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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FARMÁCIA ... · 5 AGRADECIMENTOS A Deus, pelo Dom da...

Date post: 24-Jan-2020
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FARMÁCIA Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos Mestrado em Ciência de Alimentos FILMES DE FÉCULA DE MANDIOCA E GLICEROL, REFORÇADOS COM NANOCELULOSE E ATIVADOS COM PRÓPOLIS VERMELHA SAMANTHA SERRA COSTA Salvador 2013
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMÁCIA

Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos

Mestrado em Ciência de Alimentos

FILMES DE FÉCULA DE MANDIOCA E GLICEROL,

REFORÇADOS COM NANOCELULOSE E ATIVADOS COM

PRÓPOLIS VERMELHA

SAMANTHA SERRA COSTA

Salvador

2013

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SAMANTHA SERRA COSTA

FILMES DE FÉCULA DE MANDIOCA E GLICEROL,

REFORÇADOS COM NANOCELULOSE E ATIVADOS COM

PRÓPOLIS VERMELHA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciência de Alimentos,

Faculdade de Farmácia, Universidade

Federal da Bahia, como requisito para a

obtenção do grau de Mestre em Ciência

de Alimentos.

Orientadora: Professora Dra. Alaíse Gil Guimarães

Co-Orientadora: Professora Dra. Janice Izabel Druzian

Salvador

2013

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Sistema de Bibliotecas da UFBA

Costa, Samantha Serra. Filmes de fécula de mandioca e glicerol, reforçados com nanocelulose e ativados com própolis vermelha / Samantha Serra Costa. - 2013. 125 f.: il. Inclui anexo. Orientadora: Profª. Drª. Alaise Gil Guimarães. Co-orientadora: Profª. Drª. Janice Izabel Druzian. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Farmácia, Salvador, 2013. 1. Alimentos - Embalagens. 2. Agentes antiinfecciosos. 3. Bacillus cereus. 4. Bactérias. I. Guimarães, Alaise Gil. II. Druzian, Janice Izabel. III. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Farmácia. IV. Título. CDD - 664.09 CDU - 664

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AGRADECIMENTOS A Deus, pelo Dom da vida, e pela presença constante em todos os meus caminhos!

A toda minha Família! Meus pais, Jeovan e Tania, meus irmãos, Ariane e Jenilson, e minha sobrinha Tainá, pela presença constante em minha vida!

A minha orientadora prof. Dra. Alaíse Gil Guimarães, não somente por compartilhar todo seu conhecimento, mas pela sua confiança, dedicação e incentivo... Tenho certeza que o mestrado tornou-se mais leve por ter seu apoio!

A minha co-orientadora prof. Janice Druzian por dividir seus conhecimentos, pelo constante incentivo a pesquisa e por acreditar na minha capacidade, me fazendo almejar sonhos mais cada vez mais altos. Sua confiança no nosso trabalho foi fundamental para o sucesso da pesquisa! Muito obrigada!

A minha amiga Andréa Lôbo, por estar ao meu lado nos momentos fáceis e díficies, me incentivando, apoiando, deixando claro que nunca estive sozinha!

As amigas Lidia e Luciana, com as quais divide muitos momentos nesse período. Obrigada por compartilhar comigo as angústias, por transformar momentos díficies em risadas, pelas palavras e pelos infinitos momentos de descontração! Foi ótimo encontrar vocês!

A estagiária Palloma Souza pelo seu empenho e dedicação, fundamentais nesse processo.

A toda equipe do Lapesca pelo apoio, carinho e pelos momentos de descontração, que de forma muito direta contribuíram para realização desse trabalho!

A Luciane (Lu), por fazer mais que seu papel, sendo sempre atenciosa e amiga, uma verdadeira facilitadora do nosso trabalho. Sem você tudo seria muito mais difícil. Muito obrigada mesmo!

A Carol, Jânia, Tamara, Ingrid e Mariana que com todo conhecimento e muita paciência tornaram mais fácil o desenvolvimento desse trabalho. Vocês foram fundamentais!

A todos colegas de mestrado por compartilhar comigo momentos de alegria e dificuldades durante todo período.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação pelos ensinamentos!

À FAPESB pela bolsa de mestrado e a CAPES pelo financiamento do Projeto Nanobiotec- 757/09.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para realização desse trabalho!

Muito obrigada!!!

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ÍNDICE

Introdução Geral ............................................................................................. 16

Referências ..................................................................................................... 18

Objetivos ......................................................................................................... 20

Objetivo Geral .................................................................................................. 20

Objetivos Específicos ....................................................................................... 20

Capítulo I ......................................................................................................... 21

Revisão Bibliográfica ..................................................................................... 21

1- Embalagens de Alimentos ......................................................................... 22

1.1- Filmes Biodegradáveis .............................................................................. 23

1.2- Filmes Ativos ............................................................................................. 24

2- Amido .......................................................................................................... 26

2.1- Estrutura dos Grânulos ............................................................................. 28

2.2- Gelatinização e Retrogradação ................................................................. 30

2.3- Filmes a base de amido ............................................................................ 31

3- Nanocelulose .............................................................................................. 35

4- Glicerol ........................................................................................................ 38

5- Própolis ....................................................................................................... 39

5.1- Composição e Classificação ..................................................................... 39

5.2- Própolis Vermelha ..................................................................................... 42

5.2.1- Atividade Antimicrobiana ........................................................................ 43

5.2.2- Potencial Alergênico............................................................................... 45

Referências ..................................................................................................... 47

Capítulo II ........................................................................................................ 53

Desenvolvimento e avaliação da ação antimicrobiana de filmes de fécula

de mandioca e glicerol, adicionados de nanocelulose e própolis vermelha

......................................................................................................................... 53

Resumo ........................................................................................................... 54

Abstract ........................................................................................................... 55

1-Introdução .................................................................................................... 56

2- Ensaios Preliminares ................................................................................. 57

2.1- Determinação das Concentrações de Fécula de Mandioca e Glicerol ...... 57

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2.2- Interferência da luz UV .............................................................................. 58

2.3- Concentração de Compostos Fenólicos ................................................... 59

2.4- Atividade Antimicrobiana ........................................................................... 59

3- Planejamento Experimental ...................................................................... 60

4- Material e Métodos ..................................................................................... 61

4.1- Obtenção da Nanocelulose (Nw) .............................................................. 61

4.2- Caracterização da Nanocelulose .............................................................. 64

4.2.1- Birrefringência da Supensão de Nanocelulose ...................................... 64

4.2.2- Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM) ...................................... 64

4.2.3- Análise Termogravimétrica (TG) ............................................................ 64

4.3- Obtenção do Extrato de Própolis Vermelha .............................................. 65

4.4- Caracterização do Extrato de Própolis vermelha ...................................... 65

4.4.1- Concentração de Compostos Fenólicos Totais ...................................... 65

4.4.2- Teste de Difusão em Ágar ...................................................................... 66

4.4.3- Análise Termogravimétrica ..................................................................... 67

4.5- Elaboração dos Filmes .............................................................................. 68

4.6- Caracterização dos Filmes ........................................................................ 68

4.6.1- Concentração de Compostos Fenólicos Totais ...................................... 69

4.6.2- Espessura .............................................................................................. 69

4.6.3- Atividade de Água .................................................................................. 69

4.6.4- Umidade ................................................................................................. 69

4.6.5- Solubilidade em Água ............................................................................ 70

4.6.6- Permeabilidade ao Vapor de Água ........................................................ 70

4.6.7- Propriedades Mecânicas ........................................................................ 71

4.6.8- Propriedades Térmicas .......................................................................... 72

4.6.8.1- Análise Termogravimétrica (TG e DTG) .............................................. 72

4.6.9- Colorimetria ............................................................................................ 72

4.6.10- Atividade Antimicrobiana in vitro .......................................................... 72

4.6.11- Atividade Antimicrobiana em Queijo Coalho ........................................ 73

4.7- Análise Estatística ..................................................................................... 74

5- Resultados e Discussão ............................................................................ 75

5.1- Preparação da Nanocelulose .................................................................... 75

5.2- Caracterização da Nanocelulose .............................................................. 75

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5.2.1- Birrefringência da Supensão de Nanocelulose ...................................... 75

5.2.2- Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM) ...................................... 76

5.2.3- Análise Termogravimétrica (TGA) .......................................................... 77

5.3- Extrato de Própolis Vermelha .................................................................... 79

5.4- Caracterização do Extrato de Própolis Vermelha ...................................... 79

5.4.1- Concentração de Compostos Fenólicos Totais ...................................... 79

5.4.2- Teste de Difusão em Ágar ...................................................................... 80

5.4.3- Análise Termogravimétrica (TGA) .......................................................... 83

5.5- Caracterização dos Filmes ........................................................................ 84

5.5.1- Concentração de Compostos Fenólicos Totais ...................................... 84

5.5.2- Espessura .............................................................................................. 86

5.5.3- Atividade de Água, Solubilidade e Umidade .......................................... 89

5.5.5- Permeabilidade ao Vapor de Água ........................................................ 92

5.5.6- Propriedades Mecânicas ........................................................................ 93

5.5.7- Propriedades Térmicas .......................................................................... 98

5.5.7.1- Análise Termogravimétrica (TG e DTG) .............................................. 98

5.5.8- Colorimetria .......................................................................................... 102

5.5.9- Atividade Antimicrobiana in vitro .......................................................... 106

5.5.10- Atividade Antimicrobiana em Matriz Alimentícia ................................. 111

6- Conclusão ................................................................................................. 114

Referências ................................................................................................... 116

Considerações Finais .................................................................................. 123

ANEXO I......................................................................................................... 125

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LISTA DE FIGURAS

Capítulo I ......................................................................................................... 21

Revisão Bibliográfica ..................................................................................... 21

Figura 1 – Esquema de apresentação dos grânulos de amido de trigo (a),

batata (b), milho (c) e mandioca (d) (SANTOS, 2009 apud HOOVER e

MANUEL, 1996). .............................................................................................. 27

Figura 2 – Estrutura da amilose (FENIMAM, 2004). ......................................... 29

Figura 3 – Estrutura da amilopectina (FENIMAM, 2004). ................................. 29

Figura 4 – Estrutura química dos flavonoides (OLDONI, 2007). ...................... 40

Figura 5 – Própolis vermelha (RODRIGUES, 2010). ........................................ 42

Figura 6 - Locais e mecanismos de ação que podem ser sítios para ação de

compostos naturais na célula bacteriana (BURT, 2004). ................................. 43

Capítulo II ........................................................................................................ 53

Desenvolvimento e avaliação da ação antimicrobiana de filmes de fécula

de mandioca e glicerol, adicionados de nanocelulose e própolis vermelha

......................................................................................................................... 53

Figura 1 – Halos de inibição formados pelos filmes para Bacillus cereus e

Staphylococcus aureus, respectivamente. ....................................................... 59

Figura 2 – Fibra de licuri moída utilizada para a obtenção de nanocelulose. ... 61

Figura 3 – Processos de lavagem das fibras.................................................... 62

Figura 4 – Etapa de branqueamento. ............................................................... 63

Figura 5 – Etapas de centrifugação, diálise, banho de ultrassom e solução de

nanocelulose, respectivamente. ....................................................................... 63

Figura 6 – Etapas da obtenção dos extratos de própolis vermelha. ................. 65

Figura 8 – Solução filmogênica dos filmes (a) e filmes após secagem em estufa

(b). .................................................................................................................... 68

Figura 9 – Análise de permeabilidade ao vapor de água dos filmes. ............... 71

Figura 10 – Birrefrigência da nanocelulose de licuri. ........................................ 76

Figura 11 - Micrografia obtida da solução de nanocelulose de licuri com a

presença dos nanocristais. ............................................................................... 76

Figura 12 – Curva TG/DTG para a nanocelulose de licuri. ............................... 77

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Figura 13 – Extratos de própolis vermelha nas concentrações de 0; 0,5; 1; 3; 5;

7 e 10%. ........................................................................................................... 79

Figura 14 – Teste de difusão em discos para Bacillus cereus.......................... 82

Figura 15 – Parede celular de bactérias Gram positivas e Gram negativas

(SILVA, 2009). .................................................................................................. 83

Figura 16 – Curva TG/DTG para a própolis vermelha. ..................................... 84

Figura 17 – Gráfico de pareto para análise de compostos fenólicos totais. ..... 85

Figura 18 – Gráfico de pareto para análise de espessura dos filmes. .............. 87

Figura 19 – Gráfico de pareto e superfície de resposta para a análise de

Atividade de água. ............................................................................................ 90

Figura 21 – Gráfico de pareto para análise de solubilidade em água. ............. 91

Figura 22 – Gráfico de pareto da análise de permeabilidade ao vapor de água.

......................................................................................................................... 92

Figura 23 – Gráficos de pareto das propriedades mecânicas dos filmes. ........ 94

Figura 26 – Curvas DTG das formulações dos filmes. ................................... 100

Figura 27 – Curvas TG e DTG do amido de mandioca. ................................. 101

Figura 28 – Curvas TG e DTG do glicerol. ..................................................... 101

Figura 29 - Curvas de DTG dos constituintes dos filmes. .............................. 102

Figura 30 – Gráfico de pareto e superfície de resposta do parâmetro L* de cor.

....................................................................................................................... 104

Figura 31 – Gráficos de pareto para os parâmetros de cor a* e b* dos filmes.

....................................................................................................................... 105

Figura 32 – Coloração das formulações dos filmes. ....................................... 105

Figura 33 – Gráfico de pareto e superfície de resposta do teste in vitro sobre

Staphylococcus aureus. ................................................................................. 107

Figura 34 – Gráfico de pareto e superfície de resposta do teste in vitro sobre

Listeria monocytogenes. ................................................................................ 108

Figura 35 – Gráfico de pareto e superfície de resposta do teste in vitro sobre

Bacillus cereus. .............................................................................................. 109

Figura 36 – Correlação linear entre os diâmetros de inibição e a concentração

de própolis de de compostos fenólicos dos filmes. ........................................ 110

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Figura 37 – Amostras de queijo submetidas ao teste de atividade

antimicrobiana. Em (a), queijo exposto, (b) embalado no polietileno, em (c)

embalado no filme controle e em (d) embalado no filme com própolis. .......... 112

Figura 38 – Eficácia antimicrobiana do filme ativo reforçado selecionado (F9)

sob queijo coalho embalado ao longo de 28 dias de armazenamento a 7ºC, em

função da contagens de estafilococs coagulase positiva. .............................. 113

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LISTA DE TABELAS

Capítulo I ......................................................................................................... 21

Revisão Bibliográfica ..................................................................................... 21

Tabela 1 – Classificação da própolis de acordo com o teor de flavonoides

(BRASIL, 2001). ............................................................................................... 41

Tabela 2 – Requisitos físico-químicos exigidos pela Legislação Brasileira para

amostras de própolis (BRASIL, 2001). ............................................................. 41

Capítulo II ........................................................................................................ 53

Desenvolvimento e avaliação da ação antimicrobiana de filmes de fécula

de mandioca e glicerol, adicionados de nanocelulose e própolis vermelha

......................................................................................................................... 53

Tabela 1 – Concentrações de fécula e glicerol utilizadas nos testes de

formação dos filmes. ........................................................................................ 58

Tabela 2 – Valores codificados e reais das variáveis independentes estudadas

no DCCR. ......................................................................................................... 60

Tabela 3 – Diâmetros médios de inibição (cm) obtidos no teste de difusão em

poços, utilizando extratos alcoólicos de própolis em diferentes concentrações.

......................................................................................................................... 80

Tabela 4 – Diâmetros médios (cm) de inibição encontrados para o teste com

Bacillus cereus, utilizando o método de difusão em discos e em poços. ......... 81

Tabela 5 - Médias (± desvio padrão) das análises de caracterização das

formulações dos filmes e do controle (sem própolis). E (espessura); aw

(atividade de água); U (umidade-%), Compostos fenólicos totais (mg AG/g de

filme), S (solubilidade em água-%) e TPVA (permeabilidade ao vapor de água -

gH2O.μm/m2.h.mmHg). ................................................................................... 88

Tabela 6 – Valores do módulo de elasticidade, tensão de ruptura e da

deformação de todas as formulações. ............................................................. 95

Tabela 7 – Parâmetros da análises de TG: Tonset (temperatura de inicio da

degradação), Td (temperaturas de degradação e perda de massa (%). .......... 99

Tabela 8 - Parâmetros de cor dos filmes de amido e glicerol, incorporados com

diferentes concentrações de nanocelulose e própolis vermelha (Média ± desvio

padrão). .......................................................................................................... 103

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Tabela 9 – Halos médios de inibição encontrados sobre os micro-organismos

avaliados. ....................................................................................................... 106

Tabela 10 - Equações do modelo e R2 (coeficiente de determinação) para as

análises de atividade antimicrobiana dos filmes sobre Staphylococcus aureus,

Listeria monocytogenes e Bacillus cereus, X= própolis e Y= Nanocelulose. . 110

Tabela 11 – Contagens de estafilococos coagulase positiva das amostras de

queijo coalho embaladas no filme com própolis e os controles. ..................... 112

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RESUMO

Filmes biodegradáveis amtimicrobianos são filmes obtidos a partir de polímeros naturais, adicionados de agentes que têm como objetivo aumentar a vida de prateleira dos alimentos quando em contato com o produto acondicionado. Dentre os polissacarídeos utilizados para produção desses filmes, o amido tem sido estudado devido a sua grande disponibilidade, baixo custo e capacidade de formar filmes facilmente. Apesar dessas características, os filmes de amido enfrentam como principal problema para sua utilização, a baixa resistência mecânica, comum aos filmes biodegradáveis. Com isso, têm sido realizados estudos que visem a incorporação de nanomateriais, como a nanocelulose, que melhoram as propriedades mecânicas dos filmes. Entre os agentes antimicrobianos adicionados aos filmes para torna-los ativos, têm-se um interesse acentuado pelos produtos naturais, como os extratos de própolis brasileira. Das variedades de própolis, a vermelha se destaca pelos elevados teores de compostos fenólicos. Com isso, o objetivo do trabalho é desenvolver, caracterizar e verificar a eficiência antimicrobiana de filmes elaborados à base de amido e glicerol, reforçados com nanocelulose e incorporados com própolis vermelha como agente antimicrobiano. Para elaboração dos filmes, foram realizados ensaios com concentrações fixa de fécula (4%) e glicerol (1%), e com concentrações de nanocelulose entre 0 e 1%, e própolis vermelha entre 0,4 e 1%, de acordo com o planejamento experimental (11 formulações). Os filmes foram obtidos pelo processo casting, e caracterizados através de análises físico-químicas, térmicas e de barreira. A ação antimicrobiana dos filmes foi avaliada in vitro através do teste de difusão em ágar, sendo que também foi avaliada a eficácia antimicrobiana dos filmes como embalagem de queijo coalho. A nanocelulose foi extraída da fibra de licuri. A presença dos nanocristais aumentou á resistência á tração dos filmes e o módulo de elasticidade dos filmes, e reduziu a atividade de água, solubilidade e a permabilidade ao vapor de água dos filmes. As curvas de TG/DTG dos filmes apresentaram dois eventos de decomposição, para todas formulações. Comparando-se as curvas TG dos filmes com as dos seus constituintes observa-se que o perfil de degradação foi alterado, embora seja semelhante ao do amido, seu constituinte principal. Todas as formulações tiveram ação antimicrobiana sobre as bactérias estudadas nos testes in vitro, sendo que para as formulações sem própolis não houve formação de halos de inibição. Os resultados obtidos para contagem de Estafilococos Coagulase Positiva durante os 28 dias de armazenamento do queijo coalho demonstraram que o filme com própolis provocou a redução de 1 ciclo logarítmico na contagem desses micro-organismos, quando comparados com todos os controles. Os resultados obtidos indicam que os filmes podem ser uma alternativa competitiva para redução no uso de filmes sintéticos no acondicionamento de alguns alimentos, podendo exercer um efeito antimicrobiano. A estrutura dos nanocristais de celulose conferem não somente alta resistência aos filmes, mas também mudanças significativas em algumas de suas propriedades que são importantes para indústria de alimentos.

Palavras-chaves: Embalagens; Teste de difusão; filmes biodegradáveis.

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ABSTRACT

Active biodegradable films are films made from natural polymers, added agents that aim to increase the shelf life of foods when in contact with the packaged product. Among the polysaccharides used for production of these films, the starch has been studied because of its wide availability, low cost and ability to form films easily. Despite these characteristics, the films of starch as the main problem to face its use, low mechanical strength, common to biodegradable films. Thus, studies have been conducted aiming to incorporate nanomaterials such as nanocelulose, which improve the mechanical properties of the films. Among the antimicrobial agents added to movies to make them active, have a strong interest for natural products such as extracts of Brazilian propolis. Varieties of propolis, the red stands for the high levels of phenolic compounds. Thus, the objective is to develop, characterize and verify the effectiveness of antimicrobial films prepared starch-based and glycerol reinforced nanocelulose and incorporated with propolis as an active agent. For the preparation of films, tests were performed with concentrations of starch fixed (4%) and glycerol (1%), and nanocelulose concentrations between 0 and 1% propolis and from 0.4 to 1%, according to the experimental design (11 formulations). The films were obtained by casting process, and characterized by physico-chemical, thermal and barrier. The antimicrobial activity of the films was evaluated in vitro by the disk diffusion test, and also the efficacy of antimicrobial packaging films like cheese curds. The extracted fiber nanocelulose licuri. The presence of nanocrystals increased the tensile strength of the films and the elastic modulus of the films, and reduced water activity, solubility and water vapor permabilidade films. The curves of TG / DTG films showed two events of decomposition, for all formulations. Comparing the curves of the films to the TG of its constituents is observed that the degradation profile was altered, although it is similar to starch their main constituent. All formulations had antimicrobial activity on bacteria studied in vitro tests, whereas for formulations without propolis no formation of inhibition zones. The results obtained for coagulase positive staphylococci count during 28 days storage the cheese curd showed that the film with propolis, a decrease of one log cycle in the count of these microorganisms, when compared with all controls. The results indicate that the films can be a competitive alternative to reduce the use of synthetic films in the packaging of some foods, may exert an antimicrobial effect. The structure of cellulose nanocrystals confer not only high resistance to films, but also significant changes in some of its properties that are important for the food industry. Keywords: Package; Diffusion test; biodegradable films.

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Introdução Geral

A indústria alimentícia procura desenvolver produtos com qualidade e

segurança para atender a um mercado consumidor cada vez mais exigente.

Assim, além da aplicação de boas práticas higiênico-sanitárias, é necessário o

acondicionamento do produto em embalagens adequadas para proteger e

conservar o alimento durante as fases de estocagem e comercialização,

assegurando ao consumidor a aquisição de um produto saudável (WEN-XIAN

DU et al., 2011).

Entre os principais tipos de embalagens para os alimentos estão os

filmes plásticos flexíveis, os quais apresentam excelentes propriedades

mecânicas e de barreira a gases e vapor de água. Entretanto, estes não são

facilmente reutilizáveis ou biodegradáveis permanecendo na natureza em

quantidades cada vez maiores (HABIBI et al., 2010; VEIGA-SANTOS et al.,

2007).

Ultimamente, inúmeros estudos vêm sido realizados no sentido de

proporcionar embalagens alternativas como os filmes biodegradáveis, obtidos a

partir de materiais agrícolas renováveis, como o amido. Os filmes a base de

amido são transparentes, atóxicos, possuem moderada permeabilidade ao

oxigênio e baixa barreira à umidade (HOLT et al., 2010). No entanto, a baixa

resistência mecânica e a sua alta sensibilidade a água restringe a utilização

desses filmes, especialmente em alimentos com alta umidade.

Nesse contexto, tem sido realizadas pesquisas buscando incorporar nas

matrizes biodegradáveis, nanopartículas orgânicas, como a nanocelulose, que

podem melhorar as propriedades mecânicas dos filmes (HABIBI et al., 2010;

HOLT et al., 2010). Essas nanopartículas podem ser obtidas de diferentes

fontes de fibras naturais como algodão, madeira, sisal, bambu, coco e bagaço

de cana-de-açúcar, entre outros (SILVA et al., 2012).

Além da possibilidade da aditivar filmes biodegradáveis com

nanopartículas, existe a tendência de aditivá-los com compostos bioativos,

resultando em filmes ativos reforçados mecanicamente com manutenção da

biodegradabilidade. Os filmes antimicrobianos e antioxidantes, por exemplo,

podem controlar o desenvolvimento de espécies específicas de micro-

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organismos e aumentar a estabilidade oxidativa dos produtos embalados,

respectivamente (KECHICHIAN et al., 2010; PELISSARI et al., 2009; WEN-

XIAN DU et al., 2011).

A demanda por ingredientes naturais antimicrobianos tem crescido

porque os consumidores estão mais conscientes sobre o risco potencial para a

saúde associados ao consumo de componentes sintéticos, apesar de sua

eficiência (CAREAGA et al, 2003; CHOI et al, 2006; MATAN et al, 2005;

MOREIRA et al., 2005).

Existem vários ingredientes naturais que apresentam atividade

antimicrobiana e antioxidante, tais como: canela (MATAN et al, 2005); pimenta

(CAREAGA et al, 2003); café (DAGLIA et al., 1998); mel (MUNDO et al., 2004),

e extrato de própolis (CHOI et al, 2006). Desses, a própolis vermelha tem

grande potencial para ser adicionado as embalagens, já que sua elevada

atividade antimicrobiana foi confirmada em diversos estudos. Filmes

biodegradáveis adicionados de própolis já foram desenvolvidos (BODINI, 2011;

CORRÊA, 2011), entretanto, geralmente, apresentaram propriedades

mecânicas insatisfatórias.

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Referências

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Objetivos

Objetivo Geral

Desenvolver filmes flexíveis, utilizando uma matriz polimérica de fécula

de mandioca plastificada com glicerol, incorporados ou não com nanocelulose

e extrato de própolis vermelha, avaliando a eficácia da incorporação da

nanocelulose como reforço nas propriedades mecânicas, físico-químicas e de

barreira dos filmes obtidos, assim como o efeito da incorporação da própolis na

sua eficiência antimicrobiana.

Objetivos Específicos

1. Desenvolver filmes à base de fécula de mandioca e glicerol,

reforçado com nanocelulose e incorporado com própolis vermelha;

2. Verificar a atividade antimicrobiana do extrato de própolis

vermelha sobre diferentes micro-organismos;

3. Avaliar o uso da nanocelulose de licuri como reforço mecânico,

quando incorporados a matriz polimérica de fécula de mandioca por meio

de ensaios mecânicos de tração;

4. Avaliar a capacidade dos filmes resultantes desta pesquisa ser

utilizado como embalagens para alimentos, por meio das suas

propriedades físico-químicas, térmicas e de barreira;

5. Verificar a ação antimicrobiana, in vitro, dos filmes sobre Bacillus

cereus, Listeria monocytogenes e Staphylococcus aureus;

6. Verificar a ação antimicrobiana dos filmes, como embalagem do

queijo coalho

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Capítulo I

Revisão Bibliográfica

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1- Embalagens de Alimentos

A conservação de alimentos exige, normalmente, tratamentos físicos ou

químicos para manter ou aumentar a sua vida de prateleira. A utilização de

embalagem, rígida ou flexível, é imprescindível na manutenção da qualidade

dos produtos alimentícios, visto que esta tem que agir como uma barreira entre

o ambiente externo e o alimento sem afetá-lo. A adequação da embalagem ao

produto depende de fatores inerentes ao produto, como teor de lipídeos,

textura, pH e teor de umidade, e de características da embalagem, tais como,

permeabilidade ao vapor de água, transmitância a luz, entre outras (SILVEIRA,

2005).

Novas embalagens vêm sendo desenvolvidas, com funções especiais,

com destaque para as embalagens ativas e inteligentes. As embalagens

inteligentes são aquelas que monitoram as condições do alimento

acondicionado ou do ambiente externo à embalagem, comunicando-se com o

consumidor. Enquanto que, as embalagens ativas são aquelas que interagem

de maneira intencional com o alimento, visando melhorar algumas das suas

características (HAN et al., 2005).

Alguns sistemas de embalagens ativas já foram desenvolvidos e

encontram aplicação em produtos disponíveis no mercado. As mais

importantes concepções de embalagens ativas são os polímeros

antimicrobianos, os absorvedores de oxigênio e de etileno, os liberadores de

CO2 e as enzimas imobilizadas em suportes poliméricos (SILVEIRA, 2005).

Atualmente, a maioria das embalagens são produzidas a partir de

materiais sintéticos (plásticos), que apesar de possuírem excelentes

propriedades funcionais, não são facilmente reutilizáveis ou biodegradáveis,

permanecendo no ambiente por muitos anos e em quantidades cada vez

maiores, provocando danos ao meio ambiente (VICENTINI, 2003).

Com isso, houve um aumento no interesse e na necessidade do

desenvolvimento de embalagens biodegradáveis, que possam substituir ou

reduzir o descarte de materiais não renováveis no ambiente, que levam

milhares de anos para serem degradados (GONTARD e GUILBERT, 1996).

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Uma das soluções encontradas para amenizar este problema,

particularmente na área de embalagens de alimentos, é o desenvolvimento de

filmes ou bioplásticos a partir de fontes renováveis que possam substituir os

materiais sintéticos. Os bioplásticos são preparados a partir de materiais

biológicos, que agem como barreira aos elementos externos e,

consequentemente, podem proteger os produtos e aumentar sua vida de

prateleira (KESTER e FENNEMA, 1986).

1.1- Filmes Biodegradáveis

Nos últimos anos, tem crescido o interesse em substituir os filmes

sintéticos por materiais biodegradáveis. O crescente interesse em melhorar a

qualidade do meio ambiente, aliado ao acúmulo de lixo não biodegradável, tem

incentivado pesquisas em todo o mundo no sentido de incrementar e

desenvolver embalagens biodegradáveis provindas de fontes renováveis.

(MACHADO, 2011).

Os filmes são estruturas utilizadas para envolver os produtos, sendo

denominados como biodegradáveis, quando são completamente degradados

por micro-organismos (BERTAN, 2003).

Os filmes são geralmente utilizados em alimentos com a finalidade de

proteção, inibindo ou minimizando a permeação de umidade, oxigênio, dióxido

de carbono, aromas e a migração de lipídeos, podendo, também, carregar

compostos antimicrobianos, proporcionando o aumento da vida de prateleira do

produto (MOURA, 2008).

As formulações de filmes comestíveis e/ou biodegradáveis devem incluir

pelo menos um componente capaz de formar uma matriz adequada, coesa

continua e aderente, onde estão envolvidas a utilização de diversos

componentes, cada qual com a sua finalidade específica. Tais formulações são

constituídas de pelo menos um agente formador de filme (macromoléculas),

solvente (água, etanol, água/etanol, entre outros) e um plastificante (glicerol,

sorbitol, entre outros) (BERTAN, 2003).

Os componentes macromoleculares são classificados em três

categorias: polissacarídeos, lipídeos e proteínas. Os polissacarídeos

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apresentam boas propriedades para formação dos filmes, sendo eficientes

barreiras contra óleos e lipídeos. Os filmes à base de lipídios apresentam boas

propriedades de barreira ao vapor de água. Entretanto, apresentam pouca

resistência mecânica (força e resistência). Já os filmes à base de proteínas são

considerados melhores barreiras ao oxigênio que muitos filmes sintéticos

(RIGO, 2006).

Os filmes podem ser heterogêneos em natureza, constituindo de

misturas de polissacarídeos, proteínas e/ou lipídios, permitindo utilizar

vantajosamente as distintas características funcionais de cada classe de filme

formado (MOURA, 2008).

Para a formação dos filmes, pode ser utilizado o método de secagem por

moldagem, onde a suspensão formadora de filme é depositada sobre um

molde ou superfície e, posteriormente, seca, geralmente em estufas ou

secadores de bandeja (MOURA, 2008).

1.2- Filmes Ativos

As embalagens ativas são aquelas que interagem de maneira desejável

com o alimento, visando melhorar algumas das suas características físico-

químicas, microbiológicas e/ou sensoriais. Vários sistemas de embalagens

ativas têm sido desenvolvidos, entre os quais se destacam os filmes ativos que

possuem atividade antimicrobiana e antioxidante, e que surgem como uma

alternativa para o aumento da vida de prateleira dos produtos, com uma

redução no uso de aditivos e substâncias químicas (SOARES et al., 2009).

A embalagem antimicrobiana é uma forma de embalagem ativa que

pode aumentar a vida de prateleira dos produtos, além de fornecer maior

segurança aos consumidores. Os filmes antimicrobianos são filmes de resinas

sintéticas ou naturais, adicionados de agentes que têm como objetivo retardar

ou inibir o crescimento de micro-organismos quando em contato com o produto

acondicionado. A eficiência destes filmes pode ser devido a migração do

agente antimicrobiano para a superfície do alimento, ou podem atuar apenas

pelo contato do agente antimicrobiano com o alimento (MELO et al., 2006).

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O uso de filmes contendo agentes antimicrobianos apresenta vantagens

sobre os métodos tradicionais de adição direta dos conservantes nos

alimentos. A tecnologia baseia-se no fato de que, na maioria dos alimentos

sólidos e semi-sólidos, o crescimento microbiano é superficial, daí um maior

contato entre o produto e o agente antimicrobiano. Vários compostos naturais e

sintéticos tem tido seu potencial antimicrobiano analisado dentro deste

contexto. Dentre os filmes incorporados com antimicrobianos, há grande

interesse pelos obtidos diretamente de material natural, por se tratar de um

filme biodegradável (MORAES et al., 2007).

Pesquisas vêm sendo realizadas com o objetivo de incorporar

substâncias antimicrobianas e antioxidantes a diferentes suportes poliméricos

(CHOI et al., 2004; LEE et al., 2004; MORAES et al., 2007), obtendo filmes

ativos, para aumentar a segurança, manter a qualidade e prolongar a vida de

prateleira dos alimentos. Esses filmes podem ser obtidos mediante fusão ou

solubilização em solvente (processo casting) do composto ativo no suporte

polimérico, sendo o método por solubilização o mais adequado quando se trata

de compostos sensíveis ao calor.

Moraes et al. (2011) desenvolveram filmes ativos com a adição de ácido

sórbico e de aroma de pizza, para aplicação em massa de pastel. Os

resultados demonstraram que esses filmes apresentaram atividade antifúngica,

sendo que essa atividade foi maior quando o composto aromático foi

incorporado. A presença do aroma de pizza também contribuiu para o aumento

da aceitação sensorial dos produtos, demonstrando que o desenvolvimento dos

filmes é uma alternativa para o aumento da qualidade das massas de pastel.

Moraes et al. (2007) também utilizaram o ácido sórbico como substância

ativa em filmes de base celulósica para conservação de manteiga. No trabalho

foram desenvolvidos filmes nas concentrações de 0% (controle) e 7% de ácido

sórbico, avaliando a redução da carga microbiana da manteiga durante o

armazenamento. Foi observada uma redução de 2 ciclos logaritmos na

contagem de bolores e leveduras no produto embalado com o filme

incorporado com ácido sórbico, mostrando eficiência na redução dos micro-

organismos estudados.

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A eficiência de filmes ativos também foi avaliada por Melo (2010), que

incorporou óleo essencial de alecrim em filmes a base de acetato de celulose,

e avaliou a atividade antimicrobiana dos filmes utilizados como embalagens de

carne de frango resfriada. Os filmes foram obtidos pelo processo casting, e o

óleo foi adicionado nas concentrações de 10, 20, 30, 40 e 50%. Os resultados

sugeriram que os filmes tiveram atividade antimicrobiana sobre os micro-

organismos avaliados, sendo que não houve diferença significativa entre os

resultados obtidos para filmes nas concentrações de 20, 30, 40 e 50% de óleo.

2- Amido

O amido é carboidrato de reserva de várias plantas, ocorrendo nos

cloroplastos das folhas e nos amiloplastos dos órgãos de reserva (sementes,

tubérculos, raízes e rizomas). O amido é sintetizado nas células de cada

planta, onde adquirem tamanhos e forma prescritos pelo sistema biossintético

das plantas e pelas condições físicas impostas pelo contorno do tecido. Ocorre

sob forma de grânulos que ao microscópio são mais ou menos brilhantes,

apresentando forma e dimensões que variam de acordo com sua origem

(VICENTINI, 2003).

Pela Legislação Brasileira (BRASIL, 1978), esses polissacarídeos de

reserva são denominados de fécula ou amido, onde fécula refere-se à

substância amilácea extraída das raízes, tubérculos e rizomas e amido às

extraídas dos grãos de cereais. Em relação às propriedades gerais, denomina-

se simplesmente amido.

Os grânulos de amido apresentam certo grau de organização molecular,

o que confere aos mesmos um caráter parcialmente cristalino, ou

semicristalino, com graus de cristalinidade que variam de 20 a 45%

(VICENTINI, 2003).

O tamanho, a forma e a estrutura dos grânulos de amido variam,

substancialmente, entre as fontes botânicas. Os diâmetros dos grânulos podem

variar de menos de 1μm a mais do que 100μm, e os formatos podem ser

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esférico, ovoide e angular ou ainda podem apresentar-se bastante irregulares

(THOMAS e ATWELL, 1999).

Na Figura 1, estão representados os grânulos de amido de trigo, de

batata, de milho e de mandioca, onde se percebe diferenças entre os tamanhos

e as formas dos grânulos (SANTOS, 2009).

Figura 1 – Esquema de apresentação dos grânulos de amido de trigo (a), batata (b), milho (c) e mandioca (d) (SANTOS, 2009 apud HOOVER e

MANUEL, 1996).

Os grânulos de amido são constituídos em grande parte por

carboidratos, no entanto, substâncias como lipídios, proteínas, cinzas, fibras

estão presentes em sua composição. A quantidade destes constituintes no

amido depende da composição da planta, sendo que quanto menor o teor

destas substâncias, melhor a qualidade do amido (THOMAS e ATWELL, 1999).

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Depois dos carboidratos, os lipídios são relatados como a fração mais

importante associada ao grânulo de amido. Eles não são facilmente removidos

dos grânulos durante o processo de extração, permanecendo no amido, sendo

responsáveis pela fixação da cor e desenvolvimentos de aroma. Os amidos de

cereais possuem teores de lipídios mais elevados do que os amidos de

tuberosas, sendo, por isso, menos neutros e mais sujeitos a complexações

(MOURA, 2008).

Pesquisando amidos de mandioquinha-salsa e batata-doce, Cereda e

Leonel (2002), encontraram teores de lipídios de 0,13% e 0,14%

respectivamente, enquanto que em amido de gengibre, os autores encontraram

teores de lipídios de 0,24%, sendo que os mais baixos foram encontrados no

amido de gengibre, que não passou de 0,1%. Segundo Moorthy (2002), os

amidos de raízes e tubérculos são geralmente caracterizados pelo seu baixo

teor de lipídios (<1%), não tendo um efeito pronunciado nas propriedades

funcionais quando comparado aos amidos de cereais.

2.1- Estrutura dos Grânulos

O grânulo de amido é formado principalmente por dois polímeros de

glicose: a amilose e a amilopectina. Esses polímeros não existem livres na

natureza, estando presentes de forma agregada nos grânulos de amido. A

funcionalidade dos amidos está diretamente relacionada a essas duas

macromoléculas e também a organização física das mesmas, dentro da

estrutura granular (FENIMAN, 2004). Os teores em que essas substâncias

aparecem variam em função da origem botânica do amido (VICENTINI, 2003).

A amilose é um polímero essencialmente linear composto quase que

completamente de ligações α (1-4) de D-glucopiranose (Figura 2). A amilose

possui peso molecular de 105 a 106 unidades e com um número de resíduos de

glicose por molécula que varia de 500 a 5000. As moléculas de amilose tendem

a formar estruturas helicoidais, existindo evidências de que esta se apresenta

com uma dupla hélice em solução e que pode existir nesse estado nos

grânulos de amido (FENIMAM, 2004).

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Figura 2 – Estrutura da amilose (FENIMAM, 2004).

A amilopectina é definida como uma grande molécula altamente

ramificada. É formada por ligações glicosídicas α(1→4) e α(1→6),

responsáveis pela estrutura ramificada (Figura 3). A molécula de amilopectina é

mais compacta que a da amilose, acarretando menor facilidade de penetração

de água e de enzimas, sendo, portanto, mais resistente ao processo de

hidrólise. Ela esta presente em todos os amidos conhecidos, constituindo em

torno de 75% dos amidos mais comuns e possui peso molecular de 107 a 109

unidades, dependendo da sua origem (FENINAM, 2004).

Figura 3 – Estrutura da amilopectina (FENIMAM, 2004).

A aplicação do amido na produção de filmes se baseia nas propriedades

químicas, físicas e funcionais da amilose para formar géis e na sua capacidade

para formar filmes. As moléculas de amilose em solução, devido à sua

linearidade, tendem a se orientar paralelamente, aproximando-se o suficiente

para que se formem ligações de hidrogênio entre hidroxilas de polímeros

adjacentes. Como resultado, a afinidade do polímero por água é reduzida,

favorecendo a formação de pastas opacas e filmes resistentes (OLIVATO et al.,

2006).

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As moléculas de amilopectina são responsáveis pela expansão do

grânulo em meio aquoso, já que possui grande capacidade de retenção de

água. Assim, devido ao aumento esférico as moléculas de amilopectina não

têm tendência à recristalização e, portanto, possuem elevado poder de

retenção de água (MOURA, 2008).

2.2- Gelatinização e Retrogradação

Para a obtenção de um material termoplástico a base de amido, sua

estrutura granular semicristalina precisa ser destruída para dar origem a uma

matriz polimérica homogênea e essencialmente amorfa. Os fenômenos que

possibilitam a destruição da organização dos grânulos de amido para obtenção

de uma nova conformação são a gelatinização e a retrogradação (MALI et al.,

2010).

A gelatinização é a transformação irreversível do amido granular em

uma pasta viscoelástica, fenômeno que acontece na presença de excesso de

água e leva à destruição da cristalinidade e da ordem molecular do grânulo

através do rompimento das ligações de hidrogênio que, inicialmente,

mantinham a integridade deste. O processo de gelatinização exige uma

combinação de disponibilidade de água e temperatura adequada e inicia-se

com a transformação ocasionada na suspensão aquecida até certo limite,

levando a ligeiro entumecimento dos grânulos (MALI et al., 2010).

Medcalf (1973) caracteriza a geleificação, entre as propriedades

reológicas do amido, como sendo a relação entre o amido e água em excesso,

sob condições de aquecimento. Com o aumento da temperatura, ocorre

rompimento da estrutura do grânulo, extravasando os seus constituintes

(amilose e amilopectina) que se transformam em um substância gelatinosa,

denominada gel de amido. Admite-se que o gel é formado pela amilopectina,

retendo em sua estrutura a amilose. A temperatura na qual se dá a geleificação

varia com a fonte botânica do amido.

Após a gelatinização, com o resfriamento, ocorre a retrogradação do

amido, onde as moléculas de amido podem começar a se reassociar através

de ligações de hidrogênio, favorecendo a formação de uma estrutura maior e

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mais ordenada, que, sob condições favoráveis, pode formar uma estrutura

novamente cristalina (FRANCO et al., 2001).

O nome retrogradação é dado porque o amido volta à sua condição de

insolubilidade em água fria. Considera-se que a retrogradação se origina da

tendência das moléculas ou de grupos de moléculas, de amido dissolvido, se

unir umas às outras através de pontes de hidrogênio, dando formação a

partículas de maior tamanho, numa tentativa de cristalização de moléculas

grandes e pesadas que, por essa razão, precipitam (FRANCO et al, 2001).

As mudanças que ocorrem nos grânulos de amido durante a

gelatinização e retrogradação são os principais determinantes do

comportamento das pastas de amido, fundamentais para elaboração de filmes

(MALI et al., 2010).

2.3- Filmes a base de amido

Os filmes de amido estão entre os primeiros filmes biodegradáveis e

comestíveis obtidos por serem uma alternativa mais viável economicamente às

resinas tradicionais e por advirem de fontes renováveis. A microestrutura e as

propriedades dos filmes de amido irão depender do tipo de material utilizado

para a sua produção. A aplicação do amido na produção de filmes se baseia

nas propriedades químicas, físicas e funcionais da amilose para formar géis e

na sua capacidade para formar filmes (MALI et al., 2010).

Os filmes de amido são caracterizados por serem insolúveis e

impermeáveis a lipídios, podendo ser empregados como embalagens de

alimentos com altos teores de lipídios sem qualquer alteração de sua estrutura.

Além disso, os filmes possuem moderada permeabilidade ao oxigênio, baixa

barreira à umidade e baixa resistência mecânica (OLIVATO et al., 2006),

podendo apresentar-se quebradiços representando assim um problema para a

sua aceitação no mercado. Com isso, substâncias, como os plastificantes,

devem ser adicionados aos filmes para melhorar suas propriedades mecânicas

(VEIGA e DRUZIAN, 2007).

A espessura é uma das características que mais influencia as

propriedades mecânicas, principalmente a força na perfuração, e a

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permeabilidade ao vapor de água de filmes hidrofílicos, como os de amido. Ela

depende largamente da viscosidade da solução filmogênica. Quanto maior as

espessuras, mais resistentes à perfuração são os filmes e maior a sua

permeabilidade ao vapor de água (MALI et al., 2010).

As propriedades mecânicas dos filmes de amido podem ser

consideradas as mais restritivas, pois, em geral, estes materiais devem ser

resistentes à ruptura e à abrasão, para proteger e reforçar a estrutura dos

alimentos e, ainda, devem ser flexíveis, para adaptar-se a possíveis

deformações sem se romper. Elas dependem fortemente da formulação

(macromolécula, solvente, plastificante) e do processo de obtenção (MOURA,

2008).

Dentro da formulação, o teor de plastificante é um importante fator capaz

de alterar o perfil de propriedades mecânicas de um filme de amido. Filmes de

amido sem plastificantes são resistentes e elásticos e, à medida que se

aumenta o teor de plastificante, estes materiais se tornam mais flexíveis e

deformáveis e menos resistentes (BADER e GORITZ, 1994).

As propriedades mecânicas dos filmes de amido podem ser medidas

através de testes de perfuração, tração e relaxação. Nos testes de perfuração,

uma sonda cilíndrica desce perpendicularmente à superfície do filme, que está

fixado sobre um suporte de medida, até que ocorra o rompimento da amostra;

são medidas a força e deformação na ruptura através dos gráficos de força

versus deslocamento. As propriedades de tração são as mais relatadas e

expressam a resistência do material ao alongamento e ao rompimento, quando

submetido à tração. Dentre as propriedades de tração mais estudadas estão a

resistência máxima à tração, o alongamento na ruptura e o módulo de

elasticidade ou de Young (MALI et al., 2010).

Entre as propriedades de barreira estão a permeabilidade ao vapor de

água e a gases. A permeabilidade ao vapor de água é a medida da facilidade

com que um material pode ser penetrado pelo vapor de água. Essa

propriedade, nos filmes hidrofílicos como os de amido, é influenciada pela

umidade e pela temperatura a que são submetidos os filmes. Ao se aumentar a

umidade, produz-se um inchamento excessivo da matriz polimérica, que leva a

um incremento na difusão das moléculas de água e, consequentemente,

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diminui as propriedades de barreira destes materiais. Com o aumento da

temperatura, a permeabilidade ao vapor de água também aumenta, e estas

variações são dependentes do teor de umidade do material (DONHOWE e

FENNEMA, 1994).

A permeabilidade a gases dos filmes de amido também é influenciada

pela atividade de água e pela temperatura de forma similar a permeabilidade

ao vapor d’água. De uma forma geral, os filmes formados por proteínas e

polissacarídeos apresentam boas propriedades de barreira ao oxigênio,

principalmente sob condições de baixa umidade relativa. Em algumas

condições, estes filmes podem ter permeabilidade tão baixa quanto filmes de

polietileno (MALI et al., 2010).

A solubilidade dos filmes biodegradáveis em água também é uma

característica de grande importância, uma vez que a grande maioria dos filmes

biodegradáveis, elaborados a partir de carboidratos, como o amido, possui

grande afinidade com a água (MOURA, 2008).

A obtenção de filmes a partir do amido é baseada na sua gelatinização,

que ocorre com aquecimento a 70ºC, seguido de resfriamento, ocorrendo,

então, a retrogradação, com consequente formação de um filme transparente,

com alto brilho, atóxico e de baixo custo (VEIGA e DRUZIAN, 2007).

Os filmes podem ser obtidos pela técnica casting, onde, após a

gelatinização térmica dos grânulos em excesso de água, a amilose e

amilopectina se dispersam na solução aquosa e, durante a secagem, se

reorganizam, formando uma matriz contínua que dá origem aos filmes.

Segundo Bader e Goritz (1994), a espessura e a estrutura cristalina dos filmes

de amido são fortemente influenciadas pelas condições de secagem dos filmes.

De acordo com Sobral (2000), quando se produzem filmes por casting,

deve ser feito um controle rigoroso da forma do suporte e do nível da estufa,

para evitar diferenças na espessura provocadas por desníveis durante a

secagem, que interferem nas propriedades mecânicas e de barreira dos filmes.

Para elaboração dos filmes de amido, a técnica casting tem sido a mais

empregada e discutida nas pesquisas, mostrando bons resultados dentro do

âmbito laboratorial. Porém, para a produção em escala industrial, apresenta

algumas desvantagens, como tempo de processo e custo elevados, esta última

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em função do grande gasto energético para a secagem dos filmes. Alguns

estudos vêm sendo realizados utilizando o processo de extrusão, comumente

utilizado em escala industrial, com as vantagens de rapidez e menores custos

de produção (MALI et al., 2010).

A biodegradabilidade de alguns filmes a base de amido já foram

confirmadas em diversos estudos. Machado (2011) relatou uma perda de

massa de 80%, após 117 dias, no teste de biodegradabilidade de filmes a base

de amido adicionados de glicerol e nanocelulose de fibra de coco, sendo que

não houve diferenças significativas entre as formulações e o controle (sem

nanocelulose), demonstrando que os nanocristais não interferem na

biodegradação do material.

BELTRÃO et al. (2010), avaliaram a biodegradabilidade de filmes de

amido vazados com adição de diferentes concentrações de argila. Os filmes

apresentaram boa biodegradabilidade, mesmo com a máxima concentração de

argila estudada (5%), com uma perda de massa de 71% após 30 dias.

Apesar da fácil degradação natural, as embalagens à base de amido

apresentam algumas desvantagens. São relativamente caras quando

comparadas com as embalagens convencionais, não apresentam uma boa

flexibilidade e são pouco resistentes à umidade. Para isso, necessitam de

tratamentos especiais, como a adição de fibras, plastificantes e outros aditivos,

visando melhorar as características de tração, flexibilidade e do contato com a

água (SALGADO et al., 2008).

Nesse sentido, diversos estudos vêm sendo realizados na tentativa de

produzir, caracterizar e aplicar filmes à base de amido.

Souza (2010) desenvolveu filmes a base de fécula de mandioca,

utilizando como plastificantes o açúcar invertido e a sacarose e incorporando

polpa de manga e de acerola como agentes ativos. Os resultados sugeriram

que os filmes podem apresentar atividade antioxidante em alimentos lipídicos,

sendo que suas propriedades mecânicas foram melhoradas através da adição

dos plastificantes.

Machado (2011) produziu filmes a base de amido, utilizando como

plastificante o glicerol e incorporando, como reforço, a nanocelulose de fibra de

coco. A incorporação dos nanocristais contribui para melhorar

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significativamente as propriedades mecânicas, como módulo de Young e

tensão máxima, e conseqüentemente diminuem o percentual de elongação dos

filmes.

3- Nanocelulose

Nanoceluloses são fibras celulósicas de dimensões nanométricas que

possuem alta razão aspecto (comprimento/diâmetro) capazes de atuarem

como agentes reforçantes em matrizes poliméricas. Essas fibras podem ser

obtidas através de diversas fontes de fibras naturais como: algodão, madeira,

sisal, bambu, planta curauá, bagaço de cana-de-açúcar e de alguns animais

marinhos. As fontes da fibra assim como o método de preparação interferem

nas suas propriedades e na cristalinidade (FAVIER et al., 1995).

As fibras naturais são constituídas basicamente por celulose,

hemicelulose e lignina. A celulose é o polímero natural mais abundante do

planeta, sendo o principal componente da parede celular das fibras. Sua

estrutura é formada por carbono, ligações de hidrogênio e hidroxilas, sendo um

polissacarídeo linear constituído por um único tipo de unidade de açúcar. As

moléculas de celulose tendem a formar ligações de hidrogênio intramoleculares

(entre unidades de glicose da mesma molécula) e intermoleculares (entre

unidades de glicose de moléculas adjacentes). As ligações intermoleculares

são responsáveis pela formação da fibra vegetal (LEÃO, 2008).

A celulose possui regiões cristalinas (altamente ordenada) e amorfas

(altamente ramificada e desordenada). Materiais gasosos, água e outros

líquidos podem penetrar facilmente nas fibrilas e nas microfibrilas devido aos

inúmeros capilares e pequenos orifícios encontrados nas regiões amorfas da

parede celular. O polímero por si é acessível à água e a agentes químicos

através das regiões amorfas e através da superfície das regiões cristalinas

(MOTA, 2010).

A hemicelulose é um carboidrato complexo de peso molecular inferior ao

da celulose, constituída de uma mistura de polissacarídeos de baixa massa

molar que varia entre 25000 a 35000, os quais estão em estreita associação

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com a celulose e com a lignina nos tecidos vegetais. Sua estrutura é definida

como amorfa. A principal diferença com a celulose é que a hemicelulose tem

ramificações com cadeias curtas laterais constituídas por diferentes açúcares.

Em contraste com a celulose, são polímeros facilmente hidrolisáveis. A

hemicelulose é o componente responsável pela biodegradação, absorção de

umidade e degradação térmica da fibra (MOTA, 2010).

A lignina, depois da celulose, é o segundo polímero mais abundante na

natureza e está presente na parede celular, conferindo suporte estrutural,

impermeabilidade e resistência contra ataques microbianos e estresse

oxidativo. Estruturalmente, a lignina é um heteropolímero amorfo, não solúvel

em água e opticamente inativo, que consiste de unidades de fenilpropanos

unidos por diferentes tipos de ligações. É um polímero amorfo de composição

química complexa que confere firmeza e rigidez estrutural ao conjunto de fibras

de celulose, atuando como um agente permanente de ligação entre as células

(PEREIRA, 2010).

As três substâncias podem ser consideradas compósitos naturais, que

são constituídos principalmente de fibrilas de celulose incorporada numa matriz

de lignina. As fibrilas de celulose são alinhadas ao longo do comprimento da

fibra, o que resulta em máxima resistência à tração e flexão, além de fornecer

rigidez no eixo das fibras. A eficiência do reforço da fibra natural esta

relacionada com a natureza da celulose e sua cristalinidade (LEÃO et al.,

2009).

Para obtenção das nanoceluloses, são necessárias etapas que visem o

rompimento das cadeias, e consequentemente, a remoção da hemicelulose,

lignina e de outros componentes que podem estar presentes na fibra. Dessa

forma, o processamento da fibra pode interferir diretamente na estrutura das

nanofibras obtidas (LIMA et al., 2003).

Existem diversos tratamentos químicos que são utilizados para remoção

da hemicelulose e da lignina das fibras vegetais. Um deles é o tratamento

alcalino, onde a fibra é imersa em solução de NaOH, sob forte agitação.

Dependendo das condições a remoção pode ser desde branda até a

degradação. Fatores como concentração da solução, proporção fibra/solução,

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tempo de exposição e temperatura podem interferir nos resultados (PEREIRA,

2010).

Outro tratamento comumente utilizado, principalmente pelas indústrias

de papel, é o branqueamento. Nesse processo, utiliza-se peróxido de

hidrogênio a fibra, previamente tratada com solução alcalina. Com isso, ocorre

a remoção dos componentes que conferem a cor natural à fibra. Vários fatores

podem interferir nos resultados como o uso de outra solução em parte com o

peróxido, a concentração das soluções, o tempo de exposição e a temperatura

utilizada no processo (PEREIRA, 2010). Esses procedimentos visam obter as

cadeias de celulose pura para posterior obtenção das nanoceluloses.

O principal processo para o isolamento das nanoceluloses a partir de

fibras de naturais é baseado na hidrólise ácida. No tratamento ácido, os íons

hidrônio atacam as regiões amorfas ou não-cristalinas das nanofibras,

liberando as regiões cristalinas, que por possuírem maior resistência ao ataque

ácido permanecem intactas (LEÃO et al., 2009).

O ácido sulfúrico é o mais comumente utilizado pois gera uma solução

coloidal estável, provocada pela repulsão eletrostática entre os nanocristais,

causada pela carga superficial negativa obtida da substituição dos grupos

hidroxila por grupos sulfatos, após hidrólise. Com o emprego do ácido sulfúrico,

os nanocristais não precipitam nem floculam. Alguns fatores podem determinar

o tamanho, o rendimento e a qualidade dos nanocristais obtidos, como o ácido

utilizado, a concentração do ácido e o tempo e temperatura de hidrólise

adotados (SOUZA, 2010).

Dentre as principais vantagens dos nanocristais estão a baixa

densidade, seu caráter renovável, biodegradabilidade, boas propriedades

mecânicas e baixo custo quando comparados com nanofibras sintéticas

(CHEN, et al., 2009).

Alguns estudos tem sido realizados com o objetivo de incorporar

nanopartículas em matrizes poliméricas biodegradáveis, dando origem a

materiais compostos, chamados de nanobiocompósitos. Mathew e Dufresne

(2002) conseguiram incorporar partículas de nanocelulose em biopolímeros

hidrosolúveis como o amido, utilizando o glicerol como plastificante. Trabalho

semelhante foi desenvolvido por Chen et al. (2009). Em ambos os casos, os

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nanobiocompósitos resultantes apresentaram melhores propriedades, tais

como maior módulo de força e tensão, decréscimo da permeabilidade a gases,

aumento da resistência à água e aumento na biodegradabilidade do polímero,

quando comparados com polímeros de matriz pura.

Segundo Lima et al. (2003), os resultados obtidos no desenvolvimento

dos nanobiocompósitos, juntamente com o baixo custo e a grande

disponibilidade no Brasil de fontes de fibras naturais ricas em celulose

justificam os esforços para viabilizar o uso destas fibras como fontes de

matéria-prima para a obtenção de materiais biodegradáveis reforçados com

nanocelulose extraída destas fibras.

4- Glicerol

O glicerol é um plastificante hidrofílico, do tipo poliol, que esta entre os

mais empregados nos filmes de amido. O efeito dos plastificantes depende da

concentração e do tipo empregado, pois eles devem ser compatíveis com o

biopolímero utilizado. Os plastificantes reduzem as forças intermoleculares e

aumentam a mobilidade das cadeias dos polímeros, com aumento da

flexibilidade e diminuição de possíveis descontinuidades e zonas quebradiças

dos filmes, com influência direta nas propriedades funcionais e mecânicas

destes (MALI et al., 2010).

Shimazu et al. (2007) afirma que nos filmes de amido, o aumento na

concentração de glicerol provoca um incremento na permeabilidade a gases e

ao vapor d’água, pois o glicerol se liga às moléculas do biopolímero, diminuindo

a densidade entre as suas moléculas, facilitando a transmissão dos gases

através do materiale forma geral, dependendo da concentração em que são

empregados, os plastificantes podem causar um efeito chamado

antiplastificante, isto é, ao invés de aumentar a flexibilidade e hidrofilicidade,

podem causar um efeito contrário. Geralmente, isto ocorre quando são

empregadas pequenas concentrações de plastificante, então o plastificante

interage com a matriz polimérica, mas não em quantidade suficiente para

aumentar a mobilidade molecular, apenas aumenta o grau de interações e a

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rigidez desta matriz, fenômeno este fortemente dependente das condições de

armazenamento (MALI et al., 2010).

5- Própolis

A própolis é uma resina produzida pelas abelhas, misturando

substâncias coletadas de diferentes partes das plantas, como brotos, botões

florais e exudados resinosos, com as secreções produzidas em seu organismo,

dando origem a um material de coloração e consistência variada, utilizada para

fechar pequenas frestas, embalsamar insetos mortos no interior da colmeia e

proteger contra a invasão de insetos e micro-organismos (GHISALBERTI,

1979).

Diversos estudos científicos atribuem a própolis uma infinidade de usos,

demonstrando ter potencial para atividades antinflamatória, antimicrobiana,

antitumoral, antioxidativa, entre outras. Entretanto, apesar das suas

propriedades biológicas e químicas serem conhecidas, o seu emprego

terapêutico ainda é pequeno, devido a grande variabilidade de sua composição

química, que sofre influência de fatores como origem geográfica, espécie

vegetal, período de coleta e técnica empregada para extração (MELANI, 2009;

BODINI, 2011). No Brasil, devido a grande diversidade brasileira, são

encontradas própolis com composições químicas, e consequentemente, com

propriedades biológicas distintas entre as diferentes partes do país (SILVA,

2009).

5.1- Composição e Classificação

Em geral, a própolis é composta por 50% de resina e bálsamo vegetal,

30% de cera, 10% de óleos essenciais e aromáticos, 5% de pólen e 5% de

outras substâncias variadas, incluindo resíduos orgânicos. Pelo menos 300

componentes diferentes já foram identificados em amostras de própolis de

origens diversas, dentre esses, ácidos graxos e fenólicos, ésteres, ésteres

fenólicos, flavonoides (flavonas, flavononas, flavonóis, di-hidroflavonóis, etc.),

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terpenos, b-esteróides, aldeídos e álcoois aromáticos, sesquiterpenos e

naftaleno. Desses, os flavonoides, juntamente com os ácidos fenólicos são os

componentes responsáveis pela sua bioatividade (OLDONI, 2007).

A ingestão de flavonoides interfere em diversos processos fisiológicos,

auxiliando na absorção e na ação de vitaminas, atuando nos processos de

cicatrização como antioxidantes, além de apresentarem atividade

antimicrobiana e moduladora do sistema imune (BODINI, 2011).

Estruturalmente, os flavonoides constituem substâncias aromáticas com 15

átomos de carbono no seu esqueleto básico. Possuem nessa estrutura três

anéis aromáticos C6-C3-C6 (A, B e C) (Figura 4). Devido a sua estrutura

química, os flavonoides possuem atividade de sequestro de radicais livres, que

podem causar danos as células do organismo. Dessa forma, são apontados

como drogas terapêuticas promissoras para prevenir e tratar desordens clínicas

causadas por radicais livres (OLDONI, 2007).

Figura 4 – Estrutura química dos flavonoides (OLDONI, 2007).

A Legislação Brasileira através do Regulamento Técnico de Identidade e

Qualidade da Própolis (BRASIL, 2001) estabelece a classificação da própolis

brasileira, de acordo com o seu teor de flavonoides (Tabela 1). Além disso, o

regulamento também estabelece os requisitos mínimos de qualidade que a

própolis deve atender para comercialização em âmbito nacional e internacional

(Tabela 2).

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Tabela 1 – Classificação da própolis de acordo com o teor de flavonoides (BRASIL, 2001).

Classificação da Própolis Teor de flavonoides (m/m)

Baixo teor Até 1,0%

Médio teor 1,0 - 2,0%

Alto teor > 2,0%

Tabela 2 – Requisitos físico-químicos exigidos pela Legislação Brasileira para amostras de própolis (BRASIL, 2001).

Qualidade da Própolis

Requisitos Limite Mínimo Limite Máximo

Perda por Dessecação (m/m) - 8%

Cinzas (m/m) - 5%

Cera (m/m) - 25%

Compostos Fenólicos (m/m) 5% -

Flavonoides (m/m) 0,5% -

Atividade de Oxidação (seg) - 22

Massa Mecânica (m/m) - 40%

Solúveis em Etanol (m/m) 35% -

Segundo Park et al. (2000), a própolis brasileira pode ser dividida em 12

grupos distintos de acordo com a sua coloração. Entre as variedades de

própolis, as mais conhecidas são a própolis marrom, que é caracterizada por

possuir elevada propriedade antioxidante, e a própolis verde, que possui

propriedades antinflamatória e antibiótica, sendo a mais aceita no mercado

internacional. Recentemente, foi descoberta mais uma variedade de própolis,

conhecida como própolis vermelha (Figura 5), que possui atividade

antimicrobiana e antioxidante, sendo encontrada apenas nas regiões Norte e

Nordeste (SILVA, 2009).

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Figura 5 – Própolis vermelha (RODRIGUES, 2010).

5.2- Própolis Vermelha

A própolis vermelha é caracterizada pela sua coloração vermelha

intensa e por possuir isoflavonóides, substâncias que nunca haviam sido

isoladas nas amostras de própolis brasileira (RIGHI, 2008). Os isoflavonóides

são uma subclasse dos flavonoides e possuem uma distribuição limitada na

natureza, sendo frequentemente encontrados em plantas. Embora várias

plantas sintetizem isoflavonóides, a forma bioativa para o consumo humano

está presente em poucos vegetais. Dessa forma, estes compostos têm sido

úteis como marcadores químicos da própolis vermelha no Brasil e no mundo

(OLDONI, 2007).

Devido a presença de isoflavonóides e de outros constituintes químicos

diferenciados a própolis brasileira possui alto valor agregado. A presença

desses constituintes lhe confere características de maior qualidade como maior

quantidade de substâncias solúveis em água, atribuindo mais efeitos

terapêuticos, segurança e uma maior facilidade de absorção pelo corpo

humano. Com isso, o Brasil se destaca na produção mundial de própolis, sendo

o segundo maior produtor mundial, com uma produção anual de

aproximadamente 100 toneladas, ficando atrás apenas da China. O consumo

interno ainda é incipiante, sendo que cerca de 75% da produção é exportada. A

própolis brasileira atende cerca de 80% da demanda japonesa, país

responsável por 43% das patentes, relacionadas a atividades da própolis,

depositadas no mundo (RIGHI, 2008).

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5.2.1- Atividade Antimicrobiana

Nos últimos anos vários estudos vêm reportando a ação da própolis no

combate a fungos e bactérias (CARDOSO, 2009; SILVA, 2009; BODINI, 2011).

Das variedades de própolis, a vermelha brasileira tem sendo reportada como

uma das variedades com maior potencial antimicrobiano. A atividade

antimicrobiana da própolis pode ser influenciada por vários parâmetros, com

destaque para o tipo, composição, concentração, processamento e estocagem

do produto (BODINI, 2011).

Os mecanismos de ação da própolis contra os micro-organismos ainda

não foram completamente elucidados, sendo que estudos apontam diferentes

modos de ação contra bactérias Gram positivas, Gram negativas e contra os

fungos.

Segundo Burt (2004), os locais, ou estruturas, da célula bacteriana que

são considerados sítios de ação para os componentes de produtos naturais

são ilustrados na Figura 6. Geralmente os mecanismos de ação de compostos

naturais são desintegração da membrana citoplasmática, desestabilização da

forca próton motriz (FPM), fluxo de elétrons, transporte ativo e coagulação do

conteúdo da célula. Nem todos os mecanismos de ação agem em alvos

específicos, podendo alguns sítios serem afetados em consequência de outros

mecanismos.

Figura 6 - Locais e mecanismos de ação que podem ser sítios para ação de compostos naturais na célula bacteriana (BURT, 2004).

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De acordo com Santos et al. (2002), a ação antimicrobiana da própolis

está relacionada à inibição da população bacteriana e da RNA-polimerase do

micro-organismo, juntamente com a desorganização do citoplasma e da

membrana da bactéria. Takaisi-Kikuni e Schilcher (1994), por meio de micro-

calorimetria e de microscopia eletrônica, utilizando Streptococcus agalactiae,

demonstraram que a própolis inibiu o crescimento bacteriano por impedir a

divisão celular, desorganizando o citoplasma, a membrana citoplasmática e a

parede celular, causando uma lise bacteriana parcial e inibindo a síntese

protéica.

Endler et al. (2003), observaram que a própolis mostrou-se eficiente

antimicrobiano nas proporções de 30% e 15% para as bactérias Pseudomonas

sp e Staphylococcus aureus. Entretanto, com a bactéria Gram negativa

Escherichia coli não foi observado o aparecimento do halo de inibição,

demonstrando ser resistente ao princípio ativo da solução.

Esse resultado foi semelhante ao encontrado por Santos e Gonçalves

(2009), que avaliando o efeito antimicrobiano do extrato etanólico da própolis

verde, demonstraram que esse possui atividade microbicida contra as bactérias

Gram positivas Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis,

apresentando concentração inibitória mínima (CIM) de 21,43 mg/mL e

17,85mg/mL, respectivamente. Por outro lado, o mesmo extrato não

apresentou atividade antimicrobiana contra as bactérias Gram negativas,

Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli, além da levedura Candida

albicans. A ação antimicrobiana dos extratos alcóolicos de própolis sobre

Staphylococcus aureus também foi sugerida por Cardoso (2009).

Os resultados obtidos por Vargas et al. (2004) também sugeriram um

maior efeito da própolis contra bactérias Gram-positivas. Os autores avaliaram

a eficiência sobre 161 isolados bacterianos, sendo 81 Gram-positivas e 80

Gram-negativas. Do total de amostras, 67,7% foram sensíveis ao extrato

alcóolico de própolis em uma concentração de 50%, sendo que 92,6% dos

isolados Gram-positivos foram sensíveis, contra apenas 42,5% dos isolados

Gram-negativos, demonstrando uma resistência das bactérias Gram-negativas

ao mecanismo de ação dos compostos ativos da própolis.

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Botre et al. (2010) afirmam que apesar da ação antimicrobiana in vitro de

vários agentes antimicrobianos naturais ser comprovada, são necessários

valores muito maiores de concentração para alcançar a mesma eficiência

quando aplicados em alimentos. A grande disponibilidade de nutrientes em

alimentos comparada com os meios de cultura permite às bactérias repararem

o dano celular rapidamente. Além dos fatores intrínsecos do alimento (gordura,

proteína, água, antioxidantes, pH, conservantes), os fatores extrínsecos

(temperatura, embalagem a vácuo, características do micro-organismo)

também influenciam a sensibilidade das bactérias (BOTRE et al., 2010 apud

GILL et al., 2002).

Os componentes dos alimentos como proteínas, gorduras, são

conhecidos por se ligar e/ou solubilizar compostos fenólicos, reduzindo sua

atividade antimicrobiana, demonstrando que a atividade antimicrobiana de

plantas codimentares pode ser menor em sistemas alimentares do que em

meios de cultura (BARBOSA, 2010).

5.2.2- Potencial Alergênico

Estudos tem chamado atenção para os efeitos alérgicos relacionados à

própolis. Fernandez et al. (2004) comprovaram, por meio de testes específicos,

dois casos de alergia de contato relacionados à própolis. No primeiro caso, a

utilização de uma solução de própolis a 25%, via oral, resultou em edema labial

progressivo, com dor e inchaço, em paciente de 64 anos de idade. Em outra

paciente de 65 anos, o uso de pastilhas de própolis como um suplemento

nutricional e estimulante do sistema imune provocou dor e inchaço na língua.

Giusti et al. (2004) investigaram, durante oito anos, a freqüência de

sensibilidade de contato a própolis em 1255 crianças (7 meses a 12 anos de

idade) com suspeita de alergia de contato. Os testes de alergia incluíram 30

alérgenos, incluindo própolis 20%. Os resultados demonstraram 5,9% de

reposta positiva à própolis, com freqüência significantemente maior em

meninos. A dermatite estava localizada principalmente na face, mãos e

membros. Os autores ainda sugeriram que a própolis não deveria ser usada

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em produtos tópicos em crianças devido à alta taxa de sensibilidade em idade

pediátrica.

Algumas propriedades biológicas e toxicológicas da própolis européia

foram revisadas por Burdock (1998), onde chama a atenção para o grande

número de reações alérgicas que se agravam pelo uso da própolis também

como suplemento alimentar. Apesar deste relato em estudos com animais,

envolvendo camundongos, que receberam doses de própolis de até

1.400mg/Kg de peso, nenhuma resposta tóxica foi observada imediatamente

após o uso.

Rodrigues (2010) realizou uma investigação toxicológica do extrato de

própolis vermelha do Brasil, e demonstrou que o uso de concentração de até

1g/Kg do extrato etanólico não apresenta efeito tóxico significativo nos

parâmetros hematológicos e bioquímicos em camundongos.

Apesar dos relatos de reações adversas, as possibilidades terapêuticas

associadas à própolis e a diversidade de efeitos benéficos que esta resina

natural pode trazer, justifica o seu uso, ainda que com as ressalvas para um

pequeno grupo de indivíduos que apresentam reações adversas ou de

hipersensibilidade (RODRIGUES, 2010).

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Referências

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Capítulo II

Desenvolvimento e avaliação da ação antimicrobiana de filmes de

fécula de mandioca e glicerol, adicionados de nanocelulose e

própolis vermelha

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Capítulo II

Desenvolvimento e avaliação da ação antimicrobiana de filmes de fécula

de mandioca e glicerol, adicionados de nanocelulose e própolis vermelha

Resumo

Filmes biodegradáveis ativos são obtidos de polímeros naturais e adicionados de substâncias com objetivo de aumentar a vida de prateleira dos alimentos através do contato com o produto acondicionado. Estudos apontam que a incorporação de nanocelulose a esses filmes melhoraram algumas de suas propriedades. Entre os agentes ativos incorporados, têm-se interesse pelos naturais, como os extratos de própolis vermelha. O objetivo do trabalho foi desenvolver, caracterizar e verificar a ação antimicrobiana de filmes elaborados à base de fécula e glicerol, reforçados com nanocelulose e incorporados com própolis vermelha. A nanocelulose foi extraída da fibra de licuri, através da hidrólise ácida. Para elaboração dos filmes, utilizou-se ensaios com concentrações fixas de fécula (4%) e glicerol (1%), e concentrações variáveis de nanocelulose (0-1%) e de extrato de própolis (0,4-1%) de acordo com o planejamento experimental. Os filmes foram obtidos pelo processo casting e caracterizados através de análises físico-químicas, térmicas e de barreira. A eficácia antimicrobiana foi verificada in vitro, através de teste de difusão em ágar, e como embalagem de queijo coalho, verificando o controle no desenvolvimento de Estafilococos coagulase positiva. A presença dos nanocristais aumentou em 110% á resistência á tração dos filmes, com o emprego de apenas 0,15% de nanocelulose. A atividade de água e a umidade dos filmes, assim como a solubilidade e a permeabilidade ao vapor de água diminuíram com a adição da nanocelulose. As formulações com as maiores concentrações de própolis ficaram mais escuras, apresentando os menores valores de luminosidade. As curvas de TG/DTG dos filmes apresentaram dois eventos de decomposição, para todas formulações. Os diâmetros médios alcançados pelos filmes no teste in vitro ficaram entre 1,07 a 2,07cm. As formulações FC e F0 (sem própolis) não apresentaram halos de inibição. As contagens de Estafilococos Coagulase Positiva nos 28 dias de armazenamento do queijo coalho demonstraram que o filme com própolis provocou a redução de 1 ciclo logarítmico na contagem desses micro-organismos nos períodos de 4, 12, 20 e 28 dias, quando comparados com todos os controles. Os resultados obtidos indicam que os filmes podem ser uma alternativa competitiva para redução no uso de filmes sintéticos no acondicionamento de alguns alimentos, podendo exercer um efeito antimicrobiano.

Palavras-chaves: Bacillus cereus; Concentração inibitória mínima;

filmes biodegradáveis.

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Development and evaluation of the antimicrobial action films of starch

and glycerol added nanocellulose and propolis red

Abstract

Active biodegradable films are obtained from natural polymers and substances added in order to increase the shelf life of foods through contact with the packaged product. Studies show that the incorporation of these movies nanocelulose improved some of its properties. Among the active agents incorporated, have an interest in natural, as propolis extracts. The aim of the study was to develop, characterize and verify the antimicrobial films prepared starch-based and glycerol reinforced nanocelulose and incorporated with propolis. The fiber was extracted nanocelulose licuri by acid hydrolysis. For preparation of the films was used assays with fixed concentrations of starch (4%) and glycerol (1%) and varying concentrations of nanocelulose (0-1%) and from propolis extract (0.4 to 1%) of According to the experimental design. The films were obtained by casting process and characterized by physico-chemical, thermal and barrier. The antimicrobial efficacy was checked in vitro using diffusion test, and as packaging of cheese rennet, checking control the development of coagulase-positive staphylococci. The presence of nanocrystals increased 110% in the tensile strength of the films, with the use of only 0.15% nanocelulose. Water activity and moisture content of the films, as well as the solubility and permeability to water vapor decreased with the addition of nanocelulose. Formulations with the highest concentrations of propolis were darker, with the lowest values of brightness. The curves of TG / DTG films showed two events of decomposition, for all formulations. The mean diameters achieved by in vitro test films were between 1.07 to 2.07 cm. The formulations FC and F0 (without propolis) showed no inhibition zones. The counts of coagulase-positive staphylococci in 28 days of storage the cheese curd showed that the film with propolis, a decrease of one log cycle in the count of these microorganisms during periods of 4, 12, 20 and 28 days compared with all controls. The results indicate that the films can be a competitive alternative to reduce the use of synthetic films in the packaging of some foods, may exert an antimicrobial effect. Keywords: Bacillus cereus; Diffusion test; biodegradable films.

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1- Introdução

A indústria alimentícia procura desenvolver produtos com qualidade e

segurança para atender a um mercado consumidor cada vez mais exigente.

Assim, além da aplicação de boas práticas higiênico-sanitárias, é necessário o

acondicionamento do produto em embalagens adequadas para proteger e

conservar o alimento durante as fases de estocagem e comercialização,

assegurando ao consumidor a aquisição de um produto saudável (WEN-XIAN

DU et al., 2011).

Entre os principais tipos de embalagens para os alimentos estão os

filmes plásticos flexíveis, os quais apresentam excelentes propriedades

mecânicas e de barreira a gases e vapor de água. Entretanto, estes não são

facilmente reutilizáveis ou biodegradáveis permanecendo na natureza em

quantidades cada vez maiores (HABIBI et al., 2010; VEIGA-SANTOS et al.,

2007).

Ultimamente, inúmeros estudos vêm sido realizados no sentido de

proporcionar embalagens alternativas como os filmes biodegradáveis, obtidos a

partir de materiais agrícolas renováveis, como o amido. Os filmes a base de

amido são transparentes, atóxicos, possuem moderada permeabilidade ao

oxigênio e baixa barreira à umidade (HOLT et al., 2010). No entanto, a baixa

resistência mecânica e a sua alta sensibilidade a água restringe a utilização

desses filmes, especialmente em alimentos com alta umidade.

Nesse contexto, tem sido realizadas pesquisas buscando incorporar

nessas matrizes, nanopartículas orgânicas, como a nanocelulose, que podem

melhorar as propriedades mecânicas dos filmes (HABIBI et al., 2010; HOLT et

al., 2010). Essas nanopartículas podem ser obtidas de diferentes fontes de

fibras naturais como algodão, madeira, sisal, bambu, coco e bagaço de cana-

de-açúcar, entre outros (SILVA et al., 2012).

Além da possibilidade da aditivar filmes biodegradáveis com

nanopartículas, existe a tendência de ativá-los com compostos bioativos,

resultando em filmes ativos reforçados mecanicamente com manutenção da

biodegradabilidade. Os filmes antimicrobianos e antioxidantes, por exemplo,

podem controlar o desenvolvimento de espécies específicas de micro-

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organismos e aumentar a estabilidade oxidativa dos produtos embalados,

respectivamente (KECHICHIAN et al., 2010; PELISSARI et al., 2009; WEN-

XIAN DU et al., 2011).

A demanda por ingredientes naturais antimicrobianos tem crescido

porque os consumidores estão mais conscientes sobre o risco potencial para a

saúde associados ao consumo de componentes sintéticos, apesar de sua

eficiência (CAREAGA et al, 2003; CHOI et al, 2006; MATAN et al, 2005;

MOREIRA et al., 2005).

Existem vários ingredientes naturais que apresentam atividade

antimicrobiana e antioxidante, tais como: canela (MATAN et al, 2005); pimenta

(CAREAGA et al, 2003); café (DAGLIA et al., 1998); mel (MUNDO et al., 2004),

e extrato de própolis (CHOI et al, 2006). Desses, a própolis vermelha tem

grande potencial para ser adicionado as embalagens, já que sua elevada

atividade antimicrobiana e antioxidante foi confirmada em diversos estudos.

Filmes biodegradáveis adicionados de própolis já foram desenvolvidos

(BODINI, 2011; CORRÊA, 2011), entretanto, geralmente, apresentaram

propriedades mecânicas insatisfatórias.

Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi investigar o efeito da adição

de própolis vermelha e de nonocelulose nas propriedades mecânicas, físico-

químicas e na permeabilidade ao vapor de água de filmes biodegradáveis a

base de fécula de mandioca e glicerol, assim como, avaliar a ação

antimicrobiana dos filmes in vitro e como embalagem para queijo coalho.

2- Ensaios Preliminares

2.1- Determinação das Concentrações de Fécula de Mandioca e

Glicerol

As concentrações fixas de fécula e glicerol foram determinadas através

de ensaios preliminares de formação dos filmes, utilizando uma concentração

de nanocelulose e de própolis fixa (1,0%), equivalente a máxima utilizada no

trabalho, de acordo com o planejamento experimental. Foram utilizadas quatro

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diferentes concentrações de fécula e glicerol (Tabela 1), e os filmes foram

avaliados visualmente.

Tabela 1 – Concentrações de fécula e glicerol utilizadas nos testes de formação dos filmes.

Formulações Teste

Concentrações (%)

Fécula Glicerol

1 3,6 0,9

2 4,5 0,5

3 4,0 1,0

4 4,0 1,5

A formulação 3 foi a selecionada para o trabalho, pois apresentou

melhores características visuais, onde a incorporação do extrato de própolis foi

mais uniforme.

2.2- Interferência da luz UV

Foram realizados testes preliminares para verificar a interferência da

incidência da luz UV na concentração de compostos fenólicos e na atividade

antimicrobiana dos filmes como forma de avaliar se essa etapa iria interferir de

forma significativa nos resultados.

Para isso, foram preparados filmes teste com uma concentração de

própolis de 1,0%, a máxima utilizada no trabalho, de acordo com os resultados

obtidos para a CIM do extrato de própolis. Esses filmes foram submetidos a

incidência da luz UV em câmara de fluxo laminar por 15 minutos, de forma a

simular o que foi feito no estudo. Filmes controle, sem incidência da luz UV,

também foram utilizados.

A análise estatística foi realizada utilizando o programa estatístico

STATISTICA® 7.0.

A análise estatística dos resultados demonstrou que não houve

diferença significativa entre os resultados obtidos para os dois tratamentos,

demonstrando que a luz UV não degradou os compostos fenólicos dos filmes e

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não interferiu na atividade antimicrobiana, no tempo de incidência de 15

minutos que foi testado. Os resultados demonstraram que a luz UV pode ser

utilizada para descontaminar os filmes, sem interferências significativas

(p<0,05) nos resultados. A Figura 1 mostra os halos de inibição formados para

os micro-organismos testados.

Figura 1 – Halos de inibição formados pelos filmes para Bacillus cereus e Staphylococcus aureus, respectivamente.

2.3- Concentração de Compostos Fenólicos

Foi determinada a concentração de compostos fenólicos de 10 amostras

dos filmes submetidos a incidência da luz UV com seus respectivos controles.

As análises foram feitas em triplicata. Os resultados foram comparados,

verificando a existência de diferença significativa, através do teste de Tukey. A

determinação de compostos fenólicos totais dos filmes foi realizada conforme

Bodini (2011).

2.4- Atividade Antimicrobiana

Para avaliação da atividade antimicrobiana, discos de 6 mm de diâmetro

dos filmes foram inseridos em placas de petri, previamente inoculadas com

Bacillus cereus, Listeria monocytogenes e Staphylococcus aureus, micro-

organismos que foram utilizados no trabalho. As placas foram incubadas,

considerando o binômio tempo/temperatura de cada micro-organismo

(PINHEIRO, 2009). Em seguida os halos de inibição formados foram medidos,

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verificando a existência de diferença significativa entre os resultados obtidos

para ambos os filmes. A análise foi realizada com 10 amostras, sendo realizado

em triplicata, obtendo-se uma média para cada amostra.

3- Planejamento Experimental

As formulações dos filmes foram calculadas através de um planejamento

experimental. O planejamento experimental adotado foi o Delineamento

Composto Central Rotacional (DCCR), com duas variáveis independentes e

com quatro pontos ortogonais, quatro pontos axiais e três pontos centrais,

resultando em 11 ensaios. Ele foi montado com ajuda do programa

STATÍSTICA 7.0. e com base nos resultados obtidos na caracterização do

extrato de própolis e nos testes preliminares.

As variáveis independentes foram a concentração de própolis vermelha (%) e a

concentração de nanocelulose (%). Os valores codificados e reais dessas

variáveis encontram-se na Tabela 2. Os limites dos valores reais foram

escolhidos com base nos resultados preliminares e na literatura. As

concentrações fixas de fécula de mandioca e glicerol foram determinadas

através de ensaios preliminares.

Tabela 2 – Valores codificados e reais das variáveis independentes estudadas

no DCCR.

Ensaios

Valores Codificados Valores Reais (%)

Própolis (x1)

Nanocelulose (x2)

Própolis Nanocelulose

1 -1,00 -1,00 0,50 0,15 2 -1,00 +1,00 0,50 0,85 3 +1,00 -1,00 0,90 0,15 4 +1,00 +1,00 0,90 0,85 5 -1,41 0 0,40 0,50 6 +1,41 0 1,00 0,50 7 0 -1,41 0,70 0,00 8 0 +1,41 0,70 1,00 9* 0 0 0,70 0,50

10* 0 0 0,70 0,50 11* 0 0 0,70 0,50 *pontos centrais

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Para comparação dos resultados, foram desenvolvidos dois filmes

controles: um filme controle (F0), composto por fécula, glicerol e 0,5% de

nanocelulose, e outro filme composto, apenas, por fécula e glicerol (FC).

4- Material e Métodos

As folhas do licuri utilizadas para extração da nanocelulose foram

coletadas de fazendas do município de Cruz das Almas, no Estado da Bahia,

Brasil. A fécula foi, gentilmente, doada pela Cargill Agrícola SA (Porto Ferreira,

Brasil). A própolis vermelha foi doada por apiários de Aracaju, Sergipe. O

glicerol, juntamente com os reagentes, hidróxido de sódio, clorito de sódio,

ácido sulfúrico e ácido acético foram adquiridos comercialmente da Vetec

Química Fina. O polietileno foi gentilmente cedido pela Braskem, e o queijo

coalho foi adquirido comercialmente de supermercados locais da cidade de

Salvador, Bahia, Brasil.

4.1- Obtenção da Nanocelulose (Nw)

A nanocelulose foi obtida a partir da folha do licuri, seguindo as

metodologias propostas por Rosa et al. (2010), com adaptações. Inicialmente,

as folhas foram cortadas e moídas (Figura 2).

Figura 2 – Fibra de licuri moída utilizada para a obtenção de nanocelulose.

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As folhas moídas foram lavadas com solução de NaOH 2%, durante 4

horas a uma temperatura de 80ºC, sob agitação constante. O procedimento foi

repetido quatro vezes, para total remoção da hemicelulose, lignina e de outros

componentes da fibra (Figura 3).

Figura 3 – Processos de lavagem das fibras.

Posteriormente, foi iniciada a etapa de branqueamento, onde ocorre a

remoção de alguns componentes remanescentes responsáveis pela coloração

da fibra, usando uma solução de clorito de sódio 1,7% e uma solução tampão,

composta por hidróxido de sódio e ácido acético. O procedimento foi repetido 2

vezes, empregando-se uma temperatura de 80ºC por 6 horas, sob agitação

constante. Depois dos tratamentos de branqueamento, as fibras foram filtradas,

lavadas com água destilada, secas e pulverizadas em moinho Cadense (Figura

4).

Após esses procedimentos, foi iniciada a etapa de hidrólise ácida onde a

polpa moída foi dispersa em uma solução de ácido sulfúrico 55% a 55ºC por 30

minutos, tomando-se a proporção de 9mL de ácido para cada grama de polpa

1ª lavagem

2ª lavagem

3ª lavagem

4ª lavagem

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branqueada. Nesse processo são produzidos os nanofios de celulose, pois o

ácido quebra as regiões amorfas das microfibras de celulose. A amostra foi,

então centrifugada a 4400 rpm (centrífuga marca Eppendorf, modelo 5702R)

por 10 minutos a 10ºC, recolhendo-se o sobrenadante. Este procedimento foi

repetido até não apresentar mais sobrenadante. Posteriormente, as

suspensões foram submetidas a diálise, utilizando membranas de celulose até

a suspensão atingir um pH maior ou igual a 6. Essa etapa permite a remoção

do ácido livre na suspensão.

Figura 4 – Etapa de branqueamento.

A etapa final é a dispersão da solução de nanocelulose em banho de

ultrassom por 10 minutos. A Figura 5 ilustra as últimas etapas do processo.

Figura 5 – Etapas de centrifugação, diálise, banho de ultrassom e solução de nanocelulose, respectivamente.

A concentração das suspensões de nanocelulose foram determinadas

através da secagem de 10mL da suspensão em estufa até peso constante.

Branqueamento

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4.2- Caracterização da Nanocelulose

4.2.1- Birrefringência da Supensão de Nanocelulose

A birrefringência das suspensões de nanocelulose em água foi

determinada utilizando filmes polarizadores cruzados, perpendiculares entre si,

com incidência de luz direta sobre um deles, sendo a amostra interpolada entre

os filmes (VAN-DER-BERG et al., 2007).

4.2.2- Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM)

A microscopia eletrônica de transmissão (TEM) foi usada para

caracterizar a nanocelulose, determinando o comprimento das fibras (L),

largura (D), relação de aspecto (L/D) e indicando o estado de agregação dos

cristais. Suspensões aquosas diluídas de nanocelulose (0,01% p/v) foram

depositados em uma grade de cobre (300 mesh), deixada em repouso por 60

segundos. As amostras foram subsequentemente coradas com uma solução a

2% de acetato de uranilo. A grade foi seca e visualizada através de um Tecnai

FEI G2-Espírito com uma tensão de aceleração de 120 kV. Os comprimentos e

larguras foram medidos diretamente das micrografias eletrônicas de

transmissão usando o programa Image Tool 6.3 com 30 medições para

determinar os valores de média e desvio padrão.

4.2.3- Análise Termogravimétrica (TG)

A análise termogravimétrica da nanocelulose foi realizada em um

analisador térmico (TGA) Perkin Elmer, modelo Pyris, utiliando uma massa de

aproximadamente 5 mg, cadinho de alumínio, atmosfera inerte de nitrogênio de

50 mL min-1, com taxa de aquecimento de 10 ºC min-1, no intervalo de

temperatura de 25 a 700 ºC. A temperatura em que ocorreu a maior

degradação das amostras obtida por meio da derivada das curvas

termogravimétricas obtidas (DTG).

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4.3- Obtenção do Extrato de Própolis Vermelha

Os extratos de própolis vermelha foram obtidos de acordo com

metodologia proposta por Silva (2009) com adaptações. Inicialmente, 30 g de

própolis bruta foi triturada e moída. Então, adicionou-se 100 mL de álcool de

cereais a 70%, e a mistura foi mantida em banho-maria a temperatura de 70

ºC, sob agitação constante, por um período de 30 minutos. Os extratos obtidos

foram centrifugados a 4400 rpm (centrífuga marca Eppendorf, modelo 5702R),

a temperatura de 10ºC, por 10 minutos. O sobrenadante foi filtrado e,

posteriormente, armazenado em frasco âmbar a temperatura de 10ºC,

obtendo-se, assim, o extrato de própolis.

Para obtenção de extratos com concentração inferiores, foram

realizadas diluições em álcool de cereais a 70%. A Figura 6 ilustra etapas da

preparação dos extratos.

Figura 6 – Etapas da obtenção dos extratos de própolis vermelha.

4.4- Caracterização do Extrato de Própolis vermelha

4.4.1- Concentração de Compostos Fenólicos Totais

A determinação de compostos fenólicos totais foi realizada em triplicata,

utilizando o método espectrofotométrico segundo Bodini (2011), utilizando o

ácido gálico como padrão de referência.

Inicialmente, o extrato de própolis na concentração de 5% foi diluído

(1:100) em álcool etílico (80%) imediatamente antes da análise. Uma alíquota

de 0,5 mL de extrato diluído foi distribuída em tubos de ensaio, sendo

adicionado 2,5 mL do reagente Folin Ciocalteau diluído (1:10), agitando-se a

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mistura por 5 minutos. Em seguida foi adicionado 2,0 mL da solução de

carbonato de sódio a 4%, homogeneizando a mistura, mantendo-a em repouso

por 2 horas, em ambiente sem luminosidade. A leitura espectrofotométrica foi

realizada utilizando-se comprimento de onda de 740 nm. O branco foi

conduzido nas mesmas condições. O resultado foi expresso como equivalente

de ácido gálico (mg AG/g), calculado por meio de uma curva construída com

concentrações de ácido que variaram de 25 a 300 µg/mL. A equação da curva

padrão foi obtida utilizando o software Origin 8.1, com um coeficiente de

correlação positivo (R=0,99491).

4.4.2- Teste de Difusão em Ágar

Para avaliação da ação antimicrobiana do extrato de própolis vermelha

foram utilizados extratos nas concentrações de 0,1; 0,2; 0,3; 0,4; 0,5; 1; 2; 3; 4;

5; 6; 7; 8; 9 e 10%. Foram realizados testes de inibição para as bactérias

Gram-negativas Salmonella spp. e Escherichia coli, sobre as Gram-positivas

Staphylococcus aureus, Bacillus cereus e Listeria monocytogenes, e sobre

Bolores (Aspergillus niger) e Leveduras (Saccharomyces sp), utilizando os

métodos de Difusão em Discos (CLSI, 2011; GELINSKI et al., 2007) e Difusão

em poços (PINHEIRO, 2009).

As cepas de Bolores, Leveduras, Salmonella spp., Escherichia coli e

Bacillus cereus foram obtidas da bacterioteca do Laboratório de Pesquisa em

Microbiologia de Alimentos, da Faculdade de Farmácia da Universidade

Federal da Bahia. Já as cepas de Staphylococcus aureus e Listeria

monocytogenes, foram obtidass do Laboratório de Controle de Qualidade de

Alimentos, da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia. Todas as

cepas foram armazenadas em criotubos, contendo caldo Infusão de Cérebro

Coração (BHI), com 20% de glicerol e mantidas a -20ºC, para posteriores

análises.

Inicialmente, as culturas dos micro-organismos foram ativadas em ágar

Tripitona de Soja (TSA), para as bactérias, e em ágar Batata Dextrose

Acidificado (BDA), para os fungos, considerando as temperaturas específicas

de crescimento para cada micro-organismo. Com as culturas ativas, foram

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preparadas suspensões em solução salina a 0,85% para servir como inóculos.

As suspensões foram ajustadas, em densitômetro DEN 1 (Biosan) até atingir

0,5 na escala McFarland, correspondendo a 1,0x108 UFC/mL. As suspensões

foram, então, plaqueadas uniformemente, com o auxílio de um swab estéril,

(marca Absorve), em placas de petri, com ágar Muller-Hinton para o teste com

as cepas bacterianas, e com ágar batata dextrose (BDA) acidificado para o

teste com as cepas fúngicas.

Os meios de cultura TSA, BHI e Muller-Hinton utilizados nas análises

foram da marca Acumedia. Já o meio BDA foi da marca Himedia.

Para o método de Difusão em Discos, foram preparados discos de papel

filtro estéreis de 6 mm de diâmetro que foram impregnados com os extratos de

própolis vermelha nas concentrações a serem testadas, e então colocados

sobre o ágar com auxílio de uma pinça estéril (GELINSKI et al., 2007).

Para o método de Difusão em Poços, foram realizadas perfurações de 9

mm de diâmetro no Agar Muller Hinton, onde foram inseridos volumes de 80 µL

dos extratos de própolis nas concentrações a serem testadas (PINHEIRO,

2009).

As placas com os discos ou poços, foram, então, incubadas

considerando o binômio tempo/temperatura de cada micro-organismo. Para

todo tratamento foi realizado o teste controle, obtido através da utilização da

solução de álcool de cereais a 70%.

No teste de difusão em discos, considerou-se com capacidade

antimicrobiana os extratos que provocaram o desenvolvimento de um halo de

inibição maior ou igual a 10 milímetros de diâmetro (GELINSKI et al., 2007). Já

para o teste de difusão em poços, para serem considerados antimicrobianos,

os extratos deveriam provocar o aparecimento de um halo de inibição igual ou

superior a 15 milímetros de diâmetro (PINHEIRO, 2009).

4.4.3- Análise Termogravimétrica

A análise termogravimétrica da própolis vermelha foi realizada em um

analisador térmico (TGA) Perkin Elmer, modelo Pyris, utiliando uma massa de

aproximadamente 4 mg, cadinho de alumínio, atmosfera inerte de nitrogênio de

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50 mL min-1, com taxa de aquecimento de 10ºC min-1, no intervalo de

temperatura de 25 a 700ºC. A temperatura em que ocorreu a maior degradação

das amostras obtida através da derivada das curvas termogravimétricas

obtidas (DTG).

4.5- Elaboração dos Filmes

Os filmes foram obtidos através da técnica casting conforme Veiga-

Santos et al. (2007) e Souza et al. (2011). As suspensões filmogênicas foram

obtidas, misturando-se os componentes com água e aquecendo-os a 70ºC, sob

agitação constante, para total gelatinização do amido. Após esfriar, as soluções

foram colocadas em placas de poliestireno (45 gramas por placa), e levadas à

estufa a 35°C por 24 horas, para a total evaporação da água e formação dos

filmes, conforme Figura 8 (OLIVEIRA et al., 1996). Posteriormente, os filmes

foram acondicionados em dessecadores com umidade relativa de 56 ± 2% a

uma temperatura de 21 ± 3ºC, por 10 dias, para posterior caracterização.

Figura 8 – Solução filmogênica (a) e filmes após secagem em estufa (b).

4.6- Caracterização dos Filmes

As análises de caracterização foram realizadas nos mesmos períodos de

armazenamento para que eventuais diferenças de degradação do material não

alterassem o resultado final de avaliação.

a b

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4.6.1- Concentração de Compostos Fenólicos Totais

A determinação de compostos fenólicos totais dos filmes foi realizada

conforme item 4.4.1, sendo necessária uma etapa de pré-tratamento dos

filmes.

Amostras dos filmes de 11 a 12 miligramas foram solubilizadas em 6 mL

de água destilada a 50ºC por 50 minutos. Em seguida, as soluções foram

agitadas, adicionando-se 4mL de álcool de etílico (80%), mantendo-as a 50ºC

por 10 minutos (BODINI, 2011). Após esse período, as soluções foram

novamente agitadas e então resfriadas a temperatura ambiente para posterior

análise.

4.6.2- Espessura

Para a determinação da espessura, foram utilizados oito retângulos dos

filmes, previamente recortados, com medidas aproximadas de 8 cm x 2,5 cm.

Em cada retângulo, foi realizada três leituras aleatórias, tomando-se a média.

Para determinação da espessura, foi utilizada a média obtida das leituras

realizadas nos oito retângulos. As leituras foram feitas utilizando um

micrômetro digital da marca Digimess, com uma resolução de 0,001 milímetros.

STMA

4.6.3- Atividade de Água

A atividade de água (Aa) foi determinada utilizando um decágono,

Aqualab Lite. A água pura (Aa de 1,000 ± 0,001) e LiCl (Aa de 0,500 ± 0,015)

foram utilizados para calibração do equipamento. As análises foram realizadas

em triplicata.

4.6.4- Umidade

A umidade dos filmes foi medida através da secagem da amostra no

infravermelho, utilizando o equipamento Moisture Analyzer, modelo AND MX-

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50. A intensidade da radiação emitida será ajustada de modo que a amostra

alcance a temperatura de 110ºC. As análises foram realizadas em triplicata.

4.6.5- Solubilidade em Água

A solubilidade em água dos filmes foi determinada conforme Bodini

(2011) com adaptações. Amostras dos filmes no formato de discos, com

diâmetro de dois centímetros foram pesadas (mi) e imersas em 50 mL de água

destilada, mantidas sob agitação mecânica por 24 horas, à 25ºC. Após esse

período, as amostras foram secas (105ºC, 24 horas), e então pesadas

novamente, determinando-se a massa final seca das amostras (mf). A

solubilidade foi expressa em termos de massa seca dissolvida, sendo calculada

de acordo com a equação [1].

Sol = (mi – mf) * 100 / mi (Equação 1)

Onde: Sol = solubilidade em água (g/100g de filme), mi = massa inicial

da amostra (g), mf = massa seca final da amostra (g) após solubilização.

4.6.6- Permeabilidade ao Vapor de Água

A permeabilidade ao vapor da água nos filmes foi determinada

gravimetricamente segundo metodologia proposta pela ASTM método E96-80

(2005). Amostras de filmes foram dimensionadas em formato circular com 36

mm de diâmetro e aplicadas em células de permeação contendo água

destilada. Estas células foram colocadas em dessecador contendo sílica gel, de

forma a assegurar um gradiente hídrico no sistema, e o conjunto foi

armazenado a 25 °C (Figura 9). Ao longo de cinco dias, houve monitoramento

do peso das células e filmes em intervalos de 12 h, de forma a acompanhar a

variação de peso no período.

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Figura 9 – Análise de permeabilidade ao vapor de água dos filmes.

O cálculo da permeabilidade ao vapor de água foi realizado por meio de

regressão linear entre os pontos de perda de peso, segundo a Equação [2].

Foram feitas três repetições para cada amostra.

P = (g * x) / t * A * ΔP (Equação 2)

Onde:

P é permeabilidade ao vapor de água (g/(Pa*s*m));

g é a perda de peso dos filmes;

t é o tempo total em horas;

A é a área de permeação;

x é a espessura média do filme (mm);

ΔP é a diferença de pressão de vapor do ambiente contendo sílica gel (kPa, a

25 °C) e da água pura (3,167 kPa, a 25 °C) g/t.

O ΔP também foi calculado por regressão linear entre os pontos de

ganho de peso e tempo (regime permanente).

4.6.7- Propriedades Mecânicas

Foram realizados nos filmes, ensaios de tração, utilizando uma Máquina

Universal de Ensaio, EMIC – Linha DL 200 MF, com carga máxima de 20KN,

operada conforme as especificações da ASTM método padrão D882-00

(ASTM, 2001), de acordo com Veiga-Santos et al. (2007). Tiras dos filmes nas

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medidas de 8 cm x 2,5 cm foram cortadas sob as condições de pré-

acondicionamento (56%UR, 21°C) e montadas entre as garras do

equipamento. A posição inicial e a velocidade de separação das garras foram

fixadas a 50 mm e 12,5 mm/min, respectivamente. Dez medidas foram feitas

para cada amostra. Foram analisados os valores do módulo de elasticidade,

tensão máxima e da porcentagem de deformação dos filmes.

4.6.8- Propriedades Térmicas

4.6.8.1- Análise Termogravimétrica (TG e DTG)

As análises termogravimétricas dos filmes foram realizadas em um

analisador térmico (TGA) Perkin Elmer, modelo Pyris. Nos ensaios foram

usadas massas de aproximadamente 5 mg, cadinho de alumínio, atmosfera

inerte de nitrogênio de 50 mL min-1, com taxa de aquecimento de 10 ºC min-1,

no intervalo de temperatura de 25 a 600 ºC. A temperatura em que ocorreu a

maior degradação das amostras obtida através da derivada das curvas

termogravimétricas obtidas (DTG).

4.6.9- Colorimetria

Os ensaios foram realizados em um Espectrofotômetro, marca Perkin

Elmer, UV/VIS, Lambda 35. No equipamento, após calibração, folhas dos

filmes foram colocadas no disco de abertura do espectrofotômetro e analisadas

apos a incidência de luz visível. O equipamento forneceu os valores dos

parâmetros de cor L*, a* e b*.

4.6.10- Atividade Antimicrobiana in vitro

A atividade antimicrobiana in vitro dos filmes foi realizada de acordo com

o teste de difusão em disco utilizando discos do filme de 6mm de diâmetro,

seguindo as metodologias descritas por CLSI (2011) e Gelinski et al. (2007)

com adaptações.

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Para avaliação da atividade antimicrobiana, os filmes foram previamente

mantidos sob luz ultravioleta (UV) por 15 minutos, em câmara de fluxo laminar,

visando à descontaminação inicial dos mesmos, evitando a interferência nos

resultados.

As placas de petri com as culturas dos micro-organismos para os testes

de difusão em discos foram obtidas conforme descrito no item 4.4.2, sendo

verificada a ação sobre as bactérias Staphylococcus aureus, Bacillus cereus e

Listeria monocytogenes.

A leitura dos testes foi realizada com auxílio de uma régua milimetrada,

utilizando-se a medida do tamanho do diâmetro dos halos de inibição em volta

de cada disco do filme, sendo incluído na medição o próprio disco de 6mm.

Foram considerados com ação antimicrobiana os filmes que apresentaram a

formação de um halo de inibição igual ou superior a 10mm de diâmetro

(GELINSKI et al., 2007).

4.6.11- Atividade Antimicrobiana em Queijo Coalho

O queijo do tipo coalho foi fatiado e submetido a luz UV em câmara de

fluxo laminar por 15 minutos, visando a redução da carga microbiana inicial. As

amostras foram embaladas com filme ativo (formulação 9 – ponto central), e

armazenadas sob refrigeração, (temperatura de 7 ± 2ºC), juntamente com os

controles: amostras embaladas no filme sem própolis (filme com amido, glicerol

e 0,5% de nanoculose) e em filme de polietileno puro, além das amostras de

queijo que foram mantidas expostas. Os filmes de polietileno (0,089 ± 0,011

mm) foram obtidos por extrusão, utilizando uma extrusora dupla rosca, marca

AXPlásticos.

A formulação 9 foi escolhida por apresentar propriedades mecânicas e

características físico-químicas mais satisfatórias, além de possuir ação

antimicrobiana nos testes in vitro.

As amostras foram analisadas quanto à contagem de Estafilococcos

Coagulase Positiva, nos tempos 0, 4, 8, 12, 16, 20, 24 e 28 dias. As análises

foram realizadas conforme metodologias recomendadas pelo APHA (2001).

Esse micro-organismo foi escolhido pois o gênero Staphylococcus sp.

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apresentou baixa resistência ao princípio ativo da própolis nos testes in vitro,

além de estar frequentemente associado a surtos alimentares referentes ao

consumo de queijo coalho.

4.7- Análise dos Resultados

A análise estatística dos resultados foi realizada por meio da

Metodologia de Superficie de Resposta, utilizando o software STATISTICAR

7.0. Os efeitos das variáveis independentes sobre as dependentes foram

avaliados pelo puro erro, considerando um nível de confiança de 95% para

todas as variáveis. Os dados gerados foram tratados pela ANOVA (Análise de

Variância), calculando-se os valores de F e verificando o ajuste do modelo e a

qualidade desse ajuste. Além disso, obteve-se o coeficiente de determinação (R2),

para avaliar a variação dos resultados obtidos. Os gráficos de Pareto foram

avaliados para verificar a influência das variáveis independentes nos parâmetros

estudados e as superfícies de respostas foram obtidas para definir as faixas ótimas

de concentração de cada variável na elaboração dos filmes.

A análise estatística também permitiu obter os modelos matemáticos

para as respostas que apresentaram melhor ajuste dos resultados

experimentais ao modelo de segunda ordem descrito na equação [3], tendo

como critérios a porcentagem de variação explicada pelo modelo (R2) e o Teste

F na analise de variância (ANOVA).

Y =b0 +b1X1 +b2X2 +b11X12 +b22X2

2 +b12X1X2 (Equação 3)

Onde:

Y = Variável dependente;

X1 e X2 = Variáveis independentes;

b0 = Termo de compensação;

b1 e b2 = Termos lineares;

b11 e b22 = Termos quadráticos;

b12 = Termo de interação entre as variáveis independentes.

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. Nos parâmetros em que os resultados não apresentaram um bom ajuste

ao modelo, foram avaliados os gráficos de pareto e as curvas de contorno,

observando a interferência significativa de cada variável nos resultados obtidos.

Os resultados dos ensaios preliminares, de caracterização da

nanocelulose e do extrato de própolis vermelha e da atividade antimicrobiana

em matriz alimentícia foram analisados através do Teste de Tuckey, verificando

a existência de diferenças significativas entre os resultados a 95% de

confiança.

5- Resultados e Discussão

5.1- Preparação da Nanocelulose

A fibra de licuri utilizada na extração da nanocelulose possuía um teor de

aproximadamente 68% de celulose, 15,9% de lignina e de 8% de hemicelulose.

A nanocelulose foi obtida em suspensão aquosa com uma concentração

de 0,0117 g/10 mL, sendo que a extração resultou em um rendimento de 33%

em relação a massa de polpa de celulose utilizada e de 5,7% em relação a

massa das folhas de licuri moídas.

5.2- Caracterização da Nanocelulose

5.2.1- Birrefringência da Supensão de Nanocelulose

Em relação à birrefringência, a suspensão de nanocelulose apresentou

uma fase nemática, considerada como uma indicação da presença de

nanocristais isolados em suspensão, ou seja, uma fase líquido-cristalina

(Figura 10).

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76

Figura 10 – Birrefrigência da nanocelulose de licuri.

Segundo Van-Den-Berg et al. (2007), as suspensões de nanocelulose

apresentam tendência em se alinharem devido a sua alta rigidez e elevada

relação comprimento/diâmetro. Essa tendência causa a birrefringência da

dispersão, que pode ser visualizada diretamente através de polarizadores, e

que indica a boa dispersividade da suspensão, necessária para incorporação

nas matrizes poliméricas.

5.2.2- Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM)

A micrografia obtida por Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM)

dos nanocristais de celulose de licuri esta apresentada na Figura 11.

Figura 11 - Micrografia obtida da solução de nanocelulose de licuri com a presença dos nanocristais.

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77

A imagem evidencia a obtenção dos nanocristais em solução,

constituídos, principalmente, por fibrilas, na forma individual e agregada. O

resultado foi semelhante ao encontrado por Rosa et al. (2010) e Pereira (2010),

que obteve nanocristais a partir da casca de coco e da fibra de bananeira,

respectivamente.

Os nanocristais apresentaram comprimento médio de 157±24 nm e uma

largura média de 5,7±1,6 nm. A relação de comprimento e largura (L/D)

apresentou um valor médio de 27±1,4 nm. Segundo Rosa et al. (2010) este

valor está na faixa da nanocelulose que têm grande potencial para serem

usados como reforço em filmes biodegradáveis.

5.2.3- Análise Termogravimétrica (TGA)

Através da análise das curvas de TG e DTG da nanocelulose de licuri

(Figura 12), pode-se verificar duas etapas de perda de massa. A primeira

ocorreu entre 32 e 108ºC, equivalente a eliminação de água superficial e da

umidade da nanofibra, e a segunda entre 240 e 469ºC, devido a degradação

majoritária da celulose e de lignina residual, além da oxidação e quebra dos

resíduos da degradação da celulose em produtos de baixo peso molecular.

100 200 300 400 500 60020

40

60

80

100

Per

da d

e M

assa

(%

)

Temperatura (ºC)

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

Curva TG Curva DTG

Der

ivad

a pr

imei

ra d

a pe

rda

de m

assa

(%

)ºC

-1

Figura 12 – Curva TG/DTG para a nanocelulose de licuri.

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78

Os resultados encontrados por Leão (2008), também analisando

nanocelulose de licuri, foram semelhantes ao encontrado nesse estudo. Os

autores evidenciaram eventos de perda de massa nas temperaturas entre 40 e

150ºC, e 282 e 456ºC. Observou-se que a partir da temperatura de 282ºC,

ocorreu uma maior oscilação na perda de massa, com uma queda mais

acentuada em torno de 282ºC, com o inicio da degradação da celulose e

328ºC, com o inicio da degradação da lignina residual.

Pereira (2010), analisando nanocelulose de fibra de bananeira, verificou

a perda de massa em três etapas. A primeira entre 35 e 87ºC, a segunda entre

289 e 335ºC, e a terceira entre 461 e 491ºC. Os autores atribuíram essas

etapas, respectivamente a, perda de água, degradação da celulose com grupos

sulfatos ácidos adquiridos na etapa de hidrólise, e quebras de ligação das

moléculas de celulose mais internas, que não fizeram contato com o ácido

sulfúrico, além da degradação da lignina residual.

Corrêa et al. (2009), em seu trabalho, já havia verificado a influência da

hidrólise ácida na estabilidade térmica das nanopartículas. Os autores afirmam

que os grupos sulfatos introduzidos na superfície das nanofibras após a hidrólise,

exercem efeito catalítico nas reações de degradação térmica da celulose,

reduzindo sua estabilidade.

Com relação a lignina residual, Rosa et al. (2009) acreditam que sua

presença promove maior estabilidade térmica as nanoceluloses, pois estudos

apontam que sua temperatura de degradação é superior a da celulose pura. De

acordo com Moran et al. (2008), a hemicelulose e a lignina são os primeiros a

se degradar, por volta dos 200°C, sendo que a lignina persiste até a

temperatura de 700°C, enquanto que a hemicelulose pirolisa completamente

aos 315°C. Já a celulose começa aos 315°C e chega até aos 400°C. Dessa

forma, autores acreditam que a etapa de branqueamento pode ser controlada,

de que forma a permitir a presença da lignina residual e do benefício provocado

por ela.

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79

5.3- Extrato de Própolis Vermelha

Os extratos de própolis vermelha foram obtidos em concentrações que

variaram de 0,5% a 10%. Eles possuíam uma coloração vermelho-alaranjada,

na qual a intensidade da cor era proporcional a concentração dos extratos

(Figura 13).

Figura 13 – Extratos de própolis vermelha nas concentrações de 0; 0,5; 1; 3; 5;

7 e 10%.

5.4- Caracterização do Extrato de Própolis Vermelha

5.4.1- Concentração de Compostos Fenólicos Totais

A concentração de compostos fenólicos totais obtida para o extrato de

própolis a 5% foi de 79,51 mg de ácido gálico/g de extrato. Esse resultado foi

superior ao encontrado por Bodini (2011) que obteve uma concentração de

compostos fenólicos totais de 51,9 mg de ácido gálico/g de extrato, utilizando a

própolis verde. Resultados superiores foram encontrados por Moraes et al.

(2007), que encontrou valores próximos a 99,7 mg de ácido gálico

equivalente/g própolis, para a própolis vermelha, e de 84,3 mg de ácido gálico

equivalente/g própolis, para a própolis verde. Já Cabral et al. (2009), utilizando

um extrato etanólico de própolis vermelha, encontrou uma concentração de

257,98 mg de ácido gálico/g de extrato. Os autores ainda afirmam que esse foi

o maior valor encontrado em amostras de própolis brasileira.

Os resultados demonstram que a concentração de compostos fenólicos

nas amostras de própolis apresenta grande variabilidade, podendo variar com o

tipo de própolis, e consequentemente, com a sua localização geográfica.

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80

5.4.2- Teste de Difusão em Ágar

A Tabela 3 apresenta os diâmetros médios dos halos de inibição

formados nas concentrações testadas de extrato alcoólico de própolis

vermelha, utilizando o método de difusão em poços. Foi observado que a

própolis inibiu com maior intensidade o desenvolvimento das bactérias Bacillus

cereus, Listeria monocytogenes e Staphylococcus aureus, ambas Gram-

positivas. Para essas bactérias, a utilização do extrato alcoólico de própolis a

0,4% foi suficiente para provocar a inibição, com um diâmetro médio de 1,5 cm

para os três micro-organismos. A própolis também foi capaz de inibir o

desenvolvimento de Salmonella spp. e de leveduras, sendo que para esses

micro-organismos foi necessário o emprego do extrato em uma concentração

maior, equivalente a 6% para Salmonella spp., e 8% para Leveduras, com os

mesmos diâmetros de inibição (Tabela 3).

Tabela 3 – Diâmetros médios de inibição (cm) obtidos no teste de difusão em poços, utilizando extratos alcoólicos de própolis em diferentes concentrações.

Concentrações do extrato (%)

Micro-organismos

Bacillus cereus

Listeria monocytogenes

Staphylococcus aureus

Salmonella sp. Levedura

0,0 0a 0a 0a 0a 0a 0,1 1,20b 1,13b 1,10b 0a 0a 0,2 1,20b 1,17b 1,10b 0a 0a 0,3 1,25b 1,37b 1,20b 1,00b 0a 0,4 1,50c 1,63c 1,50c 1,00b 1,00b 0,5 2,00d 1,63c 1,50c 1,20b 1,00b 1,0 2,25d 1,93d 2,20d 1,15b 1,15b 2,0 2,60e 2,23e 2,60e 1,15b 1,10b 3,0 2,60e 2,43e,f 2,55e 1,35c 1,10b 4,0 2,70e 2,63f,g 2,60e 1,40c 1,20b 5,0 2,70e 2,63f,g 2,90f 1,35c 1,35c 6,0 2,85f 2,77g,h 2,90f 1,50d 1,35c 7,0 2,90f 2,80g,h 2,85f 1,70d 1,40cd 8,0 2,90f 2,87g,h 3,00f 1,75d 1,50d 9,0 2,85f 2,83g,h 2,95f 1,70d 1,55d 10,0 2,90f 2,90h 2,90f 1,75d 1,50d

Diferentes letras, em uma mesma coluna, indicam que existe diferença (p<0,05) significativa entre as amostras.

Os resultados demonstraram que não houve diferença significativa entre

os diâmetros de inibição alcançados com a utilização dos extratos entre 6 e

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81

10%, para Bacillus cereus e Listeria monocytogenes, entre 5 e 10% para

Staphylococcus aureus e entre 7 e 10% para Salmonella spp. e levedura

(Tabela 3), demonstrando que ambos extratos possuem a mesma capacidade

antimicrobiana.

Os resultados obtidos utilizando o método de difusão em discos

demonstraram a mesma tendência que os obtidos com o método de difusão em

poços, entretanto apresentando halos de inibição menores (Tabela 4),

sugerindo que a ação da própolis em solução é maior. A Figura 14 ilustra os

halos de inibição obtidos sobre Bacillus cereus no método de difusão em

discos.

Não foi observada a formação de halos de inibição para Escherichia coli

(Gram negativa) e para os bolores, mesmo com a aplicação dos extratos na

concentração máxima testada de 10%, mostrando que esses micro-organismos

foram resistentes ao princípio ativo da própolis.

Tabela 4 – Diâmetros médios (cm) de inibição encontrados para o teste com Bacillus cereus, utilizando o método de difusão em discos e em poços.

Concentrações (%) Diâmetros de inibição (cm)

Discos Poços 0,0 0a 0a 0,5 0,80b 2,00d 1,0 0,85bc 2,25d 2,0 1,05bc 2,60e 3,0 1,10cd 2,60e 4,0 1,25de 2,70e 5,0 1,60e 2,70e 6,0 1,85e 2,85f 7,0 1,80e 2,90f 8,0 1,85e 2,90f 9,0 1,80e 2,85f 10,0 1,85e 2,90f

Diferentes letras, em uma mesma coluna, indicam que existe diferença (p<0,05) significativa entre as amostras.

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82

Figura 14 – Teste de difusão em discos para Bacillus cereus.

Esses resultados foram semelhantes ao encontrado em trabalho

realizado por Moraes et al. (2007), onde a própolis vermelha inibiu com maior

intensidade as bactérias Gram-positivas Staphylococcus aureus e Clostridium

perfringens, e com menor intensidade as bactérias Gram-negativas Salmonella

Typhimurium e Escherichia coli.

Daugsch (2007), também demonstrou em seu estudo, que a própolis

possui elevado potencial antimicrobiano sobre a bactéria Staphylococcus

aureus. Os resultados demonstraram que a eficiência antimicrobiana da

própolis é diretamente proporcional a quantidade de compostos fenólicos

presentes nos extratos, atribuindo a atividade biológica a essas substâncias.

A resistência da Escherichia coli ao princípio ativo da própolis, também

foi reportada por Endler et al. (2003), que não conseguiram halos de inibição

sobre a bactéria empregando extratos alcoólicos de própolis nas concentrações

de 15 e 30%. Diâmetros de inibição entre 7 e 20 milímetros foram encontrados

para Pseudomonas sp. e Staphylococcus aureus, respectivamente.

De acordo com Marcucci et al. (2001), a atividade antibacteriana da

própolis é maior frente as bactérias Gram-positivas, devido a presença de

flavonoides, ácidos e ésteres aromáticos, os quais atuariam sobre a estrutura

da parede celular desses micro-organismos através de um mecanismo de ação

ainda não elucidado.

Segundo Silva (2009), as diferenças encontradas entre a ação para as

bactérias Gram negativas e positivas deve-se as diferenças marcantes na

constituição química da parede celular desses micro-organismos (Figura 15).

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83

Figura 15 – Parede celular de bactérias Gram positivas e Gram negativas (SILVA, 2009).

A estrutura química da parede celular das bactérias Gram-negativas é

mais complexa quando comparada com a das Gram-positivas, apresentando

grandes quantidades de lipídios, proteínas e polissacarídeos. Sendo assim, é

provável que os compostos fenólicos da própolis, indicados como responsáveis

pela inibição do crescimento bacteriano, tenham mais dificuldade em interagir

com a parede celular das bactérias Gram-negativas (SILVA, 2009).

5.4.3- Análise Termogravimétrica (TGA)

As curvas de TG e DTG da própolis vermelha (Figura 16) demonstraram

a existência de dois eventos de perda de massa. O primeiro teve inicio em

46ºC e finalizou em 187ºC, quando já começou o segundo evento que finalizou

em 447ºC, onde ocorreu a maior perda de massa.

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84

100 200 300 400 500 6000

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Per

da d

e M

assa

(%

)

Temperatura (ºC)

Curva TG

-1,00

-0,75

-0,50

-0,25

0,00

Curva DTG

Der

ivad

a pr

imei

ra d

a pe

rda

de m

assa

(%

)ºC

-1

Figura 16 – Curva TG/DTG para a própolis vermelha.

5.5- Caracterização dos Filmes

5.5.1- Concentração de Compostos Fenólicos Totais

A determinação de compostos fenólicos totais nos filmes variou de 61,28

mg AG/g de filme, para a formulação 5 (0,4% de própolis), atingindo 98,33 mg

AG/g de filme para a formulação 6 (1% de própolis) (Tabela 5). Os resultados

obtidos apresentaram um bom ajuste ao modelo, podendo representar de

forma significativa (R2=0,94) e preditiva (Fcalc>Ftab) o efeito das variáveis

independentes, concentração de própolis e nanocelulose, no teor de

compostos fenólicos totais dos filmes.

O gráfico de pareto e a superfície de resposta gerados para esse

parâmetro evidenciam (Figura 17) a influência significativa (p<0,05) da

concentração de própolis e também da nanocelulose dos filmes sobre a

quantidade de compostos fenólicos totais presentes. Entretanto, como

esperado, observa-se que a concentração de própolis tem uma interferência

mais significativa nesse parâmetro, apresentando uma maior correlação linear.

Com o aumento da concentração de própolis dos filmes, ocorre um

incremento, praticamente linear, do teor de compostos fenólicos totais dos

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85

mesmos (Figura 17), demonstrando uma boa incorporação da própolis e dos

seus compostos ativos no filme. A Equação 4 apresenta a fórmula gerada para

o modelo, onde observa-se que tanto a concentração de própolis quanto a de

nanocelulose contribuem linearmente no teor de fenólicos presentes no filme.

Fenólicos

1,009598

-5,44407

-6,79514

-7,78771

51,32006

p=,05Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

1Lby2L

Nanocelulose(Q)

(2)Nanocelulose(L)

Própolis(Q)

(1)Própolis(L)

Fenólicos

90 80 70 60 50

Figura 17 – Gráfico de pareto para análise de compostos fenólicos totais.

Fenólicos = 21,59 +117,11X – 46,33X2 +4,14Y – 11,50Y2 (Equação 4)

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86

A concentração de compostos fenólicos totais encontrada, nesse

trabalho, para o extrato alcoólico de própolis a 5% foi de 79,51 mg,

encontrando-se dentro da faixa alcançada para os filmes. Isso sugere que

esses compostos foram incorporados na matriz, sem grandes perdas.

Bodini (2011), utilizando filmes plastificados com sorbitol e adicionados

de própolis vermelha, encontrou valores entre 8,8 e 50,3 mg AG/g de filme,

sendo que, a matriz polimérica empregada foi capaz de preservar os fenólicos

durante 177 dias de armazenamento, demonstrando a existência de interações

fortes entre os constituintes.

5.5.2- Espessura

A média das espessuras obtidas para as formulações dos filmes variou

de 0,076 a 0,099 mm (Tabela 5). A análise estatística demonstrou que os

resultados obtidos não apresentaram um bom ajuste ao modelo utilizado

(Fcalc<Ftab), não podendo ser empregado para representar adequadamente

as relações entre as variáveis independentes e a espessura obtida nos filmes.

Verifica-se, através do gráfico de pareto gerado (Figura 18) que apenas a

concentração de nanocelulose interferiu significativamente (p<0,05) na

espessura dos filmes (Figura 18). Através do gráfico de contorno (Ffigura 18),

observa-se que maiores concentrações de nanocelulose e de própolis seriam

necessárias para obter um modelo matemático adequado.

Souza et al. (2011), encontraram valores de espessura entre 0,123 e

0,141 mm para filmes a base de amido, elaborados por casting, e plastificados

com açúcar invertido e sacarose, com incorporação de polpa de manga e acerola,

sem diferenças significativas entre as diferentes formulações (p>0,05). Reis

(2011), avaliando filmes a base de amido e glicerol e incorporados de extrato de

erva mate e polpa de manga, encontrou espessuras que variaram de 0,111 a

0,125 mm, também não existindo diferença significativa (p>0,05) entre as

formulações.

Segundo Mali et al. (2010), o controle da espessura dos filmes

produzidos por casting é uma etapa que merece atenção, pois interfere nas

demais características dos filmes. Gennadios et al. (1994) afirmam que o

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controle da espessura dos filmes é importante para definir a uniformidade

desses materiais, para a repetibilidade das medidas das propriedades e

validade das comparações entre propriedades dos filmes. De acordo com

Galdeano (2007), este parâmetro influencia largamente as propriedades

mecânicas, principalmente a força na perfuração e a permeabilidade ao vapor

de água de filmes hidrofílicos.

A influência da espessura na permeabilidade ao vapor de água dos

filmes já foi apontada por diversos autores (GALDEANO, 2007; HENRIQUE et

al., 2008; MALI et al., 2010), que relataram a ocorrência de filmes com

diferentes capacidades de se ligar à água e, consequentemente, com

diferentes permeabilidades, sendo formados a diferentes espessuras.

Normalmente, a escolha da matriz e do plastificante, assim como, a sua

concentração nos filmes interfere na espessura dos materiais obtidos. Shimazu

et al. (2007) confirmaram a interferência do plastificante na espessura dos

filmes. Eles formularam, por casting, filmes de amido com diferentes

concentrações de glicerol e verificaram que a espessura dos filmes variou de

0,07 a 0,10 mm e observaram um aumento na espessura dos filmes com o

incremento no teor do plastificante.

Espessura

,8536116

-1,86651

-2,28236

3,54329

4,86599

p=,05Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

(1)Própolis(L)

1Lby2L

(2)Nanocelulose(L)

Própolis(Q)

Nanocelulose(Q)

Espessura

0,14 0,13 0,12 0,11 0,1 0,09 0,08 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

Própolis

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Nan

ocel

ulos

e

Figura 18 – Gráfico de pareto para análise de espessura dos filmes.

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88

Tabela 5 - Médias (± desvio padrão) das análises de caracterização das formulações dos filmes e do controle (sem própolis). E (espessura); aw (atividade de água); U (umidade-%), Compostos fenólicos totais (mg AG/g de filme), S (solubilidade em

água-%) e TPVA (permeabilidade ao vapor de água - gH2O.μm/m2.h.mmHg).

Formulação Própolis

(%) Nanocelulose

(%) Fenólicos ± dp E ± dp Aw ± dp U ± dp S ± dp TPVA ± dp

F controle 0 0 0( 0,081 ± 0,005 0,522 ± 0,002 10,61 ± 0,67 25,70 ± 0,93 4,16E-08 ± 0,07

F 0 0 0,5 0 0,082 ± 0,005 0,462 ± 0,002 11,01 ± 0,97 22,80 ± 0,53 1,86E-08 ± 0,06

F 1 0,5 0,15 68,42 ± 1,09 0,081 ± 0,005 0,487 ± 0,004 10,23 ± 1,09 25,49 ± 0,96 2,43E-08 ± 0,02

F 2 0,5 0,85 64,53 ± 0,41 0,078 ± 0,011 0,441 ± 0,003 9,55 ± 0,98 20,33 ± 0,95 1,77E-08 ± 0,04

F 3 0,9 0,15 86,32 ± 0,48 0,097 ± 0,007 0,488 ± 0,004 10,08 ± 0,73 26,31 ± 1,70 2,47E-08 ± 0,01

F 4 0,9 0,85 83,68 ± 0,39 0,082 ± 0,006 0,439 ± 0,006 10,43 ± 1,49 19,36 ± 0,06 1,77E-08 ± 0,03

F 5 0,4 0,5 61,28 ± 0,56 0,098 ± 0,006 0,466 ± 0,003 11,46 ± 0,91 22,63 ± 1,78 2,42E-08 ± 0,03

F 6 1 0,5 98,33 ± 0,44 0,090 ± 0,006 0,471 ± 0,009 10,75 ± 0,67 23,48 ± 0,70 1,95E-08 ± 0,03

F 7 0,7 0 83,24 ± 0,97 0,099 ± 0,010 0,494 ± 0,004 10,09 ± 1,07 17,71 ± 1,08 3,10E-08 ± 0,07

F 8 0,7 1 79,44 ± 0,71 0,097 ± 0,011 0,438 ± 0,002 9,38 ± 0,55 10,41 ± 0,58 1,71E-08 ± 0,05

F 9 0,7 0,5 81,15 ± 0,78 0,081 ± 0,011 0,464 ± 0,001 11,27 ± 0,76 21,93 ± 1,33 2,06E-08 ± 0,03

F 10 0,7 0,5 82,26 ± 0,15 0,076 ± 0,012 0,464 ± 0,001 11,44 ± 1,53 21,42 ± 0,81 2,11E-08 ± 0,01

F 11 0,7 0,5 82,18 ± 0,59 0,082 ± 0,014 0,471 ± 0,004 11,60 ± 1,38 21,14 ± 1,53 2,07E-08 ± 0,03

Formulações (F); * Pontos Centrais.

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89

5.5.3- Atividade de Água, Solubilidade e Umidade

Os valores encontrados para a atividade de água dos filmes ficaram

entre 0,438 e 0,522, enquanto que os resultados obtidos para umidade

variaram de 9,38 a 11,60% (Tabela 5). O valor mais baixo alcançado para

solubilidade em água foi de 10,41%, para a F8 (Tabela 5). Os resultados

obtidos para atividade de água dos filmes apresentaram um bom ajuste ao

modelo matemático empregado (Fcalc>Ftab; R2=0,97), e mostraram um efeito

significativa (p<0,05) da função linear da concentração de nanocelulose nesse

parâmetro. A Equação 5 apresenta a fórmula gerada para o modelo, onde

verifica-se que com o aumento do teor de nanocelulose adicionado aos filmes

ocorre uma redução da atividade de água dos mesmo. A interferência não

significativa (p>0,05) da concentração de própolis nesse parâmetro pode ser

verificada através do gráfico de pareto e da superfície de resposta gerada

(Figura 19).

Com relação a umidade e a solubilidade dos filmes, os resultados

obtidos não apresentaram um bom ajuste ao modelo matemático empregado

(Fcalc<Ftab) (R2=0,97), entretanto os gráficos de pareto e os gráficos de

contorno gerados (Figuaras 20 e 21) serviram para demonstrar a tendência dos

resultados obtidos. Os resultados de umidade demonstram um efeito

significativo (p<0,05) da função linear da concentração de nanocelulose nos

valores obtidos. Para a solubilidade em água, observa-se uma interferência

significativa (p<0,05) também da função linear da própolis nos resultados

alcançados.

Os nanocristais de celulose reduzem a disponibilidade de água dentro

da matriz, tendo um papel relevante no controle da atividade de água e da

umidade dos filmes. Esses resultados foram similares ao encontrado por Silva

et al. (2012) utilizando filmes a base de amido adicionado de nanocelulose

extraída do eucalipto, onde a adição dos nanocristais também reduziu a

disponibilidade de água dentro dos filmes. Os autores afirmam que as

nanopartículas de celulose podem colaborar para aumentar a vida de prateleira

dos filmes, tornando-os mais competitivos aos sintéticos.

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90

Atividade de Água

,2074836

-,371154

,5516536

-,562426

-15,2318

p=,05Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

Própolis(Q)

1Lby2L

(1)Própolis(L)

Nanocelulose(Q)

(2)Nanocelulose(L)

Atividade de Água

0,5 0,48 0,46 0,44 0,42

Figura 19 – Gráfico de pareto e superfície de resposta para a análise de Atividade de água.

Aw = 0,493 – 0,047Y (Equação 5)

O controle da atividade de água dos filmes é fundamental para sua

utilização pela indústria de alimentos, visto que o contato direto da embalagem

com o produto pode ocasionar o desenvolvimento de micro-organismos ou de

reações químicas indesejáveis, interrompendo sua funcionalidade (GONTARD

e GUILBERT, 1996; VEIGA-SANTOS et al., 2007).

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91

Umidade

-,696282

-2,86544

3,120735

-3,46716

-13,381

p=,05Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

(1)Própolis(L)

(2)Nanocelulose(L)

1Lby2L

Própolis(Q)

Nanocelulose(Q)

Umidade

11 10 9 8 7 6 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

Própolis

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Nan

ocel

ulos

e

Figura 20 – Gráfico de pareto e superfície de resposta para a análise de

Umidade.

Solubilidade em Água

,9633759

-2,23448

9,821236

-15,7579

-19,7938

p=,05Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

(1)Própolis(L)

1Lby2L

Própolis(Q)

Nanocelulose(Q)

(2)Nanocelulose(L)

Solubilidade em Água

28 24 20 16 12 8 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

Própolis

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Nan

ocel

ulos

e

Figura 21 – Gráfico de pareto para análise de solubilidade em água.

Os resultados obtidos para a solubilidade em água sugerem que os

nanocristais de celulose aumentam a resistência dos filmes à água, pois se

observou uma redução significativa da solubilidade com o incremento da

concentração de nanocelulose. De Paula et al. (2011) afirmam que os

nanocristais proporcionam o desenvolvimento de uma barreira física, inibindo a

absorção de água pelos filmes, podendo ser utilizados vantajosamente para

controlar a degradação hidrolítica dos biopolímeros.

Silva et al. (2012) relatam que o efeito dos nanocristais como barreira

física à penetração pode ser explicado pelo elevado grau de cristalinidade das

nanopartículas e das rígidas ligações de hidrogênio formadas no interior da

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92

matriz, que dificultam o acesso e, consequentemente, a interação da água com

as moléculas de amido.

5.5.5- Permeabilidade ao Vapor de Água

Os valores encontrados para permeabilidade ao vapor de água (TPVA)

variaram de 1,71x10-8 a 3,10x10-8 gH2O.μm/m2.h.mmHg (Tabela 5). O gráfico

de pareto confirmou a interferência significativa (p<0,05) das duas variáveis

independentes (nanocelulose e própolis) na permeabilidade ao vapor de água

dos filmes (Figura 22). As formulações 8, 2 e 4, que possuíam as maiores

concentrações de nanocelulose, alcançaram as menores taxas de

permeabilidade, enquanto que a formulação 7 (0%) apresentou a maior taxa.

Permeabilidade ao Vapor de Água

-,755929

1,312963

-8,62111

10,70306

-44,4826

p=,05Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

1Lby2L

Própolis(Q)

(1)Própolis(L)

Nanocelulose(Q)

(2)Nanocelulose(L)

Permeabilidade ao Vapor de Água

3,4E-8 3E-8 2,6E-8 2,2E-8 1,8E-8 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

Própolis

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Nan

ocel

ulos

e

Figura 22 – Gráfico de pareto da análise de permeabilidade ao vapor de água.

Os resultados demonstraram que a presença dos nanocristais de

celulose, em qualquer concentração, é capaz de promover uma redução na

permeabilidade ao vapor de água dos filmes, agindo como uma barreira,

diminuindo os espaços livres na matriz polimérica, dificultando a passagem do

vapor.

A interferência da própolis na taxa de permeabilidade ao vapor de água

dos filmes já foi evidenciada em outros estudos (BODINI, 2011; REIS, 2011).

Segundo Rohn et al. (2004), os compostos fenólicos podem ser capazes de

estabelecer interações com a matriz polimérica, e ligações de hidrogênio e/ou

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93

covalentes com os grupos reativos da matriz. Dessa forma, ao elevar as

interações intermoleculares com a cadeia polimérica, eleva-se a densidade do

filme e diminui-se a taxa de permeação de agua, devido a limitação da

disponibilidade de grupos de hidrogênio para formar ligação hidrofílica com a

água, resultando em uma diminuição da afinidade do filme pela água

(SIRIPATRAWAN E HARTE, 2010).

Wang et al. (2006) e Cao et al. (2008), utilizando, respectivamente,

nanocelulose de fibra de algodão e de cânhamo em matrizes de amido,

encontraram resultados semelhantes, com melhoras significativas na

permeabilidade ao vapor de água dos filmes, através da adição da nanocelulose.

5.5.6- Propriedades Mecânicas

Os resultados obtidos para as propriedades mecânicas dos filmes não

tiveram um bom ajuste ao modelo matemático adotado (Fcal<Ftab), não

podendo ser utilizados para representar as relações entre as concentrações de

nanocelulose e própolis vermelha e os valores de tensão máximo, módulo de

elasticidade e deformação dos filmes. Entretando, os gráficos de pareto

mostraram que as propriedades mecânicas avaliadas foram significativamente

afetadas (p<0,05) pela concentração de nanocelulose e de própolis nos filmes

(Figura 23). O módulo de elasticidade, que mostra a rigidez dos filmes, atingiu

um aumento de 270%, na F8 (1,0% de nanocelulose), em relação a FC (0% de

própolis e nanocelulose). Um aumento superior de 276% foi alcançado para a

F0 (0,5% de nanocelulose, sem própolis) (Tabela 6).

A presença dos nanocristais aumentou em 110% á tensão máxima dos

filmes, com o emprego de apenas 0,15% de nanocelulose (F3 em relação a

F7). Um aumento de 211% da tensão máxima foi alcançado para a F0, onde

não ocorreu a adição de própolis, demonstrando que a própolis interfere na

dispersão dos nanocristais dentro da matriz.

Os gráficos de contorno confirmam que o aumento da concentração de

nanocelulose nas formulações provocou o incremento do módulo de

elasticidade e da tensão máxima alcançados para os filmes (Figura 23).

Através desse gráfico também observa-se que, enquanto a nanocelulose

provocou o aumento na tensão máxima dos filmes, a própolis contribuiu para

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94

redução desse parâmetro. A tensão máxima pode ser definida como a

resistência máxima oferecida pelos filmes quando submetidos a tração e seu

aumento pode estar relacionado a interação entre as cadeias do polímero com

os nanocristais de celulose, formando uma estrutura mais resistente à tração.

Módulo de Elasticidade

-79,4645

-124,199

-151,063

227,3

440,0156

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

Própolis(Q)

(1)Própolis(L)

Nanocelulose(Q)

1Lby2L

(2)Nanocelulose(L)

Módulo de Elasticidade

300 200 100 0 -100 -200 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

Própolis

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Nan

ocel

ulos

e

Tensão Máxima

-5,3468

6,928203

-26,2496

-39,6488

49,43805

p=,05

Standardized Effect Estimate (AbsoluteValue)

(1)Própolis(L)

1Lby2L

Nanocelulose(Q)

Própolis(Q)

(2)Nanocelulose(L)

Tensão Máxima

6 4 2 0 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

Própolis

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Nan

ocel

ulos

e

Deformação

,2970443

1,732051

72,1181

94,40284

-103,228

p=,05Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

(1)Própolis(L)

1Lby2L

Nanocelulose(Q)

Própolis(Q)

(2)Nanocelulose(L)

Deformação

110 100 90 80 70 60 50 40 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

Própolis

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Nan

ocel

ulos

e

Figura 23 – Gráficos de pareto das propriedades mecânicas dos filmes.

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Tabela 6 – Valores do módulo de elasticidade, tensão de ruptura e da deformação de todas as formulações.

Formulações Módulo de elasticidade (MPa)

Tensão Máxima (MPa)

Deformação (%)

F C 107,20 ± 9,43 3,70 ± 0,34 68,00 ± 5,67 F 0 296,20 ± 14,86 7,80 ± 0,45 22,80 ± 5,22 F 1 217,80 ± 32,51 5,40 ± 0,89 52,80 ± 6,10 F 2 257,20 ± 44,06 6,20 ± 0,84 46,80 ± 5,02 F 3 190,80 ± 42,76 4,40 ± 0,55 54,00 ± 7,35 F 4 264,00 ± 38,12 6,00 ± 1,41 48,80 ± 8,90 F 5 221,40 ± 19,51 5,20 ± 0,84 52,00 ± 8,60 F 6 237,00 ± 34,66 5,40 ± 0,55 50,00 ± 7,35 F 7 122,40 ± 8,73 4,00 ± 0,71 66,00 ± 6,93 F 8 290,20 ± 58,52 8,00 ± 0,71 26,40 ± 6,54 F 9 246,60 ± 32,44 7,20 ± 0,84 33,20 ± 7,69 F 10 247,00 ± 34,73 7,20 ± 1,64 33,60 ± 8,05 F 11 246,20 ± 15,35 7,10 ± 1,30 33,60 ± 9,21

Segundo Melo (2010), a redução na resistência dos filmes pelo

incremento da concentração de óleos e extratos de produtos naturais pode

estar relacionada à substituição exagerada dos componentes dos polímeros

pelos componentes naturais, resultando em uma matriz menos resistente.

Batista et al. (2005) verificaram, que ao incorporar ácido lático em filmes

a base de pectina, ocorreu um ligeiro aumento na tensão dos filmes quando a

concentração de ácido passou de 6% para 12%. Entretanto, quando a

concentração passou a 18% houve uma redução na resistência dos filmes.

Resultado semelhante foi encontrado por Arvanitoyannis et al. (1999),

que verificaram que a incorporação de grande quantidade de plastificante

resultou em uma interação excessiva de compostos com a matriz dos filmes,

enfraquecendo-a e resultando em baixa resistência a tração.

Os nanocristais de celulose também apresentaram efeito significativo

(p<0,05) sobre a deformação dos filmes. Observa-se que com o aumento da

concentração de nanocelulose ocorre uma redução da porcentagem de

deformação dos filmes (Figura 23). Esse fato provavelmente é resultado da

formação de uma estrutura mais compacta, que reduz a flexibilidade e aumenta

a rigidez dos filmes. Segundo Gomes (2006), quanto maior o módulo de

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96

elasticidade, maior a tensão necessária para produzir uma deformação, o que

caracteriza filmes mais rígidos.

Esse comportamento foi reportado em outros estudos, e pode ser

utilizado como indicação de uma boa interação entre os componentes do filme

(AZEREDO et al., 2009), com a formação de uma rede contínua de

nanocelulose, unidas por ligações fortes de hidrogênio (SAMIR et al., 2005). A

deformação também é chamada de elongação, e mostra a capacidade do filme

de esticar antes de romper.

Além disso, observa-se que a redução da deformação dos filmes

provocada pela adição de nanocelulose, não foi considerável quando

comparada a redução relatada em outros estudos (AZEREDO et al., 2009;

SILVA et al., 2012; VEIGA-SANTOS et al., 2007), pois a própolis desempenhou

um efeito contrário e significativo (p<0,05) ao da nanocelulose, que é

confirmado através do gráfico de contorno (Figura 23). Os valores máximos

alcançados foram de 68% para a FC (sem própolis e nanocelulose) e 66% para

a F7 (0% de nanocelulose).

Os gráficos da Figura 24 apresentam os valores do módulo de elasticidade,

da tensão e da deformação das 11 formulações dos filmes e dos controles. Através

dos gráficos é possível observar a existência de diferenças entre os valores

alcançados para as amostras.

Cao et al. (2008) desenvolveram filmes biodegradáveis de amido e

nanocelulose, extraída de fibras de cânhamo e encontrou resultados para as

propriedades mecânicas superiores ao encontrado nesse estudo. A tensão

máxima e o módulo de elasticidade tiveram um aumento de mais de 2000%,

com o emprego de 30% de nanocelulose.

Já Rosa et al. (2009), avaliando filmes de borracha natural reforçados

com nanocristais de celulose de coco, encontraram resultados inferiores com a

adição de 10% de nanocelulose. Houve um aumento de 50% e 40% para a

tensão máxima e para o módulo de elasticidade, respectivamente.

Silva et al. (2012), desenvolveu filmes a base de amido, plastificados

com açúcar invertido e sacarose, e reforçados com nanocelulose extraída da

polpa de eucalipto, e obteve uma aumento de 92% e 400% para tensão na

ruptura e para a deformação, respectivamente, com adição de apenas 0,2% de

nanocelulose. Os autores concluíram que baixas quantidades de nanocelulose

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97

(0,1-0,3%) são capazes de reforçar consideravelmente as propriedades

mecânicas dos filmes biodegradáveis.

Figura 24 - Comportamento do módulo de elasticidade, da tensão e do

alongamento na ruptura das diferentes formulações dos filmes e controle.

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98

5.5.7- Propriedades Térmicas

5.5.7.1- Análise Termogravimétrica (TG e DTG)

A Figura 25 mostra as curvas de TG dos filmes, onde pode-se verificar

que todas as formulações apresentaram dois eventos de decomposição. O

primeiro evento ficou no intervalo de 31 e 130ºC, com uma perda de massa

discreta, entre 5,65 e 9,11%, atribuído a perda de água e de umidade dos

filmes. O segundo evento ficou no intervalo entre 261 e 389ºC (Tabela 7), com

uma perda de massa entre 56,40 e 73,72%, associado a decomposição da

matriz dos filmes, que apresentou-se bastante uniforme.

Figura 25 – Curvas TG das formulações dos filmes.

Os filmes controles (FC e F) apresentaram comportamentos

semelhantes aos demais, o que confirma uma ótima interação entre os

componentes do sistema, evidenciando a formação de um novo material.

Os filmes apresentaram-se estáveis nas temperaturas entre 130 e

261ºC. Os valores da temperatura inicial de degradação térmica são importantes,

pois indicam o limite máximo da temperatura de processo ou manufatura térmica

dos materiais.

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99

Tabela 7 – Parâmetros da análises de TG: Tonset (temperatura de inicio da degradação), Td (temperaturas de degradação e perda de massa (%).

Material

TG

1º evento 2º evento

Tonset(ºC) Td1 (ºC) Perda de

Massa (%) Tonset(ºC) Td2 (ºC)

Perda de Massa (%)

amido 32 158 11,12 274 458 74,69 glicerol 149 308 96,68 - - -

nanocelulose 32 108 11,00 240 469 48,63 própolis 46 187 4,55 187 447 80,75

FC 32 115 7,96 279 387 66,52 F0 31 109 6,02 268 370 63,24 F1 32 107 5,98 275 377 73,72 F2 32 130 9,11 268 389 64,08 F3 31 108 6,82 261 363 61,85 F4 31 117 7,83 266 376 63,37 F5 32 116 7,80 282 368 62,80 F6 32 100 5,80 279 367 58,91 F7 31 104 5,65 265 361 56,91 F8 32 108 6,94 263 372 67,20 F9* 32 110 7,77 272 374 58,91 F10* 32 106 7,63 274 371 63,05 F11* 32 106 7,45 273 372 56,40

Formulações (F); *Pontos centrais; Controle (C). Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma coluna, não apresentam diferenças significativas (p>0,05) pelo Teste de Tukey a 95% de confiança.

As curvas de DTG dos filmes apresentaram comportamento semelhante

para as diferentes formulações (Figura 26), com pouca mudança na

temperatura de velocidade máxima de degradação, que ficou em torno de

324,0 ºC.

Nas curvas de TG/DTG encontradas para o amido (Figura 27), também

verificou-se a ocorrência de dois eventos de perda de massa. O primeiro entre

32 e 158ºC, e o segundo entre 274 e 458ºC (Tabela 8). A temperatura da taxa

máxima de degradação foi aproximadamente 341ºC. Já para o glicerol, as

curva TG/DTG (Figura 28) evidenciaram a formação de apenas um evento de

perda de massa, entre 149 e 308ºC (Tabela 8), com uma temperatura da taxa

máxima de degradação em torno de 261ºC.

Segundo Bona (2007) na curva de TGA característica do amido de

mandioca ocorre a presença de dois estágios de decomposição. O primeiro

ocorre entre 60 e 183,8 ºC, característico da umidade presente na amostra. A

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100

partir desta temperatura inicia-se o segundo estágio, que consiste na variação

de massa, que é concluído na faixa de temperatura de 595,2 ºC, quando a

curva apresenta praticamente uma fase constante de não variação de massa.

A temperatura da taxa máxima de decomposição térmica do amido é em torno

de 354,0 ºC.

Figura 26 – Curvas DTG das formulações dos filmes.

Silva et al. (2012), também verificaram nas curvas de TG, a presença de

dois eventos de perda de massa em filmes de amido de mandioca contendo

nanocelulose de eucalipto e utilizando açúcar invertido como plastificante.

Entretanto, os autores verificaram que a presença de elevadas concentrações

dos nanocristais (3,0 a 5,0%) promoveu a ocorrência de mais um evento

térmico, sugerindo que a estabilidade térmica dos filmes diminuiu com o

aumento da incorporação destas nanopartículas.

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101

0 100 200 300 400 500 600

20

40

60

80

100

Per

da d

e m

assa

(%

)

Temperatura (oC)

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

Curva TG Curva DTG

Der

ivad

a pr

imei

ra d

a pe

rda

de m

assa

(%

).o C

-1

Figura 27 – Curvas TG e DTG do amido de mandioca.

100 200 300 400 500 600

0

20

40

60

80

100

Per

da d

e M

assa

(%

)

Temperatura (ºC)

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

TG DTG

Der

ivad

a pr

imei

ra d

a pe

rda

de m

assa

(%

).ºC

-1

Figura 28 – Curvas TG e DTG do glicerol.

Comparando-se as curvas DTG dos filmes com as dos seus

constituintes observa-se que o perfil de degradação foi alterado, embora seja

semelhante ao do amido, seu constituinte principal (Figura 29).

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102

100 200 300 400 500 600-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

Der

ivad

a pr

imei

ra d

a pe

rda

de m

assa

(%

).ºC

-1

Temperatura (ºC)

Própolis Nanocelulose Amido Glicerol

261ºC 341ºC

384ºC

343ºC

Figura 29 - Curvas de DTG dos constituintes dos filmes.

5.5.8- Colorimetria

Os resultados dos índices de cor, luminosidade (L*), croma a* (a*) e

croma b* (b*) para os filmes estão apresentados na Tabela 8. Os gráficos de

pareto gerados para esses parâmetros demonstraram que a própolis interferiu

significativamente (p<0,05) nos índices de cor estudados (Figura 30).

O valor L* representa a luminosidade e a* e b* são as coordenadas

cromáticas. Um valor de L* igual a 100 é equivalente ao branco perfeito

(luminosidade total), enquanto um valor igual a zero significa total ausência de

reflexão (negro perfeito). Sendo assim, como L* varia de branco (máximo) a

preto (mínimo), a formulação do filme controle (sem adição de própolis)

apresentou o mais alto valor de L* encontrado, estando próximo ao limite

superior. As formulações 7, 9, 10 e 11 apresentaram os menores valores de

luminosidade (Tabela 9).

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103

Tabela 8 - Parâmetros de cor dos filmes de amido e glicerol, incorporados com diferentes concentrações de nanocelulose e própolis vermelha (Média ± desvio

padrão).

Formulação Parâmetros de Cor (médias ± dp)

L* a* b*

F controle 98,12 ± 0,31 0,14 ± 0,10 0,25 ± 0,11 F 0 99,63 ± 0,41 0,12 ± 0,10 0,25 ± 0,19 F 1 77,32 ± 1,36 4,49 ± 0,44 59,20 ± 1,83 F 2 69,43 ± 1,12 7,82 ± 1,32 56,20 ± 9,77 F 3 46,02 ± 0,97 15,79 ± 1,10 56,70 ± 3,07 F 4 63,57 ± 0,92 11,08 ± 1,94 49,60 ± 0,94 F 5 83,30 ± 1,36 7,50 ± 0,45 50,52 ± 9,88 F 6 67,36 ± 0,80 12,52 ± 0,60 70,98 ± 0,73 F 7 50,33 ± 1,60 13,86 ± 2,45 56,04 ± 1,73 F 8 41,33 ± 2,03 4,18 ± 1,67 38,16 ± 1,08 F 9 39,65 ± 0,31 10,01 ± 0,80 45,26 ± 0,85

F 10 40,28 ± 1,01 9,38 ± 0,11 45,88 ± 1,46 F 11 41,78 ± 1,24 10,53 ± 4,45 44,71 ± 2,09

Os resultados obtidos para a luminosidade dos filmes apresentaram um

bom ajuste ao modelo matemático empregado (Fcalc>Ftab; R2=0,94), e

mostraram um efeito significativa (p<0,05) da concentração de própolis (função

linear e quadrática), da concentração de nanocelulose (função quadrática) e da

interação dos dois componentes nesse parâmetro (Figura 30). A superfície de

resposta obtida demonstra que o emprego de maiores concentrações de

própolis resultam em filmes mais escuros e, consequentemente, com menores

valores de L*. A equação do modelo é apresentada através da equação 6.

Os valores de a* situam-se entre –120 e +120, que indicam,

respectivamente, a variação entre os valores relativos ao verde perfeito (-a*) e

ao vermelho perfeito (+a*). O eixo b* também admite valores entre –120 a +120

que representam os valores relativos ao azul perfeito e ao amarelo perfeito,

respectivamente. A análise de variância identificou influência significativa

(p<0,05) das variáveis independentes sobre as cordenadas de cor croma a* e

b* (Figura 31).

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104

Luminosidade L*

-1,02781

8,427029

11,6248

-19,1433

39,20299

p=,05

Standardized Effect Estimate (AbsoluteValue)

(2)Nanocelulose(L)

Nanocelulose(Q)

1Lby2L

(1)Própolis(L)

Própolis(Q)

Luminosidade L*

160 140 120 100 80 60

Figura 30 – Gráfico de pareto e superfície de resposta do parâmetro L* de cor.

L* = 308,18 – 658,44X + 412,21X2 + 31,46Y2 + 90,86XY (Equação 6)

Os gráficos de contorno obtidos para esses parâmetros confirmaram

uma alteração das intensidades das cores das formulações com a incorporação

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105

da própolis aos filmes (Figura 31). O parâmetro a* variou de 0,12 a 13,86,

enquanto que o parâmetro b* variou de 0,25 a 70,98 (Tabela 9). Os resultados

confirmaram a tendência dos filmes em apresentar uma coloração amarelo-

alaranjada, que se intensifica com o aumento da concentração de própolis

(Figura 32). Essa coloração é devido a presença dos compostos fenólicos da

própolis, que contribuem para o surgimento de cores avermelhadas ou

amareladas (BODINI, 2011).

Croma a*

,3067587

-1,67768

-6,98067

-9,28987

13,15701

p=,05Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

Própolis(Q)

Nanocelulose(Q)

1Lby2L

(2)Nanocelulose(L)

(1)Própolis(L)

Croma a*

24 20 16 12 8 4 0 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

Própolis

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Nan

ocel

ulos

e

Croma b*

-3,50218

5,89857

12,6511

-21,4194

32,55335

p=,05Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

1Lby2L

Nanocelulose(Q)

(1)Própolis(L)

(2)Nanocelulose(L)

Própolis(Q)

Croma b*

90 80 70 60 50 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

Própolis

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Nan

ocel

ulos

e

Figura 31 – Gráficos de pareto para os parâmetros de cor a* e b* dos filmes.

Figura 32 – Coloração das formulações dos filmes.

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106

5.5.9- Atividade Antimicrobiana in vitro

Os diâmetros médios dos halos de inibição formados pelos filmes sobre

as bactérias estão inseridos na Tabela 9. A análise estatística demonstrou que

o modelo matemático utilizado pode ser empregado para representar de forma

significativa e preditiva (Fcalc>Ftab) o efeito das variáveis independentes,

concentração de própolis e nanocelulose, sobre os halos de inibição alcançados

para os três micro-organismos analisados.

Tabela 9 – Halos médios de inibição encontrados sobre os micro-organismos avaliados.

Formulações Halos de Inibição ± dp (cm)

Própolis - X1

(%) Nanocelulose –

X2 (%) Staphylococcus

aureus Bacillus cereus

Listeria monocytogenes

F C 0,00 0,00 0 0 0 F 0 0,00 0,50 0 0 0 F 1 0,50 0,15 1,23 ± 0,06 1,37 ± 0,06 1,27 ± 0,06 F 2 0,50 0,85 1,27 ± 0,06 1,23 ± 0,06 1,23 ± 0,06 F 3 0,90 0,15 1,83 ± 0,06 2,00 ± 0,10 2,07 ± 0,06 F 4 0,90 0,85 1,77 ± 0,06 1,97 ± 0,06 2,00 ± 0,10 F 5 0,40 0,50 1,07 ± 0,06 1,27 ± 0,06 1,27 ± 0,06 F 6 1,00 0,50 1,77 ± 0,06 2,00 ± 0,10 2,07 ± 0,06 F 7 0,70 0,00 1,47 ± 0,06 1,50 ± 0,10 1,50 ± 0,10 F 8 0,70 1,00 1,47 ± 0,06 1,53 ± 0,06 1,53 ± 0,06 F 9* 0,70 0,50 1,47 ± 0,06 1,57 ± 0,06 1,57 ± 0,06 F 10* 0,70 0,50 1,47 ± 0,06 1,50 ± 0,10 1,50 ± 0,10 F 11* 0,70 0,50 1,53 ± 0,06 1,57 ± 0,06 1,57 ± 0,06 * Pontos Centrais.

Os gráficos de pareto e as superfícies de resposta (Figuras 33, 34 e 35)

geradas para cada micro-organismo, evidenciam a influência significativa

(p<0,05) da concentração de própolis na atividade antimicrobiana dos filmes.

Através dos gráficos observa-se que a nanocelulose apresenta nenhuma

interferência significativa (p>0,05) no efeito antimicrobiano dos filmes obtidos. A

Tabela 10 apresenta as equações do modelo obtidas para cada micro-

organismo, onde observa-se uma correlação linear da concentração de própolis

com os halos de inibição alcançados.

Os diâmetros de inibição médios alcançados ficaram entre 1,07 a

2,07cm. A Listeria monocytogenes foi a bactéria mais susceptível a ação dos

filmes, enquanto que Staphylococcus aureus foi o micro-organismo que

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107

apresentou os menores halos de inibição. Todas as formulações tiveram ação

antimicrobiana sobre as bactérias estudadas, sendo que para a FC e F0 (sem

própolis) não houve formação de halos de inibição. A formulação 6 (maior teor

de própolis) apresentou os maiores diâmetros de inibição, sendo que as

formulações F1, F2 e F6 (menores teores de própolis) apresentaram os

menores halos.

Staphylococcus aureus

-,203091

,5422951

-1,25687

-1,44338

21,28817

p=,05Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

(2)Nanocelulose(L)

Nanocelulose(Q)

Própolis(Q)

1Lby2L

(1)Própolis(L)

Staphylococcus aureus

2 1,8 1,6 1,4 1,2 1

Figura 33 – Gráfico de pareto e superfície de resposta do teste in vitro sobre Staphylococcus aureus.

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108

Listeria monocytogenes

-,14038

-,371154

-,584404

4,217827

23,50893

p=,05Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

Nanocelulose(Q)

1Lby2L

(2)Nanocelulose(L)

Própolis(Q)

(1)Própolis(L)

Listeria monocytogenes

2,4 2,2 2 1,8 1,6 1,4 1,2

Figura 34 – Gráfico de pareto e superfície de resposta do teste in vitro sobre

Listeria monocytogenes.

Os resultados alcançados por Bodini (2011), ao analisar filmes a base de

gelatina adicionados de extrato de própolis vermelha, sugeriram uma ação

inibitória maior dos filmes sobre a bactéria Gram-positiva Staphylococcus

aureus. Nos estudos realizados por Pranoto et al. (2005) e por Seydim e

Sarikus (2006) também sugeriram uma menor resistência do Staphylococccus

aureus aos compostos fenólicos.

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109

Bacillus cereus

,0737683

-1,10664

1,360897

3,406096

20,9204

p=,05Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

Nanocelulose(Q)

(2)Nanocelulose(L)

1Lby2L

Própolis(Q)

(1)Própolis(L)

Bacillus cereus

2,4 2,2 2 1,8 1,6 1,4 1,2

Figura 35 – Gráfico de pareto e superfície de resposta do teste in vitro sobre

Bacillus cereus.

A ação antimicrobiana da própolis sobre as bactérias Gram- positivas já

foram relatadas em diversos estudos (CASTRO et al., 2009; CAVALCANTE et

al., 2011; PARK et al., 2000). De acordo com Santos et al. (2002), a ação

antimicrobiana da própolis está relacionada à inibição da população bacteriana

e da RNA-polimerase do micro-organismo, juntamente com a desorganização

do citoplasma e da membrana da bactéria.

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110

Tabela 10 - Equações do modelo e R2 (coeficiente de determinação) para as análises de atividade antimicrobiana dos filmes sobre Staphylococcus aureus,

Listeria monocytogenes e Bacillus cereus, X= própolis e Y= Nanocelulose.

Parâmetros Equação R2

Staphylococcus aureus 0,30 + 2,03X 0,97

Listeria monocytogenes

1,18 - 0,61X 0,95

Bacillus cereus 1,34 - 0,59X 0,95

A Figura 36 mostra a correlação linar dos diâmetros de inibição

alcançados pelas formulações e a concentração de própolis e de compostos

fenólicos existentes nos filmes. Observa-se uma correlação linear dos halos de

inibição com o incremento da concentração de própolis e de compostos

fenólicos das formulações. Entretanto, verifica-se uma correlação maior dos

diâmetros de inibição alcançados com a quantidade de compostos fenólicos

presentes nos filmes (R2=0,95), o que confirma que esses compostos são,

realmente, os responsáveis pela biatividade da própolis.

Figura 36 – Correlação linear entre os diâmetros de inibição e a concentração de própolis de de compostos fenólicos dos filmes.

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111

Melo (2010) ao avaliar a atividade antimicrobiana in vitro de filme a base

de acetato de celulose adicionado de óleo essencial de alecrim sobre

mesófilos, não verificou a formação de halos de inibição, mesmo com uma

concentração de 50% de óleo essencial. Os resultados sugeriram que não

ocorreu uma difusão dos agentes antimicrobianos pelo ágar.

Brody et al. (2001), ao analisarem a atividade antimicrobiana de filmes

de quitosana também não relataram a formação de halos de inibição. Os

autores acreditam que por esses resultados não se pode afirmar que não

houve atividade antimicrobiana, já que esta pode ocorrer sem migração dos

compostos ativos, resultando em uma inibição dos micro-organismos em

contato direto com a superfície dos filmes. Segundo Cagri et al. (2001), uma

interação entre grupamentos de polímero e os compostos ativos do agente

incorporado pode reduzir ou até impedir a migração de compostos ativos para

o sistema. Com isso, fica evidente que o efeito inibitório do bioativo também

parece estar associado à macromolécula utilizada na formulação dos filmes.

Pranoto et al. (2005), avaliaram filmes a base de quitosana incorporados

com quatro diferentes concentrações de sorbato de potássio, e identificaram

um aumento na atividade inibitória quando a concentração de sorbato passou

de 50mg/g para 100 mg/g. Entretanto, não houve uma melhora significativa na

resposta, quando os filmes foram incorporados com 150 mg/g ou 200 mg/g. Os

autores acreditam que isso pode ter ocorrido porque os polímeros possuem

uma capacidade máxima de transporte de grupos funcionais para o sistema.

5.5.10- Atividade Antimicrobiana em Matriz Alimentícia

Os resultados obtidos para contagem de Estafilococos coagulase

positiva durante os 28 dias de armazenamento do queijo coalho estão

apresentados na Tabela 11. A Figura 37 mostra a imagem do queijo embalado

nos quatro filmes utilizados. O filme com própolis provocou a redução de 1 ciclo

logarítmico na contagem desses micro-organismos nos períodos de 4, 12, 20 e

28 dias, quando comparados com todos os controles. Como esperado, o queijo

exposto apresentou as maiores contagens em todos os períodos analisados.

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112

Tabela 11 – Contagens de estafilococos coagulase positiva das amostras de queijo coalho embaladas no filme com própolis e os controles.

Dias Contagens (UFC/g)

Exposto Polietileno Filme controle Filme com própolis

0 4,5E+02(a) 4,5E+02(a) 4,5E+02(a) 4,5E+02(a)

4 2,1E+03(a) 1,8E+03(a) 1,1E+03(a) 7,5E+02(b)

8 8,3E+03(a) 7,4E+03(b) 6,5E+03(b) 1,1E+03(c)

12 3,2E+04(a) 1,9E+04(b) 1,7E+04(b) 4,7E+03(c)

16 7,4E+04(a) 5,1E+04(b) 4,6E+04(b) 2,3E+04(c)

20 1,2E+05(a) 9,8E+04(b) 8,7E+04(b) 4,8E+04(c)

24 4,7E+05(a) 1,9E+05(b) 1,5E+05(b) 7,2E+04(c)

28 5,9E+05(a) 4,5E+05(b) 4,1E+05(b) 8,4E+04(c)

Valores que apresentam letras diferentes, na mesma linha, apresentam diferenças significativas (p<0,05) pelo Teste de Tuckey a 95% de confiança.

Figura 37 – Amostras de queijo submetidas ao teste de atividade antimicrobiana. Em (a), queijo exposto, (b) embalado no polietileno, em (c)

embalado no filme controle e em (d) embalado no filme com própolis.

Não foram observadas diferenças significativas (p>0,05) entre as

contagens alcançadas para os queijos embalados nos filmes com polietileno e

nos filmes controle (amido, glicerol e nanocelulose), demonstrando que esses

filmes desempenham papéis equivalentes na proteção dos queijos no que se

refere a contaminação por Estafilococos coagulase positiva (Figura 38).

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113

Figura 38 – Eficácia antimicrobiana do filme ativo reforçado selecionado (F9) sob queijo coalho embalado ao longo de 28 dias de armazenamento a 7ºC, em

função da contagens de estafilococs coagulase positiva.

Apesar do aumento na contagem de estafilococos coagulase positiva

dos queijos durante a vida de prateleira (Figura 38), o filme com própolis

desempenhou um papel importante na inibição do desenvolvimento desses

micro-organismos, pois alcançou as menores contagens nos períodos

analisados, comprovando um efeito antimicrobiano sobre o micro-organismo na

matriz estudada.

A elevada carga inicial de estafilococos no queijo (4,5E+02UFC/g), já

caracterizava o produto como impróprio para o consumo (BRASIL, 2001), e

pode ter influenciado na eficácia dos filmes. Além disso, os fatores intrínsecos

do alimento (gordura, proteína, água, antioxidantes, pH, conservantes), bem

como os fatores extrínsecos (temperatura, embalagem a vácuo, características

do micro-organismo) também podem influenciar a sensibilidade das bactérias e

reduzir o efeito dos filmes (GILL et al., 2002).

Melo (2010) não conseguiu prolongar a vida de prateleira da carne de

frango resfriada através do armazenamento em filme de base celulósica

adicionado de 20% de óleo essencial de alecrim, no período de nove dias de

estocagem, apesar da inibição ter sido comprovada nos dos testes in vitro. Os

autores acreditam que o sistema alimentício é um fator importante que pode

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114

interferir nesse processo, pois podem ocorrer interações entre os compostos

antimicrobianos e os componentes dos alimentos, como proteínas e gorduras,

que podem influenciar na eficácia desses compostos. Segundo Burt (2004), é

possível que moléculas de gordura e/ou proteínas ajam como barreira física

aos agentes antimicrobianos, protegendo os micro-organismos da ação dos

mesmos.

Gill et al. (2002) sugerem que uma maior disponibilidade de nutrientes

no sistema alimentício em relação aos meios de cultura permite que as células

bacterianas danificadas se recuperem mais rápido, e consequentemente, o

crescimento seria mais efetivo. Dessa forma, podem ser necessárias

concentrações maiores de composto ativo em sistemas alimentícios, para que

se consigam resultados similares ao observado in vitro.

Segundo Moreira at al. (2005), além do sistema alimentício, o tempo de

contato, a temperatura e o pH podem influenciar na ação antimicrobiana in

vivo. O armazenamento em baixas temperaturas pode alterar de forma

significativa a estrutura dos filmes de forma a impedir a ação dos agentes

ativos sobre os micro-organismos. Em temperaturas muito abaixo da

temperatura de transição vítrea, pode ocorrer a imobilização das cadeias

poliméricas, que reduz a mobilidade das moléculas uma vez que o polímero

está se comportando como um material vítreo e, por isso, rígido.

Com relação ao pH dos alimentos, Han (2000) acredita que ele pode

alterar o grau de ionização (dissociação/associação) de alguns compostos

ativos e, consequentemente, sua atividade.

6- Conclusão

Os resultados obtidos indicam que os filmes biodegradáveis a base de

amido e glicerol, adicionados de nanocelulose e própolis pode ser uma

alternativa competitiva para redução no uso de filmes sintéticos no

acondicionamento de alguns alimentos, podendo exercer um efeito

antimicrobiano.

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115

A estrutura altamente ordenada dos nanocristais de celulose aumenta a

resistência dos filmes, mas também ocasiona mudanças significativas em

algumas propriedades que são importantes para indústria de alimentos.

Os filmes simultaneamente inibiram o desenvolvimento de Bacillus

cereus,Staphylococcus aureus e Listeria monocytogenes nos testes in vitro e

exerceu um controle no desenvolvimento de estafilococos coagulase positiva

nos embalados. Entretanto existe a necessidade de estudos adicionais, que

avaliem a ação desses filmes em outras matrizes alimentares, onde as

condições de armazenamento, juntamente com as características dos produtos

e suas possíveis interações com os filmes, irão demonstrar a eficácia real da

embalagem ativa.

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116

Referências

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Considerações Finais

Os filmes a base de fécula de mandioca e glicerol, adicionados de

nanocelulose e própolis vermelha apresentaram-se homogêneos, com

características mecânicas, térmicas, físico-químicas e de barreira satisfatórias.

Os resultados demonstraram uma ótima interação entre os constituintes dos

filmes.

A nanocelulose de licuri demonstrou possuir grande potencial para ser

utilizada como reforço em matrizes poliméricas biodegradáveis. A atividade de

água dos filmes, assim como a permeabilidade ao vapor de água e a

solubilidade foram reduzidas com a adição de apenas 0,15% de nanocelulose,

evidenciando que os nanocristais interferem positivamente na disponibilidade

de água dentro da matriz.

O extrato alcoólico de própolis vermelha inibiu o desenvolvimento das

bactérias gram-positivas Bacillus cereus, Listeria monocytogenes e

Staphylococcus aureus com uma concentração de 0,4%. Uma concentração de

6% foi necessária para provocar a mesma inibição sobre a bactéria gram-

negativa Salmonella spp., demonstrando maior eficácia sobre as gram-

positivas.

Nos testes in vitro, os filmes adicionados de própolis apresentaram efeito

inibitório sobre as bactérias gram-positivas Bacillus cereus, Listeria

monocytogenes e Staphylococcus aureus. Filmes com maiores teores de

compostos fenólicos apresentaram maiores halos de inibição, evidenciando

que esses compostos são os responsáveis pela bioatividade da própolis.

O filme com desempenhou um papel importante na inibição do

desenvolvimento de Estafilococos coagulase positiva durante a vida de

prateleira do queijo coalho, pois alcançou as menores contagens nos períodos

analisados, comprovando um efeito antimicrobiano sobre o micro-organismo na

matriz estudada.

Os filmes apresentaram características satisfatórias e demonstraram

potencial antimicrobiano, entretanto existe a necessidade de estudos

adicionais, que avaliem a ação desses filmes em outras matrizes alimentares,

onde as condições de armazenamento, juntamente com as características dos

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produtos e suas possíveis interações com os filmes, irão demonstrar a eficácia

real da embalagem ativa.

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ANEXO I

Análises estatísticas dos resultados obtidos para as 11 formulações de

filmes. Para validar a equação do modelo, foi analisada a ANOVA presente na

Tabela 1. O Fcalc mostra um ajuste do modelo desde que Fcalc>Ftab indicando

que o modelo é valido. O gráfico de Pareto e o erro puro também foram

utilizados para validar o modelo (p<0.05).

Tabela 1- ANOVA para o modelo quadrático das análises de caracterização

dos filmes.

Parâmetros Coeficientes de Variação

Soma Quadrática

(SS)

Grau de Liberdade

(Df)

Média Quadrática

(MS) Fcalc R2

Compostos Fenólicos Regressão 1054,338 5 210,868

15,376 0,94 Resíduo 73,340 5 14,668

Total (SS) 1127,679 10

Espessura Regressão 0,000387 5 0,000077

0,944 0,48 Resíduo 0,000410 5 0,000082

Total (SS) 0,000797 10

Atividade de água Regressão 0,004000 5 0,001000

38,208 0,97 Resíduo 0,000000 5 0,000000

Total (SS) 0,003904 10

Umidade Regressão 5,400400 5 1,080088

6,801 0,87 Resíduo 0,794000 5 0,158800

Total (SS) 6,194491 10

Solubilidade em água Regressão 143,4696 5 28,69300

3,5156 0,78 Resíduo 40,8080 5 8,16100

Total (SS) 184,2780 10

Permeabilidade ao vapor de água

Regressão 0,000000 5 0,000000

8,98 0,90 Resíduo 0,000000 5 0,000000

Total (SS) 0,000000 10

Módulo de Elasticidade

Regressão 45531,97 5 9106,39

7,58 0,88 Resíduo 6006,03 5 1201,21

Total (SS) 51538,01 10

Tensão Máxima Regressão 14,31500 5 2,863000

8,255 0,90 Resíduo 1,73400 5 0,346800

Total (SS) 16,04990 10

Deformação Regressão 1146,965 5 229,3930

4,213 0,81 Resíduo 272,234 5 54,4469

Total (SS) 1419,200 10

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Continuação Tabela 1

Parâmetros Coeficientes de Variação

Soma Quadrática

(SS)

Grau de Liberdade

(Df)

Média Quadrática

(MS) Fcalc R2

Luminosidade Regressão 2465,912 5 493,182

15,17 0,94 Resíduo 162,511 5 32,502

Total (SS) 2628,423 10

Croma a* Regressão 103,3890 5 20,67700

3,729 0,79 Resíduo 27,7180 5 5,54300

Total (SS) 131,1076 10

Croma b* Regressão 587,4850 5 117,4970

2,719 0,73 Resíduo 216,0260 5 43,2050

Total (SS) 803,5121 10

Staphylococcus aureus

Regressão 0,549470 5 0,109890

29,89 0,97 Resíduo 0,018380 5 0,003676

Total (SS) 0,567855 10

Listeria monocytogenes

Regressão 0,936600 5 0,187300

20,138 0,95 Resíduo 0,046510 5 0,009300

Total (SS) 0,983164 10

Bacillus cereus Regressão 0,740700 5 0,148100

18,147 0,95 Resíduo 0,040818 5 0,008160

Total (SS) 0,781560 10 Ftab (5:5; 0,95) = 5,05

Fcalc>Ftab, teve efeito significativo


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