants, lines and beds.

The triple hybrids were obtainedthrough a partial diallel 5x2, in which fivesimple commercial hybrids of sweetpepper, susceptible to powdery mildew,with thick wall and large fruit (‘Quantum-R’, ‘Rubia-R’, ‘Platero’, ‘Margarita’ and‘P36-R’) were used as female parent andthe genotypes ‘HV-12’ and ‘#124’,resistant to powdery mildew, were usedas male parents. ‘HV-12’ is a dihaploidvariety of sweet pepper obtained byanther culture from a cross between thepepper cultivar ‘H3’ and the sweetpepper ‘Vânia’, respectively resistantand susceptible to powdery mildew. Thefruits are early fruiting, red long conicaltype and have no commercial value.‘#124’ is a late fruiting pepper, withconical, small (5 to 10 cm) and red fruits(Blat, 2004). The female and male parentswere adopted as referential control forcomparison purposes in the evaluation,monitoring the epidemic and

characterization of the reaction of thegenotypes to powdery mildew.

In the process of hybridization, theemasculation of the flower buds wasdone a day before the anthesis and thepollination of each flower was done onthe next day. The fruits from the crosseswere harvested mature and the F

1 seeds

were removed manually, packed in paperbags and identified by cross.

For obtaining and evaluating thetriple hybrid, the plants were conductedin a staking system. The fertilizers wereadded based on the soil analysisrecommendations, consisting ofplantation fertilization in the role andcoverage by using located fertirrigationsystem. For the preventive control ofdiseases and pests, products with theactive ingredients were applieddeltamethrin, imidacloprid, abamectinand difeconazole, the last one beingused only in the stage of obtaining thetriple hybrid.

The characters evaluated during theexperiment were weight, length andwidth average of the fruit, length andwidth ratio of the fruit, wall thicknessand severity of the disease.

The analysis of variance was doneaccording to the statistical model Y

ij = µ

+ ti + b

j + ε

ij, where Y

ij = the observation

in the jth block receiving the ith treatment;µ = overall mean; t

i = the fixed effect of

the ith treatment (genotype) bj = the effect

of the jth block; εij = random error. Data

note of the disease were transformed into and the averages were compared with

each other by the Tukey test (p < 0.05).For the combining ability analysis the

diallel model used is represented below(Geraldi & Miranda Filho, 1988), thismodel was adapted from the method two,model I of Griffing (1956), in which theparents are included in the analysis andthe experimental material is considereda fixed set of inbred lines.

Yij = µ + ½ (d

1 + d

2) + g

i + g

j + s

ij + ε

ij

Where: Yij = mean of the crossing

involving the ith parent of group I andthe jth parent of group II; µ = overall meanof the diallel; d

1, d

2 = contrasts involving

the means of the groups I and II and theoverall mean; g

i = effect of the general

combining ability of the ith genitor ofgroup I; g

j = effect of the general

combining ability of the jth genitor of

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Combining ability in sweet pepper for resistance to powdery mildew

group II; sij = effect of the specific

combining ability; εijk

= meanexperimental error.

The severity of the disease wasevaluated according to the scale ofnotes proposed by Ullasa et al. (1981),in which:

1 - resistant plant, no symptoms (R);2 - moderately resistant plant, with up to10% of the leaf area affected (MR);

3 - moderately susceptible plant, with11-20% of the leaf area affected (MS);

4 - susceptible plant, with 21-50% of theleaf area affected (S);5 - highly susceptible plant, with 51% ormore of the leaf area affected (AS).

All statistical analysis was madethrough the program Genes, version2007 (Cruz, 2006).

RESULTS AND DISCUSSION

Within the parents, the reactions of‘HV-12’ and ‘#124’, used as source ofresistance to the pathogen, was,respectively, resistant with averagescore 1 and moderately resistant withaverage score 1.86 (Table 1). Theseresults corroborate with those obtainedby Blat et al. (2005a, 2005b). Thecommercial hybrids used as femaleparents were highly susceptible. Thetriple hybrids obtained by crossesbetween the parents, presented anintermediate profile, highlighting thecombinations ‘Quantum-R x HV-12’,‘Quantum-R x #124’ and ‘Rubia-R x #124’,that were moderately susceptible topowdery mildew, with the respectiveaverage score 3.23, 3.37 and 3.45 (Table 1).According to Daubeze et al. (1995), thedelay on the expression of thesusceptibility suggests that theexpression of the resistant genes isincomplete or partial and that it dependson a secondary infection. An earlybreeding evaluation can revealphenotypes with intermediate reactions,but only an advanced breeding evaluationcan detect and identify highly resistantgenotypes like ‘HV-12’ (Blat, 2004).

The mean squares of the treatmentswere significant by F test (P < 0.01) forall characteristics. In general, in thesetypes of analysis, significant meansquares are evidence of the occurrence

of genetic variation between treatments,which allows obtaining satisfactoryestimates of genetic parameters. Therewas a good experimental precision,demonstrated by the coefficients ofvariation, whose values were below 10%for most characters studied.

Considering the significance of the Ftest, observed in the analysis of variance,the sum of squares of the treatments wereunfolded into sum of squares for generalcombining ability (GCA) (groups I andII), and specific combining ability (SCA),as the model proposed by Geraldi &Miranda Filho (1988), adapted frommethod two and model I of Griffing (1956),in which the parents are included in theanalysis and experimental material isconsidered a fixed set of lines. Thismethod was chosen because, for self-pollinated specie like pepper, it is ofconsiderable interest to evaluate theperformance of the hybrids, using theparents’ lines as default.

The mean squares values fortreatments, groups, GCA of group II andSCA were highly significant for all

characters evaluated, except for wallthickness, which was not significant forSCA. For the GCA of group I, thecharacters weight and width average ofthe fruit, wall thickness and severity ofthe disease were significant at 1%, andlength average of the fruit and lengthand width ratio of the fruit weresignificant at 5% by F test. Thesignificance of the mean square for GCAand SCA indicates that both, additiveand non-additive genetic effects areinvolved in the control of all characters,except for SCA in relation to wallthickness that was not significant. Theresults suggest the possibility ofobtaining new hybrids from theexperimental material used, having inview the availability of additive and non-additive variability for all thecomponents evaluated.

An important fact that should beobserved is related to the magnitude ofthe mean squares of GCA and SCA,showing that for all characters analyzed,the GCA of group II was higher than theSCA, showing a large contribution of

Table 1. Severity notes of the disease and reaction of the parents and triple hybrids of sweetpepper to Oidiopsis taurica under protected cultivation (nota de severidade da doença ereação de genitores e híbridos triplos de pimentão a Oidiopsis taurica sob condições deambiente protegido). Campinas, IAC, Brazil, 2007.

Parent Score Reaction to pathogen(*)

HV-12 1,00 a R

#124 1,86 b MR

Quantum-R 4,98 g AS

Rubia-R 4,95 g AS

Platero 5,00 g AS

Margarita 4,98 g AS

P36-R 4,96 g AS

Triple hybrid

Quantum-R x HV-12 3,23 c MS

Rubia-R x HV-12 3,63 d S

Platero x HV-12 3,90 e S

Margarita x HV-12 3,69 d S

P36-R x HV-12 4,19 f S

Quantum-R x #124 3,37 c MS

Rubia-R x #124 3,45 c MS

Platero x #124 3,88 e S

Margarita x #124 3,94 e S

P36-R x #124 4,00 e S

*R= resistant; MR= moderately resistant; MS= moderately susceptible; S= susceptible;AS= highly susceptible; The means followed by the same letters are not significantly differentamong themselves by Tukey at 5%.

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192 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

Table 2. Estimates of the effects of the general combining ability of the group I for sixcharacters of the fruits from five genotypes of sweet pepper used as female parents (estima-tivas dos efeitos da capacidade geral de combinação (CGC) do grupo I relativas a seis caracteresde frutos de cinco genótipos de pimentão utilizados como genitores femininos). Campinas,IAC, Brazil, 2007.

ParentCharacter(*)

PF (g) CF (cm) LF (mm) C/L EP (mm) SD

Quantum-R g(1)

-1,25 -0,03 0,46 -0,003 0,03 -1,71

Rubia-R g(2)

-3,10 -0,35 -1,31 -0,002 -0,06 -1,71

Platero g(3)

1,35 0,14 -0,42 0,007 0,15 1,05

Margarita g(4)

-2,84 -0,06 -0,17 0,002 -0,07 1,12

P36-R g(5)

5,85 0,30 1,44 -0,003 -0,05 1,25

DPg(i)

1,65 0,13 0,35 0,002 0,03 0,03

*PF= weight average of the fruit, CF= length average of the fruit, LF= width average of thefruit, C/L= length and width ratio of the fruit; EP= wall thickness; SD= severity of thedisease; DP= standard deviation.

CB Marchesan et al.

additive gene action in controlling thecharacters studied, and that, in theinheritance of these characters, theadditive genetic effects are moreimportant. Miranda et al. (1988),evaluating the combining ability ofpepper in a diallel, observed significantdifference for GCA and SCA for variouscharacters of the fruit and plant. Gomideet al. (2003), evaluating the combiningability between inbred lines of pepper,observed that GCA was significant forall components of production, while theSCA was important only for totalproduction. Ahmed et al. (2003),evaluating the gene action and thecombining ability in pepper, verified theoccurrence of only non-additive effectsfor weight and width average of the fruit,whereas in the present study, additiveand non-additive effects were observed,demonstrating the occurrence of goodGCA and SCA. For length average ofthe fruit and wall thickness, the sameauthors (Ahmed et al., 2003) determinedthe existence of additive and non-additive effects. Similar results wereobserved in this work for length averageof the fruit, but not for wall thickness, inwhich the SCA was not significant, inother words, there was only additiveeffect for this character. This variationbetween the results occurs because ofthe genetic variability existent betweenthe genotypes.

Gopalakrishnan et al. (1987),analyzing the combining ability between

peppers, also obtained significant GCAfor weight, length and width average ofthe fruit and length and width ratio ofthe fruit. For the SCA, there wassignificance only for length average ofthe fruit. In another diallel cross,involving seven inbred lines of Serranotype of pepper, González et al. (2004)noted significance of GCA and SCA onlyfor non-additive effects for weight,length and width average of the fruit.

A restriction that should behighlighted in this work refers to the factthat the genetic parameters wereestimated from a single location andenvironment (year). This forbids theestimation of the effects of genotype-environment interaction. Thus, theseeffects were added to the effects of thecombining ability and may causechanges in the estimation of GCA andSCA effects. Therefore, theextrapolations based on the results ofthis work should take this observationinto account.

The choice of parents for theformation of segregating populations iscrucial for achieving success in breedingprograms, and the combining ability,with the presence of complementarygenes, being the responsible for thesuccess. According to Miranda et al.(1988), parents who have high GCAshould be preferred to constitute theblocks of crosses, favoring the selectionof homozygous lines in self-pollinatedspecies.

Estimates of the effects of GCAprovide information on theconcentration of genes with additiveeffects. Therefore, parents with high andpositive GCA estimates are the maincontributors to increase expression ofthe character, while those with high andnegative values contribute to thereduction of its expression (Cruz &Regazzi, 1997). For Cruz & Vencovsky(1989), the greatest g

i will be presented

by the parent that has higherfrequencies of favorable alleles for agiven character. Therefore, these effectsindicate the importance ofpredominantly additive effects (Sprague& Tatum, 1942). Thus, the parents withhighest GCA will be the most favorableto be used in breeding programs, inwhich the goal is the selection of hybridsfor agronomic characters or new inbredlines in advanced generations. For theselection of resistance to the pathogen,the opposite occurs, because thepromising parents are those who havelow or negative GCA effects,contributing to reducing the frequencyof favorable alleles for the disease(Arabi, 2005).

The effects of GCA of group II werenot analyzed because of the restrictionof the model adopted, where the sum ofg

j equals zero.

For all the evaluated characters,which are of great importance in sweetpepper cropping for being linked to thequality of the fruit, it is possible to saythat the effects of GCA of group I haddifferent behavior between thecommercial hybrids (Table 2).

The parents ‘Platero’ and ‘P36-R’showed the largest magnitude ofpositive effects for GCA for weightaverage of the fruit and length averageof the fruit contributing, respectively,with g

i of 1.35 g and 0.14 cm for ‘Platero’

and 5.85 g and 0.30 cm for ‘P36-R’, in thecrosses they participated in. The otherparents had negative values of g

i for both

characters, in which the largest valuewas -3.10 g for weight average of thefruit and -0.35 cm for length average ofthe fruit, both values from ‘Rubia-R’,which helped to reduce the importanceof these characters in the crosses itparticipated in. Regarding the GCA,González et al. (2004) in a diallel cross of

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193Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

different inbred lines of Serrano type ofpepper; they obtained for the bestparent, values of 0.9336 g and 0.5925 cm,respectively, for weight and lengthaverage of the fruit.

For the character, width average ofthe fruit, the parent ‘P36-R’ had thehighest positive estimate of g

i,

contributing with an average increaseof 1.44 mm, followed by ‘Quantum-R’,with 0.46 mm. The other female parentshad negative effects, especially ‘Rubia-R’ with g

i of -1.31 mm, leading to a

decrease in the width average of the fruitin the crosses it participated in.Gopalakrishnan et al. (1987), evaluatingthe combining ability in pepper,observed positive effect of GCA for thegenotype Jwala for weight, length andwidth average of the fruit, which stoodout as the best combiner for thesecharacters.

For the length and width ratio of thefruit, positive estimates were presentedby ‘Platero’ (0.007) and ‘Margarita’(0.002), although with very low values.In contrast, ‘Quantum-R’ and ‘P36-R’,presented the largest negative values,both with -0.003.

As for the character wall thickness,‘Quantum-R’ and ‘Platero’ showed thehighest positive values, respectively,0.03 mm and 0.15 mm. The results showthat these two parents are more suitablefor the production of hybrids, in whichthe objective is to increase the wallthickness. The other parents hadnegative values, especially ‘Margarita’with the largest negative contribution,which was -0.07 mm.

For the severity of the disease, theparents ‘Quantum-R’ and ‘Rubia-R’presented negative estimates of g

i with

values of -0.016 and -0.009, indicatingthat these parents contributed toreducing the severity of powdery mildew.The other female parents showedpositive values, therefore, contributingto the increase of the disease.

Estimates of GCA of group I, for allgenotypes and all the charactersevaluated showed a large variation inthe population used. This findingreflects the caution that the breedershould have in choosing the rightparents for a breeding program,

especially when the intention is toimprove several characterssimultaneously. In practice, this is notalways possible, as shown in Table 2, inwhich none of the genotypes showedgood GCA for all the charactersevaluated. The genotypes with higherGCA for the main characters of interestshould be preferred.

In view of the results on Table 2, theparents ‘Platero’ and ‘P36-R’ stood outas the best genotypes, due to thesignificant presence of additive geneticeffects for most agronomic charactersstudied. For the continuity of thebreeding program for resistance to O.taurica, it is recommended to use thesetwo hybrids as recurrent parents inbackcrosses, to recover the commercialcharacters of the triple hybrid, advancingsix generations, without considering thepossible need to backcross to theresistant parent. However, ‘Quantum-R’and ‘Rubia-R’ are the most suitableparents to be used in a breeding programfor the incorporation of resistance topowdery mildew, for having presentednegative value of GCA.

The estimates of the SCA effects arefound in Table 3. For the performance ofthe parents positive and negative valuesof S

ij were observed for all characters

studied. These results indicate theexistence of bidirectional dominance

deviations regulated by genes thatincreases the expression of the characterand other genes, equally dominant thatdecreases. The effect of SCA isinterpreted as a deviation of a hybrid inrelation to what would be expectedbased on the GCA of its parents.Therefore, the most favorable hybridshould be the one with highest estimatesof the SCA, in which one of the parentshad the highest GCA (Cruz &Vencovsky, 1989, Gomes et al., 2000).According to Gomes et al. (2000), thehighest values are for the most dissimilargenotypes in relation to frequencies ofgenes with dominance, although theyare also influenced by the low genefrequency average of the diallel.

The results of SCA for weightaverage of the fruit, showed that onlythe hybrid ‘P36-R x HV-12’ stood outwith a value equal to 8.80 g, whosefemale parent was considered a goodgeneral combiner, with the highestpositive estimate for GCA (Table 2).However, when the hybrid ‘P36-R’ wascrossed with pepper ‘#124’, thesame parent showed the highestnegative value of SCA (-27.26 g),indicating the action of genes thatreduced the expression of the character(Table 3). According to Cruz &Vencovsky (1989), parents thatproduces F

1 hybrids with low SCA

Combining ability in sweet pepper for resistance to powdery mildew

Table 3. Estimates of the effects of the specific combining ability for five characters of thefruits from ten triple hybrids of sweet pepper (estimativas da capacidade específica decombinação (CEC) relativas a cinco caracteres dos frutos de dez híbridos triplos de pimen-tão). Campinas, IAC, Brazil, 2007.

Triple hybridCharacter(*)

PF (g) CF (cm) LF (mm) C/L SD

Quantum-R x HV-12 -3,48 0,73 0,50 0,004 -0,36

Rubia- R x HV-12 -2,92 0,31 1,64 0,019 -0,55

Platero x HV-12 -3,65 -0,34 0,40 -0,008 -0,36

Margarita x HV-12 -10,55 -0,60 -1,04 0,018 -0,55

P36-R x HV-12 8,80 0,62 1,78 -0,016 0,11

Quantum-R x #124 -22,55 -0,62 -4,99 0,019 0,05

Rubia-R x #124 -22,53 -0,76 -5,39 -0,011 0,43

Platero x #124 -25,09 -1,00 -5,56 0,014 0,07

Margarita x #124 -17,64 -0,59 -4,56 -0,006 0,57

P36-R x #124 -27,26 -0,99 -5,45 0,009 0,37

DP(sij) 3,90 0,32 0,83 0,005 0,06

*PF= weight average of the fruit, CF= length average of the fruit, LF= width average of thefruit, C/L= length and width ratio of the fruit; SD= severity of the disease; DP= standarddeviation.

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194 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

CB Marchesan et al.

values indicate that based on GCA theyare behaving as expected. On the otherhand, high values, positive or negative,shows that some specific combinationsbehaved better or worse than expected.Therefore, the SCA is in large part,dependent on genes that show effectsof dominance or epistasis, in otherwords, it highlights the importance ofgenes with non-additive effects,emphasizing the importance of non-additive interactions, resulting from genecomplementation between the parents.

The combination ‘Quantum-R x HV-12’ had the maximum value of SCA (0.73cm) for length average of the fruit,followed by the triple hybrids ‘P36-R xHV-12’ and ‘Rubia-R x HV-12’, with SCAvalues of 0.62 cm and 0.31 cm,respectively (Table 3). It is noteworthythat parents ‘Quantum-R’ and ‘Rubia-R’had negative effects for GCA (Table 2),indicating that for these combinations,the non-additive gene effects were moreimportant, and gene complementationoccurred between the parents. Thesedivergent results are common, andoccurred also in the work of Souza(2007), who obtained negative value ofGCA for some parents used in theproduction of hybrids of tomato andpositive SCA for number of fruit perplant, fruit width, fruit wall thickness andtotal acid title. The same happened tosome characteristics of pepper evaluatedby Miranda et al. (1988).

For width average of the fruit, thetriple hybrids ‘P36-R x HV-12’ and‘Rubia-R x HV-12’ showed the highestvalues of SCA, respectively, 1.78 mmand 1.64 mm, followed by ‘Quantum-R xHV-12’ (0.50 mm) and ‘Platero x HV-12’(0.40 mm) (Table 3). For this character,the parents ‘Rubia-R’ and ‘Platero’behaved contrary to expected, sincethey presented negative GCA (Table 2),indicating that in these combinations,non-additive interactions were moreimportant, in result of genecomplementation between the parents,supporting the theory of Sprague &Tatum (1942) and Cruz & Regazzi (1997).

The highest positive values of SCAfor length and width ratio of the fruitwere observed in the triple hybrids‘Rubia-R x HV-12’ and ‘Quantum-R x#124’, both with average of 0.019,

followed by ‘Margarita x HV-12’ (0.018),‘Platero x #124’ (0.014), ‘P36-R x #124’(0.009) and ‘Quantum-R x HV-12’ (0.004).The other triple hybrids showednegative SCA (Table 3). According toMiranda et al. (1988), the demand of theBrazilian market for length and widthratio of the fruit should be between 1.75and 2.00. For these authors, the bestcombination would be the hybridproduced from the parent with greaterGCA effect for length average of the fruitwith the parent with the highest GCAeffect for width average of the fruit, butin their work, this “ideal hybrid”presented low estimate of SCA effect.

Another restriction to be made in theevaluation of the length and width ratioof the fruit is related to the meaning ofthe positive value of SCA. It means thatthe triple hybrids showed a bigger ratiobetween these characters than theirparents did before the cross. However,in this study, the triple hybrids did notachieve the commercial standard,because they were obtained by crosseswith a pepper (‘#124’) and a sweetpepper (‘HV-12’), whose fruits have nocommercial value. While there has beena gain for this character, the fruits arestill small, having to be backcrossed torecover the size. Therefore, this indexshould be followed by the estimates ofSCA for the length and width average ofthe fruit.

The results of SCA for wall thicknesswere not discussed because this featurewas not significant at 5% by the F test,of the analysis of variance of the partialdiallel.

For the severity of the disease, thetriple hybrid with positive estimates ofS

ij were ‘P36-R x HV-12’, ‘Quantum-R x

#124’, ‘Rubia-R x #124’, ‘Platero x #124’,‘Margarita x #124’ and ‘P36-R x #124’,indicating the importance of genes withdominant or epistatic effects (Table 3).The results agree with the statements ofBlat et al. (2005b), Shifriss et al. (1992)and Daubeze et al. (1995), which definethe inheritance of the reaction of C.annuum to powdery mildew aspolygenic, due to at least four pairs ofrecessive genes with dominant andepistatic effects, which effects act in anegative form if the objective is theexploitation of hybrids.

Regarding the incorporation ofresistance, the triple hybrid that stoodout for SCA were those whose parentswere ‘Quantum-R’ and ‘Rubia-R’; thatoccurred because these two genotypesshowed negative GCA for severity of thedisease, contributing to the reductionof the disease (Table 2). Linking Table 1with Table 3 note that the triple hybridsobtained from crosses with ‘Quantum-R’ and ‘Rubia-R’ had the best reactionsto powdery mildew except for ‘Quantum-R x HV-12’.

In regard to agronomic characters itcan be affirmed that, in general, all triplehybrids crossed with the pepper ‘#124’,showed negative SCA for all charactersevaluated, except for length and widthratio of the fruit, which must beconsidered with restriction, as discussedabove. The hybrid ‘P36-R x HV-12’showed positive SCA effect for thecharacters weight, length and widthaverage of the fruit and severity of thedisease. The good performance of ‘P36-R’ was expected, for it was consideredone of the best combiners by theestimates of GCA. The triple hybrids‘Quantum-R x HV-12’ and ‘Rubia-R x HV-12’ had the opposite SCA effect of whatwas expected, according to its GCA therewas greater influence of non-additivegenes effects in these combinations,highlighting them as highly potentialhybrids, together with ‘P36-R x HV-12’.‘Platero’ was considered a goodcombiner by its GCA, but had oppositeeffect when used in hybridizations.Miranda et al. (1988) obtained similarresults for the character number of fruitsper plant. In the two crosses in which itparticipated (‘Platero x HV-12’ and‘Platero x #124’) the SCA was negativefor all characters, except for widthaverage of the fruit when crossed with‘HV-12’, indicating that for ‘Platero’, theadditive genetic effects had greaterinfluence on the studied characters.

For the conditions under which thework was done, it is possible to concludethat for most characters evaluated, theadditive and non-additive effects wereimportant and significant, however, theadditive effects of group II were higherthan the non-additive effects for allagronomic characters evaluated; thesweet peppers ‘P36-R’ and ‘Platero’ were

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195Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

highlighted as good combiners forpresenting greater GCA for mostagronomic characters evaluated; thetriple hybrid ‘Quantum-R x HV-12’,‘Rubia-R x HV-12’ and ‘P36-R x HV-12’were highlighted as the bestperformance among all genotypes foragronomic characters with the bestSCA; triple hybrids obtained fromcrosses with ‘Quantum-R’ and ‘Rubia-R’ presented a negative GCA and thebest reactions to powdery mildew.

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196 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

Chili and sweet pepper belong to thegenus Capsicum. Both crops have

an increasing importance as a suitablealternative to small farmers, representingan incentive for family agriculture in Brazil(Ribeiro, 2004). Chili peppers represent anew market to Brazilian agriculture andto the food, pharmaceutical, and cosmeticindustry. Products containingsubstances extracted from these speciesare currently used by a quarter of theglobal population, particularly for foodseasoning (Carvalho et al., 2003).

In spite of the recent technologicaladvances in chili pepper production

BENTO CS; RODRIGUES R; ZERBINI JUNIOR F; SUDRÉ CP. 2009. Sources of resistance against the Pepper yellow mosaic virus in chili pepper.Horticultura Brasileira 27: 196-201.

Sources of resistance against the Pepper yellow mosaic virus in chili pepperCíntia dos S Bento1; Rosana Rodrigues1; Francisco Murilo Zerbini Júnior2; Cláudia P Sudré1

1UENF-CCTA, Lab. Melhoramento Genético Vegetal, Av. Alberto Lamego 2000, Parque Califórnia, 28013-602 Campos dos Goytacazes-RJ; 2UFV-CCA, Depto Fitopatologia, 36570-000 Viçosa-MG; [email protected]; [email protected]

systems, plant pathogens still rankamong the key impediments for end-products high yield and quality. Severalfungi, bacteria, and virus diseases,occurring both in protected and non-protected cultivation, are main causesof farmers´ difficulties (Azevedo et al.,2005). The aphid-transmitted virusescaused by species of the genusPotyvirus, namely the Potato virus Y(PVY), the Tobacco Eech virus (TEV),the Pepper veinal mottle virus (PVMV),the Chilli veinal mottle virus (ChiVMV),and the Pepper yellow mosaic virus(PepYMV) (Inoue-Nagata et al., 2001),

impose severe losses to chili and sweetpepper production all around the world.

The PepYMV causes the yellowmosaic. The virus is present in most ofthe chili and sweet pepper (Inoue-Nagata et al., 2002) and tomato (Cunhaet al., 2004) production zones in Brazil.The disease is responsible for significantlosses in the Brazilian Mid-West andSoutheast regions, mainly in sweetpepper (Echer & Costa, 2002; Zambolimet al., 2004). In tomato, Costa et al. (2003)estimated production losses rangingfrom 60 to 80% in fields at Venda Novado Imigrante County (ES). The PepYMV

ABSTRACTThe Pepper yellow mosaic virus (PepYMV) naturally infects

chili and sweet pepper, as well as tomato plants in Brazil, leading tosevere losses. This work reports the reaction to the PepYMV of 127Capsicum spp. accessions, aiming at identifying resistance sourcesuseful in breeding programs. The experiment was carried out in acompletely randomized design, with eight replications, in greenhouseconditions. Plants were protected with an insect-proof screen toavoid virus dissemination by aphids. Leaves of Nicotiana debneyiinfected with the PepYMV were used as the inoculum source. Plantswere inoculated with three to four fully expanded leaves. A secondinoculation was done 48 hours later to avoid escapes. Only theyoungest fully expanded leaf was inoculated. Two plants wereinoculated only with buffer, as negative control. Symptoms werevisually scored using a rating scale ranging from 1 (assymptomaticplants) to 5 (severe mosaic and leaf area reduction). Nine accessionswere found to be resistant based on visual evaluation. Their resistancewas confirmed by ELISA. Two resistance accessions belong to thespecies C. baccatum var. pendulum, while the seven other were C.chinense. No resistant accessions were identified in C. annuum var.annuum, C. annuum var. glabriusculum, and C. frutescens.

Keywords: Capsicum spp., Pepper yellow mosaic virus, Potyvirus,germplasm evaluation, disease resistance, pre-breeding.

RESUMOFontes de resistência ao Mosaico Amarelo do Pimentão em

pimentas

O Mosaico Amarelo do Pimentão é causado pelo Pepper yellowmosaic virus (PepYMV) e tem ocorrência natural na maioria dasregiões produtoras de pimenta, pimentão e tomate do Brasil, causan-do sérias perdas nas culturas de pimentão e pimenta. Este trabalhoteve como objetivo avaliar a resistência de 127 acessos de Capsicumspp. ao PepYMV, com o intuito de identificar fontes de resistência aserem utilizadas em programas de melhoramento. O experimento foiconduzido em delineamento inteiramente casualizado, com oito re-petições, em casa de vegetação, protegida com tela à prova de inse-tos, para evitar a disseminação do vírus por afídeos vetores. Folhasde Nicotiana debneyi infectadas com o PepYMV foram utilizadascomo fonte de inóculo. Plântulas dos diferentes acessos foram inocu-ladas no estádio de três a quatro folhas definitivas e reinoculadas 48horas após, para evitar escapes. Apenas as folhas mais jovens com-pletamente expandidas foram inoculadas. Como controle negativo,duas plantas de cada acesso foram inoculadas apenas com soluçãotampão. A avaliação visual foi feita por meio de escala de notas de 1(plantas assintomáticas) a 5 (plantas com sintomas severos de mo-saico bolhoso e redução da área foliar). Nove acessos foram identifi-cados como resistentes e, por meio do teste sorológico ELISA indire-to, as plantas assintomáticas foram confirmadas como resistentes.Dois acessos resistentes pertencem à espécie Capsicum baccatumvar. pendulum e, sete, à espécie Capsicum chinense. Não foram en-contrados acessos resistentes de C. annuum var. annuum, C. annuumvar. glabriusculum e C. frutescens.

Palavras-chave: Capsicum spp., Pepper yellow mosaic vírus,Potyvirus, avaliação de germoplasma, resistência a doenças, pré-me-lhoramento.

(Recebido para publicação em 7 de março de 2008; aceito em 6 de abril de 2009)(Received in March 7, 2008; accepted in April 6, 2009)

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was first reported in Brazil in 1980. It wasat that moment named as PVYM, since itwas supposed to be an aggressive PVYstrain, able to break the resistance ofsome cultivars (Boiteux et al., 1996).Later, Inoue-Nagata et al. (2001) isolatedand molecularly characterized somePVYM isolates. These studies confirmeda new Potyvirus species, named thenPepper Yellow Mosaic Virus.

The use of improved cultivars thatbring together virus resistance,marketable fruit quality, and high yieldis one of the most efficient alternativesfor controlling the yellow mosaic.Therefore, breeding programs currentlyactive in the country have beensearching for resistance sources withinCapsicum spp. germplasm banks.Sources of resistance to the PepYMV inCapsicum have been effective and long-lasting under artificial inoculation in thefield (Echer & Costa, 2002). Resistantsweet pepper (Capsicum annuum)cultivars are already available, such asthe hybrid Magali R, considered as thecommercial resistance pattern to thePepYMV (Truta et al., 2004), and theopen-pollinated cultivars Myr-29 andMyr-10 (Echer & Costa, 2002).

The objective of this research wasto evaluate 127 Capsicum accessions ofthe Germplasm Bank of the StateUniversity of Norte Fluminense DarcyRibeiro (UENF). The target was toidentify new sources of resistance to thePepYMV to be included in Capsicumbreeding programs.

MATERIAL AND METHODS

Plant material and growingconditions - The experiments werecarried out in the area used under anAgreement signed by the StateUniversity of Norte Fluminense (UENF)and the Agricultural ResearchCorporation of the State of Rio de Janeiro(PESAGRO-RIO), Experimental Stationof Campos, in Campos dos GoytacazesCounty, Rio de Janeiro State, in twosteps, from May to November, 2007. Weevaluated 127 accessions (Table 1),which had been previously agronomicand morphologically characterized(Sudré et al., 2005; Bento et al., 2007;Lima et al., 2007). The susceptible sweet

pepper cultivar Ikeda (Ávila et al., 2004)was used as positive control.

Seeds of the accessions and cultivarIkeda were sown in 128-cell polystyrenefoam trays with organic substrate(Plantmax®). Upon developing two pairof leaves, plantlets were individuallytransferred to plastic pots filled with amixture of soil and substrate (2:1). Theexperiment was carried out in cagescovered with aphid-proof screens toavoid virus dissemination by vectors,in greenhouse. The average temperatureranged between 27.6ºC (day) to 21.5ºC(night). Each accession was replicatedeight times, in a completely randomizeddesign, numbering 1016 plants.

Inoculation and evaluation ofresistance to the PepYMV - Theinoculum source consisted of plants ofNicotiana debneyi mechanicallyinoculated with the PepYMV-3 isolate,collected in sweet pepper, in IgarapéCounty, Minas Gerais State (Truta et al.,2004). Plants under evaluation, includingcultivar Ikeda, were inoculated usingextracts of the inoculum source, preparedin potassium phosphate buffer 0.05 M,pH 7.2, with sodium sulphate 0.01%.Carborundum (600 mesh) was used asabrasive (Truta et al., 2004). Inoculumextracts were prepared using 1.0 g ofinfected leaves in 1.0 mL of buffer. Plantswere inoculated when presenting threeto four fully expanded leaves, and re-inoculated 48 hours later, to avoidinfection escape. Only the youngest andfully developed leaf was inoculated ineach plant. Two plants of each accessionwere inoculated exclusively with buffer,as a negative control.

Evaluation began 15 days after thefirst inoculation, when symptomsstarted appearing, and went on everyother day, up to 39 days after the firstinoculation. Symptoms were visuallyassessed using a rating scale (Bento,2008), developed on preliminary pilotexperiments, as follows: score 1 =symptomless plants; 2 = plants showingslight symptoms (up to 25% of the leafarea with small mosaic dots); 3 = plantsshowing moderate symptoms (up to50% of the leaf area with mosaic); 4 =strong symptoms (up to 75% of the leafarea with mosaic); and 5 = severesymptoms (100% of the leaf area with

mosaic, leaves displaying swelling andcurling, and reduction of leaf area).Analysis of variance and the meansclustering test of Scott-Knott wereperformed using the software GENES(Cruz, 2006).

Accessions with score 1 in this firstassay were re-evaluated using the samemethodology. To confirm accessionsresistance to the PepYMV, symptomlessplants were submitted to indirect ELISA(Enzyme-linked immunosorbent assay)(Clark et al., 1986), using a polyclonalantiserum produced against the isolatePepYMV-3 (Truta et al., 2004). IndirectELISA was carried out at the PlantVirology Laboratory, Federal Universityof Viçosa (UFV), in Viçosa County,Minas Gerais State. To perform ELISA,we used 0.5 g of plant tissue collected in4 to 6 young leaves from the Capsicumaccessions that re-scored 1 in the secondassay, as well as from the positive andnegative controls, and from N. debneyiplants infected with the PepYMV. Leaveswere crushed in a mortar, with 2.5 mL ofextraction buffer (1:5 dilution). Plantextracts were stored in labeled flasks andkept at -20ºC until using. Four 100 µlreplications per accession, per plate,were used. Antiserum was diluted to1:10.000, and, the conjugate, to 1:2000,both in PEP buffer (Clark et al., 1986).After adding the substrate (p-nitrofenil-fosfato, 1 mg mL-1), plates were kept atroom temperature, in the dark, for 30minutes. Following, the color intensitydeveloped as consequence of theenzymatic reaction was assessed usinga Titertek Multiskan Plus MK II datalogger, at 405 nm. Absorbance valueslower than twice the negative control(healthy plants) were considered asindication of virus absence in the sample(Sutula et al. (1986).

RESULTS AND DISCUSSION

Virus symptoms were observed inseveral plant growing stages, confirmingthe virulence of isolate PepYMV-3.There were significant differencesamong the 127 Capsicum spp.accessions in relation to resistance tothe PepYMV, ranging from absence ofsymptoms (score 1) to leaf distortion andswelling mosaic (score 5). Such variation

Sources of resistance against the Pepper yellow mosaic virus in chili pepper

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198 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

UENFCode

Species OriginScore

Average¹UENFCode

Species OriginScore

Average¹1553 C. chinense Goiânia, GO 5 a 1784 C. chinense São Luís, MA 3 c1615 C. chinense Viçosa, MG 5 a 1786 C. chinense São Luís, MA 3 c1630 C. baccatum var. pendulum Campos, RJ 5 a 1789 C. chinense São Luís, MA 3 c1735 C. baccatum var. pendulum Viçosa, MG 5 a 1790 C. frutescens São Luís, MA 3 c1743 C. chinense Marajó-Souré, PA 5 a 1797 C. baccatum var. pendulum Viçosa, MG 3 c1800 C. frutescens Bequimão, MA 5 a 1799 C. annuum var. annuum Bequimão, MA 3 c1810 Capsicum sp. Campos, RJ 5 a 1805 C. chinense Campos, RJ 3 c1417 C. chinense Campos, RJ 4 b 1422 C. annuum var. annuum Topseed 2 d1424 C. chinense Campos, RJ 4 b 1490 C. frutescens Rio de Janeiro, RJ 2 d1426 C. chinense Campos, RJ 4 b 1498 C. chinense Rio de Janeiro, RJ 2 d1497 C. chinense Campos, RJ 4 b 1503 C.chinense México 2 d1499 C. chinense Campos, RJ 4 b 1611 C. baccatum var. pendulum Viçosa, MG 2 d

1559 C.annuum var. glabriusculumCachoeira deMacacu,RJ

4 b 1612 C. baccatum var. pendulum Viçosa, MG 2 d

1612 C. baccatum var. pendulum Viçosa, MG 4 b 1616 C. baccatum var. pendulum Viçosa, MG 2 d1613 C. baccatum var. pendulum Viçosa, MG 4 b 1618 C. chinense Viçosa, MG 2 d1615 C. chinense Viçosa, MG 4 b 1631 C. baccatum var. pendulum Celina, ES 2 d1622 C. annuum var. annuum Estados Unidos 4 b 1634 C. chinense Vargem Alta, ES 2 d1628 C. baccatum var. pendulum Campos, RJ 4 b 1636 C. frutesces Miranda, MS 2 d1629 C. baccatum var. pendulum Campos, RJ 4 b 1637 C. baccatum var. pendulum Miranda, MS 2 d1639 C. baccatum var. pendulum Feltrin Sementes 4 b 1714 C. baccatum var. pendulum Peru 2 d1722 C. chinense Ilhéus, BA 4 b 1715 C. chinense Peru 2 d1723 C. chinense Campos, RJ 4 b 1719 C. baccatum var. pendulum Renascença, PR 2 d1752 C. chinense Ilhéus, BA 4 b 1731 C. frutescens Petrolina, PE 2 d1771 C. chinense Bequimão, MA 4 b 1733 C. baccatum var. pendulum Campos, RJ 2 d1772 C. chinense Bequimão, MA 4 b 1736 C. chinense São Domingos, ES 2 d

1774 C. chinense Bequimão, MA 4 b 1737 C. baccatum var. pendulumCachoeira deMacacu, RJ

2 d

1779 C. frutescens Bequimão, MA 4 b 1745 C. chinense Marajó-Souré, PA 2 d1567 C. annuum var. annuum Bahia, BA 3 c 1746 C. chinense Marajó-Souré, PA 2 d1623 C. annuum var.annuum Campos, RJ 3 c 1747 C. frutescens Marajó-Souré, PA 2 d1625 C. baccatum var. pendulum Campos, RJ 3 c 1750 C. annuum var. glabriusculum Campos, RJ 2 d1626 C. annuum var. annuum Campos, RJ 3 c 1762 C. chinense Belém, PA 2 d1633 C. baccatum var. pendulum Campos, RJ 3 c 1763 C. chinense Belém, PA 2 d1704 C. baccatum var. pendulum Viçosa, MG 3 c 1767 C. chinense Belém, PA 2 d1707 C. chinense São Luis, MA 3 c 1768 C. chinense Belém, PA 2 d1709 C. chinense São Luis, MA 3 c 1775 C. frutescens Bequimão, MA 2 d1716 C. chacoense Argentina 3 c 1785 C. chinense São Luís, MA 2 d1717 C. annuum var annuum Renascença, PR 3 c 1788 C. chinense São Luís, MA 2 d1718 C. baccatum var pendulum Renascença, PR 3 c 1790 C. frutescens São Luís, MA 2 d1721 C. chinense Ilhéus, BA 3 c 1792 C. chinense São Luís, MA 2 d1725 C. chinense Ilhéus, BA 3 c 1793 C. chinense São Luís, MA 2 d1726 C. chinense Ilhéus, BA 3 c 1794 C. chinense São Luís, MA 2 d1727 C. frutescens Ilhéus, BA 3 c 1798 C. chinense Campos, RJ 2 d1744 C. chinense Marajó-Souré, PA 3 c 1802 C. frutescens Campos, RJ 2 d1748 C. chinense Marajó-Souré, PA 3 c 1806 C. chinense Campos, RJ 2 d1749 C. chinense Campos, RJ 3 c 1808 Capsicum sp. Campos, RJ 2 d1753 C. chinense Ilhéus, BA 3 c 1811 Capsicum sp. Campos, RJ 2 d1757 C. chinense Ilhéus, BA 3 c 1812 Capsicum sp. Campos, RJ 2 d1758 C. chinense Ilhéus, BA 3 c 1624 C. baccatum var. pendulum Campos, RJ 1 e1761 C. chinense Belém, PA 3 c 1755 C. chinense Peru 1 e1765 C. chinense Belém, PA 3 c 1764 C. chinense Belém, PA 1 e1766 C. frutescens Belém, PA 3 c 1770 C. chinense Belém, PA 1 e1773 C. chinense Bequimão, MA 3 c 1703 C. chinense Viçosa, MG 1 e1776 C. frutescens Rosário, MA 3 c 1730 C. chinense Peru 1 e1780 C. chinense Bequimão, MA 3 c 1732 C. baccatum var. pendulum Campos, RJ 1 e1781 C. chinense Bequimão, MA 3 c 1751 C. chinense Parintins, AM 1 e1782 C. chinense Bequimão, MA 3 c 1803 C. chinense Campos, RJ 1 e

CS Bento et al.

Table 1. Code number, species, origin, and average of scores of 128 Capsicum accessions assessed for resistance against the Pepper yellowmosaic virus - PepYMV (número de registro, espécie, procedência e médias das notas dos 128 acessos de Capsicum spp. testados quanto àresistência ao PepYMV). Campos dos Goytacazes, UENF, 2007.

1Means followed by the same letter in each column did not differ significantly from each other, Scott & Knott clustering test, p<0.01 (médiasseguidas das mesmas letras em cada coluna não diferem significativamente entre si, teste de agrupamento de Scott & Knott, p<0,01).

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199Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

reveals the diversity present within thegermplasm assessed regardingresistance to the PepYMV. Nineaccessions did not develop symptomsand were scored as 1 (Table 1). Amongthese, two accessions were Capsicumbaccatum var. pendulum (UENF1624and UENF1732) and, seven, C. chinense(UENF1703, UENF1730, UENF1732,UENF1751, UENF1755, UENF1764 andUENF1803). The C. baccatumaccessions were both collected inCampos dos Goytacazes, Rio de JaneiroState, while C. chinense had severalorigins: one accession came from ViçosaCounty, Minas Gerais State; two fromPará State (UENF1764 and UENF1770,from Belém County); one from AmazonasState (UENF1751, from ParintinsCounty); and two from Peru (UENF1730and UENF1755) (Table 1). Cunha et al.(2004) had previously identified two C.chinense accessions, PI159236 andPI152225, as sources of resistance to thePepYMV. Nevertheless, as far as we areconcerned, no resistance sources havebeen described yet in C. baccatum.

Following the identification of thesymptomless accessions, theserological indirect ELISA was carriedout to confirm the resistance to thePepYMV. Symptom development ininoculated plants is dependent on thevirus isolate, cultivar, and environmentalconditions (Rowhani, 1997). Theremaining accessions were susceptible,developing typical symptoms, and werenot submitted to ELISA.

Capsicum plants inoculated onlywith buffer and Nicotiana debneyiplants infected with isolates PepYMV-3and PepYMV-11 correspondrespectively to ELISA negative andpositive controls. Results reconfirmedaccessions resistance to the PepYMV:the average absorbance values ofsamples coming from symptomlessplants were below the threshold, namely,twice the average of the negative control.Therefore, those plants were notinfected by PepYMV, according to themethodology suggested by Sutula et al.(1986) (Table 2). Positive controls hadhigh absorbance values, attesting thatELISA was properly performed and theantiserum was effective in recognizingthe virus isolate. Accessions found as

resistant in the first assay behave asresistant also in a second assay, carriedout using the same inoculation andevaluation protocols as before, both invisual evaluation and ELISA. No plantsshowed late infection or restriction ofsymptoms to isolated plant parts.

According to the rating scale, someaccessions were more susceptible thancultivar Ikeda, the susceptible control.However, due to the large number ofplants, we did not submit plants withsymptoms to ELISA. Thus, nocomparisons of the absorbance valuesof these accessions were made.Nevertheless, symptoms observed insusceptible plants were clear enough tounquestionably consider them assusceptible.

In Capsicum spp., the first promisingsources of resistance to the PepYMVwere C. annuum cultivar Criollo de

Morellos 334 (CM334, monogenicdominant resistance) and C. chinensePI 159236 (monogenic recessiveresistance) (Boiteux & Pessoa, 1994;Boiteux et al., 1996). Nonetheless, inspite of the broad literature survey, wedid not find reports of resistance to thePepYMV in C. baccatum. Thus, thisreport is likely to be the first ever.Additional investigation about theinheritance of resistance by means ofintra and interspecific crosses, in C.baccatum and C. annuum backgrounds,respectively, must be carried out toidentify the number of genes involvedin the reaction, as well as other geneticparameters important to breeders.Molecular techniques are helpful incharacterizing the resistance sourcesdescribed here. PCR-based molecularmarkers able to detect some PepYMVresistance genes are already available.This is the case for allele Pvr4, original

1(+) = Positive reaction to the virus presence (reação positiva à presença do vírus); (-) =negative reaction to the virus presence (reação negativa à presença do vírus); 2R = resistance(resistência); S = susceptibility (suscetibilidade).

Table 2. Code number, species, absorbance values for indirect ELISA, and final evaluation ofnine Capsicum sp. accessions assessed for resistance to the Pepper yellow mosaic virus(número de registro, espécie, valores de absorbância para ELISA indireto e avaliação final denove acessos de Capsicum spp. testados quanto à resistência ao PepYMV). Campos dosGoytacazes, UENF, 2007.

Codenumber

Species Absorbance ¹ELISA²Final

evaluation

1624 C. baccatum var. pendulum 0,142 - R

1703 C. chinense 0,145 - R

1730 C. chinense 0,131 - R

1732 C. baccatum var. pendulum 0,132 - R

1751 C. chinense 0,141 - R

1755 C. chinense 0,106 - R

1764 C. chinense 0,179 - R

1770 C. chinense 0,163 - R

1803 C. chinense 0,150 - R

1624 (-) C. baccatum var. pendulum 0,174 - -

1703 (-) C. chinense 0,127 - -

1730 (-) C. chinense 0,115 - -

1732 (-) C. baccatum var. pendulum 0,155 - -

1751 (-) C. chinense 0,289 - -

1755 (-) C. chinense 0,238 - -

1764 (-) C. chinense 0,302 - -

1770(-) C. chinense 0,306 - -

1803 (-) C. chinense 0,209 - -

N. debneyi (-) Nicotiana debneyi 0,333 - -

N. debneyi (-) Nicotiana debneyi 0,326 - -

1422 (+) C. annuum var. annuum cv. Ikeda 0,711 + S

Isolado 3 (+) Nicotiana debneyi 1,468 + S

Isolado 11 (+) Nicotiana debneyi 1,259 + S

Sources of resistance against the Pepper yellow mosaic virus in chili pepper

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200 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

from C. annuum accession CM-334,which was mapped to sweet pepperchromosome 10 (Grube et al., 2000): thereis a marker only 2,1 ± 0,8 cM away fromallele Pvr4 (Caranta et al., 1999; Arnedo-Andrés et. al., 2002).

Although C. baccatum and C.annuum are clustered in distinct genepools, crossings between the twospecies had been successfully made(Campos, 2006). Therefore, thetransference and pyramiding ofresistance genes from one species to theother is expected to be feasible. It shouldbe highlighted that the search forresistance to the PepYMV is importantnot only to sweet and chili peppers, butalso to tomato. Contrary to what is foundin Capsicum, in which resistancesources have already been identified inC. annuum, in commercial terms the mostimportant species in the genus, C.chinense, and now in C. baccatum, intomato, Juhász et al. (2006) did not findresistance among the 355 Lycopersiconesculentum accessions studied and,among 21 wild relatives, only a singleaccession of L. hirsutum was resistant.Lourenção et al. (2005) identified onlytwo sources of resistance to Potyvirusin tomato when assessing 16 tomatogenotypes. On the other hand, inCapsicum, Nascimento et al. (2007),found resistance to the PepYMV in sixexperimental and one commercialhybrids out of 26 genotypes.

In sweet pepper, mostly in regionswhere PepYMV outbreaks take placeregularly, as in Espírito Santo State(Inoue-Nagata et. al., 2003), it wasnoticed that sweet and chili pepperpictures are similar to tomato: cultivarswith no genetic resistance to thepathogen prevail. Regarding sweetpepper, some resistant hybrids arealready available in the market. However,the incorporation of resistance intohybrids that correspond to commercialrequirements of distinct markets must beencouraged (Ávila et al., 2004). Theresistant accessions reported in thispaper are useful in breeding programsthat target at the incorporation ofresistance genes into the process ofboth sweet and chili pepper cultivardevelopment.

ACKNOWLEDGMENTS

Authors thank the State Universityof Norte Fluminense Darcy Ribeiro forthe M.Sc. scholarship granted to thefirst author. Thanks also to the graduatestudents Leandro Simões AzeredoGonçalves, Sarah Ola Moreira, andKenea Coelho, as well as to thetechnician José Manoel Miranda and histeam, for the valuable help in carryingout this work.

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comunicação científica / scientific communication

Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

O consórcio entre espécies de hor-taliças é recomendável para unida-

des produtivas apresentando limitaçõesde área física agricultável. Proporcionaum melhor aproveitamento de recursosdisponíveis, resultando em elevação darenda familiar (Silva, 1983), podendo re-presentar ganhos em produtividade enos valores nutricional, econômico eambiental (Oliveira et al., 2004).

Os cultivos consorciados podem ain-da aumentar a produção por unidade deárea em determinado espaço de tempo,melhorar a distribuição temporal da re-ceita, contribuir com a diversificação daoferta de alimentos e matérias primas e,conseqüentemente, reduzir os riscos deinsucesso (Fageria, 1989; Vandermeer,

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Viabilidade agronômica de consórcios entre cebola e alface no sistemaorgânico de produçãoPatrícia D de Paula1; José Guilherme M Guerra2; Raul de LD Ribeiro1; Marcius Nei Z Cesar3;Rejane E Guedes1; José Carlos Polidoro1

1UFRRJ, BR-465, km 07, 23890-000 Seropédica-RJ; 2Embrapa Agrobiologia, C. Postal 74505, 23890-000 Seropédica-RJ; 3IDATERRA-MS, Rodovia MS 080, km 10, 79114-000, Campo Grande-MS; [email protected]

1990; Oliveira et al., 2004; Rezende etal., 2005 b, 2005 c).

A escolha do melhor sistema de con-sórcio deve buscar sempre um adicionalde colheita, ditado pela introdução dasegunda cultura, sem afetar negativa-mente a produtividade da cultura princi-pal, isto é, aquela que possui ciclo maislongo e a mesma densidade populacio-nal do respectivo monocultivo. Nestesentido, estudos visando ao entendi-mento de variáveis ecológicas efitotécnicas envolvidas nos consórcios,são importantes subsídios para futurasrecomendações (Gliessman, 1990).

Assim, consórcios entre espécies deplantas de diferentes ciclos e/ou portessão capazes de reduzir a competição com

as ervas espontâneas, diminuir a tempe-ratura do solo, controlar a erosão eotimizar insumos e serviços (Olasantanet al., 1996; Souza & Resende, 2003).

Entre as olerícolas que se pode con-sorciar com vantagens agroeconômicase ambientais, encontram-se alface e ce-noura (Caetano et al., 1999; Cecílio Fi-lho & May, 2002; Negreiros et al., 2002;Bezerra Neto et al., 2003, 2005;Gliessman, 1999; Oliveira et al., 2004;Barros Júnior et al., 2005; Rezende etal., 2005 a, 2005 b). Sudo (1998) alcan-çou resultados promissores emSeropédica-RJ com os consórcios entrealface e cenoura ou beterraba, sob ma-nejo orgânico. Paula (2003), também naBaixada Fluminense, iniciou pesquisas

RESUMOForam comparados três consórcios de cebola (cv. Alfa Tropical)

e alface (cv. Regina 2000), variando o intervalo de tempo entretransplantios de cada espécie para o campo. O experimento, no deli-neamento de blocos casualizados, constou dos tratamentosmonocultivos de cebola e de alface e três consórcios entre as olerícolas,em seis repetições, mantendo-se o espaçamento da cebola e trans-plantando-se a alface no mesmo dia, 15 dias e 30 dias depois dacebola. A alface ocupou as entrelinhas alternadas da cebola, represen-tando, em todos os consórcios, metade da densidade populacional dorespectivo monocultivo. Com exceção do último tratamento (alface30 dias após a cebola), os consórcios mostraram-se vantajosos emtermos de elevação de renda por unidade de área cultivada. A introdu-ção da alface não reduziu a produtividade da cebola, em bulbos depadrão comercial e o crescimento da folhosa foi comparável ao do seumonocultivo. Os índices de equivalência de área confirmaram a viabi-lidade do cultivo consorciado, o qual, a par do adequado desempenhoagronômico, possibilita um melhor aproveitamento de insumos eserviços no manejo orgânico adotado.

Palavras-chave: Allium cepa, Lactuca sativa, agricultura orgânica.

ABSTRACTAgronomic viability of onion and lettuce intercropped in

the organic cultivation system

Three intercrops of onion (cv. Alfa Tropical) and lettuce (cv.Regina 2000) were compared, varying the time intervals betweentransplants of each one in the field. The experiment was made in acomplete randomized block design with the treatments (replicatedsix times): monocrops of onion and of lettuce, and intercrops of thetwo vegetables keeping the same onion spacing arrangement, withlettuce transplanted on the same day, 15 days, and 30 days afteronion. Lettuce seedlings were placed between onion rows in analternating manner, thus corresponding to half of its monocroppopulation density. Except for the last treatment (lettuce 30 daysafter onion planting) the intercropping system was advantageous interms of increased income by cultivated area unit. Introducing lettuceinto the system did not decrease onion yield in marketable bulbs. Inaddition, lettuce growth was comparable to that of its monocrop.The land equivalent ratio values confirmed the viability ofintercropping onion and lettuce. Besides the adequate agronomicperformance, the system leads to more efficiency of inputs and handlabor utilization under the organic management adopted.

Keywords: Allium cepa, Lactuca sativa, organic farming.

(Recebido para publicação em 20 de julho de 2007; aceito em 27 de abril de 2009)(Received in July 20, 2007; accepted in April 27, 2009)

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com o consórcio alface x cebola, indi-cando seu potencial, porém sinalizandopara a necessidade de ajustes na sin-cronização dos respectivostransplantios de mudas, para um melhorrendimento do sistema.

Consórcios entre hortaliças detêminúmeras vantagens, especialmente emsistemas orgânicos de produção, ondenão se usam herbicidas e as capinas sãorealizadas manualmente. No caso espe-cífico da cebola, caracterizada por umprolongado ciclo e pelo hábito de cres-cimento ereto, o consórcio com diver-sas outras espécies olerícolas de ciclomais curto pode ser viável e vantajoso,sobretudo do ponto de vista de rendaextra para o produtor.

A introdução do cultivo orgânico dacebola em Seropédica, tal como demons-trado por Paula (2003), propicia mais umaopção de renda para a comunidade ru-ral, tendo em vista que praticamente todaa cebola comercializada no Rio de Janei-ro, com selo orgânico, provém de ou-tros estados, onerando os custos parao consumidor ao mesmo tempo em quenão atende a demanda existente.

O objetivo do presente estudo foiavaliar intervalos de tempo detransplantio da folhosa em relação aotransplantio da cebola, visando ao me-lhor rendimento do sistema de produ-ção orgânica adotado para o cultivoconsorciado.

MATERIAL E MÉTODOS

A cultivar de cebola Alfa Tropical, quemostrou adaptação ao manejo orgânicona região (Paula, 2003), foi semeada em01/04 e transplantada em 15/05/03, obe-decendo-se ao espaçamento único de 0,30x 0,10 m. A cultivar de alface Regina 2000foi semeada em três datas distintas: 15/04, 01/05 e 14/05/2003, constituindo, por-tanto, os três tipos de consórcios com-parados.

Ambas as hortaliças foram semeadasna casa-de-vegetação, em bandejas depoliestireno expandido de 200 “células”,abastecidas com substrato localmenteformulado. Esse substrato constitui-seda mistura de subsolo argiloso, estercobovino, vermicomposto e “cama” deaviário, na proporção de 3:2:1:1/2 (v/v),respectivamente.

As mudas de alface foram transplan-tada com 30 dias, sendo que o primeirotransplantio coincidiu com o da cebola. Oespaçamento da alface em monocultivo foide 0,30 m entre plantas, dispostas no sen-tido da largura dos canteiros. Nas parce-las consorciadas, a alface foi transplanta-da para entrelinhas alternadas da cebola,perfazendo a metade da densidade popu-lacional do cultivo “solteiro” (Figura 1).

O solo da área experimental, umArgissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico,forneceu os seguintes resultados naanálise química: pH=6,3; em cmol

c/dm3

para Al3+= 0,0; Ca2+= 2,8; e Mg2+= 1,7;em mg/dm3 para P= 86 e K+= 200. A partirda interpretação dessa análise e seguin-do as recomendações contidas emAlmeida et al. (1988) para a região, reali-zaram-se adubações pré-transplantiocom esterco bovino curtido (2,5 kg/m2)e de cobertura com “cama” de aviário(250 g/m2), estas com 30 dias após cadatransplantio de alface. As irrigações fo-ram feitas por aspersão, de acordo comas necessidades da espécie mais exigen-te (alface) até sua colheita. Cada parcelaocupou 3,0 m2, com área útil de 0,9 m2,de onde foram colhidas 20 plantas decebola e quatro plantas de alface paraas avaliações fitotécnicas.

Utilizou-se delineamento experimen-tal de blocos ao acaso, com cinco trata-mentos e seis repetições. Esses trata-mentos consistiram de monocultivos de

cebola e de alface; e dos três tipos deconsórcio entre as duas olerícolas. NoConsórcio I, a alface foi transplantadano mesmo dia da cebola; no ConsórcioII, o transplantio da alface teve lugar 15dias após o da cebola; e no ConsórcioIII, o intervalo entre os transplantios dasespécies foi de 30 dias.

A alface foi colhida no “ponto” decomercialização, ou seja, com sinaisavançados de senescência, comoamarelecimento e seca das folhas exter-nas avaliando-se a massa fresca e o diâ-metro das cabeças imediatamente apóso corte. A última colheita de alface deu-se em meados do mês de julho de 2003.A cebola foi colhida em data única (fasede “estalo”), em setembro do mesmoano, sendo anotados o diâmetro trans-versal e a produção comercial em bul-bos “curados”, bem como procedida suaclassificação de mercado (classe 1= Ø<35 mm; classe 2= 35 a 50 mm; classe 3=50 a 70 mm; classe 4= 70 a 90 mm; e clas-se 5= Ø >90 mm).

Nos tratamentos consorciados, fo-ram calculados os respectivos índicesde equivalência de área (IEA), represen-tando a relação entre a área em consór-cio e aquela em monocultivo, necessá-ria para alcançar igual produtividade sobo mesmo manejo (Fageria, 1989; Odo,1991; Swift & Anderson, 1994; Vieira &Calvete, 1994; Sudo, 1998). O IEA foicalculado pela fórmula:

produtividade de cebola em consórcio produtividade de alface em consórcioIEA = ———————————————— + ———————————————— produtividade de cebola em monocultivo produtividade de alface em monocultivo

Viabilidade agronômica de consórcios entre cebola e alface no sistema orgânico de produção

Figura 1. Representação diagramática da parcela experimental referente ao consórcio entrealface ( ) e cebola ( ). A cebola foi transplantada no espaçamento de 0,30 m x 0,10 m,enquanto a alface ocupou as entrelinhas alternadas, com 0,30 m entre plantas no sentido dalargura do canteiro (diagramatic scheme of the experimental plot referring to lettuce ( ) xonion ( ) intercropping. Onion seedlings were transplanted 0,30 x 0,10 m apart whereaslettuce occupied the spaces between onion rows in an alternate manner with 0,30 m fromplant following the bed width direction). Seropédica, UFRRJ, 2003.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos não indicaramdiferenças significativas, quanto ao diâ-metro médio e à produção comercial debulbos de cebola, em função do sistemade cultivo (monocultivo ou consórcioscom alface) (Tabela 1). No geral, alcan-çou-se alta proporção de bulbos enqua-drados nas classes 3 e 4 (Figura 2).

Nas Figuras 3 e 4 encontram-se, res-pectivamente, os dados relativos a diâ-metro e massa (médios) das “cabeças”colhidas de alface nos diferentes siste-mas de cultivo. Houve decréscimo damassa e do tamanho das “cabeças” co-lhidas no Consórcio III, em que otransplantio da alface foi efetuado 30dias após o da cebola. Provavelmente,esse decréscimo se deve ao fato de acebola apresentar crescimento lento até

100 dias a contar da semeadura, com re-duzida absorção de nutrientes (Haag etal., 1970), favorecendo o crescimento daalface nos tratamentos em que esta foitransplantada mais cedo para os cantei-ros (Consórcios I e II). O resultado veioconfirmar dados anteriores sobre o con-sórcio alface x cebola, obtidos de estu-do igualmente conduzido em Seropédicae empregando as mesmas cultivares(Paula, 2003).

Outro fator a ser levado em contanas altas produções obtidas é a capaci-dade de ambas as espécies responde-rem à adubação nitrogenada. Sabe-se,por exemplo, que a bulbificação da ce-bola é influenciada pelo teor de matériaorgânica no solo (Magalhães, 1988).Dessa forma, a incorporação dos ester-cos provavelmente supriu as necessida-des das plantas, que se desenvolveramvigorosamente nos monocultivos e nosconsórcios, com exceção da alface noConsórcio III. Este comportamento dife-renciado da alface, transplantada 30 diasapós a cebola, possivelmente refletiu efei-tos de competição por luz e espaço.

Em consórcios entre alface e rúcula,Costa et al. (2007) obtiveram resultadossemelhantes de massa fresca da alface,não verificando efeito significativo dossistemas de cultivo. Bezerra Neto et al.(2003) atribuíram a similaridade consta-tada entre os sistemas de cultivo “sol-teiro” e consorciado, envolvendo alfa-ce e cenoura, à baixa competiçãointerespecífica. Azevedo Júnior (1990)também não constatou diferença signi-ficativa ao comparar sistemas de cultivoconsorciado de beterraba com alface.

Considerando que o espaçamento dacebola em monocultivo (0,30 x 0,10m)não foi alterado nos consórcios, a intro-dução da alface, com o padrão comer-cial obtido, traria, certamente, renda ex-tra para o produtor. Os tratos culturais(adubações, desbaste da cebola, capi-nas manuais e irrigações) foram idênti-cos, representando coincidência de cus-tos entre consórcios e monocultivos.

Os índices de equivalência de área,superiores ao valor unitário, significa-ram viabilidade para o manejo orgânicoempregado. Os IEAs foram, respectiva-mente, de 1,55; 1,35 e 1,21 para os Con-sórcios I, II e III. No Consórcio III, con-tudo, o reduzido desenvolvimento da

Tabela 1. Diâmetro médio do bulbo e produção comercial da cebola ‘Alfa Tropical’ sobmanejo orgânico, em monocultivo e em três tipos de consórcios com alface ‘Regina 2000’(bulb diameter and marketable yield of ‘Alfa Tropical’ onion, submitted to organic management,monocropped and intercropped with ‘Regina 2000’ lettuce). Seropédica, UFRRJ, 2003.

Tratamento Diâmetro do bulbo (cm) Produção comercial (t ha -1)

Monocultivo 7,15 a** 54,95 a

Consórcio I (*) 7,35 a 59,11 a

Consórcio II 6,90 a 50,73 a

Consórcio III 7,17 a 55,95 a

CV (%) 7,60 25,30

*Consórcios: I= alface transplantada no mesmo dia da cebola; II= alface transplantada 15 diasapós a cebola; III= alface transplantada 30 dias após a cebola; **Os valores representammédias de seis repetições; médias seguidas de letras iguais, nas colunas, não diferem entre sipelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade (*intercrops: I= lettuce and onionseedlings transplanted on the same day; II= lettuce transplanted 15 days after onion; III=lettuce transplanted 30 days after onion; **mean values of six replications; equal letterswithin the columns correspond to values which do not differ Scott-Knott test at the 5%probability level).

Figura 2. Classificação de bulbos “curados” de cebola ‘Alfa Tropical’, oriundos de sistemaorgânico de produção, em monocultivo e em três tipos de consórcio com alface ‘Regina2000’(classification of ‘Alfa Tropical’ onion “hardened” bulbs, coming from organiccultivation system, monocropped or intercropped with ‘Regina 2000’ lettuce). Seropédica,UFRRJ, 2003.*Consórcios (C): I= alface transplantada no mesmo dia da cebola; II= alface transplantada 15dias após a cebola; III= alface transplantada 30 dias após a cebola; MC= monocultivo daalface (*intercrops (C): I= lettuce and onion seedlings transplanted on the same day; II=lettuce transplanted 15 days after onion; III= lettuce transplanted 30 days after onion MC=lettuce monocropped).

PD Paula et al.

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alface não o recomendaria, devendo oagricultor optar por qualquer dos doisoutros sistemas testados.

Consórcios de cebola ‘Alfa Tropi-cal’ com alface ‘Regina 2000’, sob mane-jo orgânico, revelam-se vantajososquando a folhosa é transplantada nomesmo dia ou até 15 dias após a cebola.

O arranjo representado pela introdu-ção da alface, alternadamente, nas en-trelinhas da cebola, mantido oespaçamento do monocultivo desta úl-tima (0,30 x 0,10 m), não reduz a produti-vidade, em bulbos de padrão comercial,significando potencial de elevar a rendapor unidade de área plantada.

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Figura 3: Diâmetro médio da “cabeça” de alface ‘Regina 2000’ oriundo de sistema orgânicode produção, em monocultivo e em três tipos de consórcio com cebola ‘Alfa Tropical’.Consórcios (C): I= alface transplantada no mesmo dia da cebola; II=alface transplantada 15dias após a cebola; III=alface transplantada 30 dias após a cebola; MC= monocultivo dealface (mean diameter of ‘Regina 2000’ lettuce “heads”, coming from organic cultivationsystem, monocropped and intercropped with ‘Alfa Tropical’ onion. Intercrops (C): I=lettuceand onion seedlings transplanted on the same day; II=lettuce transplanted 15 days afteronion; III=lettuce transplanted 30 days after onion; MC=lettuce monocropped). Seropédica,UFRRJ, 2003.

Figura 4: Massa média da “cabeça” de alface ‘Regina 2000’ oriunda de sistema orgânico deprodução, em monocultivo e em três tipos de consórcio com cebola ‘Alfa Tropical’. Consór-cios (C): I= alface transplantada no mesmo dia da cebola; II= alface transplantada 15 diasapós a cebola; III= alface transplantada 30 dias após a cebola; MC= monocultivo de alface(mean weight of ‘Regina 2000’ lettuce “heads”, coming from organic cultivation system,monocropped or intercropped with ‘Alfa Tropical’ onion. Intercrops (C): I= lettuce andonion seedlings transplanted on the same day; II= lettuce transplanted 15 days after onion;III= lettuce transplanted 30 days after onion; MC= lettuce monocropped). Seropédica,UFRRJ, 2003.

Viabilidade agronômica de consórcios entre cebola e alface no sistema orgânico de produção

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207Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

A calêndula (Calendula officinalisL.), também conhecida como mal-

me-quer, é originária da Europa Meridio-nal e adaptou-se bem ao sul e sudestedo Brasil, devido ao clima favorável aoseu cultivo (Silveira et al., 2002).

A calêndula é uma espécie herbáceade ciclo anual de pequeno porte, queatinge entre 20 e 50 cm de altura, con-tendo flores com pétalas de cores vivas,que variam do amarelo ao alaranjado. Suapropagação ocorre por sementes, quebotanicamente são classificadas comofrutos secos, do tipo aquênio (Luz et al.,2001). Essa espécie tem sido cultivadatanto para fins ornamentais, quantofitoterápicos e cosméticos. Quando asplantas são cultivadas sem defensivosquímicos, suas flores podem serconsumidas. No Brasil, seu usofitoterápico é aprovado pelo Ministérioda Saúde (ANVISA, 2003).

No estado do Rio Grande do Sul, ébaixa a taxa de emergência das plântulasem semeadura tardia, de novembro adezembro, devido às temperaturas ele-vadas. Em Santa Maria por exemplo, astemperaturas médias máximas do ar nosmeses de novembro e dezembro são de24,4°C e 30,9°C, respectivamente (Reis& Berlato, 1972). Nesses meses, os va-

KOEFENDER J; MENEZES NL; BURIOL GA; TRENTIN R; CASTILHOS G. 2009. Influência da temperatura e da luz na germinação da sementede calêndula. Horticultura Brasileira 27: 207-210.

Influência da temperatura e da luz na germinação da semente de calêndulaJana Koefender¹; Nilson L Menezes²; Galileo A Buriol²; Roberto Trentin²; Graciela Castilhos²¹UNICRUZ-Depto Ciências Agrárias, C. Postal 858, 98025-810 Cruz Alta-RS; ²UFSM-Depto Fitotecnia, Av. Roraima, 1000, CidadeUniversitária Bairro Camobi, 97105-900 Santa Maria-RS; [email protected]

lores de radiação solar global tambémsão elevados, respectivamente, 447 e 488cal cm-2 dia-1 (IPAGRO, 1989). As tempe-raturas em solo desnudo a 5 cm de pro-fundidade, segundo Maluf et al. (2000),em Santa Maria atingem valores médiosde 20,8°C ainda no terceiro decêndio desetembro.

A qualidade fisiológica das semen-tes é expressa principalmente pelo testede germinação, no qual cada espécieexige determinadas condições, comosuprimento adequado de água, tempe-ratura, substrato e composição adequa-da de gases, para expressar seu máximopotencial, permitindo assim determinarseu valor para a semeadura (Carvalho &Nakagawa, 2000).

A temperatura afeta a velocidade, auniformidade e a percentagem de germi-nação (Carvalho & Nakagawa, 2000) eestá relacionada principalmente com aumidade do solo. Com a absorção deágua iniciam processos físicos, fisioló-gicos e bioquímicos no interior da se-mente viva que, na ausência de outrofator limitante, resultam na emergênciada plântula (Popinigis, 1985).

A germinação somente ocorre entredeterminados limites de temperatura e

será tanto mais rápida e eficiente, quan-to mais tempo esta permanecer próximaao valor ótimo para cada espécie (Cas-tro & Vieira, 2001). A temperatura ótimade germinação da semente, para a maio-ria das espécies cultivadas, situa-se en-tre 20 e 30°C (Carvalho & Nakagawa,2000). Para a calêndula a temperaturapara testes de germinação segundo Bra-sil (1992), é de 15, 20 ou 20 - 30°C, comfornecimento de luz de 8 a 16 horas.Menezes et al. (2000), por exemplo, cons-tataram que, para a germinação das se-mentes de alface (Lactuca sativa), culti-vares Elisa, Regina e Rainha de Maio, amelhor temperatura foi 20°C e, na pre-sença de luz, a germinação e o desen-volvimento inicial ocorreram numa faixaampla de temperatura (20 a 30°C). Nacultura da sálvia (Salvia splendensSellow), Menezes et al. (2004) verifica-ram que temperaturas de 15, 20 e 25°Cafetam a velocidade de germinação sen-do que 15°C retarda o processogerminativo. Em sementes de cenoura(Daucus carota L.) cv. Brasília, subme-tidas a temperaturas que variaram de 20a 36°C, Pereira et al. (2007) constatarama mesma germinação nas temperaturasde 20 a 32°C e um decréscimo substan-cial na germinação a 36°C.

RESUMOO objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da luz e da tempe-

ratura sobre a germinação das sementes e o comprimento e produçãode massa seca das plântulas de calêndula (Calendula officinalis L.).As sementes foram colocadas para germinar a temperaturas constan-tes de 15; 20; 25; 30 e 35°C, na presença e na ausência de luz. Odelineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado comquatro repetições. Constatou-se que a percentagem de germinaçãodas sementes é maior à temperatura de 20°C, e que temperaturas de30 e 35°C são prejudiciais à germinação, e afetam significativamenteo comprimento das plântulas e a sua produção de massa seca.

Palavras-chave: Calendula officinalis L., qualidade fisiológica, es-pécie medicinal.

ABSTRACTInfluence of temperature and light on the germination of

marigold seed

The effects of light and temperature were evaluated on seedgermination and on the length and dry matter of marigold seedlings(Calendula officinalis L.). The seeds were placed to germinate atconstant temperatures of 15; 20; 25; 30 and 35°C, in the presenceand absence of light. The experimental design used was of completerandomized plots with four replications. The percentage of seedgermination was higher at 20°C, and temperatures of 30 and 35°Cwere harmful to germination and affected significantly the length ofseedlings and their dry matter production.

Keywords: Calendula officinalis L., physiologic quality, medicinalspecie.

(Recebido para publicação em 20 de dezembro de 2008; aceito em 8 de maio de 2009)(Received in December 20, 2008; accepted in May 8, 2009)

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Para várias espécies vegetais a luztambém é necessária para a germinaçãodas sementes. Nestes casos a germina-ção das sementes pela luz está vincula-da a um sistema de pigmentos chama-dos de fitocromos. Esses pigmentos es-tão associados ao funcionamento dasmembranas biológicas, regulando, pro-vavelmente, sua permeabilidade e o flu-xo de inúmeras substâncias dentro dascélulas e entre elas (Taiz & Zeiger, 2004).Para a semente de sálvia, Menezes et al.(2004) observaram um comportamentoindiferente à luz, embora as sementesgerminassem melhor na luz vermelha ex-trema e na ausência de luz, também ger-minavam nas luzes branca e vermelha.

A sensibilidade da semente ao efeitoda luz varia de acordo com a sua quali-dade e intensidade e com o tempo deirradiação, bem como com o período etemperatura de embebição (Toole, 1973;Labouriau, 1983). A influência da luz di-minui com o envelhecimento da semen-te (Marcos Filho, 2005).

Em espécies medicinais, Stefanello(2005) verificou que as sementes de anis(Pimpinella anisum), funcho(Foeniculum vulgare), e endro (Anethumgraveolens), sem dormência, germinarammelhor a temperaturas constantes de 20e 25°C, e que a temperatura de 30°C foiprejudicial.

No Brasil, o cultivo de plantas medi-cinais, dentre as quais a calêndula, en-contra-se em expansão e as épocas maisadequadas de semeaduras para a maio-ria delas ainda não estão definidas. As-sim, é importante quantificar a relaçãoda duração do período compreendidoentre a semeadura e a emergência deplântulas e o número de plântulasemersas em diferentes condiçõesambientais.

Por conseguinte, o presente traba-lho teve como objetivo avaliar o efeitoda luz e da temperatura sobre a germina-ção das sementes e o vigor de plântulasde calêndula.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em la-boratório da Universidade Federal deSanta Maria. Foram utilizadas sementesde Calendula officinalis L. cultivar Bo-nina Sortida adquiridas de empresa tra-

dicional em produção e comercializaçãode sementes. Permaneceram nas emba-lagens originais em câmara seca, sem apresença de luz, à temperatura de 14°C eumidade relativa do ar de 40% do inícioaté o término do experimento, ou seja,entre abril e junho de 2005. Para avaliaro efeito da luz e da temperatura sobre opotencial fisiológico, as sementes decalêndula foram submetidas à presençaou ausência de luz nas temperaturasconstantes de 15, 20, 25, 30 e 35°C. Napresença de luz, as sementes foram co-locadas em câmara de germinação, tipoBOD, com regime de 8 h de luz e 16 hsem luz. Na ausência de luz, as semen-tes foram semeadas em sala iluminadacom luz verde e mantidas no escuro du-rante todo o teste, envolvendo-se ascaixas plásticas transparentes (11x11x3,5cm) de germinação, com papel alumínio.A condição com iluminação foi obtidanas câmaras de germinação pela utiliza-ção de quatro lâmpadas fluorescentesdo tipo luz do dia 20 W, com densidadede fluxo radiante na altura das caixas de15 mmol m-2 s-1 (Cardoso, 1995;Stefanello, 2005). Para avaliar as variá-veis comprimento e massa seca deplântulas utilizou-se rolo de papel paraa germinação das sementes.

O teste de germinação foi realizadocom quatro repetições de 100 sementes,para cada tratamento. As sementes fo-ram distribuídas em caixas plásticastransparentes tipo “gerbox”, sobre trêsfolhas de papel filtro umedecidas comágua destilada na proporção de 2,5 ve-zes o peso do papel substrato. As con-tagens ocorreram aos sete e catorze diasapós a semeadura, conforme recomen-dação das Regras para Análise de Se-mentes (Brasil, 1992). Os resultados fo-ram expressos em percentagem deplântulas normais.

A primeira contagem foi realizada jun-tamente com o teste de germinação, emque se determinou a percentagem deplântulas normais no sétimo dia após ainstalação do teste (Brasil, 1992).

Avaliou-se o comprimento dasplântulas normais obtidas a partir dasemeadura de quatro repetições de 100sementes. Os rolos de papel contendoas sementes permaneceram em câmarade germinação por sete dias, quandoentão, retiraram-se quatro repetições de

10 sementes e avaliou-se o comprimen-to total das plântulas, com o auxílio derégua milimetrada. O comprimento mé-dio das plântulas foi obtido somando-se as medidas de cada repetição e divi-dindo-se pelo número de plântulas nor-mais mensuradas, com resultados ex-pressos em centímetros (Nakagawa,1999).

A massa seca foi determinada comquatro repetições de 10 plântulas, pro-venientes do teste anterior, mantidas emsacos de papel, em estufa com tempera-tura a 60°C, até a obtenção de massaconstante (48h). Posteriormente, asplântulas, foram pesadas em balança deprecisão, com resolução de 0,001 g, sen-do os resultados expressos em gramaspor plântula.

O delineamento experimental utiliza-do foi inteiramente casualizado, sendoos tratamentos constituídos por umfatorial 5 x 2 (cinco temperaturas x pre-sença ou ausência de luz) com quatrorepetições de 100 sementes. As variá-veis germinação e primeira contagemforam transformadas em arc sen (X/100)½ (Storck et al., 2006). Para análisede variância empregou-se o teste F e,quando este foi significativo, as compa-rações entre as médias dos tratamentosforam efetuadas pelo teste Tukey, emnível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As sementes revelaram comporta-mento indiferente à luz (Tabela 1), o quepode estar relacionado com a presençade fitocromo fiA, que controla a germi-nação por meio da resposta de fluênciamuito baixa (Takaki, 2001); ou, conformeLabouriau (1983), pode ser classificadainsensível à luz, por germinar tanto napresença quanto na ausência deluminosidade.

Em relação à temperatura, os maio-res percentuais de germinação foramobservados na temperatura de 20°C.Resultados semelhantes foram obtidosna germinação de sementes de alface(Menezes et al., 2000), tagetes (Ferreiraet al., 2001) e cenoura (Pereira et al.,2007). Chavagnat & Jeudy (1980) verifi-caram na calêndula, que as melhorestemperaturas para germinação são asconstantes de 15 e 20°C, na ausência de

J Koefender et al.

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209Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

luz, o que também foi constatado nesseexperimento.

Houve interação significativa entreos fatores luz e temperatura na primeiracontagem do teste de germinação (Ta-bela 1). Os melhores resultados da pri-meira contagem do teste de germinaçãoforam observados na ausência de luz enas temperaturas de 15 e 20°C, sendoque na presença de luz, a temperaturade 20°C proporcionou o maior númerode plântulas normais. Esses dados es-tão concordantes com os mencionadospara a espécie, por Luz et al. (2001), osquais relatam que a temperatura ótimapara a germinação está entre 18 e 24°C,embora haja tolerância, durante o desen-volvimento, por temperaturas superio-res. Stefanello et al. (2006) verificaramem funcho (Foeniculum vulgare) resul-tados semelhantes na ausência de luz ecom temperaturas constantes de 20 e25°C.

Segundo Bewley & Black (1994), nassementes da maioria das espécies vege-tais, a temperatura afeta tanto a capaci-dade quanto a velocidade de germina-ção. As sementes têm o máximo de ger-minação em temperaturas consideradasótimas, sendo específicas para cada es-pécie. As temperaturas inferiores ou su-periores à ótima tendem a reduzir a velo-cidade do processo germinativo, expon-do as plântulas por maior período a fa-tores adversos, o que pode levar à redu-ção no total de germinação. A presençaou ausência de luz, combinada com di-ferentes temperaturas, são fatoresambientais importantes como agentesdesencadeadores dessa germinação(Carvalho & Nakagawa, 2000).

Em relação ao comprimento e à mas-sa seca das plântulas de calêndula (Ta-bela 2) verificou-se que houve interaçãosignificativa entre os fatores analisadospara o comprimento de plântulas. Osmaiores comprimentos das plântulas fo-ram observados nas temperaturas cons-tantes de 20 e 25°C, tanto na presençaquanto na ausência de luz.

O comprimento de plântulas obser-vado à temperatura de 25°C, na ausên-cia de luz, foi significativamente supe-rior (11,5 cm) em relação à presença deluz (9,1 cm). O comprimento dasplântulas aumentou aproximadamente odobro quando a temperatura variou de

15°C para 20°C. Temperaturas iguais ousuperiores a 30ºC impossibilitaram o cres-cimento da plântula. Com relação à mas-sa seca, não houve efeito dos tratamen-tos nas temperaturas de 15, 20 e 25°C.Constataram-se pequenas variações nosvalores absolutos obtidos nas tempera-turas de 20 e 25°C, seja na presença ouna ausência de luz. Resultados semelhan-tes foram obtidos por Stefanello (2005)em plântulas de anis e funcho, que apre-sentaram maior massa seca, em presençade luz, nas temperaturas de 20 e 25°C. Nopresente trabalho, nas temperaturas de30 e 35°C não se obtiveram plântulas nor-mais para realização do teste.

Nas condições de luz e temperatura,observadas como as melhores no testede germinação da calêndula, houvemaior comprimento e massa seca das

plântulas. Provavelmente, quando asnecessidades para ocorrer a germinaçãosão supridas, as sementes vigorosasoriginam plântulas com maior índice decrescimento, devido ao maior acúmulode reservas nos tecidos dearmazenamento (Nakagawa, 1999).

Conclui-se que a germinação dassementes de Calendula officinalis L. émaior na temperatura de 20°C, e tempe-raturas de 30 e 35°C, são prejudiciais àgerminação.

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Influência da temperatura e da luz na germinação da semente de calêndula

Tabela 2. Comprimento e massa seca das plântulas de calêndula submetidas a diferentestemperaturas na presença e na ausência de luz (lenght and dry matter of seedlings of marigoldsubmitted to different temperatures in the presence and absence of light). Santa Maria,UFSM, 2005.

TemperaturaComprimento das plântulas (cm) Massa seca de plântulas (g)

Presença de luz Ausência de luz Presença de luz Ausência de luz

15°C 5,5 Ba* 5,2 Ba* 0,031 A 0,025 A

20°C 10,4 Aa 12,2 Aa 0,027 A 0,027 A

25°C 9,1 Ab 11,5 Aa 0,023 A 0,025 A

30°C 0,0 Ca 0,0 Ca 0,000 B 0,000 B

35°C 0,0 Ca 0,0 Ca 0,000 B 0,000 B

Média geral 5,4 0,016

CV (%) 14,35 24,2

*Médias originais seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas nãodiferem entre si, pelo teste de Tukey, em 5% de probabilidade (Original means followed bythe same small letter in the row and capital letter in the column did not differ from each other,by Tukey’s test at 5% probability).

Tabela 1. Germinação e primeira contagem do teste de germinação das sementes de calêndulasubmetidas a diferentes temperaturas na presença e na ausência de luz. (germination and seedgermination test first count of marigold submitted to different temperatures in the presenceand absence of light). Santa Maria, UFSM, 2005.

TemperaturaGerminação (%) Primeira contagem (%)

Presença de luz Ausência de luz Presença de luz Ausência de luz

15°C 56,AB* 76 A 48 Ba 73,ABb

20°C 80,A 81 A 75 Aa 78,Aa

25°C 52,B 64 A 48 Ba 62,Ba

30°C 14,C 23 B 12 Ca 21,Ca

35°C 28,D 11 C 11 Ca 5,Da

Média geral 48,3 43

CV (%) 8,36 7,86

*Médias originais seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas nãodiferem entre si, pelo teste de Tukey, em 5% de probabilidade (original means followed bythe same small letter in the row and capital letter in the column did not differ from each other,by Tukey’s test at 5% probability).

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211Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

A cultura de tecidos em orquídeasconstitui técnica bastante relevan-

te dos pontos de vista comercial e eco-lógico. As plantas produzidas desta for-ma são altamente interessantes para pro-gramas de reintrodução de espécies na-tivas em áreas de preservação ambiental(Araújo, 2007). A cultura assimbióticaresulta em maiores percentuais de ger-minação em comparação com a germina-ção em condições naturais, que é de-pendente da infecção por fungosmicorrízicos simbiontes, muitas vezesespécie-específicos (Araújo, 2004). Aobtenção de orquídeas a partir da se-meadura in vitro é, atualmente, um pro-cesso rotineiro. No entanto, os conhe-cimentos sobre a melhor formulação domeio de cultura para cada espécie aindasão limitados. Um grande número de fa-

PASQUAL M; FIGUEIREDO MA; REZENDE JC;ARAÚJO AG; SANTOS FC; FERREIRA EA; JUNQUEIRA KP. 2009. Fontes de nitrogênio, polpade banana e ágar no desenvolvimento in vitro de plântulas de orquídea. Horticultura Brasileira 27: 211-216.

Fontes de nitrogênio, polpa de banana e ágar no desenvolvimento in vitrode plântulas de orquídeaMoacir Pasqual1; Milene A de Figueiredo3,6; Juliana C de Rezende2; Aparecida G de Araújo4,6; FláviaC Santos3,7; Ester A Ferreira2; Keize P Junqueira5,7

1UFLA-DAG, C. Postal 3037; 37200-000 Lavras-MG; 2Pesquisadora EPAMIG; 3Doutoranda UFLA; 4Pós-Doutoranda UFLA;5Doutoranda UnB; 6Bolsista CAPES; 7Bolsista CNPq; [email protected]

tores complexos influencia a germinaçãoe o crescimento in vitro de orquídeas,sendo altamente dependentes dogenótipo (Silva et al., 2002).

Os fatores que mais freqüentementedeterminam o sucesso damicropropagação são a origem doexplante e o meio nutritivo onde sãocultivados. Várias mudanças de padrãoforam propostas na tentativa de otimizaro crescimento in vitro. Essas modifica-ções visam principalmente a redução ouo incremento de alguns componentesque podem promover melhor crescimen-to em tecidos de orquídeas (Pasqual etal., 2001).

George et al. (2008) sugerem que aadição no meio de cultura de compos-tos orgânicos complexos como polpa debanana pode suplementar o teor de vi-

taminas, aminoácidos e reguladores decrescimento. De acordo com Arditti &Ernst (1993), a polpa de banana madurapode intensificar o crescimento deplântulas obtidas a partir de explantesin vitro. No mesmo sentido, Torres etal. (2001) citam que essa substânciapode promover diferentes efeitos nocultivo in vitro, tais como espessamentoe/ou crescimento das raízes, dependen-do da cultivar e da quantidade de polpade banana utilizada.

O ágar tem sido muito utilizado napropagação in vitro, pela sua grandeeficiência como agente geleificante, pro-movendo condições ideais de suportepara as plântulas no meio de cultura (Fa-ria et al., 2006). Segundo Grattapaglia &Machado (1998), há uma tendência mun-dial para se buscarem sistemas utilizan-

RESUMOForam realizados dois experimentos com o objetivo de estudar

os efeitos de fontes de nitrogênio, polpa de banana e ágar no desen-volvimento in vitro de orquídea Cattleya loddigesii. O primeiro expe-rimento constituiu-se de NH

4NO

3 (0; 25; 50; 75 e 100% da formula-

ção de 330 mg L-1) e KNO3 (0; 25; 50 e 100% da formulação de 380

mg L-1) acrescidas ao meio MS. No segundo experimento, os trata-mentos consistiram de concentrações de ágar (0; 2; 4; 6 e 8 g L-1), nomeio de cultura Knudson C, acrescido de polpa de banana nanica (0;50; 100; 150 e 200 g L-1) em todas as combinações possíveis. Após ainoculação as culturas foram mantidas em sala de crescimento comirradiância em torno de 35 µmol m-2 s-1, temperatura de 25±1°C efotoperíodo de 16 horas, por 90 dias. Com base no peso da matériafresca das plântulas, número de raízes, comprimento da parte aérea ecomprimento da maior raiz, a adição de 17,5 a 41,16% da formulaçãooriginal de NH

4NO

3 ao meio MS proporcionou melhor desenvolvi-

mento in vitro em plântulas de Cattleya loddigesii. Maior número defolhas foi obtido com a adição ao meio MS de 100% da formulaçãooriginal de NH

4NO

3 e 50% de KNO

3. A multiplicação in vitro de

plântulas de orquídea Cattleya loddigesii é viável em meio KnudsonC líquido com a utilização de 128,42 g L-1 de polpa de banana nanica.

Palavras-chave: Cattleya loddigesii, Orchidaceae, cultura de teci-dos, meios de cultura.

ABSTRACTNitrogen sources, banana pulp and agar in the orchid

seedlings in vitro development

Two experiments were carried out in order to evaluate the effectsof nitrogen sources, banana pulp and agar on Cattleya loddigesiiseedlings development in vitro. In the first experiment were testedNH

4NO

3 at 0; 25; 50; 75 and 100% (330 mg L-1 formulation) and

KNO3 0; 25; 50 and 100% (380 mg L-1 formulation) added to MS

medium. The second experiment consisted of different agarconcentrations (0; 2; 4; 6 and 8 g L-1), banana nanica pulp (0; 50; 100;150 and 200 g L-1) in all the possible combinations added to KnudsonC medium. After inoculation the plantlets were maintained in growthroom with irradiancy around 35 µmol m-2 s-1, 25±1°C temperatureand 16-hour photoperiod for 90 days. The NH

4NO

3 formulation

added to culture medium at 17,5 to 41,16% provides best developmentof Cattleya loddigesii plantlets based on plantlets fresh mass, numberof roots, largest root length and aerial part length. Larger number ofleaves was obtained at 100% of the original formulation of NH

4NO

3

and 50% of KNO3 in MS medium

. The best results for in vitro

multiplication of Cattleya loddigesii orchid seedlings occurred in liquidKnudson C medium with 128,42 g L-1 banana nanica pulp.

Keywords: Cattleya loddigesii, Orchidaceae, tissue culture, culturemedia.

(Recebido para publicação em 18 de janeiro de 2008; aceito em 6 de abril de 2009)(Received in January 18, 2008; accepted in April 6, 2009)

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212 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

do meio líquido, em virtude da reduçãodo custo pela eliminação do ágar e maioragilidade na preparação do meio.

Os elementos minerais exigidos emmaiores quantidades para o crescimen-to de plantas são incluídos nos meiosnutritivos nas formas de saisinorgânicos, podendo o nitrogênio seradicionado como componente de suple-mentos orgânicos (Caldas et al., 1998).O nitrogênio, juntamente com a sacarose,é o principal componente em quantida-de no meio de cultura, contribuindo deforma efetiva tanto no metabolismo ce-lular como na regulação do seu poten-cial osmótico (Nagao et al., 1994).

Por apresentar-se nas formas decátion (amônio) e ânion (nitrito e nitra-to), o nitrogênio difere dos demaismacronutrientes (Caldas et al., 1998).Esses íons são de grande importânciano controle do pH do meio de cultura,atuam como agente tamponante e favo-recem a absorção de outros íons pre-sentes no meio (Nagao et al., 1994).

A preocupação com a conservaçãodos genótipos das orquídeas nativas,ameaçadas de extinção, em decorrênciada devastação acelerada dos ambientesnaturais, levou à realização do presentetrabalho, que objetivou estudar os efei-tos de diferentes concentrações deNH

4NO

3, KNO

3, ágar e polpa de banana

nanica no desenvolvimento in vitro deplântulas de orquídea Cattleyaloddigesii.

MATERIAL E MÉTODOS

Plantas adultas de Cattleyaloddigesii foram coletadas previamenteao enchimento do lago da UsinaHidroelétrica do Funil, situado no RioGrande, entre os municípios de Lavras ePerdões, em 2002. Essas plantas foramacondicionadas em vasos e permanece-ram em casa de vegetação até oflorescimento, em maio de 2003. Nesteestágio foi feita a autofecundação dasflores, as quais desenvolveram cápsu-las e, cerca de nove meses depois, fo-ram coletadas e levadas ao laboratório.

A assepsia constou de lavagem emágua corrente por cinco minutos, imersãoem solução de álcool 70% por um minu-to e desinfestação com hipoclorito desódio, na concentração de 1%, durante

20 minutos. Em seguida, as cápsulas fo-ram lavadas com água destiladaautoclavada por três vezes. Essa opera-ção foi realizada em câmara de fluxolaminar desinfestada com álcool 70%.

Com auxílio de estilete esterilizadofoi feita uma incisão na cápsula, liberan-do as sementes, que foram inoculadasem frascos contendo meio de culturaKnudson C (1946), acrescido de 2 g L-1

de carvão ativado e 100 g L-1 de polpade banana nanica madura. Os frascospermaneceram em sala de crescimentocom irradiância em torno de 35 µM m-2 s-

1, temperatura de 25±1°C e fotoperíodode 16 horas, até que houvesse o desen-volvimento dos protocormos e plântulas,explantes usados para realização dosexperimentos.

Experimento 1: Protocormos foraminoculados em meio MS (Murashige &Skoog, 1962) constituído de concentra-ções de NH

4NO

3 (0; 25; 50; 75 e 100% da

formulação de 330 mg L-1) e de KNO3 (0;

25; 50 e 100% da formulação de 380 mgL-1) em todas as combinações possíveis,suplementado de sacarose (30 g L-1).Utilizou-se o delineamento experimentalinteiramente casualizado, em esquemafatorial 4 x 5, com 5 repetições e 4protocormos por frasco. Foram analisa-dos o número de folhas e de raízes, com-primento da maior raiz e da parte aérea epeso da matéria fresca da plântula.

Experimento 2: Plântulas, com 1 a1,5 cm de comprimento e contendoraízes pequenas (±0,5 cm), foram inocu-ladas em meio de cultura Knudson C,acrescido de ágar (0; 2; 4; 6 e 8 g L-1) e depolpa de banana nanica madura (0; 50;100; 150 e 200 g L-1) em todas as com-binações possíveis, suplementado desacarose (20 g L-1) e carvão ativado (2 gL-1). Utilizou-se o delineamento experi-mental inteiramente casualizado, em es-quema fatorial 5 x 5, com 4 repetições e 4plântulas por frasco. As variáveis anali-sadas foram número de brotos, altura daparte aérea, massa seca da parte aérea,comprimento de raízes e massa seca deraízes.

Em ambos os experimentos, os meiostiveram o pH ajustado para 5,8±0,1, sen-do 60 mL vertidos em frasco de vidrocom capacidade de 250 cm3, antes doprocesso de autoclavagem a 121°C e 1,1atm por 20 minutos. Após o resfriamento,

os frascos foram levados à câmara defluxo laminar, onde foi feita a inoculaçãodos explantes, sob condiçõesassépticas. Após inoculação, os frascosforam mantidos em sala de crescimentocom irradiância em torno de 35 µmol m-2

s-1, temperatura de 25±1°C e fotoperío-do de 16 horas, por 90 dias.

A análise de variância foi realizadautilizando o procedimento GLM do“software” estatístico SAS® (SAS, 1990)por meio do método dos quadrados mí-nimos ponderados pelo inverso dasvariâncias de cada tratamento, dada aheterogeneidade das variâncias. Devi-do à perda de unidades experimentais,algumas combinações dos fatores nãopuderam ser estudadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Experimento 1: A interação entre osfatores mostrou significância apenaspara a variável número de folhas. So-mente as concentrações de NH

4NO

3 in-

fluenciaram significativamente as demaisvariáveis analisadas (Figuras 1 e 2).

A concentração de 21,31% deNH

4NO

3 apresenta-se como quantidade

ideal para peso da matéria fresca dasplântulas (Figura 1A), registrando-sedecréscimo a partir desse ponto. Esteresultado, de certa forma, difere dos ob-tidos por Araújo et al. (2005), relatandoque o incremento das concentrações deNH

4NO

3 e KNO

3 promoveu aumento no

peso da matéria fresca das plântulas deCattleya nobilior, tendo sido o maiorpeso obtido com adição de 100% deNH

4NO

3 e KNO

3 em meio Knudson C.

Para comprimento da parte aérea (Fi-gura 1B) a equação apresentou bom ajus-te dos dados (R2= 0,83) e uma vez deri-vada indicou o ponto de máximo na con-centração de 35% de NH

4NO

3, havendo,

a partir daí, decréscimo dos valores. Re-sultados similares foram obtidos porAraújo et al. (2005), que recomendam oincremento de 50% de NH

4NO

3 e KNO

3

no meio de cultura para comprimento daparte aérea em plântulas de Cattleyaleopoldii.

Pode-se inferir o efeito estimulantedo número de raízes até a concentraçãode 41,16% de NH

4NO

3, havendo a partir

daí decréscimo dos valores (Figura 1C).Houve aumento no comprimento da

M Pasqual et al.

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213Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

maior raiz até a concentração de 17,5%de NH

4NO

3, havendo a partir daí redu-

ção da variável (Figura 1D). Araújo etal. (2005) também obtiveram resultadossemelhantes, trabalhando com plântulasde Cattleya nobilior.

Todas as variáveis estudadas, excetonúmero de folhas, seguiram a mesma ten-dência, o nitrato de amônio estimulouaumento até certo ponto, tornando-setóxico a partir do mesmo, com o aumentodas concentrações, provavelmente cau-sado pelos distúrbios nutricionais pelaadição desse sal ao meio de cultura.

Após desdobramento da interaçãoconcentração de NH

4NO

3 e de KNO

3

sobre a variável número de folhas, ape-nas a concentração de 50% de KNO

3 nas

Fontes de nitrogênio, polpa de banana e ágar no desenvolvimento in vitro de plântulas de orquídea

Figura 2. Número de folhas em plântulas de orquídea Cattleya loddigesii nas concentraçõesestudadas de NH

4NO

3 combinadas com a concentração de 50% de KNO

3 (number of leaves

on seedlings of Cattleya loddigesii orchid with the concentration of NH4NO

3 combined with

the level of 50% of KNO3). Lavras, UFLA, 2007.

Figura 1. Peso da matéria fresca (A), comprimento da parte aérea (B), número de raízes (C)e comprimento da maior raiz em plântulas deCattleya loddigesii em função de concentrações de NH

4NO

3 (D). (weight of the fresh matter (A), length of shoot (B), number of roots (C) and

length of the longest root in seedlings of Cattleya loddigesii according to concentrations of NH4NO

3 (D)). Lavras, UFLA, 2007.

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214 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

concentrações de nitrato de amônio(NH

4NO

3) apresentou significância (Fi-

gura 2), observando-se aumento no nú-mero de folhas com o incremento deNH

4NO

3, até a máxima concentração uti-

lizada.

Sato et al. (2001), estudando a influ-ência da concentração de nitrato deamônio na micropropagação da mandio-ca (Manihot esculenta), verificaram queo número de folhas cresceu com o au-mento da concentração de NH

4NO

3, e

na concentração de 41,20 mM L-1 deNH

4+, que equivale ao dobro da concen-

tração de nitrato de amônio utilizada nomeio MS, o número de folhas foi maior(7 folhas), na presença de BAP.

Os resultados encontrados são con-cordantes com os de Sato et al. (2001)que afirmam que a maioria das plantasprioriza a absorção de NH

4+ a NO

3-. Além

do favorecimento do pH do meio (apro-ximadamente 5,8), a assimilação do íonamônio requer uma demanda energéticamenor em relação à assimilação do íonnitrato (Nagao et al., 1994).

Experimento 2: Observa-se na Figu-ra 3A que, na ausência de ágar, o au-mento da concentração de polpa de ba-nana até o limite de 128,4 g L-1 promoveincremento na taxa de multiplicação, re-gistrando-se 2,84 brotos por explante.Em concentrações superiores houvetendência de redução do número de bro-

tos. Ao se utilizar 2 g L-1 de ágar, houvedecréscimo no número de brotos namedida em que se aumentaram as con-centrações de polpa de banana. Por ou-tro lado, nessa concentração de ágar,verifica-se que na ausência de polpa debanana, o número de brotos é maior doque aquele observado em meio líquido.

Os resultados obtidos estão de acor-do com afirmações de Arditti & Ernst(1993), de que a adição de polpa de ba-nana no meio de cultivo aumenta o nú-mero de brotos na propagação in vitrode plântulas de orquídeas. Concordamem parte com Silva et al. (2005), que es-tudando a micropropagação de orquí-dea Brassolaeliocattleya ‘Pastoral’ x

M Pasqual et al.

Figura 3. Número de brotos(A), altura da parte aérea (B), massa seca da parte aérea (C) e comprimento das raízes em plântulas de orquídeaCattleya loddigesii nas diferentes concentrações de ágar e polpa de banana (D) (number of shoots (A), shoot height (B), dry mass of shoot (C)and length of roots in seedlings of Cattleya loddigesii orchid in different concentrations of agar and banana pulp (D)).Lavras, UFLA, 2007.

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215Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

Figura 4. Massa seca das raízes em plântulas de orquídea Cattleya loddigesii cultivadas em diferen-tes concentrações de ágar e polpa de banana (dry mass of roots in seedlings of Cattleya loddigesiiorchid grown in different concentrations of agar and banana pulp). Lavras, UFLA, 2007.

Fontes de nitrogênio, polpa de banana e ágar no desenvolvimento in vitro de plântulas de orquídea

Laeliocattleya ‘Amber Glow’, registra-ram que 75 g L-1 de polpa de banana pro-moveram a formação de maior númerode brotos.

Ocorreu uma tendência de aumentono tamanho de brotos com o aumentodas concentrações de polpa de banana(Figura 3B). Maior altura da parte aéreaé obtida na concentração de 200 g L-1 depolpa da banana e 6 g L-1 de ágar. Nessaconcentração de ágar e na ausência depolpa de banana observa-se maior altu-ra da parte aérea das plântulas do queem meio líquido. De modo semelhante,bom crescimento in vitro de plântulasde Dendrobium nobile Lindl, em meiode cultura, com adição de 60 g L-1 depolpa de banana foi evidenciado porSong et al. (1999). A adição de polpapromove desenvolvimento da parte aé-rea no cultivo in vitro de orquídea, bemcomo emissão de brotos adventícios(Torres & Barbosa, 2001).

Melhor resultado para massa secada parte aérea (0,0264 g) é observado naausência de ágar com 126,7 g L-1 de pol-pa de banana (Figura 3C), concordandocom os resultados de Pasqual et al.(2008) que obtiveram maior massa secade parte aérea de abacaxi ornamental(Ananas lucidus L.) na ausência de ágare de reguladores de crescimento e estáde acordo com Adelberg et al. (1997),reportando que o cultivo em meio líqui-do apresenta crescimento mais vigoro-so de plântulas. A polpa de banana podesuplementar o teor de vitaminas,aminoácidos e reguladores de cresci-mento ao meio de cultura, promovendoaumento da massa fresca da plântula(George et al., 2008).

O incremento da concentração depolpa de banana, associado a 4 g L-1 deágar, promoveu aumento no comprimen-to das raízes das plântulas de forma li-near (Figura 3D). Maior comprimento dasraízes (2,85 cm) foi obtido na concentra-ção de 4 g L-1 de ágar e 200 g L-1 de polpada banana. Na ausência de ágar e polpade banana pode-se observar o menorcomprimento das raízes (0,70 cm). A va-riável massa seca das raízes tambémobteve melhor resultado com a utiliza-ção de 4 g L-1 de ágar e 200 g L-1 de polpade banana (Figura 4). Essa resposta podeser explicada pelo fato de concentraçõeselevadas de ágar dificultarem o contato

do explante com o meio, limitando a ab-sorção de sais minerais.

De forma similar ao que ocorreu comorquídea nesse experimento, oenraizamento in vitro do abacaxi orna-mental foi viável em meio MS líquido(Pasqual et al., 2008). A adição de 100 gL-1 de polpa de banana promoveu maiorcrescimento da parte aérea e da maiorraiz e o aumento da massa fresca deraízes de plântulas de orquídea Cattleyaloddigesii ‘Grande’ x Cattleya loddigesii‘Alba’ (Araújo et al., 2006). Analisandoo enraizamento in vitro de plântulas deDendrobium nobile Lindl, em diferen-tes meios de cultura, Song et al. (1999)verificaram que a combinação AduboPeters® (3 g L-1, 20 g L-1 de sacarose, 60g L-1 de polpa de banana) proporcionoumaior número de raízes. O uso de meioslíquidos viabiliza a absorção de nutrien-tes e minerais presentes no meio de cul-tura, favorecendo o acúmulo de matériafresca e seca no explante.

Com base no peso da matéria fresca dasplântulas, número de raízes, comprimentoda parte aérea e comprimento da maior raiz,a adição de 17,5 a 41,16% da formulaçãooriginal de NH

4NO

3 ao meio MS proporci-

ona o melhor desenvolvimento in vitro deplântulas de Cattleya loddigesii. Maiornúmero de folhas é obtido com a adição aomeio MS de 100% da formulação originalde NH

4NO

3 e 50% de KNO

3.

A multiplicação in vitro de plântulasde orquídea Cattleya loddigesii é viá-vel em meio Knudson C líquido com autilização de 128,42 g L-1 de polpa dabanana nanica.

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217Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

Os frutos do morango (Fragaria Xananassa Duch.) são mundialmen-

te apreciados, sendo a espécie de maiorexpressão econômica entre as pequenasfrutas vermelhas. É um produto com po-tencial de aumento de consumo. Um exem-plo é o volume de morangocomercializado na CEASA-PR. Em 2001,foram 2318 t, movimentando R$5.246.721,50. Em 2006, o volumecomercializado foi de 5188 t, com um mon-tante de R$ 15.246.675,00 envolvidos nacomercialização (CEASA-PR, 2007). Se-

OTTO RF; MORAKAMI RK; REGHIN MY; CAIRES EF. 2009. Cultivares de morango de dia neutro: produção em função de doses de nitrogêniodurante o verão. Horticultura Brasileira 27: 217-221.

Cultivares de morango de dia neutro: produção em função de doses denitrogênio durante o verãoRosana F Otto1; Rodrigo K Morakami2; Marie Y Reghin1; Eduardo F Caíres3

1UEPG-DEFITO, Av. Carlos Cavalcanti, 4748, 84030-900 Ponta Grossa-PR; 2Eng. Agrônomo; 3UEPG-DESOLO, Av. Carlos Cavalcanti,4748, 84030-900 Ponta Grossa-PR; [email protected]

gundo Reichert & Madail (2003), a pro-dução brasileira em 1999 foi superior a 90mil t ano-1, com aproximadamente 3600 hade área plantada. No contexto nacional,os estados maiores produtores de mo-rango são Minas Gerais (32,3%), São Pau-lo (31,4%) e Rio Grande do Sul (16,5%).Segundo a SEAB-PR (2007), no Paranáfoi cultivada uma área de 435,6 ha demorango produzindo, em média, 11 mil tde frutos, para a safra 2002/2003.

Para acompanhar esse mercado emexpansão, o produtor de morangos tem

procurado investir em tecnologia visan-do o aumento do rendimento da cultura.Ao optar por mudas de qualidade, comoas originárias do Chile e da Argentina, apartir de 1997 o produtor permitiu que aprodutividade média passasse de 25 paramais de 30 t ha-1 (Santos & Medeiros,2003). Além disso, o período de produ-ção de frutos vem aumentando devido àprodução no período de entressafra,possível com cultivares de Dia Neutro(DN). De acordo com Manakasem &Goodwin (2001), o florescimento nas

RESUMOO morangueiro é uma espécie cuja área de cultivo aumenta a cada

ano, devido à introdução de cultivares melhor adaptadas às condiçõesclimáticas das diferentes regiões brasileiras. Em experimento realiza-do entre outubro de 2003 e maio de 2004, em Ponta Grossa, avaliou-se a produção de frutos e a emissão de estolões em três cultivares demorangueiro de dia neutro (Aromas, Diamante e Seascape), submeti-das a diferentes formulações de fertirrigação. O delineamento experi-mental foi blocos casualizados, com três repetições, parcelas subdi-vididas (4 adubações x 3 cultivares) e seis plantas na área útil dasubparcela. As adubações testadas foram calculadas a partir da for-mulação 0,12 g m-2 de N, 0,23 mL m-2 de P e 0,11 g m-2 de K na fasevegetativa e 0,08 g m-2 de N, 0,045 mL m-2 de P e 0,39 g m-2 de K paraa fase reprodutiva (A

1N) e corresponderam à dose A

1N e a zero, 1/3 e

2/3 do N presente em A1N

, tanto na fase vegetativa como na fasereprodutiva. As cultivares foram transplantadas em outubro de 2003,em estufa tipo arco com laterais abertas. Avaliou-se número de frutos(NFP) e de estolões (NEP) por planta, produtividade e massa frescado fruto (MFF). Verificou-se que A

0N favoreceu a formação de maior

NEP em relação à A2/3N

, sem diferir significativamente de A1N

e A1/3N

.Os distintos níveis de N não alteraram significativamente a produti-vidade, NFP e MFF. Já as cultivares diferiram significativamenteentre si para todas essas características. A cultivar Diamante apre-sentou MFF (16,2 g) significativamente mais alta que as demais,seguida pelas cultivares Aromas (14,3 g) e Seascape (12,2 g). A culti-var Seascape apresentou produtividade superior à cultivar Aromas,respectivamente 38,1 e 28,4 t ha-1, e semelhante à cultivar Diamante(31,7 t ha-1). Recomenda-se a cultivar Seascape quando o mercadonão exigir frutos maiores que 12 g de massa. Caso a exigência seja porfrutos maiores, recomenda-se a cultivar Diamante.

Palavras chave: Fragaria X ananassa Duch., fertirrigação, estolão.

ABSTRACTDay-neutral strawberry cultivars: summer yield in function

of nitrogen rates

The strawberry plant is one of the horticultural species whosecultivation area increases each year, due to the introduction of betteradapted cultivars to the climatic conditions of various Brazilian regions.An experiment was carried out between October 2003 and May2004, in Ponta Grossa, to evaluate the fruit production and stolonemission of three Day-neutral cultivars (Aromas, Diamante andSeascape), submitted to different formulations of fertigation. Theexperimental design was of randomized blocks, with three replications,arranged in a split plot scheme (4 fertilizations x 3 cultivars), with 6plants in the subplot useful area. Fertilizations were calculated fromthe formulation 0.12 g m-2 nitrogen (N), 0.23 mL m-2 phosphorus (P)and 0.11 g m-2 potassium (K) in vegetative phase and 0.08 g m-2 N,0.045 mL m-2 P and 0.39 g m-2 K for reproductive phase, correspondingto A

1N rate and zero, 1/3 and 2/3 N rates used in A

1N, as much for

vegetative as reproductive phase. The cultivars were transplanted inOctober 2003 in a greenhouse with open laterals. The numbers offruits (NFP) and stolons (NEP) of each plant, productivity and fruitmean weight (MFF) were evaluated. A

0N rate favoured highest stolon

emission compared to A2/3N

, without differing significantly from A1N

and A1/3N

. Rates of N did not modify significantly the productivity,

NFP and MFF. However, cultivars differed significantly from allthree for all features evaluated. Cultivar Diamante had highest MFF(16.2 g) compared to the others, followed by cultivars Aromas (14.3g) and Seascape (12.2 g). Cultivar Seascape had highest productivityto cultivar Aromas, respectively 38.1 and 28.4 t ha-1, and similar tocultivar Diamante (31.7 t ha-1). Cultivar Seascape is recommendedwhen the market does not demand bigger fruits than 12 g of weight.If the requirement is of bigger fruits, cultivar Diamante is recommended.

Keywords: Fragaria X ananassa Duch., fertigation, stolon.

(Recebido para publicação em 11 de julho de 2008; aceito em 7 de maio de 2009)(Received in July 11, 2008; accepted in May 7, 2009)

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218 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

cultivares de DN é relativamente insen-sível ao comprimento do dia em regimesde temperatura dia/noite de 21/16°C, masa variação na temperatura e a cultivarpoderão modificar grandemente esseefeito.

No sul do Brasil, a utilização de culti-vares de DN tem acontecido na prima-vera/verão de regiões de altitude e comverão ameno e também durante o inver-no. As cultivares mais conhecidas sãoAromas, Diamante e Seascape, as quaisapresentam semelhança quanto às ca-racterísticas físico-químicas dos frutos,não havendo preferência entre consu-midores quanto ao sabor (Ferrari et al.,2004). No entanto, quanto à aparênciados frutos, a cultivar Aromas é a preferi-da e a cultivar Seascape é considerada amenos atrativa, possivelmente devidoao menor tamanho do fruto em relaçãoàs cultivares Aromas e Diamante (Ferrariet al., 2004).

Além da ação de fatores ambientaisatuando sobre a fisiologia da cultura, aadubação é outro fator que interfere naprodução e qualidade dos frutos. Paraas cultivares de DN, em especial, alémda resposta da planta ser pouco conhe-cida nas regiões produtoras brasileiras,tampouco se conhece a adubação maisadequada. Caso os conhecimentos so-bre a necessidade de nutrientes e astecnologias de fertilização sejam melho-rados, será possível manter uma produ-ção satisfatória de frutos de qualidadecom um incremento mínimo de nutrien-tes (Tagliavini et al., 2005).

É conhecido que o nitrogênio (N) exer-ce grande influência no desenvolvimen-to vegetativo, na produtividade e na qua-lidade do morango. A deficiência diminuio vigor das plantas e a produtividade,mas melhora a qualidade organolépticado morango (Passos, 1999). O excessoaumenta o vigor das plantas, reduz aindução floral, atrasa a floração e reduz aqualidade dos frutos em relação ao con-teúdo de açúcares, textura e coloração,além de favorecer a ocorrência de defor-mações e do mofo cinzento (Passos,1999). Na fase de emissão de estolões ena produção de mudas, Tworkoski et al.(2001) verificaram que o crescimentovegetativo mudou em resposta ao aumen-to das doses de N testadas nas plantas-mãe, diminuindo o comprimento médio

do estolão e aumentando o número deestolões e de mudas, enquanto mantive-ram o comprimento total de estolão. Oresultado foi um aumento na densidadede mudas por planta-mãe.

As doses exatas de N que devem serfornecidas em fertirrigações têm sido temade estudos em outros países. Na Flórida,Hochmuth et al. (1996) avaliaram dosesentre 0,28 e 1,40 kg N ha-1dia-1 (50 a 250kg ha-1ciclo-1) em dois experimentos, sen-do o primeiro com as cultivares Oso Gran-de e Sweet Charlie e, o segundo, com ascultivares Oso Grande e Seascape. Verifi-caram que a produção total de frutos au-mentou quando as doses de N aumenta-ram até 0,54 kg ha-1 dia-1, para o primeiroexperimento. Porém, a fertilizaçãonitrogenada não afetou a produção finalno segundo experimento. Já Tagliavini etal. (2005), na Itália, utilizaram 55 kg ha-1

de N no cultivo dos morangueiros, culti-vares Idea e Marmolada. Para ambas cul-tivares, a taxa de crescimento aumentoudepois do florescimento até o final damaturação dos frutos e a taxa de absor-ção dos nutrientes foi menor no outonoque na primavera. A extração total de nu-trientes pelas plantas ficou entre 78 e 91kg ha-1 de N.

Para genótipos de DN, cultivados emregiões com verão ameno, supõe-se queum melhor controle dos níveis de nitro-gênio fornecido à cultura possa influen-ciar positivamente no desenvolvimentoda planta, sem intensificar o estímulopara crescimento vegetativo já exercidopela condição climática favorável. A re-gião metropolitana de Curitiba e os Cam-pos Gerais-PR utiliza cultivares de DNpara produção de frutos no período deverão, mas até o momento não se co-nhece o genótipo e adubação mais ade-quados para cultivo na região.

O objetivo deste trabalho foi avaliara produção de frutos e emissão deestolões das cultivares de dia neutroSeascape, Diamante e Aromas duranteo verão, utilizando a fertirrigação comomeio de controlar o fornecimento de ni-trogênio, em doses e fases de desenvol-vimento diferentes.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na áreaexperimental da UEPG em Ponta Grossa-

PR (25º05’ S, 50º06’ W, altitude média de950 m), durante o ano agrícola de 2003/2004. O clima da região, segundo a clas-sificação de Köppen, é subtropical úmi-do mesotérmico (Cfb), com temperaturamédia do mês mais frio abaixo de 18ºC(mesotérmico), verões frescos e tempe-ratura média do mês mais quente abaixode 22ºC. A precipitação e temperaturamédia anual são 1700 mm e 20ºC, respec-tivamente. O solo foi classificado(EMBRAPA, 1999) como Cambissoloháplico Tb Distrófico e de textura argi-losa. A análise química do solo apresen-tou valores de 5,4 de pH em CaCl

2 0,01M;

5,35 c mol c dm-3 de H + AL; 0,0 c mol cdm-3 de AL; 7,5 c mol c dm-3 de Ca + Mg;4,5 c mol c dm-3 de Ca; 0,34 c mol c dm-3

de K; 20,1 mg dm-3 de P (Mehlich) e 23 gdm-3 de C, sendo os resultados obtidosno Laboratório de Fertilidade dos Solosda UEPG.

Instalou-se o experimento em estufado tipo arco, no sentido leste-oeste, comestrutura em ferro galvanizado, tendodimensões de 6,40 m de largura e 37,5 mde comprimento, coberta com filme plás-tico transparente de 0,15 mm de espes-sura e tendo as laterais totalmente aber-tas. O delineamento experimental foi blo-cos casualizados, com os tratamentosdistribuídos em parcelas subdivididas,com três repetições. O fator principal foiadubação nitrogenada (quatro níveis) e,o secundário, cultivares (Aromas, Dia-mante, Seascape). As adubações ava-liadas foram determinadas a partir daadubação recomendada (testemunha(A

1N)) aos produtores de morango que

plantam no verão, na região metropoli-tana de Curitiba e arredores, utilizandocultivares de dia neutro. Para cadafertirrigação realizada a solução continha0,12 g m-2 de N, 0,23 mL m-2 de P e 0,11 gm-2 de K na fase vegetativa e 0,08 g m-2

de N, 0,045 mL m-2 de P e 0,39 g m-2 de Kpara a fase reprodutiva, segundo o Eng°Agrônomo Hugo Reis Vidal (comunica-ção pessoal, 2003). A partir da adubaçãotestemunha (A

1N), foram calculadas as

demais adubações, alterando-se as do-ses de nitrogênio de cada formulaçãoem zero (A

0N), 1/3 (A

1/3N) e 2/3 (A

2/3N) da

dose de nitrogênio utilizada em A1N

, tan-to para a fase vegetativa como para afase reprodutiva da cultura. As quanti-dades recomendadas de fósforo e po-tássio foram mantidas.

RF Otto et al.

Page 91: HB22 3 - Associação Brasileira de Horticultura · 134 Editor's Letter Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009 Dearest, Here it goes another issue of Horticultura Brasileira. Our

219Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

O preparo do solo constou de levan-tamento de canteiros com 4,5 m de com-primento e 0,6 m de largura para cadaparcela. A adubação química de base foirealizada sete dias antes do transplantedas mudas, utilizando-se a formulaçãoNPK (4-14-08) incorporada nos cantei-ros, na proporção de 100 g m-2 [aduba-ção de base recomendada aos produto-res que estão cultivando morango du-rante o período de verão, segundo oEng° Agrônomo Hugo Reis Vidal (co-municação pessoal, 2003)]. Afertirrigação foi aplicada porgotejamento, distribuída em duas linhaspor canteiro, com espaçamento de 0,30m entre emissores e 0,30 m entre linhas.A vazão em cada fertirrigação foi de 50 Lparcela-1 hora-1, sendo os 15 minutosiniciais apenas com água, outros 30 mi-nutos com nutrientes específicos decada tratamento e, os 15 minutos finais,novamente apenas com água. Cada par-cela do experimento possuía um regis-tro de liberação ou não da solução nu-tritiva, que eram abertos quando a adu-bação era a especificada para a parcela.Após a implantação da cultura, asfertirrigações foram realizadas duas outrês vezes por semana, dependendo dademanda hídrica durante todo o ciclo decultivo, em um total de 46 fertirrigações.

As mudas foram transplantadas em21 de outubro de 2003, em canteiros com4,5 m de comprimento e 0,6 m de largura,no espaçamento 0,30 x 0,30 m, caracteri-zando por unidade experimental duas li-nhas com cinco plantas em cada. Omulching preto de agrotêxtil (40 g m-2)foi colocado 17 dias após o transplante(DAT) e fixado em torno do canteiro comterra. Fez-se uma aplicação de Pirimicarb(2 g em 20 L) 59 DAT para o controle depulgão, quando a população atingiu onível de controle. Foram feitas aplica-ções para o controle de ácaros e pul-gões com Thiamethoxam (5 g em 20 L)102 e 201 DAT. Foram feitas ainda qua-tro aplicações foliares de cálcio e boro,iniciando-se 171 DAT, com intervalos desete dias, devido ao aparecimento desintomas de deficiência nas folhas maisnovas. A deficiência foi controlada coma utilização do produto Sett (CaCl

2

H3BO

3, 4 mL em 6 L).

Realizou-se contagem do número deestolões e peso fresco de frutos com

pelo menos 60% de coloração vermelha,para as seis plantas centrais de cadaparcela. A colheita de estolões iniciou-se em 16 de dezembro e terminou emmeados de abril e início de maio para ascultivares Aromas e Diamante, respecti-vamente. Para a cultivar Seascape a co-lheita de estolões finalizou na primeirasemana de março para os tratamentosA

1N e

A

0N e, no final de março, para A

1/3N

e A2/3N

. A colheita de frutos foi realizadaentre 13 de janeiro e 31 de maio de 2004.Os frutos foram contados e pesados embalança de precisão com duas casasdigitais e, os estolões, contados individual-mente, depois de retirados da planta.

Os dados obtidos no experimentoforam submetidos à análise de variân-cia, utilizando-se para comparação demédias o teste de Tukey, a 5% de proba-bilidade, para determinar o efeito dasdoses de N, realizar a comparação entreas cultivares e verificar a ocorrência deinteração entre doses de N e cultivares.A análise de regressão foi realizada paraa determinação de modelos que repre-sentem a resposta da fertilização sobreas características estudadas quando oefeito das doses de N foi significativoestatisticamente. Para a interação nãosignificativa, o efeito das doses de N foiavaliado entre as cultivares.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve interação significativaentre adubação e cultivares para nenhu-mas das características avaliadas e a fer-tilização com N dentro das doses estu-dadas apresentou significância somen-te para número de estolões planta-1 (Ta-bela 1), sendo realizada a análise de re-gressão. No entanto, a análise não indi-cou significância para as equações li-near e polinomiais para nenhuma das trêscultivares. Ainda que se tenha encon-trado ajuste para o modelo de Richardpara as cultivares Seascape, Diamante eAromas, esse modelo não descreve ocomportamento biológico no campo doefeito da fertilização sobre a produçãode estolões. Desta forma, as médias fo-ram comparadas dentro dos diferentesníveis de fertilização. Verificou-se queA

0N favoreceu a formação de maior nú-

mero de estolões planta-1 em relação àA

2/3N, sem diferir significativamente de

A1N

e A1/3N

. Em relação aos genótipos, acultivar Seascape produziu menor nú-mero de estolões planta-1 comparada àsoutras cultivares, sendo que a cultivarAromas apresentou os maiores valores.A resposta da planta parece estar maisrelacionada às características da culti-var. Isto porque os resultados demons-tram que as doses de N que vêm sendoutilizadas em cultivos comerciais no su-deste do Paraná (A

1N), isto é, 0,12 e 0,08

g N m-2 fertirrigação para fase vegetativae reprodutiva, respectivamente, apresen-taram respostas semelhantes para a au-sência (A

0N) ou redução até um terço

dessa adubação (A1/3

) para produção deestolões planta-1 (Tabela 1). A respostaaos níveis de N pode variar dependen-do do genótipo avaliado. Tworkoski etal. (2001) estudaram o efeito do N nocrescimento de estolões e mudas emquatro genótipos de morango e verifi-caram que os genótipos diferiram quan-to ao tamanho da planta, produção deestolões e de mudas. O número deestolões e a densidade de mudas aumen-taram com o aumento do N para todosos genótipos testados, especialmente oQ18. Também, para esse genótipo, onúmero de mudas por 100 cm de compri-mento do estolão aumentou com o au-mento das doses de N.

Além do número de estolões emiti-dos pela planta, é importante conhecera duração do período de emissão deestolões durante o ciclo da cultura. Naprimeira colheita de estolões (16 de de-zembro de 2003), as três cultivares ava-liadas apresentaram estolões, porém acultivar Seascape tinha, em média, ape-nas 20% do número total de estolõesverificados nas cultivares Aromas e Dia-mante. Ao longo do ciclo, esse valoraumentou, porém sem ultrapassar 50%do total das outras cultivares.

Além disso, a formação de estolõesse encerrou primeiramente para a culti-var Seascape. Para as cultivares Aromase Diamante, o término da emissão deestolões não foi diferente entre as adu-bações utilizadas. Enquanto as plantasda cultivar Aromas encerraram a emis-são de estolões em 15 de abril e, as dacultivar Diamante, em 06 de maio de 2004,na cultivar Seascape não houve maisemissão de estolões nas adubações A

1N

e A0N

a partir já da primeira semana de

Cultivares de morango de dia neutro: produção em função de doses de nitrogênio durante o verão

Page 92: HB22 3 - Associação Brasileira de Horticultura · 134 Editor's Letter Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009 Dearest, Here it goes another issue of Horticultura Brasileira. Our

220 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

março e, nas adubações A1/3N

e A2/3N

, apartir dos dias 22 e 26 de março, respec-tivamente. Isso indica que a cultivarSeascape produziu menor número deestolões (Tabela 1), possibilitando a for-mação de maior número de inflorescên-cias e, conseqüentemente, maior núme-ro de frutos (Tabela 1).

Para produtividade, número e pesomédio de frutos não houve interaçãoentre adubação e cultivar (Tabela 1),permitindo que o efeito das doses de Nseja avaliado mediante a comparação demédias para cada cultivar separadamen-te. Para nenhuma destas característicashouve influência significativa das adu-bações testadas, indicando que o N nãointerferiu na fase reprodutiva da culturaquando se cultiva o morango em soloscom características semelhantes àque-las do experimento.

Por outro lado, houve diferenças es-tatísticas entre as cultivares quando seavaliou as respostas de produtividade,número de frutos e peso médio de fru-tos. A cultivar Seascape foi mais pro-

dutiva que a cultivar Aromas. Já a culti-var Diamante não diferiu estatisticamen-te das demais em relação à produtivida-de (Tabela 1). As produtividadesalcançadas estiveram acima da médianacional (25 t ha-1) (Santos & Medeiros,2003), independente da adubação oucultivar estudada. E, o mais importanteé que essa produção ocorreu entre 13de janeiro e 31 de maio, que correspondeao período de pouca oferta de frutos demorango no mercado.

A maior produtividade apresentadapela cultivar Seascape em relação à cul-tivar Aromas está relacionada ao maiornúmero de frutos por planta que estacultivar produziu em relação às cultiva-res Diamante e Aromas (Tabela 1). Partedesse resultado é explicada pelo menornúmero de estolões e pelo menor perío-do em que as plantas da cultivarSeascape permaneceram emitindo osestolões. Esse fato aumenta a possibili-dade da emissão de inflorescências e,conseqüentemente, formação de frutos.

Entretanto, a maior quantidade defrutos produzidos pela cultivar Seascape

resultou em menor peso médio de frutosem relação às outras cultivares (Tabela 1).Ainda assim, o valor médio de 12,2 g porfruto é considerado de ótima qualidadecomercial. As cultivares Diamante e Aro-mas produziram estatisticamente o mes-mo número de frutos por planta (Tabela 1).Porém, o peso médio dos frutos da culti-var Diamante foi significativamentemaior que aquele da cultivar Aromas,embora ambas as cultivares tenham apre-sentado produtividade significativa-mente similar (Tabela 1).

Desta forma, observou-se que a pro-dutividade está relacionada a duas ca-racterísticas de cada cultivar: o pesomédio de frutos e o número de frutosproduzidos por planta ao longo do ci-clo. O produtor poderá optar pelas ca-racterísticas da cultivar que mais inte-ressam ao mercado em que irácomercializar o morango. Isto é, sem pre-juízo da produtividade, o produtor es-colherá, por exemplo, entre as cultivaresSeascape ou Diamante, se o consumi-dor tem preferência por frutos de menorou maior tamanho, respectivamente.

No entanto, deve-se considerar queas respostas produtivas do moranguei-ro a diferentes níveis de N podem variardependendo do tipo de solo a ser utili-zado para o cultivo. Nesse experimento,a área cultivada apresentava 23 g dm-3

de C, o que permitiria estimar um solocom 0,15 a 0,19% do N total. Isso, se forconsiderado que para as condições dosCampos Gerais, no horizonte A de soloscâmbicos, a relação C:N se encontra en-tre 1:12 e 1:15 (Sá et al., 2008) e que nãohá fator limitante para a mineralizaçãoda matéria orgânica do solo. Pode-seconsiderar que, em solos sob preparona região dos Campos Gerais, a taxa demineralização é de 3,3%, o que daria va-lores entre 143 e 179 kg ha-1 de N dispo-nível. Essa faixa de valores estaria den-tro do valor médio de N total absorvidopelo morangueiro que é de aproximada-mente 120 kg ha-1 (Muramoto et al., 2004)para cultivo de inverno. Por outro lado,a fertilização com N pode também nãoapresentar respostas produtivas para acultura do morangueiro mesmo quandoo solo apresenta concentração de maté-ria orgânica baixa, condição essa quecontribuiria de maneira pouco expressi-va para o requerimento total de N da

RF Otto et al.

Tabela 1. Número de estolões por planta, produtividade, número de frutos por planta emassa fresca média de frutos de três cultivares de morango de dia neutro, submetidas a quatroníveis de fertirrigação, em cultivo no verão (number of stolons per plant, yield, number offruits per plant, average fruit fresh mass of three day-neutral strawberry cultivars, growingwith four fertigation levels, in summer crop). Ponta Grossa, UEPG, 2003/2004.

Tratamentos² NEP¹Produtividade

(t ha-1)NFP¹ MFF¹ (g)

A1N 26,2 ab 33,9 a 21,8 a 14,1 a

A0N 30,4 a 35,5 a 23,7 a 13,7 a

A1/3N 26,0 ab 27,5 a 18,5 a 15,1 a

A2/3N 22,5 b 34,0 a 23,7 a 14,7 a

C.V. (%) 16,3 35,5 38,7 10,2

Seascape 11,7 c 38,1 a 28,1 a 12,2 c

Diamante 29,5 b 31,7 ab 18,3 b 16,2 a

Aromas 37,7 a 28,4 b 19,4 b 14,3 b

C.V. (%) 26,5 20,7 19,9 7,0

F (adubação) 5,3 * 0,9 ns 0,7 ns 1,4 ns

F (cultivar) 43,7 ** 6,3 ** 18,3 ** 47,2 **

F (interação) 1,0 ns 1,0 ns 1,5 ns 0,8 ns

Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si, teste deTukey, p<0,05 (means followed by the same letter in the line do not differ significantly fromeach other, Tukey test, p<0.05); 1NEP= número de estolões por planta (number of stolonsper plant); NFP= número de frutos por planta (number of fruits per plant); MFF= massafresca média de frutos (average fruit fresh mass); 2A

1N= 0,12 g m-2 de N; 0,23 mL m-2 de P e

0,11 g m-2 de K na fase vegetativa e 0,08 g m-2 de N, 0,045 mL m-2 de P e 0,39 g m-2 de K paraa fase reprodutiva (A

1N= 0.12 g m-2 N; 0.23 ml m-2 P and 0.11 g m-2 K, in the vegetative stage;

and 0.08 g m-2 N, 0.045 ml m-2 P e 0.39 g m-2 K, in reproductive stage); A0N

= zero de N; A1/3N

=0,04 g m-2 de N; A

2/3N= 0,08 g m-2 de N, mantidas as doses de P e K, tanto para a fase

vegetativa como para fase reprodutiva (A0N

= zero N; A1/3N

= 0.04 g m-2 N; A2/3N

= 0.08 g m-2 N,keeping the same P and K rates in both the vegetative and reproductive stage).

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221Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

cultura. Foi o caso do trabalho conduzi-do por Hochmuth et al. (1996) que tes-taram doses entre 0,28 e 1,4 kg de N ha-1

dia-1 em dois experimentos em anos con-secutivos para um solo com 1,0 gkg-1 de matéria orgânica. Para o primeiroexperimento (1991-92), a produção totalde frutos aumentou com o aumento dasdoses de N até 0,54 kg de N ha-1 dia-1.No entanto, a fertilização com N não in-terferiu na produção do morango no se-gundo experimento (1992-93).

Assim, em relação às adubações ava-liadas no presente trabalho, a Aduba-ção A

1N é aquela que tem sido recomen-

dada para produtores de frutos no ve-rão. Nesta formulação, a dose de nitro-gênio é maior que nas demais, tanto paraa fase vegetativa como para areprodutiva do morangueiro. Como nãoocorreram diferenças entre as aduba-ções testadas, tanto para produtividadecomo para peso e número de frutos porplanta, o produtor poderá optar pelasadubações que resultaram em menorcusto. Entretanto, essa decisão só de-verá ser tomada caso a área a ser culti-vada apresente valores altos deste nu-triente, como por exemplo, em solos ondefoi realizada uma adubação orgânicaadequada ou com características seme-lhantes ao solo desse experimento (23 gdm-3 de C, sem impedimentos para amineralização da matéria orgânica dosolo). Estes resultados devem ser con-siderados para produção de frutos du-rante o período de verão, que apresentamenor ciclo produtivo (de janeiro a maio)em relação ao cultivo de inverno (maio adezembro). É importante que seja conhe-cida a real necessidade de nutrientesdurante o ciclo produtivo das cultivares

de DN destinadas ao cultivo de verão.O ajuste adequado ou redução do usode fertilizantes é parte importante de umaprodução sustentável.

AGRADECIMENTOS

À empresa Bioagro pela concessãodas mudas de morango e da bolsa deestudos para o acadêmico.

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222 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

O tomateiro (Lycopersiconesculentum Mill) é a segunda

hortaliça mais cultivada no mundo, sen-do sua produção superada apenas pelabatata (Filgueira, 2003). A produçãomundial de tomate alcançou cerca de 100milhões de toneladas em 2003, sendoque o Brasil ocupa a oitava posição noranking mundial, com aproximadamente3% da produção (Cançado Junior, 2003).O elevado consumo se deve, principal-mente, às suas qualidadesorganolépticas e a sua versatilidade cu-linária.

No estado do Rio de Janeiro, o culti-vo do tomateiro é praticado com maiorfrequência durante o inverno, quandosão observadas temperaturas mais ame-nas e favoráveis ao cultivo (Filgueira,

MONTE JA; PACHECO AS; CARVALHO DF; PIMENTEL C. 2009. Influência do turno de rega no crescimento e produção do tomateiro no verãoem Seropédica. Horticultura Brasileira 27: 222-227.

Influência do turno de rega no crescimento e produção do tomateiro noverão em SeropédicaJosé A Monte; Adilson de S Pacheco; Daniel F de Carvalho; Carlos PimentelUFRRJ, BR 465 km 07, 23890-000 Seropédica-RJ; [email protected]; [email protected]; [email protected];[email protected]

2003). Em contrapartida, no período deverão são verificadas menores quanti-dades de tomate ofertadas no mercado,motivo pelo qual maiores preços desteproduto são esperados neste período.Mesmo em condições climáticas adver-sas, muitos produtores arriscam o culti-vo no verão, em busca de maiorlucratividade. Embora seja uma estaçãochuvosa, é muito comum a ocorrênciade períodos de estiagem, denominadosveranicos, justificando o uso da irriga-ção a fim de se obter o maior número defrutos com padrão comercial adequado(Bernardo et al., 2006).

O valor comercial do tomate de mesaé definido pelas características e quali-dade presente no fruto (Ferreira et al.,2004), sendo que o tomateiro requer ade-

quadas lâminas de água em todo o seuciclo. De acordo com Filgueira (2003), ascondições de umidade no solo, geral-mente influenciam o rendimento da cul-tura, em função de seu efeito no númerode flores por planta, na porcentagem depegamento dos frutos e no tamanho dosfrutos, pois o tomateiro é classificadocomo planta muito sensível ao estressehídrico. Lopes et al. (2005) comentamque as variações de umidade do solopodem acarretar em queda de flores edesbalanceamento de cálcio, causandoa podridão apical. Na maturação, as va-riações de umidade do solo podem cau-sar rachaduras nos frutos, reduzindo aprodução comercial. Entre os estádiosfenológicos da cultura, o início dafrutificação e o início do desenvolvimen-

RESUMOCom o objetivo de analisar a influência do turno de rega na cultura

do tomateiro para mesa (híbrido Débora tipo longa vida), realizou-seum experimento de campo, no delineamento em faixas, com quatrotratamentos e quatro repetições, de 21/09/05 a 31/01/06. Foram ava-liados ,o turno de rega diário (TR0); turno de rega alternado de um dia(TR1); turno de rega alternado de dois dias (TR2); e turno de regaalternado de três dias (TR3). Para todos os tratamentos foi reposto100% da ETc. Durante o experimento, foram realizadas seis coletaspara determinação da biomassa e da área foliar visando o estudo deanálise do crescimento das plantas, sendo ajustadas equações paraestimativa dos índices fisiológicos de crescimento da cultura. Foipossível constatar que o pico máximo de crescimento ocorreu entre80 e 90 dias após o transplante, não sendo possível no entanto,diferenciar um tratamento que proporcionasse melhor crescimento.Os resultados obtidos indicaram que o turno de rega de três diasreduziu o número de frutos grandes (>60 mm) e aumentou o númerode frutos miúdos (40 a 50 mm). Contudo, o turno de rega de dois diasproporcionou produção de tomate igual ou superior ao de turnosmais frequentes e com maior eficiência de uso de água. Para as condi-ções de primavera-verão de 2005-2006 em Seropédica-RJ, o turno derega alternado de dois dias mostrou-se mais favorável para recomen-dação aos agricultores.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, área foliar, índice fisio-lógico, acúmulo de biomassa, qualidade de fruto.

ABSTRACTInfluence of the irrigation schedule on growth and

production of tomato during summer

The influence of the irrigation schedule was evaluated on thetomato culture, Debora hybrid for salad, in a field experiment, in asplit plot design with four treatments and four replications, conductedfrom September, 21st, 2005 to January, 31st, 2006. We evaluated theirrigation every day (TR0); irrigation every two days (TR1); irrigationevery three days (TR2); irrigation every four days (TR3). 100% ofthe ETc was applied in all treatments. During the essay, six samplingsof plants were performed to determine the plant weight and leaf areato adjust equations for the estimation of the growth parameters. Themaximum growth was obtained between 80 and 90 days aftertransplanting, but in these experimental conditions the growth analysisdid not discriminate the treatments. The irrigation schedule of threedays caused a reduction in the number of big fruits (>60 mm) andincrease in the number of small fruits (40-50 mm). However, theirrigation frequency of two days showed the same or higher fruitquality of the smaller intervals, but with improved water use efficiency.For the spring-summer of 2005-2006 conditions, at Seropédica, Riode Janeiro State, Brazil, the irrigation schedule of two days was thebest to be recommended for the farmer.

Keywords: Lycopersicon esculentum, leaf area, physiologic index,biomass accumulation, fruit quality.

(Recebido para publicação em 11 de fevereiro de 2008; aceito em 27 de março de 2009)(Received in February 11, 2008; accepted in March 27, 2009)

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to dos frutos apresentam maior sensibi-lidade à deficiência de água no solo.

A adoção de turno de rega variávelpara fins de manejo de água envolve cus-tos com a aquisição de sensores de umi-dade e uso de mão-de-obra para a leiturados mesmos. Segundo Prieto et al. (1999),tais características desagradam à maioriados agricultores, que preferem adotar tur-nos de rega fixos, permitindo melhor pla-nejamento das práticas culturais e deoutras atividades na propriedade. Noentanto, recomendações para o manejode água com base em turno de rega, de-vem ser determinadas para condiçõesespecíficas, pois são muito afetadas pe-las condições do clima e do solo.

A análise de crescimento tem utiliza-ção prática nos campos da agronomia eecologia, pois é aplicada nos estudosde adaptabilidade ecológica das plan-tas. Por exemplo, a análise de crescimentoé utilizada na adequação de uma deter-minada cultura a um determinado local(Rebouças et al., 1989), na avaliação depráticas agronômicas como manejo e tra-tos culturais (Andrade et al., 2005) e naseleção de genótipos por meio da capa-cidade produtiva (Guimarães et al.,2008). Também, o efeito da deficiênciahídrica na taxa de acúmulo de matériaseca e de expansão foliar pode ser estu-dado utilizando-se a análise de cresci-mento (Gomes et al., 2000). De possedesses dados, torna-se mais efetiva aindicação de cultivares para condiçõesclimáticas e de manejo específicos.

Desenvolveu-se este trabalho como objetivo de avaliar a influência do tur-no de rega na acumulação de massa secae na produção comercial dos frutos deum híbrido de tomate para mesa, emSeropédica-RJ.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi instalado em campo ex-perimental da UFRRJ, de 21/09/05 a 31/01/06, em um solo classificado comoArgissolo Vermelho-Amarelo, com64,9% de areia, 7,6% de silte e 27,5% deargila nos primeiros 0,2 m de profundi-dade. A análise química do solo apre-sentou as características: 16 mg L-1 de P,0,2 cmol

c dm-3 de de K, 2,4 cmol

c dm-3 de

Ca, 2,3 cmolc dm-3 de Mg, 0 cmol

c dm-3 de

Al, pH (em água) 5,1, e 60% de saturação

por base. O preparo do solo consistiu dearação e gradagem, quando foram aplica-dos 800 kg ha-1de calcário dolomítico. Aadubação mineral consistiu na aplicaçãode 60 kg ha-1de N, 60 kg ha-1de P

2O

5 e 40

kg ha-1 de K2O nas formas de uréia,

superfosfato simples e cloreto de potás-sio, a lanço em superfície.

Cada parcela teve dimensões de 2,4m de largura e 9,0 m de comprimento,tendo duas linhas, com 18 plantas emcada linha, para as coletas e avaliaçãoda produção. Aos 35 dias após semea-dura (DAS), foi realizado o transplantedas mudas de tomateiro, híbrido DéboraPlus, sendo utilizado um espaçamentoentre linhas de 1,2 m e entre plantas de0,5 m. A cultura foi conduzida com umahaste por planta, sendo realizada acapação do ponteiro após a 6º penca,com tutoramento vertical realizado pormeio de fitilhos de plástico. O controlede plantas invasoras foi realizado pormeio de capina manual.

A estimativa da lâmina de irrigação foicalculada utilizando a evapotranspiraçãode referência (ETo) gerado pelo TanqueClasse A, multiplicando a evaporação doTanque Classe A por 0,78 (kp) e pelos va-lores do coeficiente de cultivo (kc) paraconversão em (ETc). Os valores de kc uti-lizados foram os propostos por Doorenbos& Kassan (1994). A irrigação foi realizadacom tubos-gotejadores de polietileno comespaçamento entre emissores de 0,3 m evazão correspondente a 1,14 L h-1, sendoo seu manejo realizado com base nas leitu-ras diárias de evaporação obtidas no tan-que classe A.

O ensaio foi montado no delineamen-to em faixas, com quatro tratamentos equatro repetições, em que os tratamen-tos foram frequências de irrigação, ondeTR0 corresponde à reposição de águadiária; TR1 corresponde ao turno de regaalternado de 1 dia; TR2 corresponde aoturno de rega alternado de 2 dias; e oTR3 corresponde ao turno de rega alter-nado de 3 dias. Em todos os tratamen-tos, foi reposta 100% daevapotranspiração da cultura (ETc) e ocálculo do tempo de irrigação (Ti) foirealizado pela equação 1:

14,1

)6012,0( kcEToTi (1)

em que Ti= tempo de irrigação emminutos; ETo= evapotranspiração da

cultura de referência, mm dia-1; kC= coe-ficiente de cultivo do tomateiro; 0,12=coeficiente referente à área (em m2) equi-valente a um emissor; 60= se refere àconversão de hora para minutos; e 1,14=é a vazão de cada emissor em L h-1.

Afim de se estudar o crescimento dotomateiro, foram realizadas seis coletasde material durante o experimento aos55; 69; 90; 97; 125 e 132 dias após o trans-plante, sendo retirada uma planta porparcela em cada avaliação. As plantasúteis, utilizadas para determinação dataxa de crescimento da cultura, foramobtidas previamente e aleatoriamentepor coleta dentro de cada parcela. Emcada avaliação, as plantas coletadas fo-ram levadas ao laboratório, onde reali-zou-se a separação em caules, folhas efrutos. Cada parte foi embalada ade-quadamente e levada à estufa de ventila-ção forçada, à temperatura de 80ºC, atéatingir a massa seca constante. A áreafoliar foi estimada por meio deamostragem de 20 discos com área de1,5393 cm2 de folha por planta, que foramsecados e pesados separadamente, fa-zendo-se uma relação entre a massa secado disco e sua área para ser aplicada àmassa seca total das folhas e obter a áreafoliar total.

Foram utilizadas as equações mate-máticas para ajuste dos dados, ao longodo tempo, do tipo exponencialpolinomial do 2º grau (equação 2). A par-tir dessas equações foram derivadas astaxas de crescimento da cultura (TCC) ede assimilação líquida (TCA), assumin-do implicitamente que o crescimento dacultura é uma função do tempo (Pereira& Arruda, 1987):

)cxbxa(2

eY (2)

em que Y= valor da variável em estu-do; a, b e c= constantes de ajuste daregressão polinomial do 2º grau; e x=dias após transplante (DAT).

Em seguida foi realizado o ajuste domodelo matemático e calculados os da-dos ajustados, sendo o coeficiente dedeterminação (r2) o parâmetro utilizadocomo critério de seleção da função.

A taxa de crescimento da cultura(TCC, em g m2 dia-1) foi obtida pela dife-rença entre o acúmulo de matéria secapor área de solo, (entre coletas sucessi-vas), dividido pelo intervalo de tempo

Influência do turno de rega no crescimento e produção do tomateiro no verão em Seropédica

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224 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

(equação 3), segundo Pereira & Arruda(1987):

)TT(

)WW(TCC

12

12 (3)

em que W= valor da fitomassa totalpor unidade de superfície cultivada (Wm-2), resultante da soma da massa secade caules, folhas e dos frutos, que fo-ram obtidas ao longo das avaliações; T=dias após o transplante.

Para a determinação dos valores ins-tantâneos da taxa de produção de maté-ria seca da cultura (TCC) foi empregadaa derivada da equação, ajustada da cur-va de acúmulo de matéria seca por uni-dade de área de solo (W m-2), em relaçãoao tempo.

O índice de área foliar (IAF) foi obti-do pela divisão da área foliar média deuma planta, em m2, pela área ocupadapor uma planta em m2, sendo ajustadointerativamente a uma funçãoexponencial polinomial do 2º grau (equa-ção 2). Para se obter a taxa de assimila-ção líquida (TAL, em g m2 dia-1) foi efe-tuado o cálculo utilizando os valoresinstantâneos da taxa de produção dematéria seca total, dividido pela áreafoliar, segundo as equações:

)x'cx'b'a(

)cxbxa(

2

2

e

e)cx2b(TAL (4)

TCC = TAL * IAF (5)em que a, b e c= constantes de ajus-

te da regressão polinomial do 2º grau; ex= dias após transplantio (DAT).

A quantificação da produção dos fru-tos do tomateiro foi efetuada a partir devalores obtidos da produção média dedez plantas a as classes de frutos foramestabelecidas conforme as normas daCEASA-MG (Ceasa, 2008).

A análise de variância foi efetuadano delineamento de parcelas subdividi-das no tempo, sendo avaliados o efeitodos tratamentos e da interação entre ostratamentos e coletas. Também foi reali-zada a análise de regressão e o teste SNKa 5% de significância, para comparaçãoda produção dos frutos do tomateirodentro dos tratamentos.

Os dados foram analisados atravésdo programa de análise estatísticaSISVAR 5.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A evapotranpiração da cultura esti-mada durante o período experimental foide 290,8 mm. Os valores médios das tem-peraturas máxima, mínima e média foramde 37, 20 e 34ºC, respectivamente. Aslâminas brutas de irrigação aplicada fo-ram: no TR0= 338,25 mm, no TR1=323,31mm, no TR2= 284,93 mm e no TR3=

287,00 mm. Durante o período experimen-tal registrou-se uma precipitação acumu-lada de 600 mm, colaborando, dessa for-ma, para maior homogeneização da umi-dade do solo e dificultando a diferencia-ção entre os tratamentos aplicados. Se-gundo Doorenbos & Kassan (1994), asnecessidades hídricas totais, após otransplante, para a cultura do tomateirono campo com 90 a 120 dias (ETc) são de400 a 600 mm, que foram supridas, emparte, pela precipitação total. No entan-to, as precipitações ocorreramdesuniformemente distribuídas podendoter ocasionado pequenos déficit hídricoentre precipitações consecutivas.

Segundo Alvarenga (2000), a irriga-ção excessiva durante o período defloração, tem provocado aumento naqueda de flores e redução no estabele-cimento de frutos. Neste estádiofenológico da cultura foram observadasprecipitações frequentes, que causaramos efeitos descritos anteriormente. Se-gundo Sobral (1987), em temperaturasacima de 35ºC ocorre a diminuição dafecundação das flores e queda de florese de frutos. Temperaturas superiores aesta foram registradas durante vários diasao longo do experimento.

Quanto ao crescimento das plantas,a TAL representa o balanço entre a mas-sa produzida pela fotossíntese bruta e oque foi perdido através da respiração(Pereira & Machado, 1987), ou seja, elarepresenta a variação da massa orgâni-ca formada num dado momento, permi-tindo, dessa forma, estimar afotossíntese líquida, indicando a eficiên-cia do mecanismo fotossintético. Nosvalores da TAL houve um padrão regu-lar entre 55 e 110 DAT (Figura 1). A partirdos 110 DAT foi observada uma dife-renciação da TAL entre os tratamentos,sendo que o TR2 apresentou a maiorredução, seguido dos TR1 e TR3, ha-vendo um leve acréscimo nos valoresda TAL do TR0. O decréscimo da TALno final do ciclo é desejável para quenão haja crescimento vegetativo com-petindo com o crescimento de frutos,como ocorreu TR2, seguido do TR1 eTR3. Já no TR0 houve crescimentovegetativo no final do ciclo, provavel-mente devido à máxima hidratação dasplantas (Doorenbos & Kassan, 1994) e,por estar no final, este desenvolvimen-

Figura 1. Taxa de Assimilação Líquida expressa em gramas de massa seca acumulada por áreade folha em m2 por dia (g m2 dia-1); valores instantâneos calculados dos quatros tratamentos;TR0= turno de rega diário, TR1= turno de rega alternado de 1 dia, TR2= turno de rega alternadode 2 dias e TR3= turno de rega alternado de 3 dias (net assimilation rate in grams of dry weightaccumulated per leaf area in m2 per day [g m2 dia-1]; instantaneous values calculated for the fourtreatments; TR0= irrigation every day, TR1= irrigation every two days, TR2= irrigation everythree days,TR3= irrigation every four days). Seropédica, UFRRJ, 2005-2006.

JA Monte et al.

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to se torna desnecessário, uma vez quenão haverá tempo dos fotoassimiladosproduzidos por estas folhas seremtranslocados para os frutos, visto que aprodução de frutos neste tratamento nãofoi superior (Tabela 1). Como no casodo tomateiro o que interessa é a produ-ção de frutos, nesta fase do ciclo, se aplanta conseguir transferir o máximo deenergia para a produção de frutos, emdetrimento da parte vegetativa, maiorserá a produção de frutos de tomate.

Para o IAF é possível observar umaelevação do valor desde os 55 DAT atéos 85-95 DAT, quando os valores máxi-mos em todos os tratamentos foram ve-rificados (Figura 2). A partir deste mo-mento, foi observado um padrão de re-dução até os 132 DAT, com asenescência de folhas. O IAF aumentadurante o ciclo da cultura, atingindo umvalor ótimo quando a TCC é máxima.Entretanto, grandes aumentos do IAF,podem causar decréscimo da produçãode massa seca, devido ao auto-sombreamento das folhas.

Para todos os tratamentos, analisan-do-se a TCC foi observado o mesmopadrão de crescimento do tomateiro (Fi-gura 3) com um crescimento lento noinício, acelerando-se, em seguida, atéatingir o valor máximo e reduzindo-se apartir desse ponto, pois à medida que aplanta cresce e aumenta o seu númerode folhas, ela possui maior capacidadede produzir fitomassa. Como a plantaapresenta crescimento indeterminado,ela tenderia a continuar crescendo

vegetativamente, competindo com ocrescimento dos frutos. Porém, o cresci-mento final fica determinado pelo mane-jo da cultura, onde se elimina a gemaapical, pois a partir de uma determinadaaltura não é mais conveniente manter ocrescimento em altura, em virtude dasdificuldades existentes.

As plantas com o turno de rega dedois dias tiveram um crescimento inicialmais acelerado e ocuparam o espaçomáximo destinado a elas mais rapida-mente (por volta dos 80 DAT). As plan-tas dos demais tratamentos atingiram a

TCC máxima num tempo maior, com valo-res inferiores (Figura 3). No entanto odecréscimo da TCC observado a partirdos 80 DAT, para o turno de rega de doisdias, e a partir dos 100 DAT, para os de-mais tratamentos, foi ocasionado pelasenescência das folhas das plantas.

As taxas do IAF e da TCC do turnode rega de três dias apresentaram ten-dência em serem menores em relação àstaxas dos demais tratamentos. Isso sedeve provavelmente ao menor númerode irrigações realizadas, em virtude dosvalores de precipitações registrados no

Tabela 1. Avaliação da massa dos frutos expressa em kg por planta, e do número de frutos por planta (evaluation of fruit mass in kg per plant,and the number of fruits per plant). Seropédica, UFRRJ, 2005-2006.

TRAT¹ MT² MG MM MP MD NT NG NM NP ND

TR0 1,58ab³ 0,17a 0,71ab 0,19b 0,48a 20,0b 1,4a 7,9ab 3,0b 7,7a

TR1 1,30bc 0,07ab 0,63ab 0,21b 0,37a 17,3b 0,4ab 7,5ab 3,7b 5,7a

TR2 1,79a 0,19a 0,85a 0,19b 0,54a 22,3a 1,4a 9,3a 3,5b 8,1a

TR3 1,14c 0,01b 0,48b 0,28a 0,40a 17,7b 0,1b 5,9a 4,9a 6,8a

CV(%) 11,68 31,14 19,13 14,48 25,82 7,17 32,26 18,18 17,96 21,661TR0, TR1, TR2, TR3= turno de rega diário, alternado de 1, 2 e 3 dias, respectivamente; 2MT= massa de frutos total; MG= massa de frutosgrandes; MM= massa de frutos médios; MP= massa de frutos pequenos; MD= massa de frutos com defeitos; NT= número de frutos totais;NG= número de frutos grandes com diâmetro igual ou superior a 60 mm; NM= número de frutos médios com diâmetro entre 50 a 60 mm; NP=número de frutos pequenos com diâmetro entre 40 a 50 mm; ND= número de frutos com defeitos em função dos quatros tratamentos 3Médiasseguidas de letras iguais são estatisticamente semelhantes entre si, ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey (1TR0, TR1, TR2,TR3= irrigation every day, every two days, every three days, every four days, respectively; 2 MT= total fruits mass; MG= big fruit mass;MM= average fruits mass; MP= small fruits mass; MD= defectives fruits mass; NT= total fruit number; NG= big fruits number, with adiameter higher than 60 mm; NM= medium fruits number, with a diameter between 50 and 60 mm; NP= small fruits number, with a diameterbetween 40 and 50 mm; ND= defective fruits number on the four treatments; 3Mean values followed by the same letters are statistical equalat the level of 5% by the Tukey test).

Figura 2. Índice de Área Foliar (IAF) para valores instantâneos calculados dos quatrostratamentos; TR0= turno de rega diário, TR1= turno de rega alternado de 1 dia, TR2= turnode rega alternado de 2 dias e TR3= turno de rega alternado de 3 dias (leaf area index (IAF) forinstantaneous values calculated for the four treatments; TR0= irrigation every day, TR1=irrigation every two days, TR2= irrigation every three days, TR3= irrigation every fourdays). Seropédica, UFRRJ, 2005-2006.

Influência do turno de rega no crescimento e produção do tomateiro no verão em Seropédica

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período, pois na medida em que haverianecessidades de irrigações entre preci-pitações, as irrigações dos tratamentoscom menor turno de rega iam sendoefetuadas, e durante o intervalo entreprecipitações, estas irrigações foram re-petidas mais vezes em comparação àque-las com um turno de rega maior. Nestecaso, os tratamentos com menor turnode rega foram beneficiados com uma me-nor variação na umidade do solo, emboratodos os tratamentos, teoricamente, aofinal do ciclo devessem receber o mesmovolume de água, o que contribui para atendência de menores taxas de IAF e TCCdo turno de rega de três dias.

No geral, para os resultados da ava-liação de massa de frutos e número defrutos por planta, em todos os tratamen-tos, observou-se maior número de fru-tos médios, com poucos frutos grandese pequenos (Tabela 1). A produção defrutos pequenos do TR3 foi maior quenos outros tratamentos, tanto para mas-sa quanto para números de frutos. Se-gundo Harmanto et al. (2004), a reposi-ção de água com 75% da ETc, estimadapela equação de Penman–Monteith,mostrou melhor resultado em tomateirocultivado em casa de vegetação. Resul-tados semelhantes foram obtidos porDalvi et al. (1998), também em casa de

Figura 3. Taxa de Crescimento da Cultura, expressa em gramas de massa seca por área de soloem m2 por dia (g m2 dia-1), para valores instantâneos calculados dos quatros tratamentos;TR0= turno de rega diário, TR1= turno de rega alternado de 1 dia, TR2= turno de regaalternado de 2 dias e TR3= turno de rega alternado de 3 dias (crop growth rate, in grams of dryweight per soil area in m2 per day (g m2 dia-1), for instantaneous values calculated for the fourtreatments; TR0= irrigation every day, TR1= irrigation every two days, TR2= irrigationevery three days, TR3= irrigation every four days). Seropédica, UFRRJ, 2005-2006.

JA Monte et al.

vegetação, onde a irrigação porgotejamento programada a 79% de ETcresultou em rendimento máximo para otomateiro. Dessa forma, verifica-se que,para maior economia no gasto de águapara a produção do tomateiro, não hánecessidade de se repor 100% da ETcdiariamente, como no TR0, e os turnosde rega menos freqüentes resultam namesma produtividade (Tabela 1).

A alta umidade do solo, a partir decerto valor, pode reduzir a produtivida-de de frutos de qualidade no tomateiro(Harmanto et al., 2004). No presente es-tudo, nota-se que a irrigação diária, man-tendo alta umidade do solo, não favore-ceu ao aumento da produção de massade frutos, ficando o tratamento com tur-no de rega de dois dias com produçãoequivalente ao turno de rega diário (Ta-bela 1), conforme os resultados deMarouelli & Silva (2005). Já o turno derega de três dias, que causa uma maioroscilação de umidade durante o cultivo,culminou com maior produção de frutosmenores. Portanto, em termos econômi-cos, o turno de rega de 2 dias apresen-tou produção equivalente ao tratamen-to com turno de rega diário, e com maioreficiência na produção de frutos de to-mate, sendo mais econômico e interes-sante para o agricultor, pois além de gas-tar menos água e energia, permite plane-

jar outras atividades da propriedade comantecedência exigindo menor mão-de-obra para o manejo de irrigação.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamen-to de Pessoal de Nível Superior CAPES,pela concessão de bolsa de mestradoao primeiro autor.

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228 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

O cultivo de hortaliças em ambienteprotegido no Brasil passou a ser

amplamente utilizado a partir do fim dosanos 80 e principalmente no início dosanos 90 (Goto & Tivelli, 1998). Devidoao cultivo intensivo do solo em estufas,fatores antes pouco relevantes na agri-cultura convencional, sobressaíram-se,levando a insucessos associados àsalinização do solo e problemas relacio-nados à fitossanidade (Vida et al., 1998).Nos países onde o cultivo protegido en-contra-se avançado, o solo vem sendosubstituído por substratos. Além des-tes fatores, ressalta-se também aspec-tos positivos relacionados à preserva-ção ambiental.

Fontes & Silva (2002) destacaramalguns aspectos positivos relacionadosao cultivo do tomateiro em estufas eem substrato, com destaque para redu-

PIRES RCM; FURLANI PR; SAKAI E; LOURENÇÃO AL; SILVA EA; TORRE NETO A; MELO AMT. 2009. Desenvolvimento e produtividadedo tomateiro sob diferentes freqüências de irrigação em estufa. Horticultura Brasileira 27: 228-234.

Desenvolvimento e produtividade do tomateiro sob diferentes freqüênciasde irrigação em estufaRegina CM Pires1; Pedro R Furlani1; Emílio Sakai1; André L Lourenção1; Emerson A da Silva2;André Torre Neto3; Arlete MT Melo1

1IAC-APTA, C. Postal 28, 13012-970 Campinas-SP; 2Instituto de Botânica, Seção de Fisiologia, C. Postal 3005, 01061-970 São Paulo-SP; 3Embrapa Instrumentação Agropecuária, C. Postal 741, 13560-970 São Carlos-SP; [email protected]

ção de orvalho nas plantas, diminuiçãoda competição com plantas infestantese uso de substratos com condições fí-sico-hídricas favoráveis ao desenvol-vimento do sistema radicular. Andrioloet al. (1999), citam também a possibili-dade de manejo hídrico e nutricionalmais apropriado, redução do risco desalinização do meio radicular e de pro-blemas relacionados à sanidade dasplantas.

A adoção da fertirrigação integradaao cultivo protegido resulta em reduçãoda mão-de-obra, melhor distribuição elocalização do fertilizante, ajuste aos di-ferentes estádios de desenvolvimentoda cultura e possibilidade de automação(Fernandes, 2001). Nos países cuja agri-cultura é avançada, o uso de substratoem cultivo protegido associado àfertirrigação é prática consolidada

(Marouelli et al., 2005). No Brasil, algunstrabalhos vêm sendo desenvolvidos nosentido de comparar o desempenho eadequação de diferentes substratos aocultivo do tomateiro (Fernandes et al.,2002; Carrijo et al., 2004; Fontes et al.,2004). Considerando a avaliação de di-ferentes tipos de substratos para culti-vo do tomateiro em ambiente protegidoCarrijo et al. (2004) relataram que a fibrade coco verde pode ter bom desempe-nho. A adoção da fibra de coco comosubstrato proporciona destinação aosubproduto da industrialização do frutopara extração da água de coco. Destaforma, o uso da fibra de coco comoinsumo na produção agrícola tem impor-tância econômica, social e ambiental, umavez que este é um material de difícil de-composição e reciclagem (Carrijo et al.,2002 e 2004).

RESUMOO crescimento de plantas em substrato em cultivo protegido

requer conhecimento técnico apropriado para uso racional e eficientede água e de nutrientes. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeitode seis freqüências de irrigação no desenvolvimento e na produção dotomateiro cultivado em ambiente protegido. O experimento foi con-duzido em Campinas, de novembro de 2003 a abril de 2004. O deli-neamento experimental foi de blocos ao acaso com seis tratamentos equatro repetições. Os tratamentos consistiram em seis freqüênciasde irrigação: cinco, quatro, três, duas, uma vez por dia e irrigação emdias alternados. A irrigação foi aplicada por gotejamento. O substratoutilizado foi o composto de fibra de coco. As freqüências de irrigaçãode uma, três, quatro e cinco vezes por dia resultaram nas maioresproduções de frutos comerciáveis de tomateiro. O maior número epeso médio dos frutos foram obtidos nos tratamentos com freqüên-cia de irrigação de uma, duas, três, quatro e cinco vezes por dia. Asfreqüências de irrigação de uma vez por dia e em dias alternadosproporcionaram maior número de frutos não comerciáveis (fundopreto).

Palavras-chave: Lycopersicum esculentum Mill., manejo da água,irrigação localizada, fertirrigação, cultivo protegido.

ABSTRACTTomato development and yield under different irrigation

frequencies in greenhouse

Plant cultivation in substrate under greenhouse conditions needstechnical knowledge to promote water and nutrient use efficiency. Inthis work were evaluated the tomato development and yield underdifferent irrigation frequencies cultivated in greenhouse. Theexperiment was carried out in Campinas, São Paulo State, Brazil,from November, 2003 to April, 2004. The experimental designconsisted of six treatments in randomized blocks with fourreplications. The treatments consisted of the irrigation frequencies:five, four, three, two and one times a day and irrigation on alternatingdays. The irrigation was applied by drip irrigation system. Thesubstrate consisted of coconut fiber. The one, three, four and fivetimes a day irrigation frequency provided better total marketabletomato yield. The greater number of fruits and average weight of fruitwere obtained under the one, two, three, four and five times a dayirrigation frequencies. The irrigation frequency once a day andalternating days provided greater number of no marketable fruits.

Keywords: Lycopersicum esculentum Mill., water management, dripirrigation, fertigation, protected cultivation.

(Recebido para publicação em 5 de dezembro de 2007; aceito em 23 de março de 2009)(Received in December 5, 2007; accepted in March 23, 2009)

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Alguns trabalhos avaliando o desen-volvimento vegetativo do tomateiro emcultivo protegido foram propostos nosentido de estudar o efeito de doses denutrientes e de tipos de substratos:húmus proveniente da minhocultura,casca de arroz, substrato comercial (com-posto por matéria orgânica de origemvegetal e vermiculita expandida(Plantmax Folhosas)), casca de arrozparcialmente carbonizada, fibra de cocoverde, lã de rocha, maravalha, serrageme substrato para produção de mudas(contendo terra de subsolo, casca dearroz e esterco de galinha) (Andriolo etal., 1999; Grave et al., 2001; Carrijo etal., 2004). Carrijo et al. (2004) obtiverammaior produtividade da cultura do to-mate quando utilizaram fibra de cococomo substrato em experimentos em ca-sas de vegetação. Andriolo et al. (2004)avaliaram a produtividade do tomateirocultivado em substrato com diferentesconcentrações de nitrogênio na soluçãonutritiva em dois ciclos de produção, nooutono e na primavera, e observaram quea concentração de N na solução nutriti-va afetou a produtividade da cultura,porém não foi observada resposta simi-lar nos dois ciclos de cultivo. Fontes etal. (2004) realizaram estudo sobre pro-dução e qualidade do tomate cultivadoem substrato, no campo e em ambienteprotegido e constataram que a maiorprodução e melhor qualidade ocorreu naestufa. O manejo da irrigação tem impor-tância no sistema de cultivo em ambien-te protegido em substrato com reflexosdiretos na produtividade. Prados &Lopez (1998) destacaram a importânciade investigações sobre o consumo deágua e a freqüência da fertirrigação nes-te sistema de produção. Dentre os ele-mentos essenciais às plantas do toma-teiro relacionados à disponibilidade deágua e qualidade do fruto destaca-se ocálcio. Segundo Papadopoulos (1991),na maioria dos casos a deficiência decálcio na planta é induzida, sendo a prin-cipal causa o estresse de água devido àfalta ou excesso de água na irrigação.

O objetivo do presente trabalho foiavaliar o efeito de seis freqüências deirrigação no desenvolvimento e na pro-dução do tomateiro cultivado em am-

biente protegido sobre substrato de fi-bra de coco em Campinas.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em es-tufa, de novembro de 2003 a abril de 2004no IAC, em Campinas-SP. As dimensõesda estufa eram de 7 x 50 m, com estruturaem arco, coberta com filme de polietilenotransparente de 100 µm de espessura,orientada a 245º 75’ em relação ao nortemagnético, latitude 22º 54’ S, longitude47º 05’ W e a 669 m de altitude. Lateral-mente, a estufa era protegida comsombrite com tramas para reduzir 30% daradiação, o que possibilitava o fluxo dear entre os ambientes interno e externo.

Utilizaram-se mudas do híbrido detomateiro Sahel, de crescimentoindeterminado e frutos tipo saladete(Grupo Santa Cruz). O transplantio ocor-reu em 24 e 25 de novembro de 2003,utilizando como recipiente, vaso de plás-tico mole, com capacidade de 14 L. Ape-sar da capacidade de vaso atingir 14 L,optou-se pela utilização de apenas 10 Lde substrato. O substrato utilizado foi afibra de coco, Golden Mix Granulado,composto a partir de 100% de fibra decoco, de textura fina, sem adubação debase. O experimento foi finalizado com aúltima colheita em 7 de abril de 2004.

O delineamento experimental foi emblocos ao acaso, com seis tratamentos equatro repetições, totalizando 24 parce-las, instaladas longitudinalmente aomaior lado da estufa. As dimensões daparcela eram de 7,2 m de comprimentocom duas fileiras de vasos espaçadospor 0,80 m entre as linhas de plantio e de0,40 m na linha de plantio, resultandoem 36 plantas, ou seja, 18 vasos por fi-leira com uma planta por vaso,totalizando densidade populacional de3,125 plantas m-2 conforme as recomen-dações para cultivo em estufas(Gallegos, 2001). Consideraram-se comoplantas úteis para fins de avaliação daprodução aquelas situadas nas partescentrais de cada uma das linhas, numtotal de 20 plantas por parcela e consi-deradas como bordadura as 16 plantassituadas nas extremidades, nas quaisforam efetuadas as medidas destrutivas

de fenologia. Os tratamentos implanta-dos foram: irrigação 5 vezes por dia (T1),irrigação 4 vezes por dia (T2), irrigação 3vezes por dia (T3), irrigação 2 vezes pordia (T4), irrigação 1 vez por dia (T5) eirrigação em dias alternados (T6). As ir-rigações foram realizadas porgotejamento, com um emissor por plan-ta, no período diurno entre 8 e 16 horas.O gotejador era do tipo autocompensante e anti-drenante (RLM PC/NL), com vazão nominal de 3,2 L h-1. Osemissores foram instalados na linha deirrigação, com microtubo e estaca paracada vaso. A lâmina de irrigação foi ava-liada pelo consumo de água do dia ante-rior pela diferença no peso observadaem lisímetros e pela mensuração do vo-lume de irrigação aplicado e o volumepercolado coletado. O lisímetro consis-tia de um vaso sobre balança com capa-cidade de até 50 kg e sensibilidade de0,01 kg, com estrutura que permitia cole-tar o percolado para um recipiente. Fo-ram instalados dois lisímetros por trata-mento. Na fase inicial do desenvolvi-mento vegetativo, em função da preci-são da balança e devido à pequena va-riação de massa das plantas optou-sefazer o manejo pela mensuração da dife-rença entre o volume de solução aplica-do na irrigação e coletado no percolado.

No período de pegamento das plan-tas, as irrigações foram iguais para to-dos os tratamentos. A diferenciação dostratamentos ocorreu a partir de 6 de de-zembro após o pegamento das plantas,no estádio de desenvolvimento inicialdas plantas, 11 dias após o transplantio.Cada irrigação consistiu em umafertirrigação. A formulação da soluçãonutritiva adotada na fertirrigação foi se-gundo recomendação de Sonneveld &Straver (1994) com adaptações de acor-do com observações de deficiências vi-suais das plantas, análise foliar e da so-lução percolada. Na Tabela 1 encontram-se as formulações das soluções A e B eo procedimento de preparo das soluçõesusadas na fertirrigação. Em todos osestádios de desenvolvimento a soluçãoconcentrada dos tanques A e B foi utili-zada na proporção de 12,5 L por 1000 Lde água. Na fase vegetativa, as concen-trações dos macronutrientes (mg L-1)

Desenvolvimento e produtividade do tomateiro sob diferentes freqüências de irrigação em estufa

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230 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

foram de: N-NO3 (167), N-NH

4 (30), P

(52), K (164), Ca (143), Mg (36) e S (48)enquanto que na fase reprodutiva fo-ram de: N-NO

3 (167), N-NH

4 (19), P (59),

K (268), Ca (143), Mg (36) e S (74). Paraos micronutrientes, as concentraçõesforam idênticas nas duas fases con-forme segue (mg L-1): B (0,5), Cu (0,1),Fe-EDDHMA (1,8), Mn (0,4), Mo(0,06) e Zn (0,2). Alem disso, foi adota-da como rotina a avaliação dacondutividade elétrica da solução defertirrigação, sempre que preparadasnos tanques, para assegurar valoresiguais para todos os tratamentos e deacordo com o previsto no cálculo dasolução nutritiva. O pH da soluçãonutritiva foi medido eventualmente. Asirrigações eram programadas em pai-nel de controle automático nas quaisa injeção de nutrientes era precedidapela homogeneização da solução atra-vés da agitação mecânica nos tanquesde solução. Na solução percolada doslisímetros, além da quantificação dovolume, avaliou-se também acondutividade elétrica. Em media acondutividade elétrica da soluçãolixiviada ao longo do experimento foi0,96, 0,92, 1,21, 1,14, 1,02 e 1,19 dS m-1

nos tratamentos T1, T2, T3, T4, T5 eT6, respectivamente. Inicialmente acondutividade elétrica (CE) nos tan-

ques das soluções dos diferentes tra-tamentos foi preparada para atingir va-lor de 2,0 dS m-1 e alterada a composi-ção a partir de 19 de dezembro paraproporcionar CE de 1,5 dS m-1.

No decorrer do ciclo de cultivo fo-ram efetuados os tratos culturais ne-cessários para adequada condução dacultura, tais como desbrota,tutoramento, limpeza de folhas velhase de plantas infestantes nos vasos e naestufa e aplicação de produtosfitossanitários. As avaliações foramconduzidas com uma haste por plantasendo o tutoramento efetuado na posi-ção vertical com fitilho (Marin et al.,2005). Dentre as pragas que exigiramcontrole fitossanitário e sobre as quaisforam realizadas diversas aplicações dedefensivos químicos destacam-se: mos-ca-branca, grilo, lagarta-rosca, ácaros,traça-do-tomateiro, tripes e mosca-minadora. Os produtos utilizados fo-ram: thiamethoxam, imidacloprid,clothianidin, acetamiprid, piriproxifen,buprofezin, cartap, carbaril, avermectin,pirazofós, captan e fenarimol. Para osinseticidas, realizou-se rotação de pro-dutos nas aplicações, procurando-sealternar os produtos com mesma formade ação (neonicotinóides, reguladorescrescimento e carbamatos).

De modo a verificar a influência doregime de irrigação no status hídrico das

plantas de tomate, foram realizadas aolongo do dia medidas do potencial daágua nas folhas (Ψ

wf) utilizando-se uma

bomba de pressão tipo Scholander (PMSInstrument, Model 1000). As medidasforam realizadas nos horários de 05:00,08:00, 10:00, 13:00, 15:00 e 16:00 horas.Em cada horário de medida, foram con-sideradas 5 repetições por tratamento.As avaliações foram realizadas aos 107dias após o transplantio (DAT).

Para avaliação do desenvolvimen-to vegetativo foram realizadas trêsamostragens ao longo do ciclo aos 43,99 e 141 dias após o transplantio(DAT), nos estádios: desenvolvimen-to vegetativo pleno e início defloração; desenvolvimento vegetativo,floração e maturação; e maturação, res-pectivamente. Foram avaliadas as al-turas e o diâmetro da haste da plantana superfície do substrato, o índice deárea foliar (IAF) e a matéria seca daparte aérea (MSPA). Para a amostragemem cada época foram retiradas trêsplantas por tratamento em parcelasdistintas. No laboratório procedeu-semensuração do diâmetro da haste daplanta na superfície do substrato e amedida da altura das plantas, segui-dos pela separação das folhas paraavaliação da área foliar. A área foliarfoi medida utilizando-se integrador deárea foliar (LICOR LI-3100). Para de-terminação da matéria seca da parteaérea (MSPA) o material foi seco emestufa a 70oC, até peso constante, se-guido da pesagem final. Os dados re-ferentes ao desenvolvimentovegetativo foram analisados em cadaépoca de coleta separadamente.

Os frutos foram colhidos duas ve-zes por semana, à medida que ocorri-am mudanças na sua coloração, de 27de janeiro até 7 de abril de 2004, quan-do encerrou-se o experimento,totalizando 19 colheitas. Avaliaram-sea produção total, o número de frutoscomerciáveis e não comerciáveis, di-ferenciando estes entre os com fundopreto dos com defeitos (forma e racha-dura) e o peso médio dos frutos. Osdados referentes ao desenvolvimentovegetativo e à produção total foramsubmetidos à análise de variância, pelo

Tabela 1. Composições das soluções nutritivas concentradas usadas para o preparo dassoluções de fertirrigação (concentrated nutrient solution composition used to prepare fertigationsolutions). Campinas, IAC, 2003-2004.

Soluções concentradasEstádio vegetativo

(kg 250 L-1)Estádio de frutificação

(kg 250 L-1)

Solução A

Nitrato de Ca 15,0 15,0

Sol. Micros 10X, L 2,0 2,0

Quelato de Fe (6%) 0,6 0,6

Solução B (kg 250 L-1) (kg 250 L-1)

Nitrato de K 9,0 9,0

MAP 4,0 2,0

MKP 0 3,0

Sulfato de Mg 8,0 8,0

Sulfato de K 0 3,0

Solução de micronutrientes 10X (g 10 L-1) (g 10 L-1)

Ácido Bórico 300 300

Sulfato de Cobre 50 50

Sulfato de Manganês 200 200

Sulfato de Zinco 75 75

Molibdato de Sódio 15 15

RCM Pires et al.

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231Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

teste F. As médias foram comparadaspelo teste de Duncan, ao nível de 5%de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se que não houve efeitosignificativo dos tratamentos em rela-ção ao diâmetro da haste na primeira esegunda época de avaliação (Tabela2). No entanto, aos 141 DAT observa-se menor desenvolvimento do diâme-tro da haste quando as irrigações ocor-reram em dias alternados (T6) quandocomparado à irrigação duas vezes aodia (T4).

Com relação à altura das plantas(Tabela 2) nota-se que aos 43 DAT ovalor observado no T3 (irrigação 3vezes por dia) foi maior e diferiu sig-nificativamente do T4. O T3 não dife-riu estatisticamente dos demais trata-mentos. Na segunda avaliação, nota-se a redução de altura das plantas noT6 em relação aos tratamentos T2, T3e T5. Não foram observadas diferen-ças nas alturas das plantas entre ostratamentos T1, T2, T3, T4 e T5, bemcomo entre os tratamentos T1, T4 eT6. Na última avaliação, nota-se re-dução na altura das plantas à medidaque se diminuiu o número de irriga-ções, sendo estatisticamente diferen-te aquela avaliada nas plantas do T6quando comparada às dos tratamen-tos T1, T2 e T3.

Observa-se para o IAF, que aos 43DAT os tratamentos T1 e T3 diferi-ram estatisticamente de T4, T5 e T6,sendo os menores valores obtidos emT4 e T6 (Tabela 2). Na segunda épocade amostragem, o menor IAF ocorreunas plantas do T6 (irrigações em diasalternados) diferindo dos avaliadosnos tratamentos T1, T2 e T3. Aos 141DAT, na fase final de cultivo do to-mateiro, não foi observada diferençano IAF entre os tratamentos avalia-dos. Andriolo et al. (1999) encontra-ram valores de IAF no final do ciclodo tomateiro cultivado em estufa va-riável de acordo com o substrato uti-lizado, sendo que os valores obtidosforam maiores que no presente traba-lho (Tabela 2). Fayad et al. (2001)

observaram redução do IAF a partirde 90 dias após o transplantio de for-ma similar ao observado no presentetrabalho, comparando a segunda e aterceira época de amostragem. O va-lor de pico de IAF do tomateiro emestufa encontrado por Fayad et al.(2001) foi de 4,12, inferior àquelesobtidos no T1 a T5 e superior ao T6.Considerando 36 DAT e 105 DAT, Pi-res et al. (2006) observaram valoresde IAF, variando de 1,14 a 1,57 e de2,39 a 3,66, respectivamente, e, por-tanto, menores que os obtidos na pri-meira e na segunda época de avalia-ção no presente trabalho (Tabela 2).Tal diferença pode ter ocorrido emfunção da condução dos tratos cul-turais relacionados à limpeza das fo-lhas baixeiras adotada pelos autores.Em trabalho de reutilização da solu-ção nutritiva drenada com valores ele-vados de condutividade elétrica nocultivo do tomateiro em substrato emestufa no outono e na primavera emSanta Maria, RS, Andriolo et al. (2003)obtiveram valores de IAF menores, emépocas semelhantes de amostragens(43 e 99 DAT), que os apresentados

na Tabela 2. Cabe ressaltar que ascondições de cultivo avaliadas pelosautores eram estressantes o que podeter refletido no desenvolvimento dacultura. Valores de IAF de 6 a 7, e,portanto, acima dos apresentados naTabela 2 foram obtidos por Rattin etal. (2003), no entanto, com densida-de de plantas, cerca de 10% acima daadotada no presente trabalho.

O fracionamento da irrigação e dafertirrigação favoreceu o incremento damatéria seca da parte aérea (MSPA) dasplantas nos tratamentos T1, T2 e T3quando comparado aos tratamentos T4,T5 e T6 na primeira época de amostragem(Tabela 2). No entanto, as diferenças nãose mantiveram nas avaliações efetuadasaos 99 DAT, provavelmente, devido aoelevado valor de coeficiente de varia-ção (CV) observado, visto que com apequena redução desse índice na ter-ceira época de amostragem, com dife-renças de peso semelhantes de MSPA àsegunda avaliação entre tratamentos,novamente diferenças significativas fo-ram observadas. As plantas do T4 e doT6 tiveram menor desenvolvimento emrelação aquelas do T1 e T2 diferindo

Desenvolvimento e produtividade do tomateiro sob diferentes freqüências de irrigação em estufa

Tabela 2. Valores médios de diâmetro da haste (cm), da altura das plantas (m), do índice deárea foliar (IAF) e da matéria seca da parte aérea por planta (MPSA) em diversas freqüênciade irrigação do tomateiro, cultivado em substrato em estufa. (mean values of stem diameter(cm), plant height (m), leaf area index (IAF) and dry matter in the above-ground part (g) oftomato plants in various irrigation treatments, grown in coconut fiber substrate undergreenhouse conditions). Campinas, IAC, 2003-2004.Freqüênciadeirrigação

43 DAT 99 DAT 141 DAT 43 DAT 99 DAT 141 DAT

Diâmetro da haste (cm) Altura das plantas (m)

T1 1,37* a 1,57 a 2,00 ab 1,42 ab 2,59 ab 2,81 a

T2 1,21 a 1,65 a 2,01 ab 1,42 ab 2,93 a 2,86 a

T3 1,38 a 1,74 a 2,04 ab 1,43 a 3,02 a 2,93 a

T4 1,38 a 1,57 a 2,19 a 1,32 b 2,70 ab 2,65 ab

T5 1,30 a 1,78 a 1,72 ab 1,37 ab 2,87 a 2,65 ab

T6 1,38 a 1,49 a 1,52 b 1,37 ab 2,34 b 2,41 b

CV(%) 12,6 12,8 14,4 3,7 9,0 5,5

Índice de área foliar Matéria seca parte aérea (g)

T1 3,55 a 5,92 a 2,32 a 119,8 a 318,3 a 245,2 a

T2 3,15 ab 5,72 a 2,29 a 107,5 a 312,8 a 232,3 a

T3 3,46 a 5,78 a 1,90 a 118,8 a 288,5 a 216,5 ab

T4 2,50 b 4,75 ab 1,95 a 90,5 b 242,9 a 162,8 b

T5 2,70 b 4,60 ab 2,18 a 92,9 b 272,6 a 187,2 ab

T6 2,57 b 4,13 b 1,90 a 91,9 b 228,2 a 158,9 b

CV(%) 12,1 15,1 16,2 6,4 17,7 16,2

*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan(p<0,05). (*means followed by the same letter are not different by Duncan test (p<0.05)).

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232 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

estatisticamente das mesmas. Os valo-res de MSPA, na terceira avaliação, nãodiferiram estatisticamente entre os tra-tamentos T1, T2, T3 e T5. Tal diferençatambém não ocorreu entre os tratamen-tos T3, T4, T5 e T6. Os valores de MSPAdo tomateiro observados nos tratamen-tos com irrigação mais frequentes (T1)na terceira e na segunda época deamostragem foram semelhantes aos ob-tidos por Andriolo et al. (1999) e Rattin

et al. (2003), respectivamente. Grave etal. (2001) obtiveram valores acima dosapresentados na Tabela 2 no início doperíodo de maturação dos frutos. Emcultivo do tomateiro em estufa, em Viço-sa-MG, Fayad et al. (2001) observaramvalores de pico de MSPA acima dos apre-sentados na Tabela 2. No entanto, aos99 DAT os valores obtidos nos trata-mentos com irrigações mais freqüentes(T1 e T2) são semelhantes aos obser-

vados por estes autores. Em condiçãode salinidade elevada observada atra-vés da avaliação da condutividade elé-trica da solução nutritiva utilizada (va-riando de 3,3 a 8,9 dS m-1 nos dois anosde cultivo apresentados) Andriolo et al.(2003) obtiveram valores de MSPA in-feriores aos obtidos na primeira e se-gunda época de amostragem (Tabela 2)no outono e na primavera. Consideran-do o número de dias após o transplantiosemelhante (aos 36 e aos 105 DAT), Pi-res et al. (2006) observaram valoresacima dos obtidos no presente traba-lho (Tabela 2). No entanto, ressalta-seque o cultivo ocorreu no outono-inver-no, período mais favorável ao desen-volvimento da cultura, com menor de-manda evaporativa do ambiente que odo presente trabalho durante a prima-vera-verão.

As freqüências de irrigação influen-ciaram significativamente o potencialda água no tomateiro (Figura 1). Osmenores valores foram observados notratamento T6 (-1,06 MPa). O cursodiário do potencial da água nas plan-tas de tomate demonstra que os de-créscimos no Ψ

wf coincidem com o

horário de maior demanda atmosférica(por volta das 13:00 h) e indicam que amaior freqüência de irrigação favore-ce a manutenção do status hídrico dasplantas no sistema de cultivo protegi-do, com valores mínimos de ψ

wf va-

riando de -0,44 a -0,56 MPa nos trata-mentos T1 e T5 respectivamente.

Os valores médios de produção defrutos do tomateiro Sahel, obtidos de27 de janeiro a 7 de abril de 2004 indi-cam que de um modo geral a irrigaçãoefetuada numa única operação oufracionando-a em duas a cinco vezesao longo do dia favoreceu o aumentoda produção, tanto em peso quanto emnúmero de frutos, quando comparadaà aplicação a cada dois dias (Tabela3). No entanto, observa-se tendênciade diminuição no peso médio dos fru-tos à medida que diminui o número deoperações, com diferenças significati-vas entre o grupo de tratamentos comirrigação mais freqüente (T1, T2, T3) ea irrigação em dias alternados (T6). Nasplantas do T6 onde foram observados

Figura 1. Potencial da água nas folhas (Ψwf

) do tomateiro cultivado em seis tratamentos deirrigação, aos 107 dias após o transplantio. (leaf water potential (Ψ

wf), in tomato plants, in six

irrigation treatments, 107 days after transplantation). Campinas, IAC, 2003-2004.

RCM Pires et al.

Tabela 3. Valores médios por planta de produção total (kg), de número de frutos e de pesomédio dos frutos comerciáveis (kg fruto-1), e número médio de frutos não comerciáveis em 20plantas, com fundo preto e com defeitos (forma e rachaduras) obtidos em seis tratamentos deirrigação ao longo do ciclo do tomateiro, cultivado em substrato em estufa (mean values oftotal yield per plant (kg), number and mean weight of marketable fruits (kg fruit-1) and meannumber of no marketable fruits in 20 plants, with blossom-end rot and tomato fruit desorders(size and fruit cracking) in six irrigation treatments of tomato plants, grown in coconut fibersubstrate under greenhouse conditions.*). Campinas, IAC, 2003-2004.

Freqüênciade irrigação

Frutos comerciáveisFrutos não comerciáveis

(20 plantas)

Produção(kg planta-1)

Nº planta -1 Peso médio(kg fruto-1)

Fundo preto Defeitos

T1 5,75 a 57,5 ab 0,1040 a 1,25 b 11,0 a

T2 6,00 a 58,8 a 0,1049 a 1,50 b 6,8 a

T3 5,50 ab 56,5 ab 0,1037 a 1,25 b 11,0 a

T4 5,00 bc 54,5 ab 0,1008 ab 2,75 b 10,3 a

T5 5,75 a 59,3 a 0,1007 ab 6,25 a 6,8 a

T6 4,50 c 52,8 b 0,0949 b 9,25 a 7,5 a

CV (%) 7,78 5,66 4,71 58,2 38,5

*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan(p<0,05).(*means followed by the same letter are not different by Duncan test (p<0.05)).

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233Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

Desenvolvimento e produtividade do tomateiro sob diferentes freqüências de irrigação em estufa

os menores valores de produção porplanta e peso de frutos (Tabela 3) fo-ram observados os menores valores (-1,06 MPa) de potencial de água na fo-lha (Figura 1). Tal fato pode ser rela-cionado ao maior intervalo entre irri-gações adotado no tratamento. Os re-sultados do desempenho dos trata-mentos de frequência de irrigaçãoadotados estão correlacionados aovolume de substrato utilizado bemcomo às características de retenção deágua do mesmo. Em cultivo do toma-teiro em substrato em cultivo protegi-do, Fernandes et al. (2002) verificaramque a fertirrigação aplicada com maiorfreqüência aumentou a produção defrutos, sendo que esse efeito positivode irrigações mais freqüentes no culti-vo em substratos também foi ressalta-do por Marouelli et al. (2005). Estesresultados estão de acordo com a ten-dência observada no presente estudo(Tabela 3). Os valores de produção defrutos do tomateiro apresentados naTabela 3 foram maiores que os obser-vados por Fayad et al. (2001), Eklundet al. (2005) no cultivo do tomateiroem solo e por Rattin et al. (2003),Carrijo et al. (2004), Fontes et al.(2004), Carrijo et al. (2002) e Carvalho& Tessarioli Neto (2005) em condiçõesde cultivo protegido em substrato.Com relação ao número de frutos e aopeso médio dos frutos, Carvalho &Tessarioli Neto (2005), obtiveram me-nores valores comparando-se os resul-tados apresentados na Tabela 3 compopulação de plantas semelhante,condução de um ramo por planta e omesmo tipo de fruto do avaliado nopresente estudo.

Além dos aspectos quantitativos,fatores qualitativos da produção sãofundamentais no cultivo de tomatepara consumo in natura. De acordocom os resultados da Tabela 3, nota-se que as irrigações menos freqüentes(T5 e T6) desfavoreceram a assimila-ção de cálcio, uma vez que a movimen-tação deste elemento do substrato àsuperfície radicular ocorre através dofluxo de massa, resultando em maiornúmero de frutos com fundo preto emrelação aos demais tratamentos. Por

outro lado, com relação ao número defrutos com defeito (forma e rachadu-ras) não houve efeito significativo dostratamentos, mas menor número defrutos defeituosos foi obtido em T2 eT5 mantendo o mesmo desempenhoque os parâmetros produção e núme-ro de frutos.

De modo geral as irrigações maisfreqüentes favoreceram o desenvolvi-mento vegetativo e produtivo do to-mateiro fertirrigado em condições decultivo protegido em substrato de fi-bra de coco (Tabelas 2 e 3), tanto nosaspectos quantitativos quanto quali-tativos. Para as condições em que serealizou o experimento as freqüênciasde irrigação de uma, três, quatro e cin-co vezes por dia favoreceram a produ-ção de frutos por planta (Tabela 3). Noentanto, considerando os frutos nãocomerciáveis (Tabela 3) os tratamen-tos com freqüência de irrigação de umavez por dia e em dias alternados resul-taram em maior número de frutos comfundo preto.

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235Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

A berinjela (Solanum melogena L.)sempre foi considerada hortaliça de

importância secundária, porém, dado ocrescente interesse da população emconsumir produtos de origem vegetal,com baixas calorias, seu volumecomercializado vem aumentando conti-nuamente (Silva et al., 1999). Alguns es-tudos confirmam que seu suco é eficazem reduzir o colesterol total e tecidual,os triglicérides e a peroxidação lipídica(Jorge et al., 1998).

A comercialização da berinjela éfreqüentemente realizada a granel e semo uso de refrigeração, provocando, empoucos dias, a perda de qualidade emvirtude do murchamento, aspecto es-ponjoso e ausência de brilho dos fru-tos, o que deprecia o seu valor comer-

SOUZA PA; AROUCHA EMM; SOUZA AED; COSTA ARFC; FERREIRA GS. BEZERRA NETO F. 2009. Conservação pós-colheita de berinjela comrevestimentos de fécula de mandioca ou filme de PVC. Horticultura Brasileira 27: 235-239.

Conservação pós-colheita de berinjela com revestimentos de fécula demandioca ou filme de PVCPahlevi A de Souza1; Edna M Mendes Aroucha; Aline ED de Souza; Andréa RFC da Costa; Gilvaniade S Ferreira; Francisco Bezerra NetoUFERSA-Depto. Ciências Ambientais, 59625-900 Mossoró-RN; Bolsista PDP/CNPq; [email protected]

cial e nutritivo (Henz & Silva, 1995). Asperdas pós-colheitas de frutas e hortali-ças são muito elevadas no Brasil. Asprincipais causas dessas perdas estãorelacionadas à falta de transporte ade-quado, ao uso de embalagens imprópriase a não utilização de refrigeração duranteo armazenamento (Borges, 1991).

Dentre técnicas de manuseio ade-quado para o aumento da vida útil pós-colheita de frutos e hortaliças cita-se,de uma forma geral, o controle deparâmetros que definem o ambiente dearmazenamento, com destaque para atemperatura, umidade relativa e atmos-fera (Durigan, 1999).

A utilização de embalagens depolietileno com conseqüente modifica-ção de atmosfera torna a disponibilida-

de de O2 no interior da embalagem me-

nor, o que favorece a retenção de ácidoascórbico (Kader, 1986), reduz a taxa res-piratória, a produção de etileno, e o amo-lecimento (Chitarra & Chitarra, 2005) e,por limitar a murcha e manter a cor doproduto, mantém a aparênciacomercializável por um período maior(Pariasca et al., 2000). Por estas razões,e pela praticidade de uso e custo relati-vamente baixo, os filmes poliméricosestão cada vez mais sendo utilizadospara prolongar a vida útil de prateleirade diversos produtos.

Mais recentemente, pesquisadorestêm estudado o efeito do revestimentode produtos vegetais com biofilmes, vi-sando controlar a transpiração e o meta-bolismo respiratório dos mesmos. Para

RESUMOCom o objetivo de avaliar a conservação pós-colheita de berinje-

las revestidas com filmes de PVC ou películas de fécula de mandiocaa 3%, foram colhidos frutos de berinjela, cultivar Embú, aos 147 diasapós a semeadura em campo da UFERSA em Mossoró-RN. Os fru-tos foram transportados ao Laboratório de Pós-Colheita e armazena-dos por 15 dias em condições ambientais (26 a 29ºC; UR de 50-75%).O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em esque-ma fatorial 3 x 6, com três repetições e três frutos por parcela. Ostratamentos constaram da combinação de 3 tipos de revestimento(controle, fécula de mandioca a 3% ou filme plástico) e 6 tempos dearmazenamento (0; 3; 6; 9; 12 ou 15 dias). Avaliou-se a aparênciaexterna (escala 1-5), perda de massa (%), firmeza da polpa (N) eteores de sólidos solúveis (º Brix), acidez total (% de ácido cítrico) eácido ascórbico (mg/100 g polpa). O uso do filme plástico foi eficien-te em manter a aparência externa e reduzir a perda de massa. O uso defécula de mandioca não foi eficiente em prolongar a vida útil pós-colheita da berinjela quando comparado com o uso de filme plástico.Baseado na aparência externa, o período de conservação da berinjelafoi de 15, 12 e 9 dias para os tratamento com filme plástico, fécula demandioca e controle, respectivamente.

Palavras-chave: Solanum melongena, vida-útil pós-colheita, filmescomestíveis.

ABSTRACTPostharvest conservation of eggplant fruits by the application

of cassava edible coating or PVC film

The postharvest conservation of eggplant fruits covered withcassava starch at 3% or covered with PVC film was compared. Fruitsof the cultivar Embú were taken 147 days after sowing date in thefield, in Mossoró, Rio Grande do Norte State, Brazil. Afterwards,the fruits were taken to the Postharvest Laboratory and stored during15 days in environmental conditions (26-29oC and 50-75% RH). A 3x 6 factorial scheme with three replications of three fruits per plot ina completely randomized design was used. The treatments consistedof the combination of three coating types (control, cassava starchand polyethylene film) with six storage times (0; 3; 6; 9; 12 or 15days). The external appearance (1-5 scale), mass loss (%), fleshfirmness (N) and soluble solids (ºBrix), titratable acidity (% of citricacid), and ascorbic acid (mg/100 g of pulp) content of fruits wereevaluated. Polyethylene film was the most efficient coat to keep theexternal appearance and to reduce the mass loss of the eggplantfruits. The cassava starch coat was not so efficient in extending theshelf life of eggplant fruits as the PVC film was. Based on externalappearance, the conservation period for eggplant fruits was of 15and 12 days for PVC film and cassava starch, compared to 9 days ofthe control treatment.

Keywords: Solanum melongena, postharvest shelf-life, edible coating.

(Recebido para publicação em 29 de fevereiro de 2008; aceito em 8 de abril de 2009)(Received in February 29, 2008; accepted in April 8, 2009)

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isto, testes são realizados com amido,proteínas e outros (Cereda et al., 1992).O uso dessas tecnologias é de funda-mental importância, pois contribui parareduzir perdas pós-colheita e permite acomercialização dos produtos para mer-cados mais distantes.

O uso de películas (filmes) comestí-veis é uma proposta que vem sendo usa-da com a mesma finalidade da cera. Nes-ta técnica são utilizados, como matériaprima, os derivados do amido, da celu-lose ou do colágeno. Podem ser usadasdiretamente sobre os alimentos, quepoderão ser consumidos ainda com apelícula. A fécula de mandioca é consi-derada a matéria-prima mais adequadana elaboração de biofilmes comestíveis,por formar películas resistentes e trans-parentes, por serem eficientes barreirasà perda de água, proporcionando bomaspecto e brilho intenso, tornando fru-tos e hortaliças comercialmente atrati-vos (Bobbio & Bobbio, 1984; Cereda etal., 1992; Vila, 2004).

Resultados positivos com a utiliza-ção de fécula de mandioca, para prolon-gar a vida útil são relatados para váriosprodutos, tais como goiaba (Oliveira,1996), tomate (Vietes et al., 1997), mo-rango (Henrique & Cereda, 1999), pepi-no (Reis et al., 2006) e mamão (Pereira etal., 2006). Por outro lado, Vicentini et al.(1999) e Lemos et al. (2007) verificaram

efeito negativo do uso de fécula de man-dioca em pimentões, pois a mesma nãomostrou ser uma eficiente barreira con-tra a perda de água.

O objetivo deste trabalho foi avaliara conservação pós-colheita de frutos deberinjela revestidos com filmes de PVCe películas de fécula de mandioca.

MATERIAL E MÉTODOS

Os frutos de berinjela, cultivar Embú,foram cultivados no município deMossoró-RN, em campo da UFERSA,localizada a aproximadamente 18 m dealtitude, com coordenadas geográficas5º 11’ de latitude Sul e 37º 20’ de longi-tude Oeste do meridiano de Greenwich.O clima dessa região é quente e secocom temperatura e pluviosidade médi-as anuais de 27,4±2º C e 695,8 mm, res-pectivamente.

Os frutos de berinjela, colhidos aos147 dias após a semeadura, foram trans-portadas para o Laboratório de Pós-Co-lheita da UFERSA, onde foram selecio-nados e sanitizados com solução de clo-ro ativo (100 mg×L-1/3 min). Em seguida,parte dos frutos foi recoberta com sus-pensão de fécula de mandioca na con-centração de 3%, outra parte foirecoberta com filme de PVC comercialAlp Film®, esticável e autoaderente,com 15 µm de espessura, e os demais

frutos foram mantidos sem tratamento.A formulação da fécula consistiu de

um aquecimento prévio da solução a70°C, para a geleificação e após resfria-da, os frutos foram imersos na suspen-são, por 1 minuto, retirados e deixadossecar naturalmente. O armazenamentodas berinjelas nos tempos pré-fixadosfoi realizado em condições ambientais,com temperatura variando de 26 a 29ºC ede 50 a 75% de UR.

O delineamento experimental foi in-teiramente casualizado em esquemafatorial 3 x 6, consistindo de tipos derevestimento (controle, fécula de man-dioca a 3% e filme plástico) e tempos dearmazenamento (0; 3; 6; 9; 12 e 15 dias),realizados em três repetições de três fru-tos por parcela. A cada tempo dearmazenamento avaliaram-se a aparên-cia externa (usando escala visual e sub-jetiva, variando de 1 a 5, considerando-se a ausência ou presença de defeitos;perda de massa, através da diferençaentre a massa inicial e massa obtida acada intervalo de tempo, resultados ex-pressos em porcentagem); firmeza dapolpa (utilizando penetrômetro com pon-teira cilíndrica de 8 mm de diâmetro, trêsmedições por fruto, resultados expres-sos em Newton (N)); teor de sólidossolúveis (determinado no suco filtradousando-se refratômetro digital, resulta-dos expressos em ºBrix (AOAC, 1992));

Figura 1. Aparência externa (A) e perda de massa (B) em frutos de berinjela, cultivar Embú, tratados com fécula de mandioca a 3% ou envoltosem PVC, e armazenados durante 15 dias em condições ambientais (26-29ºC; 50-75% UR) (external apearance (A) and weight loss (B) ofeggplant, cv Embu, treated with 3% cassava starch or wrapped in PVC film and stored for 15 days at ambiental conditions (26-29° C; 50-75%RH). Mossoró, UFERSA, 2007.

PA Souza et al.

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teor de acidez titulável (através detitulação de uma alíquota do suco filtra-do com solução de NaOH (0,1N), resul-tados expressos em % de ácido cítrico(IAL, 1985)); conteúdo de ácidoascórbico (determinado por titulação daamostra com solução de Tillman (2,6diclorofenol indofenol 0,02%- DFI)(Strohecker & Henning ,1967)).

Os dados obtidos foram submetidos àanálise de variância. Para o fator qualitati-vo utilizou-se o teste de Tukey a 5% deprobabilidade e para o fator quantitativo,análise de regressão, através do progra-ma Table Curve (Jandel Scientific, 1991).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi observada interação significati-va entre os tipos de revestimento e otempo de armazenamento apenas paraas características aparência externa eperda de massa. Houve perda de quali-dade externa no final do armazenamento(Figura 1A), sendo mais nítida para ostratamentos controle e fécula quandocomparado ao filme plástico. Aos 15dias, apenas o tratamento filme plásticoapresentava-se com qualidade comercial(nota >3,0). O efeito positivo da embala-gem plástica está associado a uma bar-reira de proteção que separa os frutosdo contato direto com o meio, preser-vando assim, a integridade física dosmesmos, argumentam Sarantópoulos &Soler (1989).

Os tratamentos com fécula e contro-le apresentaram frutos com vida útil de12 e 9 dias, respectivamente. A reduçãodos valores da aparência externa foi de-vida, principalmente, aos sintomas demurcha, perda de brilho, depressões nacasca e leve ataque fúngico. Foi verifi-cado também, descascamento da pelí-cula nos frutos tratados com fécula demandioca. A aparência externa é o fatorde qualidade de maior importância doponto de vista de comercialização(Chitarra & Chitarra, 2005). É avaliadapor diferentes atributos tais como graude frescor, tamanho, forma, cor, higiene,maturidade e ausência de defeitos.

Houve acréscimo gradual da perdade massa dos frutos durante oarmazenamento em todos os tratamen-tos estudados. Observou-se a maiorperda de massa nos frutos tratados com

biofilme de fécula de mandioca, seguidopelo tratamento controle (Figura 1B). Aofim do período de 15 dias, os frutos deberinjela apresentaram perda de massade 13,2%, 14,7% e 6,0% para os trata-mentos controle, fécula e filme plástico,respectivamente. Essa perda foi maisacentuada nos frutos tratados com fé-cula de mandioca, porém o efeito da per-da de massa não foi visível a olho nuquando comparado ao controle.

Resultados semelhantes foram detec-tados por Lemos et al. (2007), que ava-liando o efeito de biofilmes de fécula demandioca nas concentrações de 3, 4 e 5%sobre a conservação de pimentões ‘Ma-gali R’, armazenados sob duas condiçõesde armazenamento, verificaram que, noambiente, o biofilme não reduziu a perdade massa e, sob refrigeração, os frutostratados com o biofilme perderam maismassa que o controle. Vicentini et al.(1999), utilizando revestimento com fécu-la de mandioca a 1 e 3% em pimentão, ePereira et al. (2006), avaliando este re-vestimento em mamão a 1, 2 e 3%, tam-bém não observaram redução significati-va da perda de massa pelo uso dobiofilme. Todavia, os últimos autores ve-rificaram uma menor perda em valores ab-solutos, com o aumento da concentra-ção da fécula na suspensão. Ao contrá-rio dos resultados evidenciados no pre-sente trabalho, o revestimento com fécu-la em goiaba foi efetivo para evitar a per-da de massa (Oliveira, 1996). SegundoChitarra & Chitarra (2005), o uso de co-berturas hidrofílicas, como o amido, temlimitações quanto às propriedades de bar-reira de vapor d’água. Para sanar tal limi-tação poderia se adicionar ao filme co-mestível algum lipídeo ou proteína.

Quanto à utilização do filme plásti-co, Moretti & Pineli (2005), usando dife-rentes atmosferas em berinjelas armaze-nadas a 12ºC, observaram reduzida per-da de massa com o uso do filme plásti-co, associado ou não ao CaCl

2, em rela-

ção ao controle. Assim, o PVC mostrou-se efetivo na contenção da perda demassa, provavelmente, devido à redu-ção da taxa respiratória nos frutos e tam-bém por formar importante barreira con-tra a perda de água (Hojo et al., 2007).

Durante o período dearmazenamento, verificou-se reduçãosignificativa na firmeza dos frutos, com

o tempo de armazenamento das berinje-las à medida que as mesmas avançaramsua maturação (Figura 2A). Pode-seconcluir que essa perda de firmeza nãoteve como causa principal a perda demassa, mas está relacionado também coma hidrólise do amido, o que contribui paraas mudanças de textura. Kaynas et al.(1995) também verificaram redução noteor de amido durante o armazenamentode berinjelas.

Neste experimento os tratamentosutilizados não exerceram influência namanutenção da firmeza dos frutos deberinjela. Ao contrario, Moretti & Pineli(2005) observaram que berinjelas envol-vidas com filmes de polietileno de baixadensidade apresentaram-se mais firmesdurante o armazenamento.

Não houve efeito significativo dostratamentos para a acidez titulável. En-tretanto, ao longo do armazenamento,verificou-se certa variação nos teores deacidez (Figura 2B). A oscilação no teorde acidez titulável, ao longo doarmazenamento, pode está relacionadaaos processos bioquímicos do metabo-lismo respiratório, que tanto sintetizaquanto consome ácido como esqueletode carbono (Chitarra & Chitarra, 2005).Resultados semelhantes foram observa-dos em pimentões revestidos combiofilme de fécula de mandioca por Hojoet al. (2007) que verificaram aumento naacidez titulável em pimentões ao longodo período de armazenamento.

Houve efeito significativo do tempode armazenamento sobre o conteúdo deácido ascórbico dos frutos de berinjela(Figura 2C), com aumento durante a pri-meira semana de armazenamento e pos-terior tendência de estabilização. Ao lon-go do experimento, observou-se um in-cremento de 53,27%. Resultados seme-lhantes foram verificados em pimentõespor Morgado et al. (2008), com aumentonos teores de ácido ascórbico durante oarmazenamento com cera e PVC.

Na maioria dos produtos armazena-dos ocorre a rápida degradação do teorde ácido ascórbico, pois o mesmo é bas-tante instável e sua elevada degradaçãoé decorrente da facilidade de oxidação eação enzimática da ascorbato oxidase(Islam et al., 1993; Saari et al., 1995). Oácido ascórbico é um importante atribu-to de qualidade, entretanto, os teores

Conservação pós-colheita de berinjela com revestimentos de fécula de mandioca ou filme de PVC

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encontrados em berinjela são muito bai-xos quando comparados a outras horta-liças ou frutas.

Não houve efeito significativo dostipos de revestimento, tempo dearmazenamento e de sua interação parao conteúdo de sólidos solúveis, que fo-ram mantidos inalterados durante o pe-ríodo de armazenamento das berinjelas(Figura 2D), com valores médios de 4,0-4,2º Brix. No entanto, Kaynas et al. (1995)e Moretti & Pineli (2005), observaramaumento nos teores de sólidos solúveis,variando de 4,2 ºBrix e 5,4 °Brix, paraberinjelas armazenadas sob refrigeraçãoe atmosfera modificada. Tais resultados,no presente trabalho, para o conteúdo

de sólidos solúveis, podem estar relacio-nados ao não uso da refrigeração, quedevido ao estresse causado pelo tipode armazenamento, pode ter causadoaceleração do metabolismo do amido, as-sim como do consumo dos açúcares so-lúveis nos processos respiratórios.

O uso do filme plástico foi eficienteem manter melhor aparência externa ereduzir a perda de massa. Os resultadosobtidos com o uso de fécula de mandio-ca não se mostraram satisfatórios secomparados ao filme plástico, porémapresentaram bons resultados quandocomparados ao controle. Baseado naaparência externa, o período de conser-vação da berinjela foi de 15, 12 e 9 dias

Figura 2. Firmeza da polpa (A), e teores de acidez titulável (B), de ácido ascórbico (C) e sólidos solúveis (D) em frutos de berinjela, cultivarEmbú, armazenados durante 15 dias em condições ambientais (26-29ºC; 50-75% UR). (flesh firmness (A), titratable acidity (B) ascorbic acid(C) and average values of soluble solids (D) of eggplant, cv Embu, stored for 15 days at ambiental conditions (26-29°C; 50-75% RH).Mossoró, UFERSA, 2007.

para os tratamento com filme plástico,fécula de mandioca e controle, respecti-vamente.

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Conservação pós-colheita de berinjela com revestimentos de fécula de mandioca ou filme de PVC

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240 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

A técnica do condicionamento fisio-lógico foi desenvolvida visando

principalmente à redução do período degerminação e de emergência dasplântulas e à obtenção de estandes uni-formes, especialmente quando as semen-tes são expostas a condições ambientaisadversas. Esta técnica compreende ahidratação controlada das sementes atéatingir nível suficiente para ativar os pro-cessos preparatórios essenciais à ger-minação, sem permitir a protrusão da raizprimária. Desse modo, a hidratação deveocorrer em velocidade que permita a re-paração e/ou reorganização das membra-nas, reduzindo riscos de danos relacio-

KIKUTI ALP; MARCOS FILHO J. 2009. Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor. Horticultura Brasileira. 27: 240-245.

Condicionamento fisiológico de sementes de couve-florAna Lúcia P Kikuti; Julio Marcos FilhoUSP-ESALQ, Depto Produção Vegetal, C. Postal 09, 13418-900 Piracicaba-SP; [email protected]; [email protected]

nados à rápida absorção de água (San-tos & Menezes, 2000).

A emissão da raiz primária sinaliza oinício da fase III da curva de embebiçãoe caracteriza a perda da tolerância dassementes de várias espécies àdessecação. Portanto, é necessário de-terminar o momento apropriado para fi-nalizar o fornecimento de água para assementes; se a interrupção no forneci-mento de água à semente for prematura,a ativação do metabolismo pode ser in-suficiente para uniformizar o desempe-nho da amostra, quando tardia, podeintensificar a possibilidade de reversãodos efeitos do condicionamento (Mar-

cos Filho, 2005).

Os tratamentos condicionadores in-cluem a hidratação em soluçõesosmóticas, empregando substânciascomo polietilenoglicol (PEG) ou sais, ocondicionamento em matriz sólida, emque as sementes são colocadas em con-tato com material sólido (de baixo po-tencial mátrico) umedecido e ahidratação em água(hidrocondicionamento) ou em atmos-fera úmida ou por meio de tamborrotativo.

Para sementes de couve-flor, Fujikuraet al. (1993) relataram que tanto ohidrocondicionamento quanto o

RESUMOEsta pesquisa teve como objetivos definir o procedimento para o

condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor e verificar ainfluência do potencial fisiológico das sementes sobre os resultadosdesse tratamento. Seis lotes de sementes, três da cultivar Sharon etrês da cultivar Teresópolis Gigante, foram submetidos aohidrocondicionamento entre camadas de duas, quatro e seis folhas depapel toalha e ao osmocondicionamento entre camadas de quatrofolhas de papel toalha umedecidas com solução de polietilenoglicol6000 (potenciais de -0,1 e -0,2 MPa). Em todos os procedimentos osteores de água foram ajustados para 32 e 38%, para a cultivar Sharon,e 34 e 41% para a cultivar Teresópolis Gigante. Os efeitos dos trata-mentos sobre a germinação e emergência das plântulas foram compa-rados à testemunha (sem condicionamento). O hidrocondicionamentoentre quatro e seis folhas, até a obtenção dos teores de água maiselevados, beneficiou a velocidade de germinação (VG) e a de emer-gência de plântulas (VE), nas duas cultivares. Na cultivar Sharon aVG foi de 14,6 (testemunha) em comparação a 16,4 nas sementeshidrocondicionadas, para os lotes de maior e menor potencial fisioló-gico; paralelamente, os valores da VE aumentaram de 8,9 para 11,2 ede 7,8 para 11,6, nos lotes de menor potencial fisiológico. Para acultivar Teresópolis Gigante, a VG e a VE foram favorecidas pelohidrocondicionamento, independentemente do potencial fisiológicodos lotes (a VG aumentou de 16,4 para 21,4 e, a VE, de 9,5 para13,5). Conclui-se que o hidrocondicionamento entre quatro e seisfolhas de papel toalha, até a obtenção de teores de água próximos aosda emissão da raiz primária é favorável à velocidade de germinação ede emergência de plântulas em couve-flor e que o potencial fisológicoinicial dos lotes pode influenciar a resposta ao condicionamento fi-siológico, dependendo da cultivar ou histórico dos lotes.

Palavras-chave: Brassica oleracea var. botrytis,hidrocondicionamento, osmocondicionamento, germinação, vigor.

ABSTRACTPriming seed treatment of cauliflower seeds

This research was conducted to define an adequate procedure forcauliflower seed priming and to verify whether the seed physiologicalpotential affects priming results. Six seed lots, three of the cultivarSharon and three of Teresópolis Gigante, were submitted tohydropriming between two, four and six sheets of towel paper andto osmopriming between four sheets of towel paper moistened withpolietilenoglycol 6000 solutions (-0,1 and -0,2 MPa potentials). Inall priming procedures, the seed water content was adjusted to 32%or 38% for cv. Sharon and 34% or 41%, for cv. Teresópolis Giganteseeds. The effects of treatments on germination and seedling emergencewere compared to unprimed control. Results showed thathydropriming between four and six sheets of towel paper wasefficient to favor speed of germination (VG) and speed of seedlingemergence (VE) in both cultivars when seeds attained 38% (cultivarSharon) and 41% (cultivar Teresópolis Gigante). VG increased from14,6 (control) to 16,4 (hydroprimed seeds) in cv. Sharon seed lots ofhigher and lower physiological potential; the same for VE that increseadfrom 8,9 to 11,3 and from 7,8 to 11,6 in seed lots of lower physiologicalpotential. In seeds of cv. Teresópolis Gigante, hydropriming promotedincreases in the VG and VE, independently of seed physiologicalpotencial; VG values ranged from 16,4 to 21,4 and the VE from 9,5 to13,5. Results showed that hydropriming between four and six sheetsof towel paper, in which seeds attained moisture content close to therequired for primary root protrusion is efficient to favor the speed ofgermination and seedling emergence of cauliflower seeds; the influenceof vigor level on seed priming response is closely related to cultivarand seed lot management.

Keywords: Brassica oleracea var. botrytis, hydropriming,osmopriming, germination, vigor.

(Recebido para publicação em 3 de abril de 2008; aceito em 8 de maio de 2009)(Received in April 3, 2008; accepted in May 8, 2009)

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osmocondicionamento favoreceram avelocidade de germinação de sementesnão envelhecidas. Porém, ohidrocondicionamento apresentou avantagem de ser mais simples, barato enão envolver reagentes ou equipamen-tos sofisticados. Do mesmo modo, ahidratação (imersão direta em água) comaeração complementar, a 20ºC, durante32 horas, seguida de secagem, resultouem melhor desempenho de sementes decouve-flor e couve-de-Bruxelas,envelhecidas e não envelhecidas(Thornton & Powell, 1995). No entanto,esses autores não indicaram os teoresde água que as sementes deveriam al-cançar durante o condicionamento.

Dentre os fatores envolvidos na efi-ciência do condicionamento está o po-tencial fisiológico inicial da semente. Naliteratura são encontrados resultadoscontraditórios quanto aos efeitos emlotes de couve-flor de elevado poten-cial fisiológico, sendo positivo para lo-tes de menor potencial fisiológico(Thornton & Powell, 1995; Powell et al.,2000).

Apesar da existência de poucos tra-balhos referentes ao condicionamentofisiológico de sementes de couve-flor,estes são de considerável importância.Falhas na emergência ou a formação deplântulas fracas podem causar sériosprejuízos ou acréscimos nos custos deprodução. Tendo em vista a importânciaeconômica dessa cultura e os possíveisbenefícios do condicionamento fisioló-gico, esta pesquisa teve como objetivosdefinir o procedimento mais adequadopara realizar o condicionamento fisioló-gico de sementes de couve-flor e verifi-car a influência do potencial fisiológicoinicial das sementes sobre a resposta aocondicionamento.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi conduzida em labora-tório da ESALQ, em Piracicaba-SP, utili-zando-se sementes de couve-flor dascultivares Sharon e Teresópolis Gigan-te, cada uma representada por três lo-tes. Inicialmente, as sementes, prove-nientes da empresa Sakata SeedSudamerica Ltda., produzidas no anoagrícola 2002, foram tratadas comIprodione (Rovral) + Thiram, na propor-

ção de 0,8 g de Rovral + 2 mL de Thiramkg-1 de semente. Em seguida, determi-nou-se o teor de água das sementes eavaliou-se o potencial fisiológico dosseis lotes, através dos testes: Determi-nação do teor de água= realizada pelométodo da estufa, a 105°C durante 24horas, de acordo com as Regras paraAnálise de Sementes (Brasil, 1992). Osresultados foram expressos em porcen-tagem média para cada lote (base úmi-da); Germinação= Utilizaram-se quatrorepetições de 50 sementes para cada lote,colocadas para germinar sobre duas fo-lhas de papel mata-borrão (tipoGermibox), umedecidas com quantidadede água equivalente a 2,5 vezes a massado substrato, no interior de caixas deplástico (11,0 x 11,0 x 3,5 cm), a 20-30°C.Foi adotado fotoperíodo diário de oitohoras, coincidindo com a temperaturamais alta. As avaliações foram efetuadasde acordo com os critérios estabeleci-dos em Regras para Análise de Semen-tes (Brasil, 1992), contando e retirandodiariamente do substrato as plântulasnormais de cada repetição. Os resulta-dos foram expressos em porcentagemmédia de plântulas normais para cadalote, dez dias após a semeadura. Calcu-lou-se também a velocidade de germina-ção (Maguire, 1962); Emergência deplântulas= foram utilizadas quatro repe-tições de 50 sementes, distribuídas emcélulas individuais de bandejas depoliestireno (“isopor”), contendosubstrato comercial. As bandejas forammantidas em ambiente protegido, comirrigação a cada dois dias. Registrou-seo número de plântulas normais 14 diasapós a semeadura, sendo os resultadosexpressos em porcentagem de plântulasemersas para cada lote; Envelhecimen-to acelerado (solução salina)= conduzi-do conforme metodologia descrita porMarcos Filho (1999), porém adicionan-do-se 40 mL de solução saturada decloreto de sódio (NaCl) no interior decada caixa de plástico (11,0 x 11,0 x 3,5cm), com o objetivo de proporcionarambiente com umidade relativa do ar de76%. As caixas de plástico com as amos-tras de sementes pré-pesadas (4,0 g) fo-ram mantidas em câmara do tipo“jaquetada” (modelo 3015 VWRScientific) durante 48 h, a 45oC. Após operíodo de envelhecimento, quatro re-petições de 50 sementes de cada amos-

tra foram submetidas ao teste de germi-nação (Brasil, 1992). A avaliação foi rea-lizada cinco dias após a semeadura, cal-culando-se a porcentagem de plântulasnormais e; Condutividade elétrica= con-duzido pelo método massal, utilizando-se quatro subamostras de 25 sementespara cada lote. As amostras foram pesa-das (precisão de 0,0001 g), colocadas emcopos plásticos contendo 25 mL de águadestilada e mantidas em germinador du-rante seis horas, a 25oC. As leituras dacondutividade elétrica foram realizadasem condutivímetro DIGIMED DM-31 eos valores médios, para cada lote, ex-pressos em µS cm-1 g-1 de semente.

Após a determinação do potencialfisiológico inicial dos lotes, foi determi-nada a marcha de absorção de água pe-las sementes com quatro repetições de6,0 g de sementes para cada lote. As se-mentes de cada repetição foram distri-buídas entre duas camadas de duas fo-lhas de papel toalha, umedecidas comágua em quantidade correspondente a2,5 vezes o peso do papel seco. Essasfolhas umedecidas foram colocadas so-bre telas em caixas de plástico transpa-rente (11,0 x 11,0 x 3,5 cm) contendo 40mL de água, para manutenção da atmos-fera úmida. Em seguida, foram coloca-das em germinador a 20º C, sendo reali-zadas pesagens em intervalos de 3 ho-ras, até que ocorresse a emissão da raizprimária. A taxa de embebição foi calcu-lada com base no peso inicial das se-mentes, conforme fórmula a seguir, des-crita por Hampton & TeKrony (1995):

P2: [(100-A)/(100-B)] x P1

Onde A= teor de água inicial da se-mente (base úmida); B= teor de águadesejado; P1= peso inicial das semen-tes (g); P2= peso final das sementes (g).

Em seguida, as sementes foram sub-metidas ao condicionamento fisiológi-co. No hidrocondicionamento, as se-mentes foram embebidas entre duas ca-madas de uma, duas e três folhas de pa-pel toalha, umedecidas com quantidadede água equivalente a 2,5 vezes a suamassa. Neste procedimento, as semen-tes foram mantidas a 20oC, até atingiremteores de água de 32 e 38%, para a culti-var Sharon, e 34 e 41%, para a cultivarTeresópolis Gigante. Os teores de água

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foram determinados com base na mar-cha de absorção de água pelas semen-tes; os valores mais baixoscorresponderam ao início e, os mais al-tos, ao fim da fase II de embebição. Atin-gidos os teores de água desejados, assementes foram retiradas do substrato esubmetidas à secagem superficial (so-bre papel toalha) por 15 minutos, paraposterior instalação dos testes de ger-minação e emergência das plântulas.

Para o osmocondicionamento, foramutilizadas soluções de polietilenoglicol6000 (PEG 6000) com potenciaisosmóticos ajustados para -0,1 MPa e-0,2 MPa (Villela et al., 1991). Os poten-ciais osmóticos foram selecionados demodo a permitirem que as sementes atin-gissem os teores de água esperados (32e 38%, para a cultivar Sharon, e 34 e 41%,para a cultivar Teresópolis Gigante). Paracada potencial osmótico, as sementesforam colocadas entre duas camadas deduas folhas de papel toalha, umedecidascom quantidade de solução equivalentea 2,5 vezes a massa do papel, a 20oC. Assementes permaneceram no germinadoraté atingirem os teores de água espera-dos, sendo em seguida, retiradas dosubstrato, lavadas em água corrente esubmetidas à secagem superficial (so-bre papel toalha), por 15 minutos, paraposterior instalação dos testes de ger-minação e de emergência de plântulas.

Para a avaliação dos efeitos imedia-tos do condicionamento foram utiliza-dos os testes de germinação e de emer-gência de plântulas (velocidade e por-centagem), conforme descrito anterior-mente, com a diferença de que, no testede emergência, a avaliação foi realizadadiariamente, através da contagem deplântulas normais em que o comprimen-to da parte aérea era igual ou superior a1,0 cm. Os resultados foram expressosem valores médios de velocidade(Maguire, 1962) e em porcentagem deemergência de plântulas 14 dias após asemeadura.

A análise estatística dos dados foirealizada considerando-se separada-mente cada cultivar e teste conduzido.Utilizou-se delineamento inteiramentecasualizado, com quatro repetições etratamentos dispostos em fatorial 10 x 3(dez tratamentos e três lotes) para a cul-tivar Sharon ou 9 x 3 (nove tratamentos

e três lotes) para a cultivar TeresópolisGigante. As médias foram comparadaspelo teste de Tukey (p ≤ 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a cultivar Sharon, o lote 1 foi ode menor potencial fisiológico inicial,identificado pelos testes de emergênciade plântulas e envelhecimento acelera-do com uso de solução saturada de NaCl(Tabela 1). Porém, o teste decondutividade elétrica, identificou oslotes 2 e 3 como os de menor potencialfisiológico, embora apenas o último te-nha diferido significativamente do lote1 (Tabela 1). O teor de água inicial dassementes variou 0,2 pontos percentuais(6,0 a 6,2%), situando-se dentro do limi-te tolerável de 2 a 3 pontos percentuais(Marcos Filho, 1999), o que confirma aconsistência dos procedimentos utiliza-dos para a condução dos testes. Para acultivar Teresópolis Gigante, os lotes 5e 6 foram identificados como os de maiore menor potencial fisiológico, respecti-vamente (Tabela 1). O teor de água ini-cial das sementes variou entre 5,9 e 6,2%.Desta maneira, os resultados mostramque os lotes de sementes de ambas ascultivares apresentavam diferenças

quanto ao potencial fisiológico inicial, oque é interessante, pois a utilização delotes com diferenças no potencial fisio-lógico e pertencentes a cultivares dis-tintas permite verificar o grau de consis-tência da aplicação dos métodos empre-gados para o condicionamento fisioló-gico das sementes, para a espécie emestudo.

Quanto à marcha de absorção deágua pelas sementes, verificou-se que aprotrusão da raiz primária ocorreu após36 horas de embebição para a cultivarTeresópolis Gigante, quando as semen-tes atingiram teor de água de aproxima-damente 43% para os três lotes estuda-dos. Já para a cultivar Sharon, a emissãoda raiz primária ocorreu quando as se-mentes atingiram em torno de 39% deágua, também após 36 horas deembebição. Considerou-se que as se-mentes atingiram a fase III da curva deabsorção de água quando pelo menos1% da amostra apresentava emissão daraiz primária.

Durante a execução dos tratamentos,verificou-se que as sementes da culti-var Sharon submetidas aohidrocondicionamento entre duas folhasde papel toalha não alcançaram teor deágua superior a 32%, devido à insuficiên-

ALP Kikuti & J Marcos Filho

Tabela 1. Testes de germinação, velocidade de germinação, emergência de plântulas, envelheci-mento acelerado, condutividade elétrica e teor de água de seis lotes de sementes de couve-flor,cultivares Sharon e Teresópolis Gigante (germination test, speed of germination, seedlingemergence, aging accelerated, electrical conductivity and moisture content of six cauliflowerseed lots, cultivars Sharon and Teresópolis Gigante). Piracicaba, USP-ESALQ, 2005.

Lotes

Cultivar Sharon

VG¹ G¹ E¹ EASS¹ TA¹ CE¹

(índice) (%) (�S cm.g-1)

1 16,1 A 98 ,A 96,B 87 ,B 6,1 126,2 AB

2 16,4 A 99 ,A 99,A 98 ,A 6,2 91,7 A

3 16,1 A 98 ,A 99,A 98 ,A 6,0 149,6 B

CV(%) 1,6 1,4 1,4 3,6 21,3

Lotes

Cultivar Teresópolis Gigante

VG G E EASS TA CE

(índice) (%) (�S cm.g-1)

4 15,2 A 94 ,A 92,AB 88 ,A 5,9 156,3 A

5 15,7 A 96 ,A 98,A 93 ,A 6,2 147,8 A

6 14,8 A 91 ,A 88,B 92 ,A 6,0 231,7 B

CV(%) 4,30 4,60 5,1 4,5 16,10

Médias seguidas de mesma letra, dentro de cada cultivar, não diferem significativamente entresi, teste de Tukey, p ≤ 0,05 (means followed by the same letter, into each cultivar, did notdiffer from each other by Tukey’s test, p ≤ 0,05); 1VG= velocidade de germinação (speed ofgermination); G= germinação (germination); E= emergência de plântulas (seedling emergence);EASS= envelhecimento acelerado (accelerated aging); TA, = teor de água (moisture content);CE= condutividade elétrica (electrical conductivity).

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cia da quantidade de água disponível;assim, o hidrocondicionamento entre 2folhas de papel até atingir teor de águade 38% não foi considerado para a aná-lise estatística. Os teores de água plane-jados não foram atingidos porque aquantidade de água retida em duas fo-lhas de papel toalha é insuficiente paraque as sementes de couve-flor atinjam ograu de umidade mínimo necessário paraa protrusão da raiz primária.

Verificou-se interação significativapara tratamentos e lotes sobre a veloci-dade de germinação e sobre a emergên-cia de plântulas (velocidade e porcenta-gem). Apenas o efeito de lotes foi signi-ficativo sobre a porcentagem de germi-nação, destacando o lote 2 como o demaior potencial fisiológico (Tabela 2),confirmando a avaliação inicial dos lo-tes (Tabela 1). Sementes dos lotes 2 e 3

da cultivar Sharon submetidas aohidrocondicionamento e aoosmocondicionamento a -0,2 MPa/38%de água apresentaram velocidade degerminação superior à da testemunha(Tabela 2). Para o lote 1, oosmocondicionamento foi menos efi-ciente que o hidrocondicionamento, re-sultando em redução da velocidade degerminação em relação à testemunha,quando o teor de água foi ajustado para32%. De maneira geral, sementes sub-metidas ao hidrocondicionamento apre-sentaram velocidade de germinação su-perior à das osmocondicionadas. Emoutros trabalhos, ohidrocondicionamento foi consideradomais eficiente que oosmocondicionamento, favorecendo avelocidade de germinação de sementesde cebola (Caseiro et al., 2004) e de cou-

ve-flor, principalmente quando a germi-nação foi avaliada sob baixa temperatu-ra (Fujikura et al.,1993).

Para a cultivar Sharon, o potencialfisiológico inicial dos lotes não influen-ciou os efeitos do condicionamento fi-siológico das sementes, avaliados pelavelocidade de germinação. Houve be-nefícios à velocidade de germinação parao lote de maior potencial fisiológico (lote2) e para o lote 3, de potencial fisiológi-co inferior ao lote 2 (Tabela 2). Estes re-sultados são semelhantes aos obtidospor Thornton et al. (1993) e porThornton & Powell (1995) com semen-tes de couve-flor.

Não houve efeito do condicionamen-to fisiológico sobre a porcentagem deplântulas normais obtidas no teste degerminação para a cultivar Sharon (Tabe-la 2). Esse fato é esperado, uma vez que o

Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor

TratamentosVelocidade de emergência (índice) Emergência (%)

Lote1 Lote 2 Lote 3 Médias Lote 1 Lote 2 Lote 3 Médias

Testemunha 8,9 BC ab 10,1 AB a 7,8 CD b 8,9 89 B b 97 AB a 86 B b 91

Hidroc.2 folhas/32% 9,8 AB a 10,9 AB a 10,6 AB a 10,4 92 AB ab 89 B b 97 A a 93

Hidroc.4 folhas/32% 10,0 AB a 10,6 AB a 10,0 AB a 10,2 97 AB a 93 AB a 98 A a 96

Hidroc.4 folhas/38% 11,2 A a 11,2 AB a 11,6 A a 11,3 95 AB a 99 A a 96 A a 97

Hidroc. 6 folhas/32% 8,1 CD b 10,7 AB a 10,5 AB a 9,8 94 AB ab 100 A a 92 AB b 95

Hidroc. 6 folhas/38% 10,9 A a 11,0 AB a 11,0 A a 11,0 97 AB a 99 A a 94 AB a 97

Osmoc.-0,2 MPa /32% 11,2 A a 11,6 A a 11,6 A a 11,5 95 AB a 98 AB a 95 A a 96

Osmoc.-0,2 MPa/38% 6,6 DE ab 5,8 C b 7,3 D a 6,6 96 AB a 96 AB a 96 A a 96

Osmoc.-0,1 MPa/32% 4,9 E b 4,8 C b 6,5 D a 5,4 96 AB a 99 A a 97 A a 97

Osmoc.-0,1 MPa/38% 10,5 AB a 9,9 B ab 9,1 BC b 9,8 98 A a 99 A a 94 AB a 97

CV (%) 6,0 5,1

TratamentosVelocidade de germinação (índice) Germinação (%)

Lote 1 Lote 2 Lote 3 Médias Lote 1 Lote 2 Lote 3 Médias

Testemunha 15,3 ABC a 14,6 C ab 14,5 CD b 14,8 98 99 97 98

Hidroc.2 folhas/32% 15,5 AB b 16,4 A a 16,1 AB ab 16,0 96 99 98 98

Hidroc.4 folhas/32% 15,2 ABC b 16,3 A a 15,2 BC b 15,5 97 100 96 98

Hidroc.4 folhas/38% 15,8 A a 16,5 A a 16,3 A a 16,2 97 99 99 98

Hidroc. 6 folhas/32% 15,4 ABC a 15,9 AB a 15,9 AB a 15,8 97 100 99 99

Hidroc. 6 folhas/38% 16,0 A a 16,5 A a 15,9 AB a 16,2 98 99 97 98

Osmoc.-0,2 MPa /32% 11,7 E a 12,1 D a 11,9 E a 11,9 97 99 98 98

Osmoc.-0,2 MPa/38% 14,5 C b 15,7 AB a 15,4 ABC a 15,2 97 99 99 98

Osmoc.-0,1 MPa/32% 13,4 D b 14,6 C a 13,9 D ab 14,0 97 100 98 98

Osmoc.-0,1 MPa/38% 14,5 BC a 15,2 BC a 14,7 CD a 14,8 96 99 99 98

Médias 14,7 15,4 15,0 97 b 99 a 98 b

CV (%) 3,1 2,3

Tabela 2 – Testes de germinação (velocidade e porcentagem) e de emergência de plântulas (velocidade e porcentagem) de sementes de couve-flor,cultivar Sharon, submetidas a diferentes métodos de condicionamento fisiológico (Germination test (speed and percentage) and seedling emergence(speed and percentage) of cauliflower seeds, Sharon cultivar, submitted to different priming procedures. Piracicaba, USP - ESALQ, 2005

Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem significativamente entre si, teste de Tukey, p d” 0,05. Médias seguidas demesma letra minúscula nas linhas, dentro de cada característica, não diferem significativamente entre si, teste de Tukey, p d” 0,05 (Meansfollowed the same capital letter in the column did not differ from each other by Tukey’s test, p d” 0,05. Means followed the same small letterin the row, into each treatment, did not differ from each other by Tukey’s test, p ≤ 0,05).

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teste de germinação é conduzido sobcondições ideais e o condicionamentofisiológico somente tem afetado a por-centagem de germinação quando as con-dições edafo-climáticas são adversas(Rao et al., 1987; Lima & Nascimento,2002; Lima, 2008). Por outro lado, verifi-cou-se desempenho superior do lote 2em relação aos lotes 1 e 3 (Tabela 2). Essasuperioridade do lote 2 já havia sido de-tectada pelo teste de condutividade elé-trica na avaliação inicial do potencial fi-siológico dos lotes (Tabela 1).

De modo geral, o condicionamentofisiológico favoreceu a velocidade eporcentagem de emergência dasplântulas, em relação à testemunha, noslotes 1 e 3 (menor potencial fisiológico),não sendo eficiente para o lote 2 (maiorpotencial fisiológico), confirmando asobservações de Nascimento (1998).

De maneira geral, o lote de maior po-tencial fisológico da cultivar Sharon (lote

2) foi favorecido pelo condicionamentofisiológico somente quanto à velocida-de de germinação, enquanto os lotes demenor potencial fisológico foram favo-recidos quanto à velocidade de germi-nação e à emergência de plântulas (ve-locidade e porcentagem). Portanto, oslotes de menor potencial fisiológico fo-ram mais sensíveis ao tratamento condi-cionador. Resultados similares foramobtidos com sementes de couve-flor(Thornton & Powell, 1995; Powell et al.,2000), cebola (Caseiro et al., 2004), me-lão (Nascimento & Aragão, 2004) e as-pargo (Bittencourt et al., 2005).

Para a cultivar Teresópolis Gigante,também não foi possível a utilização dohidrocondicionamento entre duas folhasde papel toalha, pois as sementes alcan-çaram o teor de água de 29%, inferioraos planejados (34 e 41%). Este fatodeve ter ocorrido pela mesma razão co-mentada anteriormente para as semen-

tes da cv. Sharon, embora a captação deágua possa ser afetada pelo genótipo econdição fisiológica das sementes.

Observou-se que para a cultivarTeresópolis Gigante houve efeitos sig-nificativos da interação lotes e tratamen-tos sobre a emergência de plântulas (Ta-bela 3). O efeito de lotes foi significativosobre a porcentagem de germinação,para todos os tratamentos. Verificou-se,ainda, efeito significativo de tratamen-tos sobre a velocidade de emergênciade plântulas e de lotes e de tratamentossobre a velocidade de germinação (Ta-bela 3).

As sementes hidrocondicionadasentre quatro e seis folhas de papel toa-lha e as osmocondicionadas a -0,2 MPa,nos teores de água mais elevados, apre-sentaram maior velocidade de germina-ção que os demais tratamentos, incluin-do a testemunha, considerando a cv.Teresópolis Gigante (Tabela 3). O

ALP Kikuti & J Marcos Filho

Tabela 3. Testes de germinação e emergência de plântulas (velocidade e porcentagem) de três lotes de sementes de couve-flor da cultivarTeresópolis Gigante submetidos a diferentes métodos de condicionamento fisiológico (germination test and seedling emergence (speed andpercentage) of cauliflower seeds, cultivar Teresópolis Gigante, submitted to different priming procedures). Piracicaba, USP-ESALQ, 2005.

TratamentosVelocidade de germinação (índice) Germinação (%)

Lote 4 Lote 5 Lote 6 Médias Lote 4 Lote 5 Lote 6 Médias

Testemunha 15,6 17,6 15,9 16,4 CD 89 96 93 93

Hidroc.4 folhas/34% 15,6 16,5 15,2 15,7 D 95 97 92 95

Hidroc.4 folhas/41% 21,2 21,7 21,4 21,4 A 95 95 95 95

Hidroc. 6 folhas/34% 15,6 16,8 15,1 15,8 D 94 97 92 94

Hidroc. 6 folhas/41% 20,8 21,3 21,8 21,3 A 93 97 99 96

Osmoc.-0,2 MPa /34% 15,1 15,8 14,6 15,2 D 96 99 93 96

Osmoc.-0,2 MPa/41% 21,7 22,8 21,2 21,9 A 92 94 95 94

Osmoc.-0,1 MPa/34% 17,0 19,6 17,0 17,9 BC 94 97 92 94

Osmoc.-0,1 MPa/41% 18,9 19,6 19,8 19,4 B 95 97 97 96

Médias 17,9 b 19,1 a 18,0 b 97 b 99 a 98 b

CV (%) 6,0 6,7

TratamentosVelocidade de emergência (índice) Emergência (%)

Lote 4 Lote 5 Lote 6 Médias Lote 4 Lote 5 Lote 6 Médias

Testemunha 09,9 11,2 07,3 09,5 B 94 A a 97 AB a 93 A a 95

Hidroc.4 folhas/34% 10,1 09,6 10,4 10,0 B 91 AB b 98 A a 90 AB b 93

Hidroc.4 folhas/41% 12,8 11,8 10,4 11,7 AB 94 A a 95 ABC a 95 A a 95

Hidroc. 6 folhas/34% 09,4 11,4 09,8 10,2 B 90 AB b 96 ABC a 88 AB b 91

Hidroc. 6 folhas/41% 13,4 13,7 13,4 13,5 A 95 A a 96 ABC a 95 A a 95

Osmoc.-0,2 MPa /34% 09,7 10,1 09,9 09,9 B 92 AB a 92 ABC a 91 AB a 92

Osmoc.-0,2 MPa/41% 11,4 11,9 11,7 11,7 AB 94 A a 96 ABC a 92 A a 94

Osmoc.-0,1 MPa/34% 09,7 10,5 10,0 10,0 B 86 B a 89 C a 84 B a 86

Osmoc.-0,1 MPa/41% 09,0 12,0 11,7 10,9 AB 76 C b 90 BC a 88 AB a 85

CV (%) 5,4 3,7

Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem significativamente entre si, teste de Tukey, p ≤ 0,05; médias seguidas demesma letra minúscula nas linhas, dentro de cada característica, não diferem significativamente entre si, teste de Tukey, p ≤ 0,05 (meansfollowed by the same capital letter in the column did not differ from each other by Tukey’s test, p ≤ 0,05; Means followed by the same smallletter in the row, into each treatment, did not differ from each other by Tukey’s test, p ≤ 0,05).

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245Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

hidrocondicionamento das sementesentre seis folhas (duas camadas de trêsfolhas) até alcançar teor de água de 41%promoveu efeitos benéficos sobre a ve-locidade de emergência de plântulas. Noentanto, o mesmo não ocorreu quanto àporcentagem de emergência de plântulas(Tabela 3).

Para a cultivar Teresópolis Gigante,de modo geral, o hidrocondicionamentofavoreceu o desempenho das sementes,quando o teor de água atingiu 41% (maiselevado). Essa mesma observação podeser dirigida para as sementes da cultivarSharon, indicando que a eficiência docondicionamento sobre o potencial fisio-lógico das sementes é mais evidentequando o período de embebição é pro-longado. Nesta pesquisa, os menoresteores de água (32 e 34% respectivamen-te para as cultivares Sharon e TeresópolisGigante) foram atingidos em aproxima-damente 12 horas, enquanto os mais ele-vados (38 e 41% respectivamente paraas cultivares Sharon e Teresópolis Gi-gante), em aproximadamente 36 horas.Provavelmente, os menores teores deágua não foram suficientes para permitira reativação do metabolismo para a ger-minação, devido à rápida absorção deágua.

Os efeitos do condicionamento fisio-lógico sobre a velocidade de germina-ção e de emergência das plântulas nãoforam dependentes do potencial fisioló-gico inicial dos lotes da cultivarTeresópolis Gigante, diferindo das ob-servações efetuadas para a cultivarSharon. Provavelmente, isto tenha ocor-rido devido à influência do genótipo oua variações no histórico dos lotes de cadacultivar. A análise dos resultados permi-te afirmar que o efeito do genótipo nãodeve ser desprezado, de modo que a de-finição de protocolo para uso comercialdo condicionamento fisiológico de se-mentes de couve-flor deve ser estabele-

cido após avaliação mais ampla, envol-vendo diferentes cultivares.

Tendo como base os resultados obti-dos na presente pesquisa, concluiu-se queo hidrocondicionamento entre quatro eseis folhas de papel toalha, até a obten-ção de teores de água próximos aos ne-cessários para a protrusão da raiz primá-ria, é benéfico à velocidade de germina-ção e de emergência de plântulas de cou-ve-flor e que o potencial fisiológico inicialdos lotes pode influenciar a resposta aocondicionamento fisiológico, dependen-do do cultivar ou histórico dos lotes.

AGRADECIMENTOS

À empresa Sakata Seed SudamericaLtda pela cessão das sementes. ÀFAPESP e ao CNPq, pela concessão dasbolsas de estudo e suporte financeiroao projeto.

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Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor

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246

página do horticultor / grower's page

Hortic. bras., v. 27, n. 1, jan.-mar. 2009

Segundo a FAO (2003), a produçãomundial de melão em 2001 atingiu

21,3 milhões de toneladas e uma produ-tividade média de 18,5 t ha-1, tendo oBrasil produzido 150.000 t e uma produ-tividade de 12,5 t ha-1. Em 2000, a regiãoNordeste, representada pelos estadosdo Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia ePernambuco, respondeu por 93,4% daprodução do país, tanto para mercado

BATISTA PF; PIRES MMML; SANTOS JS; QUEIROZ SOP; ARAGÃO CA; DANTAS BF. 2009. Produção e qualidade de frutos de melão submetidosa dois sistemas de irrigação. Horticultura Brasileira 27: 246-250.

Produção e qualidade de frutos de melão submetidos a dois sistemas deirrigaçãoPatrício F Batista1; Mayara Milena M da L Pires1; Joice Simone dos Santos1; Sérgio OP de Queiroz1;Carlos Alberto Aragão1; Bárbara F Dantas2

1UNEB-DTCS, Av. Edgard Chastinet, s/n, 48900-000 Juazeiro-BA; 2Embrapa Semi Árido, C. Postal 23, 56300-000 Petrolina-PE;[email protected]

interno, como para a exportação(Makishima, 1991).

O Brasil é, atualmente, um dos maio-res produtores de melão da Américado Sul, com 17% da produção total,correspondendo a 17.000 ha e produ-ção de 350.000 t. Em Pernambuco e naBahia a produção concentra-se no Valedo Submédio São Francisco, sendo osegundo maior pólo de produção de

melão do Brasil, com uma área planta-da de cerca de 1980 hectares e produ-ção de 35.500 t (Hirsch, 2005). Nessaregião, o cultivo da olerícola é pratica-do em sua maioria por produtores as-sentados, pouco capitalizados, nasáreas de colonização dos perímetrosirrigados, onde se pratica a “irrigação”através de sulcos de infiltração carac-terizada por baixa eficiência na condu-

RESUMOO meloeiro, no Vale do Submédio São Francisco, é cultivado

principalmente por pequenos produtores que usam, em sua maioria,sistema de irrigação por sulco, caracterizado pela baixa eficiência deaplicação de água. O trabalho teve o objetivo de avaliar a produção equalidade fisiológica de melão (cultivar AF-682), submetido a doistratamentos (sistemas de irrigação em sulcos de infiltração egotejamento), bem como avaliar a eficiência e economia de água des-ses sistemas. O experimento foi realizado de setembro a novembrode 2005, em campo experimental da UNEB em Juazeiro-BA. Ado-tou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com 10repetições. Foram utilizadas parcelas experimentais de 20 m2, comespaçamento entre linhas de 2,0 m e 0,5 m entre plantas. Para osistema de irrigação por gotejamento, empregou-se um equipamentocom linhas de gotejo com 8 mm de diâmetro e gotejador a cada 0,3 mcom vazão de 0,6 L*h-1 em cada um. Os sulcos de irrigação foramconstruídos em nível com 16 m de comprimento, com profundidadee largura média de 30 cm, respectivamente. Adotou-se a vazão aplica-da pelos produtores de melão da região, sendo a mesma monitoradaatravés de calhas WSC Flume-A. A colheita foi realizada aos 62 diasapós o transplantio. Foram avaliadas as matérias fresca e seca daparte área das plantas, produção total, produção refugo e a produçãocomercial de frutos, massa média de frutos, sólidos solúveis totais,firmeza de polpa, espessura de polpa, cavidade interna transversal elongitudinal e largura e comprimento de frutos. Não houve diferençasignificativa para a produção e qualidade dos frutos de melão nosdois sistemas de irrigação avaliados, exceto para massa média, largurae comprimento de frutos, que foram superiores na irrigação por sul-cos. No entanto, o gotejamento mostrou-se mais eficiente no uso daágua que o sistema de sulcos.

Palavras-chave: Cucumis melo L., economia de água, Semi-árido.

ABSTRACTYield and quality of melon in two irrigation systems

At São Francisco River Valley, melon is cultivated mainly bysmall farmers that use the furrow irrigation system, which ischaracterizes by low water application efficiency. The aim of thiswork was to evaluate yield and physiological quality of melon fruitssubjected to different irrigation systems, furrow and drip, as well asto evaluate the efficiency and economy of water in both systems.The experiment was carried out from September to November of2005, at the Universidade da Bahia, Juazeiro, Brazil. The experimentaldesign was casualized blocks, with ten replications. The experimentalplots were 20 m2, with 2.0 m between lines and 0.5 m betweenplants. The melon cultivar studied was AF-682. The treatments werethe 2 irrigation systems: drip and furrow. For the drip irrigationsystem, the dripping lines had 8 mm and drippers at each 0.30 mwith 0.6 Lh-1 water flow. The furrows were constructed with 16 mlength and 30 cm depth and width. The water flow was according tothe regional agricultural practices, and were monitored with WSCFlume-A gutters. The harvest was performed 62 days aftertransplanting. The evaluations were fresh and dry weights of shoots,total commercial and refused production, fruits average weight, totalsoluble solids, pulp firmness, pulp width, transversal and longitudinal,internal cavity and fruits length and width. In general, there was nostatistical difference for production and fruit quality for both irrigationsystems evaluated. On the other hand the drip system was moreefficient than furrow system.

Keywords: Cucumis melo L., water economy, semi-arid.

(Recebido para publicação em 8 de maio de 2008; aceito em 6 de maio de 2009)(Received in May 2008; accepted in May 6, 2009)

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247Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

ção e aplicação da água na cultura,com gasto excessivo de água. Sendo aágua um recurso natural escasso e li-mitado, dotado de expressivo valoreconômico, seu uso racional torna-sefundamental.

O sistema de irrigação mais empre-gado na cultura do melão na Regiãode Mossoró – Baixo Jaguaribe é ogotejamento, com aplicação localiza-da da água, diretamente na regiãoradicular com pequena intensidade ealta freqüência. O gotejamento tem-semostrado eficiente para o aumento daprodutividade do meloeiro, quandocomparado com outros métodos de ir-rigação (Crisóstomo et al., 2002; Netoet al., 2006; Olitta et al., 1987).

O sistema de irrigação porgotejamento foi desenvolvido para altafreqüência de aplicação e manutençãode conteúdo de água no solo, próximoao limite superior de água disponível(Bresler, 1978; Phene et al., 1979;Phene et al., 1991). A aplicação locali-zada da água nesse sistema evita quea parte aérea e a faixa entre as fileirasde plantio sejam molhadas,minimizando a incidência de doençasfoliares e a proliferação de plantas da-ninhas. Dentre as principais vantagenscomparativas desse sistema com a ir-rigação por sulcos de infiltração, pode-se destacar o menor consumo de águae utilização de mão-de-obra, obtençãode maior produtividade, elevada efi-ciência de aplicação de água, maioradequação ao uso da fertirrigação,além de adaptar-se aos mais diversostipos de solo, topografia e clima.

A água para irrigação é aduzida ba-sicamente de rios ou poços artesianos,estando a sua concessão e uso sob agestão de órgãos estaduais ou fede-rais de acordo com o que órgãos douso da água determinam. A sua con-cessão é regulada pela Lei de PolíticaNacional de Recursos Hídricos (nº9.433/97), que estabelece prioridadespara o uso da água que, sendo um bemeconômico, permite ao poder públicocobrar pelo seu uso. A cobrança ba-seia-se na outorga, que é uma licençapor tempo determinado. Atualmente alegislação não permite a outorga de

água a produtores que utilizemtecnologias de baixa eficiência de con-dução e aplicação de água, como ocaso de sistema por sulcos de infiltra-ção, amplamente utilizado por peque-nos produtores de melão de Juazeiro-BA e Petrolina-PE.

O trabalho teve como objetivo ava-liar a produção e qualidade fisiológicada cultura de melão submetido a dife-rentes sistemas de irrigação, bem comoa eficiência e economia de água dosmesmos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado de setem-bro a novembro de 2005, em campo ex-perimental da UNEB em Juazeiro.

O solo da área do ensaio é classifica-do como Neossolo flúvico com as ca-racterísticas químicas e físicas na cama-da de 0-20 cm: K= 0,25 cmol

c dm-3; Ca=

1,5 cmolc.dm-3; Mg= 0,5 cmol

c dm-3; Na=

0,01 cmolc dm-3; P= 41 mg dm-3; areia=

536 g kg-1; silte= 365 g kg-1; argila= 99 gkg-1 e pH em H

20= 6,7.

Adotou-se o delineamento experi-mental de blocos ao acaso, com 10 re-petições. Foram utilizadas parcelas ex-perimentais de 20 m2, comespaçamentos entre linhas de 2,0 m e0,5 m entre plantas. Trabalhou-se coma cv. AF-682, de casca levementeenrugada, com coloração amarelaouro, cavidade interna pequena, uni-forme, com massa fresca média deaproximadamente 2,0 kg.

Realizou-se o preparo do solo atra-vés de aração e gradagem, seguidosde sulcamento. A adubação de plan-tio foi feita no sulco utilizando 40 kgha-1 de N (uréia), 40 kg ha-1 de P

2O

5

(superfosfato simples), 20 kg ha-1 deK

2O (cloreto de potássio) e 20 m3 ha-1

de esterco de curral curtido. Em co-bertura utilizou-se 50 kg ha-1 de N, aos20 e 40 dias e 20 kg ha-1 de K

2O aos 40

dias após o transplantio. Os tratosculturais e controle fitossanitário fo-ram executados em função das neces-sidades da cultura.

Os tratamentos consistiram de 2 sis-temas de irrigação, gotejamento e sul-

co. Para o sistema de irrigação porgotejamento, empregou-se um equipa-mento cujo funcionamento baseia-se naatuação da força da gravidade, poden-do ser alternativamente classificadocomo bubbler de baixa pressão, traba-lhando com energia potencial entre 15e 22 kPa, conforme Rawlins (1977). Talsistema é constituído de um reservató-rio de água, válvula manual, filtro, tu-bulação de distribuição (principal e se-cundária), conectores, linhas de gotejocom 8 mm de diâmetro e gotejador acada 0,3 m com vazão de 0,6 L h-1. Afreqüência de irrigação adotada foi diá-ria, para reposição daevapotranspiração do dia anterior, equi-valente a volumes de água aplicadosentre 0,75 e 1,8 m3, durante o experi-mento. Os valores de coeficiente decultivo adotados foram de 0,75; 0,85;1,15 e 0,80, como preconizado por Cos-ta et al. (2001).

Os sulcos de infiltração foramconstruídos em nível com 16 m de com-primento, apresentando uma profundi-dade e largura média de 30 cm, respecti-vamente.

Utilizou-se um volume médio de 8,41m3 de água, com turno de rega de 3 dias,seguindo o sistema produtivo dos pe-quenos produtores de melão da região,sendo monitorada através de calha WSCFlume-A, com vazão 11,74 m3 h-1, comodescrito por Bernardo et al. (2006).

A eficiência de uso de água foi de-terminada pela relação entre a produti-vidade total dos frutos e a quantidadede água aplicada através da irrigação,conforme descrito por Doorembos &Kassan (1979):

W

PtEUA

onde, EUA= eficiência do uso daágua em kg m-3; Pt= produtividade totalem kg ha-1 e W= volume de água aplica-do em m3 ha-1. A colheita foi realizadaaos 62 dias após o transplantio, quandoas plantas apresentavam a maioria dosfrutos com teor de sólidos solúveis emtorno de 10oBrix, determinado em campocom refratômetro portátil. A parte aéreadas plantas foi coletada e pesada ob-

Produção e qualidade de frutos de melão submetidos a dois sistemas de irrigação

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248 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

Tabela 1. Resultados médios de componentes da produção e qualidade de frutos de melãosubmetidos a dois sistemas de irrigação (average results of components of production andquality of melon subjected to two irrigation systems). Juazeiro, UNEB, 2005.

Sistema deirrigação

Matériaverde (kgparcela-1)

Matéria seca(kg parcela-1)

Produçãocomercial

(kg parcela-1)

Produçãototal (kgparcela-1)

Produçãorefugo

(kgparcela-1)

Gotejamento 11,08a 1,82a 28,75a 32,35a 3,59a

Sulco 14,03a 2,38a 32,12a 36,57a 4,44a

C.V (%) 17,50 14,37 15,57 15,29 12,71

Massa médiade frutos (kg)

Sólidossolúveis totais

(ºBrix)

Firmeza depolpa (N)

Espessura depolpa (cm)

Gotejamento 1,11b 11,15a 27,18a 3,45a

Sulco 1,24a 11,09a 28,22a 3,22a

C.V (%) 6,62 7,00 12,38 7,90

Cavidadeinterna

transversal (cm)

Cavidadeinterna

longitudinal(cm)

Largura defrutos (cm)

Comprimentode frutos (cm)

Gotejamento 5,52a 9,97a 12,11b 14,74b

Sulco 5,71a 9,64a 12,89a 15,83a

C.V (%) 7,54 4,94 5,14 3,00

Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%de probabilidade.

tendo-se a matéria fresca; logo em se-guida, foram conduzidas para uma estu-fa de circulação forçada de ar à tempera-tura de 65ºC até peso constante, para adeterminação da matéria seca. Obteve-se a massa média de frutos (kg), produ-ção total de frutos da parcela, produçãorefugo e a produção comercial, sendoconsiderados comerciais os frutos compadrão para mercado interno.

Foram tomados quatro frutos por re-petição para determinação do teor desólidos solúveis totais (SST), porrefratometria, utilizando-se suco filtradooriundo de fatias da polpa do melãohomogeneizadas em liquidificador do-méstico e fazendo-se a leitura do filtra-do em refratômetro portátil, modelo 103,com leitura na faixa de 0 a 32ºBrix. Para aavaliação da firmeza de polpa, o fruto foidividido longitudinalmente, sendo que,em uma de suas metades, foram realiza-das quatro leituras (na parte mediana dapolpa do fruto) com um penetrômetromanual, tipo CAT 719-20, com diâmetrode 8 mm. Os resultados foram obtidosem libras (Lbf.) e transformados paraNewton (N) utilizando-se o fator de con-versão de 4,45. A espessura de polpa(cm) foi determinada através de um cor-te longitudinal dos frutos, onde foramfeitas quatro leituras em posições dife-rentes, com auxílio de um paquímetro. Acavidade interna transversal e longitu-dinal (cm) foi determinada com auxíliode um paquímetro, através de cortes nosfrutos no sentido longitudinal. A largu-ra e comprimento de frutos (cm) tambémforam determinados com auxílio de umpaquímetro.

Os dados obtidos foram submetidosà análise de variância, com o uso dosoftware SISVAR-UFLA e as médiascomparadas entre si através de teste deTukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1, estão apresentados valo-res dos componentes de produção e daqualidade de frutos de melão submetidosa sistemas de irrigação de gotejamento esulco. Verifica-se que não houve diferen-ça significativa entre os sistemas de irri-gação quanto à matéria verde e à matériaseca das plantas de melão. Em relação à

produção de frutos por parcela e à produ-ção de frutos comerciais, não foram ob-servados efeitos significativos das dife-rentes formas de fornecimento de água ousistemas de irrigação (gotejamento e sul-co). Comportamento semelhante foi ob-servado para produção total de frutos eprodução de frutos refugo (Tabela 1).

Foram observados efeitos significa-tivos dos diferentes sistemas de irriga-ção sobre a massa média de frutos (Ta-bela 1). A irrigação por sulcos promo-veu um maior crescimento de frutos (1,24kg), quando comparado com frutos dasplantas irrigadas por gotejamento (1,11kg). Segundo Filgueira (2000), para mer-cado interno, são preferidos os frutosmaiores, com massa unitária de 2,0 kg,tolerando-se uma variação de 1,0 a 2,0kg. Para, o mercado externo preferem-sefrutos menores, com peso variando de1,0 a 1,3 kg (Dusi, 1992). Diante destasinformações, admite-se que os frutosproduzidos no experimento podem aten-der aos mercados interno e externo.

A forma de fornecimento de água paraas plantas não influenciou os teores desólidos solúveis totais dos frutos (Tabela1). Os teores foram de 11,09 e 11,15oBrix,para as plantas irrigadas por sulco egotejamento, respectivamente. Estes va-lores são considerados adequados para opadrão de melões do grupo amarelo, exigi-

do tanto para mercado interno, como mer-cado externo, que segundo Filgueira (2000)o mínimo é de 10oBrix. Ainda, na Tabela 1,constata-se que, as características de qua-lidade de frutos como firmeza, espessurade polpa e cavidade interna de frutos, nãoforam influenciadas pelas diferentes for-mas de irrigação.

A largura e o comprimento de frutosforam significativamente influenciadospelos sistemas de irrigação, visto queas plantas submetidas à irrigação porsulcos tiveram maior largura (12,9 cm) ecomprimento de frutos (15,8 cm), quan-do comparadas àquelas irrigadas atra-vés de gotejamento (Tabela 1).

A eficiência do uso da água (EUA) éum parâmetro que se refere ao rendimen-to total da colheita por unidade de águautilizada. Na irrigação por gotejamentoobteve-se uma EUA na ordem de 10,63kg m-3, ao passo que na área irrigada porsulco uma eficiência de 5,03 kg m-3, evi-denciando uma diferença significativaentre os dois sistemas (Figura 1). Car-doso (2002), trabalhando com meloeirorendilhado em ambiente protegido, ob-teve uma eficiência de uso da água de19,14 kg m-3. Estes valores obtidos tra-duzem a importância da adoçãocriteriosa do sistema e manejo de irriga-ção. A elevada eficiência no uso da águadeve-se, essencialmente à aplicação

PF Batista et al.

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249Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

pontual da água, associada à elevadaeficiência de condução e aplicação deágua, características inerentes ao siste-ma, como observado por Souza et al.(2005) e Gomes (1999). Segundo Faria etal. (2002), a irrigação localizada vem sen-do largamente utilizada, na forma degotejamento. Sua utilização pode pro-porcionar alta eficiência do uso da água,quando comparada com outros méto-dos, como aspersão convencional e irri-gação por superfície. Tal fato possibilitamaior precisão de aplicação de água,além da possibilidade de aumento da áreairrigada, devido às menores vazões de-mandadas pelo método.

Para Soares et al. (2000) a baixa efi-ciência de aplicação de água num proje-to por superfície pode estar ligada àsfalhas no dimensionamento em funçãoda combinação inadequada das variá-veis comprimento de área, declividadeda superfície do solo, vazão aplicada etempo de irrigação ou ao manejo inade-quado do sistema.

Um dos grandes entraves da adoçãode sistemas de irrigação eficientes porpequenos produtores de melão, doSubmédio São Francisco, pode ser atri-buído ao custo de aquisição do sistema.Contudo, os métodos de irrigação loca-lizada são os mais propícios para cultu-ras hortícolas e fruteiras, por apresenta-rem rentabilidade condizente com taiscustos (Coelho et al., 2005).

Em todas as fases da cultura, as cur-vas mantiveram um comportamento se-melhante, desde o transplantio até pró-ximo à colheita, onde se deu a suspen-são do fornecimento de água (Figura 1).Aos dez dias após o transplantio dasmudas, foram gastos 9,19 m3 de água nasplantas irrigadas por gotejamento, en-quanto que na área irrigada por sulcosforam utilizados 35,38 m3 de água. O for-necimento de água apresentou um cres-cimento linear durante todo o ciclo dacultura. Ao final do experimento, cons-tatou-se um consumo acumulado deágua de 153,14 m3 para o sistema de sul-cos e 64,86 m3 para o sistema degotejamento, em uma área de 480 m2 paracada sistema de irrigação avaliado. Es-ses resultados representam um gasto deágua de aproximadamente 57% a maisna irrigação por sulcos, quando compa-rado à irrigação por gotejamento.

De maneira geral, não se percebeudiferenças na produção e na qualidadedos frutos de melão nos diferentes sis-temas de irrigação avaliados, exceto paramassa média, largura e comprimento defrutos, que foram superiores na irriga-ção por sulcos. No entanto, ogotejamento mostrou maior eficiência nouso da água que o sistema de sulcos.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisado Estado da Bahia (FAPESB), pela con-

Figura 1. Consumo de água na cultura do melão submetido a dois sistemas de irrigação (480m2) por sulco e gotejamento (consumption of water in the cropping of melon subjected totwo irrigation systems by furrow (480 m2) and drip (480 m2)), Juazeiro, UNEB, 2005.

cessão das bolsas e a Superintendênciade Recursos Hídricos do Estado daBahia (SRH-BA), pelos recursos finan-ceiros utilizados no desenvolvimentodeste trabalho.

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251Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

O melão (Cucumis melo) é umahortaliça que teve seu cultivo co-

mercial iniciado no Brasil na década de60, e desde então, vem ganhando em im-portância econômica. Há seis gruposbotânicos, entre os quais, oCantaloupensis, ao qual pertence o me-lão rendilhado (Cucumis melo var.cantalupensis Naud.) (Rizzo, 1999). OBrasil é o sexto maior exportador mun-dial de melão, o que corresponde a cer-ca de 7% do mercado. Foram produzi-dos no Brasil em 2005, 190 mil toneladasde melões (FAO, 2006), com fortes ten-dências de crescimento, em função doconsumo interno e das exportações. Asexportações tiveram crescimento de116% entre 1997 e 2002, passando de

CHARLO HCO; CASTOLDI R; VARGAS PF; BRAZ LT. 2009. Cultivo de melão rendilhado com dois e três frutos por planta. HorticulturaBrasileira 27: 251-255.

Cultivo de melão rendilhado com dois e três frutos por plantaHamilton César de O Charlo; Renata Castoldi; Pablo F Vargas; Leila T BrazUNESP-FCAV, Depto Prod. Vegetal, Rodov. Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, 14884-900 Jaboticabal-SP; [email protected];[email protected]; [email protected]; [email protected]

45,7 mil toneladas em 1997 para 98,7 miltoneladas em 2002, correspondendo aUS$ 37,8 milhões (Freitas et al., 2004).

Dentre os melões produzidos no Bra-sil, o rendilhado apresenta algumas van-tagens comerciais, tais como, preferên-cia pelo consumidor, boa cotação comer-cial e cultivo em pequenas áreas, comboa lucratividade (Rizzo & Braz, 2004).O consumo de melão rendilhado estárelacionado ao teor de sólidos solúveis,que contribuem para o sabor; ao aspec-to visual, que o diferencia dos outrostipos de melões e, a qualidadenutricional, pois é boa fonte de beta-caroteno (Lester, 1997).

Segundo Carrijo et al. (2004), a cres-cente demanda por hortaliças de alta

qualidade e ofertadas durante o anotodo tem contribuído para o investimen-to em novos sistemas de cultivo, quepermitam produção adaptada a diferen-tes regiões e condições adversas doambiente.

Entre os componentes de formaçãoda produtividade e da qualidade domeloeiro, tem-se o número de frutospor planta. De acordo com Costa et al.(2004), o número de frutos por plantae a disponibilidade de potássio sãodois fatores relativos ao manejo cul-tural com potencial efeito sobre a qua-lidade dos frutos de meloeiro, uma vezque podem alterar a razão área foliarpor fruto, ou seja, modifica a relaçãofonte-dreno.

RESUMOO objetivo deste trabalho foi avaliar cultivares de melão rendilhado

produzidas em plantas sob raleio dos frutos. Foram estudadas ascultivares Maxim, Louis, Fantasy, Shinju 200, e Bônus nº2, com asplantas conduzidas com dois e três frutos. O delineamento experi-mental foi em blocos ao acaso, em esquema fatorial 5x2, com quatrorepetições e com as plantas dispostas no espaçamento de 1,0 m entrelinhas e 0,5 m entre plantas. O experimento foi realizado em casa devegetação, utilizando-se fertirrigação e vasos plásticos de 13 L, preen-chidos com fibra da casca de coco Golden Mix® Misto 98. As mudasforam produzidas em bandejas de poliestireno expandido de 128células e quando estavam com a primeira folha definitiva completa-mente desenvolvida foram transplantadas aos vasos. Foram avalia-dos o rendilhamento da casca, os diâmetros longitudinal e transversaldo fruto, o índice de formato do fruto, os diâmetros longitudinal etransversal do lóculo, o índice de formato do lóculo, a espessura domesocarpo, a massa média dos frutos e a produção por planta. Nãohouve interação entre os fatores estudados. Nas condições desteexperimento, a condução de dois frutos por planta resultou em maiorrendilhamento da casca, maior diâmetro transversal do fruto, maiordiâmetro longitudinal do lóculo e maior massa média dos frutos.Porém, as maiores produções por planta foram observadas quandoconduzidas com três frutos. Os híbridos Fantasy e Shinju 200 apre-sentaram as melhores características de frutos e maiores produções.

Palavras-chave: Cucumis melo, fibra da casca de coco, raleio defrutos, cultivo sem solo.

ABSTRACTEvaluation of net melon cultivars conducted with two and

three fruits per plant

The pruning of fruits of net melon cultivars was evaluated in thisstudy. The cultivars Maxim, Louis, Fantasy, Shinju 200 and Bônusn°2 were evaluated in plants bearing two and three fruits. Theexperimental design was of randomized blocks in factorial scheme 5x 2, with four replications and the plants arranged in the spacing of1.0 m between lines and 0.5 m between plants. The experiment wasconducted in greenhouse, using fertirrigation and plastic pots of 13L, filled with coconut fiber Golden Mix® Misto 98. The seedlingswere grown in expanded polystyrene trays of 128 cells andtransplanted to pots when the first definitive leaf was completelydeveloped. We evaluated the roughness of the rind, the longitudinaland transversal diameters of fruits, the fruit shape index, thelongitudinal and transversal diameters of the locule, the locule shapeindex, the thickness of the mesocarp, the average weight of fruits andthe production per plant. No interaction between the studied factorswas detected. For the conditions of this experiment, the conductionof two fruits per plant generated greater transverse diameter of fruit,greater longitudinal diameter of the locule, greater roundness of therind and greater average weight of fruits. However, the greatestproductions per plant was observed in plants bearing three fruits.The hybrids Fantasy and Shinju 200 presented the best fruitcharacteristics and greater production.

Keywords: Cucumis melo, coconut fiber, pruning fruit, soillessculture.

(Recebido para publicação em 30 de maio de 2008; aceito em 18 de maio de 2009)(Received in May 30,2008; accepted in May 18, 2009)

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Martins et al. (1998) e Monteiro &Mexia (1988) relatam que, normalmenteem cultivo de meloeiro em casa de vege-tação (condução da planta na verticaltutorada e podada), as plantas conse-guem desenvolver dois frutos, haja vis-ta a ocorrência de abortamento naturalpela planta. Farias et al. (1988) tambémconstataram que neste sistema de con-dução, somente dois ou três frutos atin-gem o estádio de maturação.

São escassos na literatura dadossobre a condução do meloeirorendilhado cultivado em substratos.Portanto, neste trabalho foi avaliada aprodução de cultivares de melãorendilhado conduzidos com dois ou trêsfrutos por planta.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em casade vegetação da UNESP em Jaboticabal,de 4 de novembro de 2005 a 15 de feve-reiro de 2006. Foram avaliados cinco hí-bridos comerciais de melão rendilhado(Maxim, Bônus nº2, Shinju 200, Fantasye Louis) conduzidos com dois ou trêsfrutos por planta. O delineamento expe-rimental foi de blocos ao acaso, em es-quema fatorial 5 x 2, com quatro repeti-ções.

A semeadura foi realizada manual-mente, em bandejas de poliestirenoexpandido de 128 células, preenchi-das com substrato Plantmax HT®. Dezdias após a semeadura, quando asmudas estavam com a primeira folhadefinitiva formada, foi realizado otransplante para os vasos plásticosde 13 L contendo fibra da casca decoco Golden Mix® Misto 98, cujascaracterísticas físicas são porosidadetotal= 94%; capacidade de aeração=35%; capacidade de retenção de águadisponível= 41% (Amafibra, s.d.). Ascaracterísticas químicas da fibra sãopH= 5,1; condutividade elétrica= 1,0dS m-1; N-nitrato= 8,1 mg L-1; fósfo-ro= 53,0 mg L-1; cloreto= 44,6 mg L-1;enxofre= 92,1 mg L-1; N-amônia= 17,7mg L-1; potássio= 270,1 mg L-1; sódio=12,6 mg L-1; cálcio= 9,9 mg L-1;magnésio= 6,6 mg L-1; boro= 0,5 mg L-

1; cobre= 0,1 mg L-1; ferro= 0,4 mg L-1;

manganês= 0,1 mg L-1 e zinco= 0,5 mgL-1. Cada parcela foi constituída desete plantas, dispostas noespaçamento de 1,0 m entrelinhas e0,5 m entre plantas, sendo avaliadasas cinco centrais.

O tutoramento das plantas foi reali-zado com fitilhos plásticos, presos a ara-mes localizados rente ao substrato con-tido no vaso e a dois metros de altura. Oamarrio das plantas foi realizado sempreque necessário. Quando a planta atin-gia a máxima altura realizava-se acapação, conduzindo-se uma planta porvaso. Após a fixação dos frutos, foramrealizadas desbrotas até o décimo nó. Apolinização se deu de forma manual.Após o pegamento dos frutos foram rea-lizados raleios sempre que necessário,deixando-se dois ou três frutos por plan-ta de acordo com o tratamento.

A fertirrigação foi por gotejo, ado-tando-se para a adubação, a soluçãonutritiva recomendada por Castellane &Araújo (1994) e, para o controle da quan-tidade aplicada, a metodologia da dre-nagem mínima. A aplicação da soluçãonutritiva foi controlada por umtemporizador, tendo início às 7 horas etérmino às 18 horas, sendo que em to-das as horas desse período ocorria afertirrigação por alguns minutos. No iní-cio do cultivo a fertirrigação era feita comquatro minutos por hora, sendo este tem-po aumentado com o desenvolvimentoda cultura, chegando a 15 minutos nofinal do ciclo. Foi realizado o controle depragas e doenças, empregando-se pro-dutos registrados para a cultura e dosesrecomendadas pelos fabricantes.

Os frutos foram colhidos quandoatingiram o máximo do desenvolvimen-to. Foram avaliados: rendilhamento decasca (RC), adotando a escala de notas(1= muito rendilhado; 2= medianamenterendilhado e 3= pouco rendilhado); diâ-metros longitudinal (DLF) e transversaldo fruto (DTF), utilizando paquímetrodigital (cm); índice de formato do fruto(IFF), obtido pela relação do diâmetrolongitudinal e o transversal do fruto;diâmetros longitudinal (DLL) e transver-sal do lóculo (DTL), utilizandopaquímetro digital (mm); índice de for-mato do lóculo (IFL), obtido pela rela-

ção do diâmetro longitudinal e o trans-versal do lóculo; espessura domesocarpo (EM), utilizando paquímetrodigital; massa do fruto (MF) e produçãopor planta (PP).

Os dados foram submetidos à análi-se de variância e quando observou-sesignificância pelo teste F, em função decultivares e número de frutos por plan-ta, as médias foram submetidas ao testede Tukey, ao nível de 5%. Utilizou-se oprograma estatístico Estat, Sistemaspara Análises Estatísticas versão 2.0,desenvolvido pela UNESP/FCAV-Jaboticabal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não se verificaram interações signi-ficativas entre as cultivares e número defrutos por planta (Tabela 1) para as ca-racterísticas avaliadas, mas sim efeitodos fatores isoladamente.

Analisando a característicarendilhamento de casca, observou-sediferença significativa entre as culti-vares e entre número de frutos porplanta. O híbrido Bônus n°2 apresen-tou melhor rendilhamento de casca(1,05), diferindo apenas do híbridoFantasy (Tabela 1). Quando a plantafoi conduzida com três frutos, orendilhamento da casca foi influencia-do negativamente, ou seja, os frutosapresentaram-se menos rendilhadosquando comparados àqueles prove-nientes de plantas com apenas doisfrutos. No entanto, a média derendilhamento de 1,3 pode ser consi-derada boa, e neste caso os frutos se-riam bem aceitos no mercado. Vale res-saltar que o rendilhamento da casca éuma das características de maior im-portância em frutos de melãorendilhado, visto que é um dos atrati-vos visuais dessa hortaliça aos con-sumidores (McCreight et al., 1993;Gorgatti Neto et al., 1994; Silva et al.,2000).

Com relação ao diâmetro longitudi-nal do fruto, não verificou-se diferençaentre as cultivares. Já para o fator núme-ro de frutos verificou-se que plantasconduzidas com dois frutos proporcio-naram maiores médias para esta carac-

HCO Charlo et al.

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terística (13,45 cm). Rizzo & Braz (2004)verificaram valores para esta caracterís-tica variando de 9,20 a 13,10 cm, em pes-quisa nas quais as plantas foramconduzidas com dois frutos por planta.

Quanto ao diâmetro transversal dofruto (DTF), observa-se que a cultivarFantasy apresentou maior valor (13,47cm), diferindo estatisticamente apenasda cultivar Bônus nº2 (12,53 cm), sendoque plantas conduzidas com dois frutosapresentaram maior diâmetro transver-sal do fruto (13,23 cm) do que plantasconduzidas com três frutos (12,65 cm).Os valores do presente trabalho foramsuperiores aos verificados por Rizzo &Braz (2001) que, avaliando cultivares demelão rendilhado conduzido com trêsfrutos por planta, em casa de vegeta-ção, observaram diâmetro transversal defrutos variando de 8,52 cm na cultivarHales Best Jumbo a 10,48 cm na cultivarBônus n°2

De maneira geral, o tamanho dos fru-tos observados no presente trabalho foisuperior aos relatados em pesquisas commelão rendilhado, independente dasplantas serem conduzidas com dois outrês frutos. Isso demonstra que a utiliza-ção de tecnologias mais avançadas,como é o caso do cultivo em fibra decoco, aliada a adequada condução das

plantas gera frutos de melhor qualidadee maior produtividade.

O menor índice de formato do frutofoi observado para o híbrido Fantasy(0,96), o que significa que os frutos des-sa cultivar têm a tendência de serem maisachatados. Existem mercados para todosos formatos de fruto (Pádua, 2001), maso esférico é o que mais facilita o arranjodos frutos nas embalagens utilizadasatualmente (Rizzo & Braz, 2004). Obser-va-se que independente do número defrutos por planta, o índice de formato dofruto não se alterou (Tabela 1).

Para o diâmetro longitudinal dolóculo não se verificou diferença signi-ficativa entre as cultivares; no entanto,plantas cultivadas com dois frutos apre-sentaram valores mais elevados para talcaracterística (7,91 cm).

A cultivar Louis apresentou o menordiâmetro transversal do lóculo (5,24 cm),o qual não diferiu das cultivares Shinju200 e Bônus no2 com 5,29 cm e 5,44 cm,respectivamente (Tabela 1). Esta é umacaracterística definida geneticamente epouco influenciada pelo ambiente e quedeve ser levada em conta nos trabalhosde desenvolvimento de cultivares demelão rendilhado pois, como é sabido,quanto menor o diâmetro do lóculo maiora resistência do fruto ao transporte. Além

disso, frutos com menor cavidade inter-na são mais apresentáveis visualmentee mais aceitos pelos consumidores.

O menor diâmetro longitudinal etransversal do lóculo em frutos pro-venientes de plantas conduzidas comtrês frutos (Tabela1) pode estar rela-cionado ao fato de os frutos dessasplantas serem menores e,consequentemente, com diâmetros delóculos menores. Apesar de seremdimensionalmente menores apresen-tam alta qualidade, pois menores va-lores de diâmetro longitudinal e trans-versal do lóculo indicam dimensões decavidade interna menores, e segundoCosta & Pinto (1977), frutos com me-nor cavidade interna apresentam maiorresistência ao transporte e vida útilpós-colheita prolongada.

A espessura do mesocarpo foi se-melhante entre cultivares, mas foi maiorem frutos provenientes de plantasconduzidas com dois frutos (Tabela 1).Isto se deve ao fato de que nestas plan-tas os fotoassimilados produzidos nafotossíntese foram divididos por apenasdois frutos. Como o mesocarpo é a partecomestível dos frutos de melão, quantomais espesso maior será a valorização.As médias encontradas neste trabalhopara esta característica são superiores

Tabela 1. Características de cinco cultivares de melão rendilhado, em função do número de frutos por planta (characteristics of five net melonscultivars, in function of number of fruit per plant). Jaboticabal, UNESP, 2006.

Cultivares(C)

RC DLF (cm) DTF (cm) IFF DLL (cm) DTL (cm) IFL EM (cm) MF (kg) PP (kg pl-1)

Maxim 1,31 ab¹ 13,16 a 13,06ab 1,01 a 7,82 a 5,85 ab 1,34 bc 3,57 a 1,12 b 2,74 b

Louis 1,21 ab 13,20 a 12,76ab 1,03 a 7,84 a 5,24 c 1,50 a 3,84 a 1,17 b 2,87 b

Fantasy 1,38 a 13,00 a 13,47a 0,96 b 7,61 a 5,88 a 1,29 c 3,97 a 1,31 a 3,23 a

Shinju 200 1,19 ab 13,12 a 12,90ab 1,02 a 7,62 a 5,29 bc 1,45 ab 3,59 a 1,19 ab 2,96 ab

Bônus nº 2 1,05 b 13,10 a 12,53b 1,05 a 7,63 a 5,44 abc 1,41 abc 3,64 a 1,08 b 2,67 b

N° frutos (NF)

Dois frutos 1,15 b 13,45 a 13,24 a 1,02 a 7,91 a 5,68 a 1,40 a 3,82 a 1,25 a 2,50 b

Três frutos 1,30 a 12,79 b 12,65 b 1,01 a 7,50 b 5,40 b 1,39 a 36,26 b 1,10 b 3,29 a

F (C x NF) 0,87 NS 2,15NS 0,48 NS 1,22 NS 1,43NS 0,62 NS 0,70 NS 0,46 NS 1,26 NS 1,84 NS

CV (%) 17,39 3,93 4,10 2,89 6,03 7,08 6,08 7,53 7,17 7,49

RC=rendilhamento da casca (1= muito rendilhado; 2= medianamente rendilhado e 3= pouco rendilhado); DLF= diâmetro longitudinal dofruto; DTF= diâmetro transversal do fruto; IFF=índice de formato do fruto; DLL= diâmetro longitudinal do lóculo; DTL= diâmetrotransversal do lóculo; IFL= índice de formato do lóculo; EM= espessura do mesocarpo; MF= massa do fruto; PP= produção por planta (RC=roughness of the rind (1= very rough; 2= medium roughness and 3= poor roughness); DLF= longitudinal diameter of fruit; DTF= transversediameter of fruit; IFF= fruit shape index; DLL= longitudinal diameter of locule; DTL= transverse diameter of locule; IFL= locule shape index;EM= thickness of the mesocarp; MF= weight of fruits; PP= production per plant).¹Médias seguidas pela mesma letra minúscula, na coluna, não diferem significativamente, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.(average values followed by same letter in column don’t differ significantly at 5% level of probability by Tukey test).

Cultivo de melão rendilhado com dois e três frutos por planta

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às encontradas na literatura, tanto paradois quanto para três frutos por planta.Pádua (2001), cultivando melãorendilhado em diferentes substratos(solo, areia e substrato comercial) ob-servou na cultivar Bônus n°2, espessu-ra do mesocarpo de 18,2 mm no verão e18,78 mm no inverno. Esta diferença pro-vavelmente está relacionada ao fato dafibra de coco, usada neste trabalho, serum material esterilizado, diminuindo aincidência de pragas e doenças. Alémdisso, este material tem baixa CTC, fa-zendo com que não ocorra adsorção dosnutrientes aplicados; assim, eles ficamprontamente disponíveis às plantas, oque consequentemente proporcionamum maior desenvolvimento da planta efrutos com melhores características.Outro fato que pode explicar esta dife-rença é que Pádua (2001) conduziu plan-tas com 3 a 4 frutos, o que certamentefez com que esta característica fosse afe-tada negativamente, pois a razão fonte/dreno fora mais elevada que no presen-te trabalho.

A cultivar Fantasy foi superior a to-dos os outros híbridos (1,31 kg), nãodiferindo estatisticamente apenas dacultivar Shinju 200 (1,19 kg), quandoanalisada a massa média dos frutos,sendo que quando a planta foi mantidacom dois frutos, estes apresentarammaior massa (1,25 kg). Provavelmenteos maiores valores de massa média dosfrutos das cultivares Fantasy e Shinju200 sejam devido à superioridade ge-nética em relação às demais cultivarestestadas, principalmente devido ao vi-gor híbrido proporcionado pelo cruza-mento de dois parentais com alta capa-cidade específica de combinação (Ta-bela 1). Os trabalhos de melhoramentogenético de hortaliças são bastante di-nâmicos e a cada ano são lançados nomercado novos materiais, sendo estescada vez mais produtivos e exigentesem técnicas de cultivo. Portanto, traba-lhos de avaliação de cultivares são im-portantes para que sirvam de subsídioaos produtores na tomada de decisãopara escolha da cultivar.

As massas médias de frutos obser-vadas nesta pesquisa são superiores àsobservadas por outros pesquisadores

que avaliaram o meloeiro rendilhado emoutros sistemas de cultivo e com outrascultivares. Rizzo & Braz (2001) verifica-ram para a cultura do melão rendilhadoconduzido sob ambiente protegido mas-sa média de fruto de 0,35 kg no híbridoAragon a 0,69 kg para o híbrido Bônusn°2. Costa et al. (2003), avaliando o ra-leio de frutos em melão rendilhado cv.Bônus n°2, em sistema hidropônico fe-chado, verificaram massa média de fru-tos de 0,66 kg quando conduzidos doisfrutos por planta e 0,60 kg quando con-duzidos três frutos por planta.

As maiores produções por plantaocorreram nos híbridos Fantasy eShinju 200 (Tabela 1). Considerando-se a área útil por planta de 0,5 m2, aprodutividade em 1 m2 seria de 6,46 e5,92 kg m2, valores estes superioresaos observados por Pádua (2001) eRizzo & Braz (2004). A maior produ-ção por planta foi observada quandoconduziram-se as plantas com trêsfrutos (Tabela 1). A condução de trêsfrutos por planta aumenta a produ-ção, praticamente sem afetar a massados frutos. As produções obtidasneste trabalho são maiores do que asde Purquerio et al. (2003), que avali-ando os efeitos da concentração denitrogênio na solução nutritiva e onúmero de frutos por planta, verifica-ram que a produção por planta do hí-brido Bônus n°2 foi de 2,04 kg planta-

1 e 1,67 kg planta-1 quando conduzi-dos dois e três frutos por planta, res-pectivamente.

Com base nos resultados obtidos,para o cultivo em ambiente protegido emJaboticabal, indicam-se as cultivares demelão rendilhado Fantasy e Shinju 200,conduzidos com três frutos por planta.

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Cultivo de melão rendilhado com dois e três frutos por planta

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256 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

A soja-hortaliça pertence ao mesmogênero da soja-grão (Glycine max

(L.) Merril) e à mesma família (Fabaceae),porém os grãos são consumidos quandoimaturos e ocupam 80% a 90% da larguradas vagens, o que corresponde ao está-dio R6 (Konovsky & Lumpkin, 1990).

Em comparação com a soja-grão, osgrãos das cultivares de soja-hortaliçasão maiores e considerados melhores emsabor e textura; necessitam menor tem-po de cozimento, devido principalmenteaos níveis mais altos de ácido fítico, oque torna os grãos mais tenros e de coc-ção rápida (Konovsky & Lumpkin, 1990);possuem teor elevado de aminoácidos,em especial o ácido glutâmico, respon-sável pelo melhor sabor dos grãos; apre-sentam conteúdos de amido e sacaroseelevados, tornando os grãos mais ado-cicados e contêm teores reduzidos dos

oligossacarídeos rafinose e estaquiose,de difícil digestão (Mendonça & Carrão-Panizzi, 2008). Além disso, destacam-secomo fonte de isoflavonas, apresentamreduzido teor de óleo (5,7%), elevadoteor de proteínas (13%), ausência decolesterol e gordura hidrogenada e teo-res razoáveis de minerais, fósforo, cál-cio e vitaminas B1 e B2(Shanmugasundaram & Yan, 2004).

Atualmente, Japão, China, Coréia eTaiwan são os principais produtores econsumidores desse tipo de alimento(Carrão-Panizzi, 2006), sendo no Brasil,em especial no estado de São Paulo, oconsumo do petisco de soja-hortaliça(edamame) restrito aos descendentes deorientais, destacando-se japoneses, chi-neses e coreanos.

No Brasil a soja tem recebido aten-ção pública considerável por seus po-

CASTOLDI R; CHARLO HCO; VARGAS PF; BRAZ LT; MENDONÇA JL; CARRÃO-PANIZZI MC. 2009. Desempenho de quatro genótipos desoja-hortaliça em dois anos agrícolas. Horticultura Brasileira 27: 256-259.

Desempenho de quatro genótipos de soja-hortaliça em dois anos agrícolasRenata Castoldi1; Hamilton César de O Charlo1; Pablo F Vargas1; Leila T Braz1; José Lindorico deMendonça2; Mercedes C Carrão-Panizzi3

1UNESP-FCAV, Depto Produção Vegetal, Rodov. Prof. Paulo Donato Castellane s/n, 14884-900 Jaboticabal-SP; 2Embrapa Hortaliças, C.Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 3Embrapa Soja, C. Postal 231, 86001-970 Londrina-PR; [email protected]

tenciais benéficos à saúde humana, pre-venindo doenças crônicas (Carrão-Panizzi et al., 2003), devido em especialà presença das isoflavonas, compostosfenólicos, envolvidos em atividadesanticarcinogênicas, redução da perda demassa óssea e diminuição do colesteroldo sangue (Góes-Favoni et al., 2004).

A soja-hortaliça pode ser uma alter-nativa natural na reposição hormonal,bem como um alimento de grande im-portância na dieta humana, especialmen-te na feminina. Porém, não existem estu-dos sobre o comportamento degenótipos de soja-hortaliça em diferen-tes épocas de estabelecimento da cultu-ra, para as condições brasileiras.

Devido a essa falta de estudos, alia-da à grande importância nutracêutica dasoja-hortaliça, o presente trabalho tevepor objetivo avaliar a influência de dife-

RESUMO

Com o objetivo de avaliar o desempenho de quatro genótipos desoja-hortaliça, em dois anos agrícolas, foi instalado um ensaio, emárea da UNESP–FCAV, Campus de Jaboticabal-SP. O delineamentoexperimental adotado foi de blocos casualizados, com quatro genótipose cinco repetições, para cada ano agrícola. Cada parcela experimentalfoi constituída por quatro linhas de plantio, com 3 m de comprimen-to, dispostas no espaçamento de 0,10 m entre plantas e 0,60 m nasentrelinhas, sendo consideradas para avaliação 20 plantas por parce-la, das duas linhas centrais. As sementes foram semeadas em bande-jas de poliestireno expandido de 128 células, contendo substratoPlantmax Hortaliças®. O transplante ocorreu dez dias após a semea-dura, sendo que o solo já estava devidamente preparado, conformerecomendações para a cultura. A colheita foi realizada quando asvagens estavam em estádio reprodutivo R6. Avaliaram-se os genótipos:JLM003; JLM010; JLM018 e CNPSoI quanto às características:altura de inserção da primeira vagem, número médio de vagens porplanta, número médio de sementes por vagem, produção de vagenspor planta, massa fresca de 100 sementes e produtividade estimadade grãos imaturos. De acordo com os resultados obtidos, concluiu-seque, dentre os genótipos avaliados, JLM003, JLM010 e CNPSoIforam os mais produtivos, e quando semeados em dezembro apre-sentam produtividades maiores do que quando semeados em setem-bro.

Palavras-chave: Glycine max, produtividade, épocas de semeadura.

ABSTRACT

Performance of four vegetable soybean genotypes in twoagricultural years

The performance of vegetable soybean genotypes was evaluatedin two years, in the experimental area of Universidade Estadual deSão Paulo, São Paulo State, Brazil. The experimental design was ofrandomized blocks, with four genotypes and five replications pereach year. Plots comprised of four rows, with three meters in lengthand the plants were arranged with a plant spacing of 0.10m and0.60m between rows, where 20 plants per plot were studied. Seedswere sown in expanded polystyrene trays with 128 pyramidal cells,with the substrate Plantmax Hortaliças®. Transplanting was performedten days after sowing, in a soil previously fertilized as recommendedfor the crop. Harvesting was performed when pods reached thereproductive stage R6. The genotypes JLM003; JLM010; JLM018and CNPSoI were evaluated to measure the insertion height of firstpod, mean number of pods per plant, mean number of seeds per pod,production of pods per plant, fresh weight of 100 grains and totalyield of immature grains. Genotypes JLM003, JLM010 and CNPSoIwere the most productive and sowing date in December showedgreater yield than sowing in September.

Keywords: Glycine max, yield, seasons of seeding.

(Recebido para publicação em 26 de fevereiro de 2008; aceito em 7 de maio de 2009)(Received in February 26, 2008; accepted in May 7, 2009)

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rentes anos agrícolas, nas característi-cas agronômicas, em quatro genótiposde soja-hortaliça.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em cam-po, na área experimental do Setor deOlericultura e Plantas Aromático-Medi-cinais, nas dependências da UNESP-FCAV em Jaboticabal. O clima da região,segundo a classificação de Köppen, édo tipo Aw com transição para Cwa, e osolo foi classificado como sendoLatossolo eutroférrico (Embrapa, 1999).

O experimento foi conduzido em duasépocas de semeadura em dois anos agrí-colas, sendo o primeiro ano agrícolacompreendido entre 18 de dezembro de2004 a 17 de abril de 2005, e o segundoano agrícola de 18 de setembro de 2005a 15 de janeiro de 2006.

Os dados climáticos no primeiro anoagrícola foram de 30,78°C para tempera-tura máxima média, 19,48°C para tempera-tura mínima média, 24,1°C para tempera-tura média, 76,46% para umidade relativamédia do ar e 153,2 mm para precipitação.Já no segundo ano agrícola foram de30,8°C para temperatura máxima média,18,96°C para temperatura mínima média,23,98°C para temperatura média, 71,42%para umidade relativa média do ar e 127,18mm para precipitação (UNESP, 2008).

Para cada um dos experimentos odelineamento adotado foi de blocoscasualizados, sendo que os tratamentosconstaram de quatro genótipos e cincorepetições.

Cada parcela experimental foi cons-tituída por quatro linhas de plantio, comtrês metros de comprimento, dispostasno espaçamento de 0,10 m entre plantase 0,60 m nas entrelinhas, sendo consi-

deradas para avaliação 20 plantas porparcela, das duas linhas centrais, o quecorrespondia a 1,20 m² da área útil.

Os genótipos utilizados foram pre-viamente testados em estudos anterio-res e os que apresentaram melhores ca-racterísticas para o consumo comohortaliça foram utilizados no atual expe-rimento e constaram de JLM003 (portemédio; massa seca de 100 sementes = 30gramas; flor de coloração roxa; hilo cla-ro; grão bege e originário de coleta noDistrito Federal); JLM010 (porte médio;massa seca de 100 sementes = 41 gra-mas; flor de coloração branca; hilo e grãoclaros, e originário da AVRDC (Taiwan));JLM018 (porte alto; massa seca de 100sementes = 24,8 gramas; flor de colora-ção roxa; hilo marrom; grão creme e ori-ginário do CENARGEN) e CNPSoI (por-te médio; massa seca de 100 sementes =27,8 gramas; hilo claro e originário daEmbrapa-Soja).

Devido ao intenso ataque de pom-bos em plantios anteriores com semea-dura direta, optou-se pela formação dasmudas, utilizando-se de bandejas depoliestireno expandido, com capacida-de para 128 células, colocando-se umasemente por célula, já inoculada na pro-porção de 500 gramas de inoculante, quecontêm Bradyrhizobium, para cada 50kg de sementes de soja-hortaliça.

As mudas foram transplantadas aosdez dias após a semeadura, em solo ante-riormente preparado e adubado, confor-me os resultados da análise do solo e arecomendação de Raij et al., (1997) para acultura da soja. Para tanto, foram aplica-dos em adubação de plantio, 40 kg ha-1

de P2O

5 e 60 kg ha-1 de K

2O, utilizando

superfosfato simples e cloreto de potás-sio como fonte, respectivamente. Sendoque o K

2O foi parcelado, aplicando-se

metade da dose no sulco de plantio e aoutra metade em adubação de cobertura,realizada 30 dias após o transplante.

A colheita foi realizada quando asvagens estavam em estádio reprodutivoR6, tendo como referência a escala deFehr & Caviness, adaptada por Costa &Marchezan (1982). Com a ajuda de umfacão, cortaram-se as plantas acima dasuperfície do solo, levaram-nas ao labo-ratório e retiraram-se as vagens.

Foram avaliados a altura de inserçãoda primeira vagem, número de vagens

Tabela 1. Características de produção de quatro genótipos de soja-hortaliça, em duas épocasde semeadura (average of four genotypes of vegetable soybean, in two sowing dates).Jaboticabal, UNESP-FCAV, 2006.

GenótiposCaracterísticas

AIPV(cm)¹

NVP² NMGV³PVP(g)4

MF100(g)5

PTE(t ha-1)6

JLM010 11,8 ab 27,9 c 2,0 ab 78,2 a 77,6 a 8,2 a

JLM003 13,0 a 42,8 b 2,2 a 84,6 a 57,9 a 9,4 a

JLM018 10,1 b 58,4 a 1,8 b 66,7 a 40,2 a 6,6 a

CNPSoI 10,1 b 48,0 b 2,0 ab 70,9 a 54,4 a 9,1 a

Épocas de semeadura

Dezembro 2004 16,9 a 45,9 a 2,1 a 78,7 a 55,6 a 9,3a

Setembro 2005 5,6 b 42,6 a 1,9 b 71,5 a 59,4 a 7,4 a1AIPV= Altura de inserção da primeira vagem; 2NVP= Número de vagens por planta; 3NMGV=Número médio de grãos por vagem; 4PVP= Produção de vagens por planta; 5MF

100= Massa

fresca de 100 grãos; 6PTE= Produtividade total estimada de grãos imaturos por hectare(1AIPV= insertion height of first pod; 2NVP= number of pods per plant; 3NMGV= meannumber of grains per pod; 4PVP= production of pods per plant; 5MF

100= fresh weight of 100

grains; 6PTE= total estimate yield of immature grains); Médias seguidas pela mesma letra nãodiferem significativamente entre si, teste de Tukey, p<0,05 (means followed by the sameletter do not differ significantly from each other, Tukey’s test, p<0,05).

Tabela 2. Altura de inserção da primeira vagem em quatro genótipos de soja-hortaliça, emduas épocas de semeadura (insertion height of first pod in four genotypes of vegetablesoybean, in two sowing dates). Jaboticabal, UNESP-FCAV, 2006.

Épocas desemeadura

Altura de inserção da primeira vagem (cm)

JLM010 JLM003 JLM018 CNPSOI

Dezembro 2004 16,7 Ba 20,5 Aa 14,5 Ba 15,9 Ba

Setembro 2005 6,8 Ab 5,5 Ab 5,7 Ab 4,4 Ab

Médias seguidas por letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem entresi, pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade (means followed by the same capital letter inthe row and small letter in the column do not differ significantly, according to Tukey’s test,p<0,05).

Desempenho de quatro genótipos de soja-hortaliça em dois anos agrícolas

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por planta, número médio de grãos porvagem, produção de vagens por planta,massa fresca de 100 grãos e a produtivi-dade estimada de grãos imaturos porhectare, calculado através da produçãopor área útil de parcela (1,20 m²) e esti-mada a produção por hectare.

Realizou-se análise de variância paracada uma das épocas e posteriormente,a análise conjunta dos dados sendo asmédias comparadas pelo teste de Tukey,a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve interação entre os genótipose anos agrícolas apenas para as caracte-rísticas altura de inserção da primeiravagem (Tabela 2) e massa fresca de 100grãos (Tabela 3). Para as demais carac-terísticas, os dados serão discutidosseparadamente.

Para altura de inserção da primeiravagem, a semeadura em dezembro pro-porcionou médias superiores às da se-meadura em setembro (Tabela 2). O cul-tivo em setembro (88 dias) proporcio-nou florescimento precoce, fato que re-fletiu em um ciclo da cultura 32 dias me-nor que o cultivo em dezembro (120dias). Esse ciclo precoce, que pode tersido ocasionado pela diferençafotoperiódica das épocas de cultivo, pro-vocou um menor crescimento vegetativoe conseqüentemente uma inserção maisbaixa das vagens. Em relação aosgenótipos, verificou-se diferença entreeles para essa característica, apenas paraa semeadura feita em dezembro, onde ogenótipo JLM003 apresentou a maiormédia (20,5 cm).

Apesar de no Brasil, as atuaiscolheitadeiras não serem preparadaspara colherem grãos verdes, ou seja, comalto teor de umidade (acima de 14% deumidade) é de fundamental importânciaselecionar plantas com alta inserção devagens facilitando, futuramente, a co-lheita desse tipo de soja com máquinas.

O genótipo JLM010 apresentou omenor número de vagens por planta(27,9), não sendo influenciado pela épo-ca de estabelecimento da cultura (Tabe-la 1). Verifica-se que, apesar do baixonúmero de vagens por planta, ogenótipo JLM010 apresentou o maiorvalor de massa fresca de 100 grãos (77,6

g), ou seja, característica desejável àsoja-hortaliça, já que grãos graúdos fa-cilitam o cozimento e o seu consumo(Carrão-Panizzi, 2006).

Estes valores estão próximos aosencontrados por Charlo et al. (2008), queavaliaram duas cultivares de soja-hortaliça de ciclo precoce (JLM010 eCNPSOI) em diferentes densidades, noperíodo de setembro a dezembro, e veri-ficaram respectivamente 28,8 e 47,3 va-gens por planta, para as cultivaresJLM010 e CNPSOI, sendo que à medidaque diminuiu-se a densidade, aumentouo número de vagens por planta.

O genótipo JLM018 diferiu dos de-mais, apresentando o menor númeromédio de grãos por vagem (1,8) (Tabela1). Os genótipos de soja-hortaliça se-meados em dezembro apresentarammaior número de grãos por vagem (2,1).Mais uma vez verifica-se a interferêncianegativa da precocidade dos genótiposquando se cultivou em setembro. Ape-sar do cultivo em dezembro permanecerno campo 32 dias a mais que o cultivode setembro, gerando mais custos aoprodutor e estando disponível paracomercialização mais tardiamente, essadiferença é compensada, pois refletiu emmaior produção de fotoassimilados e,conseqüentemente, maior número degrãos por vagem.

Em relação à produção de vagens porplanta, verificou-se que não houve dife-rença estatística entre os genótipos ava-liados (Tabela 1). Da mesma forma, devi-do à grande semelhança dos dadosmeteorológicos em setembro e dezem-bro, exceto fotoperíodo, a produção devagens por planta não foi influenciadapela época de semeadura da cultura.

Houve interação entre os genótipose épocas de estabelecimento da culturapara a massa fresca de 100 grãos, sendo

que, para a semeadura em dezembro, asmaiores médias dessa característica fo-ram observadas nos genótipos JLM010(68,2 g) e JLM003 (62,2 g). Para a semea-dura em setembro, o genótipo JLM010(87,0 g) foi o que apresentou o melhordesempenho (Tabela 3).

Viana et al., (2005), avaliando cincogenótipos de soja-hortaliça (AVRDC 7;AVRDC 8; BRS 155; JLM 003; JLM 004)no período de novembro de 2003 a abrilde 2004, no município de Areia-PB, veri-ficaram valor semelhante de massa fres-ca de 100 sementes (64,5 g/100 semen-tes verdes) ao encontrado no presentetrabalho para a cultivar JLM003, semeadano período de dezembro a março.

Nota-se que em ambos os cultivos,independente da época de semeadura,o genótipo JLM010 demonstra seu po-tencial produtivo, pois a massa frescade 100 grãos foi semelhante à encontra-da no trabalho de Charlo et al. (2008) eCastoldi et al. (2006).

Para a produtividade total estimadade grãos imaturos por hectare, ogenótipo JLM003 (9,4 t ha-1) foi o queapresentou a maior média, contudo nãodiferiu dos genótipos CNPSoI (9,1 t ha-1),JLM010 (8,2 t ha-1) e JLM018 (6,6 t ha-1).Não houve influencia da época de se-meadura da cultura para tal caracte-rística, mesmo em condiçõesfotoperiódicas diferentes.

As baixas produções obtidas no ex-perimento de Costa et al., (2005), quan-do comparadas com a produtividadeestimada do atual experimento podem seratribuídas aos fatores climáticos, umavez que a estação de crescimento e de-senvolvimento das plantas no experi-mento de Costa et al. (2005) foi inverno/primavera, cuja temperatura mínima atin-giu 13,3°C e no atual experimento foramde 18,96°C (setembro) e 19,48°C (dezem-

Tabela 3. Massa fresca de 100 grãos de quatro genótipos de soja-hortaliça, em duas épocasde semeadura (average weight of 100 grains (g) of four genotypes of vegetable soybean, intwo sowing dates). Jaboticabal, UNESP-FCAV, 2006.

Épocas desemeadura

Massa fresca de 100 grãos (g)

JLM010 JLM003 JLM018 CNPSOI

Dezembro 2004 68,2 Ab 62,2 Aa 43,0 Ba 49,1 Bb

Setembro 2005 87,0 Aa 53,7 Ba 37,4 Ca 59,7 Ba

Médias seguidas por letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem entresi, pelo Teste de Tukey, p<0,05 (means followed by the same capital letter in the row andsmall letter in the column do not differ significantly, according to Tukey’s test, p<0,05).

R Castoldi et al.

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259Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

bro), com temperatura máxima em tornode 30°C, ou seja, temperatura ideal paracrescimento e desenvolvimento da soja,de acordo com a Embrapa (2002). Noentanto, por ser uma cultura nova e pro-missora, ainda faz-se necessário maisestudo sobre a soja-hortaliça em condi-ções climáticas adversas, já que nãohouve variação climática abruptas entreas épocas estudadas.

Com base nos resultados pode-severificar que dentre os genótipos ava-liados, JLM003, JLM010 e CNPSOI sãoos mais promissores e o cultivo em de-zembro apresenta melhor desempenhoem relação a setembro.

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Desempenho de quatro genótipos de soja-hortaliça em dois anos agrícolas

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nova cultivar / new cultivar

Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

A alface (Lactuca sativa L.) é umaespécie mundialmente conhecida e

considerada a mais importante hortaliçafolhosa. É consumida na dieta brasilei-ra, principalmente, na forma de saladascruas, contendo propriedadestranquilizantes com alto teor de vitami-nas A, B e C (Viggiano,1990).

Os segmentos de comercializaçãoagrícola têm experimentado ultimamente,importantes adaptações em função de umconsumo crescente e versátil que os obri-ga a praticar quantidade, qualidade e prin-cipalmente, regularidade do produto. Poroutro lado, a produção em qualidade eregularidade quando se trata de hortali-ças, é difícil em virtude da sazonalidadedas espécies. Para a alface, temperaturasaltas, acima de 200C, fotoperíodo longo,verões chuvosos e temperaturas extre-mamente baixas são exemplos de adver-sidades climáticas que comprometem aprodução regular (Nagai & Lisbão, 1980;Ryder, 1986; Viggiano, 1990;Segovia,1991; Silva et al., 1999b). Segun-do Sala & Costa (2005), até meados dadécada de 1980, o mercado consumidorpreferiu, em maior quantidade, a alface

SILVA EC. 2009. Anita: cultivar de alface de verão para cultivo protegido no solo e em hidroponia. Horticultura Brasileira 27: 260-262.

Anita: cultivar de alface de verão para cultivo protegido no solo e emhidroponiaErnani Clarete da SilvaUNIFENAS-Setor de Olericultura e Experimentação, C. Postal 23, 70130-000 Alfenas-MG; [email protected]

lisa do tipo ‘White Boston’, tendo havi-do, posteriormente, migração para o seg-mento de alface do tipo crespa. Entretan-to, esta migração não ocorreu por des-prezo do consumidor ao consumo de al-faces lisas, mas, provavelmente, pela re-dução da oferta do produto no mercadoem função da maior estabilidade da pro-dução de alface com folhas crespas.

Adaptações e introduçõestecnológicas são necessárias a cada sa-fra com o objetivo de atender às práti-cas modernas de comercialização assimcomo às exigências do consumo. O cul-tivo sob estruturas de proteção tem sidoempregado nas mais diversas condi-ções, ora servindo como estufas em re-giões de inverno rigoroso no sul(Segovia, 1991), ora como guarda-chu-va em regiões de verão chuvoso (San-tos, 1995). As estruturas de proteção,além de proteger a cultura dos efeitosindesejáveis do vento, chuvas e grani-zo, possibilitam aumentos consideráveisna produtividade, além de proporcionara expressão de maior precocidade, bemcomo melhor qualidade, com economiade insumos (Sganzerla, 1991).

Por conseguinte, dentre as estratégiaspara superar limitações climáticas, desta-cam-se os ambientes protegidos, especial-mente considerando a sua eficiência na cap-tação da energia radiante e melhor aprovei-tamento pelas plantas da temperatura, águadisponível e nutrientes, proporcionandorendimentos oito a dez vezes maiores queem cultivos a céu aberto (Slater, 1983). Poroutro lado, embora o cultivo protegido, tan-to hidropônico quanto no solo, sejam téc-nicas que minimizam o efeito ambiental pelapossibilidade do controle parcial de fatoresadversos no interior das estruturas (Souzaet al., 1994), nem todas as cultivares sãoadaptadas e podem expressar baixo desem-penho quando utilizadas em cultivo prote-gido (Silva et al., 2002).

Caballero (1980) recomenda aumen-tar o rendimento nos cultivos sob estru-turas de proteção por meio de alternati-vas como desenvolvimento de varieda-des adaptadas a ambientes específicos(casa de vegetação, por exemplo); sele-ção de plantas com alta saturação lumi-nosa, dentre outras.

O presente trabalho teve como objetivoselecionar uma cultivar de alface do tipo lisa

RESUMO‘Anita’ é uma cultivar de alface (Lactuca sativa L.) do grupo lisa,

de cor verde-clara intensa, cujo desenvolvimento se deu a partir de1994 no município de Campos dos Goytacazes, RJ. Foi selecionadapelo método genealógico a partir do cruzamento entre as cultivarescomerciais Vitória e Brasil 303. As plantas contêm diâmetro médio decabeça de 55 cm, massa fresca de 700 g e número médio de 55 folhas,conforme resultados de ensaios conduzidos nas quatro estações doano. Possui resistência ao LMV e ao pendoamento precoce em culti-vos de verão. As folhas são grandes, macias, crocrantes e adocicadas,sendo estas características mantidas tanto no cultivo protegido nosolo quanto em hidroponia.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., material de interesse econômico,adaptação, nova cultivar.

ABSTRACT‘Anita’: a new summer lettuce cultivar suitable for protected

cultivation in soil and hydroponics systems

‘Anita’ is a lettuce cultivar (Lactuca sativa L.) of the loose-leaf groupwhose leaves are of intense green color. This cv. was developed in Camposdos Goytacazes, Rio de Janeiro State, Brazil, since 1994. “Anita” wasselected by the pedigree method through crossings between commercialcultivars Vitória and Brasil 303. After evaluations done during four seasons,there were detected a head mean diameter around 55 cm, average freshplant weight of 700 g and 55 leaves in average. Plants present resistance toLettuce Mosaic Virus (LMV) and high resistance to bolting in the summer.In both cultivation systems, protected environment or hydroponics, plantspresent leaves of great size, soft and sweet.

Keywords: Lactuca sativa L., material for release, adaptability, newcultivar.

(Recebido para publicação em 7 de julho de 2008; aceito em 27 de março de 2009)(Received in July 7, 2008; accepted in March 27, 2009)

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com ampla adaptação ao cultivo protegido,tanto no solo quanto em sistemashidropônicos, com resistência aopendoamento precoce e resistência ao LMV.

ORIGEM

‘Anita’ foi obtida em populaçõessegregantes por meio de seleção a partirdo cruzamento biparental entre as cvs.Vitória e Brasil 303. Em condições decultivo sobre estruturas de proteção, emCampos dos Goytacazes, ‘Brasil 303’ re-velou baixa resistência ao pendoamentoprecoce, ao contrário da cultivar Vitória,que expressou elevada resistência (Sil-va et al., 1999b). ‘Brasil 303’ é resistenteao Vírus do mosaico da alface (LMV)(Nagai, 1980).

Estudos subseqüentes de compor-tamento genético relacionado à adapta-ção da alface sob altas temperaturas emcultivo protegido com base em dois cru-zamentos biparentais (‘Babá’ x ‘Elisa’ e‘Vitória’ x ‘Brasil 303’), revelaram altaherdabilidade no sentido restrito pararesistência ao pendoamento precoce,com magnitudes de 48,91% e 48,06% res-

pectivamente, com estimativa de ganhode seleção de 10% (Silva et al., 1999a).Essas estimativas foram usadas na con-centração de alelos favoráveis em avan-ços de gerações pelo método de sele-ção genealógica, consequenciando naseleção de linhagens promissoras entrefamílias oriundas de segregaçãotransgressiva para pendoamento lentoem condições de cultivo protegido nosolo e em hidroponia (Silva et al., 2002;Silva et al., 2003a; Silva et al., 2003b;Albuquerque Neto et al., 2004).

Dentre as seleções, uma linhagem,posteriormente denominada Anita, comcaracterísticas desejáveis foi avaliada, jun-tamente com outros genótipos e cultiva-res de alface quanto à resistência ao LMV(Maciel et al., 2007). As plantas foram ino-culadas duas vezes com intervalo de cin-co dias. Nas inoculações, utilizou-se ex-trato foliar de plantas de alface infectadascom LMV, que apresentavam sintomasseveros de mosaico. Esse extrato foi obti-do por meio da maceração das folhas emalmofariz, contendo tampão fosfato a 0,01M, pH 7, e sulfito de sódio na mesmamolaridade. As inoculações foram realiza-das friccionando-se o extrato foliar obtidonas folhas das plantas receptoras, previa-mente polvilhadas com carburundum (400mesh). Posteriormente, as folhas foram la-vadas com água corrente e as plantas fo-ram mantidas em telado, até a avaliaçãofinal dos sintomas sendo comprovada aresistência da linhagem Anita ao LMV(Maciel et al., 2007).

DESCRIÇÃO

‘Anita’ contém plantas vigorosascom folhas largas, lisas, soltas e de co-

loração verde-clara intensa. As nervurassão de coloração clara e salientes o queproporciona folhas com textura crocrantede sabor adocicado. ‘Anita’ possuipendoamento lento nas condições decultivo de verão o que foi demonstradodesde a sua seleção em Campos dosGoytacazes, Lavras, MG; e Alfenas, MG.Nestas avaliações o pendoamento foi emmédia mais lento 15 dias quando com-parado com as cultivares Vitória,Verônica e Vera.

O ciclo de ‘Anita’ é normal, variandode 40 a 48 dias após o tranplante, de-pendendo da região e época de plantio.Entretanto, o alfacicultor tem uma mar-gem de segurança, em média de 10 dias,antes do início do pendoamento o quepossibilita a colheita de plantas maiorescom 50 folhas em média e massa frescaem torno de 700 g e diâmetro de 55 cm. Omelhor comportamento ocorre no inver-no, quando expressa todo o seu poten-cial genético para produção.

É recomendada para cultivo durantetodo o ano em casa de vegetação tantono solo quanto em sistemashidropônicos, com excelente rendimen-to em regiões de verão chuvoso.

DISPONIBILIDADE DESEMENTE

Amostras de sementes podem sersolicitadas ao Professor Ernani Clareteda Silva, Universidade José do RosárioVellano (UNIFENAS), Setor deOlericultura e Experimentação, C. Postal23, 37130-000 Alfenas-MG, Brasil.

AGRADECIMENTOS

O autor agradece aos professores Wil-son Roberto Maluf (Universidade Federalde Lavras) e Nilton Rocha Leal (Universi-dade Estadual do Norte Fluminense), peloinestimável apoio e incentivo. Tambémagradece aos alunos integrantes do Nú-cleo de Estudos em Olericultura daUNIFENAS, pela expressiva participaçãoem etapas importantes deste trabalho.

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Figura 1. Plantas de alface (cv. Anita) com o máximo desenvolvimento vegetativo, 78 dias dosemeio (plants of lettuce (cv. Anita) with the maximum growth, 78 days from sowing date).Alfenas, UNIFENAS, 2005.

Figura 2. Plantas de alface (cv. Anita) emcultivo hidropônico NFT (plants of lettuce(cv. Anita) in NFT hydroponic cultivation).Alfenas, UNIFENAS, 2005.

Anita: cultivar de alface de verão para cultivo protegido no solo e em hidroponia

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normas para publicação / instructions to authors

Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

NORMAS PARA PREPARAÇÃO E SUBMIS-SÃO DE TRABALHOS

O periódico Horticultura Brasileira é a revista oficial da Associa-ção Brasileira de Horticultura. Horticultura Brasileira destina-se àpublicação de artigos técnico-científicos que envolvam hortaliças,plantas medicinais, condimentares e ornamentais e que contribuamsignificativamente para o desenvolvimento desses setores. O peri-ódico Horticultura Brasileira é publicado a cada três meses. Osartigos podem ser enviados e/ou publicados em português, inglêsou espanhol. Para publicar em Horticultura Brasileira é necessárioque o primeiro autor do trabalho seja membro da Associação Bra-sileira de Horticultura (ABH) ou das Associações Nacionais comque a ABH mantém Acordo de Reciprocidade, e esteja em dia como pagamento da anuidade. Trabalhos em que o primeiro autor nãocumpra os requisitos acima também poderão ser submetidos. Nes-te caso, é necessário que seja recolhida a taxa de tramitação amplia-da, tão logo o trabalho seja aceito para tramitação.

Os trabalhos enviados para Horticultura Brasileira devemser originais, ainda não relatados ou submetidos à publicaçãoem outro periódico ou veículo de divulgação. Está tambémimplícito que os aspectos éticos e o atendimento à legislaçãovigente do copyright tenham sido observados durante o de-senvolvimento do trabalho. Após a submissão à HorticulturaBrasileira e até o final de sua tramitação, é vedada a submissãodo trabalho, em todo ou em parte, a qualquer outro periódicoou veículo de divulgação. Caso o trabalho seja aceito parapublicação, Horticultura Brasileira adquire o direito exclusivode copyright para todas as línguas e países. Não é permitida areprodução parcial ou total dos trabalhos publicados sem au-torização por escrito da Comissão Editorial.

O periódico Horticultura Brasileira é composto das seguin-tes seções:

1. Artigo convidado: tópico de interesse atual, a conviteda Comissão Editorial;

2. Carta ao Editor: assunto de interesse geral. Serápublicada a critério da Comissão Editorial que poderá, ainda,submetê-la ao processo de revisão;

3. Pesquisa: artigo relatando informações provenientesde resultados originais de pesquisa obtidos por meio de apli-cação rigorosa de metodologia científica, cujareproducibilidade é claramente demonstrada;

4. Comunicação Científica: comunicação ou nota cientí-fica relatando informações originais resultantes de observa-ções de campo ou provenientes de experimentos menos com-plexos, realizados com aplicação rigorosa de metodologia cien-tífica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada;

5. Página do Horticultor: trabalho original referente aresultados de utilização imediata pelo setor produtivo como,por exemplo, ensaios originais com agrotóxicos, fertilizantesou competição de cultivares, realizados com aplicação rigoro-sa de metodologia científica, cuja reproducibilidade é clara-mente demonstrada;

GUIDELINES FOR PREPARATION ANDSUBMISSION OF PAPERS

Horticultura Brasileira is the official journal of the BrazilianAssociation for Horticultural Science. Horticultura Brasileirapublishes papers on vegetable crops, medicinal andcondimental herbs, and ornamental plants. Papers mustrepresent a significant contribution to the scientific andtechnological development of these crops. HorticulturaBrasileira is published quarterly and accepts and publishespapers in English, Portuguese, and Spanish. For the paper tobe eligible for publication, first author must be member of theBrazilian Association for Horticultural Science (ABH) or of aNational Horticultural Association which ABH possesses aReciprocity Agreement with, in both cases with the annual feepaid. In case first author does not fall into the previouscategories, papers may be still submitted, regarding that thebroad processing fee is paid as soon as the manuscript isconsidered accepted for reviewing.

Horticultura Brasileira publishes original papers, whichhave not been submitted to publication elsewhere. It is implicitthat ethical aspects and fully compliance with the copyrightlaws were observed during the development of the work. Fromsubmission up to the end of the reviewing process, partial ortotal submission elsewhere is forbidden. With the acceptancefor publication, publishers acquire full and exclusive copyrightfor all languages and countries. Unless the publishers grantspecial permission, no photographic reproductions, microform,and other reproduction of a similar nature may be made of thejournal, of individual contributions contained therein or ofextracts therefrom.

Horticultura Brasileira has the following sections:

1. Invited paper: papers dealing with topics that arouseinterest, invited by the Editorial Board;

2. Letter to the Editor: deals with a subject of generalinterest. The Editorial Board makes a preliminary evaluationand can accept or reject it, as well as submit it to the reviewingprocess;

3. Research: paper describing an original study, carriedout under strict scientific methods. The reproducibility ofstudies should be clearly demonstrated;

4. Scientific Communication: communication or scientificnote, reporting field observations or results of less complexoriginal studies, carried out under strict scientific methods.The reproducibility of studies should be clearly demonstrated;

5. Grower’s page: original communication or short notedescribing information readily usable by farmers, as for example,results from studies regarding the evaluation of pesticides orfertilizers, or cultivar comparative performance. Such studiesmust have been carried out under strict scientific methodsand their reproducibility should be clearly demonstrated;

6. New Cultivar: communications or scientific notesreporting recent cultivar and germplasm release. It must

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6. Nova Cultivar: relato de novas cultivares egermoplasma, contendo origem, descrição e disponibilidade,com dados comparativos.

Submissão dos trabalhosO texto deve ser composto em programa Word ou compatí-

vel, em espaço 1,5, fonte Times New Roman, tamanho doze.Páginas e linhas devem ser numeradas. Adicione ao final dotexto todos os demais componentes do trabalho (figuras, tabe-las e gráficos). Formate o arquivo para página A

4 e toda as

margens para 3 cm, imprima e envie uma cópia. Inclua tambémum CD contendo o arquivo do trabalho. Imagens de baixa reso-lução não serão aceitas. Os trabalhos deverão ter no máximo36.000 caracteres, excluindo os espaços. Se forem necessáriasoutras orientações, entre em contato com a Comissão Editorialou consulte os últimos números de Horticultura Brasileira.

Os trabalhos submetidos entrarão em tramitação somente se:

1. estiverem acompanhados da anuência de todos osautores, que devem assinar a carta de encaminhamento ou aprimeira página do trabalho. Caso um ou mais autores nãopossa(m) assinar, a razão deve ser mencionada na carta deencaminhamento. Neste caso, o autor correspondente deveráse responsabilizar pela(s) anuência(s) faltante(s). Mensagenseletrônicas da anuência ou cópias gráficas destas serão acei-tas, desde que indubitavelmente enviadas da conta eletrônicade quem as concedeu;

2. estiverem em total acordo com estas normas;3. forem considerados aptos para tramitação pela Comis-

são Editorial.

Quando aceito para tramitação, o autor correspondente re-ceberá uma mensagem eletrônica e será solicitado o recolhi-mento da taxa de tramitação, no valor de R$ 55,00, quando oprimeiro autor for associado à ABH ou associações-irmãs eestiver com a anuidade em dia; ou da taxa de tramitação amplia-da, no valor de R$ 295,00, quando o primeiro autor não é asso-ciado da ABH. Trabalhos rejeitados não serão devolvidos.

A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro:1. Título: limitado a 90 caracteres, excluindo os espaços. Uti-

lize nomes científicos somente quando as espécies em questãonão possuírem nomes comuns no idioma utilizado no trabalho;

2. Nome dos autores: nome(s) próprio(s) completo(s) do(s)autor(es). Abrevie somente o(s) sobrenome(s) intermediário(s).Por exemplo, José Maria Fontana Cardoso, deve aparecer comoJosé Maria F Cardoso. Utilize números super-escritos pararelacionar autor(es) e endereço(s). Observe o padrão nos nú-meros mais recentes de Horticultura Brasileira;

3. Endereço dos autores: nome da instituição e departamen-to, instituto, faculdade ou similar, quando for o caso, com endereçocompleto para correspondência, de todos os autores. Inclua o en-dereço de correio eletrônico de todos os autores. Utilize númerossuper-escritos para relacionar autor(es) e endereço(s). Observe opadrão nos números mais recentes de Horticultura Brasileira;

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5. Title, abstract, and keywords: o título em inglês, oabstract e as keywords devem ser versões adequadas de seussimilares em inglês. Não utilize tradutores eletrônicos de texto;

6. Introdução7. Material e Métodos8. Resultados e Discussão9. Agradecimentos, quando for o caso;

10. Referências: não exceda o limite de 30 referências bi-bliográficas. Assegure-se de que no mínimo a metade das re-ferências foi publicada recentemente (no máximo, há dez anos).Casos excepcionais serão considerados. Para tanto, solicita-se que os autores apresentem suas razões na carta de submis-são. Evite citar resumos e trabalhos apresentados e publica-dos em congressos e similares;

11. Figuras, quadros e tabelas: o limite para figuras, qua-dros e tabelas é três para cada categoria, com limite total decinco. Casos excepcionais serão considerados. Para tanto,solicita-se que os autores apresentem suas razões na carta desubmissão. Assegure-se de que figuras, quadros e tabelasnão são redundantes. Enunciados e notas de rodapé devemser bilíngües. Os enunciados devem terminar sempre indican-do, nesta ordem, o local, instituição responsável e o ano derealização do trabalho.

Este roteiro deverá ser utilizado para trabalhos destinadosàs seções Pesquisa e Comunicação Científica. Para as demaisseções veja padrão de apresentação nos artigos publicadosnos últimos números de Horticultura Brasileira. Para maiordetalhamento consulte os números mais recentes de HorticulturaBrasileira, disponíveis também nos sítios eletrônicoswww.scielo.br/hb e www.abhorticultura.com.br/Revista.

Prefira a citação bibliográfica no texto entre parênteses,como segue: (Resende & Costa, 2005). Quando houver maisde dois autores, utilize a expressão latina et alli abreviada, emitálico, como segue: (Melo Filho et al., 2005). Quando houvermais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano,diferencie-os por uma letra minúscula, logo após a data depublicação do trabalho, como segue: 2005a, 2005b, no texto enas referências. Quando houver mais de um artigo do(s)mesmo(s) autor(es), em anos diferentes, separe os anos porvírgula, como segue: (Inoue-Nagata et al., 2003, 2004). Quan-do vários trabalhos forem citados em série, utilize a ordemcronológica de publicação.

Na seção Referências, organize os trabalhos em ordem alfa-bética pelo sobrenome do primeiro autor. Quando houver maisde um trabalho citado cujos autores sejam exatamente os mes-mos, utilize a ordem cronológica de publicação. Utilize o padrãointernacional na seção Referências, conforme os exemplos:

a) PeriódicoMADEIRA NR; TEIXEIRA JB; ARIMURA CT; JUNQUEIRA

CS. 2005. Influência da concentração de BAP e AG3 no

desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa.Horticultura Brasileira 23: 982-985.

b) LivroFILGUEIRA FAR. 2000. Novo manual de olericultura. Viçosa:

UFV. 402p.

5. Abstract, title, and keywords in Portuguese orSpanish: abstract, title, and keywords in Portuguese orSpanish must be adequate versions of their similar inEnglish. Horticultura Brasileira will provide Portugueseversions for non-Portuguese speaking authors;

6. Introduction;

7. Material and Methods;

8. Results and Discussion;

9. Acknowledgements, when applicable;

10. References: authors are asked to not exceed 30bibliographic references. Make sure that at least half of thereferences were published recently (up to 10 years). Exceptionalcases will be considered, regarding that authors state theirreasons at the submission letter. Avoid citing conferenceabstracts;

11. Figures and tables: the limit for tables, figures, andcharts is three for each, with a total limit of five. Exceptionalcases will be considered, regarding that authors state theirreasons at the submission letter. Please, make sure that tables,figures, and charts are not redundant. Titles and footnotesmust be bilingual. Titles should always be finished bypresenting, in this sequence, place, responsible institution,and year(s) of data gathering.

This structure will be used for manuscripts of the sectionsResearch and Scientific Communication. For other sections,please refer to the most recent issues of Horticultura Brasileira,available also at www.scielo.br/hb ewww.abhorticultura.com.br/Revista.

Bibliographic references within the text should be cited as(Resende & Costa, 2005). When there are more than twoauthors, abbreviate the Latin expression et alli, in italics, asfollows: (Melo Filho et al., 2005). References to studies doneby the same authors in the same year should be distinguishedin the text and in the list of References by the letters a, b, etc.,as for example: 1997a, 1997b. In citations involving more thanone paper from the same author(s) published in different years,separate years with commas: (Inoue-Nagata et al., 2003, 2004).When citing papers in tandem in the text, sort themchronologically.

In the section References, order ci tat ionsalphabetically, according to first author’s family name,without numbering. When there is more than one paperfrom exactly the same authors, list them chronologically.References should appear accordingly to the internationalformat, as follows:

a) Journal

GARCIA-GARRIDO JM; OCAMPO JA. 2002. Regulationof the plant defense response in arbuscular mycorrhizalsymbiosis. Journal of Experimental Botany 53: 1377-1386.

b) Book

BREWSTER JL. 1994. Onions and other vegetable alliums.Wallingford: CAB International. 236p.

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266 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

c) Capítulo de livroFONTES EG; MELO PE de. 1999. Avaliação de riscos na intro-

dução no ambiente de plantas transgênicas. In: TORRESAC; CALDAS LS; BUSO JA (eds). Cultura de tecidos etransformação genética de plantas. Brasília: Embrapa In-formação Tecnológica/Embrapa Hortaliças. p. 815-843.

d) TeseSILVA C. 1992. Herança da resistência à murcha de

Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: USP– ESALQ. 72p (Tese mestrado).

e) Trabalhos completos apresentados em congressos(quando não incluídos em periódicos. Evite citar trabalhosapresentados em congresso).

AnaisHIROCE R; CARVALHO AM; BATAGLIA OC; FURLANI PR;

FURLANI AMC; SANTOS RR; GALLO JR. 1977. Composi-ção mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRES-SO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4. Anais... Salva-dor: SBF. p. 357-364.

CD-ROMAQUINO LA; PUIATTI M; PEREIRA PRG; PEREIRA FHF.

2004. Espaçamento e doses de N na produtividade e qua-lidade do repolho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DEOLERICULTURA, 44. Resumos... Campo Grande: SOB (CD-ROM).f) Trabalhos apresentados em meio eletrônico:Periódico

KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not just onlinejournalism. APS News Online. Disponível em http://www.hps.org/hpsnews/19065.html. Acessado em 25 de no-vembro de 1998.Trabalhos completos apresentados em congresso (evite

citar trabalhos apresentados em congressos)

SILVA RW; OLIVEIRA R. 1996. Os limites pedagógicos doparadigma de qualidade total na educação. In: CONGRES-SO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4. Anais eletrô-nicos... Recife: UFPe. Disponível em: http://www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm. Acessado em21 de janeiro de 1997.

Sítios eletrônicosUSDA - United States Department of Agriculture. 2004, 15 de

novembro. World asparagus situation & outlook. Dispo-nível em http://www.fas.usda.gov/

Em caso de dúvidas, entre em contato com a ComissãoEditorial ou consulte os números mais recentes de HorticulturaBrasileira.

Processo de tramitaçãoOs artigos serão submetidos à Comissão Editorial, que

fará uma avaliação preliminar (escopo do trabalho, atendimen-to às normas de publicação, qualidade técnica, qualidade dotexto e relevância científica). A decisão da Comissão Editorial(adequado para tramitação, ou não adequado) serácomunicada ao autor de correspondência por via eletrônica.Caso sejam necessárias modificações, os autores poderão

c) Book chapter

ATKINSON D. 2000. Root characteristics: why and what tomeasure? In: SMIT AL; BENGOUGH AG; ENGELS C; vanNORDWIJK M; PELLERIN S; van de GEIJN SC (eds). Rootmethods: a handbook. Berlin: Springer-Verlag. p. 1-32.

d) Thesis

DORLAND E. 2004. Ecological restoration of heaths andmatgrass swards: bottlenecks and solutions. Utrecht: UtrechtUniversity. 86p (Ph.D. thesis).

e) Full papers presented in conferences (when not includedin referred journals. Avoid as much as possible citing paperspresented in conferences)

ProceedingsVAN JOST M; CLARCK CK; BENSON W. 2007. Lettuce growth

in high soil nitrate levels. In: INTERNATIONALCONFERENCE ON NITROGEN USE IN HORTICULTURE,4. Annals... Utrecht: ISHS p. 122-123.

CD-ROM

LÉMANGE PA; DEBRET L. 2004. Rhizoctonia resistance ingreen asparagus lines In: EUROPEAN SYMPOSIUM OFVEGETABLE BREEDING, 17. Proceedings... Lyon: Eucarpia(CD-ROM).

f) Papers published in electronic media

Journal

KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not just onlinejournalism. APS News Online. Available in http://www.hps.org/hpsnews/19065.html. Accessed in November25, 1998.

Full papers presented in conferences (Avoid as much aspossible citing papers presented in conferences)

DONOVAN WR; JONHSON L. 2007. Limits to the progress ofnatural resources exploration. In: International congressof plant genetic resources, 12. Annals... Adelaide: ASGR.Available in http://www.asgr.au/annals/conference/aus012.htm. Accessed in January 21, 2008.

Electronic Sites

USDA - United States Department of Agriculture. 2004,November 15. World asparagus situation & outlook.Available in http://www.fas.usda.gov/

For further orientation, please contact the Editorial Boardor refer to the most recent issues of Horticultura Brasileira.

The reviewing process

Manuscripts are submitted to the Editorial Board for apreliminary evaluation (scope, adherence to thepublication guidelines, technical quality, scientificrelevance, and command of language). The Editorial Boarddecision (eligible, not eligible) will be e-mailed to thecorrespondent author. If modifications are needed, theauthor may submit a new version. If the manuscript isadequate for reviewing, the Editorial Board forwards it toat least two ad hoc reviewers of the specific research area.As soon as they evaluate the manuscript, it is sent to a

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267Hortic. bras., v. 27, n. 2, abr.-jun. 2009

submeter uma nova versão para avaliação. Caso a tramitaçãoseja aprovada, a Comissão Editorial encaminhará o trabalho apelo menos dois assessores ad hoc, especialistas na área emquestão. Tão logo haja dois pareceres, o trabalho é enviado aum dos Editores Científicos da área, que emitirá seu parecer:(1) recomendado para publicação, (2) necessidade de altera-ções ou (3) não recomendado para publicação. Nas situações1 e 3, o trabalho é encaminhado ao Editor Associado. Na situa-ção 2, o trabalho é encaminhado aos autores, que devem ela-borar uma nova versão. Esta é enviada à Comissão Editorial,que a remeterá ao Editor Científico para avaliação. O EditorCientífico poderá recomendar ou não a nova versão. Em am-bos os casos, o trabalho é remetido para o Editor Associado,que emitirá o parecer final. A Comissão Editorial encaminharáo parecer para os autores.

Nenhuma alteração é incorporada ao trabalho sem a apro-vação dos autores. Após o aceite em definitivo do trabalho, oautor de correspondência receberá uma cópia eletrônica daprova tipográfica, que deverá ser devolvida à Comissão Edi-torial em 48 horas. Nesta fase não serão aceitas modificaçõesde conteúdo ou estilo. Alterações, adições, deleções e edi-ções implicarão em novo exame do trabalho pela ComissãoEditorial. Erros e omissões presentes no texto da prova tipo-gráfica corrigida e devolvida à Comissão Editorial são de intei-ra responsabilidade dos autores. Horticultura Brasileira nãoadota a política de distribuição de separatas.

Idioma de publicação

Em qualquer ponto do processo de tramitação, os autorespodem manifestar seu desejo de publicar o trabalho em umidioma distinto daquele em que foi escrito, desde que o idiomaescolhido seja um dos três aceitos em Horticultura Brasileira,a saber, Espanhol, Inglês e Português. Por exemplo: um traba-lho pode ser submetido e ter toda a sua tramitação em portu-guês e, ainda assim, ser publicado em inglês. Neste caso, osautores tanto podem providenciar a tradução da versão finalaprovada para o idioma desejado, quanto autorizar a Comis-são Editorial a providenciá-la. Quando a versão traduzidafornecida pelos autores não atingir o padrão idiomático re-querido para publicação, a Comissão Editorial encaminhará otexto para revisão por um especialista. Todos os custos de-correntes de tradução e revisão idiomática serão cobertospelos autores.

Cobrança por página publicada

Não é cobrada nenhuma taxa por página até a quinta pági-na publicada. A partir da sexta página, inclusive, cobra-se umataxa por página no valor de R$ 150,00.

Os originais devem ser enviados para:

Horticultura Brasileira

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70351-970 Brasília – DF

Tel.: (0xx61) 3385-9088/9049

Fax: (0xx61) 3556-5744

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related Scientific Editor. The Scientific Editor analyzes themanuscript and forwards it back to the Editorial Board, (1)recommending for publication, (2) suggestingmodifications or (3) do not recommending for publication.In situations 1 and 3, the manuscript is reviewed by theAssociate Editor, who holds the responsibility for the finaldecision. In situation 2, the manuscript is returned to theauthor(s), who, based on the suggestions, produces a newversion, which is forwarded to the Editorial Board. Following,the Scientific Editor checks the new version and recommendor not for publication. In both cases, it is sent to the AssociateEditor, for the final decision. The Editorial Board informsauthors about the final decision.

No modifications are incorporated to the manuscriptwithout the approval of the author(s). Once the paper isaccepted, an electronic copy of the galley proof is sent tothe correspondence author who should make anynecessary corrections and send it back within 48 hours.Extensive text corrections, whose format and content havealready been approved for publication, will not beaccepted. Alterations, additions, deletions, and editingimply that a new examination of the manuscript will bemade by the Editorial Board. Authors are held responsiblefor any errors and omissions present in the text of thecorrected galley proof that has been returned to theEditorial Board. No offprint is supplied.

The publishing idiom

In any point of the reviewing process, authors canindicate their will on publishing in a language other thanthe one originally used to write the paper, considering thatthe choice falls into one of the three accepted idioms,namely English, Portuguese, and Spanish. For example: apaper may be submitted and reviewed in Portuguese and,even though, it may be published in English. In this case,authors can either produce a translated version of theapproved paper, or authorize the Editorial Board to forwardit to translating. If the translated version provided byauthors is below the idiomatic standard required forpublication, the Editorial board will redirect the text forspecialized reviewing. All costs related to translating andidiomatic reviewing are charged to authors.

Page charge

Authors are not charged by page up to the 5th printedpage. From the 6th page ahead, page charge is US $ 75.00, E $50.00 per page.

Manuscripts should be addressed to:

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268 Hortic. bras., v. 27, n.2, abr.-jun. 2009

Assuntos relacionados a mudanças de endereço, filiaçãoà Associação Brasileira de Horticultura (ABH), pagamento deanuidade, devem ser encaminhados à Diretoria da ABH, noseguinte endereço:

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IAC - Centro de HorticulturaCaixa Postal 28

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Change in address, membership in the BrazilianAssociation for Horticultural Science (ABH), and payment offees related to the ABH should be addressed to:

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IAC - Centro de HorticulturaCaixa Postal 28

13012-970 Campinas – SP

BrazilTel./Fax: 00 55 (19) 3241-5188 extension 374

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Taro (Colocasia esculenta (L.)Schott): hortaliça não-

convencional a ser preservada

A tendência mundial mostra a neces-sidade de abastecer os mercados comprodutos obtidos de culturas com tra-tos culturais mais ecológicos e quecausem menos entropia, especialmen-te nas áreas novas, onde ainda é pos-sível a racionalização agroeconômica.Nessas condições, as plantas de maiordinâmica fisiológica vegetal, commelhor eficiência de retenção hídricae rusticidade às intempéries climáti-cas tenderão a prevalecer, dentre elashortaliças alternativas ou não con-vencionais, das Araceae, como o taro(Colocasia esculenta (L.) Schott), oinhame (Dioscorea sp.) e a taioba(Xanthosoma sagittifolium Schott).As Araceae apresentam cerca de 105gêneros e 3.500 espécies, com distri-buição tropical e subtropical, com cen-tro de origem na região Indo-Malaia(Índia/Bangladesh), de onde se disper-sou para o sudeste e leste da Ásia, parao oeste da África e dali para o Caribee a América. Mais de 800 espécies deAraceae têm importância econômica(ornamentais, alimentícias e medici-nais) ou etnobotânica, e cerca de 10%da população mundial utiliza na ali-mentação o rizoma de Colocasiaesculenta, chamado na maioria dospaíses popularmente de taro. As espé-cies do gênero Colocasia são impor-tantes na alimentação de 100 milhõesde pessoas no sudeste da Ásia, na baciado Pacífico, na África Tropical, noEgito, no oeste das Índias e em algu-mas áreas da América do Sul. AsDioscoreaceae apresentam nove gê-neros e cerca de 850 espécies, de dis-tribuição tropical, subtropical e tem-perada. Xanthosoma é um gêneronativo das Américas Central e do Sul.No Brasil, o uso da maioria das espé-cies da Araceae é ornamental, mere-cendo destaque os gêneros Anthurium,Philodendron, Dieffenbachia,Monstera, Zantedeschia. Os gênerosque apresentam grande potencial paramelhoramento e utilização como or-namentais são Urospatha,Spathiphyllum e com potencial paramelhoramento genético, visando à ali-mentação, podem ser citadas as espé-cies nativas de Xanthosoma, muitopouco conhecidas e estudadas.

de cana-de-açúcar que utilizavam mão-de-obra escrava, tanto no Brasil comono resto do nosso continente. O taroentão passou a ser cultivado em fun-dos de quintais para uso doméstico;suas folhas são consumidas como es-pinafre e os rizomas destinados à ali-mentação de porcos, daí o nome de“inhame-de-porco”.Do taro, em alguns clones, são utiliza-dos os rizomas, “pecíolos das folhas”cultivados no escuro (palmito de taro),folhas e flores. Apesar do taro ser to-talmente aproveitado, deve-se ter cui-dado com alguns “princípios irritan-tes”. A irritabilidade é atribuída à pre-sença de cristais de oxalato de cálciojuntamente com glicosídeo volátil esolúvel em água, de natureza ainda nãobem definida. Dependendo do “graude princípio irritante” as cultivares(clones) são classificadas em “man-sas” ou “bravas”. São consideradascomo “mansas”, ou para consumo hu-mano, as cultivares Chinês, Japonês,Macaquinho e São Bento (novo culti-var lançado pela Incaper).O taro, por suas características nutri-cionais, tem possibilidades de uso hu-mano sob diferentes formas de prepa-ro, podendo substituir, total ouparcialmente, a batatinha, a mandio-ca, o milho, o trigo e outras espéciesamídicas. Os rizomas podem ser con-sumidos apenas cozidos em água fer-vente, no forno a vapor ou frito, den-tre outras; ou mesmo para uso indus-trial, como farinha, massa de pastel,mistura com cereais, bebidas, pó, las-cas, fatias, granulados e flocos. A fari-nha de taro pode ser adicionada à detrigo para a fabricação de pães ou podeser utilizada em diversos pratos, docesou salgados. Isso, porque o consumode pão em seus vários tipos constituiuma fonte alternativa de vitaminas,sais minerais e proteínas. Não há res-trição geral para que pessoas das maisdiversas idades consumam pão comfartura. O taro é especialmente usadopor pessoas que têm alergia a cereais epode ser consumido por crianças quesão sensíveis ao leite. As folhas cozi-das têm o mesmo valor nutricionalque as de espinafre e é possível fabri-car plástico biodegradável adicionan-do-se grãos de amido ao polímero depetróleoA importância do cultivo do taro temtrês aspectos: cultivos de subsistência,cultivos de importância étnica ou cul-tural e cultivos de importância eco-nômica. Em geral, os cultivos das“tuberosas” são ligados à sobrevivên-cia de populações e, mesmo quandosão introduzidas em países desenvol-vidos, guardam a má imagem da po-breza. Por serem basicamente fontesde carboidratos, são consideradas ali-mentos de subsistência, capazes deproporcionar energia para populaçõescarentes. Como conseqüência, asAraceae correm risco de preservaçãopor constituírem agricultura de subsis-tência e, no caso do taro, embora hajaacentuada diversidade genética entre

Dentre os parentes de taro, que se en-contram no Brasil, estão as plantasdo gênero Xanthosoma, vulgarmen-te conhecidas como taiobas, que mui-tas vezes são confundidas com as deColocasia esculenta. As mais conhe-cidas são Xanthosoma brasiliense, na-tiva da América e da qual se comem asfolhas, e Xanthosoma sagittifolium(L.) Schott, originária da China e queera cultivada pelos Egípcios. Em RioManso (MG) há extensas áreas culti-vadas com Xanthosoma sagittifolium,espécie utilizada na alimentação ecomo medicinal, pois purifica o san-gue, fortalece os gânglios linfáticos,combate a dengue, malária e febreamarela. Em Mato Grosso, na divisacom a Bolívia, há registro de existên-cia da taioba (Colocasia antiquorum)e cará (Dioscorea sp), entre os índiosNambikwara. Plantas do gêneroPhilodendron sp., que possuem po-tencial para obtenção de fármacos,são citadas como de amplo uso medi-cinal pelos seringueiros da Amazôniabrasileira. Philodendron solimoesensisé utilizada pelos índios ianomâmis, quevivem entre os rios Amazonas (Bra-sil) e Orinoco (Venezuela), contramordidas de cobras.Face à semelhança que apresentamalguns tipos de sistema subterrâneodas Dioscorea, com aqueles das espé-cies de Colocasia, muitos dados esta-tísticos e artigos publicados na litera-tura nacional fazem confusão quantoà definição da terminologia do“inhame” e do “taro”, o que dificultaa interpretação de determinadas in-formações, principalmente nos dadosestatísticos. A África mantém ahegemonia internacional da produçãodessas espécies. Concentra cerca de96% da área colhida e do volume to-tal produzido de inhame e 88% daárea colhida e 75,5% da produção detaro. Percebe-se que apenas quatropaíses do lado ocidental daquele con-tinente (Nigéria, Costa do Marfim,Gana e Benin), centro de origem dasintroduções portuguesas de Dioscoreacayennensis no Brasil, são responsá-veis por quase 90% de todo o inhamee 67% do taro produzidos no planeta.O mesmo não se pode citar em rela-ção ao taro, pois as estatísticas inter-nacionais nem sequer registram o Bra-sil, atestando que a área colhida é in-ferior a mil hectares. Embora disper-sa espacialmente, a produção brasilei-ra dessas lavouras concentra-se nasregiões Nordeste e Sudeste, predomi-nando a exploração familiar, que ocu-pa reduzidas áreas de plantio.Colocasia foi trazida em torno de 450a.c., desde a Polinésia, via NovaZelândia, para o Havaí, e o capitãoCook (1778) observou, nesta ilha, cer-ca de 300 cultivares desse gênero. NoBrasil, o taro chegou com os escra-vos, vindos da costa africana. Por essarazão, a planta também é conhecidacomo “inhame-da-Costa”. É encon-trada nativa principalmente em re-giões onde havia antigas plantações

os clones, as novas formas originam-se de mutações de estruturasvegetativas, pois, na natureza, rara-mente ocorrem sementes férteis, de-vido à incapacidade de autopolinizar-se e à falta de polinizadores reconhe-cidamente eficientes. O taro não flo-resce naturalmente em todas as con-dições ambientais e épocas de cultivo.As inflorescências desenvolvem so-mente quando as condições básicas,ambientais e fisiológicas, são satisfei-tas plenamente.A propagação convencional porrizomas exige muito tempo e é one-rosa em razão do grande volume dematerial a transportar e da necessida-de de grandes áreas para produção domaterial propagativo. Essa caracte-rística do taro torna difícil também apreservação da espécie. Os materiaisgenéticos são mantidos nas áreas deprodução e os estados maiores produ-tores do Brasil são Rio de Janeiro,Minas Gerais, Espírito Santo, São Pau-lo, Pernambuco, além de pequenasquantidades que podem ser encontra-das na Paraíba, Bahia e Alagoas. Háreferência de Banco de Germoplasmana Universidade Federal de Viçosa ede estudos in vitro, que estão sendorealizadas, desde 1986 em diferentespaíses como os Estados Unidos, Ja-pão, Paquistão, Havai, Venezuela e,no Brasil, em instituições que incluema Universidade Federal de Viçosa, aEmbrapa/CPATSA e a UniversidadeFederal de Alagoas.No sudeste da China, a província deYunnan é uma importante região paraestudos etnobotânicos e de diversida-de genética de taro, onde os agriculto-res de comunidades tradicionais, in-cluindo a indígena usam o taro e man-têm a diversidade genética, que estãorelacionados com a sua cultura.Yunnan é também o maior produtorde taro sob diferentes sistemas de pro-dução, desde o cultivo em áreasalagadas a irrigadas, com produção demais de 1,2 milhões de toneladas porano. Na província, as flores de umclone de taro são colhidas ecomercializadas pela sua beleza. A ma-nutenção desses diferentes clones éimportante para assegurar a variabili-dade e evitar a erosão genética da es-pécie.O taro, a taioba e o inhame estão in-cluídos no Tratado Internacional so-bre Recursos Fitogenéticos para a Ali-mentação e a Agricultura, cujos obje-tivos são a conservação e o uso sus-tentável dos recursos fitogenéticospara a alimentação e a agricultura e arepartição justa e eqüitativa dos bene-fícios derivados de sua utilização, emharmonia com a Convenção sobre Di-versidade Biológica, para uma agri-cultura sustentável e a segurança ali-mentar.

(Maria do Carmo Vieira; NéstorA. Heredia Zárate, FCA/UFGD-

MS)


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