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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Programa Nacional de Gestão de Custos: estudo descritivo sobre seus resultados e estratégias de implementação Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção de título de Especialista em Economia da Saúde Aluno: Maciene Mendes da Silva Orientador: Clementina Corah Lucas Prado Brasília-DF 2017
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Programa Nacional de Gestão de Custos: estudo descritivo sobre seus resultados e

estratégias de implementação

Trabalho de Conclusão de Curso para

obtenção de título de Especialista em

Economia da Saúde

Aluno: Maciene Mendes da Silva

Orientador: Clementina Corah Lucas Prado

Brasília-DF

2017

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Programa Nacional de Gestão de Custos: estudo descritivo sobre seus resultados e

estratégias de implementação

Trabalho de Conclusão de Curso para

obtenção de título de Especialista em

Economia da Saúde

Aluno: Maciene Mendes da Silva

Orientador: Clementina Corah Lucas Prado

Brasília-DF

2017

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Afonso Valle do Amaral

Reitor

Manoel Rodrigues Chaves

Vice-Reitor

Maria Clorinda Soares Fioravanti

Pró-Reitora de Ensino Superior

Jesiel Freitas Carvalho

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Este documento pode ser reproduzido na íntegra, desde que citada a fonte.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

O conteúdo dessa página será enviado já formatado e com os nomes da banca de cada

aluno para inclusão nesse local.

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AGRADECIMENTOS

Ao Ministério da Saúde, especialmente ao Departamento de Economia da Saúde,

Investimento e Desenvolvimento (DESID) por sempre fomentar e estimular iniciativas em

Economia da Saúde. Nesse caso específico, pelo suporte e financiamento dessa

especialização.

À equipe da Coordenação de Gestão de Custos (CCUSTOS) por disponibilizar

informações, sem as quais não seria possível realizar esse trabalho; e, principalmente,

por conduzir com tanta dedicação e profissionalismo o Programa Nacional de Gestão de

Custos (PNGC).

À minha orientadora Corah Prado, minha melhor referência em Economia da Saúde,

pelos grandes ensinamentos e ricas discussões que contribuíram não só na realização

desse estudo, mas na minha formação enquanto servidora e defensora do SUS.

À Jaqueline Portales pela disponibilidade e carinho com que dirimiu minhas dúvidas em

relação às citações e referências.

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar o estado da arte do Programa Nacional de

Gestão de Custos (PNGC), iniciativa do Ministério da Saúde que compreende um

conjunto de ações que envolvem a geração, aperfeiçoamento e incentivo à efetiva

utilização da informação de custo pelos gestores de saúde visando à otimização do

desempenho do SUS. Trata-se de estudo descritivo, que utilizou como técnica de coleta

de dados a pesquisa bibliográfica sobre temas de interesse, além de entrevista e

pesquisa documental de documentos elaborados no âmbito do Ministério da Saúde. Foi

realizada análise das estratégias de implementação e descrição dos principais resultados

do programa, no que se refere a formação de capacidade técnica, adesão dos entes

federativos e número de unidades de saúde participantes. Como principais resultados

identificou-se que as estratégias utilizadas se mostram condizentes com a literatura

estudada; que mais de 1000 técnicos já foram capacitados em gestão de custos; que 22

entes federados já aderiram ao Programa, entretanto, nem todos estão efetivamente

executando a gestão de custos em suas unidades por meio do PNGC; e que 178

unidades de saúde participam do Programa, sendo que 106 já possuem suas próprias

informações de custos. Conclui-se o trabalho com sugestões de novos estudos

considerando a limitação do escopo desse trabalho e dada a relevância do tema para o

SUS.

Palavras Chave: Custos no SUS. PNGC. APURASUS. Gestão de custos em hospitais

públicos. Apuração de Custos. Custeio por absorção. Qualidade do gasto em Saúde.

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ABSTRACT

This work aims to present the state of the art of the National Program of Cost

Management (PNGC), an initiative of the Ministry of Health that includes a set of actions

that involve the generation, improvement and incentive to the effective use of the cost

information by the managers of optimization of SUS performance. It is a descriptive study,

which used as a data collection technique the bibliographic research on topics of interest,

as well as interviews and documentary research of documents elaborated within the

scope of the Ministry of Health. An analysis of the implementation strategies and

description of the main results of the program, regarding technical capacity building,

adherence of federative entities and number of participating health units. As main results it

was identified that the strategies used are consistent with the literature studied; that more

than 1000 technicians have already been trained in cost management; that 22 federated

entities have already joined the Program, however, not all of them are effectively

executing cost management in their units through the PNGC; and that 178 health units

participate in the Program, 106 of which already have their own cost information. The

paper concludes with suggestions of new studies considering the limitation of the scope of

this work and given the relevance of the theme to SUS.

Keywords: Costs in SUS. PNGC. APURASUS. Cost management in public hospitals. Cost

Accounting. Absorption costing. Quality of health expenditure.

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LISTA DE FIGURAS

Figura I Fluxograma de análise de evidência da Busca para o tema “gestão de custos hospitalares” ........... 22

Figura II Mapa de Adesão dos Entes Federados ao PNGC. ........... 26

LISTA DE QUADROS

Quadro I Estratégia de busca para o tema “gestão de custos hospitalares” ........ 11

Quadro II Estratégia da busca para o tema “PNGC e APURASUS” ....... 23

Quadro III Quantitativo de capacitações realizadas pela equipe responsável pelo PNGC, por tipo de capacitação. Brasil. 2013 a 2017 (até junho) ........ 25

Quadro IV Número de Unidades Participantes do PNGC, por Entes Federativos. Brasil. 2013 a 217 (junho) ....... 27

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ABREVIAÇÕES E SIGLAS

BVS Biblioteca Virtual em Saúde

BVS ECOS Biblioteca Virtual em Economia da Saúde

CCUSTOS Coordenação de Gestão de Custos

DESID Departamento de Economia da Saúde, Investimentos e Desenvolvimento

DATASUS Departamento de Informática do SUS

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

MS Ministério da Saúde

PPA Plano Plurianual

PNGC Programa Nacional de Gestão de Custos

APURASUS Sistema de Apuração e Gestão de Custos do SUS

SUS Sistema Único de Saúde

UPA Unidades de Pronto Atendimento

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SUMÁRIO

ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

Capa

Folha de rosto ........................................................................................................ 1

Ficha catalográfica................................................................................................. 2

Folha de aprovação .............................................................................................. 3

Agradecimentos ....................................................................................................... 4

Resumo................................................................................................................... 5

Palavras-chave ....................................................................................................... 5

Abstract .................................................................................................................. 6

Key words .............................................................................................................. 6

Lista de Figuras ....................................................................................................... 7

Abreviações e siglas ................................................................................................ 8

ELEMENTOS TEXTUAIS

Introdução .............................................................................................................. 10

Objetivos ................................................................................................................ 20

Método .................................................................................................................... 21

Resultados ............................................................................................................. 24

Discussão ............................................................................................................... 29

Conclusão e Sugestões para Novos Estudos ..................................................... 37

ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

Referências ............................................................................................................ 35

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INTRODUÇÃO

Historicamente os gestores e defensores do Sistema Único de Saúde (SUS) são levados

a discutir o financiamento da saúde pública no Brasil. Atualmente, essa discussão ganha

ainda mais fôlego dado o momento de crise que vive o país, que além de reduzir as

receitas do SUS, tem ainda como impacto o aumento da demanda (uma vez que

momentos adversos como os vividos pela população brasileira fazem com que muitas

famílias abram mão de planos de saúde e passem a utilizar 100% o SUS).

Contextos como esse funcionam como janela de oportunidade para se discutir o outro

lado dessa questão, não menos importante, que é a qualidade no uso dos recursos

públicos que são escassos, diante da demanda sempre crescente por saúde.

Para a discussão da qualidade do gasto, faz-se necessário uma discussão qualificada

sobre o papel da informação de custos. A necessidade de mensurar custos na

Administração Pública não é nova. A preocupação com a queda da receita, bem como a

correta aplicação dos recursos públicos tem levado gestores a buscar formas diversas

para usar mais adequadamente esses recursos.

O mesmo ocorre no âmbito do SUS, em que o levantamento dos custos dos serviços de

saúde ofertados constitui importante e necessária ferramenta para fornecer aos gestores

públicos informações relativas ao processo de produção de atividades em saúde,

embasar discussões mais estratégicas como o ressarcimento e o financiamento, bem

como prover a sociedade de informações adequadas sobre o consumo dos recursos.

Conforme abordado por La Forgia e Couttolenc (2009), o sistema de saúde brasileiro tem

apresentado grandes avanços, mas ainda enfrenta grandes desafios: a população

crescente e mais idosa; taxas crescentes de doenças crônico-degenerativas, e elevados

níveis de doenças infecciosas; e que “apesar da expansão de sua cobertura, nosso

sistema de saúde ainda enfrenta limitações na qualidade da atenção, na incorporação de

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novas tecnologias, na gestão de seus recursos e na distribuição equitativa dos serviços”

(LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009, p. 9). O que demonstra a necessidade de introdução

de novas práticas na gestão do SUS.

A falta de informações de custos para auxiliar na gestão do SUS é um problema sinalizado na publicação Introdução de Gestão de Custos em Saúde do Ministério da Saúde (MS):

A baixa disponibilidade de informações, especialmente sobre custos hospitalares, constitui fator limitante na criação de indicadores de gestão, essenciais na fundamentação de ações e políticas públicas estruturantes, principalmente no que tange à organização das redes de prestação de serviços, incentivos e pagamentos (BRASIL, 2013, p. 71).

É comum encontrar na literatura diversos estudos que estimam custos de procedimentos,

doenças e outros. Alguns se utilizam da informação de gasto como sendo custo; em

outros, dada a escassez de informação, são utilizados valores de receita para representar

o custo (como é o caso de se utilizar os valores de repasse do Ministério da Saúde como

se fosse o custo de procedimentos).

Em busca na Biblioteca Virtual em Saúde Economia da Saúde (BVS ECOS) sobre o tema

“gestão de custos hospitalares”, das 101 publicações selecionadas para análise do texto

completo, 87% (88 publicações) fizeram uso do gasto ou do ressarcimento como

estimativa para se chegar ao custo de procedimentos ou doenças, ou seja, não se

tratavam de apuração de custos. No entanto, custo, gasto e receita são conceitos

distintos.

Sob a ótica das unidades de saúde, os repasses via Tabela de Procedimentos,

Medicamentos e OPM do SUS se caracterizam como uma receita. Já do ponto de vista

do que vem a ser gasto e despesa, Martins (2010, p. 9) assim descreve:

Gasto: é a compra de bens ou serviço. O gasto, por ser uma aquisição onerosa de recursos econômicos, sempre provoca, necessariamente, a obrigação de pagar; porém, pagamento e gasto são eventos distintos, podendo ocorrer em momentos distintos.

Custo é a expressão monetária do consumo, da utilização ou da transformação de bens ou serviços no processo de produção de outros bens ou serviços. Para que um evento seja caracterizado com custo há que satisfazer a dois requisitos: a) ocorrência de consumo, utilização ou transformação de um recurso econômico e b) objetivo de produzir bens ou serviços.

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Pelo descrito, fica claro porque a informação de custos, em unidades de saúde, é tão

escassa, pois para alcançá-la faz-se necessário o controle não só do que é comprado ou

pago, e sim, do que é consumido, pois nem tudo que é gasto torna-se custo.

A informação de custos torna-se extremamente relevante para o componente mais

importante e oneroso do SUS: o hospital. Os hospitais são instituições complexas,

podendo ser caracterizadas como várias empresas (laboratório, restaurante, clínica de

imagem, serviço de limpeza, serviço de segurança, farmácia, entre outras) que compõem

uma só empresa, dado o mix de atividades que executam. E mesmo assim,

historicamente, são gerenciados por médicos, que em sua maioria, não possuem

conhecimentos consistentes em administração e, por vezes, tomam decisões importantes

sem o subsidio da informação de custos.

Pela literatura consultada, implantar gestão de custos em hospitais é uma tarefa

desafiadora que requer o comprometimento da alta gestão e de todos os envolvidos;

etapas estruturadas para implantação; pessoal capacitado no assunto; organização de

processos; escolha da metodologia de custos mais adequada; disponibilização de

sistema de informação e rompimento das barreiras políticas e culturais.

O envolvimento e o comprometimento de todos os atores são apontados como fatores de

sucesso para a implantação de gestão de custos em hospitais. Segundo Beulke e Bertó

(2000, p. 23) apud Rocha (2004, p. 53) “em qualquer organização, o sucesso no

gerenciamento dos custos depende, em boa parte, da conscientização das áreas

envolvidas, do apoio da direção e da mobilização de todos na busca de melhores

indicadores de desempenho”. A participação efetiva dos envolvidos no processo é,

inclusive, uma forma de lidar com as resistências culturais.

É necessário que os trabalhadores do SUS sejam capacitados para que possuam

conhecimento em gestão de custos e sejam os responsáveis pela condução do processo

de implantação. Evitando-se assim que consultores externos sejam contratados para

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essa finalidade. Rocha chama a atenção para “o fato de usar pessoal de fora para

coordenar o projeto ou considerar como um projeto contábil sem o envolvimento dos

outros departamentos pode ser um desastre” (ROCHA, 2004, p. 65). O problema

envolvendo os consultores reside no fato de que quando a contratação acaba o

conhecimento adquirido não fica na instituição.

Escolher a metodologia de custeio mais adequada aos objetivos da instituição deve ser

uma decisão cuidadosa. Conforme Matos (2002), os sistemas selecionados como

relevantes à gestão de custos hospitalares devem propiciar uma cobertura ampla às

necessidades gerenciais próprias ao segmento saúde. O autor cita como abordagens

possíveis: o custeio por absorção, o custeio direto e o custeio baseado em atividades,

cada uma com um conjunto de informações específicas às funções de controle e

planejamento.

Apesar de apontar que as três metodologias de custeio são possíveis para a gestão de

custos hospitalares, o mesmo autor afirma que “a abordagem de custeio por absorção

tem sido a mais utilizada pelas instituições hospitalares” (MATOS, 2002, p. 101).

Existem vários conceitos para o custeio por absorção. Martins (2010, p. 85) o descreve como:

O gênero de custeio que atribui custos fixos aos produtos, atribui, também, despesas fixas de administração e de vendas. É denominado Custeio por Absorção porque, sob a sua ótica, o custo dos bens e serviços produzidos deve absorver, além dos custos variáveis, também os fixos, e até – no limite – os gastos fixos de administração em geral.

Resumindo, por esse método, todos os custos devem ser considerados para se encontrar

os custos médios dos produtos e serviços dentro de um hospital. Além do custo médio

dos procedimentos, fornece também os custos totais e por centros de custos.

Independente da metodologia utilizada, a apuração e gestão de custos necessitam de um

sistema informacional para facilitar a aplicação da metodologia. Melhor para a unidade de

saúde que essa ferramenta seja amigável e de fácil utilização. Além disso, Falk (2001,

43) chama a atenção para a questão que.

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Qualquer que seja o sistema adotado, comprado ou elaborado, devemos procurar um que tenha a capacidade de mudança, no decorrer do tempo, à medida que as necessidades da instituição mudam para dados mais detalhados. O sistema deve apresentar, acima de tudo, uma facilidade de manutenção (...). Se não houver cuidado, as despesas com a manutenção do sistema podem ser maiores do que a aquisição ou elaboração do sistema.

Uma vez sensibilizados os atores envolvidos, escolhidos o sistema e metodologia que

serão adotados, a gestão de custos requer mapeamento de fluxos de trabalho; a

mensuração detalhada dos insumos utilizados no processo produtivo; bem como, o

registro detalhado de informações referentes ao paciente em atendimento.

Na literatura consultada é comum a defesa do papel desempenhado pela gestão de

custos no ambiente hospitalar:

Os hospitais devem ter um melhor conhecimento dos seus custos de funcionamento e dispor de sistemas com informações confiáveis e tempestivas para subsidiar a análise, tomada de decisão e adoção de medidas corretivas em todas as fases do gerenciamento (DALLORA; FORSTER, 2008, p. 140).

Contudo, o que se sabe, é que a gestão de custos ainda é uma prática incipiente na

administração dos hospitais públicos no Brasil, mesmo sendo recomendada para auxiliar

o aperfeiçoamento da gestão, por ser capaz de gerar resultados representados pela

qualificação e ampliação do acesso à saúde.

Diante do todo sinalizado, fica claro a necessidade de se fazer a gestão de custos no

âmbito do SUS. Sobre o tema, publicação do Ministério da Saúde afirmar que “o setor

Saúde, seja por sua complexidade ou por sua representatividade, exige que se proponha

uma Gestão de Custos concreta e que produza resultados que fundamentem políticas

públicas consistentes e voltadas para resultado” (BRASIL, 2013, p. 69).

Essa publicação deixa claro que passos importantes já foram dados com a intenção de

preencher a lacuna de gestão de custos no SUS, por meio do “desenvolvimento e a

implantação do Programa Nacional de Gestão de Custos (PNGC) no âmbito do SUS”

(BRASIL, 2013, p. 70).

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A gestão de custos como subsidio à tomada de decisão qualificada, prezando, portanto,

pela eficiência do sistema público, nada tem a ver com cortes de gastos, “fazer mais com

menos” ou negar os princípios e diretrizes do SUS. Esses são aspectos que não são

contraditórios, pelo contrário, “melhorar a eficiência permite alcançar maiores níveis de

saúde e de solidariedade a partir de recursos determinados” (DALLORA; FORSTER,

2008, p. 138).

A seguir será descrito o PNGC e suas principais estratégias de implementação.

Inicialmente foi realizado levantamento bibliográfico na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS)

sobre o tema PNGC e APURASUS, que resultou em 40 publicações. Para fins desse

estudo, somente foi considerada a publicação Programa Nacional de Gestão de Custos –

Manual Técnico de Custos – conceitos e metodologia, pois as outras se referiam a essa

publicação. As informações que subsidiaram essa abordagem foram fornecidas pela

Coordenação de Gestão de Custos (CCUSTOS) do Ministério da Saúde, área

responsável pelo PNGC, por meio de acesso a documentos internos não publicados e

entrevistas com os técnicos responsáveis pelo Programa.

Programa Nacional de Gestão de Custos (PNGC)

O PNGC compreende “um conjunto de ações que envolvem a geração, aperfeiçoamento

e incentivo à efetiva utilização da informação de custo pelos gestores de saúde visando à

otimização do desempenho do SUS” (BRASIL, 2016), e tem como objetivo “disponibilizar

metodologia padronizada e sistema de informação específico (APURASUS), bem como

apoio técnico em todas as fases de implementação da gestão de custos” (BRASIL, 2017).

O Programa é conduzido pelo Departamento de Economia da Saúde, Investimentos e

Desenvolvimento (DESID) da Secretaria Executiva desde 2008, como resultado de um

grupo de trabalho (GT) formado por diversas secretarias do MS e especialistas de

universidades e gestores que já possuíam expertise em gestão de custos no setor público

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de saúde, e tinha como objetivo sistematizar a proposta de Política Nacional de Gestão

de Custos para a o SUS.

Um dos produtos do GT foi uma publicação Programa Nacional de Gestão de Custos:

manual técnico de custos – conceitos e metodologias com a pretensão de:

Difundir, em nível nacional, aspectos importantes e benefícios que a gestão de custos proporciona às instituições de saúde, bem como homogeneizar conceitos e metodologias de sua apuração. Outro objetivo deste material é fornecer instrumentos que estimulem a elaboração de informação gerencial para auxiliar os gestores na tomada de decisão. (BRASIL, 2006, p. 5).

Esse Manual aborda as terminologias, conceitos e metodologias de gestão de custos;

define o custeio por absorção como metodologia a ser adotada pelo programa; propõe a

estrutura e classificação de centros de custos; cita algumas estratégias para implementar

o Programa; disponibiliza modelos de planilhas para captação de dados e sinaliza a

necessidade de continuidade das ações para que a gestão de custos aconteça,

considerando que ela requer mudança de cultura e institucional.

Segundo dados de documentos da CCustos, de posse desse Manual, o MS, em 2008,

firmou parceria com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal para implantação do

Projeto Piloto do PNGC, com objetivo de testar o que havia sido proposto.

Com base nos resultados do projeto piloto (que perdurou de 2008 a 2011) e a partir da

análise e acompanhamento de experiências exitosas nos estados de Minas Gerais,

Ceará e Rio Grande do Sul, formou-se o conhecimento necessário com vistas a subsidiar

desenvolvimento do Sistema de Apuração e Gestão de Custos do SUS (APURASUS).

Em 2011 foi oficializada a parceria com o Departamento de Informática do SUS

(DATASUS) para o desenvolvimento do sistema de apuração de custos em plataforma

web e banco de dados em Oracle, batizado de APURASUS. Em agosto de 2013, a

primeira versão do Sistema foi concluída e validada e passou a ser utilizado por unidades

hospitalares da Secretaria de Estado de Saúde da Bahia, e posteriormente, por unidades

do Distrito Federal, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Paraíba.

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A partir da observação de questões como a inovação do tema no setor de saúde pública;

a dificuldade envolvida no processo da gestão e apuração de custos; a grande

quantidade de unidades de saúde do SUS bem como sua complexidade, a equipe

responsável pelo PNGC adaptou as estratégias inicialmente propostas pelo Manual para

viabilizar a efetiva implementação do PNGC no SUS.

Nesse novo conjunto de estratégias, a primeira delas foi a cooperação entre as áreas

técnicas do Ministério da Saúde, secretarias estaduais e municipais de saúde, unidades

de saúde e a academia. Seguida da estratégia de focar em unidades hospitalares (em

2015, dada a similaridade, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) também foram

inseridas).

Além disso, a implementação do Programa é priorizada em estados que possuam

iniciativas em Economia da Saúde ou que se predisponham a formar equipe responsável

pelo processo em âmbito local.

A pretensão era que os estados, após implantar a gestão de custos nas unidades de

saúde sob a sua gestão, juntamente com o Ministério da Saúde pudessem replicar a

iniciativa em seus municípios. Com o passar do tempo, isso se mostrou inviável e alguns

municípios aderiram ao Programa sem a intermediação dos estados.

Em relação à implementação do programa, foram propostas cinco etapas sucessivas e

dependentes: 1) Sensibilização do nível estratégico, tático e operacional; 2) Capacitações

pelo Ministério da Saúde em metodologia de custos; 3) Estruturação dos centros de

custos e coleta de dados; 4) Treinamento no APURASUS; e, 5) Análise de resultados –

Monitoramento e Avaliação.

Nesse ponto, vale a pena descrever as duas capacitações ofertadas pelo Ministério da

Saúde às equipes técnicas participantes do programa:

Em metodologia de custos, que ocorre na etapa 2: o MS oferece o Curso Aplicado de

Gestão de Custos, que consiste na capacitação em metodologia de gestão de custos,

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ocasião em que são apresentados o PNGC, os conceitos metodológicos necessários à

implementação da gestão de custos nos hospitais e disponibilizadas planilhas de apoio

para a captaçao de dados nas unidades de saúde. Participam desse curso, todos os

técnicos dos hospitais e da secretaria de saúde envolvidos na implementação do

Programa.

Treinamento no Apurasus, que ocorre na etapa 4: é uma nova capacitação

disponibilizada aos técnicos das unidades que alcançaram os requisitos necessários

para aprender os passos de utilização do sistema.

Durante todo o processo de implementação do PNGC o Ministério da Saúde disponibiliza

apoiadores, que são técnicos responsáveis por acompanhar estados e municípios

previamente definidos. O apoiador funciona como ponto focal para tirar dúvidas,

monitorar e avaliar todo o processo, à distância por e-mail e telefone e in loco na

realização de oficinas e reuniões. O trabalho é realizado em parceria com os técnicos das

secretarias; não há acompanhamento direto das unidades de saúde.

A fim de dar andamento a implementação do programa, bem como conduzir as questões

teórico-práticas relativas à gestão de custos, a CCustos possui uma equipe

multidisciplinar composta por economistas, administrador, médico, enfermeiro e

contadores.

Às unidades que fazem parte do Programa é disponibilizado o APURASUS, ferramenta

de apuração e gestão de custos do PNGC, flexível para atender a diferentes perfis de

unidades de saúde em termos de tamanho, estrutura e serviços produzidos.

O sistema possui vários perfis de acesso e efetua a apuração de custos de forma

padronizada e estruturada, utilizando para isso a metodologia de custo custeio por

absorção, com alocação recíproca em base matricial, que possibilita identificar os custos

dos serviços executados pelos setores da unidade e gera relatórios com diferentes

indicadores, que vão desde o custo total da unidade ao custo unitário médio, como por

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exemplo: custo do paciente/dia, do parto, do atendimento ambulatorial, de exames

laboratoriais, dentre outros.

O Ministério da Saúde defende a importância do Programa para o SUS ao afirmar que:

A implementação do PNGC torna-se de grande relevância, pois possibilitará aos gestores públicos da Saúde estimar os custos de um novo serviço e/ou procedimento a ser disponibilizado à população; apurar e estimar os custos dos procedimentos já incorporados; analisar regionalmente o desempenho dos estabelecimentos, serviços e redes assistenciais; elaborar o planejamento dos recursos disponíveis para a atenção à saúde; fortalecer o controle social por meio da transparência na utilização dos recursos e, acima de tudo, tomar decisões tendo como subsídio a informação de custo e melhorar a gestão dos recursos disponíveis. (BRASIL, 2013, p. 15)

Foi verificado, ainda, que o PNGC consta como Iniciativa no PPA 2016 - 2019 com o

seguinte texto: “Implantação do APURASUS em todos os estados da federação e no DF”.

(BRASIL, 2017). Esse fato parece corroborar de que a implantação do programa é

importante, apesar do mesmo não se encontrar oficialmente criado em portaria

ministerial.

Esse estudo tem por objetivo descrever os resultados do PNGC e discutir as estratégias

de implementação atuais, a luz da bibliografia consultada.

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OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Apresentar o estado da arte do PNGC, em termos de formação de capacidade técnica,

entes que aderiram ao programa e unidades de saúde participantes; e discutir as

estratégias de implementação atuais.

Objetivos específicos:

OE 1: Discutir as estratégias de implementação do PNGC.

OE 2: Identificar o quantitativo de treinamentos realizados pela equipe responsável pelo

PNGC, relativos à gestão de custos e no manuseio do sistema.

OE 3: Demonstrar a adesão dos entes federados ao PNGC.

OE 4: Demonstrar o quantitativo de unidades de saúde participantes do PNGC, por

estado e fase de implementação.

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MÉTODO

Quanto aos objetivos, a presente pesquisa caracteriza-se como descritiva e descreve o

Programa Nacional de Gestão de Custos do Ministério da Saúde que até o presente

momento não dispõe de publicação sobre o estado da arte de sua implementação.

Quanto à escolha do objeto de estudo, é um estudo de caso, por se caracterizar como

“uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu

contexto da vida real”. (YIN, 2001 p. 33) apud (Oliveira, 2011 p. 28).

Quanto à técnica de coleta de dados, utilizou-se de entrevista, pesquisa documental e

pesquisa bibliográfica. Para as entrevistas e pesquisa documental foi realizada visita à

Coordenação de Gestão de Custos (CCustos), vinculada à Coordenação Geral de

Economia da Saúde (CGES) do Departamento de Economia da Saúde, Investimentos e

Desenvolvimento (DESID) da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde.

A entrevista utilizada foi a não estruturada, a qual, segundo Oliveira (2011) não há a

necessidade de questões especificas e o entrevistador tem liberdade de ação. A

entrevista foi realizada com técnicos responsáveis pelo PNGC com a intenção de obter

informações sobre suas atribuições, execução do Programa e suas expectativas quanto

aos resultados obtidos com a implementação.

A visita possibilitou a realização de pesquisa documental que segundo Lakatos e Marconi

(2001) apud Oliveira (2011, p. 41) “é a coleta de dados em fontes primárias, como

documentos escritos ou não, pertencentes a arquivos públicos; arquivos particulares de

instituições e domicílios”. A pesquisadora teve acesso a documentos internos não

publicados como notas técnicas, planilhas em Excel e apresentações em PowerPoint,

com informações sobre o histórico do PNGC, desenvolvimento do sistema de custos,

documentos que nortearam a proposição do PNGC e sua estratégia de implantação; e,

dados relativos ao “estado da arte” do programa, tais como: entes da federação que

aderiram ao programa – classificados quanto à permanência ou não no programa;

treinamentos realizados em metodologia de gestão de custos; e, treinamentos realizados

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no manuseio do Apurasus.

A pesquisa bibliográfica, que permite o acesso a fonte de dados secundários já tornados

públicos sobre a temática estudada, foi realizada na BVS ECOS por meio das bases de

dados: Medline, LILACS e Scielo, de artigos publicados em línguas portuguesa e inglesa,

sobre o tema gestão de custos hospitalares. A Estratégia de busca está descrita no

Quadro I.

Quadro I: Estratégia de busca para o tema “gestão de custos hospitalares”

Base de Dados Termos

BVS Ecos custo$ OR ti:cost$ OR "apuracao de custos" OR "gestao de custos" OR "custos e analise de custo" OR "alocacao de custos" OR contabilidade OR "controle de custos" OR "custos de cuidados de saude" OR "custos diretos de servicos" OR "custos hospitalares") AND (brasil or brazil) AND (hospit$ OR "hospitais publicos") AND NOT "cost-effectiveness”

Fonte: Elaboração própria

Foram encontradas 304 publicações, das quais 216 com texto completo. Optou-se por

realizar a leitura do título, do resumo e da metodologia (quando disponível), a fim de

aplicar o critério de inclusão: uso do custeio por absorção. Para tanto, além desse termo

explicitamente, procurou-se também por menção de uso de custos diretos e indiretos na

mensuração de custos de instituição, de procedimento ou de doença que fosse objeto de

estudo. A intenção foi captar o uso da metodologia custeio por absorção na estimativa de

custos área da saúde. O fluxograma da análise da evidência se encontra na Figura I.

Figura I – Fluxograma de análise de evidência da Busca para o tema “gestão de custos hospitalares”

Elaboração Própria

Das 13 publicações incluídas foi realizada a leitura completa e classificação segundo: ano

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de publicação, local, tipo de estudo, objeto de custo e se utilizou o custeio por absorção,

como método de custeio. Em somente duas publicações a estimativa de custos foi

realizada utilizando-se do método de custeio por absorção.

Dado o tema em análise, optou-se por fazer uma busca especifica sobre o PNGC e

APURASUS, na BVS, segundo estratégia demonstrada no Quadro II.

Quadro II – Estratégia da busca para o tema “PNGC e APURASUS”

Base de Dados Termos

BVS custo$ ("apuracao de custos" or apurasus or "programa nacional de gestão de custos" or pngc).

Fonte: Elaboração própria

A pesquisa resultou em 40 publicações relacionadas ao tema. Por meio de análise dos

títulos e resumos foi incluída apenas 01 publicação sobre o PNGC, produzida pelo

Ministério da Saúde e nenhuma para o sistema APURASUS. Em relação à publicação

encontrada trata-se do Programa Nacional de Gestão de Custos – Manual Técnico de

Custos – conceitos e metodologia, utilizada como referência nesse estudo.

Com intuito de encontrar relatos de casos referentes à implantação de gestão de custos

em hospitais, fez-se busca no Google Acadêmico utilizando de forma combinada e

individualmente os seguintes descritores: “gestão de custos em saúde”; “eficiência na

saúde pública”; “custos em hospital”; “métodos de custeio”; “custeio por absorção”. A

busca resultou em 76 publicações.

Após excluídas as publicações duplicadas , restaram 53, cujos títulos e resumos foram

lidos e aplicados os seguintes critérios de inclusão: estabelecimentos com a gestão de

custos implantada, independente da metodologia (custeio por absorção, custeio ABC).

Foram selecionadas 15 publicações para leitura completa. Ao final, foram utilizadas 4

referências, a fim de balizar discussões relativas aos desafios, pré-requisitos e

características do processo de implantação da gestão de custos em hospitais.

Por fim, ainda foi realizada a busca manual sobre o tema de interesse, em livros de

Contabilidade de Custos.

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RESULTADOS

As informações apresentadas foram disponibilizadas pelo Ministério da Saúde e

correspondem ao periodo de 2013, quando se iniciou o uso do Apurasus pelas unidades

participantes, até junho de 2017.

Estratégias de implementação do PNGC

Com base nas entrevistas e pesquisa documental, foi possível sistematizar as estratégias

de implementação do PNGC da seguinte forma:

Adesão voluntária por meio da cooperação entre os entes federados com a

exigência de formação de equipe nos estados e municípios participantes;

Implantação do Programa nos estados da federação e que esses fomentassem a

implantação em seus municípios;

Processo de implementação com etapas estruturadas e encandeadas;

Priorização da gestão de custos em hospitais e UPAs;

Educação continuada, por meio de capacitações de técnicos dos entes federados

participantes em metodologia (“Curso Aplicado de Gestão de Custos”) e no

Apurasus;

Escolha do custeio por absorção como metodologia, com disponibilização de

sistema de informação; e,

Acompanhamento de todo o processo por meio de técnicos especializados em

gestão de custos.

Essas estratégias funcionaram como indutoras da formação de capacidade técnica em

gestão de custos, da adesão dos entes federados ao Programa e do aumento do número

de unidades de saúde participantes.

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Formaçao de Capacidade Técnica

A formação de capacidade técnica acontece de duas formas: em um primeiro momento

no Curso Aplicado de Gestão de Custos e depois no Treinamento na ferramenta

APURASUS.

A capacitação em metodologia de gestão de custos (o Curso Aplicado) é a primeira

capacitação, ocasião em que são apresentados o PNGC e todos os conceitos

metodológicos necessários à implementação da gestão de custos nos hospitais

O treinamento no Apurasus é o momento que os técnicos capacitados na metodologia

aprendem os passos para utilização do sistema, que consiste em configurar suas

unidades e inserir todas as informações captadas anteriormente por meio das planilhas

de apoio. Ao final do treinamento, as unidades já possuem relatórios com as suas

primeiras informações de custos.

Quadro III – Quantitativo de capacitações realizadas pela equipe responsável pelo PNGC, por tipo de capacitação. Brasil. 2013 a 2017 (até junho)

Tipo de capacitação

Quantidade Nº Técnicos capacitados

N° Unidades capacitadas

Metodologia 32 1002 157

APURASUS 22 327 97

Elaboração própria.

Fonte: documentos internos da CCUSTOS/CGES/DESID/SE/MS

Desde 2013 foram realizadas 32 capacitações na metodologia do Programa, para 1002

técnicos de secretarias e unidades de saúde, de 157 hospitais e UPAs.

Quanto ao treinamento no APURASUS, foram realizadas 22 capacitações para 327

técnicos, de 97 unidades.

Adesão dos Entes Federados ao PNGC

Em relação aos entes participantes, a Figura II apresenta mapa, com a distribuição

geográfica dos estados e municípios que aderiram ao PNGC, classificados em duas

categorias: entes em pleno funcionamento e entes com atividades paralisadas. O critério

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“pleno funcionamento” baseou-se no fato do ente estar realizando a apuração de custos

de forma rotineira (mensalmente): possuir relatórios gerenciais emitidos pelo Apurasus

ou estarem captando informaçoes de custos das suas unidades, para se habilitarem a

utilizar o sistema.

Figura II – Mapa de Adesão dos Entes Federados ao PNGC. Fonte: Documentos internos da Coordenação de Gestão de Custos/CGES/DESID/SE/MS

Estão em pleno funcionamento, os estados do Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Distrito

Federal, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Tocantins; os

municípios de Mauá, Porto Alegre e Rio de Janeiro e a Fiocruz.

Estão com atividades paralisadas, os estados do Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso,

Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí e Sergipe e o município de Sete Lagoas e Petropólis.

Entre os 22 entes federados que aderiram ao PNGC (estados e municípios) 13 estão em

pleno funcionamento e 9 estão com atividades paralisadas.

Considerando somente a adesão estadual e o DF, percebe-se que o PNGC já esteve

presente em 63% dos estados brasileiros, com representantes em todas as regiões

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geográficas.

O município de Petrópolis/RJ é o único ente obrigado judicialmente a implantar o PNGC;

realizou a adesão em fevereiro de 2016, mas também encontra-se com as atividades

paralizadas por questões internas.

Unidades participantes do PNGC:

O total de unidades de saúde participantes do PNGC, em julho de 2017, era de 178

participantes; sendo 143 são hospitais e 35 são UPAs. Essas unidades estão localizadas

nos estados de Alagoas, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Paraíba, Pernambuco, Rio

Grande do Sul e Tocatins; nos municípios de Mauá/SP e Porto Alegre/RS e na Fiocruz,

conforme demonstrado no Quadro XX.

Quadro IV – Número de Unidades Participantes do PNGC, por Entes Federativos. Brasil. 2013 a 217 (junho)

Elaboração própria. Fonte: documentos internos da CCUSTOS/CGES/DESID/SE/MS

As 178 unidades participantes do PNGC podem ser classificadas em duas categorias: 1)

as que estão captando dados, que consiste na definição e classificação dos centros de

custos (CC); levantamento e alocação das despesas por CC; definição de produtos,

Captando

Dados

Alimentando

APURASUSTotal

Captando

Dados

Alimentando

APURASUSTotal

AC 1 1 1

AL 2 2 2

AP 5 5 5

BA 3 36 39 3 3 42

DF 3 15 18 4 4 22

PB 20 20 4 4 24

PE 1 3 4 4

RJ 30 30 20 20 50

RS 1 4 5 1 1 6

TO 1 1 2 2

Rio de Janeiro 12 12 12

Porto Alegre 4 4 3 3 7

Mauá 1 1 1

FioCruz 2 2 2

TOTAL 51 92 143 21 14 35 178

UPASTotal

Estados

Municípios

Instituto Federal

Participantes HOSPITAIS

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critérios de rateio; e, relacionamento dos CC, (ou seja, organizando seus processos

internos e coletando informações necessárias para realizar a gestão de custos, processo

necessário entre o treinamento na metodologia e a capacitação no Apurasus) e 2) as que

estão alimentando o APURASUS, e portanto, possuem relatórios com informações de

custos.

Na primeira categoria, estão 72 unidades, sendo 51 hospitais e 21 UPAs.

Na segunda categoria, estão 106 unidades, sendo 92 hospitais e 14 UPAs.

Assim, observa-se que 64% dos hospitais e 40% das UPAs já possuem informações de

custos.

Os estados da Bahia, Paraíba, Rio de Janeiro e o Distrito Federal são os que possuem o

maior número de unidades participantes, e, até o final de 2017, segundo as informações

coletadas, toda rede própria hospitalar desses estados participará do PNGC, dada a

obrigatoriedade determinda pelas autoridades locais.

A Fiocruz é a única instituição federal a participar do PNGC. Participa com dois instituitos

e encontra-se na fase de coleta de informações para posteriormente receber o

treinamento do APURASUS.

Cabe esclarecer, que todas as unidades dos estados estão sob gestão estadual, e as

unidades municipais, sob gestão municipal.

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DISCUSSÃO

O Programa Nacional de Gestão de Custos materializa a preocupação do Ministério da

Saúde em fomentar a cultura da gestão de custos no SUS, no estímulo à utilização de

melhores práticas administrativas, que resultem em decisões governamentais de

alocação mais eficiente de recursos. Que a tomada de decisão seja mais qualificada e

menos baseada no empirismo.

O PNGC consiste em uma iniciativa nacional, com proposta integradora, que possibilita

maior agilidade ao trabalho de apuração de custos em unidades de saúde. Em seus anos

de efetivo funcionamento possibilita que unidades de saúde que até então não possuíam

sequer controle de despesas, tenham agora relatórios que demonstrem seus custos

totais e de seus setores, discriminados por grupo de despesa e custo médio dos

procedimentos.

Analisando suas estratégias de implementação, começando pela adesão voluntária,

percebe-se que além de permitir a cooperação entre os atores envolvidos, possibilita a

corresponsabilidade do processo. A adesão ao Programa é feita pelas secretarias de

saúde, após serem sensibilizadas da importância da gestão de custos. São também

sensibilizados os níveis tático (técnicos das secretarias) e operacional (pessoal das

unidades de saúde); com a intenção que todos se sintam fazendo parte do processo e

corresponsáveis, o que induz ao comprometimento de todos.

À luz do que é defendido por Beulke e Bertó (2000) apud Rocha, o sucesso do

gerenciamento de custos depende da conscientização das áreas envolvidas, o apoio da

direção e a mobilização de todos.

O Programa teve como uma das estratégias iniciais a de primeiro implantar a gestão de

custos nos estados para que esses replicassem a iniciativa em seus municípios. Pelo

relatado pelos técnicos do Ministério da Saúde, essa estratégia teve que ser

abandonada. Primeiro, porque começou a surgir interesse de municípios situados em

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estados que ainda não participam do PNGC; e, segundo, porque sendo os entes

federativos autônomos, nada obriga aos estados, com suas equipes reduzidas, serem os

responsáveis por mais essa tarefa.

As etapas de implementação do programa, que vão da sensibilização dos gestores ao

monitoramento e avaliação das informações inseridas no APURASUS, demonstram que

ações vão além da mera disponibilização de sistema. Parece haver uma preocupação do

Ministério da Saúde em acompanhar todo o processo, inclusive com a disponibilização de

técnicos especializados em gestão de custos, que apoiam os estados e municípios

participantes.

Tanto o apoio de técnicos especialistas aos entes participantes quanto a formação de

capacidade técnica, por meio das capacitações realizadas pelo MS são tidos pela equipe

responsável pelo PNGC como uma forma de sanar a carência de pessoal capacitado no

assunto e garantir a descentralização do conhecimento. Com essa estratégia, evita-se a

contratação de consultores externos, que é apontado por ROCHA (2004) como um dos

empecilhos à manutenção da gestão de custos no setor público.

Quanto à estratégia de iniciar-se a gestão de custos por unidades hospitalares, parece

acertada. Segundo La Forgia e Couttolenc, além dos hospitais serem a maior fonte de

gasto no setor saúde do Brasil, aproximadamente 60% é financiado com recursos

públicos; por isso, “a contenção do aumento de gastos se tornou tema importante para a

política de saúde em todos os níveis de governo”. (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009, p. 2)

Além do alto uso de recursos públicos, os hospitais são unidades de saúde complexas, o

que facilita a inclusão posterior, no programa, de unidades de estruturas mais simples,

dada a expertise adquirida.

A disponibilização do APURASUS é um dos grandes diferenciais do PNGC e não só por

agilizar o processo de gestão de custos. A contratação de sistema de custos no mercado

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é muito onerosa, o que pode inviabilizar a decisão de fazer a gestão e apuração de

custos em quase todas as unidades de saúde do SUS.

A disponibilização, a manutenção e a evolução do APURASUS sob a responsabilidade

do Ministério da Saúde, sem nenhum ônus aos entres participantes é um estimulo a

concretude da gestão de custos nas unidades de saúde. Conforme sinalizado por Falk

(2001), o sistema adotado deve ser concebido para permitir modificações à medida que

as instituições passem a ter necessidade de informações mais detalhadas. Além dessa

característica, o fato do APURASUS ter sido desenvolvido para atender às

especificidades do SUS e ser flexível o bastante para abarcar vários tipos de unidades,

em suas diversas fases da gestão de custos, é um diferencial frente às soluções de

informática existentes no mercado.

A metodologia de custeio escolhida também se mostra como a mais indicada. A literatura

estudada aponta o custeio por absorção como a metodologia mais apropriada ao

ambiente hospitalar, dada à complexidade dessas estruturas. Na teoria, o custeio por

atividade é tido como o mais indicado; no entanto, como sinalizado por Bittencourt e

Kliemann Neto (1999) apud Rocha (2004), o que se vê na prática é o uso parcial do

método, dada a complexidade, demora e onerosidade para que seja aplicado no hospital,

como um todo.

Especificamente quanto à formação de capacidade técnica, percebe-se o esforço do

Ministério da Saúde para fomentá-la. A realização das 54 capacitações oferece aos

participantes noções básicas de gestão de custos, estimulando o interesse pela temática

ainda pouco disseminada no SUS. No entanto, a área responsável pelo PNGC (que é a

mesma responsável por ministrar os cursos) não possui diagnóstico preciso sobre o grau

de entendimento dos participantes em relação ao conteúdo oferecido.

Ainda em relação às capacitações, das 157 unidades que os técnicos foram treinados na

metodologia de custos, apenas 97 conseguiram se estruturar e captar os dados para

receberem o treinamento no APURASUS; ou seja, há uma desistência de 38% das

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unidades. Os técnicos do PNGC não sabem identificar efetivamente a razão, mas

desconfiam que tenha a ver com o nível de desorganização das unidades de saúde para

captar e estruturar as informações necessárias para a gestão de custos.

Quanto à adesão dos entes federados ao PNGC, dos 22 que aderiram ao Programa, 9

estão com as atividades paralisadas, o que representa uma possível desistência de 41%

dos entes que aderiram ao Programa. A dúvida quanto a desistência se dá porque,

segundo os técnicos do PNGC, não houve a formalização da saída do Programa, pelos

entes com atividades paralisadas.

A equipe do Programa não possui um instrumento de monitoramento que identifique

fielmente as razões da paralização das atividades, mas conforme relatado informalmente

pelos técnicos das secretarias de saúde aos técnicos da CCUSTOS, a falta de

comprometimento da alta gestão é apontada como a principal causa.

Mesmo que as decisões de planejamento na área da saúde não devam se embasar

unicamente na informação de custos, os Estados da Bahia, Paraíba e o Distrito Federal,

entre os participantes, já possuem condições de melhor dimensionar sua rede

assistencial e os serviços prestados à população, pois quase toda sua rede de hospitais

já possui informação própria de custos.

Com relação às unidades participantes, 80% são hospitais (143 unidades) e 20% UPAs

(35 unidades), proporção justificada pelo fato das UPAS terem sido inseridas

posteriormente ao Programa. Cabe ressaltar, que, segundo as informações obtidas, não

há adesão de unidades de saúde ao PNGC, nem a disponibilização apenas do

APURASUS; a adesão se dá por meio das secretarias de saúde, cabendo a essas

últimas a escolha de quais unidades participam. Isso também é uma forma de criar a

cooresponsabilidade de todos os envolvidos.

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CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA NOVOS ESTUDOS

O presente trabalho procurou, à luz dos referenciais teóricos sobre gestão de custos no

setor de saúde pública, entrevistas e pesquisa documental, apresentar e discutir as atuais

estratégias de implementação do Programa Nacional de Gestão de Custos, bem como

seus principais resultados no que diz respeito à formação de capacidade técnica, adesão

dos entes federativos e número de unidades que fazem parte do Programa.

A gestão do sistema público de saúde brasileiro é uma tarefa desafiadora. Seja pela falta

de recursos, seja pelos problemas como o envelhecimento da população, taxas

crescentes de doenças crônico-degenerativas e infecciosas, incorporação de tecnologias,

que causam limitação de acesso e má distribuição dos serviços, como a falta de

informação de custos que possam subsidiar melhores decisões gerenciais.

Várias medidas devem ser tomadas no sentido de adequar os recursos escassos do SUS

à melhor assistência a população possível. A implementação de um Programa público

com foco total em disponibilizar informações para melhor tomada de decisão, com vistas

à otimização dos recursos do SUS é uma demonstração da preocupação do poder

público com o uso eficiente dos recursos do SUS.

O PNGC surge como uma proposta do Ministério da Saúde de fomentar a gestão de

custos no SUS de forma esquematizada e padronizada, possibilitando a todos os

participantes utilizarem metodologia e sistema de informação únicos.

O Programa que foi idealizado desde 2005, teve suas estratégias de implantação

aprimoradas a partir da sua execução em unidades hospitalares, inclusive com a

disponibilização de sistema de informação e formação de capacidade técnica.

A maior contribuição desse estudo para o Sistema Único de Saúde foi relatar pela

primeira vez, por meio de trabalho científico, o estado da arte do Programa Nacional de

Gestão de Custos, suas estratégias e seus principais resultados em termos de formação

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de capacidade técnica, adesão voluntária de entes federados e número de unidades

participantes.

Tendo em vista o que foi apresentado, e considerando a escassez de estudos sobre o

Programa, outros estudos podem contribuir para disseminação do tema, para além do

escopo desse estudo. Seria interessante pesquisa que objetivasse identificar as razões

que levam os entes federados a paralisar a gestão de custos por meio do PNGC.

Também seria interessante estudo que identificasse o uso dado ou não à informação de

custos gerada no âmbito do PNGC nas unidades de saúde e nas secretarias de saúde,

no que diz respeito à tomada de decisão.

Em relação a estudos quantitativos, estudo que apresente os custos dos hospitais e

UPAS por porte, região e tipo seria uma excelente contribuição, considerando que todas

as unidades estão utilizando a mesma metodologia e sistema de informação.

Outro estudo de grande valia para o SUS seria a realização de estudo, utilizando-se da

base de dados do APURASUS, que apresente os custos totais de unidades, custo por

centro de custos e procedimentos, entre outros, incluindo a discussão de eficiência das

unidades de saúde.

Essas são apenas algumas sugestões para novas pesquisas, pois várias são as

possibilidades de estudos dada a grandiosidade do PNGC e o banco de dados gerados

por meio do APURASUS em âmbito nacional, inédito no Brasil.

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REFERÊNCIAS

ALMEIRA, AG; BORBA, JÁ; FLORES, LCS. A utilização das informações de custos na gestão da saúde pública: um estudo preliminar em secretarias municipais de saúde do estado de Santa Catarina. Rev. Adm. Pública [online]. 2009; 43 (3): 579-607. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122009000300004>. Acesso em 10 mar. 2017. BRASIL., Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Economia da Saúde. Programa Nacional de Gestão de Custos: manual técnico de custos – conceitos e metodologias. Brasília, 2006. BRASIL., Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Departamento de Economia da Saúde, Investimento e Desenvolvimento. Análise dos dados obtidos pelo APURASUS no contexto do PNGC. Apresentação em Power-Point. Disponível em: <

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