Microbiologia
Disciplina de Microbiologia
Curso de Ciências Biológicas
Profª Drª Daniela Reis Joaquim de Freitas
Características principais
São Gram –
Morfologia helicoidal
Móveis – rotação e flexão
0,1-0,5 X 5-20m
Finas
Aeróbios ou aeróbios facultativos
Três gêneros principais: Leptospira, Borrelia, Treponema
Três famílias – principal: Spirochaetaceae
Treze gêneros
Não formadoras de esporos
Estrutura interna semelhante a um flagelo, entre as membranas
interna e externa
Algumas espécies podem ser cultivadas em meios especiais.
Muitas espécies habitam o biofilme dental
Gênero Treponema
Espirais mais “pontiagudas”
Subdividido em várias espécies, algumas patogênicas
Algumas espécies cultiváveis
Anaeróbios Gram –negativos
Espécies: T. Pallidum , T. denticola, T. vincentii
As espécies não-patogênicas participam da microbiota residente da
cavidade oral, intestino e mucosa genital.
Microrganismo fino, espiralado, não cultivável em laboratório
Corados por sais de prata e observados em microscopia de campo escuro,
de contraste de fase ou microscopia eletrônica
Microaerófilos
Células flexíveis, movimentam –se por rotação e flexão nos espaços
intercelulares
Várias subespécies.
4 subespécies:1. Treponema pallidum sp, pallidum - sífilis;2. Treponema pallidum sp, endemicum - sífilis endêmica ou bejel;3. Treponema pallidum sp, pertenue - bouba;4. Treponema pallidum sp, carateum – pinta
Morfologicamente indistinguíveis; Hospedeiro Humano; Doenças com características clínicas distintas.
Treponema palidum
Sífilis
Doença sexualmente transmissível (D S T)
Infecto-contagiosa, de evolução crônica;
Agente etiológico: Treponema pallidum , subespécie pallidum
Evolução:
– Primária
– Secundária
– Terciária
– Congênita
Sífilis
Sífilis Primária
10 a 20 dias após a inoculação do T. pallidum
Cancro Duro - úlcera rica em treponemas
Genitais, mucosa oral, pele
Linfadenopatia
Cicatriza espontaneamente em 4-6 semanas
Extremamente contagiosa
Diagnóstico
Sífilis
Sífilis Secundária
2-10 semanas após o cancro duro primário
Linfadenopatia generalizada
Erupções cutâneas e mucosas:
– Lesões mácula-papulosas avermelhadas.
Outras úmidas e pálidas, ricas em treponemas
Desaparecem em poucas semanas
Altamente contagiosas.
Sífilis
Sífilis Terciária
8/25 anos após a infecção inicial
Quase todos os tecidos e órgãos afetados
Degenerativos: Aorta; SNC; ossos, etc.
Lesões destrutivas graves;
Goma sifilítica: lesões granulomatosas grandes, necrose extensa,
localizadas frequentemente na pele e ossos.
Sífilis
Sífilis Congênita
O Treponema pallidum na corrente sangüínea da gestante,
atravessa a barreira placentária e penetra na corrente sangüínea do
feto (tratamento materno)
Grande prevalência de aborto
Achados clínicos: hepatoesplenomegalia, anormalidades ósseas;
lesões cutâneas, anemia severa, nariz em sela; ceratite intersticial,
anomalia do SNC, dentes de Hutchinson.
Diagnóstico
Raspado da lesão - campo escuro
Só é utilizado para a fase do cancro duro e lesões mucocutâneas
da sífilis secundária. São evidenciados treponemas vivos.
Imunofluorescência direta: anticorpo contra o treponema.
VDRL (reação lipídica ou não-treponêmica): utiliza a cardiolipina. Os
títulos em geral são altos nas treponematoses (acima de 1/16).
Reações treponêmicas: correspondem aos testes de Reiter, FTA-ABS
(mais utilizado!!!!), FTA-ABS-IgM teste de imobilização do treponema e
teste de hemoaglutinação do T. pallidum.
Exame do líquor
Outras treponematoses
1) Bejel (sífilis endêmica; não-venérea)
- Causada por um a subespécie do T. Pallidum (endemicum);
- Ocorre em populações da Arábia Saudita, Iraque e Síria;
2) Bouba (framboesia)
- Causada por um a subespécie do T. Pallidum (pertenue);
- Ocorre em populações da África, Ásia, Austrália e Oceania;
3) Pinta
- Causada por uma subespécie do T. Pallidum (carateum);
- Ocorre principalmente em áreas rurais do norte da América do Sul,
Caribe e México, Ásia e África.
Bejel
Altamente contagiosa, transmissão por contato direto,
moscas, fômites;
Maior prevalência na infância;
Primeiros sintomas: erupções na mucosa oral e na pele, podendo
afetar os ossos;
Sem tratamento as úlceras se espalham, comprometendo a pele, os
ossos, o centro da face, provocando desfiguramento e
incapacitação;
Tratamento: penicilina.
Bouba
Transmissão: contato cutâneo através de lesões na pele
Maior prevalência na infância
Afeta aproximadamente 50 milhões de pessoas no planeta
Más condições sanitárias, higiene e habitação
Pápulas e granulomas cutâneos ulcerados, repletos de
espiroquetas – framboesias
Também atingem ossos, articulações, palmas da mãos e plantas
dos pés
Mutilante e desfigurante
Tratamento: penicilina; diagnóstico: raspagem e imunoflorescência
Pinta
T ransmissão por contato pessoal, vetores, fômites
Qualquer faixa etária
Populações de pessoas da raça negra
Lesões não ulceradas, exclusivamente cutâneas: manchas brancas,
vermelhas ou rosas
Menos agressiva das três
T ratamento: penicilina.
Gênero Leptospira
Bactérias anaeróbias obrigatórias, espiraladas, flexíveis e móveis
que podem habitar os túbulos renais de animais, populações de
roedores
Leptospira interrogans – leptospirose
Gênero Leptospira
zoonose
Leptospira interrogans: roedores e mamíferos silvestres
Contaminação humana: urina de ratos, solos úmidos ou água
contaminada
Penetram pelas mucosas dos olhos, nariz, boca e pele escoriada
Infecções variam de brandas a graves: febre; perturbações
gastrointestinais, icterícia; hemorragias cutâneas, comprometimento
renal e do SNC
Letal nos casos graves não tratados.
Diagnóstico: microaglutinação
Gênero Leptospira
Transmissão
O risco de transmissão pode ser reduzido com :
Melhoria das condições de infra-estrutura básica (rede de esgoto,
drenagem de águas pluviais, remoção adequada do lixo e
eliminação dos roedores)
Quando ocorrem inundações deve ser evitado contato
desnecessário com a água e com a lama
Evitar a ingestão de água não tratada e de alimentos contaminados.
Gênero Borrelia
Bactérias filamentosas, mais alongadas e menos espiraladas que as
outras espiroquetas
Borrelia recurrentis
- febre recorrente
Borrelia burgdorferi
- febre maculosa.
Gênero Borrelia
zoonose
Borrelias causadoras das febres recorrentes – B. recurrentis
Infectam animais (roedores) e são transmitidas aos seres humanos
por picadas de piolhos ou carrapatos
Sintomatologia: febre recorrente cíclica; mal-estar; distúrbios
gastrointestinais, que aparecem e desaparecem;
Doença auto-limitante – cura espontânea sem tratamento.
Gênero Borrelia
zoonose
Borrelia burgdorferi
Doença de Lyme ou febre maculosa
Transmitida de animais aos seres humanos por vetores (carrapatos)
Endêmica na costa Atlântica dos Estados Unidos
Brasil:
focos já foram detectados em São Paulo, Santa Catarina e
no Rio Grande do Norte
Por ser doença rara em território brasileiro, é de notificação com
pulsória e investigação obrigatória.
Gênero Borrelia
Borrelia burgdorferi
Doença de Lyme ou febre maculosa
Sintomatologia
Início: pequena pápula vermelha cutânea, que aumenta
lentamente (eritema crônico migratório) Febre, cefaléia, rigidez da nuca, mialgias e artralgias, paralisia facial Lesões cutâneas, articulares, neurológicas e cardíacas
Tratamento: doxicilina, penicilina ou eritromicina.
Diagnóstico: ELISA e PCR
Caracterísitcas principais
Família Vibrionaceae
Vibrio cholerae
Vibrio parahaemolyticus
Vibrio vulnificus
Gram – Vibrião Mobilidade por flagelo polar (exceto Enhydrobacter – não-móvel) Anaeróbio facultativo Fermentador Oxidase + Principalmente encontrados encontrados em ambientes aquáticos
Vibrio parahaemolyticus - halofílico, aneróbio facultativo, “veneno do alimento marinho”. Geralmente
transmitido por alimento marinho pouco cozido.
V. cholerae
Diferentes sorotipos
01 é o sorotipo com mais pandemias
Outros sorotipos também causam diarréia
0111 adquiriu grande importância na ìndia, Paquistão e meio leste
Causa DIARRÉIA SECRETÓRIA
01 é patógeno humano tipicamente associado com água
- alimento contaminado também na América Latina
Há 7 pandemias na por história
- a 7a. é causada V. cholerae
V. parahaemolyticus
Halofílico (precisa de sal pra crescer)
– 0,5 – 8%, ótimo 2-3% pH
– Cresce melhor em pH alcalino (7,5 – 8,5) Min aw é 0,937 – 0,986 Temperatura
– 10 – 43°C, ótimo 37°CCresce rapidamente
– Tempo de Geração 7 – 9 min
Não cresce ou sobrevive bem a temperaturas de água <15°C Pode sobreviver nos sedimentos de costa durante estações frias cuja água
esteja <10°C Sua patogenicidade é relacionada a hemolisina que é detectável pelo teste
Kanagawa
Intoxicação por V. parahaemolyticus
– Período de incubação 9 – 25 h
Sintomas da doença:
– Diarréia líquida profusa, febre, dor abdominal
e vômito
– por até 8 dias
Associado invariavelmente com alimento marinho
– Ambos mariscos e pescados
– Principal causa de intoxicação no Japão
V. vulnificus
Halofílico
Habitat Marinho, águas da costa
Alta sensibilidade ao frio
Isolados de águas costais durante estações quentes
Altamente invasivo
Síndromes:
- septicemia primária
Período de 26h de incubação
Taxa de mortalidade ~50%
Associado com mexilões (85%)
Aparecimento de lesões secundárias em pacientes
- também associado com doenças no fígado,
diabetes, alcoolismo e alta concentração de ferro no soro
Características
• Bastonetes esporulados• Gram +• Anaeróbios estritos
• Principais fontes– trato intestinal de humanos– trato intestinal de animais
• 2 espécies envolvidas em doenças de origem alimentar– C. botulinum– C. perfringens
• Várias espécies causam deterioração em alimentos– C. butyricum
• Outras espécies– C. tetanii
• Esporo• oval ou cilíndrico• sub-terminal ou terminal
• 4 tipos de botulismo humano• botulismo de origem alimentar
» 19 casos nos EUA em 2005 ((fonte: MMWR, v. 55, n. 32, 2006; 18/08/06)
• botulismo infantil» crianças < 1 ano» toxina produzida “in vivo”» forma mais comum de botulismo nos EUA» 90 casos nos EUA em 2005 (fonte: MMWR, v. 55, n. 32,
2006; 18/08/06)
• botulismo de feridas» produção de toxina in vivo» associado ao uso de drogas intravenosas
• botulismo de causas indefinidas• origem desconhecida• adultos com sintomas semelhantes ao botulismo
• infantil
• botulismo animal• 7 tipos sorológicos
• A, B, E e F» causam doenças em humanos» tipo F - raramente associado
• C e D» causam doenças em animais» tipo D» envenenamento de bovinos por forragem contaminada
• G» sem evidências de ligação com doenças
• Botulismo
• Período de incubação– 12-36h (2h a 6 dias)
• Sintomas• náuseas• vomitos• sintomas neurológicos:
» enfraquecimento visual» perda das funções normais da boca e garganta» fadiga, falta de coordenação motora» impedimento respiratório
• Outros sintomas• dores abdominais, diarréia• constipação, retenção urinária
• Botulismo
• Alimentos usualmente envolvidos• conservas caseiras (72%)• vegetais• carnes• pescados
• comercialmente processados (8%)• desconhecido (20%)
• 2 tipos de doença via alimentos
- toxi-infecção por C. perfirngens tipo A - enterite necrótica
• Tempo de geração: 10 min
• Produzem 4 tipos de toxina: , , , usadas para a tipagem das cepas resistentes a refrigeração e congelamento
Campylobacter
• Gram-negativo
• Geralmente de forma espiralada
• Não formador de esporos
• Muito frágil
• Não suporta a desidratação
• Baixa presença de oxigênio
http://en.wikipedia.org/wiki/Campylobacter
Fonte De Contaminação:
• Carne de Frango;• Leite cru;• Água;• Contato com animais infectados;• Fecal-oral.
SINTOMAS CLÍNICOS: (Campilobacteriose)
• Gastroenterites agudas;• Febre;• Dores abdominais;• Diarréias aquosas ou muco sanguinolentas com presença de leucócitos.• Síndrome de Guillain-Barre;• Raramente paralisia ou óbito.
Agente Manifestações
clínicas
Período
de incubação
Dose infectante
Arcobacter
Gastroenterite
AgudaDor abdominal
Febre
Diarréia (aquosa ou sanguinolenta)
Em
Média7 dias
500 ufc
CampylobacterDor abdominal
Febre
Diarréia (podendo ser sanguinolenta)
2 a 5 dias[1 – 10 dias] 10 x 109
Características
• BACILLACEAE
• Bacilos Gram Positivos
• Dispostos em Cadeias
• Aeróbios ou Anaeróbios Facultativos
• Formadores de Esporos em Aerobiose
• Saprófitas Ubiquitários
• Bacillus anthracis
• Catalase positivo
• Cápsula anti-fagocitária
• Toxina : Antígeno protetor, Fator de Edema e Fator Letal
• Zoonose / Doença ocupacional do homem
• Porta de Entrada: Inoculação, Inalação e Ingestão
• Bacillus anthracis
• Patologia:
Carbúnculo Cutâneo
Face, mãos e antebraçosSépsis95% das infecções
“Pústula Maligna”
Patologia:
• Carbúnculo Pulmonar– Manuseamento de lã– Inf. Grave com Falha Respiratória– Elevada Mortalidade – Diagnóstico Tardio
• Forma Gastrointestinal – Rara no homem / Frequente nos herbívoros
• Bacillus cereus
• Distribuição ubíqua
• Fatores de virulência:
– Toxina necrótica– Cereolisina– Fosfolipase C
• Bacillus cereus
• Intoxicação Alimentar:
• Forma Emética – Associada ao consumo de arroz contaminado– Toxina Termo-Resistente– Período de Incubação de 1-6 H– Doença Auto-Limitada
• Forma Diarreíca – Alimentos vários– Toxina termo-lábil – activa o sistema adenilciclase/AMPc– Período de Incubação de 6-24 H– Doença Auto-Limitada
• Outras infecções:– Infecções oculares– Bacteremia– Meningite– Pneumonites– Endocarditesispositivos intravasculares
• Bacillus cereus
• Diagnóstico: – Cultura dos alimentos suspeitos
• Tratamento e prevenção:– Vancomicina, ciprofloxacina, gentamicina e clindamicina– Refrigerar os alimentos
Listeria
• L. innocua• L. seeligeri• L. ivanovii• L. welshimeri• L. grayi• L. murrayi• L. denitrificans• L. monocytogenes
• Listeria monocytogenes
• Bacilo Gram positivo• Não formador de esporos• Móvel - flagelos perítricos (1-5)• Mobilidade característica a 22ºC• Temp. óptima 37ºC• Cresce a temperaturas de refrigeração• Anaeróbio facultativo• Catalase positivo• Oxidase negativo• Produção de ácido a partir de hidratos de carbono
• Isolada no solo, águas residuais, vegetais em putrefação, comida animal, alimentos frescos e processados, queijo, leite não pasteurizado, trato digestivo de humanos e animais assintomáticos - mamíferos, aves, peixes, crustáceos e insetos.