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Monografia A IMPORTÂNCIA DO MARKETING AMBIENTAL PARA AS EMPRESAS EXPORTADORAS BRASILEIRAS · 2013....

Date post: 17-Aug-2021
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CARLOS LIMA NETO Monografia A IMPORTÂNCIA DO MARKETING AMBIENTAL PARA AS EMPRESAS EXPORTADORAS BRASILEIRAS ITAJAÍ 2008
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Page 1: Monografia A IMPORTÂNCIA DO MARKETING AMBIENTAL PARA AS EMPRESAS EXPORTADORAS BRASILEIRAS · 2013. 10. 9. · Monografia – Marketing Ambiental c) Orientador de conteúdo Prof.

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CARLOS LIMA NETO

Monografia A IMPORTÂNCIA DO MARKETING AMBIENTAL PARA AS EMPRESAS EXPORTADORAS BRASILEIRAS

ITAJAÍ 2008

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CARLOS LIMA NETO

A IMPORTÂNCIA DO MARKETING AMBIENTAL PARA AS EMPRESAS EXPORTADORAS BRASILEIRAS

Monografia desenvolvida para o Estágio Supervisionado do Curso de Comércio Exterior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - Gestão da Universidade do Vale do Itajaí.

Orientador: Prof. MSc. Luiz Carlos dos Santos

ITAJAÍ 2008

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Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado o dom da vida, e por ter

me concedido todas as condições necessárias para concluir mais esta

importante etapa em minha formação pessoal e profissional;

Agradeço, de modo especial, a meus pais, que desde cedo me mostraram que os pilares da vida consistem na

fé e na educação;

Agradeço a toda minha família e aos amigos que, de uma forma ou de

outra, me apoiaram durante todo o período de execução deste trabalho;

Agradeço aos professores que, direta ou indiretamente, colaboraram

com minha formação universitária, especialmente ao Professor Luiz

Carlos dos Santos, que me orientou no desenvolvimento da presente

monografia.

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“Bem-aventurado o homem que encontra a sabedoria,

e que adquire o conhecimento; Porque a sua mercadoria é melhor

do que qualquer artigo de prata, e o seu lucro é maior

do que o mais fino ouro”. (Provérbios 3, 13-14)

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EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário Carlos Lima Neto b) Área de estágio Monografia – Marketing Ambiental c) Orientador de conteúdo Prof. Luiz Carlos dos Santos d) Responsável pelo Estágio Profª. Natalí Nascimento

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RESUMO

A crescente importância da temática ambiental gera novos paradigmas ecológicos no âmbito internacional. Nesse sentido, os diversos atores do cenário econômico e social mundial passam a ser afetados, direta ou indiretamente, por essa nova orientação. Pode-se considerar ainda que, as empresas e organizações são os agentes mais atingidos por todo esse processo de reordenação ambiental da sociedade, visto que significativa parcela de responsabilidade pela atual crise ecológica deve-se aos meios e processos produtivos comumente aplicados no desenvolvimento empresarial, e à sua forma de utilização indiscriminada dos recursos naturais necessários para a produção de bens. A conscientização ambiental da sociedade conduz também à formação dos mercados verdes, ou seja, cidadãos ecologicamente responsáveis que passam a direcionar suas compras para produtos e serviços de empresas que estejam de acordo com as práticas ambientalmente corretas. Com a rápida e abrangente disseminação desse ideal sócio-ecológico, um novo campo de análise mercadológica vem surgindo e despertando a atenção das organizações em diversos sentidos: trata-se do consumerismo ambiental. Esse novo perfil de consumo reflete-se numa verdadeira revolução nos modos convencionais de existência e atuação das companhias, provocando, conseqüentemente, um distinto modo de analisar a dimensão tradicional do marketing, haja vista que sugere que aos conceitos teóricos e práticos deste, sejam agregadas as considerações propostas pela área da economia ecológica. Por força disso, a implementação do marketing ambiental, sob a perspectiva das orientações da economia do meio natural, vem sendo considerada como importante fator a ser abordado pelas empresas em seus planejamentos estratégicos, especialmente devido a necessidade cada vez mais intensa de adaptação, diferenciação e inserção, organizacional e mercadológica, da companhia e de seus produtos e serviços, no âmbito dos mercados internacionais. Este estudo foi efetuado através do método de pesquisa qualitativa, utilizando-se de meios bibliográficos e descritivos. Palavras-chave: Economia ecológica. Marketing. Marketing ambiental.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................8 1.1 Objetivo geral ...................................................................................................9 1.2 Objetivos específicos......................................................................................10 1.3 Justificativa .....................................................................................................10 1.4 Abordagem geral do problema .......................................................................11 1.5 Questões específicas .....................................................................................12 1.6 Pressupostos..................................................................................................12 2 METODOLOGIA ................................................................................................14 2.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................14 2.2 Área de abrangência ......................................................................................15 2.3 Coleta e tratamento dos dados.......................................................................15 2.4 Apresentação e análise dos dados.................................................................15 3 ECONOMIA ECOLÓGICA .................................................................................17 3.1 Histórico e evolução .......................................................................................17 3.1.1 Revolução agrícola .....................................................................................17 3.1.2 Revolução industrial....................................................................................20 3.1.3 Crescimento populacional...........................................................................22 3.2 Conceitos........................................................................................................23 3.3 Princípios fundamentais .................................................................................24 3.3.1 Princípio da eqüidade .................................................................................25 3.3.2 Princípio da sustentabilidade ......................................................................26 3.3.3 Princípio da substitutibilidade......................................................................27 3.3.4 Princípio da reutilização e reciclagem.........................................................28 3.3.5 Princípio da entropia ...................................................................................29 3.3.6 Princípio da contabilidade ambiental...........................................................30 3.3.7 Princípio da valoração ambiental ................................................................30 4 MARKETING......................................................................................................32 4.1 Histórico e evolução .......................................................................................32 4.1.1 Consumismo primitivo.................................................................................33 4.1.2 Comércio primitivo ......................................................................................34 4.1.3 Capitalismo primitivo e revolução comercial ...............................................35 4.1.4 Revolução industrial....................................................................................36 4.1.5 Era do marketing.........................................................................................38 4.2 Definições e funções ......................................................................................39 4.3 Ambiente de marketing...................................................................................43 4.3.1 Macroambiente ...........................................................................................44 4.3.2 Microambiente ............................................................................................45 4.4 Composto de marketing..................................................................................46 4.4.1 Produto .......................................................................................................48 4.4.2 Preço...........................................................................................................50 4.4.3 Praça ou distribuição...................................................................................51 4.4.4 Promoção....................................................................................................53 4.5 Áreas do marketing.........................................................................................54 4.5.1 Marketing social ..........................................................................................55 5 MARKETING AMBIENTAL.................................................................................60 5.1 A crise ecológica e os novos paradigmas ambientais ....................................61

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5.2 A sociedade de consumo e o consumidor verde ............................................63 5.3 O marketing e o ambientalismo ......................................................................66 5.4 Implementação organizacional do marketing ambiental .................................69 5.4.1 Marcas ecológicas ......................................................................................73 5.4.2 Composto de marketing ambiental..............................................................76 5.4.2.1 O produto ecológico ................................................................................76 5.4.2.2 O preço ecológico....................................................................................81 5.4.2.3 A distribuição ecológica...........................................................................83 5.4.2.4 A promoção ecológica .............................................................................86 5.5 Cases de marketing ambiental .......................................................................89 5.5.1 Caso Klabin.................................................................................................90 5.5.2 Caso Natura................................................................................................92 5.5.3 Caso Votorantim .........................................................................................93 5.5.4 Caso Weg ...................................................................................................94 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................96 REFERÊNCIAS.........................................................................................................98 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS....................................................................102

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1 INTRODUÇÃO

Com o desenvolvimento da sociedade, ante aos paradigmas da globalização

e do capitalismo, a humanidade tende a obter, em princípio, uma qualidade de vida

cada vez melhor, haja vista os resultados dos avanços tecnológicos e científicos

decorrentes desses fenômenos. Porém, recentemente essa mesma sociedade tem

se deparado com um novo desafio pois, sua própria evolução e a busca por

benefícios e melhorias, em diversos sentidos, tem impactado fortemente no

equilíbrio natural do planeta, e conseqüentemente afetando, de modo direto,

inúmeras formas de vida existentes no mundo, inclusive a da própria espécie

humana. Esta constatação cientificamente comprovada, vem sendo amplamente

discutida entre lideranças mundiais, blocos econômicos, países – desenvolvidos e

em desenvolvimento – organizações, entidades, organizações não-governamentais,

e até mesmo entre as próprias pessoas.

Entretanto, esta forte tendência mundial de preocupação com as questões

sócio-ambientais atinge, especialmente, a empresas e organizações, pois se

entende que são elas as principais responsáveis pela extração e industrialização de

recursos naturais, essenciais à produção de bens. Em meio a esta nova realidade,

as empresas têm buscado maneiras de se tornarem ambientalmente corretas, já

sendo possível identificar atitudes que demonstram esta preocupação.

Assim, as organizações passam a se preparar, organizacional e

mercadologicamente, para estarem a frente da emergente demanda por produtos e

serviços produzidos de acordo com as práticas ecológicas. Para tanto, a

internalização de estratégias de marketing ambiental surge como poderosa

ferramenta para que elas possam alcançar o objetivo de fornecer, a clientes e

consumidores, produtos e serviços de qualidade e de acordo com os novos

paradigmas ecológicos.

Nesse sentido, a presente monografia tem a finalidade de demonstrar que a

implementação organizacional do marketing ambiental e de seus conceitos teóricos

e práticos, é importante para as empresas brasileiras, tanto no âmbito dos mercados

internos quanto, principalmente, na perspectiva dos mercados externos. Sendo

assim, este trabalho apresentará, primeiramente, o histórico, a evolução e os

conceitos da economia ecológica, sendo que, em seguida, serão apontados alguns

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dos princípios fundamentais desta área, como forma de entendimento da estrutura

econômico-ambiental do planeta. Após o estudo desses fundamentos, busca-se

conhecer o marketing em sua origem, evolução, definição e conceitos, para que, em

seguida, sejam estudados os principais conceitos teóricos e práticos desta área.

Em capítulo específico, encontra-se estudo do marketing ambiental, eixo

central desta monografia. Através deste campo, busca-se compreender a atual crise

ecológica e os novos paradigmas ambientais decorrentes da temática verde, bem

como entender também o novo perfil do consumidor ecologicamente responsável, e

a formação dos mercados verdes, sob a perspectiva do consumerimo ambiental.

Logo após, apresentam-se alguns conceitos de marketing reorientados ante a toda

essa nova abordagem ecológica, como, por exemplo, em relação às marcas e ao

composto de marketing.

Conhecendo a área verde do marketing em sua amplitude, apontam-se, em

seguida, formas estratégicas de internalização de marketing ambiental, a fim de

demonstrar meios através dos quais empresas podem se tornar ecologicamente

corretas. Por fim, serão apresentados cases de empresas exportadoras brasileiras

que obtiveram sucesso na implementação do marketing ambiental, sendo que estas

mesmas estratégias podem ser utilizadas como modelo de gestão para outras

organizações desejosas de alcançarem o objetivo de se tornarem ambientalmente

corretas, e ainda de conquistarem um posicionamento diferenciado nos diversos

sentidos propostos pela área verde do marketing.

1.1 Objetivo geral

O objetivo geral desta monografia é demonstrar a importância do marketing

ambiental para as empresas exportadoras brasileiras.

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1.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos são:

- Identificar os princípios fundamentais da economia ecológica;

- Descrever o marketing e seus principais conceitos;

- Apresentar o marketing ambiental e casos de empresas exportadoras

brasileiras que obtiveram êxito na implementação do marketing ecológico.

1.3 Justificativa

Nos últimos tempos tem sido crescente a preocupação mundial com as

questões ambientais. Blocos econômicos, lideranças globais e governos nacionais

passam a ajustar, cada vez com mais rigidez, novas legislações de proteção

ambiental. São criados ministérios e secretarias nas esferas nacionais, estaduais e

municipais para tratar específicamente da temática ambiental. Organizações e

entidades não-governamentais surgem em diversas áreas de proteção a fauna e a

flora. Pessoas passam a ter uma crescente consciência ambiental nos modos de

consumo, demonstrando, direta ou indiretamente, interesse nos métodos

empresariais de utilização dos recursos naturais. Todos estes fatores são

demonstrações claras da emergente preocupação relacionada ao sistema ambiental

de nosso planeta.

Esta preocupação mundial atinge diretamente empresas e organizações, pois

são elas que fazem uso, muitas vezes de forma predatória e degradante, dos

recursos naturais, necessários à produção de bens. Frente a esse contexto, surge

uma nova área de análise mercadológica que trata de estudar, com base nos

princípios fundamentais da economia ecológica, formas de minimização contínua

dos impactos ambientais inerentes à produção e ao consumo, e estratégias que

evidenciem essas características nos produtos ou serviços das organizações. Assim,

torna-se cada vez mais importante que essas empresas se utilizem deste novo

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campo mercadológico em diversos sentidos, especialmente no âmbito dos mercados

internacionais.

A elaboração da presente monografia se justifica pela necessidade de

demonstrar como as organizações podem criar e apresentar, a clientes e

consumidores, produtos e serviços coerentes com as práticas ecologicamente

corretas. A importância deste estudo decorre da emergente tendência de utilização e

consumo de bens fabricados de acordo com os novos paradigmas de proteção ao

meio ambiente.

Para a universidade, a presente monografia pode ser significativa na

abordagem deste tema por outros pesquisadores e para aumentar o conteúdo de

estudos relacionados à temática da economia ecológica e do marketing ambiental.

Para o acadêmico, este trabalho vem embasar um tema de interesse para sua

formação pessoal, profissional e social. Embora o tema deste trabalho não seja

inédito dentro da universidade, ainda são poucos os estudos que tratam do

entendimento da estrutura econômico-ambiental do planeta e do marketing

ambiental como importante elemento no âmbito do comércio exterior.

1.4 Abordagem geral do problema

Cada vez mais as empresas e organizações têm se empenhado em

desenvolver produtos e serviços que satisfaçam, com eficiência, as necessidades de

consumidores e clientes. Devido a isto, a cada dia surgem novidades, seja para

suprir uma demanda latente ou mesmo para substituir outro produto que não atende

a demanda de forma plena. Para desenvolver tais produtos, as empresas recorrem

com freqüência às informações e às pesquisas de mercado, para conhecer, entre

outros aspectos, qual o perfil dos consumidores, qual a demanda do produto, quais

as características dessa demanda, entre outros dados com relação ao produto e aos

seus consumidores.

Ao analisar esses dados, as organizações têm se deparado com uma questão

recente, até então desconsiderada ou pouco considerada pelas pesquisas: os

consumidores parecem estar cada vez mais atentos às políticas sócio-ambientais

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das empresas. Cresce a consciência ecológica dos consumidores e isto proporciona

as empresas um novo desafio de criar e desenvolver seus produtos, tentando da

mesma forma, satisfazer os desejos e as necessidades desses consumidores, mas

sem deixar de atentar às questões ambientais, que passam a ser significativas como

ativadores de compra por parte do cliente.

1.5 Questões específicas

- De que forma o entendimento dos princípios fundamentais da economia

ecológica pode interferir nos procedimentos de marketing?

- O marketing, em sua forma usual, tem elementos suficientes para

desenvolver o marketing ambiental?

- Como as empresas exportadoras brasileiras podem agregar valor e fatores

de inserção comercial em seus produtos e serviços utilizando-se do marketing

ambiental?

1.6 Pressupostos

A necessidade de um correto posicionamento no mercado faz com que, cada

vez mais, as empresas estudem o mercado no qual estão inseridas. Para tanto, o

marketing, juntamente com seus conceitos, funções e ferramentas, apresenta-se

como aliado para que esse e diversos outros objetivos empresariais sejam

alcançados com sucesso. Sendo assim, enquanto área de atuação que se preocupa

basicamente com o mercado e suas constantes oscilações, o marketing deve estar

organizacionalmente fundamentado para auxiliar na adaptação mercadológica à

essas transformações.

Por decorrência das mudanças, um novo ramo do marketing, denominado

marketing ambiental, vem surgindo e despertando a atenção das empresas. A

crescente preocupação internacional de clientes e consumidores em adquirir bens

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fabricados de acordo com as práticas ambientalmente corretas, têm demonstrado às

organizações a importância da criação e desenvolvimento de produtos e serviços

com as características – diretas ou indiretas – do marketing ambiental. Assim,

verifica-se a importância da internalização de estratégias ambientais como

ferramenta de diferenciação e inserção de produtos e serviços de empresas

exportadoras no mercado internacional.

O investimento em processos produtivos ambientalmente mais econômicos, a

redução da emissão de poluentes, a análise de custos ambientais da produção, os

custos ambientais na cadeia produtiva como um todo, desde a produção por parte

da empresa até o descarte por parte do consumidor, a internalização de custos

ambientais no produto e serviço, a reutilização dos resíduos e até mesmo a

economia de energia e de água, podem ser utilizadas como formas estratégicas de

aplicação do marketing ambiental pelas empresas em seus produtos e serviços.

Atitudes como essas criam valor agregado e podem atender, de forma

consideravelmente eficiente, ao novo padrão ambiental de consumo da sociedade

atual.

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2 METODOLOGIA

Este capítulo tem por objetivo abordar a metodologia proposta para o

desenvolvimento desta monografia. Severino (1996, p. 73) considera que “já não se

pode conceber [...] a elaboração de um trabalho científico ao sabor da inspiração

intuitiva e espontânea, sem obediência a um plano e aplicação de um método”.

Assim, nesta etapa trata-se do tipo de pesquisa, área de abrangência, coleta e

tratamento de dados, e por fim, da apresentação e análise de dados.

2.1 Tipo de pesquisa

Para Marconi e Lakatos (2001, p. 43), “a pesquisa pode ser considerada um

procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um

tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para

descobrir verdades parciais”. Tendo em vista os objetivos propostos, no que se

refere ao tipo de pesquisa o principal método utilizado foi o qualitativo. A utilização

deste método decorreu, fundamentalmente, da necessidade de se verificar estudos

de autores especialistas nas áreas da economia ecológica e do marketing ambiental.

Goldenberg (2000, p. 49) ensina que, “os dados da pesquisa qualitativa objetivam

uma compreensão profunda de certos fenômenos sociais apoiados no pressuposto

da maior relevância do aspecto subjetivo da ação social”.

Dentro da pesquisa qualitativa, foram utilizados os meios de investigação

bibliográficos e descritivos. Oliveira (2000) explica que o método bibliográfico

consiste em selecionar o material para leitura, fichamento e resenha, que pode

contribuir para análise, síntese e conclusão sobre a situação problema. Dessa forma,

através do método qualitativo, e dos meios bibliográficos e descritivos, buscou-se

alcançar os objetivos pré-determinados para a presente monografia.

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2.2 Área de abrangência

Esta monografia está inserida na área de marketing, especificamente no

segmento do marketing ambiental, buscando demonstrar como a implementação

organizacional desta área se torna importante para as empresas exportadoras

brasileiras.

2.3 Coleta e tratamento dos dados

A coleta de dados deu-se através de leituras e fichamentos de livros, revistas

e artigos científicos, com utilização de sites e outros periódicos relacionados ao

tema. Conforme ensina Goldenberg (2000), o momento de coletar e tratar os dados

obtidos é o ponto que exige muita sensibilidade do pesquisador para aproveitar o

máximo possível dos materiais e da teoria estudados. Nesse sentido, os dados

obtidos foram analisados e, depois de considerados substanciais e relevantes,

incluídos no estudo a fim de assegurar que os objetivos propostos fossem

alcançados.

2.4 Apresentação e análise dos dados

Oliveira (2000, p. 84) afirma que “analisar é interpretar os dados do fenômeno

ou problema estudado. No processo de análise, o que o pesquisador faz é

correlacionar as variáveis e categorias estudadas na tentativa de conhecer o objeto

do estudo”. Com a análise dos dados coletados, buscou-se encontrar respostas às

questões formuladas como objetivos da pesquisa.

McDaniel e Gates (2004) concordam que a etapa da análise tem a finalidade

de levar o pesquisador a interpretar a massa de dados coletados e, a partir daí, a

obter conclusões, validando ou rejeitando as hipóteses formuladas anteriormente.

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Pretendeu-se, dessa maneira, interpretar os dados analisados com o objetivo de

responder, de forma conclusiva, as questões da presente monografia.

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3 ECONOMIA ECOLÓGICA

Este capítulo destina-se a apresentar o histórico, a evolução e os conceitos,

bem como os princípios fundamentais, da economia ecológica. Muitos dos conceitos

de marketing ambiental tiveram suas origens nos estudos científicos relacionados ao

sistema econômico-ecológico. Dessa forma, com o conhecimento teórico básico, é

possível obter-se mais efetividade na utilização empresarial e organizacional do

marketing ambiental.

3.1 Histórico e evolução

Alier (1998) acredita que as relações entre a sociedade humana e a natureza

são históricas, tendo sido analisadas através de diferentes instrumentos e em

momentos distintos. Nesse sentido, pode-se demonstrar o estudo histórico-evolutivo

dessas relações sob três perspectivas. A primeira delas tem início nos primórdios da

humanidade, com a revolução agrícola; a segunda situação corresponde a revolução

industrial; e por fim, a terceira se relaciona ao crescimento populacional.

Para Pillet (1993), o homem ocupa um espaço paradoxal nas ciências, não

sendo diferente na área da economia ecológica. Assim, em cada uma das partes a

seguir, demonstram-se quais foram as características dessa interação entre homem

e meio natural. Esse entendimento histórico é importante, pois trata da maneira

como o ser humano se relacionou com o meio natural, em determinados momentos

de sua evolução.

3.1.1 Revolução agrícola

Há aproximadamente 12 mil anos, no período neolítico da pré-história, os

homens viviam em bandos nômades, caçando e colhendo o que o grupo precisava

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para satisfazer suas necesidades de alimentação. Assim que se exaurissem os

recursos naturais pelos locais por onde passavam, abandonavam a região e partiam

em busca de novos territórios que pudessem lhes oferecer o que necessitavam.

Com a sua evolução natural, esses povos passaram a ter cada vez mais membros

em seus grupos, o que criava dificuldades na locomoção e na obtenção de abrigo e

alimentos que pudessem satisfazer a todos. Diante dessas dificuldades, foram

obrigados a se fixar em determinados locais, onde começaram a exercer algumas

atividades básicas que permitissem a sua subsistência.

Romeiro (2003) acredita que neste passado distante, antes mesmo do

controle do fogo pela espécie humana, a interação desses povos com a natureza era

semelhante àquela dos animais mais próximos na cadeia evolutiva, como os

grandes primatas. Porém, no momento em que estes grupos passaram a ter o

controle sobre o fogo, bem como sobre outras atividades necessárias a fixação

territorial, abriu-se o caminho para que essa interação entre homem e meio ambiente

assumisse características cada vez mais distintas. Na análise econômica, este foi o

momento histórico em que surgiu o campo de estudo da economia ecológica, e com

este, as concepções teóricas e práticas fundamentais da economia do meio

ambiente.

Com a formação de grandes aldeias e, de modo especial, com a descoberta

da agricultura, esses grupos abandonaram totalmente a condição de nomadismo,

evitando as periódicas migrações em busca de alimentos, passando então a

domesticar animais e a cultivar o solo. Romeiro (2003, p. 4) afirma que “com a

invenção da agricultura há cerca de dez mil anos, a humanidade deu um passo

decisivo na diferenciação de seu modo de inserção na natureza em relação àquele

das demais espécies animais”. Dias (2007) corrobora com esta afirmação e

acrescenta que, com esta revolução agrícola, rompe-se a relação de naturalidade e

complementariedade recíproca existente entre homem e ambiente natural, passando

a natureza a ser objeto de manipulação e transformação, a fim de atender aos

interesses da humanidade.

A cada século que se passava na evolução destas sociedades primitivas,

maiores eram as necessidades de se ter mais terras para habitações e plantações.

Com isso, territórios inteiros eram transformados em área agricultável, pois, mesmo

com o desenvolvimento de técnicas mais produtivas, não se podia atender toda a

emergente demanda por alimentos. Assim, o crescimento exponencial da população

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provocava um extensivo efeito multiplicador sobre a agricultura, que passava a

necessitar, cada vez mais, de novos hectares disponíveis e de novas técnicas de

produção. É sobre essa expansão indiscriminada que reside a crítica histórica ao

desenvolvimento da agricultura. Romeiro (2003) alega que uma imensa variedade de

espécies de um ecossistema foi – e ainda é – substituída pelo cultivo/criação de

umas poucas espécies, selecionadas em função de seu valor econômico, seja como

alimento ou como fonte de outros tipos de matérias-primas que os seres humanos

considerem importantes.

A pressão causada pela demanda sobre a agricultura, provoca,

paralelamente, pressão sobre os ecossistemas, pois estes são drasticamente

afetados pelas novas condições ambientais impostas pelo desenvolvimento agrícola.

Viega e Ehlers (2003) afirmam que a substituição de ecossistemas complexos e

diversificados, por sistemas produtivos extremamente simplificados, como no caso

da agricultura, provoca uma série de impactos econômicos e ecológicos em toda a

cadeia ambiental. Para Campanhola et al (1999, p. 271),

Toda atividade agrícola se desenvolve em áreas que, originalmente, eram parte de um ecossistema natural; com a chegada do homem e suas práticas agrícolas, demarcando seus estabelecimentos, estas partes do ecossistema passaram a funcionar como agroecossistemas, que são uma fração do ecossistema [...].

Dessa maneira, pode-se verificar a forte influência causada no meio ambiente

pela introdução da agricultura e de seus métodos. Romeiro e Sales Filho (1999)

ensinam ainda que as técnicas agrícolas evoluíram durante toda a história, todavia,

com cada vez maior impacto ambiental. Todas estas evoluções na agricultura

permanecem até os dias atuais, com a implementação de novas técnicas, produtos e

maquinários, que objetivam extrair cada vez mais bens, de áreas cada vez menores.

Estas constantes evoluções ocorrem, pois, aquela situação inicial, na qual a

demanda sempre esteve maior do que a oferta, conseqüentemente pressionando a

produção, existe ainda hoje, porém com um volume de impactos ambientais cada

vez mais insustentáveis. Assim, historicamente, a atividade agrícola é alvo de

elogios e críticas, pois, de certa maneira, foi o primeiro passo da humanidade rumo à

auto-suficiência econômica, mas, por outro lado, iniciou um processo contínuo e

interminável de exploração econômica de recursos naturais que ainda persiste em

nossos dias.

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3.1.2 Revolução industrial

Sobre a evolução da economia ecológica, outro momento considerado

histórico é o da revolução industrial. Esse movimento, que teve início no século

XVIII, caracterizou-se pela difusão dos ideais capitalistas de crescimento econômico,

através da produção e comercialização com menores custos e maiores lucros.

Assim, para que essas metas fossem alcançadas, buscava-se a introdução de

mudanças significativas nos modos de produção, abandonando-se a forma artesanal

e passando-se a produzir em escala, através de processos de especialização. Os

ganhos obtidos com a produção em escala faziam com que os preços diminuíssem,

aumentando o consumo e gerando lucros, o que, por sua vez, estimulava ainda mais

a produção. Através desse ciclo, buscavam-se, cada vez mais, resultados maiores

em espaços de tempo menores. Durante o processo de desenvolvimento e

expansão mundial deste novo modelo, o movimento da revolução industrial passou

por diversas fases em um processo de evolução que perdura até hoje.

Apesar de diversas literaturas sobre a economia ecológica terem sido

produzidas nas décadas de 20, 30, 40 e 50 do século XX, Lustosa et al (2003)

sustentam que foi somente na década de 60 que a questão ambiental ingressou,

dessa vez de forma definitiva, como objeto de estudo dos economistas

pesquisadores do sistema ambiental. Lustosa et al (2003) complementam que foram

as projeções catastróficas acerca da finitude dos recursos naturais que evidenciaram

a falta de atenção dada aos aspectos ecológicos pelos modelos econômicos da

revolução industrial, e que despertaram o conceito de economia ecológica, que

durante muitos anos passou adormecido.

Dentro deste contexto, nas décadas de 60 e 70, a fase da revolução industrial

conhecida como gigantismo empresarial surgiu com expressiva importância na

análise histórica das relações do homem com o meio ambiente. Essa fase foi

importante, pois é considerada como um marco histórico na evolução industrial, visto

que neste período, investiu-se fortemente em inovações tecnológicas e produtivas,

sempre com a intenção de redução de custos e aumento da produção. Todavia, da

mesma forma em que foi importante no conceito econômico, a fase do gigantismo

empresarial foi expressiva também na relação ambiental. Para Romeiro (2003, p. 4-

5) com a

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[...] Revolução Industrial, a capacidade da humanidade de intervir na natureza dá um novo salto colossal e que continua a aumentar sem cessar. É interessante notar que essa enorme capacidade de intervenção, ao mesmo tempo em que provocou grandes danos ambientais, também ofereceu em muitas situações os meios para que a humanidade afastasse a ameaça imediata que esses danos pudessem representar para sua sobrevivência e, com isso, retardasse a adoção de técnicas e procedimentos mais sustentáveis.

De forma geral, a revolução industrial desencadeou um intensivo processo de

conseqüências negativas, provocadas sobre a sociedade e sobre o meio ambiente.

Ambientalmente, a revolução industrial ocasionou uma série de danos,

especialmente através da exploração indiscriminada de matérias-primas e da

poluição atmosférica. Romeiro (2003) acredita que os métodos introduzidos pela

revolução industrial provocaram uma mercantilização dos recursos naturais numa

escala sem precedentes, provocando um consumo excessivo dos produtos

ambientais e a geração de resíduos de todo tipo que contaminam o ar, o solo e a

água do planeta. Além dos impactos ecológicos diretos provocados pelo processo

produtivo, as indústrias e empresas também são consideradas indiretamente

responsáveis pelos danos ambientais ocasionados pelo uso e, de forma especial,

pelo pós-uso de seus produtos. Lustosa (2003, p. 156) sustenta então que “o setor

industrial é um dos que mais provoca danos ao meio ambiente, seja por seus

processos produtivos ou pela fabricação de produtos poluentes [...]”.

Mundialmente conhecida, a revolução industrial é considerada de significativa

importância no estudo do sistema econômico-ambiental, pois alterou drasticamente

a relação entre produção e consumo de forma global. Este novo paradigma trouxe

consigo um grande impacto em outra relação: a da humanidade com meio ambiente.

Concluindo este raciocínio, Dias (2007, p. 2) ensina que “é nesse sentido que

podemos afirmar que o modelo de desenvolvimento resultante da Revolução

Industrial é o responsável pela atual crise ecológica”.

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3.1.3 Crescimento populacional

Atualmente, a própria questão populacional é colocada como um dos fatores

fundamentais no estudo da economia ecológica. Isto ocorre, pois se considera que

desde os primórdios da humanidade, o ser humano sempre foi visto como ser

manipulador dos sistemas ambientais nos quais se situa. Durante o processo

evolutivo de milhares de anos, nossa espécie sempre foi a que provocou

desequilíbrios nos ecossistemas, visando unicamente seu benefício próprio, seja

através da agricultura ou através da indústria.

Porém, mesmo que a humanidade buscasse desenvolver todas as suas

atividades em conformidade com as práticas ecológicas, ainda não seria possível

conter os avanços da degradação ambiental, devido à própria dinâmica populacional

na qual estamos inseridos nos tempos atuais. Segundo dados do U.S. Census

Bureau (2008), um importante e respeitado instituto de pesquisa populacional dos

Estados Unidos, em meados do ano de 2008 a população mundial já se encontrava

na casa dos 6,7 bilhões de indivíduos, espalhados de forma irregular e

desproporcional por todo o território global. Como esses números continuam a

aumentar a cada nova senso internacional, Jacquard (1998) acredita que, ainda no

século XXI, a população mundial atingirá a cifra de 10 bilhões de habitantes.

São inúmeros os fatores tidos como danosos na relação entre expansão

populacional e meio ambiente. Dentre estes, destaca-se que com o aumento do

número de habitantes no mundo, novas terras, até então inexploradas, passam a ser

invadidas pela expansão imobiliária. Além disso, a expansão demográfica causa

também forte pressão sobre os recursos naturais básicos, necessários à

sobrevivência, como água e alimentos. E, por fim, considera-se também que a

população humana é a responsável por boa parte da poluição atmosférica e dos

recursos naturais, através da geração de lixo e de resíduos. Assim, Martine (1996)

afirma que atualmente predomina, de forma ampla, a interpretação de que existe

uma relação quase que linear entre crescimento demográfico e pressão sobre

recursos naturais. Essa linha tênue está relacionada à depleção de água limpa, à

intoxicação do ar, à redução do número de espécies vivas de um ecossistema,

dentre diversos outros fatores danosos ao meio natural.

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O entendimento das conseqüências do crescimento populacional é

importante, não somente pelos danos ecológicos, mas também pelos impactos

sociais que causa, especialmente em relação à alimentação, saúde, habitação,

transporte e educação. Para Jacquard (1998), os dados e informações do

crescimento populacional são extremamente importantes e colocam em questão a

própria sobrevivência da humanidade, tanto no âmbito ambiental quanto sobre a

perspectiva social.

Dessa maneira, o crescimento demográfico, visto como uma das três grandes

questões a serem equacionadas na problemática ambiental, se torna nos dias

atuais, causa de discussões e opniões adversas no cenário mundial. Martine (1996,

p. 13) sugere que “é fundamental analisar a natureza e a contribuição da dinâmica

populacional para a evolução do problema ambiental”. Contudo, pode-se considerar

que esse processo de expansão populacional é um significativo acontecimento no

estudo das relações entre homem e meio ambiente.

3.2 Conceitos

Como visto anteriormente, a própria história da evolução humana através dos

tempos, evidencia a distinta relação existente entre a sociedade e o meio ambiente.

Este estudo histórico-evolutivo coloca nossa espécie como a responsável, de forma

direta ou indireta, pelos danos ecológicos causados sobre o sistema natural,

especialmente devido à revolução agrícola e à revolução industrial. Dessa maneira,

a economia ecológica emerge como área de atuação que analisa as interações entre

homem e meio ambiente, desenvolvendo teorias e sugerindo práticas que almejam

possibilitar o convívio complementar, e o conseqüentemente desenvolvimento dos

sistemas econômicos e ambientais.

As definições conceituais de economia ecológica são abordadas por diversos

autores. Cada uma destas caracterizações possui um enfoque diferenciado, porém,

o eixo central do conceito reside sobre a relação entre as atividades econômicas e

sociais humanas, com as atividades ambientais naturais. Pillet (1993) acredita que a

economia ecológica entende-se pelo estudo do conjunto de recursos e de trabalho

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da natureza que ainda não estão economicamente alocados no mercado. Para Silva

(2003) a economia ambiental é um campo de estudo da utilização dos recursos

naturais, renováveis ou não-renováveis. Já Alier (1998) entende que a economia

ecológica estuda as condições para que a economia se encaixe dentro dos padrões

dos ecossistemas.

Contudo, existem várias outras abordagens conceituais para a economia

ambiental, muitas delas vinculadas diretamente com os princípios fundamentais da

própria economia ecológica. Esses conceitos relacionam a economia ecológica

especialmente aos termos da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável.

Nesse sentido, Merico (2002) ensina que esta expressão significa, portanto, a

discussão da permanência ou a durabilidade da estrutura de funcionamento de todo

o sistema econômico com base no sistema ambiental. Já para Cairncross (1992), o

conceito de sustentabilidade pode ser entendido como a capacidade de as gerações

presentes alcançarem suas necessidades, sem comprometer a capacidade de as

gerações futuras em também fazê-lo.

Dessa maneira, pode-se verificar que a economia ecológica é uma área em

constante desenvolvimento teórico e prático, e que suas abordagens evoluem

paralelamente ao desenvolvimento das atividades da humanidade. Em síntese, a

economia ecológica pode ser considerada com um campo de análise

transdisciplinar, que se preocupa em estudar as relações entre o sistema ambiental

e o sistema econômico, especialmente sob a perspectiva das capacidades e

condições do meio natural.

3.3 Princípios fundamentais

Os princípios fundamentais da economia ecológica são ordenamentos

básicos do campo de análise da dsiciplina, no qual se definem aspectos essenciais à

relação de equilíbrio entre ecossistemas e economia. Essas noções sugerem que

todos os atores do cenário global – desde governos e organizações, até empresas e

pessoas – respeitem seus conceitos, a fim de que haja uma interação harmônica e

de complementariedade entre sociedade e meio ambiente.

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Existem diversos princípios que podem ser abordados como fundamentais na

economia ecológica, porém, muitos deles possuem relações próximas entre si, além

de muitos serem considerados como subdivisões de outros. Conforme ensina Merico

(2002), são várias as premissas relacionadas à economia ecológica, mas, algumas

dessas questões, devido à sua importância, merecem análise mais detalhada.

Alguns dos princípios da economia ecológica merecem essa atenção especial, pois

demonstram a importância de certas atitudes para que se mantenham em níveis

constantes, diversos recursos naturais, bem como para que haja a perpetuação das

inúmeras formas de vida existentes no planeta, inclusive a da própria espécie

humana.

Os fundamentos que serão apresentados em seguida são de caratér

genérico, possuindo, cada um deles, suas próprias características de conteúdo.

Todavia, é necessária a interelação entre todas as ações teóricas e práticas destes

princípios, a fim de que os objetivos de manutenção da relação do meio ambiente

com a atividade econômica sejam alcançados. Dessa forma, apresentam-se alguns

princípios básicos como o da eqüidade, o da sustentabilidade e o da

substitutibilidade. Serão apresentados também os princípios da reutilização e da

reciclagem, bem como o da entropia, o da contabilidade ambiental e o da valoração

ambiental.

3.3.1 Princípio da eqüidade

Na área das ciências jurídicas e políticas, onde normalmente esta expressão

é utilizada, o conceito de eqüidade define-se como sendo a faculdade de se

interpretar e aplicar a legislação em certos conflitos de ordem social, a fim de que se

encontre a forma mais justa de sentenciar uma determinada situação. Já na área da

economia ecológica, o princípio da eqüidade sustenta que todas as pessoas

possuem igualdade de direitos à utilização de recursos naturais. Essa igualdade

também consiste em garantir que as gerações vindouras possam ter acesso e gozar

das mesmas condições ambientais que a atual geração desfruta.

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Para se alcançar este ideal de igualdade, é necessária a adaptação e

regulamentação na intensidade e na forma nas quais os produtos ambientais são

explorados pelos indivíduos que possuem o acesso a estes no presente momento.

Para Alier (1998, p. 269), “a riqueza de alguns destrói o ambiente, assim como a

pobreza excessiva destrói o ambiente”. Assim, Alier (1998) propõe uma

redistribuição dos recursos naturais ainda nesta geração, para que se possa

alcançar a utopia da eqüidade em todo o mundo.

Todavia, essa adaptação, regulamentação e distribuição igualitária não é

tarefa fácil, pois demanda conhecimentos científicos no campo de estudo de outros

princípios da economia ecológica. Além disso, exige também estudos tecnológicos

em diversas áreas, para que se possa mensurar qual o nível ótimo de consumo de

capital natural neste momento, a fim de que não haja prejuízo em momentos futuros.

Dessa maneira, a eqüidade pode ser considerada como uma das noções mais

primárias da área da economia ecológica, pois sugere que toda a atividade humana

deve ser concebida e praticada dentro de certos limites ambientalmente aceitáveis.

3.3.2 Princípio da sustentabilidade

A sustentabilidade é uma palavra amplamente conhecida atualmente. Devido

a utilização constante deste termo em diversas áreas da atividade humana, a

sustentabilidade tornou-se um dos mais difundidos princípios da economia

ecológica. Merico (2002, p. 99), afirma que esta expressão tem se tornado

[...] comum nos mais diversos campos da atividade humana, com inúmeras interpretações e uma quantidade impresionante de literatura. As ênfases são as mais variáveis, envolvendo agricultura sustentável, indústria sustentável, crescimento econômico sustentável, sociedade sustentável, etc...

Assim, com a popularização do termo, o conceito de sustentabilidade tornou-

se simples e de fácil entendimento.

O princípio da sustentabilidade da economia ecológica ostenta que as

atividades econômicas e sociais de consumo de capital natural devem ocorrer dentro

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de determinados padrões, os quais, conforme sua própria nomenclatura induz,

precisa ter autonomia de realização, ou seja, ser sustentável. Pillet (1993) acredita

que se o consumo de bens naturais ultrapassa um certo limite de exploração e de

auto-renovação, colocam-se em perigo as bases naturais da vida em geral, como o

solo, o ar, a água, a floresta, a fauna e a flora, paisagens, espécies, ciclos

bioenergéticos e assim por diante.

Dessa forma, uma atividade pode ser considerada sustentável quando as

conseqüências de sua prática podem ser absorvidas de forma eficaz pelo meio

ambiente em determinado espaço de tempo. Merico (2002, p. 99), define que

“tomando seu significado mais simples, sustentabilidade significa tornar as coisas

permanentes ou duráveis”.

3.3.3 Princípio da substitutibilidade

O princípio da substitutibilidade é um dos mais recentes estudos da economia

ecológica. Seus conceitos emergem dos alarmantes estudos científicos que atestam

a escassez e a finitude dos recursos naturais, o que provoca, invariavelmente,

pressão no sentido da obtenção de novos recursos que possam exercer função

idêntica ou similar à do produto natural anterior. Este princípio aplica-se

essencialmente às empresas e organizações, pois se entende que são elas as

responsáveis por significativa parcela da extração e industrialização dos recursos

naturais necessários à produção de bens.

A operacionalização básica da teoria da substitutibilidade decorre da

necessidade constante em se alternarem os fatores de produção considerados

ambientalmente incorretos, por outros de acordo com as práticas ecológicas. Esses

processos de substituição ocorrem após a análise do nível de substitutibilidade entre

dois fatores de produção: o que se quer ou pretende abandonar, e o seu possível

substituto. Com estes cálculos obtêm-se o grau de relação de complementariedade

entre os fatores, o que permite a escolha mais adequada.

O intuito fundamental deste princípio consiste basicamente em substituir a

utilização de recursos ecológicos não renováveis por recursos que possam se

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refazer naturalmente ao longo dos tempos, dentro de uma escala temporal

compatível com a capacidade dos ecossistemas. Neste sentido, Pillet (1993)

acredita que recorrer aos recursos renováveis como substitutos aos não-renováveis,

aumenta a duração da existência de ambos, prolongando-os ao longo dos tempos.

3.3.4 Princípio da reutilização e reciclagem

Com o aumento exponencial da produção e do consumo da sociedade na

qual vivemos, tem-se, paralelamente, o crescimento da produção de lixo e de

resíduos de todo o tipo. Gonçalves (2003, p. 19) afirma que “a produção de lixo é

inevitável e inexorável. Todos os processos geram resíduos, desde o mais elementar

processo metabólico de uma célula até o mais complexo processo de produção

industrial”. Estes rejeitos são descartados, muitas vezes em locais específicos, como

aterros sanitários e lixões, porém, em diversas ocasiões, todo este material

considerado inútil é despejado, de forma desregada, em terrenos e rios, o que causa

grave dano ambiental sobre os ecossistemas.

Dessa maneira, o princípio da reciclagem emerge como elemento

reorganizador dessa situação, sugerindo que pessoas e, de modo especial,

empresas e organizações, reaproveitem os subprodutos dos processos de produção

e de consumo, através da reutilização desse material como componente na

fabricação de outros produtos, ou através da sua utilização para novas finalidades

de uso. Esses processos de reutilização e reciclagem trazem diversos benefícios

econômicos, sociais e, especialmente, ambientais, como a diminuição da utilização

de recursos naturais e a redução do despejo de lixo e de resíduos sobre o meio

ambiente. Gonçalves (2003) considera que a integração entre os aspectos

ambientais, sociais e econômicos é fundamental para o sucesso do processo de

reciclagem.

A reutilização e a reciclagem são, atualmente, princípios bem aceitos e

praticados. Todavia, existe ainda uma capacidade ociosa deste princípio que, se

colocada em prática pelos atores do cenário econômico global, reduziria

consideravelmente boa parte dos problemas ambientais enfrentados atualmente.

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3.3.5 Princípio da entropia

Considerado um princípio altamente técnico, a entropia aborda as relações de

transfluxo energético físico-químico entre dois corpos, aqui considerados de forma

genérica como humanidade e meio ambiente. Estudado no campo de análise

científica da termodinâmica, o conceito de entropia define que toda a atividade não-

natural é danosa ao meio no qual é realizada, pois destrói determinada parcela de

energia, retirando-a de seu ciclo natural.

A entropia define ainda que, mesmo que aparentemente não haja desperdício

de energia nas atividades não-naturais desenvolvidas, este processo de

transformação constante só se encerra com alguma atividade que se utilize desta

parcela energética, sem que haja uma transformação subsequentemente. Pillet

(1993, p. 163-164) acredita que a “energia não é criada nem destruída [...]. A energia

entra no sistema, passa por sucessivas etapas de transformação e de

armazenagem, e deixa-o”. Dessa maneira, o conceito de entropia afirma que,

involuntariamente, toda atividade humana é entrópica e que com a elevação do fluxo

de energia, a capacidade energética total do planeta tende ao colapso.

Boa parte da transição energética que provoca a elevação da entropia é

causada pela atividade econômica industrial e empresarial, visto que esta se utiliza

de inúmeras formas de energia natural com a finalidade da produção de bens, sem

se preocupar com a possível reutilização desta parcela energética. Merico (2002, p.

57) ensina que,

As atividades de produção e consumo exercem grande impacto sobre o ambiente natural. São atividades intrinsecamente entrópicas e, como produção e consumo têm crescido através dos tempos, o transfluxo de baixa para alta entropia tem provocado enorme pressão e degradação no meio ambiente e nos recursos naturais.

Para que exista um equilíbrio natural das atividades humanas com as

atividades ecológicas, este princípio sugere que se diversifiquem os estudos

científicos da termodinâmica, pois somente com o conhecimento empírico podem-se

analisar as possíveis formas de redução das atividades entrópicas.

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3.3.6 Princípio da contabilidade ambiental

O princípio da contabilidade ambiental tem o objetivo de quantificar

numericamente a disponibilidade de recusos naturais existentes no meio ambiente,

como premissa básica para o funcionamento do sistema econômico. Todavia, são

poucas as técnicas cientificamente aceitáveis desta contabilidade ecológica, pois se

considera extremamente complexo o estabelecimento do total de produtos

ambientais do sistema natural, especialmente devido à forma geográfica na qual

estão dispersos pelo espaço global. Contudo, Cairncross (1992) afirma que, mesmo

com as dificuldades em se estabelecer disponibilidades, é preciso, ainda que com as

técnicas existentes no momento, iniciar este processo de alguma forma, antes que o

meio ambiente encontre-se em estado de irreversibilidade total.

Outro objetivo deste princípio é fazer com que cada país tenha ao menos a

noção aproximada da disponibilidade de recursos naturais em seu território, e que

esses recursos apareçam, positiva ou negativamente, em suas contas nacionais de

produto interno bruto. Merico (2002) acredita que os governos nacionais precisam de

reformas em seus macro-indicadores de riqueza, visto que estes evidenciam

somente os fluxos econômicos monetários, desconsiderando os patrimônios

naturais.

Os estudos relacionados à contabilidade ambiental também objetivam medir a

escala ótima em que a humanidade pode despejar lixo e resíduos sobre o meio

ambiente, sem que este tenha sua degradação acelerada por estas emissões. Pillet

(1993) ensina que é importante precificar os recursos para que se possa estabelecer

o nível ótimo entre preservação e poluição.

3.3.7 Princípio da valoração ambiental

Historicamente, os recursos ecológicos sempre foram considerados como

custo zero no processo produtivo, pois se acreditava que estes bens eram infinitos,

sendo criados e recriados naturalmente através dos tempos. Por força desse

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conceito, durante toda a evolução empresarial e industrial, os produtos ambientais

sempre foram extraídos da natureza de forma indiscriminada, ou seja, sem que

houvessem preocupações com seus possíveis esgotamentos. Silva (2003) alega que

a argumentação adotada pela análise econômica através dos tempos, para a falta

de atenção aos aspectos ecológicos, foi a de que a abundância da maioria dos

recursos naturais seria tamanha, que estes poderiam ser considerados como

economicamente gratuitos, não se convertendo, portanto, em bens econômicos e

tampouco em fatores de produção.

Entretanto, com a implementação de novos métodos tecnológicos e

científicos, especialmente no campo do princípio da contabilidade ambiental foi

possível mensurar, ainda que de modo aproximado, a quantidade existente e

economicamente disponível desses bens naturais, até então tidos como infinitos.

Com a noção de disponibilidade, esses recursos considerados como gratuitos,

passaram a exercer uma função distinta na análise econômica. Para PIllet (1993, p.

220), “no seu princípio, o valor econômico do ambiente passa pela revelação de

preços não pagos do ambiente”.

Dessa forma, o princípio da valoração ambiental define que os recursos

naturais produzidos pelo meio ambiente devem possuir valor econômico monetário

que expresse o volume de sua disponibilidade. Alier (1998, p. 166) acredita que

“toda contribuição de um recurso ou serviço ambiental não incluído no mercado,

pode [...] receber uma valoração monetária convincente”. Essa valoração deve

ocorrer mediante as noções básicas da economia de mercado na relação de oferta e

demanda, assim, quanto menor for a disponibilidade de um recurso, maior será seu

preço no mercado, o que impulsionaria a busca por bens substitutos ou por novas

técnicas de produção.

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4 MARKETING

Este capítulo tem por objetivo, apresentar o marketing em sua amplitude

conceitual, teórica e prática. Para tanto, busca-se inicialmente conhecer seu histórico

e evolução através dos tempos, por meio da demonstração e caracterização de suas

fases. Em seguida, efetua-se o estudo do marketing frente a sociedade

contemporânea, a fim de que se possa compreender o cenário global no qual o

marketing está inserido, bem como para que se entendam quais são as suas

definições, funções e prerrogativas atuais.

Logo após, serão apontados alguns dos principais aspectos do marketing a

serem analisados no contexto organizacional, como o ambiente e o composto de

marketing. Por fim, são apresentadas as áreas do marketing, com um

aprofundamento no estudo do marketing social enquanto área que, de certa forma,

deu origem ao marketing ambiental, tema central desta monografia.

4.1 Histórico e evolução

O marketing é uma atividade recente enquanto comparado as demais áreas

do conhecimento humano. Entretanto, através de um estudo histórico da disciplina,

pode-se verificar que suas primeiras caracterizações remontam a própria história e

evolução econômica e comercial da humanidade. Conforme ensina Yanaze (2006),

mesmo que o marketing somente tenha se desenvolvido substancialmente no último

século, sua evolução pode ser abordada dentro de um processo iniciado nos

primórdios da civilização. Assim, para que se possa, efetivamente, compreender a

área do marketing moderno em todos os seus sentidos, é necessário que se

conheça a sua origem e desenvolvimento através dos tempos.

É importante sabermos como as estratégias, hoje compreendidas como sendo do marketing, se desenvolveram ao longo da história, para termos uma consciência mais clara de como ele se inseriu e ganhou seu atual contorno e sua importância em nossa contemporaneidade. Este breve percurso permitirá também

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compreender de que maneira muitas atividades, comuns às trocas entre os homens ao longo da história, foram assimiladas e otimizadas pelas práticas contemporâneas de marketing. (YANAZE, 2006, p. 16).

4.1.1 Consumismo primitivo

Todo este processo histórico do marketing, ocorrido paralelamente à evolução

da sociedade, inicia-se nos primórdios da humanidade. Neste período, os homens

primitivos viviam em bandos e sob a condição de nomadismo, ou seja, caçando e

colhendo o que precisavam para satisfazer suas necessidades fisiológicas de

alimentação. Porém, com o passar dos tempos e o aumento do número de membros

dos grupos, estes passaram a cultivar o solo e a criar animais, com a finalidade de

obter o que precisavam, visto que já não haviam meios de se conduzirem grandes

grupos, em processos migratórios, na busca por novos recursos.

Com o contínuo desenvolvimento destes povos, nem mesmo o cultivo da

terra, a produção de alimentos e a criação de animais supriam a demanda interna

dos grupos. Manzo (1996) ensina então que, neste período, as tribos primitivas

deixaram de produzir tudo, ou quase tudo, o que consumiam e passaram a dividir o

trabalho entre os membros de seus próprios grupos, além de o fazerem também

com outros grupos. Desse modo, cada um passou a produzir uma parte do que era

indispensável à satisfação das necessidades coletivas.

Todavia, com a implementação, ainda que de forma básica, dos processos

econômicos de especialização, passaram a surgir os excedentes da produção,

excedentes estes que exerceram uma função fundamental à etapa seguinte da

evolução econômica e comercial humana. Com as sobras do que era produzido,

estes povos passaram a se encontrar em determinados locais para efetuar o

escambo da produção excedente. Esse escambo consistia na localização de grupos

ou indivíduos que necessitassem destas sobras, e que, em contrapartida, pudessem

oferecer as suas sobras em um processo de troca. Conforme Yanaze (2006, p. 16),

“parte do que se obtinha nessas atividades específicas era utilizada para o próprio

consumo da aldeia, e o excedente era trocado pelos produtos de grupos ou aldeias

que se dedicavam a outras atividades”.

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Este momento é considerado como o ponto de partida da evolução conceitual

e operacional do marketing, pois foi a partir daí que se caracterizaram, ainda que de

forma primitiva, os elementos considerados como fundamentais e essenciais à

existência da atividade mercadológica. Estes elementos são, respectivamente, o

produto, – resultado do excedente da produção dos povos habitantes de

determinadas regiões, e que se dedicavam ao cultivo de algumas poucas espécies

destinadas à subsistência coletiva ou individual – o preço, – que era aleatoriamente

determinado pelos próprios produtores em relação ao bem que se destinava obter

em troca – a praça, ou a distribuição, que ocorria também de forma aleatória,

normalmente em locais públicos e de fácil acesso, e por fim, a promoção, – elemento

considerado o menos comum neste período.

O estabelecimento destes processos de relações comerciais baseados na

simples troca ficou conhecido historicamente como a fase do consumismo primitivo.

Esta fase é considerada a primeira etapa da evolução do marketing.

4.1.2 Comércio primitivo

Durante séculos, estas relações comerciais primitivas foram expandindo-se

em diversos sentidos e, devido as crescentes demandas, tornavam-se cada vez

mais importantes nos processos de satisfação de necessidades dos grupos e dos

indivíduos. Entretanto, em determinado momento, surgiu a necessidade de se obter

um parâmetro de troca para os produtos comercializados, visto que seus valores

extrínsecos como tamanho e peso, já não eram suficientemente capazes de

expressar seu valor total. Yanaze (2006) explica que, ao mesmo tempo em que

possibilitou o acesso aos produtos, a viabilização das trocas gerou conflitos,

relacionados essencialmente ao valor destes bens. Logo, para resolver este

problema, os comerciantes passaram a adotar critérios que levavam em

consideração o uso de uma medida de valor que fosse comum e que pudesse

promover a eqüidade das trocas. Essa medida foi estabelecida como a moeda de

troca.

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Manzo (1996, p. 2) ensina que “para facilitar as trocas primitivas apareceu o

dinheiro. O ato de trocar o dinheiro por produtos recebeu o nome de compra ou

venda, dependendo da posição de cada agente”. A implementação da moeda como

parâmetro para o processo de trocas, figura como o divisor entre a fase do

consumismo primitivo, baseado no escambo ou simples troca, e a fase do comércio

primitivo, tendo a moeda como facilitadora das relações comerciais.

Para Yanaze (2006) o estudo histórico da moeda e do dinheiro através dos

tempos, nos revela que o ser humano usou uma série de produtos para representá-

lo, como, por exemplo, o sal na Etiópia; o açúcar e o algodão em Barbados; o tabaco

na Somália; telas e tecidos na Europa, África e China; pérolas, também na África;

além ainda de animais vivos, dentes e peles de animais, entre outros, em diversas

partes do mundo. Somente algum tempo depois surgiram as primeiras

caracterizações de moeda e dinheiro nas formas como as conhecemos atualmente,

feitas de metais como níquel, cobre e outros.

Assim, a moeda tornou-se fundamental para as relações comerciais de

compra e venda e, mais do que um elemento facilitador, o dinheiro tornou-se uma

variável que mudou o modo humano de observar os bens. Pode-se dizer que este

período de surgimento da moeda iniciou, além da fase do comércio primitivo, a

construção dos pilares do capitalismo que regem a sociedade nos dias atuais.

4.1.3 Capitalismo primitivo e revolução comercial

Com a abrangência consensual e a difusão da moeda como parâmetro para

as trocas, os mercados ganharam maiores proporções, deixando de serem

abordados apenas como locais e regionais, passando então, a serem visualizados

em uma esfera macroeconômica. Conforme Yanaze (2006, p. 17), “o incremento das

atividades comerciais permitiu sua expansão para além-fronteiras”. Assim,

vislumbrando um novo cenário de oportunidades, os comerciantes e mercadores

passaram a buscar, com cada vez mais afinco, potenciais mercados para seus

produtos.

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Além da moeda, outros elementos colaboraram para esta expansão

comercial, como, por exemplo, a criação dos primeiros meios de transporte de

cargas e o surgimento da figura dos intermediários e facilitadores. A soma destas e

de diversas outras variáveis, aliadas a constante evolução nas técnicas comerciais,

caracterizam as dimensões que sociedades e mercados vinham tomando através

dos tempos.

Neste período, os mercados e os produtos já não eram os mesmos. As

demandas continuavam crescentes e as ofertas seguiam a mesma proporção. As

necessidades já não eram apenas por alimentação, mas também por vestuário,

melhores condições de vida e habitação. Todo este contexto permitiu o

estabelecimento de uma nova fase na história da evolução dos mercados. Esta fase

é chamada de capitalismo primitivo ou revolução comercial.

Damos o nome de Revolução Comercial ao processo que se iniciou com as Grandes Navegações no século XV – quando se saiu em busca de novos horizontes mercantis – e que se prolongou até o início da industrialização, no século XVIII. (YANAZE, 2006, p. 17).

Com esta nova configuração das sociedades e dos mercados, e com os

novos ideais expansionistas, toda a atividade comercial passou a evoluir cada vez

mais rapidamente através das décadas e dos séculos.

4.1.4 Revolução industrial

Em determinado momento desta evolução, as pessoas passaram a ter uma

maior acessibilidade à moeda e ao dinheiro. Com a expansão dos mercados e o

contínuo desenvolvimento, a sociedade, de um modo geral, passou a deter o poder

aquisitivo necessário para comprar os bens e produtos de que necessitavam ou que

desejavam. Esta nova situação fez com que o montante da demanda ultrapasse as

somas de oferta. Yanaze (2006, p. 18) assegura que,

Havendo acúmulo de moeda, a procura e o consumo de produtos passaram a ser bem maiores do que antes, ou seja, o ser humano passou a consumir mais do que o necessário para sua própria

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sobrevivência. A intensificação da demanda e uma produção ainda mais primitiva tiveram como conseqüência a escassez de produtos. Assim, a oferta passou a ser menor do que a demanda e, conseqüentemente, os preços aumentaram. Além disso, muitos mercados deixaram de ser abastecidos.

Com as sociedades ávidas por produtos, e com os volumes de mercadorias a

disposição para venda sendo sempre menores do que a crescente e insaciável

demanda por compra, alguns vendedores passaram a organizar suas atividades

comerciais formando o que hoje vemos como sendo as primeiras empresas

produtoras. Para Casas (1997), este período mercadológico é classificado como a

Era da Produção, e caracteriza-se, de modo especial, pela necessidade de

incremento na produção com a finalidade de nivelamento entre oferta e demanda.

Manzo (1996) acredita que este contexto gerou notável desenvolvimento, pois

todos queriam produzir para estes mercados de demandas latentes. Desse modo, as

organizações passaram a investir em métodos e técnicas de produção que

permitissem o aumento da quantidade de bens disponíveis. Assim, em pouco tempo,

e ainda que de forma artesanal, as indústrias conseguiram reduzir os desníveis

existentes entre oferta e demanda.

Durante determinado período houve uma certa paridade nestas relações

mercadológicas, porém, pouco depois, este panorama inverteu-se. Com o

surgimento de novas e modernas indústrias, e com o desenvolvimento dos métodos

produtivos, a oferta atingiu o nível da demanda e logo a ultrapassou, o que

evidenciou, novamente, os primeiros sinais de excedentes da produção. Verificou-se

então, que seria necessário, mais uma vez, inverter esta situação. Para tanto,

algumas empresas passaram a utilizar técnicas de vendas e enfatizar a

comercialização. Casas (1997) define esta fase como a Era das Vendas, ocorrida

por volta da década de 1930, e caracterizada pela implementação de estratégias

que permitissem melhores resultados dos produtos nos mercados.

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4.1.5 Era do marketing

Por fim, mesmo com toda esta evolução dos mercados e com o

desenvolvimento das indústrias, as companhias perceberam, em certo momento,

que as vendas e técnicas comerciais já não eram suficientemente capazes de

garantir seu sucesso no mercado, visto que muitas empresas emergiam oferecendo

seus produtos e serviços de forma concorrencial umas às outras. Surge então, neste

período, a Era do Marketing.

A partir de 1950, os empresários passaram a perceber que vendas a qualquer custo não era uma forma de comercialização muito correta. As vendas não eram constantes. O mais importante era a conquista e a manutenção de negócios a longo prazo, mantendo relações permanentes com a clientela. Por isso, nessa época passou a existir uma valorização maior do consumidor. Todos os produtos deveriam ser vendidos a partir da constatação dos seus desejos e necessidades. O cliente passou a dominar o cenário da comercialização como um dos caminhos para a obtenção de melhores resultados. (CASAS, 1997, p. 21).

É a partir deste período que o marketing deixa de ser uma área de atuação

atrelada à administração e à economia, e passa a ter suas próprias formas,

características e ferramentas. Manzo (1996, p. 1) assegura que “pode dizer-se que

data dessa época o florescimento da Ciência do Marketing”.

Foi também a partir da era do marketing, que se deu o desenvolvimento

teórico da disciplina, com a publicação de inúmeros estudos, artigos e livros

referentes ao marketing enquanto ciência. Cobra (1997) justifica que, com o mundo

dos negócios cada vez mais desenvolvido, surgiu a necessidade de melhor

conceituar o marketing, explicando sua natureza.

Assim, a difusão dos conceitos teóricos e práticos do marketing ocorria

rapidamente pelo mundo dos negócios e, cada vez mais, as empresas o adotavam

como uma filosofia de administração organizacional, disseminando o ideal de se ter

os clientes e mercados como o ponto de partida de suas atividades. Keegan e Green

(2000) concordam então que, a implementação e coordenação do marketing são

vistas, cada vez mais, como tarefas fundamentais às companhias modernas.

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Todo este estudo histórico-evolutivo das sociedades, dos mercados e das

empresas através dos tempos, nos apresenta também as relações da disciplina não

somente com a administração e com a economia – áreas da qual se originou – mas

também com a antropologia, a sociologia, a psicologia, e a logística, dentre tantas

outras. Dessa maneira, o marketing pode sir visto como um campo de estudo

oriundo de diversas áreas do conhecimento humano, o que caracteriza sua

interdisciplinaridade.

4.2 Definições e funções

Após o estudo histórico-evolutivo e a caracterização das fases, é necessário

conhecer quais são os conceitos, as definições e as funções que constituem e

permeiam a área do marketing. Para tanto, é preciso inicialmente compreender o

contexto geral das relações empresariais e mercadológicas contemporâneas.

Conforme ensina Manzo (1996), o mercado possui características que devem ser

conhecidas para que se possa situar a atividade organizacional do marketing de

uma forma mais ampla.

Nos tempos atuais, as organizações operam em uma sociedade global,

pautada nos pilares do capitalismo e regida pelos paradigmas da interdependência e

da mundialização da oferta e da demanda. Entretanto, é importante destacar que,

juntamente com as empresas, inúmeros outros agentes como países, governos,

instituições, mercados e pessoas, atuam neste cenário. Toda esta dinâmica global

faz com que, inevitavelmente, forme-se um complexo sistema de mercado,

composto por diversos elementos e variáveis.

Em face da abrangência e integração deste sistema, emergem múltiplos

fatores à serem considerados e estudados pelas companhias, como, por exemplo,

novas ameaças e oportunidades, novas idéias, novas tendências e comportamentos,

dentre vários outros. Neste sentido, as organizações se vêem constantemente

pressionadas, direta ou indiretamente, a se adaptarem às mudanças decorrentes da

evolução e do desenvolvimento natural deste ambiente. Conforme Kotler (2000, p.

48),

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Podemos afirmar, com certo grau de confiança, que o mercado não é mais o mesmo. Ele está mudando radicalmente como resultado de grandes forças, como avanços tecnológicos, globalização e desregulamentação. Essas grandes forças têm criado novos comportamentos e desafios.

Da mesma forma como a evolução das sociedades e dos mercados fazem

com que seus agentes e intervenientes – de modo especial as organizações –

tenham que se adequar às transformações, também as conceituações gerais do

marketing vêm sofrendo constantes mutações ao longo dos anos. Estas alterações

são extremamente importantes organizacionalmente, pois o marketing enquanto

uma ferramenta que possibilitará a adaptação mercadológica, precisa também ele

estar atualizado ao panorama social geral. Kotler e Armstrong (1999, p. 13)

concordam que,

O marketing opera em um ambiente dinâmico e global. Toda década exige que os gerentes de marketing pensem de novo em seus objetivos e práticas. As mudanças rápidas podem tornar as estratégias de sucesso de ontem rapidamente desatualizadas.

Frente a todo este cenário em franca modificação, tanto da sociedade quanto

do marketing, faz-se necessário o estudo teórico e a aplicação prática do marketing

moderno. Para que isso possa ocorrer é preciso, primeiramente, estudar o termo

marketing em si, pois, por ser uma palavra estrangeira que foi idiomaticamente

incorporada como um vocábulo nacional, este acaba, por muitas vezes,

confundindo-se com outras definições.

Dessa maneira, alguns autores empenharam-se na função de produzir

traduções literárias à palavra, a fim de encontrar o termo mais adequado à realidade

brasileira. Nestas tentativas, alcançaram-se algumas aproximações ao que a palavra

marketing significa em seu idioma originário, tal como mercância ou mercadologia.

Entretanto, ao buscar-se a raiz etimológica do termo, a tradução mais paralela que

se encontra é a de ‘ação no mercado’. Casas (1997) confirma que o termo em inglês

significa, com uma conotação aberta e dinâmica, a ação da organização no

mercado.

A palavra Marketing deriva da palavra inglesa market, que quer dizer “mercado”. To market significa comprar ou vender no mercado. A

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terminação “ing” é designativa, em inglês, do gerúndio. No caso to market e marketing. O sentido literal de Marketing seria, portanto, “comprando ou vendendo no mercado”. (MANZO, 1996, p. 12).

Atualmente, devido a mundialização e a introdução de novos conceitos, sabe-

se que não existe uma tradução idiomática plena e definitiva para a palavra

marketing. Casas (1997) complementa esta colocação evidenciando que discussões

deste tipo já foram publicadas por vários autores nacionais, razão pela qual não se

deve despender tempo no sentido de localizar o verbete idiomático mais indicado.

Assim, para efeitos deste estudo, o marketing será abordado tanto como ação no

mercado, quanto como mercadologia, ou seja, estudo do mercado.

Ainda nesse sentido, Cobra (1997) assegura que, mais importante do que as

traduções, é compreender as definições e aplicações, conceituais e operacionais do

marketing. Logo, deixando de lado o estudo da etimologia da palavra, e buscando

aqui visualizar suas abordagens teóricas e práticas, podemos perceber que o

marketing vem se tornando nos últimos tempos, uma atividade amplamente

difundida e cada vez mais utilizada pelas organizações. Seja pela mobilidade ou

pelas ferramentas que disponibiliza às companhias, o fato é que o marketing está, a

cada dia, mais presente na seara das empresas. Porém, Richers (2000) afirma que é

preciso também que o marketing seja utilizado com eficácia, o que equivale a dizer

que as organizações que o adotam, aprendam a explorar as suas potenciais

possibilidades como um conjunto de instrumentos.

Devido ao seu vasto campo de atuação, o marketing pode ser explorado e

evidenciado em diversos sentidos. Dentre estes, é preciso considerar inicialmente, o

marketing enquanto sua função mais básica: a troca. Para Kotler e Armstrong (1999,

p. 3), “há muitas definições de marketing, mas a maioria gira em trono da primazia

dos clientes como parte de um processo de troca. As necessidades dos clientes são,

de fato, o ponto de partida da atividade de marketing”. Neste sentido, a função do

marketing é atuar como ferramenta que viabilize a operacionalização de trocas de

produtos e serviços, entre empresas e consumidores/clientes, com o objetivo de

satisfazê-los. Conforme Churchill Jr. e Peter (2000, p. 4), “a essência do marketing é

o desenvolvimento de trocas em que organizações e clientes participam

voluntariamente de transações destinadas a trazer benefícios para ambos”.

Paralelamente à viabilização de trocas, há também uma outra definição

funcional para o marketing: o gerenciamento do mercado. Este gerenciamento,

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também visto como um processo social, consiste no estudo das relações entre oferta

e demanda, e ainda na busca constante das necessidades das pessoas, afim de que

se possam desenvolver produtos e serviços que satisfaçam à estas necessidades.

Assim, Aaker (2001, p. 26) assegura que “o marketing, por sua própria natureza,

ocupa-se da interação entre a empresa e o mercado”. Em outras palavras, Rocha e

Christensen (1999, p. 15) concordam que “o marketing procura obter o melhor

acoplamento possível entre segmentos da oferta e da demanda”.

Por fim, o marketing também pode ser tratado como uma filosofia, e servir

como uma orientação organizacional. Esta função caracteriza-se através dos

processos de gestão de marketing, que buscam estudar e conhecer o mercado em

todos os seus aspectos para que, desta forma, se alcance o sucesso das atividades

empresariais. Para Palmer (2006, p. 441), “a gestão de marketing é um processo

contínuo que inclui análise da posição atual da empresa, planejamento de metas,

implementação de estratégias e controle de resultados”.

O conjunto de todas estas abordagens permite, finalmente, que o marketing

possa ser definido como um processo organizacional, gerencial e social que engloba

todo um conjunto de atividades e estratégias empresariais, com o objetivo da

satisfação de necessidades e vontades de consumidores e clientes, atuais ou

futuros, através de produtos e serviços, permitindo e facilitando trocas para que,

desta forma, se alcancem os objetivos de ambas as partes e gerem-se benefícios

específicos mútuos. Em síntese, Rocha e Christensen (1999, p. 15) definem que

Marketing é uma função gerencial, que busca ajustar a oferta da organização a demandas específicas do mercado, utilizando como ferramental um conjunto de princípios e técnicas. Pode ser visto, também, como um processo social, pelo qual são reguladas a oferta e a demanda de bens e serviços para atender às necessidades sociais. É, ainda, uma orientação da administração, uma filosofia, uma visão. Essa orientação reconhece que a tarefa primordial da organização é satisfazer o consumidor, atendendo a suas necessidades, levando em conta seu bem-estar a longo prazo, respeitadas as exigências e limitações impostas pela sociedade e atendidas as necessidades de sobrevivência e continuidade da organização.

Devido a toda esta abrangência de seu conceito, é comum que, por muitas

vezes o marketing não seja compreendido e praticado de forma efetiva pelas

organizações, que acabam por adotá-lo apenas de modo parcial, não explorando,

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dessa maneira, todas as suas potencialidades. A implementação da atividade do

marketing em sua totalidade, pode permitir às empresas um melhor posicionamento

gerencial e social de sua marca, produtos e serviços; melhores resultados

mercadológicos na administração da oferta e da demanda, por meio dos processos

de troca; e por fim, o alcance dos objetivos e metas, que, conseqüentemente

culminará no sucesso da companhia.

4.3 Ambiente de marketing

Por ambiente de marketing entende-se o espaço social e mercadológico no

qual a empresa está situada. Palmer (2006) considera que o ambiente de marketing

pode ser visto como tudo que rodeia e influencia o sistema organizacional e a sua

capacidade de desenvolver e manter relações comerciais bem sucedidas com os

consumidores e clientes. Tendo em vista que, inevitavelmente, as organizações

estão imersas em um cenário global e composto de inúmeras variáveis, é de

significativa importância o estudo detalhado deste ambiente no qual estão inseridas.

Devido ao atual contexto da sociedade, globalizada e capitalista, onde é

crescente o aprofundamento das relações mundiais nos âmbitos econômico, político,

social e cultural, e também devido ao nível exponencial de crescimento do comércio

internacional, emergem diversos fatores que, direta ou indiretamente, interferem na

estrutura de mercado das organizações. Dessa maneira, torna-se relevante que as

companhias estejam atentas e empenhadas em compreender as mudanças

decorrentes desses fenômenos. Para Casas (1997, p. 29), “as modificações que

ocorrem são freqüentes e sugerem que os planos de marketing inicialmente

propostos devem ser flexíveis suficientemente para se adaptarem a novas

situações”. Assim, além da compreensão destes acontecimentos, torna-se

importante que, acima de tudo, essas empresas estejam preparadas para que, de

forma rápida e eficaz, possam adaptarem-se às novas realidades.

Todos os elementos que formam este conjunto de variáveis podem ser mais

bem estudados através de uma classificação simples que os elenca em dois grandes

grupos: fatores externos do ambiente de marketing, ou macroambiente; e fatores

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internos do ambiente de marketing, ou microambiente. Kotler e Armstrong (1999, p.

47) definem que

O microambiente consiste em forças próximas à empresa que afetam sua capacidade de servir seus clientes – a empresa, os fornecedores, os canais de marketing, os mercados de clientes, os concorrentes e os públicos. O macroambiente consiste em forças sociais maiores que afetam todo o microambiente – forças demográficas, econômicas, naturais, tecnológicas, políticas e culturais.

O entendimento desta estrutura torna-se importante pois permite às empresas

a adoção de ações mercadológicas, seja para minimizar os impactos provocados, ou

mesmo para utilizá-los estrategicamente. Kotler (2000) aconselha que as

organizações devem prestar muita atenção nas tendências e nos acontecimentos

desses ambientes e realizar ajustes oportunos em suas estratégias de marketing.

4.3.1 Macroambiente

O macroambiente é visto organizacionalmente como um conjunto de forças

incontroláveis às empresas. Estas forças, também conhecidas como fatores

externos, são todas aquelas que ocorrem de modo natural no cenário global,

independentemente da ação ou omissão das companhias, e que provocam

alterações no contexto de mercado no qual estas estão inseridas. Conforme ensina

Palmer (2006, p. 56),

O macroambiente de uma empresa abrange o que está além de seu ambiente imediato, mas que também pode afetá-la. [...] Os fatores macroambientais cobrem um amplo espectro de fenômenos; representam mais forças e pressões gerais do que propriamente instituições com as quais a organização tenha ligações.

Devido a incerteza e imprecisão dos resultados provocados por suas

variáveis, o macroambiente caracteriza-se como um importante elemento de estudo

na área mercadológica.

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Este composto de fenômenos é dividido, segundo Kotler e Armstrong (1999),

em seis grupos, que abrigam, cada um deles, diversos itens à serem considerados

na análise macroambiental. Estas ramificações são os ambientes políticos,

econômicos, demográficos, tecnológicos, naturais e culturais, sendo que, cada

componente destes subgrupos, pode, com maior ou menor intensidade, afetar o

posicionamento das organizações.

Entretanto, apesar de incontroláveis, as variáveis do macroambiente não

devem ser vistas exclusivamente como ameaças, pois, assim como direta ou

indiretamente modificam o ambiente, alterando-o de forma negativa para alguns,

estas mesmas variáveis provocam a abertura de novos mercados e novas

oportunidades para outros. Para Kotler (1999, p. 100), “inúmeras oportunidades de

mercado emergem desse macroambiente em constante mutação. As empresas

devem ser hábeis na identificação de tendências”.

Nesse sentido, mesmo que aparentemente as mudanças ambientais não

atinjam de modo direto a atividade mercadológica da companhia, deve-se ter em

mente que, com as relações interdependentes mantidas entre países e mercados,

certas alterações ocasionam um progressivo efeito multiplicador, que poderão vir a

refletir-se de alguma forma na organização. Casas (1997) alega que,

inevitavelmente, toda empresa atua em determinado ambiente que, de forma geral,

tem a instabilidade como característica. Desse modo, as companhias precisam estar

atentas às ameaças, saber explorar as oportunidades, e acima de tudo, terem o

discernimento necessário para distingui-las.

4.3.2 Microambiente

O microambiente, assim como o macro, elenca um conjunto de forças que

interferem nas funções mercadológicas das organizações. Entretanto, enquanto o

macroambiente é mais impreciso e abrange intervenientes incontroláveis, o

microambiente estuda características que são, de certa forma, controláveis às

empresas. Estes elementos também são conhecidos como fatores internos, pois, de

modo mais próximo, influenciam a companhia e a sua capacidade de estabelecer e

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manter boas relações com consumidores e clientes. Palmer (2006, p. 55) afirma que

“o microambiente de uma empresa abrange os elementos que a influenciam

diretamente [...]”.

Devido ao fato destas variáveis poderem ser, até certo ponto, controladas

pelas empresas, para obterem um bom resultado estas companhias devem

maximizar seus esforços organizacionais na identificação dos elementos que podem

– ou poderão – intervir em suas atividades mercadológicas. Segundo Kotler e

Armstrong (1999), os fatores internos a serem levados em consideração no estudo

microambiental são, os mercados, os clientes, os concorrentes, os fornecedores, os

canais de marketing, os públicos, entre outros intermediários nas relações

comerciais e empresariais. Pode-se mencionar ainda, – como alguns fatores do

ambiente interno da organização, – a própria empresa e seus departamentos,

juntamente com seus produtos e serviços, e maquinário e pessoal.

Em meio a este contexto de elementos identificáveis nas interações

mercadológicas das companhias, emergem situações em que se apresentam as

forças e fraquezas destas, frente ao mercado. Assim, as organizações devem

empenhar-se em potencializar, cada vez mais, suas forças e virtudes, e ainda buscar

converter suas fraquezas e carências em oportunidades. Quanto maior for o esforço

empregado nesta tarefa, melhores serão os resultados estruturais e comerciais

obtidos.

4.4 Composto de marketing

Considerado como um dos conceitos mais fundamentais do marketing, o

composto de marketing – do inglês marketing mix – pode ser definido como um

conjunto de elementos básicos que compõe as atividades mercadológicas de uma

empresa ou organização. De modo geral, estes elementos são tidos como variáveis

do ambiente empresarial interno, ou seja, são fatores controláveis e que podem ser

moldados de forma a permitir um melhor posicionamento no mercado.

Kotler (2000) sugere que o mix de marketing deve ser utilizado

fundamentalmente com a finalidade de perseguir os objetivos de marketing no

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mercado alvo. Assim, um bom composto de marketing torna-se quesito fundamental

às empresas e organizações que almejam crescimento e desenvolvimento em sua

área de atuação.

Operacionalmente, o composto de marketing evidencia-se através de

estratégias empresariais acerca da relação entre oferta e demanda, servindo como

ponto de equilíbrio na interação entre o ambiente interno e externo da organização.

Kotler e Armstrong (1999, p. 31) colocam que “o mix de marketing consiste em todas

as ações da empresa com a intenção de influenciar a demanda de seu produto”.

Dessa forma, a integração dos componentes do marketing mix baseada no

planejamento estratégico da empresa e através de ações táticas coordenadas,

permite a organização atingir seus objetivos nos mercados-alvo.

As conceituações teóricas acerca do composto de marketing podem ser

abordadas de três maneiras que, em linhas gerais, possuem basicamente as

mesmas características, alternando-se apenas o ponto de vista sob o qual a relação

é observada. Todas estas evidenciações têm em comum o fato de possuírem quatro

componentes que, quando agregados sistematicamente, caracterizam o composto

de marketing.

Nesse sentido, autores como Richers (2000) colocam que os elementos que

compõem o marketing mix precisam ser de caráter organizacional, pois assim,

permitiriam às empresas uma análise situacional do contexto no qual estão inseridas

juntamente com seus produtos e serviços. Dessa forma, Richers (2000) aborda as

variáveis do composto mercadológico como sendo a análise, a adaptação, a

ativação, e a avaliação, ou ‘4 As’. Estes itens quando abordados de forma composta,

apresentam à empresa uma contextualização geral de suas circunstâncias no

mercado, permitindo então, um estudo pormenorizado de seu posicionamento.

Já para autores como Lauterborn (1990 apud Kotler, 1999), os componentes

do marketing mix seriam ‘4 Cs’, representados pelas características de consumidor,

custo, conveniência e comunicação, – do inglês customer, cost, convenience e

communication. A formação do composto baseado no ‘4 Cs’ daria a organização

uma visão global sob o prisma do consumidor ou cliente de seus produtos ou

serviços, o que faria com que esta pudesse mensurar o feedback de seu mix de

marketing.

Todavia, foi E. Jerome McCarthy o pioneiro na definição dos componentes do

marketing mix. Apesar de sua teoria ser a mais antiga, tendo sido produzida ainda

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na década de 60, as evidenciações de McCarthy acerca do composto de marketing

são as mais tradicionais e difundidas atualmente, tendo sido abordadas e

popularizadas por grandes autores e teóricos do marketing, como Philip Kotler e

Peter Drucker. Em seus conceitos, McCarthy (1976 apud Kotler, 1999) introduziu

que os elementos do composto deveriam ser analisados do ponto de vista da

empresa e, dessa forma, seriam caracterizados por produto, preço, praça ou

distribuição, e promoção, ou seja, ‘4 Ps' – do inglês produtct, price, place e

promotion.

Existem, entretanto, outras formas de definição no que se refere ao marketing

mix, embora, pouco expressivas e com baixo nível de aceitação por parte de autores

e especialistas na área do marketing. Para efeitos deste estudo, o composto de

marketing será abordado sob o prisma dos ‘4 Ps' devido a abrangência e aceitação

desta contextualização.

4.4.1 Produto

Genericamente, o termo produto pode ser definido como qualquer bem

tangível ou intangível, que possua preço monetário e que seja promocionalmente

oferecido em determinado mercado, com a finalidade de satisfazer necessidades e

desejos de consumidores e/ou clientes. Apresentando a importância deste

componente, em relação aos demais elementos do mix de marketing, Casas (1997,

p. 167) coloca que

Podemos afirmar com segurança que a parte mais importante do composto de marketing é o produto. Todas as atividades de uma empresa justificam-se pela sua existência. [...] devido à necessidade de um marketing integrado, todos os demais componentes do composto de marketing são extremamente necessários e importantes, mas sem o produto, objeto principal da comercialização, eles seriam até mesmo inexistentes.

Visto que o objetivo essencial do marketing consiste em viabilizar as relações

de trocas comerciais com a finalidade de satisfazer interesses, tanto do vendedor

quanto do comprador, o produto apresenta-se como mola propulsora para a

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operacionalização desta relação, o que justifica sua relevância no estudo do

marketing mix.

O produto pode ser considerado ainda, como o resultado de um processo de

agrupamento de diversos fatores que vão além das características que podem ser

observadas através de uma análise superficial. Mercadologicamente, o produto é um

conjunto de instrumentos de marketing, composto de atributos corpóreos como

volume, tamanho, quantidade, peso, embalagem, rótulos e etiquetas; e atributos

incorpóreos como qualidade, design, estilo, marca, imagem, cores, garantias,

serviços complementares, entre outros. Assim, a caracterização prática é muito mais

do que apenas sugere a sua definição teórica, sendo então o produto, a unificação

sistêmica destas variáveis.

Ao fazer-se referência a produto, no contexto do marketing mix, está-se falando de algo mais que do simples produto físico que o comprador irá consumir ou utilizar. [...] Isso ocorre porque o produto que a organização oferece deve ser visto não a partir do que ele é para a organização, mas a partir do que ele significa para o consumidor. (ROCHA E CHRISTENSEN, 1999, p. 86).

Todas essas características devem ser cautelosamente estudas pelas

companhias, visto que estes instrumentos de marketing são fatores determinantes à

decisão de compra. Além dessas propriedades materiais e imateriais, as

psicológicas e sócio-culturais também são preponderantes e constantemente

influenciam consumidores e clientes, que poderão avaliar os produtos ou serviços

adquiridos conforme o valor total percebido.

Devido ao fato de que o produto deve ser organizacionalmente visto como o

meio para que se atinjam os fins de satisfação dos consumidores e clientes,

conforme exposto anteriormente, este não se limita apenas a bens físicos. Também

são considerados produtos, os serviços, as organizações, pessoas, idéias dentre

vários outros itens que possam encaixar-se na definição de objeto de

comercialização ou de troca entre empresas ou pessoas. Segundo Rocha e

Christensen (1999), essa visão expandida pressupõe então que, qualquer coisa que

é percebida como tendo valor, poderá ser considerada como produto.

Em síntese, a maneira como cada organização cria, desenvolve e

comercializa seus produtos, conforme a sua respectiva área de atuação, determina o

nível de sua participação de mercado, e assegura, ou não, que se alcancem seus

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objetivos de marketing. Conforme ensina Kotler (1999, p. 126), “a base de qualquer

negócio é um produto ou serviço”.

4.4.2 Preço

Em seu sentido amplo, o preço é o valor monetário e numericamente

expresso, de um produto. Apesar de parecer simples, este elemento do marketing

mix exige expressiva atenção por parte das empresas, e considerável competência

por parte dos profissionais responsáveis pela sua definição. Palmer (2006) explica

que o preço é importante para as organizações, pois é um dos itens do composto

mercadológico que afeta diretamente a posição financeira da companhia, visto que,

enquanto os demais componentes envolvem apenas custos e despesas, o preço

determina o montante das receitas que serão geradas.

Através de uma abordagem mais focada, Rocha e Christensen (1999) dividem

o preço sob duas perspectivas. A primeira delas aborda que, sob a ótica da

empresa, o preço é a compensação recebida pelos produtos que esta oferece ao

mercado; na segunda delas, o preço expressa, sob o ponto de vista do consumidor,

o valor percebido como benefício do produto em questão.

Nesse contexto, a importância do estudo da variável preço para as

organizações, dá-se devido ao fato de que este é o principal instrumento, tanto de

geração de receita, quanto de mensuração do valor do produto por parte do

consumidor ou cliente, sendo considerado ainda, como fator preponderante na

decisão de compra. Assim, Palmer (2006, p. 257) coloca que ”o estabelecimento de

preços é uma tarefa difícil, que envolve uma análise técnica e objetiva, além de um

processo de tentativa-e-erro baseado na intuição”.

São diversos os fatores que podem influenciar as empresas em suas

decisões de precificação de produtos. Em primeiro lugar, as companhias devem ter

em mente que o preço não representa apenas o repasse dos custos, adicionado de

uma margem de lucro maior ou menor. Deve-se verificar que existe toda uma gama

de variáveis que precisam ser cautelosamente estudadas antes de sua definição.

Kotler e Armstrong (1999) dividem esses fatores a serem considerados na fixação de

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preços como fatores organizacionais internos e fatores ambientais externos. Os

fatores internos são os objetivos de marketing, a estratégia de marketing, os custos

e outras considerações organizacionais. Já os fatores externos são o mercado e a

demanda, os custos, os preços e ofertas dos concorrentes, entre outros. Assim, fica

claro que o preço dos produtos não pode ser definido de forma aleatória, ou sem a

observância minuciosa de cada um destes fatores, e que quanto mais

pormenorizado for o estudo desses itens, melhor será a especificação do preço.

Além destes, outros fatores relacionados ao preço devem ser notados, tendo

em vista que, para o consumidor ou cliente, em muitas vezes, o preço é tão ou mais

importante do que o próprio produto. Assim, a flexibilidade dos preços, os possíveis

aumentos ou reduções, os descontos, e os possíveis financiamentos e concessões,

também fazem parte do estudo na definição e estabelecimento do preço. É o

equilíbrio entre todas estas variáveis de preço que vai definir o sucesso ou o

fracasso não somente do produto, mas de toda a organização. Kotler e Armstrong

(1999, p. 243) concluem este raciocínio afirmando que “o preço deverá ficar entre

baixo demais para produzir lucros e alto demais para gerar qualquer demanda”.

4.4.3 Praça ou distribuição

A variável praça, formalmente abordada no âmbito empresarial como

distribuição, trata do estudo referente às formas através das quais os produtos serão

colocados à disposição de consumidores e clientes nos mercados-alvo. Nesse

sentido, Casas (1997, p. 215) sustenta que “um bom produto e um preço adequado

não são suficientes para assegurar as vendas. É necessária também a existência de

uma forma eficiente de conduzir os produtos até os compradores finais”. Assim, em

linhas gerais, praça refere-se à operacionalização logística da relação entre a

empresa produtora e o consumidor final, visto que é a partir da distribuição que a

demanda de mercado terá acesso à oferta de produto.

Ao mesmo tempo em que é, sob o ponto de vista do consumidor ou cliente, o

elemento menos perceptível do composto de marketing, a distribuição é considerada

como fator crítico às companhias, especialmente se estas almejam crescimento e

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participação de mercado em suas áreas de atuação. Daí a importância das

estratégias empresariais que tenham por finalidade proporcionar, à consumidores e

clientes, a máxima facilidade e comodidade no acesso à seus produtos, pois de

nada adiantariam os esforços organizacionais frente as outras variáveis do

marketing mix, se o produto não pudesse estar disponível ao consumidor.

Bens precisam ser disponibilizados na quantidade certa, no lugar certo e no momento em que os clientes querem adquiri-los [...]. Alcançar esses objetivos a um só tempo não é fácil, mas é algo essencial às empresas desejosas de obter vantagem competitiva sustentável. (PALMER, 2006, p. 295).

Para obter sucesso nessa tarefa de permitir uma melhor acessibilidade aos

produtos, no momento mais desejado e no local mais conveniente, as organizações

utilizam-se dos chamados canais de distribuição. Esses canais podem ser divididos

em canais diretos, – que envolvem a venda diretamente da empresa produtora ao

consumidor final, geralmente através de equipes de vendas e agentes comerciais –

e canais indiretos – que apresentam a figura de um intermediário, abrangendo,

dessa maneira, os distribuidores, os atacadistas, os varejistas, os representantes

comerciais, entre outros. Kotler (2000) ensina que os canais de distribuição, ou

canais de marketing, são os conjuntos de organizações e pessoas interdependentes

e envolvidas no processo de disponibilização de um produto para uso ou consumo.

Conforme as estratégias da empresa vendedora, bem como através do tipo

de produto comercializado, escolhe-se o melhor modo de distribuição. Em certos

casos, é mais interessante e conveniente à companhia, administrar esta distribuição

através dos canais diretos. Em outros casos, é mais barato e eficiente terceirizá-la,

utilizando-se dos intermediários. Conforme explica Palmer (2006, p. 296), “o fluxo

físico de bens, do fabricante até o consumidor, está, em geral, intimamente

relacionado às questões sobre quem se encontra no canal de distribuição”. Dessa

forma, seja qual for a decisão da empresa, deve-se ter atenção constante ao meio

escolhido, e observar que a localização adequada dos produtos é fator determinante

para o bom andamento das atividades mercadológicas da organização.

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4.4.4 Promoção

Para Kotler e Armstrong (1999), o marketing moderno exige mais do que

apenas desenvolver bons produtos, definir preços atrativos, e torná-los acessíveis

aos mercados. As empresas precisam também se comunicar com os clientes atuais,

com os potenciais novos clientes, e também com as demais partes interessadas,

como, por exemplo, com o público e com a sociedade de modo geral. Para tanto, as

companhias utilizam-se dos instrumentos da variável promoção para implementar

ações estratégicas e táticas relacionadas à comunicação e divulgação, – da

empresa, da marca, e dos produtos – tanto no âmbito institucional como no âmbito

comercial.

Entretanto, a promoção não deve limitar-se apenas a informar a demanda de

mercado acerca da oferta de um determinado produto. Este elemento deve ser visto

como um canal contínuo de transmissão de informações, tanto no sentido de quem

quer vender para quem comprar, quanto no sentido inverso. Assim, através desta

visão ampliada, as organizações podem se utilizar da promoção para atingir seus

objetivos de comunicação, e também para obter o feedback de aceitabilidade de sua

marca e produtos.

Por meio do fluxo de informações transcorridas no mercado entre oferta e

demanda, as empresas estudam os meios mais eficientes para apresentar, informar,

lembrar, convencer e conquistar o comprador de determinado produto. Neste

sentido, cabe o estudo das formas através das quais as companhias podem alcançar

estes objetivos e, conseqüentemente, evidenciar a operacionalização do conceito de

promoção. Kotler (2000) coloca que a variável promoção é composta de cinco

formas essenciais de comunicação, sendo estas as vendas pessoais, as promoções

de vendas, a publicidade e a propaganda, as relações públicas e o marketing direto.

Todavia, além destas, qualquer outra ação que tenha como objetivo ou resultado, a

difusão da imagem da empresa e/ou de seus produtos, mesmo que indiretamente,

pode ser vista como promoção.

O composto promocional é, portanto, o conjunto dos instrumentos de marketing voltados para informar o cliente atual ou potencial sobre as ofertas da empresa, motivá-lo a considerar essas ofertas como alternativas de compra e persuadi-lo a adquirir os produtos ou

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serviços da empresa como melhor alternativa para a realização de seus desejos ou o atendimento de suas necessidades. (ROCHA E CHRISTENSEN, 1999, p. 149).

Devido a amplitude desta variável no contexto do marketing mix, a empresa

vendedora deve selecionar o canal de transmissão que possa, com a máxima

efetividade possível, atingir o objetivo da fixação da mensagem da companhia no

subconsciente do consumidor. Conforme Palmer (2006, p. 41), “as decisões que

devem ser tomadas na área de promoção incluem: que mensagem utilizar, em que

mídia, qual o momento adequado para uma campanha publicitária, quanto gastar e

como avaliar o investimento”. Quanto mais adequadas forem estas escolhas,

melhores serão os resultados obtidos e menores terão de ser os esforços frente aos

outros itens do composto de marketing.

4.5 Áreas do marketing

O desenvolvimento conceitual do marketing através dos tempos fez com que,

cada vez mais, suas definições teóricas e práticas se difundissem no meio

organizacional. Conforme apresentado anteriormente, seja talvez por ser abordado

como uma ferramenta essencial ao desenvolvimento empresarial, ou mesmo pela

mobilidade e adaptabilidade que pode provocar às companhias, o fato é que o

marketing tem se tornado uma atividade consideravelmente importante nos tempos

atuais, especialmente devido aos paradigmas da globalização e da competitividade,

que regem a sociedade contemporânea.

Com toda essa disseminação, ocorre certa institucionalização do marketing,

objetivando utilizá-lo como instrumento em outros sentidos, além dos já tradicionais

e característicos de sua abordagem convencional. Assim, o marketing em seu

aspecto geral passa a ser utilizado não somente como uma atividade genérica, com

o objetivo de gerenciar as relações entre a empresa e os mercados e clientes

através da viabilização de trocas, mas, como um conjunto de ferramentas e

instrumentos que poderiam ser aplicáveis em diversas áreas de atuação. Neste

contexto, o marketing passa a ser desmembrado em diversos ramos, ganhando,

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dessa forma, uma gama de divisões e subdivisões, vindo a ser utilizado desde o

simples marketing pessoal individual até o complexo marketing corporativo global.

Dessa forma, cabe colocar que, atualmente existem inúmeras áreas que

adotaram o marketing e seus conceitos como filosofia organizacional, o que o torna

uma das mais interdisciplinares atividades modernas. Devido à existência de

inúmeras segmentações, e também ao fato de que é constante o surgimento de

novas áreas, o marketing passa a ser considerado também como uma das mais

completas e adaptáveis ferramentas empresariais.

Dentre as mais difundidas e conceituadas áreas do marketing encontram-se a

do marketing corporativo e empresarial; a do marketing industrial; de produtos e de

serviços; do marketing estratégico, tático e operacional; do marketing de vendas;

marketing eletrônico; marketing pessoal, entre diversos outros. Todavia, cabe

destacar que, mesmo com todas estas distintas ramificações, o marketing deve ser

organizacionalmente estruturado, a fim de que todas as áreas atuem em um mesmo

sentido dentro das companhias, ou seja, para que se cumpram os objetivos pré-

determinados e, conseqüentemente, que se alcance o sucesso da empresa.

Em síntese, para efeitos deste estudo, o marketing será considerado em sua

conceituação geral, conforme visto anteriormente no item de definições e funções,

porém, será apresentado e observado também, um dos mais recentes campos do

marketing moderno: o marketing social. Através de uma abordagem genérica desta

área, busca-se compreender quais são as definições e diretrizes sociais promovidas

por esta nova ramificação do marketing. O entendimento deste campo torna-se

importante, pois, na seqüência e em capítulo específico, se estuda o marketing

ambiental como eixo central desta monografia e como uma subdivisão do marketing

social.

4.5.1 Marketing social

O marketing social é uma recente área do marketing. Kotler e Roberto (1992)

ensinam que este termo apareceu pela primeira vez no início da década de 1970,

com o objetivo de apresentar uma nova orientação do marketing, ante aos

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problemas enfrentados pela sociedade moderna. Desde então, o marketing social

passou a se expandir e disseminar em diversos sentidos, tornando-se cada vez mais

significativo e importante ao longo dos anos.

O surgimento deste novo campo de atuação do marketing deu-se,

principalmente, devido às emergentes mazelas sociais provocadas, direta ou

indiretamente, pelo contínuo desenvolvimento das sociedades e dos modos de

produção e consumo através dos tempos. Estes fatores, aliados a outros, tais como

as discrepâncias entre as taxas de natalidade e mortalidade globais, os crescentes

problemas ambientais mundiais, além ainda da inoperância dos governos frente à

todo esse cenário, tornaram evidentes os desníveis sociais existentes em diversos

países do mundo.

Neste contexto, Kotler e Armstrong (1999) afirmam que o marketing

convencional passou a receber muitas críticas sociais, justamente por promover e

incentivar a produção e o consumo desenfreados, bem como por introduzir a

idealização de riqueza e propriedade individual como forma de obtenção de sucesso

e felicidade, em detrimento, conseqüentemente, do convívio em família e do bem-

estar da comunidade em geral.

Algumas pessoas questionam se a orientação de marketing é adequada a uma época de deterioração ambiental, escassez de recursos, explosão demográfica, fome e miséria em todo o mundo e serviços sociais negligenciados. [...]. O conceito de marketing não aborda os conflitos potenciais entre desejos e interesses dos consumidores e o bem-estar social a longo prazo. (KOTLER, 2000, p. 47).

Assim, o marketing social e seus conceitos emergem como uma resposta a

essas críticas, adotando, como finalidade principal, a busca pelo ponto de equilíbrio

entre a orientação tradicional do marketing e os novos paradigmas da

responsabilidade social. Esta segmentação passa a significar, por um lado, uma

mudança nos parâmetros do marketing, e por outro, uma adaptação dos conceitos

deste, frente aos desafios sociais.

Cabe ressaltar que, inicialmente, esta nova área do marketing foi abordada,

de forma geral, apenas por governos, organizações não-governamentais,

organizações sociais e organizações sem fins lucrativos. Essas instituições tinham

como objetivo, o desenvolvimento de ações visando equacionar ou minimizar os

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problemas sociais, bem como, a intenção de introduzir e promover mudanças de

idéias e comportamentos. Como exemplos de atitudes propostas por esta

abordagem, Churchill Jr. e Peter (2000) colocam a doação de sangue, a dedicação a

trabalhos voluntários, a redução do consumo de cigarros e bebidas alcoólicas, o uso

de embalagens recicláveis, entre outros. Portanto, Kotler e Roberto (1992) acreditam

que, o marketing social deve ser considerado, essencialmente, uma ferramenta de

criação de novos pensamentos e atitudes que proporcionem uma melhor qualidade

de vida individual e coletiva.

Entretanto, com o passar dos anos e a difusão dos conceitos do marketing

social, também as empresas começaram a ser pressionadas, de forma direta ou

indireta, no sentido da adoção desta nova filosofia como base na orientação

organizacional. Isto ocorreu pois, em meio a tantas disparidades sociais, já não se

poderia admitir que as companhias atuassem mercadologicamente na comunidade

na qual estavam inseridas, sem cumprirem também suas funções sociais neste

ambiente. Kotler e Armstrong (1999) mencionam que, de início, muitas empresas

opuseram-se aos movimentos e ideais propostos pelo marketing social, mas, com o

passar dos tempos e, especialmente, com as dimensões que esta nova área

adquiriu, tornou-se inevitável às organizações incluírem as discussões sociais do

meio em que atuam, em seus planejamentos estratégicos.

Essa implementação do marketing social nas organizações foi ganhando

força e importância no contexto das sociedades, e também na consciência das

pessoas, que passaram a considerar o posicionamento social das empresas como

fator considerável em suas decisões de compra. Em função da popularização dos

ideais propostos pelo marketing social, e com a crescente conscientização dos

indivíduos, as empresas deixaram de vislumbrar a necessidade de adoção do

marketing social como um desafio oneroso, e passaram a percebê-lo como uma

oportunidade altamente lucrativa. Além disso, essa nova abordagem poderia permitir

às empresas um maior engajamento na sociedade, especialmente sob a perspectiva

de avaliação do consumidor ou cliente. Assim, Pringle e Thompson (2000)

corroboram com a premissa inicial de utilização do marketing social para a

disseminação de novos ideais e comportamentos sociais, mas, colocam também que

o marketing social pode, e deve ser utilizado como uma ferramenta estratégica para

diferenciação empresarial e comercial, dentre diversas outras finalidades.

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Dessa maneira, mesmo o marketing social sendo uma ramificação recente do

marketing, pode-se dizer que, no âmbito empresarial, essa abordagem passou por

três fases. Inicialmente, foi encarado pelas companhias como uma obrigação, devido

às imposições da sociedade; depois passou a ser aceito como uma possibilidade,

desde que bem planejado; e por fim, veio a consolidação como uma excelente

oportunidade social e mercadológica de posicionamento.

Atualmente, o marketing social vem sendo cada vez mais estudado nas

companhias, sobretudo devido à integração de seus conceitos com os também

recentes estudos sobre a responsabilidade sócio-ambiental das empresas. Esta

visão mais abrangente fez com que o marketing social, quando aplicado

empresarialmente, viesse a ser definido como marketing societal ou marketing

societário. Conforme Kotler (2000, p. 47),

A orientação de marketing societal exige que as empresas incluam considerações sociais e éticas em suas práticas de marketing. Elas devem equilibrar e fazer malabarismos com três considerações freqüentemente conflitantes: lucros para a empresa, satisfação dos desejos dos consumidores e interesse público. Entretanto, algumas empresas têm aumentado suas vendas e alcançado lucros notáveis com a adoção e a prática da orientação de marketing societal.

Essa nomenclatura diferenciada sugere também a implantação de ações

efetivas por parte destas empresas, objetivando a consolidação de suas estratégias

sociais. Pringle e Thompson (2000) dividem estas ações em marketing societário

direto e marketing societário indireto. Cada um desses dois grupos sugere todo um

leque de possibilidades para que as companhias operacionalizem seu enfoque

social no mercado, definindo que, a mercantilização e a busca por resultados não

devem se sobrepor ao bem estar comum da sociedade.

No marketing societal indireto, a empresa busca formar alianças e parcerias

estratégicas com organizações que atuem de forma idônea e que sejam socialmente

reconhecidas pelo trabalho que desenvolvem em determinada área de interesse

social, pré-estabelecida pela empresa. Já no marketing societal direto, a própria

companhia cria e desenvolve seus próprios programas sociais, seja internamente, –

com funcionários, parceiros ou fornecedores, – ou ainda externamente, – com a

comunidade, meio ambiente ou governos locais. Por fim, Pringle e Thompson (2000,

p. 3) afirmam que, independentemente do método, “a adoção de uma causa pode

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dar a uma marca um credo ou sistema de crenças e resultar numa percepção e

intenção de compra significativamente melhor, por parte do consumidor”.

Na amplitude da abordagem do marketing societário, as organizações

precisam ter em mente que suas estratégias precisam ser balanceadas, a fim de que

o posicionamento social venha a complementar o posicionamento mercadológico e

comercial. Os consumidores e clientes devem perceber a organização como uma

boa empresa, através de uma marca consolidada e de produtos e serviços de

qualidade, mas, acima de tudo, considerá-las como boas cidadãs. Conforme Pringle

e Thompson (2000, p. 47-48), “hoje em dia, parece que já não basta os

consumidores saberem o que um produto ou serviço faz, ou que imagens ele

transmite ao comprador: agora eles precisam saber em que a marca que eles

compram acredita”.

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5 MARKETING AMBIENTAL

O objetivo deste capítulo é apresentar o marketing ambiental enquanto uma

ramificação do marketing geral e, mais especificamente, como um desdobramento

do marketing social. Considerado o mais recente campo de estudo do marketing, o

marketing ambiental emerge ante a uma sociedade em processo de revisão de

valores sociais e ambientais, onde é crescente a conscientização ecológica das

pessoas. Devido a esses novos paradigmas, a área ambiental do marketing surge

com uma grande variedade de caracterizações e abordagens, sendo que, nessa

monografia, esse campo será estudado sob a perspectiva organizacional, ou seja,

tratando-se da aplicação de suas estratégias e conceitos nas empresas, frente aos

novos padrões das sociedades e dos mercados.

Inicialmente, o marketing ambiental será apresentado em sua amplitude

conceitual, teórica e prática, bem como em suas definições e funções. Em seguida,

aborda-se a utilização empresarial e comercial do marketing ambiental, a fim de que

se possa compreender o posicionamento da marca e do mix de marketing das

companhias em relação aos novos contextos propostos pelos mercados verdes.

Também, são descritas algumas formas estratégicas de internalização do marketing

ambiental nas organizações, especialmente no âmbito de seus produtos, sendo, por

fim, apresentados cases de empresas exportadoras brasileiras que obtiveram

sucesso mercadológico, utilizando-se dessa nova ferramenta como diferencial e

instrumento de inserção comercial. Essas companhias conseguiram adaptarem-se

aos padrões de produção e consumo ecologicamente corretos e, devido a isso,

obtiveram determinada vantagem comparativa, alcançando o objetivo de apresentar,

a clientes e consumidores, produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades e

vontades, sem deixar de estarem atentas às práticas ambientais. Tudo isso permitiu

a essas empresas, um excelente posicionamento no mercado, além ainda de um

considerável aumento nos lucros.

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5.1 A crise ecológica e os novos paradigmas ambientais

Nos últimos tempos, temos acompanhado a emergência da importância da

temática ecológica em nível mundial. A cada dia, novos relatórios e estudos

produzidos por cientistas e entidades ambientais de renome internacional, vem

sendo publicados atestando a situação cada vez mais alarmante do equilíbrio natural

de nosso planeta. Bernardes e Ferreira (2003) concordam que vários pesquisadores

estão tentando provar que a capacidade de suporte do meio está se aproximando do

limite e que alguma ordem deve surgir do caos. Além disso, vem se tornando

freqüente na mídia, a divulgação de informações e notícias referentes à ocorrência

de fenômenos climáticos e meteorológicos considerados, até bem pouco tempo

atrás, como completamente improváveis para determinadas regiões do mundo.

Basta abrirmos um jornal ou revista, ou acompanharmos algum noticiário na

televisão ou internet, para observarmos o quão relevante esse assunto tem se

tornado em nossos dias. Cairncross (1992) acredita que os meios e veículos de

comunicação têm buscado demonstrar e conscientizar as pessoas de que é

necessário que se inicie a tomada de algumas decisões e atitudes em direção à

sustentabilidade do meio natural.

De modo global, esses fatores – aliados a inúmeros outros – têm

demonstrado que a atual situação do meio ambiente é extremamente preocupante, e

que caso atitudes não sejam tomadas em caráter emergencial agora, num futuro

muito próximo o sistema natural poderá encontrar-se em um estado de

irreversibilidade total, visto que os ecossistemas configuram-se como a base mais

frágil e fundamental de sustentação, manutenção e perpetuação de todas as formas

de vida existentes em nosso planeta, inclusive a da própria espécie humana.

Contudo, é importante destacar que essa crise ecológica que o planeta atravessa

nos dias atuais não é recente. O que temos acompanhado são apenas os resultados

de um processo histórico de exploração indiscriminada do homem sobre o meio.

Conforme visto na abordagem da história e evolução da economia ecológica,

foi o próprio desenvolvimento econômico e social da humanidade através dos

tempos, que fez com que a relação de complementariedade existente entre a

espécie humana e o meio natural se tornasse uma relação de exploração e

degradação insustentável. Dias (2007) considera que todo esse desenvolvimento,

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em um âmbito geral, e especialmente através das revoluções agrícolas e industriais,

juntamente ao crescimento populacional, elevou o nível de intensidade de utilização

dos bens ambientais, o que fez com que os montantes dessa exploração atingissem

níveis extraordinários e afetassem diretamente a relação de equilíbrio ecológico. Em

síntese, múltiplos elementos podem ser vistos como os responsáveis por essa

situação caótica, entretanto, atualmente considera-se que o ser humano foi, e ainda

é, o responsável central por significativa parcela dessa depreciação, pois é ele quem

interfere e manipula o equilíbrio cíclico e natural do meio, com a única finalidade de

obter vantagens econômicas sobre essa interceptação.

Neste sentido, os efeitos e sinais de toda a problemática verde se tornam

claramente visíveis e perceptíveis à nossa geração, na medida em que a desordem

ambiental que enfrentamos vem crescendo exponencialmente. Dentre as

conseqüências de toda essa interferência insustentável do homem sobre o meio,

através de centenas de anos, citam-se os drásticos fenômenos atmosféricos e

ecológicos como, o aquecimento global, os furacões e tornados, as enchentes e

secas, a extinção de espécies da fauna e da flora, além ainda de inúmeros outros

efeitos danosos, como a poluição da água e do ar, a redução da produtividade e

fertilidade dos solos e a diminuição da quantidade de água potável disponível.

Frente a todo esse contexto, Bernardes e Ferreira (2003, p. 17) afirmam que

“emerge a necessidade de se elegerem novos valores e paradigmas capazes de

romper com a dicotomia sociedade/natureza”. Diante disso, apesar de todo o

impacto negativo provocado pela humanidade através dos tempos, pode-se

observar nos dias atuais, o início de um processo de transição de valores sócio-

ambientais. Devido às constâncias da temática ambiental, blocos econômicos,

organizações globais e governos nacionais passam a ajustar, com rigidez cada vez

mais intensa, novas legislações de regulamentação e controle ambiental. Criam-se

ministérios, secretarias e departamentos, nas esferas nacionais, estaduais e

municipais, para tratar especificamente da questão ambiental. Empresas passam a

ser, direta ou indiretamente, pressionadas no sentido da internalização de

responsabilidades sócio-ambientais. Entidades e organizações não-governamentais

surgem em diversas áreas de proteção à fauna e à flora. Até mesmo as pessoas

passam a conscientizarem-se da importância de suas ações individuais em relação

aos temas do meio natural. Bernardes e Ferreira (2003) consideram então que todas

essas transformações no comportamento das sociedades e de suas respectivas

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administrações políticas e econômicas caracterizam-se como um dos mais

importantes movimentos sociais das últimas décadas, haja vista que provocam

verdadeiras revoluções nos modos organizacionais até então vigentes no meio

social.

Dessa forma, a constante difusão dos novos paradigmas relacionados às

variáveis ecológicas, vem consolidando o nível de importância e atenção dedicada a

esse assunto no âmbito nacional e internacional. Conforme Giacomini Filho (2004, p.

19-20), “os assuntos relacionados ao meio ambiente são invariavelmente polêmicos,

pois lidam com situações de futuro, mutantes, multidisciplinares e valorativas [...]”.

Então, de modo geral, conclui-se que a situação do meio ambiente já pode, sem

sombra de dúvida, ser considerada como o maior desafio da humanidade para este

milênio. Segundo Kotler e Armstrong (1999, p. 52), “o ambiente natural é o assunto

mundial de maior importância tanto para as empresas como para o público”.

5.2 A sociedade de consumo e o consumidor verde

Neste início de século, pode-se claramente perceber que a sociedade, em

nível mundial, já não é mais a mesma. Como nunca antes visto, em toda a história

da evolução da humanidade, estamos acompanhando um intenso processo de

reordenação de valores comportamentais, onde questões éticas, sociais, políticas e

ambientais passam a serem consideradas como princípios fundamentais no modo

de vida das pessoas. Bernardes e Ferreira (2003) justificam que esses novos

parâmetros de orientação devem-se às recorrentes mazelas sociais e ambientais

que vêm assolando a humanidade em diversos sentidos nos últimos tempos.

Contudo, dentre essas várias direções de reorganização ideológica, a

temática ambiental é a que vem obtendo maior destaque atualmente, tanto no

âmbito nacional quanto no contexto internacional. Isso ocorre pois, toda a

emergência da crise ecológica e da questão verde de modo geral, vem

paulatinamente despertando as pessoas a uma crescente conscientização em

relação as suas responsabilidades individuais no que se refere ao meio natural.

Conforme aponta Dias (2007, p. 14), “esse destaque ao meio ambiente tem

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provocado o aumento de cidadãos dispostos a alguma participação em prol da

causa ambiental [...]”. Nesse sentido, um número cada vez maior de indivíduos

ecologicamente responsáveis vem buscando formas de colaborar com a

manutenção do equilíbrio cíclico do meio natural, encontrando, em seus

posicionamentos ambientais e, especialmente, em seus hábitos de consumo, o meio

central de fazê-lo. Esse novo perfil de consumidor pode ser mercadologicamente

denominado de ‘consumidor verde’.

Os consumidores verdes consideram, – com base nos já comprovados

estudos científicos – que o consumismo desenfreado da sociedade moderna é um

dos principais responsáveis pela atual crise ambiental. Sendo assim, estes propõem

uma reordenação sistêmica nos modos de consumo individuais, objetivando

disseminar esse ideal em todo o âmbito social, além ainda de buscarem despertar a

atenção das pessoas no sentido de, em suas decisões de compra, optarem por

produtos e empresas responsáveis sob a perspectiva sócio-ambiental. Segundo Dias

(2007, p. 32),

Esse novo consumidor ecológico manifesta suas preocupações ambientais no seu comportamento de compra, buscando produtos que considera que causam menos impactos negativos ao meio ambiente; e valorizando aqueles que são produzidos por empresas ambientalmente responsáveis.

Ottman (1994) corrobora com essa consideração e acrescenta que essa nova

perspectiva individualizada de proteção ao planeta e, conseqüentemente, à própria

humanidade, está modelando uma nova tendência denominada consumerismo

ambiental. Tendo em vista as abordagens da crise ecológica, o ideal de

consumerismo verde sugere que a sociedade, de forma geral, migre seus modos

tradicionais e convencionais de consumo para hábitos menos agressivos ao meio

natural, especialmente através de bens ecologicamente corretos. Assim, pode-se

considerar que essa nova sociedade de consumo, pautada pelas considerações dos

consumidores verdes, busca, fundamentalmente, efetuar uma avaliação constante

dos impactos e efeitos danosos de suas ações individuais, visando uma melhor

condição de sustentabilidade coletiva, ou seja, o bem estar sócio-ambiental. De

acordo com Dias (2007, p. 23), “novos padrões de consumo, novas formas de

consumir, enfim, a valorização de novos modos de viver tornam-se um imperativo

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global para que melhore a qualidade de vida das atuais gerações e se mantenha a

mesma perspectiva para as futuras gerações”.

Além de tudo isso, a própria condição ambiental da sociedade nos dias atuais

vem permitindo que se possa fazer uma projeção de crescimento e fortalecimento

das tendências trazidas pelo consumerismo ambiental, haja vista que, diante de todo

esse cenário global, novos valores passam a permear outras atividades sociais,

como a cultura e a educação. Segundo Dias (2007, p. 26), “o papel dos

consumidores, nesse sentido, deve aumentar significativamente, [...]. Há uma

tendência na elevação do nível de consciência e uma maior sensibilidade às

questões que envolvem o ambiente natural”. Nesse sentido, pode-se perceber que,

cada vez mais, crianças crescem sendo educadas sob fortes pilares de educação

sócio-ecológica; jovens vêm sendo constantemente instigados a engajarem-se em

causas de proteção ao meio-natural; e até mesmo os adultos, diante de seus

paradigmas e opiniões pré-estabelecidas, estão revendo seus modos de pensar e

agir ante a todo esse contexto da sociedade. Conforme afirma Ottman (1994), a

disposição social de agir frente às questões ambientais transformou-se em uma

prioridade de todos os tempos.

Deve-se realçar o papel desempenhado pelas novas gerações, que receberam um volume de informação ambiental sem precedentes nos últimos anos (final do século XX e início deste), o que torna as crianças e adolescentes participantes ativos de causas ambientais, possuindo uma consciência da necessidade da preservação do ambiente natural bastante superior à de seus pais ou avós. A educação ambiental, tornando-se obrigatória em muitos casos, vem consolidando essa participação infantil e juvenil. Esses jovens, com argumentos bem fundamentados, fruto de maior informação recebida, influenciam seu núcleo familiar, ampliando os processos de coleta seletiva de lixo e comportamentos e atitudes favoráveis ao meio ambiente [...]. (DIAS, 2007, p. 14).

Todo esse processo de formação e consolidação da sociedade de consumo

ambientalmente responsável, preocupada não somente com as conveniências

tradicionais dos produtos que adquire, como qualidade e preço, mas também com a

forma na qual a empresa produtora e seu respectivo produto estão inseridos no

contexto sócio-ambiental, vem preocupando diversas companhias, haja vista que,

toda essa perspectiva não se configura apenas como um novo ordenamento social,

mas reflete-se, paralelamente, na formação de um novo campo mercadológico.

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Palmer (2006) ensina que fatores sociais e psicológicos passam a ser consideráveis

intervenientes nas decisões de compra dos consumidores. Nesse sentido, o

consumerismo ambiental e o consumidor ecologicamente responsável formam os

denominados ‘mercados verdes’.

Percebendo o desenvolvimento desta nova visão mercadológica de

consumidores e clientes, pautada sob novos valores, as empresas se vêem

indiretamente pressionadas a preocuparem-se com a elaboração de estratégias

produtivas e comerciais que possam fazer com que seus produtos e serviços

estejam inseridos neste contexto de características sócio-ambientais, sob pena de

perderem espaço no mercado caso não o façam, haja vista que esse elemento

passa a ser considerado como fator determinante na decisão de compra por parte

dos consumidores verdes. É a composição desta nova sociedade que desperta o

interesse de pesquisadores de diversas áreas, visto que esse processo de transição

de valores e ideais passa a ser considerado como um novo paradigma, não somente

no âmbito social, mas também, de modo consideravelmente expressivo, na seara

mercadológica e empresarial.

5.3 O marketing e o ambientalismo

Devido a sua amplitude conceitual o marketing pode ser considerado como

uma das mais importantes ciências sociais aplicadas à gestão organizacional.

Conforme visto anteriormente, seja por suas características de interdisciplinaridade

ou mesmo pela expansão da visão mercadológica que possibilita às companhias, o

marketing, através de suas funções e ferramentas, tem assumido papel

preponderante na área empresarial. Entretanto, por ser uma atividade voltada

fundamentalmente às organizações e suas respectivas interações com o mercado

de clientes e consumidores, o marketing vem recebendo, nos últimos tempos, duras

críticas sociais por, direta ou indiretamente, induzir e estimular a sociedade ao

consumismo desordenado, visando apenas a maximização dos lucros e deixando de

lado importantes considerações como, por exemplo, o bem-estar sócio-ambiental

das pessoas. Segundo Guimarães (2003, p. 85), “nessa perspectiva, dissemina-se

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no imaginário social a representação de qualidade de vida atrelada à idéia de

capacidade de consumo do indivíduo”.

Neste sentido, em relação à crise ecológica e aos novos paradigmas

ambientais, bem como às novas perspectivas do consumidor verde e do

consumerismo ambiental, essa crítica social ao marketing e ao consumo ganha

proporções ainda maiores, haja vista que o consumismo – juntamente às revoluções

agrícola e industrial e ao crescimento populacional – configura-se como um dos

principais responsáveis pela atual situação ambiental. Assim, Savitz (2007)

considera que à medida que prossegue a evolução e a disseminação da temática

ecológica, a idéia de que a produção, a comercialização, o consumismo e,

conseqüentemente, o lucro, são os propósitos fundamentais das empresas, começa

a ser fortemente questionada.

Esse novo modo de perceber e avaliar a dimensão tradicional do marketing,

especialmente sob a ótica do consumismo, vem sendo abordado em nível

internacional e caracteriza-se, em termos amplos, como mais um fator à ser

analisado no planejamento mercadológico das organizações, visto que as

tendências relacionadas ao meio natural passam a ser consideradas como mais uma

importante variável de estudo, ante ao já complexo ambiente de negócios em que as

empresas operam.

A preocupação com as questões ambientais vem ocupando um lugar privilegiado em todas as atividades humanas, e como conseqüência muitas disciplinas incluíram o meio ambiente natural como objeto de análise. Entre estas se inclui o marketing, pois, à medida que as sociedades tornam-se mais sensíveis em relação aos temas ambientais, há a necessidade de assumir novos comportamentos em relação a essa temática verde. (DIAS, 2007, p. 72).

Dessa forma, a internalização da variável ambiental à conceituação teórica e

prática do marketing provoca o surgimento de um novo ramo, denominado de

marketing ambiental. O desenvolvimento dessa segmentação vem despertando a

atenção de empresas e organizações, uma vez que dentre as diversas áreas de

atuação do marketing, o campo ambiental, apesar de ser o mais recente, é o que

mais rapidamente vem se desenvolvendo e, por conseguinte, modificando os

padrões das atividades organizacionais. Ottman (1994, p. 45) justifica que “o

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marketing ambiental é mais complexo e requer novas estratégias que, efetivamente,

abordem desafios-chave relacionados com a maneira de definirmos o verde [...]”.

É importante destacar que, várias podem ser as denominações dadas a esse

novo campo de análise do marketing. Logo, além de marketing ambiental, também é

comum a utilização dos termos de marketing ecológico, marketing verde, marketing

sustentável e eco marketing. De acordo com Dias (2007), todas essas abordagens

têm como preocupação fundamental as implicações mercadológicas inerentes aos

novos paradigmas sócio-ambientais que passam a reordenar a sociedade e o

mercado em diversos sentidos. Assim, como todas essas expressões se referem à

mesma contextualização conceitual, no desenvolvimento do presente estudo serão

utilizadas, principalmente, as nomenclaturas de marketing ambiental, ecológico ou

verde.

Essa vertente do marketing tem, assim como na abordagem do marketing

convencional, o objetivo central de desenvolver um conjunto de estratégias e

atividades empresariais visando à satisfação de necessidades e vontades de

consumidores e clientes, permitindo e facilitando as trocas, e gerando benefícios

para ambas as partes envolvidas na relação mercadológica, porém, englobando as

questões ambientais como condição fundamental e indispensável de ordenamento

em todo esse processo. É nesse sentido que se pode perceber que o marketing

verde promove uma verdadeira revolução nos modelos tradicionais de produção e

consumo, sendo que essas mudanças vêm provocando resultados que intensificarão

os desafios das empresas para os próximos anos. Segundo Ottman (1994), o

consumerismo ambiental vem provocando uma reviravolta no marketing tradicional e

representando profundas implicações para as companhias, sendo necessárias

então, novas estratégias e posicionamentos em diversos sentidos.

Em síntese, pode-se considerar que o ramo do marketing ambiental,

ecológico ou verde, representa um emergente desafio às empresas. Contudo, frente

a essa dinâmica verde do mercado, e com as constantes e rápidas mudanças do

cenário internacional, é imperativo que as empresas se empenhem na adaptação à

essa nova orientação mercadológica, sob a pena de perderem espaço no mercado,

caso não o façam, pois, conforme ensina Ottman (1994), o marketing e o

consumerismo ambiental não são apenas fatores momentâneos e passageiros,

abordados em uma escala de curto prazo, mas sim, uma nova tendência social e

mercadológica que, ao que tudo indica, permanecerá constante por muito tempo.

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O grande foco a ser estudado e trabalhado organizacionalmente, é a forma

como cada empresa, levando em conta suas características, produtos e serviços,

pode direcionar esforços para que o objetivo de tornar-se ambientalmente correta,

aplicando o marketing ambiental, seja alcançado com êxito. Jöhr (1994) alega que

tomar o marketing ambiental como base de orientação organizacional permite a

empresa compreender o quanto as questões ecológicas envolvem suas atividades e

o quanto mais esse novo modelo de negócio pode colaborar com melhores

resultados sociais, ambientais e, especialmente, empresariais e comerciais. Algumas

dessas possibilidades serão apresentadas nos itens que se seguem.

5.4 Implementação organizacional do marketing ambiental

Nos tempos atuais, é geral a concordância de que as organizações operam

em um cenário global, cada vez mais complexo e competitivo. Neste sentido, é de

significativa importância que as empresas estejam atentas as variáveis do macro e

microambiente de marketing, incluindo e analisando-as em seus planejamentos

estratégicos, a fim de que possam posicionar-se da maneira mais adequada

possível, diante da dinamicidade dos contextos de mercado. Entretanto, juntamente

a estas considerações, torna-se necessário também que as companhias estejam

atentas, de modo especial, ao ingresso de novos concorrentes em seus segmentos

e nichos mercadológicos de atuação. Palmer (2006) considera que todo este

panorama supõe situações de regularidade, onde um grande número de empresas

co-existem nos mesmos ramos de atividade, oferecendo produtos semelhantes, a

preços paralelos, e através de pontos de venda similares.

Toda esta configuração, baseada nos princípios do livre mercado, é muito

interessante à sociedade de consumo, na medida em que as relações concorrenciais

estimulam a competitividade afetando, conseqüentemente, os níveis de preço. Mas,

por outro lado, essa auto-regulação entre oferta e demanda representa um problema

às companhias, haja vista que estas passam a necessitar de formas estratégicas de

posicionamento e diferenciação mercadológica, por meio de características distintas

em relação à sua estrutura organizacional, marca e mix de marketing. Kotler e

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Armstrong (1999) ensinam que, cada vez mais, as empresas precisam concentrar-se

em programas de marketing altamente diferenciados, de forma a obterem uma

posição de destaque em seu setor.

Diante destas perspectivas globais, a implementação empresarial e comercial

do marketing ambiental surge como ferramenta potencial para que se possam atingir

os objetivos de distinção de imagem, de marcas, e de composto de marketing,

comparativamente a outros produtos e serviços similares. Conforme ensina Savitz

(2007), companhias que adotam o respeito ao meio ambiente como orientação

fundamental em suas atividades, especialmente sob a perspectiva da

sustentabilidade, podem obter um posicionamento distinto. Assim, a variável

diferenciação mercadológica pode ser compreendida como importante tarefa na

abordagem do marketing ambiental, haja vista que clientes e consumidores estão

cada vez mais dispostos a buscar por produtos e serviços que respeitem os

princípios fundamentais da economia do meio ambiente.

Contudo é importante considerar que o marketing ambiental, enquanto

filosofia e estratégia organizacional, não se limita apenas a instrumentalização de

operações que permitam e evidenciem a diferenciação da empresa ante ao contexto

de mercado. Este novo campo do marketing emerge também como ferramenta no

sentido de equacionar outras questões relacionadas à administração e ao

gerenciamento da companhia. Segundo Dias (2007, p. 84), existem “muitas razões

possíveis que podem ser relacionadas para que as empresas adotem o marketing

verde”.

Conforme apresentado anteriormente, e ainda de acordo com Dias (2007),

nos tempos atuais, a emergência da crise ecológica e os recentes paradigmas

ambientais fazem com que novos valores e ideais passem a pautar a vida das

pessoas, das organizações e da sociedade como um todo. Essa nova configuração

social forma os chamados ‘mercados verdes’, impondo às companhias uma

revolução nos modos de analisar e aplicar a dimensão tradicional do marketing.

Devido a isso, as preocupações com o meio natural e a implementação da área do

marketing ambiental vêm se tornando cada vez mais importantes às empresas.

Neste sentido, além de um instrumento de diferenciação, as companhias

também podem utilizar-se da abordagem verde do marketing em outros sentidos,

como, por exemplo, para adaptarem-se às novas, e cada vez mais rígidas,

legislações ambientais de proteção ao meio; para consolidarem suas estratégias de

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responsabilidade sócio-ambiental; para evidenciarem, mercadologicamente, sua

marca, produtos e serviços ecológicos; e ainda, para alcançarem a inserção

comercial nos emergentes mercados verdes, tanto no âmbito nacional quanto no

âmbito internacional.

É importante destacar ainda que as companhias não devem vislumbrar a

internalização desta ramificação verde do marketing como um problema ou

dificuldade decorrente das pressões sociais, e sobre a qual terão de realizar grandes

investimentos com a finalidade de adaptação organizacional, mas sim como uma

oportunidade que, se devidamente estudada, pode proporcionar diversos benefícios

dentro de determinada escala temporal. De acordo com Savitz (2007, p. 122),

“quanto mais cedo se desenvolve a visão do panorama geral, para a

contextualização dos problemas de hoje, mais cedo é possível começar a

transformar as crises em oportunidades [...]”.

Operacionalmente, existem várias segmentações metodológicas para a

implementação da vertente empresarial do marketing ecológico. Entretanto, este

recente campo do marketing deve ser abordado de forma holística, ou seja,

contextualizando-se a organização através de um panorama geral e abrangente.

As novas estratégias necessárias para acumular as oportunidades de consumerismo ambiental são numerosas e de longo alcance. [...]. Adotadas em conjunto, essas estratégias reforçam-se umas às outras, de modo a modelar uma resposta completa e crível aos interesses ambientais dos consumidores. Usá-las de comum acordo dá aos administradores de marketing a melhor chance de acumular as inúmeras recompensas do verde. (OTTMAN, 1994, p. 137).

De modo inicial, a implementação do marketing verde supõe toda uma revisão

de valores, e a aplicação de um sistema gerencial que permita sua disseminação em

todo o âmbito da companhia, proporcionando a devida amplitude para essa área.

Para tanto, o marketing ecológico sugere a administração de uma complexa cadeia

de elementos e variáveis que atuam de forma inter-relacionada, envolvendo

inúmeras etapas e obtendo-se, conseqüentemente, toda uma gama de resultados.

Dessa maneira, Jöhr (1994) afirma que o primeiro passo em direção à

implementação organizacional do marketing ambiental deve consistir na

internalização de uma filosofia verde, através da formulação de uma estratégia

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empresarial global, que passe a ser compreendida como a base para todas as

atividades da companhia.

A partir da definição clara dos novos valores e culturas empresariais, torna-se

de fundamental importância que todos os membros da organização estejam

engajados neste desafio. Isso supõe que a estrutura hierárquica como um todo,

desde o mais importante executivo, até o mais simples colaborador, esteja

conscientizada dos ideais, rumo às atividades sustentáveis. De nada adiantariam os

esforços de toda companhia no sentido da intensificação de seus padrões

ambientais, se seus colaboradores não estivessem comprometidos com essas

proposições.

Em seguida, após os processos ideológicos e humanos internos, é necessário

que as empresas empenhem-se na etapa mais fundamental e complexa da

implementação do marketing verde, ou seja, a de tornar-se ecologicamente correta e

sustentável sob a perspectiva da economia do meio ambiente. Para tanto, o

marketing verde sugere toda uma reorientação dos meios e processos

organizacionais como fator condicional para que se alcance o êxito desta tarefa.

Ottman (1994) considera que características como imaginação, criatividade e acima

de tudo habilidade, para se pensar e agir de novas formas serão essenciais no

processo de internalização e desenvolvimento dessa área do marketing e de suas

respectivas prerrogativas no âmbito das companhias.

Por fim, também é importante tornar público e firmar a imagem ecológica e

sustentável da organização frente ao contexto da sociedade, não somente aos

clientes e consumidores de seus produtos e serviços, mas também ao governo, à

imprensa, à entidades ambientais, parceiros, dentre outros. Esta etapa vem

consolidar todo o processo ao qual a organização se auto submeteu para converter-

se, efetivamente, em uma companhia ecologicamente correta.

Em síntese, Jöhr (1994, p. 84) conclui que

O novo plano de “ação ecológica” requer tecnologias novas ou alternativas, processos e produtos diferenciados, além de uma nova consciência de todos os colaboradores. Está embutida nessa filosofia uma extraordinária oportunidade em termos econômicos, promovendo o desenvolvimento sustentável da empresa e garantindo a sobrevivência a longo prazo, além de garantir a presença no mercado e a rentabilidade e os postos de trabalhos a seus funcionários.

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A apresentação e breve descrição dessas fases e etapas de implantação do

marketing ecológico caracterizam-se como o eixo central para os primeiros passos

em direção ao completo posicionamento ambiental. A partir da adoção destas

iniciativas básicas, cada organização pode e deve, com base em seu planejamento

estratégico e em suas metas operacionais e táticas, determinar e/ou adaptar outros

meios de se obter sucesso na abordagem do marketing ambiental. Conforme ensina

Ottman (1994), empresas e profissionais verdadeiramente competentes devem criar

e gerenciar modos de adaptação que venham de encontro ao perfil da companhia e

a sua missão e visão ambiental, a fim de atenderem, satisfatoriamente, a clientes e

consumidores, e suas respectivas necessidades e desejos, tendo como base a

filosofia verde, ou seja, respeitando os princípios da economia ecológica.

A seguir, serão demonstradas as principais formas de aplicarem-se algumas

destas considerações, através de seus meios centrais de evidenciação: a marca e o

composto de marketing. São estes elementos que irão, efetivamente, consolidar o

novo rumo dado aos negócios nas empresas que se propõem a adotar o marketing

verde e todas as suas funções, ferramentas e instrumentos como forma de

diferenciação mercadológica, adaptação à legislação, operacionalização de

estratégias sócio-ambientais e inserção em novos mercados de consumidores.

Conforme ensina Jöhr (1994, p. 122), “o elenco de novos negócios que estão dando

certo é cada vez maior”.

5.4.1 Marcas ecológicas

Sob a ótica do marketing tradicional, o conceito de marca pode ser

compreendido como um importante instrumento de diferenciação, composto por um

conjunto de sinais característicos que têm a função de identificar determinada

organização frente ao mercado. Além disso, a marca tem ainda a prerrogativa de

influenciar e convencer clientes e consumidores em suas decisões de compra. Para

tanto, Kotler e Armstrong (1999) afirmam que as estratégias de marca precisam ser

estudadas sob a perspectiva de diversos elementos como nomes, termos, signos,

símbolos, desenhos, logotipos, slogans, designs, entre outros. A integração

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combinada dessas variáveis, de valores intrínsecos e intangíveis, determina a

identificação e o nível de percepção, influência e assimilação que esta marca poderá

obter no mercado.

Para alcançar esse objetivo mercadológico de diversificação, as companhias

utilizam-se do branding, ou seja, um conjunto de ações e interações que visam

proporcionar uma melhor administração e gerência das marcas, pois são estas que

irão, de modo direto ou indireto, dispor quanto a determinados valores de um

produto ou serviço em relação a seus similares e concorrentes.

Da necessidade de diferenciação de um produto surge o conceito de branding. Uma empresa precisa se assegurar de que seus clientes podem reconhecer de imediato seus produtos diferenciados. Em vez de pedir uma versão genérica do produto, os consumidores exigem algo distinto. A marca é um modo de dar identidade única a um produto, diferenciado-o dos concorrentes imediatos. (PALMER, 2006, p. 193).

Todavia, é importante considerar que as definições de marca vêm ganhando

singular amplitude atualmente. A concepção básica de marca enquanto um

composto de variáveis e seus respectivos atributos já não é suficientemente capaz

de influenciar o consumidor em sua opção de compra, haja vista que, além das

marcas, outras características fundamentais como qualidade, preço e valor

percebido, tornam-se cada vez mais niveladas entre as organizações. Ante essas

considerações, Pringle e Thompson (2000) acreditam que a formação da imagem e

aceitabilidade da marca por parte dos clientes deixa de ser considerada apenas

pelas suas pretensões racionais, sendo que, nos dias atuais, os consumidores são

influenciados, de modo cada vez mais significativo, por campos não demarcados,

como as dimensões éticas e espirituais. São nestes sentidos que emergem as

caracterizações de marca sob a ótica do marketing ambiental.

Sendo assim, na abordagem verde do marketing, a marca ganha certa

amplitude de definições, pois passa a ser estudada ante aos termos de marca

ecológica. Dias (2007) alega que as marcas ecológicas, tal como nos conceitos do

marketing convencional, também têm o objetivo de diferenciar a oferta e influenciar

os clientes, porém, agregando-se a característica específica de serem socialmente

reconhecidas por algum elo de associação com a questão ambiental. Neste sentido,

além de estarem atentas a todas as possíveis variáveis que compõem a marca, as

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organizações que buscam consolidar na mente de seus clientes e consumidores

uma imagem de marca ecológica, precisam também buscar formas de internalização

estratégica deste diferencial.

Existem várias formas de se transformar uma marca comum em uma marca

ecológica, dentre elas, Dias (2007) destaca a adoção de meios e processos

produtivos ambientalmente corretos, o fortalecimento da cultura ecológica

organizacional, a associação da marca à entidades ambientais, a participação em

campanhas, programas e eventos ligados ao meio natural, dentre diversos outros.

Entretanto, apesar de existirem diversas maneiras de se fazer com que uma marca

seja ambientalmente reconhecida, existem tantas outras dificuldades em se alcançar

êxito nesta atividade, visto que se podem encontrar resistências e desconfianças por

parte da sociedade, mídia, governos e pessoas, frente a uma marca que,

repentinamente, torna-se verde. Outra dificuldade encontra-se no âmbito comercial,

pois, a fim de tornarem-se ecológicas, muitas marcas perdem constância em certos

atributos como qualidade e preço. Palmer (2006, p. 193) considera que “é preciso

lembrar, entretanto, que a diferenciação, por si, não resultará em êxito comercial, a

menos que satisfaça necessidades do consumidor identificadas com clareza”.

Em síntese, pode-se concluir que essa imersão dos conceitos de marca na

seara do marketing ambiental supõe uma árdua tarefa às companhias, exigindo

investimentos e dedicação por parte da organização como um todo, através de um

processo contínuo de revisão de valores ecológicos. Porém, após a consolidação da

imagem de ambientalmente responsável, a marca avança em diversos sentidos,

desde a diferenciação mercadológica, até a utilização desta imagem como

ferramenta de inserção em novos mercados. Kotler e Armstrong (1999, p. 196)

acreditam que as companhias “devem desenvolver estratégias que mantenham ou

aumentem efetivamente a conscientização da marca, a percepção de sua qualidade

e utilidade, e as associações positivas feitas a ela ao longo do tempo”.

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5.4.2 Composto de marketing ambiental

De acordo com o que foi apresentado na abordagem geral do marketing, o

composto de marketing ou marketing mix pode ser definido como um conjunto de

elementos básicos que possuem a distinta função organizacional de compor as

atividades mercadológicas da empresa frente aos consumidores e clientes. Ainda

sob essa perspectiva, o mix de marketing possui também o objetivo estratégico de

estabelecer o posicionamento e a participação da companhia, ante as relações entre

oferta e demanda de mercado.

Por outro lado, Dias (2007) ensina que, no que se refere ao marketing

ambiental, essas variáveis ganham características e prerrogativas específicas, que

precisam ser cuidadosamente avaliadas pelas empresas que almejam implementar a

cultura e as estratégias organizacionais propostas por esta área. Isso ocorre pois, na

análise do marketing ecológico, essas variáveis passam a ser abordadas por meio

de novos parâmetros, haja visto que, além de seus atributos convencionais,

integram-se a esses diversas questões associadas ao meio ambiente.

Assim, torna-se de fundamental importância às empresas, o estudo

pormenorizado das peculiaridades verdes relacionadas aos instrumentos de produto,

preço, distribuição e promoção, pois, nesse sentido, o mix de marketing ganha uma

orientação diversificada e singular, comparativamente ao composto tradicional. Essa

nova perspectiva pode configurar-se como o meio central de se alcançarem os

objetivos mercadológicos de diferenciação e inserção, às companhias desejosas de

sucesso no âmbito dos mercados nacionais e internacionais.

5.4.2.1 O produto ecológico

Conforme abordado na apresentação e na implementação do marketing

ambiental, as constantes vertentes mundiais de preocupação com as questões do

meio natural têm levado sociedades e organizações a reverem seus valores e ideais

ecológicos. Toda essa nova perspectiva paradigmática reflete-se diretamente nas

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empresas, especialmente no âmbito de seus produtos. O destaque a esta variável

dá-se pois, segundo Dias (2007), os bens e serviços estão diretamente relacionados

aos atos de consumo, atos esses considerados como um dos grandes responsáveis

pela atual situação de desequilíbrio e desordem ecológica.

Neste sentido, em comparação ao marketing mix tradicional, o elemento

produto é o que sofre maiores alterações quando abordado sob a perspectiva do

marketing ambiental. Palmer (2006, p. 230) considera que, “as empresas mostram

preocupação cada vez maior com o impacto ambiental de seus produtos e de seus

processos de produção”. Assim, a importância fundamental do estudo desse

elemento, ante as demais variáveis do composto verde e aos conceitos teóricos e

práticos do marketing ambiental de modo geral, justifica-se pois o produto pode ser

considerado como o centro de utilização de recursos e também de geração de

resíduos, haja vista que este configura-se como a mola propulsora para a

operacionalização das atividades mercadológicas das companhias. De acordo com

Dias (2007, p. 117-118), “o produto, portanto, constitui o elemento central em

qualquer estratégia de marketing ecológico, pois é em torno dele que ocorrerão todo

o planejamento e a gestão das operações que o tornarão possível, bem como as

implicações de seu consumo e seus desdobramentos para a sociedade”.

Ante a essas considerações iniciais, o plano verde do marketing sugere que

as empresas empenhem-se, fundamentalmente, na busca constante da

implementação dos conceitos de produto ecológico. Com a emergência dos novos

paradigmas ambientais, resultantes da atual crise ecológica, e a formação de novos

valores mercadológicos, os produtos verdes surgem como um dos mais recentes,

abrangentes e potenciais nichos de mercado. Conforme ensina Palmer (2006, p.

230), “cada vez mais os consumidores incluem nos seus critérios de avaliação de

um produto o compromisso da empresa com as questões ambientais”. Sendo assim,

cabe destacar as conceituações relacionadas ao elemento produto ecológico no

contexto do mix de marketing.

Através de uma análise superficial, quando se fala em produto ecológico ou

verde, surge, de forma espontânea, uma idéia de bens elaborados artesanalmente,

através de processos simples, sem padrões ou qualidade. Mas, nos dias atuais,

essa concepção inicial tem avançado em diversos sentidos, impulsionada pelas

novas sociedades de consumo, e pelos mercados verdes, formados por

consumidores cada vez mais criteriosos e conscientizados de suas

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responsabilidades ambientais. Assim, a definição para produto ecológico pode ser

vista como simples, mas ao mesmo tempo complexa, haja vista que a abordagem

diferenciada para esse elemento propõe uma verdadeira revolução nos moldes

organizacionais produtivos das companhias.

De modo geral, e por meio de uma definição básica, os produtos ecológicos

podem ser compreendidos como aqueles bens que cumprem os mesmos objetivos

de um produto convencional, porém causando danos ambientais relativamente

menores. Para operacionalizar essa condição de produto verde, as companhias

precisam empenhar-se na complexa tarefa de estudar e considerar as questões

envolvidas com o produto em todo o seu ciclo de vida, desde a retirada da matéria-

prima do meio natural, até o descarte e a destinação final ou residual deste,

analisando-se o nível de sustentabilidade dessas atividades. Savitz (2007) ensina

que essa tarefa, apesar de única, talvez seja a atividade mais desafiadora para

qualquer organização a respeito da implementação do marketing e,

conseqüentemente, do composto ecológico.

Por meio de uma abordagem mais focada, considera-se produto verde aquele

no qual todo o processo que o envolve, ou seja, sua concepção, extração de

matérias-primas, manufatura, produção, industrialização, uso e pós-uso, ocorrem

respeitando-se os princípios fundamentais da economia ecológica, contribuindo, de

forma direta ou indireta, para o bem estar ambiental da sociedade. Segundo Dias

(2007, p. 118),

Tendo o produto como elemento central, podemos identificar seus efeitos no ambiente em todas as suas fases, mesmo na etapa que ainda é inexistente, mas em função de sua concretização futura, consome-se energia, extraem-se matérias-primas, utilizam-se diversos meios de transporte e se executam inúmeros atos que afetam de algum modo o meio ambiente. Nas fases seguintes, de uso e pós-uso, são mais explícitos os seus impactos ambientais, destacando-se a destinação final de resíduos gerados pelo processo de fabricação e pelo próprio produto em si. É nesse contexto que se afirma que o conceito de produto é essencial para o marketing.

Contudo, para obter sucesso nessa missão de tornar processos e produtos

ecologicamente corretos, as organizações precisam analisar, criteriosamente, cada

atividade relacionada a todo o ciclo produtivo, criando e desenvolvendo uma

abordagem completa para tal. Giacomini Filho (2004, p. 136) considera que “a

conceituação de produtos ambientalmente corretos é extremamente difícil, já que a

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própria existência de qualquer produto traz impacto ambiental”. Todavia, visando

iniciar a tomada de atitudes em direção à implementação estratégica dessa

perspectiva ecológica, e de facilitar a tarefa da aplicação dos conceitos de produto

ecológico, Ottman (1994) sugere a divisão desse trabalho em etapas, abrangendo-

se, a concepção do produto; a aquisição de matérias-primas; a produção –

processamento, manufatura e industrialização –; o uso, o pós-uso e a destinação

final do produto. Essa visão expandida e sistematizada proporciona à companhia a

condição de analisar, de forma ampla, todo o ciclo de vida do produto em questão.

Seguindo esse plano de fases, considera-se que, inicialmente, é preciso

dedicação no estudo de meios que possibilitem a criação de produtos que respeitem

os princípios da sustentabilidade da economia ecológica. Nessa etapa deve-se ter

em mente todo o projeto do produto ecológico, visando planejar a questão ambiental

em todas as demais etapas de seu ciclo de vida. Entretanto, deve-se ter atenção em

fazê-lo sem deixar de atender plenamente aos desejos e necessidades de clientes e

consumidores. Conforme ensina Jöhr (1994, p. 118), “está nítido que o consumidor

anda cada vez mais exigindo produtos limpos e ecologicamente aceitáveis [...]. O

desenvolvimento de novos produtos tem de ser feito, evidentemente, conforme as

necessidades do mercado”.

Após a criação do projeto e a elaboração do plano de gerenciamento

ambiental do produto, torna-se necessária a análise continuada de meios e formas

de produção que considerem o princípio econômico-ambiental da substitutibilidade,

ou seja, buscando-se, incessantemente, encontrar matérias-primas e processos

alternativos que permitam o desenvolvimento dos mesmos bens, porém, com menor

dano ecológico. Essa etapa considera também o uso de bens naturais renováveis,

extraídos do meio natural levando-se em consideração, mais uma vez, o princípio da

sustentabilidade.

Em seguida, é preciso que ocorra uma revisão geral de todo o processo

produtivo, analisando-se a ocorrência de falhas e a possibilidade de otimizações em

todo o percurso de fabricação desse bem, especialmente em relação ao consumo de

água e energia elétrica. Aqui deve ocorrer o processamento, manufatura e

industrialização utilizando-se de processos não poluentes, ou através de meios que

permitam uma redução contínua nos níveis de dano ambiental provocados. Palmer

(2006) considera que a crítica aos métodos de produção de uma empresa podem

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representar sua rejeição ante aos segmentos de consumidores que se preocupam

com a ecologia e com o meio ambiente.

Por fim, os esforços em direção ao produto ecológico são finalizados com as

preocupações relacionadas à destinação de resíduos como embalagens e outros

resquícios oriundos do produto em questão. Esse esforço deve ocorrer visando à

orientação estabelecida pelos princípios da reutilização e da reciclagem. A

observância a essas considerações podem ser consideradas atitudes nobres na

busca pela redução do impacto ambiental.

Hoje, processos de fabricação ecoeficientes, a reutilização proveitosa de resíduos, o controle da poluição e os sistemas de fabricação “cradle-to-cradle”, ou do berço ao berço, pelos quais os produtos e materiais são projetados de modo a garantir a reciclagem, em oposição aos sistemas de fabricação tradicionais, “cradle-to-grave”, do berço ao túmulo, que não prevêem a reciclagem, estão desencadeando novas ondas de mudança em projetos, engenharia e gestão. (SAVITZ, 2007, p. 74).

Diante de todas essas considerações, pode-se concluir que, em síntese, a

abordagem tradicional para produtos ganha considerável amplitude quando

estudada sob o plano do marketing ambiental, haja vista que passam a ser

consideradas etapas não estudadas sob a perspectiva do marketing mix

convencional, como a pré e a pós produção. Assim, a emergência das relações entre

oferta e demanda de mercado diante dos atuais paradigmas sócio-ambientais e no

tocante, especificamente, aos produtos ecológicos, é uma demonstração clara de

que, cada vez mais, os consumidores exigirão produtos de acordo com as práticas

verdes. Essa crescente demanda por produtos ecológicos vem provocando um

intensivo efeito multiplicador sobre as organizações, que passam a considerar essas

questões como fundamentais e decisivas em seus posicionamentos mercadológicos,

visto que um segmento cada vez maior de consumidores passa a levar em

consideração os atributos ambientais dos produtos, como fatores preponderantes

em suas decisões de compra, deixando em segundo plano, os que não se encaixem

neste perfil. Conforme concordam Kotler e Armstrong (1999), os atributos do produto

como suas características, qualidade, e especialmente seus valores, afetam

diretamente as reações do consumidor.

Neste sentido, já se pode perceber que é possível a conciliação entre a

satisfação das necessidades de consumidores e clientes, e a manutenção do meio

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natural. Alcançar essa integração complementar pode ser benéfico a todos os

envolvidos no processo mercadológico, ou seja, para as organizações, que podem,

com os novos métodos produtivos, obterem redução de custos, adaptação

organizacional e inserção comercial; para consumidores, que ao adquirirem produtos

verdes sentem-se satisfeitos em contribuir com uma causa global; para as

sociedades em geral, que passam a encontrar parâmetros mais harmoniosos nas

relações entre economia e meio ambiente; e especialmente para o meio natural que

pode manter em níveis constantes seus ciclos ecológicos.

5.4.2.2 O preço ecológico

Tendo-se alcançado o objetivo da implementação de meios e processos que

permitam a fabricação de produtos de acordo com os princípios econômico-

ambientais, emerge a necessidade da determinação do indicador de custo e valor

atribuído a estes bens ecológicos, ou seja, o estabelecimento da variável preço. Isso

se faz necessário, haja vista que, ao efetuar uma análise mais apurada dos gastos

que envolvem o produto verde acabado, as empresas podem chegar a duas

conclusões distintas. A primeira delas supõe que existe a possibilidade constante

das despesas com o processo e o produto verde ultrapassarem os custos

despendidos na fabricação de similares comuns, através do meio tradicional. A

segunda coloca que, por outro lado, é possível que o montante de todos os esforços

organizacionais em busca do produto ecológico implique na redução de custos e

despesas operacionais e produtivas, o que, conseqüentemente, reduziria o nível de

preços. Contudo, Dias (2007) afirma que, independentemente do resultado

econômico e financeiro desta operacionalização, o preço constitui-se em um

importante elemento a ser estudado, devendo refletir, além dos convencionais

valores envolvidos, também os demais atributos ambientais que o produto em

questão possui.

Outro fator preponderante e concernente à variável preço, sob a ótica do

marketing mix ecológico, é a internalização dos custos ambientais. Assim, utilizando-

se dos princípios da contabilidade e da valoração do meio natural, a companhia

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passa a mensurar os custos ecológicos inerentes a todo o seu processo produtivo,

incluindo-os como despesas na formulação de seus preços. Desse modo,

determinado percentual das receitas arrecadadas com a comercialização dos bens

verdes pode ser direcionado a investimentos que minimizem os impactos ecológicos

provocados, pela extração dos recursos naturais necessários à produção, pelos

meios e processos de fabricação, e ainda pela destinação final destes bens. Tudo

isso deve ocorrer objetivando sempre a sustentabilidade e o bem estar sócio-

ambiental. Entretanto, Merico (2002) assegura que, considerando-se as colocações

da economia ecológica, essa internalização de custos ambientais configura-se como

o principal desafio às organizações produtoras de bens.

Nesse sentido, estudando-se as ocorrências de elevação e de diminuição dos

custos decorrentes da implementação dos processos de fabricação do produto

verde, verifica-se que, na maioria dos casos, sobrepõe-se a primeira consideração,

ou seja, sob a perspectiva ambiental do marketing, ocorre com maior freqüência o

aumento dos gastos em diversos sentidos. Esse acréscimo dá-se pois, conforme

apresentado, fabricar bens de acordo com as diretrizes da economia ambiental

supõe uma considerável alteração em todo o processo organizacional produtivo,

desde a matéria-prima utilizada, até o descarte e a destinação final deste bem, além

ainda da internalização da depleção dos recursos naturais. Logo, Jöhr (1994)

considera que se torna inevitável e de fundamental importância que os preços

reflitam a verdade ecológica, não somente seu proveito econômico-financeiro.

Dessa maneira, a variável preço pode ser entendida como o maior empecilho

à expansão da oferta de produtos fabricados de acordo com as práticas verdes, visto

que em boa parte dos bens ecológicos, os preços apresentam-se de forma superior

aos bens similares que não abrangem as questões ambientais. Dias (2007, p. 137)

justifica que “a decisão de compra dos consumidores é bastante influenciada pela

variável preço, e em muitos casos constitui um impeditivo que pode reduzir o

consumo”. Entretanto, todo este panorama deve ser encarado apenas como um

problema ou dificuldade inicial.

Visto de forma mais ampla pelas companhias, o aumento dos custos pode

elevar consigo a constante possibilidade de converter-se em minimização de

despesas dentro de determinada escala de tempo, o que inverteria a situação de

falta de competitividade, posicionando o produto ecológico como mais barato do que

o bem convencional.

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A internalização dos custos ambientais provoca, de modo geral, um incremento nos custos da empresa a curto prazo, mas que serão compensados no médio e longo prazo, pela redução dos custos na utilização de energia e de materiais de consumo, bem como pela reutilização de materiais reciclados. (DIAS, 2007, p. 140).

Outro ponto a ser destacado é que toda essa perspectiva em relação a custo

e preço consolida-se através dos já apresentados paradigmas ambientais sociais, e

dos novos valores ecológicos das pessoas. Esses ideais introduzem que, mesmo

com o resultado da análise comparativa entre o meio tradicional e o modo ambiental

de produção apontando para um aumento dos custos do produto verde e,

eminentemente, na elevação dos preços, pode-se considerar vantajoso à

organização a aplicação do método ecológico, visto que, cada vez mais, os clientes

e consumidores estão dispostos a pagar um valor a mais, por produtos e serviços

que julguem serem corretos em relação a seus valores ambientais.

Todo este panorama referente a variável preço precisa ser minuciosamente

analisado sob a perspectiva do marketing ambiental, visando-se encontrar o

equilíbrio entre as metas empresariais comerciais e ambientais. Conforme

concordam Kotler e Armstrong (1999), as decisões sobre preço devem ser

coordenadas com o projeto do produto. Logo, tendo-se adotado o marketing e o

composto verde, deve ocorrer uma precificação justa para os produtos ecológicos.

De acordo com Dias (2007, p. 138), “o preço é uma medida do valor do produto e

deve situar-se entre o custo do produto (mínimo) e a percepção do consumidor

(máximo)”.

5.4.2.3 A distribuição ecológica

Conforme visto anteriormente, a variável distribuição trata do estudo referente

às atividades desenvolvidas pela própria companhia, ou por terceiras, – através dos

canais de distribuição – com a finalidade de tornar o produto disponível à

consumidores, da maneira mais conveniente possível, junto aos mercados alvo.

Conforme sintetiza Palmer (2006, p. 40), “praça é o local onde os consumidores

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finais podem adquirir determinado produto”. Contudo, sob a ótica do marketing

ambiental, busca-se demonstrar novas perspectivas para este elemento, objetivando

minimizar os custos e impactos ecológicos inerentes à distribuição física das

mercadorias.

A importância do estudo da variável distribuição ecológica justifica-se através

das recentes discussões relacionadas ao princípio econômico-ambiental da entropia.

Por meio deste princípio, credita-se determinada parcela de responsabilidade pela

atual crise ambiental – especialmente no que se refere ao aquecimento global – às

disfunções energéticas provocadas pela queima de combustíveis fósseis, gastos

esses decorrentes de quase todos os modos de transporte de bens físicos. Neste

sentido, emerge a necessidade de um novo panorama logístico, baseado nos ideais

propostos pela organização objetivando o verde, haja vista que de pouco adiantaria

fabricar e precificar bens de acordo com os princípios do meio natural, se os

benefícios ecológicos conquistados fossem despendidos em operações logísticas de

alto impacto ambiental. De acordo com Dias (2007, p. 147), “a distribuição de um

produto ecológico deve estar em sintonia com o que distribui, ou seja, deve respeitar

o meio ambiente”.

Contudo, essa reorientação na distribuição caracteriza-se como o elemento

mais complexo no sentido da implementação e adaptação ao composto de

marketing ecológico, visto que, mesmo com todos os avanços tecnológicos e

científicos em diversos sentidos, a humanidade ainda não conseguiu desenvolver e

dispor de formas e meios de transporte, bem como de canais de distribuição, que

permitam a operacionalização logística com baixo custo entrópico. Neste sentido, o

marketing ambiental sugere que, inicialmente, as organizações continuem utilizando-

se dos modos de transporte comuns, mas que busquem também uma política

organizacional visando a redução no consumo de combustíveis, através da

otimização de seus meios e processos, a fim de alcançar métodos mais qualitativos

nas operações. Segundo Jöhr (1994), com o uso de formas mais eficientes na

relação entre consumo e produtividade, o resultado seria uma diminuição da

poluição além ainda de uma maior preservação das reservas naturais.

Para que se alcance melhores resultados em direção à economia dos

recursos ambientais, Jöhr (1994) sugere algumas medidas simples no que diz

respeito à logística como, a revisão periódica da frota de veículos, abrangendo

regulagem de marchas, freios e pneus; o carregamento, dentro dos níveis

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permitidos, das quantidades máximas possíveis em um mesmo veículo; além ainda

da conscientização de motoristas quanto aos impactos de certas atitudes

relacionadas à condução do veículo, como acelerações e frenagens bruscas, que

aumentam o consumo. Cabe destacar ainda, que essas medidas não dizem respeito

apenas ao transporte do produto acabado ao seu destino final, mas abrangem

também todos os transportes relacionados à fabricação deste bem, desde a entrada

dos fatores produtivos na organização, até o retorno a esta dos resíduos de seu

produto. Todas essas pequenas atitudes, adotadas em conjunto por diversas

companhias, independentemente do ramo de atividade, poderiam resultar em

grandes ganhos ambientais, e também em níveis excelentes em termos de eficiência

e custo operacional.

A frota da empresa ou de uma transportadora tem como objetivo levar uma carga dentro de um prazo preestabelecido e com o menor custo para seu destinatário. Trata-se de uma otimização na equação do tempo, segurança e custo: por isso, a palavra-chave, mais uma vez é a eficiência. (JÖHR, 1994, p. 105).

Outro fator relacionado à distribuição verde refere-se à escolha mais acertada

possível do modo e de seu respectivo canal de distribuição. Conforme apresentado

anteriormente, é através das estratégias da empresa vendedora, bem como através

do tipo de produto comercializado, que se analisa a melhor forma de

operacionalização logística. Dessa maneira, a escolha mais adequada deve levar em

consideração não somente o ganho econômico e financeiro, mas também os

resultados ambientais.

A qualificação de ecológico para o produto deve estar coerente com uma cadeia de distribuição que cumpra um mínimo de exigências ambientais. Uma das funções do marketing ambiental é a seleção dos canais de distribuição mais idôneos para a comercialização dos produtos verdes entre aqueles que assumam um compromisso ético ambiental adequado aos níveis de exigência da empresa. (DIAS, 2007, p. 147).

Por fim, outra questão abordada pela distribuição ecológica ocorre no sentido

da logística reversa, ou seja, nos meios utilizados pela organização para que seja

dada uma destinação final adequada para os rejeitos resultantes do processo de uso

e consumo de seus produtos, ou mesmo para que estes sejam retornados à

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organização, a fim de que esta os processe visando atender aos princípios da

reutilização e reciclagem. Dias (2007, p. 148) conclui que,

Do ponto de vista ecológico, a distribuição tem um aspecto fundamental, que é permitir a canalização do retorno do produto para sua reutilização e das embalagens ou seus resíduos para reciclagem. Por outra parte, a distribuição envolve todas as etapas do processo de criação, uso e resíduo dos produtos, o que lhe dá grande importância como suporte das relações entre os participantes no ciclo de vida do produto e sua análise.

Em síntese, Kotler e Armstrong (1999) corroboram que nos tempos atuais, o

elemento praça ou distribuição não significa apenas caminhões e depósitos, sendo

que a logística moderna de bens físicos é muito mais do que isso, incluindo e

envolvendo planejamento, implementação e controle do fluxo físico de materiais,

produtos e informações correlatas, além de, sobretudo, atender às exigências dos

clientes, através da eficiência e acessibilidade. Já no concernente à variável

ambiental, Dias (2007) agrega a existência das já apresentadas duas direções, uma

de saída, através dos canais de distribuição, que devem ser criteriosamente

selecionados levando-se em consideração os aspectos idôneos e ecológicos; e

outra de entrada, em que se considera o consumidor como gerador de subprodutos

que serão encaminhados para reutilização e reciclagem. Assim, o objetivo da

distribuição ecológica seria alcançado quando as empresas conseguissem minimizar

o consumo de recursos e a geração de resíduos durante a distribuição física do

produto; e quando fosse eficientemente implantado um sistema de distribuição

inversa para os resíduos poderem ser incorporados novamente à produção de bens

como matéria-prima ou secundária.

5.4.2.4 A promoção ecológica

Segundo Palmer (2006, p. 41), “a promoção é utilizada pelas empresas para

comunicar os benefícios de seus produtos aos mercados-alvo”. Diante disso, o

estudo deste elemento torna-se de significativa importância para as companhias,

haja vista que é por meio do elenco das estratégias de comunicação, que serão

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operacionalizadas as atividades e os processos fundamentais relacionados a essa

variável como, a apresentação, a informação, o convencimento e a conquista de

clientes e consumidores. Contudo, sob a ótica do composto de marketing ambiental

este elemento possui uma distinta função no que diz respeito à organização e ao

produto verde.

Através dessa perspectiva ecológica, Giacomini Filho (2004) afirma que, de

modo geral, a promoção sugere objetivos páreos aos estabelecidos à esta variável

no mix tradicional, porém, agregando-se nesse caso, a tarefa central de trabalhar a

imagem e o posicionamento empresarial e comercial, empreendendo estratégias de

comunicação – internas e externas – relacionadas à companhia e a seus respectivos

produtos ecológicos. Esse incremento nas atividades promocionais justifica-se pois,

segundo Palmer (2006, p. 41), “assim como as linhas de produtos precisam se

manter atualizadas para refletir a mudança das necessidades dos clientes, também

os vários métodos de promoção devem responder às mudanças no ambiente em

que as empresas operam”.

Desse modo, a utilização básica do elemento promoção ecológica dá-se no

sentido de que as organizações necessitam evidenciar seus atributos verdes, ante

as sociedades e aos mercados. Dias (2007) enumera que as estratégias de

comunicação ecológica têm as funções essenciais de, primeiramente, manter a

credibilidade da companhia em relação à sua estrutura ecológica, especialmente no

concernente a seus produtos; e, invariavelmente, de promover a evidenciação

mercadológica destes atributos. Assim, aborda-se que a comunicação é um

componente de papel fundamental e decisivo na consolidação da estratégia do

composto de marketing ambiental, visto que, mesmo com o desenvolvimento de

produtos, com o estabelecimento de preços, e com as estratégias de distribuição,

respeitando os princípios ecológicos, não se obteria sucesso no mix verde, caso

tudo isso não pudesse ser devidamente apresentado e firmado de modo efetivo no

contexto social.

O objetivo da comunicação deverá ser informar sobre os atributos do produto, principalmente os aspectos positivos em relação ao meio ambiente, e transmitir a imagem da organização relacionada com a defesa e preservação de valores ambientalmente corretos. A variável comunicação deve ser capaz de projetar e sustentar a imagem da empresa, destacando seu diferencial ecológico junto à sociedade. (DIAS, 2007, p. 157).

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Para evidenciar esses atributos ecológicos através do elemento promoção,

Ottman (1994) ensina que as companhias precisam passar uma mensagem clara, de

que não se preocupam com o meio natural apenas como uma adaptação

organizacional sob os moldes do marketing verde, mas que consideram,

preponderantemente, o bem estar sócio-ambiental de modo geral, demonstrando,

por fim, que essas preocupações estão integradas à empresa e aos seus processos

e produtos. Para tanto, Giacomini Filho (2004) sustenta que a organização pode

valer-se de diversos suportes e técnicas da comunicação promocional, como a

divulgação empresarial, as relações públicas, a publicidade e a propaganda, a

imprensa, dentre outros. Esses canais de divulgação vêm se tornando cada vez

mais importantes na estratégia comunicacional verde, pois configuram-se como os

meios centrais de levar ao conhecimento da demanda, informações quanto a

existência de uma oferta ambientalmente correta, além ainda de elucidar, a clientes

e consumidores, que determinada companhia dedica-se ao meio natural, e que seus

produtos respeitam os princípios ecológicos.

Uma outra prerrogativa relacionada ao elemento promoção verde, dá-se no

sentido da formação de parcerias e alianças estratégicas com órgãos e entidades

ambientais, haja vista que esses grupos são vistos como consideráveis formadores

de opinião pública. Levando-se em consideração que, em muitos casos, os atributos

verdes de uma organização ou produto não são claramente visíveis ou perceptíveis

ao consumidor, um elo de associação com alguma causa ecológica pode auxiliar,

em muito, na disseminação da imagem ambiental das companhias. Em um cenário

mercadológico cada vez mais dinâmico, esta função vem permitindo consideráveis

resultados na difusão dos objetivos ecológicos da organização, e também,

representando significativas oportunidades de desenvolvimento de novas

estratégias.

Os formadores de opinião ambiental vão além dos formadores de opinião óbvios de empregados corporativos, investidores e fornecedores, incluindo legisladores e órgãos governamentais, educadores, ambientalistas, varejistas, a mídia e as crianças. Ganha-se muito com seu apoio, perdendo-se também sobremaneira se forem ignorados. (OTTMAN, 1994, p. 71).

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Por fim, a promoção ecológica também se preocupa com os meios

tradicionais de divulgação institucional e comercial, como informativos, panfletos,

folders e flyers. Por utilizarem materiais fortemente vinculados a recursos naturais, –

como papel, água, tinta, entre outros – esses vêm, cada vez mais, demonstrando

crescentes níveis de ineficiência ecológica. Devido a isso, os esforços

organizacionais rumo a estratégias de divulgação que estejam de acordo com os

princípios ambientais podem ser considerados eminentemente importantes na

análise do mix de marketing verde.

Após as devidas análises e implementações, a integração sistêmica de todos

os esforços da empresa relacionados à comunicação ecológica, pode resultar no

sucesso das atividades da promoção verde, permitindo à organização alcançar seu

objetivo de consolidar, mercadologicamente, o composto de marketing ambiental.

Assim, ante ao exposto, pode-se concluir que o elemento promoção adquire função

singular quando agregam-se as questões ambientais. Devido a isso, Dias (2007)

considera que a promoção ecológica deve ter um forte compromisso com a verdade

e ser praticada tendo-se como parâmetros os valores éticos e ambientais dos

panoramas apresentados pelo marketing verde.

5.5 Cases de marketing ambiental

A seguir, são apresentados cases de empresas exportadoras brasileiras que

obtiveram êxito na amplitude da tarefa de implementação organizacional do

marketing ambiental. Com a aplicação dos conceitos teóricos e práticos da área

ecológica do marketing, essas companhias conquistaram sucesso no âmbito dos

mercados internacionais, especialmente devido a alguns fatores relacionados a essa

abordagem verde como, por exemplo, através de características de diferenciação

mercadológica; pela evidenciação de responsabilidades e atributos sócio-

ambientais; por meio de adaptação às legislações ambientais de proteção ao meio

natural; por marcas, produtos e serviços ecologicamente corretos; ou mesmo pelo

atendimento, de modo eficiente, às demandas dos mercados verdes sob a

perspectiva do consumerismo ambiental. Nesse sentido, a internalização do

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marketing ambiental permitiu a essas companhias alcançar um excelente

posicionamento mercadológico, consideráveis reduções de custos e de despesas

operacionais e produtivas, além ainda de expressivos aumentos nos lucros. Todas

as informações contidas abaixo foram retiradas dos sites das empresas, conforme

referenciado ao final deste trabalho.

5.5.1 Caso Klabin

A empresa brasileira Klabin (2008) é um exemplo claro de que o crescimento

e o desenvolvimento, empresarial e comercial, tanto no mercado nacional quanto no

âmbito internacional, pode estar em conformidade com as orientações propostas

pelo marketing ambiental e, conseqüentemente, com os princípios fundamentais da

economia ecológica. Nesse sentido, a organização possui diversas características e

atributos que a tornam referência ambiental em seu ramo de atividade, de modo

especial, no concernente à produção sustentável.

Atualmente, a Klabin é a maior produtora, exportadora e recicladora de papéis

para embalagem do país, sendo empresa pioneira na produção de papel na América

Latina. Líder de mercado em todos os segmentos em que atua, especialmente na

produção de papéis, papelões, cartões, e outros materiais à base de celulose,

destinados à fabricação de caixas e embalagens, a Klabin é reconhecida, no Brasil e

no exterior, pela qualidade de seus produtos.

Contudo, além do excelente e já consolidado posicionamento mercadológico,

a Klabin vem se destacando também na relação entre economia e meio ambiente

em diversos sentidos. Um de seus principais diferenciais refere-se à sustentabilidade

de suas atividades, haja vista que, através do manejo consciente de suas florestas –

de onde é extraída a celulose, seu principal fator produtivo – a empresa consegue,

de modo efetivo, ser auto-suficiente no abastecimento de matéria-prima. Segundo

dados divulgados pela própria empresa, a Klabin conta atualmente com mais de 200

mil hectares de florestas plantadas, além ainda possuir mais de 180 mil hectares de

mata nativa preservada.

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Assim, voltada para o desenvolvimento de produtos com cada vez maior valor

agregado e, principalmente, de acordo com políticas organizacionais internas e

externas de sustentabilidade, a empresa foi a primeira do setor de papel e celulose

do hemisfério sul a ter todas as suas fábricas e florestas certificadas pela cadeia de

custódia da Forest Stewardship Council (FSC). A FSC é uma importante

organização internacional que atesta produtos fabricados de acordo com rígidos

processos de acompanhamento, desde a saída do recurso natural da floresta, até a

chegada em seu destino final. Este certificado, existente desde 2003, já é

reconhecido em mais de 70 países, sendo exigido por lei para compras públicas em

diversos países da Europa. Nesse sentido, a certificação FSC vem confirmar que a

Klabin desenvolve suas atividades segundo os mais elevados padrões de

conservação e de sustentabilidade sócio-ambiental.

Além desta certificação, a empresa conta também com diversas outras

políticas em direção ao equilíbrio do meio natural. Dentre essas, destacam-se o

tratamento de efluentes hídricos e de resíduos sólidos, e o controle das emissões

atmosféricas, inerentes a todo seu processo produtivo. A organização também se

dedica à melhoria constante através de várias pequenas atitudes como, por

exemplo, pela coleta seletiva do lixo produzido.

Dessa forma, a empresa pode ser considerada como um caso de sucesso

pois, atuando em conformidade com suas próprias políticas ambientais, e de acordo

com os princípios fundamentais da economia do meio ambiente, a Klabin conseguiu

implementar diversas das considerações propostas pelo marketing ambiental,

obtendo assim, significativos resultados mercadológicos no Brasil e nos demais

países aos quais seus produtos são destinados.

Outro fator que permite à Klabin posição destaque em relação a perspectiva

do marketing ambiental, é que os produtos verdes fabricados pela organização

concedem, mesmo que de modo indireto, a possibilidade de que seus clientes

corporativos possam se utilizar desses diferenciais ecológicos como base para suas

próprias estratégias de responsabilidade ambiental, visto que as embalagens da

Klabin, além de serem de altíssima qualidade, também são consideradas como

expressivas soluções econômico-ambientais, valorizando marcas e produtos de

diversas empresas nacionais e estrangeiras.

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5.5.2 Caso Natura

A Natura (2008) é uma empresa brasileira produtora de bens relacionados à

cosmetologia e à estética pessoal, e é reconhecida internacionalmente pela

qualidade de seus produtos. Tendo iniciado suas atividades no âmbito do mercado

interno, rapidamente a empresa cresceu e se desenvolveu, levando seus produtos a

vários países da América Latina, Estados Unidos e Europa. Atualmente, a

organização é a líder nacional no segmento de mercado dos produtos de beleza,

assim como também é considerada como uma das principais companhias no setor

da venda direta.

Entretanto, a empresa vem se destacando não somente pela qualidade de

seus produtos ou pela efetividade de suas vendas, mas também pela busca

constante à ecoeficiência. Essa orientação organizacional visa a implementação

conjunta de várias das atividades propostas pelo marketing ambiental, tendo como

objetivo central, produzir mais em quantidade e em qualidade, e gradativamente

reduzir os impactos ambientais provocados ao longo de todo o seu ciclo produtivo.

Além da busca pela ecoeficiência, a empresa empenha-se também na adoção

de políticas de sustentabilidade, objetivando melhores resultados ambientais e o

gerenciamento de todas as suas atividades, através da identificação de ineficiências,

da otimização dos meios e processos produtivos, e de atitudes de prevenção de

riscos. Outro ponto considerável na estratégia econômico-ambiental e comercial da

Natura consiste na análise e implementação de novos negócios tendo-se sempre o

meio natural como questão transversal, ou seja, considerando-o como orientação

básica em seu planejamento estratégico.

A Natura ainda se destaca pelo apoio e pelo patrocínio à diversas atividades

e eventos voltados ao meio ambiente, sejam eles promovidos pelo governo – em

todas as suas esferas – ou por entidades ou organizações não-governamentais. A

execução dessas parcerias visa uma maior conscientização da sociedade para a

importância das questões ecológicas, além de firmar um dos pilares do planejamento

sócio-ambiental da companhia, que é o seu compromisso e responsabilidade com as

atuais e as futuras gerações.

O montante de todas as ações estratégicas promovidas pela Natura em

direção ao efetivo posicionamento ambiental, baseado na orientação do marketing

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ecológico e nos princípios da economia ecológica, vem formando um valioso

conjunto de negócios voltados à observância do meio ambiente em diversos de seus

aspectos e, conseqüentemente, favorecendo sua inserção em potenciais mercados

verdes nos âmbitos nacionais e internacionais.

5.5.3 Caso Votorantim

Atuando em diversos segmentos mercadológicos como, por exemplo, nos

ramos da agroindústria, do papel e da celulose, da indústria química, do metal, da

energia e das finanças, a Votorantim (2008) destaca-se como um dos maiores

conglomerados empresariais da América Latina, sendo um dos grandes modelos

internacionais de governança corporativa. A empresa figura entre uma das maiores

companhias exportadoras do Brasil, operando com bases produtivas e de negócios

em diversos países do mundo.

Devido a amplitude e diversidade de suas áreas de atuação, a companhia

considera a questão ambiental como uma das prioridades absolutas na gestão

organizacional de modo global, haja vista que recursos naturais são utilizados em

todas as suas atividades. Assim, na perspectiva ambiental, a empresa é destaque,

pois busca atingir a excelência ambiental, em todas as suas unidades, sob as mais

criteriosas avaliações mundiais.

Nesse sentido, a Votorantim vem investindo milhões de reais em ações

voltadas à preservação e à recuperação ambiental. Para alcançar uma abordagem

sócio-ecológica completa, a companhia adotou a estratégia de dividir suas ações em

dois âmbitos: o interno, que trata do impacto direto à empresa, devido à exigências

legais ou à processos produtivos; e o externo, que aborda a comunidade e o meio

natural como um todo. No âmbito interno, ganha destaque a implantação de

sistemas de gestão ambiental, de onde partem ações voltadas à produção limpa e

sustentável, e ao co-processamento visando a redução do impacto ambiental. Já no

âmbito externo, evidenciam-se as reservas naturais de proteção ecológica e os

programas de educação ambiental.

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A integração sistêmica de todas as ações ambientais, internas e externas,

desenvolvidas pela companhia, permite a esta um excelente posicionamento

mercadológico, haja vista que, mesmo utilizando-se de recursos naturais de modo

intensivo em todas as suas atividades, a Votorantim pode ser considerada como

empresa modelo no sistema de gestão de recursos naturais. Essa posição possibilita

que seus produtos recebam, direta ou indiretamente, diversos atributos vinculados

ao marketing verde, além da menção de respeito a diversos princípios da economia

ecológica.

5.5.4 Caso Weg

A Weg (2008) é uma empresa brasileira do setor metal-mecânico

especializada na fabricação de soluções para a automação comercial, na geração,

transmissão e distribuição de energia, e na fabricação de motores elétricos de uso

industrial. Considerada uma das maiores indústrias do setor no Brasil e no mundo, a

Weg também pode ser mencionada como um caso de sucesso na implementação

organizacional do marketing ambiental.

Sob a perspectiva ecológica, a empresa destaca-se através de sua política

interna de investimentos em programas de controle de impactos ambientais,

objetivando, através do máximo aproveitamento de recursos e resíduos, colaborar

com a sustentabilidade do meio natural. Através de suas políticas, a Weg também

busca constantemente eliminar ou minimizar os danos ecológicos oriundos de suas

atividades produtivas e organizacionais, além ainda de desenvolver um sistema de

educação ambiental com o objetivo de enfocar a importância do meio-ambiente às

atividades industriais, tanto para seus colaboradores quanto para a comunidade

local na qual estão inseridas suas unidades.

A Weg dedica-se ainda a projetos de novos produtos que exerçam suas

funções com eficiência e que, sobretudo, possam contribuir com a questão

ecológica. Assim, é constante na companhia a análise de estudos voltados ao

desenvolvimento de motores mais eficientes, e de geração de energia através de

meios mais ecologicamente corretos. A Weg destaca-se também por sua política de

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transparência, já que, anualmente, após o término do exercício fiscal, a empresa

divulga todas as suas ações de sustentabilidade, como forma de apresentação e

consolidação social e ambiental de seus esforços organizacionais em favor do meio

ambiente. Todas essas atitudes permitem à Weg internalizar atributos de marketing

ecológico diretamente em seus produtos.

Haja vista que a companhia possui diversas unidades produtivas e de

negócios espalhadas por vários países do mundo, e que as exportações da

companhia vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, seus atributos

ambientais vem sendo cada vez mais exigidos como instrumento de adaptação e

inserção comercial em novos mercados. Contudo, com suas estratégias de

marketing ambiental, pode-se considerar que a Weg está preparada para esses

desafios.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, o mundo vem atravessando um intenso processo de reordenação

social e ambiental. As preocupações com a questão ecológica vêm alertando a

humanidade de que o meio natural se encontra em estado crítico e que atitudes

precisam ser tomadas a fim de garantir a sustentabilidade dos ecossistemas e,

conseqüentemente, a manutenção das diversas formas de vida existentes no

planeta, inclusive a da própria espécie humana. Nesse sentido, inúmeras ações vêm

sendo implementadas pelos diversos atores do cenário mundial, haja vista que a

temática verde já pode ser considerada como um dos maiores desafios da

humanidade para o próximo século.

Diante deste contexto, as empresas e organizações se vêem, muitas vezes,

pressionadas no sentido da internalização da questão ambiental em seus

planejamentos estratégicos. Essas imposições, sejam elas mercadológicas ou

sociais, surgem de todos os lados como, por exemplo, de blocos econômicos,

organizações globais, países e seus governos, entidades não-governamentais, e

principalmente de pessoas que, visando contribuir com o meio natural, passam a se

utilizar de novos critérios de consumo. Contudo, com o desenvolvimento da área do

marketing ambiental se demonstra às companhias que é possível conciliar e

equilibrar as atividades produtivas e comerciais com as orientações propostas pela

economia do meio ambiente, e que, acima de tudo, a adoção dessa estratégia verde

pode significar muito mais do que apenas uma adaptação empresarial aos novos

paradigmas decorrentes da temática ambiental.

Frente ao complexo cenário internacional e aos seus inúmeros agentes, o

marketing ecológico apresenta todo um conjunto de estratégias organizacionais,

produtivas e comerciais, que permite às companhias uma abordagem completa no

que se refere aos atributos verdes, às marcas ecológicas e ao mix de marketing

ambiental. Adotada como filosofia empresarial essa vertente pode provocar uma

verdadeira revolução nos modos convencionais de operação e atuação das

organizações, permitindo obter sucesso em diversos sentidos, tanto no âmbito dos

mercados internos quanto, principalmente, sob a perspectiva do comércio exterior.

Em síntese, pode-se considerar que o meio natural vem ocupando, cada vez

mais, um espaço diferenciado no contexto mundial, e que essa distinta função

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representa um emergente desafio, especialmente às companhias. Sob essa ótica, o

marketing ambiental se torna consideravelmente importante para as empresas,

podendo-se concluir que sua adoção, com todos os seus conceitos, teóricos e

práticos, será cada vez mais exigida como orientação organizacional, haja vista as

práticas dos consumidores em geral.

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Declaração de autenticidade do trabalho (TCFinal e monografia)

DECLARAÇÃO

Declaro para os devidos fins de direito que assumo total

responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente

trabalho, estando ciente do disposto na Lei nº9610 de 18/02/1998,

isentando a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a

Coordenação de Estágio Supervisionado de Comércio Exterior, a

Banca Examinadora e o Orientador de Estágio de toda e qualquer

responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí/SC, 28 de outubro de 2008.

Nome do Aluno:

___________________________________________________

Assinatura:

___________________________________________________

(firma reconhecida em cartório)

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ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

Nome do estagiário Carlos Lima Neto

Orientador de conteúdo Prof. Luiz Carlos dos Santos

Responsável pelo Estágio Profª. Natalí Nascimeto


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