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FACULDADE MERIDIONAL – IMED
ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO
Renata Dall’Agnol
Parque Linear Arroio Bassano – Nova Bassano - RS
Passo Fundo
2018
2
Renata Dall’Agnol
Parque Linear Arroio Bassano - RS
Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na Escola de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, sob orientação da Professor(a) Arq. Ms. Linessa Busato.
Passo Fundo
2018
3
Renata Dall’Agnol
Parque Linear Arroio Bassano - RS
Banca Examinadora
Profª. Arq. Ms. Linessa Busato
Orientador(a)
Amanda Shüler Bertoni
Membro avaliador
Thaísa Silva
Membro avaliador
Passo Fundo
2018
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AGRADECIMENTOS
Impossível descrever as diferentes emoções, e a intensidade vividas neste
período de desenvolvimento deste trabalho de conclusão, não esquecendo também
de todo o percurso destes anos de graduação, gratidão por tudo, todo aprendizado e
por todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste sonho.
Agradeço primeiramente a Deus, por me dar saúde física, mental e espiritual
para o bom desenvolvimento de todas as etapas.
Agradeço toda a minha família, em especial meu filho Otávio e ao meu esposo
Idiomar por compreenderem tantos períodos em que me ausentei. Aos meus pais
Valdir e Ledi pelo apoio, incentivo e carinho de sempre e a minha irmã Ângela, sempre
disposta a me ajudar. Obrigada família!
A minha querida orientadora professora Linessa Busato, pelos ensinamentos,
pela paciência, dedicação...por tudo., sentimentos de gratidão.
A todos colegas e amigos da graduação, agradeço o companheirismo as trocas
de conhecimentos, os desabafos e principalmente a amizade e o carinho desta fase
em busca de um objetivo em comum.
A todos os professores, pela bela missão de contribuir constantemente inspirar
e transformar na formação de pessoas e profissionais sempre melhores.
Muito obrigada!
5
RESUMO
Vive-se em um mundo onde se faz necessária a mudança de conceito na
relação entre homem e natureza. Diante disto, este trabalho tem por objetivo
apresentar uma proposta para implantação de um Parque Linear na cidade de Nova
Bassano. O presente estudo tem como proposta valorizar a relação homem x
natureza, resgatando o Arroio Bassano, recurso natural, que foi fator determinante
para a origem da cidade de Nova Bassano.
O projeto busca proporcionar oportunidade de melhoria na qualidade de vida
aproximando as pessoas da natureza em um clima de reconciliação, melhorando
assim a qualidade de vida atual e das futuras gerações.
Palavras-chave: Renaturalização, qualidade de vida, parque linear.
ABSTRACT
The people lives in a world where the change of concept in the relation between
man and nature is necessary. In view of this, this work aims to present the study for
the implementation of a Linear Park in the city of Nova Bassano. The present study
aims to value the relationship between man and nature, rescuing the Arroio Bassano,
a natural resource that was a determining factor for the origin of the city of Nova
Bassano.
The project seeks to provide an opportunity to improve the quality of life by
bringing people closer to nature in a climate of reconciliation, thus improving the quality
of life today and future generations.
Keywords: Renaturalization, quality of life, linear park.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Vista de Nova Bassano 5º distrito de Alfredo Chaves ................................ 13
Figura 2: Influência do rio na malha urbana...............................................................14
Figura 3: Vista de Bassano Del Grapa – Itália – cidade de origem dos imigrantes
italianos ..................................................................................................................... 15
Figura 4: Bacias Hidrográficas do Rio Grande do Sul ............................................... 21
Figura 5: Cursos d’água de Nova Bassano. .............................................................. 22
Figura 6: Multifuncionalidade dos Parques Lineares ................................................. 25
Figura 7: Acessos e conexões. ................................................................................. 26
Figura 8: Atividades e usos. ...................................................................................... 26
Figura 9: Conforto e imagem. .................................................................................... 27
Figura 10: Espaços de convivência ........................................................................... 27
Figura 11: Diagrama para avaliação de espaços públicos ........................................ 27
Figura 12: Caminhos em espaços públicos ............................................................... 29
Figura 13: Módulos de ilhas flutuantes – modelo 2D ................................................. 31
Figura 14: Módulos de ilhas flutuantes - modelos 3D e 4D ....................................... 31
Figura 15: Ilhas flutuantes ......................................................................................... 32
Figura 16: Diferentes formas de configuração de ilhas flutuantes ............................. 32
Figura 17: Peffil típico de um biótopo de limpeza. ..................................................... 33
Figura 18: Perfil típico de um biotopo de limpeza. ..................................................... 33
Figura 19: Jardins de chuva ...................................................................................... 34
Figura 20: Corte típico de jardins de chuva ............................................................... 34
Figura 21: Perfil transversal de Bioengenharia para renaturalização do canal. ........ 35
Figura 22:. Perfil transversal de Bioengenharia para renaturalização do canal ........ 36
Figura 23: Taboa (Typhadomingensis). ..................................................................... 37
Figura 24: Papiro anão (Cyperuspapyrus ‘Nanus’) .................................................... 37
Figura 25: Elódea (Elodea sp.) .................................................................................. 38
Figura 26: Biri (Canna Indica L.) ................................................................................ 38
Figura 27: Antes e depois Arroio Cheong Gye Cheon .............................................. 39
Figura 28: Implantação arroio Cheong Gye Cheon. .................................................. 40
Figura 29: Início da revitalização arroio Cheong Gye Cheon . .................................. 41
Figura 30: Placa de pedra para lavar roupas. ........................................................... 41
Figura 31: Local de descanso. .................................................................................. 41
7
Figura 32: Pântano de salgueiros. ............................................................................. 41
Figura 33: Parede d’agua. ......................................................................................... 41
Figura 34: Caminho de pedras .................................................................................. 41
Figura 35: Cascata .................................................................................................... 41
Figura 36: Acessos e trilhas ...................................................................................... 41
Figura 37: Shows luminotécnicos. ............................................................................. 42
Figura 38: Parques temáticos / Marcos artísticos. ..................................................... 42
Figura 39: PonteGwang Tong Gyo (600 anos de história). ....................................... 42
Figura 40: Ruínas do antigo viaduto .......................................................................... 43
Figura 41: Implantação parcial Arroio Cheong Gye Cheon. ...................................... 43
Figura 42: Vista superior da intervenção Rio Los Angeles. ....................................... 44
Figura 43: Perspectiva da proposta de revitalização Rio Los Angeles ...................... 44
Figura 44: Implantação Rio Los Angeles. .................................................................. 45
Figura 45: Trecho de revitalização Rio Los Angeles. ................................................ 45
Figura 46: Imagens dos trechos de intervenção Rio Los Angeles . ........................... 46
Figura 47: Imagens da proposta Rio Los Angeles . ................................................... 47
Figura 48: Imagens de antes e depois da proposta Rio Los Angeles . .................... 48
Figura 49: Perspectiva da proposta Rio Los Angeles . .............................................. 49
Figura 50: Parque Mangal das Garças . .................................................................... 49
Figura 51: Implantação Parque Mangal das Garças . ............................................... 50
Figura 52: Composição Parque Mangal das Garças . ............................................... 51
Figura 53: Murmúrio das águas/ Restaurante e conexão com o rio . ........................ 52
Figura 54: Vista aérea do parque............................................................................... 52
Figura 55: Armazém do tempo............................................................................... .... 52
Figura 56: Vista do lago Cavername para o farol de Belém ...................................... 52
Figura 57: Forma Parque Mangal das Garças..................................... ...................... 53
Figura 58: Mapa da Localização de Nova Bassano - RS.................... ...................... 54
Figura 59: Mapa da influência do rio na formação da malha urbana ......................... 55
Figura 60: Mapa do contexto urbano de Nova Bassano ........................................... 56
Figura 61: Mapa do sistema viário......................................................... .................... 57
Figura 62: Mapa de fluxos viários...............................................................................58
Figura 63: Mapa do sistema de abastecimento de água e esgoto pluvial ................. 59
Figura 64: Mapa de massas verdes.............................................................. ............. 60
8
Figura 65: Mapa da rede elétrica............................................................................... 61
Figura 66: Mapa Noli............................................................................... ................... 62
Figura 67: Mapa de usos............................................................................... ............ 63
Figura 68: Mapa gabarito de altura das edificações .................................................. 64
Figura 69: Condicionantes físicos.............................................................................. 65
Figura 70: Topografia da cidade de Nova Bassano.................................... ............... 66
Figura 71: Uso do solo na legislação municipal......................................... ................ 68
Figura 72: Conceito............................................................................... ..................... 70
Figura 73: Intenções da proposta............................................................................... 71
Figura 74: Proposta de zoneamento 01............................................................... ...... 73
Figura 75: Proposta de zoneamento 02............................................................... ...... 74
Figura 76: Proposta de zoneamento 03 – estudo escolhido....................... ............... 75
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Características de Nova Bassano..................................................... ....... 55
Tabela 02: Programa de necessidades..................................................... ................ 72
10
SUMÁRIO
CAPÍTULO 01: INTRODUÇÃO ................................................................................. 11
1.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO ........................................................................ 12
1.2 TEMA DO PROJETO ....................................................................................... 12
1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO ............................................ 12
CAPÍTULO 02: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................... 19
2.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO ........................................................................ 19
2.2 DESCONEXÃO PESSOAS COM A NATUREZA ............................................. 19
2.3 CONCEITOS DE CURSOS D’ÁGUA ............................................................... 20
2.4 RIOS E CIDADES ............................................................................................ 20
2.5 PARQUES LINEARES ..................................................................................... 24
2.6 CARACTERÍSTICAS DE ESPAÇOS PÚBLICOS DE SUCESSO .................... 26
2.7 MENOS CARROS MAIS PEDESTRES E CICLISTAS .................................... 28
2.8 INFRAESTRUTURA PARA RENATURALIZAÇÃO DE RIOS .......................... 29
2.8.1 Wetlands ................................................................................................... 29
2.8.2 Ilhas Flutuantes........................................................................................ 30
2.8.3 Biótopos de Limpeza ............................................................................... 33
2.8.4 Jardins de Chuva ..................................................................................... 33
2.8.5 Bioengenharia .......................................................................................... 34
2.9 VEGETAÇÕES ................................................................................................ 36
2.10 ESTUDOS DE CASO ..................................................................................... 38
2.10.1 Projeto 01: Recuperação do arroio Cheong Gye Cheon .................... 39
2.10.2 Projeto 2: Rio Los Angeles ................................................................... 43
2. 10.3 Projeto 3: Parque Mangal das Garças ................................................. 49
CAPÍTULO 03: DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO ............................. 54
3.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO ........................................................................ 54
3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL ................................................................ 54
3.3 MORFOLOGIA URBANA ................................................................................. 54
3.4 ACESSIBILIDADE, MOBILIDADE E CENTRALIDADES ................................. 56
3.5 SÍNTESE DE LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS .............................................. 67
3.5.1Lei MunicipaL Nº 2.633 ............................................................................. 67
3.5.2 Lei Municipal Nº 2.634 ............................................................................. 67
11
3.5.3 Constituição da República Federativa do Brasil,1988. ......................... 69
3.5.4 Lei Federal Nº 6.766. ................................................................................ 69
3.5.5 NBR 9050 .................................................................................................. 69
CAPÍTULO 04: CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS..................................... 70
4.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 70
4.2 CONCEITO DO PROJETO .............................................................................. 70
4.3 DIRETRIZES URBANÍSTICAS ........................................................................ 70
CAPÍTULO 05: PARTIDO GERAL ........................................................................... 72
5.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 72
5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES ................................................................. 72
5.3 PROPOSTAS DE ZONEAMENTO ................................................................... 72
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 77
CAPÍTULO 06: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 78
ANEXOS ................................................................................................................... 81
12
CAPÍTULO 01: INTRODUÇÃO
1.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO
O tema da monografia é centrado nas informações necessárias para o
desenvolvimento de um projeto de intervenção urbana, situado na cidade de Nova
Bassano/RS.
Logo, seu objetivo geral é buscar informações necessárias para propor um
Parque Linear ao longo do Arroio Bassano, devolvendo o espaço natural do rio
canalizado que foi ocupado pela atual Avenida 23 de Maio. Seus objetivos específicos
são: propor a renaturalização do Arroio Bassano; preservar e valorizar a natureza do
local; requalificar e adequar os passeios públicos; criar ciclovia ou ciclo faixa e pista
de caminhada; criar espaços de recreação e práticas de atividades físicas;
proporcionar espaços ao ar livre para locais de encontro e descanso; incentivar a
prática da mobilidade ativa disponibilizando espaço adequado para a mesma; criar
espaço amplo ao ar livre para aglomerações, shows ou eventos.
1.2 TEMA DO PROJETO
Com a intenção de preservar e valorizar a natureza do local e garantir melhor
qualidade de vida e mobilidade urbana, o projeto do Parque Linear Arroio Bassano ao
longo do arroio que cruza a cidade de Nova Bassano, Avenida 23 de Maio, visa
recuperar o arroio esquecido pela população, oportunizar e priorizar modalidades de
transportes mais sustentáveis como a de pedestres e ciclistas, criar espaços de lazer,
convivência, de inclusão e para a prática de exercícios físicos, proporcionando
segurança, comodidade e acessibilidade, valorizando o meio ambiente, o comércio e
os serviços locais.
1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO
A localização da maioria das cidades se deve principalmente aos rios. “A cidade
nasce das águas”. “A disponibilidade de água constituía sempre um dos principais
fatores para o estabelecimento definitivo e a localização específica de povoamentos
humanos” (MELLO, 2008 p.300; COY, 2013).
Analisando a concepção da cidade de Nova Bassano, observamos que
aconteceu o mesmo que acontece na maioria das cidades. A cidade nasceu em um
vale e neste vale corre o Arroio Bassano (Figura 1). Primeiramente, o povoado
13
chamou-se Bassano, em homenagem aos colonos italianos vindos de Bassano Del
Grapa Norte da Itália.
A povoação por imigrantes italianos, em terras do estado ocorreu em 1891,
antes eram ocupadas por índios coroados, que aos poucos foram afastados. Um vasto
lençol de pinheiros “araucárias” cobria a região, 70% da área era coberta de vegetação
de mata nativa. Dentre as espécies, além das araucárias as mais encontradas eram
canelas, cedros, guajuviras e ipês (Prefeitura Municipal N. Bassano - RS).
Os primeiros imigrantes chegaram em um grupo de aproximadamente 30
famílias, todas italianas. Acomodaram-se em um barracão construído pelo governo,
junto ao Arroio Santo Atanásio (atual Arroio Bassano). Ali ficaram enquanto as suas
moradias estavam sendo construídas no local da atual cidade (Prefeitura Municipal N.
Bassano - RS).
A localização do arroio se encontra nos pontos mais baixos da topografia da
cidade e percebe-se claramente no desenho urbano, sua influência orgânica na
formação da malha urbana da cidade.
Figura 1: Vista de Nova Bassano 5° Distrito de Alfredo Chaves, por volta de 1900
Fonte: Prefeitura Municipal de Nova Bassano (1900) adaptado pela autora (2018).
14
A existência do arroio foi um dos fatores determinantes para a localização da
cidade de Nova Bassano principalmente por permitir usufruírem dos benefícios da
água, para consumo, irrigação e higiene entre outros, pois no período da ocupação
não havia água canalizada e o arroio cumpria este papel.
Figura 2: Influência do rio na malha urbana
Fonte: Prefeitura Municipal de Nova Bassano (2018) adaptado pela autora (2018).
15
Figura 3: Vista de Bassano Del Grapa- Itália - Cidade de origem dos imigrantes italianos
Fonte: Google (2018) adaptado pela autora (2018).
Além dos benefícios da presença da água no período da ocupação, o rio fazia
alusão a identidade da cidade de origem, além da topografia acidentada, dos vales e
montes o rio era o elemento natural que remetia a paisagem da cidade natal dos
imigrantes (Bassano Del Grapa) (Figura 02).
Porém, com a evolução da urbanização sua importância foi esquecida.
Restando apenas os sintomas incômodos, ou seja, mau cheiro do esgoto lançado em
suas águas, os obstáculos para circulação e as ameaça de inundações “cidades
invadindo as águas, águas invadindo cidades” (GORSKI, 2010, p.32). Segundo dados
do IBGE [2010] apenas 57,3% dos domicílios urbanos de Nova Bassano, possuem
esgotamento sanitário adequado.
Com o crescimento da cidade, as margens dos cursos d’água passaram a ser
cobiçadas, então o rio foi canalizado e apagado do mapa urbano, e a cidade se
expandiu ao entorno da laje da canalização. Pois, afinal não existia mais um arroio,
mas sim uma nova Avenida.
16
A sustentabilidade reflete o diálogo entre o ambiente urbano e o natural. Se, por exemplo, alienamos os rios da paisagem da cidade, enterrando-os em caixas de concreto de forma que desapareçam da vista, perdemos essa referência e o ensejo para averiguar a qualidade de suas águas. Em contrapartida, se ao longo de suas margens implantamos um parque linear, se incorporamos a seu usufruto à nossa vivência urbana, a dimensão ambiental se valoriza e a sustentabilidade aumenta (LERNER IN GHEL, 2013).
Atualmente, devido a problemática mundial de falta de água, faz-se necessário
que sejam recuperados os rios urbanos.
É preciso que haja uma reconciliação das cidades com rios urbanos e que as
pessoas o percebam como elemento importante para o meio ambiente, também como
fonte de água, recurso não renovável e tão precioso. A percepção por parte da
população da necessidade e do esgotamento dos recursos naturais, como a água, é
de extrema importância para a valorização e o comprometimento na proteção e
restauração dos cursos d’agua e das nascentes de abastecimento urbano (GORSKI,
2010, p. 35).
Observando a situação atual da maioria das cidades brasileiras, o rumo que
estão seguindo, a situação parece não ter solução. Entretanto, começa a surgir
timidamente, porém crescente, a preocupação com a recuperação de áreas
degradadas. Não apenas estudos acadêmicos, mas, percebe-se também nos meios
de comunicação, notícias sobre os cursos d´agua sendo despoluídos, parques
lineares sendo construídos, população de várzeas sendo removidas, fontes sendo
preservadas, demonstrando assim consciência e preocupação com os riscos e as
consequências das ocupações irregulares e do esgotamento dos recursos hídricos
(GORSKI, 2010, p.75).
Nós, humanos, precisamos de água e de ar limpos, além de comida e abrigo, para sobreviver. Para viver, precisamos de família, amigos e um círculo de relações...A maioria vive em cidades, no Brasil mais de 85% da população é urbana. A cidade atrai não só por oferecer empregos mais bem remunerados, mas também porque gostamos e precisamos conviver com outras pessoas para trocar afetos, conhecimentos e realizar “coisas” juntos (HERZOG,2013, p.23).
Os conceitos das cidades atuais precisam ser revisados. Quanto antes a
população despertar a consciência da preservação, maiores e melhores serão os
resultados. As áreas urbanas necessitam e tem recursos para oferecer a população
condições para que as pessoas sejam mais saudáveis - física, mental e
espiritualmente. Os espaços públicos precisam ser destinados as pessoas, com
inclusão social e cultural, onde o ser humano independente da classe, do gênero ou
17
da faixa etária, viva seguro e feliz, livre de poluição e de ruídos, com menos riscos de
atropelamentos, acidentes e enchentes.
Precisamos de diversidade ambiental, social, cultural e étnica. Precisamos ter mais estímulos para viver em comunidade, frequentar espaços públicos abertos, além de participar ativamente das decisões que afetam as nossas vidas e de nossos descendentes (HERZOG,2013, p.24).
Diante deste contexto, o Parque Linear em Nova Bassano tem o objetivo de
requalificar este trecho urbano, proporcionando mobilidade segura, acessível,
inclusiva, mais sustentável, que proporcione mais saúde aos usuários, que preserve
e valorize a natureza local.
Atualmente a avenida da canalização, prioriza a mobilidade motorizada, sendo
que, em alguns trechos existem espaços para caminhada, estar e a prática de
exercícios físicos. Porém, em outros os passeios públicos são inexistentes, sem faixas
de pedestres e sem acessibilidade. Em outros então, o rio está sem canalização e em
outros trechos há canalização, mas sem uso.
A urbanização em todo o mundo se expandiu rapidamente e os índices
apontam para a continuidade deste crescimento. Tanto as cidades existentes como
as novas terão que revisar as estimativas de planejamento e suas prioridades. O olhar
deverá ser voltado para as pessoas que utilizam a cidades. As cidades devem
pressionar os urbanistas e arquitetos a ampliarem as áreas de pedestres, com uma
política urbana ajustada para desenvolver cidades vivas, seguras, sustentáveis e
saudáveis. Igualmente, necessidade imediata é reforçar a função social do espaço
urbano, como local de encontro que contribui para os objetivos de sustentabilidade
social e para uma sociedade democrática e aberta (GHEL, 2010, p. 06).
Também para que a cidade seja mais segura, é preciso proporcionar passeios
acessíveis faixas de pedestres elevadas, ciclovias e ciclo faixas que proporcionem a
conexão segura entre os espaços e o tráfego seguro de pedestres e ciclistas. Devido
a inexistência de ciclovias e ciclo faixas, ciclistas trafegam entre os veículos ou nos
passeios dividindo espaço com pedestres, assim como pedestres dividem o espaço
com os veículos por falta de passeio e faixas de pedestres. É imprescindível que os
espaços urbanos sejam adequados; acessíveis a todos os habitantes e que
promovam a segurança e a inclusão social.
A proposta visa tornar a cidade mais sustentável, oferecendo oportunidades
para os usuários deslocarem-se a pé ou de bicicleta. Opções que proporcionam
18
benefícios a economia e ao meio ambiente, pois diminuem o consumo de recursos,
as emissões e os ruídos.
Oferecer estruturas para recreação, prática de exercícios físicos e que
proporcionam, o contato mais próximo da natureza, são práticas que incentivam as
pessoas a rotinas diárias mais saudáveis. Promovem, não somente equilíbrio
ambiental, mas também o bem-estar físico e mental da população.
19
CAPÍTULO 02: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO
Neste capítulo será apresentada a revisão de literatura que apresenta os
principais assuntos pertinentes a compreensão do tema escolhido para o projeto.
Assim, são apresentados os seguintes assuntos: desconexão das pessoas com a
natureza, conceitos de cursos d’água, rios e cidades, parques lineares, características
de espaços públicos de sucesso, controle de fluxos de veículos nas cidades
europeias, infraestrutura para renaturalização de rios, vegetações e estudos de caso.
2.2 DESCONEXÃO PESSOAS COM A NATUREZA
O padrão de vida moderno levou o homem a viver em desarmonia com o
ecossistema que equilibra todas as formas de vidas na terra.
O paradigma da certeza levou a sociedade moderna a viver em dissonância com o ecossistema que dá suporte a todas as vidas na terra. A economia de consumo intensivo levou o homem a crer que é capaz de dominar a natureza e suas forças, explorar os recursos naturais com técnicas cada vez mais eficientemente destrutivas. Impermeabilizar as paisagens para que os carros possam circular e parar; aterrar áreas alagáveis e úmidas e conter encostas com jatos de concreto (achando, assim, evitar enchentes e deslizamentos); sumir rios, florestas e ecossistemas inteiros; substituir o contato com a natureza comprando coisas desnecessários em shopping centers... pode-se tudo! (HERZOG,2013, p.100). Vivemos encaixotados com climatização permanente, para termos odo o conforto e segurança. Acordamos em uma caixa de concreto e vidro, nos divertimos em caixas de vários tamanhos e materiais, viajamos em caixas de metal movidas a motor de combustão ou a jato...quando vamos ao ar livre, frequentamos jardins gramados, podados, com vegetação meramente decorativa, tratada com agrotóxicos. Achamos que vivemos controlando tudo, mas será que não é o contrário (HERZOG,2013, p.100)?
Atualmente, pesquisas apontam que os impactos da vida em cidades de
concreto atingem não somente a saúde do planeta, mas também a saúde da
humanidade. Segundo Herzog (2013), os índices de doenças como: “obesidade,
pressão alta, enfermidades coronarianas, ansiedade, depressão, câncer, síndrome do
pânico, e até suicídios - sobem à medida que as cidades crescem e se tornam mais
globalizadas”. Outro motivo apontado como a causa de doenças físicas e mentais é a
sedentarizarão, e a principal causa é a cultura do uso dos automóveis, “tudo mudou
para uma grande parcela da população que não se levanta mais, porque tudo está ao
alcance de um toque de controle remoto” (HERZOG, 2013). O sedentarismo passou
a ser um problema de saúde, correspondendo a 60% das mortes no planeta, a maior
causa de morte das doenças não transmissíveis.
20
Os efeitos deste estilo de vida são muito graves e faz-se necessário uma
mudança urgente! Para gostar e cuidar, é preciso conhecer a natureza, conviver com
ela e compreender que ela é essencial. Caso contrário destrói-se o que nos sustenta
sem nem mesmo perceber.
2.3 CONCEITOS DE CURSOS D’ÁGUA
O rio é denominado um curso de água natural médio, que deságua em outro
curso d’água maior, como o mar ou um lago. Todos os rios, tem como destino o mar
que é o nível mais baixo dos cursos d’água.
Arroio é denominado um curso d’água de menor porte que um rio. Nos países
tropicais é também chamado de canal natural ou artificial que liga cursos d’água.
Também pode ser conhecido por córrego, riacho, regato ou sanga.
Os córregos/arroios são elementos essenciais para a formação e
abastecimento das bacias hidrográficas. Com sua função de fluxo d’água direcionam
as águas das mais diversas nascentes até os cursos d’água maiores, dos córregos
para os rios e dos rios para lagoas ou oceanos. As águas de grandes rios, que
abastecem grandes cidades, surgem do agrupamento de águas de vários pequenos
riachos, que vão se agrupando de pequenas proporções, até formarem grandes
dimensões de corpos d’água.
2.4 RIOS E CIDADES
A história urbana pode ser traçada tendo como eixos as formas de apropriação
das dinâmicas hídricas. A trajetória das relações entre cidades e corpos d’água reflete,
assim, os ciclos históricos da relação entre homem e natureza” (MELLO, 2008).
Dificilmente encontramos nas cidades um rio que não tenha sido transformado em uma avenida marginal, canalizado e ladeado por vias carroçáveis, trazendo consigo todas as consequências desastrosas, principalmente a poluição das suas águas e as enchentes ocupando toda a várzea que lhe foi roubada (KLIASS IN GORSKI, 2010, p.11). Os rios nos foram roubados e passaram de marco paisagístico a áreas de conflito e de deterioração ambiental (KLIASS IN GORSKI, 2010, p.09).
A cidade é o espaço de trocas que alimentam a inspiração do ser humano, é
onde as pessoas buscam inspirações, ideias, inovações, enfim, é na cidade o início
de qualquer transformação.
21
Bacia hidrográfica, é a área ou território dotado de declividade, que possibilita
o escoamento das águas, que direta ou indiretamente se dirigem para um corpo de
água central. Uma bacia hidrográfica é o conjunto de todos os cursos d’agua de uma
região, que se agrupam devido a inclinação da topografia, que direciona para um
corpo d’água principal.
O Rio Grande do Sul é dividido em três regiões hidrográficas (figura 4) sendo
elas: Região Hidrográfica da Bacia do Rio Uruguai; Região Hidrográfica da Bacia do
Guaíba e Região Hidrográfica da Bacia do litoral.
Figura 4: Bacias Hidrográficas do Rio Grande do Sul
Fonte: Gaudiano (2016) adaptado pela autora (2018).
Nova Bassano faz parte da Bacia Hidrográfica do Guaíba, sendo o Rio Carreiro
o principal curso d’água da cidade. Dentre os afluentes que cruzam o território da
cidade estão o Rio Negro, o Rio Não Sabia e o Arroio Bassano. Arroio Bassano é o
principal curso d’água do perímetro urbano da cidade.
22
Figura 5: Cursos d’água de Nova Bassano
Fonte: Prefeitura Municipal de Nova Bassano (2018) adaptado pela autora (2018).
As cidades têm função relevante quando se fala em “despertar o instinto de
preservação”, pois elas são atualmente, a causa de grande parcela dos maiores
impactos causados ao ecossistema terrestre e, ao mesmo tempo, oferecem amplas
potencialidades para mitigar as consequências das ações humanas, ou seja, é a
“pegada ecológica da humanidade”. Mesmo fazendo parte dos imensos problemas
atuais, também oferecem uma tremenda oportunidade de criação de soluções
inovadoras para o bem-estar das pessoas em harmonia com a natureza
(HERZOG,2013, p.25).
A situação dos rios urbanos, que já estavam sofrendo com as intervenções
humanas, ocorridas com mais intensidade a partir da década de 1950, agravaram a
situação com a deficiência do saneamento básico, aumento da poluição ambiental,
alterações de cursos de rios e da topografia, além de ocupações em áreas de riscos
e de preservação ambiental (GORSKI, 2010, p.23).
A partir da década de 1960 que a preocupação com questões ambientais
despertou, através de movimentos e conferências mundiais e vem ganhando
importância, principalmente pelas consequências causadas pela degradação.
Diante deste cenário, observa-se mudanças, segundo GORSKI as ações do
homem sobre os recursos hídricos intensificaram-se a partir dos anos de 1990.
23
As preocupações, segunda autora, voltaram-se principalmente para as
questões:
Como devolver os rios às paisagens sem prejudicar a qualidade do meio
ambiente?
Como projetar a paisagem e suas dinâmicas, evitando problemas em locais já
urbanizados e garantido a qualidade ambiental?
Como reintegrar os cursos d’água a paisagem e a vida urbana dentro de
parâmetros de qualidade ambiental?
As intervenções em cursos d’água em todo o mundo apagaram os rios do meio
urbano. Em contrapartida, as cidades sofrem as consequências destas decisões, com
inundações, a falta de água potável e com a “artificialização” da paisagem (GORSKI,
2010, p.23).
Os verões chuvosos do Brasil revelam a cada ano as patologias urbanas. Os
noticiários chamam de “revanche dos rios”. As várzeas foram roubadas dos rios pela
urbanização, e as respostas vem com transbordamentos.
A sustentabilidade de qualquer cidade acontece a partir de um equilíbrio entre
que é construído com a geografia natural, porém a maioria das grandes cidades do
planeta cresceram sem observar este adequado desenvolvimento sustentável. “Um
desenvolvimento urbano respeitoso às características geográficas do território, que
promova boa relação com as águas e áreas verde, é fundamental” (LEITE, 2012,
p.137).
As enchentes urbanas que frequentemente ocorrem nas cidades brasileiras não são catástrofes “naturais”, mas, sim resultados perniciosos de uma ocupação absolutamente inadequada e irresponsável do território urbano. Uma mistura explosiva de inexistência e/ou ineficiência de planejamento urbano com falta de um Estado regulador e eficiente. Falta de educação urbana da sociedade e corrupção generalizada ainda são a regra nas cidades brasileiras. Quando o território atinge momentos de uso limítrofes, as catástrofes facilmente emergem. Os gargalos podem ser vistos em crescentes prejudiciais congestionamentos nas vias ou em alagamentos catastróficos nos meses de maior chuva (LEITE, 2012, p.137).
É fundamental entender a dinâmica dos rios com as cidades e a importância da
preservação. Entender quais serão as consequências causadas pelas intervenções
próximas aos cursos d’água. Despertar a consciência de que por menor que seja um
curso d’água, se ele estiver poluído e degradado irá poluir outros cursos d’água
maiores. Estudos revelam que, para medir a saúde pública de uma cidade, basta olhar
a qualidade das águas de seus rios. Por menor que seja o curso d’água ele tem função
de fluxo, sendo assim, se estiver poluído, poluirá cursos maiores. O ser humano
24
intervém de forma inconsciente e está pagando inconscientemente por isso,
diretamente em sua qualidade de vida. As cidades são o problema atual para os rios,
no entanto, é nelas que se encontra a solução.
2.5 PARQUES LINEARES
Os parques lineares foram criados como medidas mitigadoras para suavizar os
problemas causados pela urbanização descontrolada que foi invadindo
indiscriminadamente importantes reservas naturais. São considerados tipologias de
áreas verdes públicas, são espaços urbanos conectados linearmente, inseridos no
tecido urbano pelo desenho ambiental, agregando os atributos dos espaços
multifuncionais. São conhecidos como caminhos verdes, áreas livres em formato
linear, que exercem funções ambientais, conectando porções de vegetação, e
protegendo elementos hídricos, conservando a diversidade biológica, servindo como
alternativa para tratamento e aproveitamento das águas pluviais e servindo também
para diferentes usos públicos, para lazer e como alternativas de mobilidade urbana
(BENINI (2015), FRISCHENBRUDER E PELLEGRINO (2006) apud HERZOG (2008).
Além de proteger e manter a biodiversidade, os corredores verdes têm função
de filtrar as águas das chuvas e evitar o assoreamento dos corpos d’água, prevenindo
inundações. Também têm o papel de introduzir a natureza à população, abrigar vias
para pedestres e ciclistas, áreas de lazer, contemplação e recreação, melhorando a
acessibilidade para os parques urbanos e áreas naturais (HERZOG (2008),
MEDEIROS, 2016 apud TAN, 2006).
Devido aos problemas causados pela urbanização, como medidas mitigadoras
existe uma tendência de resgate aos sistemas fluviais, interesses de investimentos
para o desenvolvimento urbano e de valorização imobiliária. Porém, em áreas urbanas
consolidadas com urbanização adensada, nem sempre é viável a implantação de
parques lineares (BAPTISTA, CARDOSO, 2013).
Conforme MELLO (2008) deve ser encontrado o “caminho do meio” entre as
visões de preservação generalizada e de “artificialização” indiscriminada, sabendo
que os corpos d’água no meio urbano são ao mesmo tempo elementos naturais e
urbanos.
25
Os modelos de parques lineares foram sofrendo alterações de acordo com as
necessidades urbanas. Em meados de 1980, os interesses de implantação de
parques lineares eram mais voltados ao controle da erosão do solo, para solucionar
riscos de enchentes e proteger os mananciais e ecossistemas ameaçados. Nos dias
atuais, as soluções são voltadas a amenizar as consequências da urbanização
desordenada que afeta os recursos naturais das áreas urbanas.
O Brasil é atualmente o país da América Latina com a maior população urbana.
A expansão periférica expõe áreas naturais em riscos de degradação (MORA,2013).
Os parques lineares se apresentam como solução para suavizar os problemas
decorrentes de uma urbanização desequilibrada.
Figura 6: Multifuncionalidade dos Parques Lineares
Fonte: Mora (2013) adaptado pela autora (2018).
Hoje o espaço urbano da cidade carece de mais espaços públicos ao ar livre
para a permanência. O parque linear tem por objetivo criar espaços recreativos e
adequados para que a cidade seja mais humana, que as pessoas se apropriem do
espaço como se fosse delas; sintam-se convidadas a permanecer, andar e pedalar
nos espaços da cidade. Atualmente, por falta de opção de espaços públicos livres,
principalmente público mais jovem ocupa escadarias do centro administrativo e outros
espaços impróprios para o uso. A permanência de pessoas no espaço público
aumenta o sentimento de segurança nos deslocamentos a pé no espaço urbano.
A intervenção que é o tema deste trabalho, conforme conceitos vistos acima,
caracteriza-se como parque linear.
26
2.6 CARACTERÍSTICAS DE ESPAÇOS PÚBLICOS DE SUCESSO
Project for Public Spaces (PPS) é uma organização filantrópica de Nova York,
EUA, que se dedica na elaboração e criação de espaços públicos, conscientizando a
população a transformar e cuidar de seus espaços. Foi fundada segundo HEEMAN,
J.; SANTIAGO P., em 1975 para ampliar o trabalho de William (Holly) Whyte - autor
de "The Social Life os Small Urban Spaces” (A Vida Social de Pequenos Espaços
Urbanos), que ao todo já executou mais de 3.000 projetos nos EUA e em todo o mundo
(HEEMAN et al.
Com a vasta experiência na concepção e avalição de espaços em vários
lugares no mundo a PPS concluiu que espaços bem-sucedidos, tem em comum 4
qualidades fundamentais: são acessíveis, ativos, confortáveis e sociáveis.
1. Acessível: um espaço que permita o acesso e a circulação de pessoas,
independente das limitações físicas que possam ter.
Figura 7: Acessos e conexões
Fonte: HEEMAN, Jeniffer; SANTIAGO, Paola Caiuby, adaptado pela autora (2018).
Os espaços públicos que atraem pessoas são lugares onde elas chegam e
saem com facilidade; também são espaços visíveis de longe e de perto.
2. Ativo: um espaço que ofereça diversidade de atividades e de formas de ser
ocupado.
Figura 8: Atividades e usos
Fonte: HEEMAN, Jeniffer; SANTIAGO, Paola Caiuby, adaptado pela autora (2018).
Ter o que fazer é importante para que as pessoas retornem ao espaço.
Diversidade de atividades para a maior parte do dia torna o espaço ativo.
27
3. Confortável: um espaço acolhedor e convidativo, que tenha espaço para sentar
e ofereça visuais atraentes.
Figura 9: Conforto e imagem
Fonte: MARCHI (2015), GAETE (2016) adaptado pela autora (2018).
Falar em conforto é muito relativo, entretanto, basicamente refere-se a
sensações de segurança, organização e limpeza como vistas atraentes e espaços de
descanso.
4. Sociável: um espaço dinâmico, que incentiva a convivência com pessoas, a
interação e o encontro.
Figura 10: Espaços de convivência
Fonte: HEEMAN, Jeniffer; SANTIAGO, Paola Caiuby, adaptado pela autora (2018).
Figura 11: Diagrama para avaliação de espaços públicos
Fonte: HEEMAN, Jeniffer; SANTIAGO, Paola Caiuby, adaptado pela autora (2018).
28
Espaços públicos que atendem as características citadas na figura 11, são
espaços bem-sucedidos, atraem pessoas, são ativos, seguros e tem vida, são
espaços públicos de sucesso.
As quatro qualidades citadas são essências para os espaços públicos da
cidade em estudo. Todavia, percebe-se a carência de caminhos acessíveis e seguros
para pedestres e ciclistas e também de mais espaços que permitam diversidade de
atividades. Atualmente devido à falta desses espaços as pessoas ocupam lugares
inapropriados para as atividades.
2.7 MENOS CARROS MAIS PEDESTRES E CICLISTAS
Quando se trata de sustentabilidade das cidades, o assunto é bastante
abrangente e o transporte é um dos itens mais expressivos, pois os automóveis
emitem altos índices de carbono, que são altamente poluentes.
As modalidades de pedestres e ciclistas, são as opções mais econômicas e
silenciosas, que não poluem, além de melhorar a saúde da população.
Em um comparativo entre uso de veículos com a opção de bicicleta e a pé
constata-se que: calçadas de 3,5metros comportam 10.000 pessoas por hora.
Ciclovias de 2 metros de largura são suficientes para 5.000 ciclistas por hora.
Enquanto, uma rua de mão dupla e duas faixas, suporta entre 1.000 e 2.000 carros
por hora. Em uma vaga de estacionamento para um veículo, cabem 10 bicicletas
(GHEL, 2010, p. 105).
Segundo GHEL (2010, P.17), um espaço urbano novo e novos convites,
influenciam “padrões completamente novos de uso da cidade”, mesmo que seja um
simples banco da praça. Esta conclusão comprovou a eficácia em várias culturas,
diferentes climas, economias e situações sociais.
Boas cidades para ciclistas buscam boa visibilidade nos cruzamentos e
espaços necessário para que permitam o deslocamento sobre duas rodas com
segurança e tranquilidade (GHEL, 2010, p. 187).
Pedestres procuram caminhos que exigem menor energia possível, que não tenha
obstáculos, escadas e tendem a buscar sempre o caminho mais curto em linha reta.
29
Figura 12: Caminhos em espaços públicos
Fonte: GEHL (2010) adaptado pela autora (2018).
2.8 INFRAESTRUTURA PARA RENATURALIZAÇÃO DE RIOS
2.8.1 Wetlands
No Brasil, o saneamento básico, principalmente no que se trata ao esgoto
sanitário é um grave problema. Segundo as estatísticas, apenas 44,92% do esgoto do
país é tratado (SNIS,2016).
Com alternativas mais econômicas e sustentáveis que as conhecidas Estações
de Tratamento de águas de esgoto (ETEs), algumas cidades brasileiras fazem uso de
ecossistemas artificialmente projetados, como os wetlands (MAZZONETTO, 2011).
Wetlands, também denominados sistemas de alagados construídos, ou jardins
filtrantes, se destacam dos demais métodos, por utilizarem a vegetação como um dos
elementos do sistema. São uma imitação do que a natureza faz para despoluir as
águas, imitam as funções de “autodepuração” dos pantanais naturais. Os pantanais,
tem a capacidade de filtração física (retenção de sólidos) e biológica (degradação
pelas bactérias) acompanhada pela absorção química ou biológica dos certos
componentes (BARRETO, 2016; SANTALI, 2011 apud MAZZONETTO, 2011).
As plantas, apesar de serem os elementos mais notáveis e que tornam o
sistema atraente, não são as responsáveis por tratar o esgoto. Além de retratar a
beleza estética e paisagística do sistema, elas têm a função de: aumentar a área de
filtragem e a superfície de contato na subsuperfície, estabilizar o meio suporte, liberar
oxigênio, aumentar a diversidade, densidade e atividade biológica, absorver
30
nutrientes, liberar substâncias importantes para as reações e aumentar o processo de
colmatação (BARRETO,2016).
Cientistas internacionais estão aprofundando estudos, nas últimas décadas,
sobre os vários meios e métodos pelos quais os poluentes são removidos nos
wetlands construídos. Cada grupo de poluentes (orgânicos, inorgânicos, patógenos)
segue rotas específicas de degradação ou remoção. Em síntese, ocorrem processos
físicos, químicos e biológicos nos sistemas wetlands. Os físicos são a filtração, o
depósito e a vaporização, já os químicos são a infiltração, sucção, oxidação, redução
e precipitação e os biológicos dizem respeito a decomposição e a absorção pelos
microrganismos (bactérias), deterioração de elementos nocivos à saúde (patógenos)
e extração pelas plantas. Todos estes processos ocorrem nos wetlands, por isso é
considerado um sistema altamente eficiente.
2.8.2 Ilhas Flutuantes
As Ilhas Flutuantes também chamadas wetlands de tratamento flutuante, são
estruturas artificiais que mantém a vegetação unida enquanto o processo de sucção
de poluentes funciona naturalmente. Raízes suspensas sob as ilhas promovem o
crescimento do biofilme aquático (lodo verde) que limpa a água através da
decomposição, sorção e transformação metabólica de nutrientes e impurezas
(VALENCIA, 2015).
Além da melhoria natural da qualidade da água, adicionam beleza a qualquer
espaço aquático com espécies de plantas nativas e selecionadas.
Atualmente existem algumas soluções disponíveis no mercado como é o caso
da empresa Biomatrix Water que oferece três faixas de ecossistemas flutuantes para
fornecer a melhor correspondência para cada local e projeto. Todos os ecossistemas
Biomatrix Floating utilizam sistemas de flutuadores de alta resistência, com camadas
de suporte estruturais e ferragens de conexão de aço inoxidável de grau 316.
A principal diferença entre os módulos 2D, 3D e 4D é o próprio substrato de
plantio, bem como o grau e a espessura do material.
O sistema de matriz 2D utiliza um tapete de coco biodegradável para suportar
as plantas jovens e logo após o plantio.
31
Figura 13: Módulos de ilhas flutuantes - modelo 2D
Fonte: Biomatrix wather (2018) adaptado pela autora(2018)
O sistema 3D Matrix utiliza um sistema de mídia de plantio multicamada não
biodegradável disposto em linhas, o que permite um sistema de plantio de alta
especificação. O sistema 4D Matrix é semelhante ao 3D e também utiliza um sistema
de meios de plantio multi-camada não biodegradável disposto em fileiras que permite
um sistema de plantio de alta especificação, no entanto a malha de suporte é de 30kn
e os flanges de conexão aço aumentado a partir do aço inoxidável de 1,5 mm de
espessura do sistema de matriz 3D (BIOMATRIX WATHER, 2018).
Figura 14: Módulos de ilhas flutuantes - modelos 3D e 4D
Fonte: Biomatrix Wather (2018) adaptado pela autora (2018).
A aplicação destas ilhas vem sendo estudada desde 2009. A eficácia foi
comprovada em uma aplicação, onde a remoção de nitrogênio demonstrou-se 52%
mais eficiente (VALENCIA, 2015).
32
Figura 15: Ilhas Flutuantes
Fonte: Archdaily (2018) adaptado pela autora (2018).
Para a execução das ilhas flutuantes existem no mercado alguns modelos
prontos para instalar, em diferentes formas e tamanhos, para a configuração de ilhas
e canteiros. Podem ser modificadas para aumentar a vegetação local, conforme a
necessidade do projeto.
Figura 16: Diferentes formas de configuração de ilhas flutuantes
Fonte: Archdaily (2018) adaptado pela autora (2018).
33
2.8.3 Biótopos de Limpeza
Os biótopos de limpeza exercem a função de captura, depósito e infiltração
biológicos, são utilizados para purificar a água sem a utilização de produtos químicos,
são micro ecossistemas que articulam a biodiversidade abrigam espécies e
embelezam o entorno (Benini apud Singapore, 2015, p.119).
Nas figuras 17 e 18 pode-se observar as camadas e os elementos que compõe
um sistema biótopo de limpeza.
Figura 17: Perfil típico de um biótopo de limpeza
Fonte: Benini apud Singapore (2015) adaptado pela autora (2018).
Figura 18: Perfil típico de um biótopo de limpeza
Fonte: Benini apud Singapore (2015) Adaptado pela autora (2018).
2.8.4 Jardins de Chuva
Conforme figura 19 também são soluções alternativas para controle de vasão
das águas pluviais, as chamadas bacias de biorretenção (Jardim de Chuva),
contribuindo no processo de limpeza pela infiltração natural ou pelo dreno.
34
São alternativas que podem ocupar espaços vazios de estacionamentos,
canteiros de ruas, jardins e que permitem a absorção da água e previnem
alagamentos nos momentos das chuvas torrenciais.
Figura 19: Jardins de Chuva
Fonte: Benini apud Singapore (2015) adaptado pela autora (2018).
Figura 20: Corte típico de Jardins de Chuva
Fonte: Benini apud Singapore (2015) adaptado pela autora (2018).
2.8.5 Bioengenharia
A bioengenharia se constitui de técnicas ecológicas, que utilizam elementos
naturais para controle de processos erosivos de “contenção de muros, taludes e
encostas que utilizam conhecimentos milenares, com a combinação de materiais
35
inertes e vegetação” Benini (2015). Estas técnicas estão substituindo técnicas de
engenharia para contenção de encostas e margens de corpos d’água.
As soluções técnicas propostas pela bioengenharia como uma tipologia de
infraestrutura verde para contenção de encostas, segundo Benini (2015, p.116),
consideram critérios econômicos, ecológicos e estéticos.
Conforme figura 21, a técnica adotada busca conservar a morfologia do canal
natural, com curvas e perfis transversais variáveis criando ambientes propícios para a
preservação e a criação de habitats naturais para a flora e a fauna (Durlo e Sotili
(2012) apud Benini (2015)).
Figura 21: Perfil transversal de Bioengenharia para renaturalização do canal
Fonte: Benini apud Singapore (2015) adaptado pela autora (2018).
Na figura 22, estão representadas algumas propostas para a transformação de
rios canalizados em perfis naturais de córregos (Benini, 2015). Para devolver o leito
natural do rio, torna-se necessário adotar algumas medidas para contenção do solo
nas margens e evitar a erosão.
36
Figura 22: Perfil transversal de Bioengenharia para renaturalização do canal
Fonte: Binder (2001) adaptado pela autora (2018).
Para o projeto do parque linear, pretende-se utilizar o sistema de ilhas
flutuantes, com o intuito de melhorar a qualidade das águas do Arroio Bassano. Para
renaturalizar as margens dos rios, nos locais onde for possível, será utilizado soluções
de bioengenharia.
2.9 VEGETAÇÕES
Planta hidrófita ou macrófita aquática são plantas que vivem submersas ou
flutuando, em alagados e na água doce.
A maioria das plantas hidrófitas são herbáceas que se fixam no substrato
alagado, mas também podem ocorrer espécies flutuantes sem ligação com o leito
aquático. Todas propagam-se rapidamente no meio aquático (ALMEIDA, 2015).
A notoriedade destas plantas se dá pela interação com seu habitat, uma vez
que servem de abrigo a outras espécies, além de contribuírem para a purificação da
água.
Diante disso, observa-se a importância de estudar estes seres vivos, visto que
são fundamentais para o desempenho dos ecossistemas, além de agregar valor
ornamental.
Espécies de plantas hidrófitas:
Taboa (typhadomingensis) é uma variedade permanente, sendo que seu porte
varia de dois a quatro metros de altura. Tem capacidade de remover substâncias
pesadas da água e também é uma boa opção para o controle da erosão.
37
É uma planta comestível, na natureza funciona como abrigo para espécies de
roedores e aves. Sua fibra pode ser utilizada para fabricação de estofados, também
utilizada para fabricação de papéis, pastas e artesanato.
Figura 23: Taboa (Typhadomingensis)
Fonte: Terra da gente (2015) adaptado pela autora (2018).
Papiro anão (Cyperuspapyrus ‘Nanus’) indicado para ambientes com alta
incidência solar, e de umidade. Seu porte aproxima-se a 60 cm e tem valor decorativo
e capacidade de absorver nutrientes.
Figura 24: Papiro Anão (Cyperuspapyrus ‘Nanus’)
Fonte: Terra da gente (2015) adaptado pela autora (2018).
Elódea (Elodea sp.) planta de pequeno porte, fica submersa e tem grande
potencial de purificar águas cinzas.
38
Figura 25: Elódea (Elodea sp.)
Fonte: Terra da gente (2015) adaptado pela autora (2018)
Canna indica, conhecida popularmente como biri, bananeira de jardim é nativa
da América do Sul. Planta perene de até 1,5 metros cultivada em sol pleno, solo
úmidos e rico em matéria orgânica. Floresce todo o ano especialmente na primavera
e verão, tem forte apelo paisagístico.
Figura 26: Biri (Canna Indica L.)
Fonte: Governement (2016) adaptado pela autora (2018).
As espécies Taboa (Typhadomingensis), Papiro Anão (Cyperuspapyrus
‘Nanus’) e Biri poderão ser utilizadas no projeto de renaturalização do Arroio Bassano,
pois adaptam-se bem a solos úmidos e ricos em matéria orgânica. A espécie Biri tem
características mais paisagísticas pela sua beleza natural, além de adaptar-se em solo
úmido e ser uma espécie nativa da América do Sul.
2.10 ESTUDOS DE CASO
Para um melhor embasamento do projeto em estudo, seguem as análises de
três projetos de recuperação de rios e córregos como estudos de caso. As análises
terão como objetivo um melhor entendimento desta tipologia de projeto e também
para extrair ideias, conceitos e referenciais.
39
2.10.1 Projeto 01: Recuperação do arroio Cheong Gye Cheon
O Arroio Cheong Gye Cheon,que significa córrego límpido, foi um rio que sofreu
com a rápida urbanização da Coréia do Sul. Foi coberto em meados dos anos 70,
dando lugar a uma avenida e por cima dela, um elevado. Em períodos de pico de
utilização a via chegava a receber em média 120 mil veículos por dia. Com o tempo,
além da poluição e dos problemas ambientais, a estrutura foi se degradando, assim
em 2002 nasceu a proposta para revitalização do conjunto urbano e da
renaturalização do Arroio Cheong Gye Cheon, tendo como critérios de projeto
transformar o arroio em um marco paisagístico artístico em harmonia com o entorno.
Figura 27: Antes e depois Arroio Cheong Gye Cheon
Fonte: Archdaily (2014) adaptado pela autora (2018).
2.10.1.1 Ficha técnica
Projeto: Recuperação do Arroio Cheong Gye Cheon
Localização: Seul, Coréia do Norte.
Ano do projeto: 2002 início, 2005 conclusão.
Projeto: Lee Myung-bak (prefeito),Yun-Jae Yang (vice-prefeito), urbanista e
paisagista equipe de projetos da prefeitura, em parceria com dois consórcios de
engenharia selecionados por concurso.
Investimento: 305 milhões de dólares
Extensão: 5,8 km
40
2.10.1.2 Implantação
Figura 28: Implantação Arroio Cheong Gye Cheon
Fonte: Google Earth, (2018) adaptado pela autora (2018).
Fonte: UFRGS, adaptado pela autora (2018).
O parque linear das margens do Arroio Cheon Gye Cheon, se estende por 5,84
quilômetros, cruzando a malha urbana de Seul até desaguar no Rio Han.
Ao longo de toda a extensão do parque foram construídas 22 pontes, além de
rampas, escada e caminhos de pedra pelo leito do rio que permitem a mobilidade,
a conexão da população e o deslocamento de uma margem a outra do córrego.
Dentre as pontes existentes, 15 permitem o acesso de pedestres e motoristas, 7
somente para pedestres. O córrego e o parque ficam entre 3 a 5 metros abaixo do
nível da rua, com uma reserva ecológica de 1,1 quilômetros quadrados. O projeto
para fluxos e aterros foi calculado para uma chuva de 200 anos (118mm/h).
2.10.1.3 Programa de necessidades
O espaço foi pensado em conectar as pessoas com a natureza, dispõe de várias
opções de lazer e de mobilidade que priorizam ao pedestre: trilhas ininterruptas no
espaço verde, espaços de lazer, locais temáticos, parques ecológicos com plantio
41
de espécies nativas, cascatas, quedas d’água e fontes, estes, entre outros aspectos,
acabaram por conectar muito mais a população local.
Figura 29: Início da Revitalização arroio Cheong Gye Cheon
Fonte: Google Earth (2018) adaptado pela autora (2018).
Figura 30: Placa de pedra para lavar roupas Figura 31: Local de descanso
Figura 32: Pântano de salgueiros Figura 33: Parede d’água
Figura 34: Caminho de pedras Figura 35: Cascata
Figura 36: Acessos e trilhas
Fonte: Google Earth (2018) adaptado pela autora (2018).
42
Figura 37: Shows luminotécnicos
Fonte: Google Earth (2018) adaptado pela autora (2018).
Figura 38: Parques temáticos/Marcos artísticos
Fonte: Google Earth (2018) adaptado pela autora (2018).
2.10.1.4 Funcionalidade
O plano foi divido em três eixos: história, cultura e natureza.
Foram mantidas as margens dos 5,84 quilômetros do arroio, partes das ruínas do
antigo viaduto, marcando o passado ali existente, além da restauração da ponte
Gwang Tong Gyo um marco de 600 anos de história.
Implantação de uma rede de esgoto sanitário e sistema de drenagem de água.
Os locais temáticos servem com marcos artísticos e juntamente com os espaços de
lazer atraem pessoas. Nesta harmonia cidade meio ambiente acontece a
conscientização de que o homem precisa preservar a natureza para que haja um
equilíbrio.
Figura 39: PonteGwang Tong Gyo (600 anos de história)
Fonte: Google Earth (2018) adaptado pela autora (2018).
43
Figura 40: Ruínas do antigo viaduto
Fonte: Google Earth (2018) adaptado pela autora (2018).
2.10.1.5 Forma
O parque do Arroio Cheong Gye Cheon é linear seguindo as características
orgânicas da paisagem de origem. O traçado do projeto harmoniza a mescla das
formas orgânicas com as formas lineares. As linhas orgânicas remetem a paisagem
natural e as retilíneas as intervenção humana e a configuração linear do parque.
Figura 41: Implantação parcial Arroio Cheong Gye Cheon
Fonte: Conen,(2017) adaptado pela autora.
2.10.2 Projeto 2: Rio Los Angeles
O Rio Los Angeles serviu por muito tempo como provedor de água e
transporte à cidade de Los Angeles, gerando desenvolvimento econômico e
crescimento urbano. A implantação da estrada de ferro ao longo do leito do rio, atraiu
para o entorno o eixo industrial da cidade, as várzeas foram sendo ocupadas e
surgiram os problemas de inundações. Também com a vinda da ferrovia e
posteriormente de rodovias, o rio diminuiu sua importância, foi esquecido e isolado da
população GORSKI (2010).
Como medidas, julgadas mitigatórias, para os problemas de inundações e
também por ser considerado um obstáculo a conectividade urbana, na primeira
metade do séc. XX a maior parte do leito do rio foi canalizada com concreto. Mas, os
44
problemas de inundações aumentaram com a impermeabilização da várzea, além dos
problemas ambientais. Durante estações secas, 80% da água do rio era proveniente
de esgoto tratado e, em épocas de cheias, as águas pluviais provenientes das ruas
da cidade escoavam para o leito, ocasionando problemas de poluição ao longo de
praias vizinhas. Em 1990 iniciaram os movimentos pró-revitalização, mas só em 2002
ganhou representatividade, principalmente devido à preocupação com a saúde
pública, devido aos problemas de saneamento e a escassez de áreas públicas livres
para recreação e esporte.
Figura 42: Vista Superior da intervenção Rio Los Angeles
Figura 43: Perspectiva da proposta revitalização Rio Los Angeles
Fonte: Conen (2017) adaptado pela autora. Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018).
2.10.2.1 Ficha Técnica
Localização: Los Angeles, Califórnia, EUA
Ano do projeto:2002 início, 2007 conclusão.
Projeto:Ira Mark Artz, Mark Johnson, Bill Wenk, Mia Lehrer, Tony Gonzales
Engenharia Tetratech
Civitas Arquitectura Paisagista
Wenk Associates Arquitetura Paisagista
Planejamento de Arquitetura HNTB
Extensão:59,2 km
45
2.10.2.2 Implantação
Figura 44: Implantação Rio Los Angeles
Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018).
Figura 45: Trecho de revitalização rio Los Angeles
Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018).
46
O trecho de revitalização do rio Los Angeles (figura 45) localiza-se na área
urbana da cidade correspondendo a 59,2 km de extensão. A área de intervenção ao
longo do rio foi dividida em 9 trechos, de acordo com suas características,
potencialidades específicas e deficiências, entre elas: variação geométrica do canal;
capacidade de inundação; condições hidrológicas; qualidade da água; valor do
habitat; possibilidade de transporte não-motorizado e potencial para recreação.
O objetivo principal do projeto é resgatar, além da função ecológica do rio,
sua identidade em relação à cidade.
Figura 46: Imagens dos trechos da intervenção Rio Los Angeles
Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018).
2.10.2.3 Programa de necessidades
As propostas para a intervenção ao logo do rio Los Angeles são: valorizar
as várzeas com vegetação ripária e remoção das paredes de concreto, onde for
47
possível; incluir ciclovias e pistas de caminhada com o devido tratamento
paisagístico; melhorar a conexão interurbana e o acesso ao rio; melhorar o
tratamento das águas do rio; melhorar os espaços públicos, incentivando tipologias
diversas; criar oportunidades para gerar novos empregos em galerias, lojas de
serviços, restaurantes etc.
Figura 47: Imagens da proposta Rio Los Angeles
Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018).
2.10.2.4 Funcionalidade
O principal motivo que desencadeou as necessidades deste projeto, foram
as inundações, tendo como proposta o alargamento do canal e das várzeas onde era
possível adquirir propriedades.
48
As intenções da proposta ao logo do rio visam atuar em diversas escalas,
contemplando a escala pontual, com a revitalização do canal do rio; a escala do
entorno, criando um sistema linear verde para conexão interbairros com o rio e a
escala regional, criando atrativos e oportunidades para a comunidade, valorizando a
qualidade de vida da população e visando tornar o rio a “porta de entrada” da cidade.
Figura 48: Imagens de antes e depois da proposta Rio Los Angeles
ANTES DEPOIS
Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018).
2.10.2.5 Forma
Em toda a extensão do trecho revitalizado, predominam formas orgânicas na
horizontalidade das margens do curso d’água. A intervenção humana busca resgatar
49
e remeter as características da identidade de origem do rio e da cidade através das
linhas sinuosas ao longo do rio. As curvas, além de remeter a sinuosidade da origem
do rio, tem função de alargamento do rio como solução adotada nos pontos mais
críticos de inundações.
Figura 49: Perspectiva da proposta Rio Los Angeles
Fonte: Conen (2017) adaptado pela autora.
2.10.3 Projeto 3: Parque Mangal das Garças
O Parque Mangal das Garças é um projeto pontual, que surgiu com o
programa de requalificação urbana da área central de Belém do Pará. Uma cidade
que cresceu com as características típicas de uma cidade portuária. As propostas
de revitalização urbana, valorizam a história e a cultura são significativas
transformações na cidade.
Figura 50: Parque Mangal das Garças
Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018).
2.10.3.1 Ficha técnica
Nome do projeto: Parque Mangal das Garças
Localização: Belém do Pará ás margens do Rio Guamá.
50
Ano do projeto: 2002 início, 2007 conclusão.
Projeto: Rosa GrenaKliass
Área: 40.500m²
2.10.3.2 Implantação
Figura 51: Implantação Parque Mangal das Garças
Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018).
O parque localiza-se as margens do rio Guamá um afluente do rio Amazonas,
na baía de Guarajá, em Belém do Pará – Brasil.
O projeto foi desenvolvido em um terreno de beira-rio que havia sofrido
intervenções no entorno com a construção de um muro de contenção e um aterro. O
espaço da implantação encontrava-se coberto por um imenso capinzal e pela
51
vegetação típica da várzea fluvial, com predominância de aninguas, que sofriam com
o corte excessivo que reduziam seu porte.
2.10.3.3 Programa de necessidades
Figura 52: Composição Parque Mangal das Garças
Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018).
A composição do parque se forma por dois grandes elementos:
O primeiro, de maior área construída, composto pela portaria, o
estacionamento e a grande praça central chamada de Armazém do tempo, um
pavilhão de estrutura metálica reciclada, e pelo edifício principal de construção em
madeira, que abriga o Memorial Amazônico de navegação no primeiro piso e o
Restaurante no piso superior. O desenho da praça e a fonte sugerem o início do
circuito das águas.
O segundo elemento expressa mais o caráter naturalístico do projeto,
adotando estratégias de valorização do sítio, pela recuperação do aningal - compostos
principalmente pela planta conhecida regionalmente como Aningaque, que pode
atingir 3 a 4 m de altura e encontra-se em extinção – e pela criação de ambientes com
52
a vegetação nativa que representam grandes regiões florísticas do estado do Pará: os
campos, as áreas de várzea e as matas de terra firme.
A água foi reintroduzida, assumindo as mais variadas formas: fonte, cascata,
rio sinuoso e um grande lago. Caminhos, passarelas e pontes intercaladas por
recantos com pérgulas que conectam os pontos de interesse: o borboletário, o viveiro
de pássaros e a torre de observação.
Figura 53: Murmúrio das águas/ Restaurante e conexão com o rio
Figura 54: Vista aérea do parque
Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018). Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018)
Figura 55: Armazém do tempo Figura 56: Vista do Lago Cavername para o Farol de Belém
Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018). Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018).
2.10.3.4 Funcionalidade
A principal intenção da criação do Parque Mangal das Garças foi
proporcionar a população de Belém a experiência do contato com a vegetação e as
águas do ambiente amazônico, resgatando as espécies nativas e destacando a
53
importância deste ambiente natural para a população, além do resgate da história e
da cultura local.
2.10.3.5 Forma
Figura 57: Forma Parque Mangal das Garças
Fonte: Gorski (2010) adaptado pela autora (2018).
A composição do parque Mangal das garças utiliza harmonicamente a
mistura das formas. As linhas retas predominam nas edificações, porém nos caminhos
e nos elementos que introduzem a natureza ao projeto destacam-se
predominantemente as formas orgânicas.
54
CAPÍTULO 03: DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO
3.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO
Nesta parte será apresentado o diagnóstico da área de implantação do projeto
Parque Linear Arroio Bassano/RS.
3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL
Nova Bassano é uma cidade situada na mesorregião nordeste do Rio grande
do Sul e na microrregião de Guaporé, distante 194km da capital gaúcha, tem fácil
ligação com cidades vizinhas no sentido Norte-Sul e Leste-Oeste, sendo que a ERS-
324 cruza seu perímetro urbano.
De origem italiana, Nova Bassano possui uma população de 8.840 (IBGE,2010)
com estimativa de 9.599 em 2017.
Na economia, destacam-se as atividades de indústria metalúrgica e a
agropecuária, seguidas dos ramos de agricultura, agroindústria e comércio.
Na mobilidade urbana, não possui transporte público coletivo, somente
transporte escolar, universitário e para as indústrias.
3.3 MORFOLOGIA URBANA
Para que se possa compreender a cidade em que o projeto urbano será
realizado, é interessante ter informações acerca das caracterizações gerais da cidade.
Figura 58: Mapa de localização de Nova Bassano - RS
Fonte: Autora (2018).
55
O trecho de intervenção do projeto do parque linear do Arroio Bassano, será ao
longo do arroio na região do perímetro urbano da cidade (figura).
O arroio teve forte influência na conformação da malha urbana da cidade. Na
figura 59 pode-se ver claramente que o traçado urbano teve origem a partir do curso
do rio.
Figura 59: Mapa da influência do rio na formação da malha urbana
Fonte: Autora (2018).
Tabela 01: Características de Nova Bassano
Cidade Área urbana População estimada[2017]
Densidade bruta
Altura predominante
das edificações
Uso do solo predominante
Nova Bassano
7,60km² 9.599 Hab. 41,77 Hab./km²
3 e 6 metros Residencial
Fonte: Autora (2018).
56
3.4 ACESSIBILIDADE, MOBILIDADE E CENTRALIDADES
A área urbana de Nova Bassano se expandiu de forma bem dispersa e Linear,
principalmente devido a alguns limitadores naturais, como a topografia, - que dificulta
a ocupação urbana nas encostas dos morros próximos a áreas urbanas - a rodovia
ERS324 e o Arroio Bassano.
Figura 60: Mapa do contexto urbano de Nova Bassano
Fonte: Autora (2018).
57
A cidade possui apenas três trevos de acesso do sentido da ERS-324 para o centro
da cidade. Três acessos secundários acessam as periferias do lado oposto ao centro
da cidade do outro lado da rodovia, os limitadores são a topografia e o arroio.
Figura 61: Mapa do sistema viário
Fonte: Autora (2018).
A rodovia ERS-324 é a via de fluxo mais intenso e rápido do perímetro urbano,
na região mais central da cidade, área de maior concentração de comércio e serviços,
também ocorre movimentação maior de veículos. Porém nas vias coletoras, que tem
58
ligação com as vias de fluxo mais intenso o fluxo é moderado e nas vias locais em
áreas residências o fluxo é baixo.
A cidade não conta com transporte coletivo público, os transportes coletivos
são transporte contratados por industrias, transporte escolar e universitário.
Figura 62: Mapa de fluxos viários
Fonte: Autora (2018).
59
A rede de abastecimento de água da cidade é de responsabilidade dos serviços
da corsan, com águas provenientes de poços artesianos distribuídos em diferentes
locais da cidade. O esgotamento sanitário, segundo dados da prefeitura municipal, é
do tipo individual misto, composto de fossa, filtro e sumidouro. O esgoto pluvial é
direcionado para o arroio Bassano, que é o principal receptor das águas pluviais
urbanas.
Figura 63: Mapa do sistema de abastecimento de água e esgoto pluvial
Fonte: Autora (2018).
60
A cidade possui pouca arborização urbana, e em alguns locais, espécies
inadequadas e inexistentes. As massas verdes existentes encontram-se em locais
onde a urbanização ainda não se expandiu.
Figura 64: Mapa de massas verdes
Fonte: Autora (2018).
61
A figura 65 representa a instalação da rede elétrica no entorno do local da
intervenção.
Figura 65: Mapa da rede elétrica
Fonte: Autora (2018).
62
O desenvolvimento do mapa noli (figura 66) do entorno da área de intervenção
possibilita a visualização dos lotes cheios e vazios da área urbana. Observa-se uma
expansão urbana mais uniforme no sentido noroeste da cidade, enquanto no sentido
sudoeste existe uma fragmentação da malha urbana. Essa fragmentação não
decorrente da topografia, ocorreu anteriormente devido à falta de investimento em
infraestrutura por parte dos proprietários da área e posteriormente devido a
supervalorização imobiliária.
A área de entorno do projeto como representa o mapa noli possui aoenas 12%
dos lotes estão vazios e 88% estão ocupados.
Figura 66: Mapa noli
Fonte: Autora (2018).
88%
12%
Lotes cheios Lotes vazios
63
No mapa de usos, podemos observar que o uso predominante é residencial,
também na área central, evidencia-se a maior concentração de uso misto (residencial
e serviços.
Figura 67: Mapa de usos
Fonte: Autora (2018).
64
No mapa de gabaritos de altura, podemos observar o predomínio de
edificações de 1 e 2 pavimentos, as edificações em altura variam de 3 a 11
pavimentos, sendo na maioria de 3 e 4 ou 7 e 8 pavimentos.
Figura 68: Mapa gabarito de alturas das edificações
Fonte: Autora (2018).
65
Na figura 69 abaixo estão ilustradas as condicionantes do local de implantação,
a orientação solar e os ventos dominantes. Observa-se também, que as massas
verdes de vegetação existentes estão localizadas em áreas ainda não urbanizadas.
Na área mais central da cidade e no entorno do rio canalizado a vegetação é
praticamente inexistente.
Figura 69:Condicionantes físicos
Fonte: Autora (2018).
Na figura 70 abaixo está ilustrada a topografia do local de intervenção.
66
Ao longo do rio, a topografia é mais plana e o traçado do curso d’água é
consequentemente o ponto mais baixo da cidade. A urbanização ocorreu com mais
intensidade nessa região mais plana da topografia, resultando a composição linear da
malha urbana.
Figura 70: Topografia da cidade de Nova Bassano
Fonte: Autora (2018).
67
3.5 SÍNTESE DE LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS
3.5.1 Lei MunicipaL Nº 2.633
Conforme LEI MUNICIPAL Nº 2.633, de 9 de dezembro de 2013, que dispõe
sobre parcelamento do solo urbano e dá outras providências.
Não será permitido o parcelamento do solo, em florestas e demais formas de
vegetação natural:
Situadas ao longo de rio ou qualquer curso d’água, em faixa marginal cuja
largura mínima será igual à metade da largura do mesmo, não podendo, esta faixa,
ser menos de 20 metros.
Art. 14. A largura dos passeios será, no mínimo, de:
Nas avenidas - 4 metros
Nas ruas principais e secundárias - 3 metros
Nas ruas de acesso - 2,5 metros
Art. 15. Nas passagens de pedestres, deverão ser observados recuos laterais
das construções, de, no mínimo, 3 metros, e não poderá haver frente de lote voltada
para as passagens.
Art. 16. Ao longo das águas dormentes e correntes e das faixas de domínio
público das rodovias, (....) será obrigatória a reserva de uma faixa não edificável de,
no mínimo, 15 metros de cada lado.
Art. 17. Nenhum curso d’água poderá ficar no interior ou a menos de 10 metros
das divisas dos lotes.
Art. 17. As avenidas com canalização de curso de água deverão ter passeios
margeando este curso com largura nunca inferior a 2 metros de cada lado, mantidas
as demais especificações.
Art. 17. As faixas de domínio das rodovias não poderão ser utilizas como ruas.
3.5.2 Lei Municipal Nº 2.634
De acordo com LEI MUNICIPAL Nº 2.634, de 9 de dezembro de 2013, que
dispõe sobre plano diretor do município e dá outras providências, uso do solo urbano
está condicionado ao seguinte zoneamento:
I – Zona Residencial (ZR);
68
II – Zona de Comércio e Serviços (ZCS) ou Comércio Varejista;
III – Zona Mista (ZM) ou de Comércio Atacadista;
IV – Zona Industrial (ZI).
Figura 71: Uso do solo na legislação municipal
Fonte: Autora (2018).
Art. 19. É obrigatória a previsão de locais de estacionamento, dentro do lote,
cobertos ou não nas seguintes proporções:
I – Um local para cada duzentos metros quadrados de área construída, para
prédio industrial;
II – Um local para cada 100 (cem) metros quadrados de área construída, para
prédios de habitação coletiva, e, no mínimo, um por cada apartamento;
III – Um local para cada unidade autônoma para prédio de escritório ou
consultório;
IV – Um local para cada 50 (cinqüenta) metros quadrados de área construída
para mercados e supermercados;
V – Um local para cada 100 (cem) lugares em estádios, cinemas e teatros;
VI – Um local para cada 10 (dez) leitos em hotéis e hospitais;
VII – Um local para cada 200 (duzentos) metros quadrados de área total de
terreno, para clubes sociais e esportivos;
69
VIII – Um local para cada 30 (trinta) alunos para colégios e estabelecimentos
de ensino.
IX – Um local para cada unidade residencial de até 150 metros quadrados de
área construída; para construções de 150 a 200 metros duas vagas; acima de
duzentos metros quadrados de área construída 3 vagas mais uma vaga por centena
acrescida.
Art. 20. O número dos locais de estacionamento deverá ser aproximado para
a unidade seguinte, sempre que o resto da divisão for superior a 50% (cinqüenta por
cento) do divisor.
3.5.3 Constituição da República Federativa do Brasil,1988.
“Art.225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações”.
3.5.4 Lei Federal Nº 6.766.
“Ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público
das rodovias e ferrovias, será obrigatória a reserva de uma faixa não-edificável de 15
(quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica”.
3.5.5 NBR 9050
Trata da Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos.
70
CAPÍTULO 04: CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS
4.1 INTRODUÇÃO
Nesta parte será apresentado o conceito de projeto para a proposta Parque
Linear Arroio Bassano e suas principais diretrizes.
4.2 CONCEITO DO PROJETO
Renaturalizar, recriar, redescobrir, integrar. A ideia que motivou o projeto do
Parque Linear do arroio Bassano foi trazer o rio de volta, valorizando a identidade de
origem da cidade, aproximando as pessoas da natureza em um clima de
reconciliação, melhorando assim a qualidade de vida atual e das futuras gerações.
Figura 72: Conceito
Fonte: Autora (2018).
Renaturalizar quer dizer “voltar ao natural”, falando em recursos hídricos,
renaturalizar é devolver as características naturais do rio, intervindo de forma
harmoniosa e equilibrada entre um ambiente urbano e um ambiente mais natural.
4.3 DIRETRIZES URBANÍSTICAS
O desenvolvimento do projeto a partir deste conceito se dará a partir da
reabertura do trecho canalizado do arroio Bassano, da criação de pistas de
caminhada, ciclovias, espaços de descanso de lazer e contemplação nas margens do
rio, convidando as pessoas a se aproximarem da natureza local, praticarem exercícios
físicos, optarem por modalidades de transportes mais saudáveis, melhorando a
qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente.
71
Figura 73: Intenções da proposta
Fonte: Gaete C. M.(2018) adaptado pela Autora (2018).
O trecho de intervenção atravessa a cidade conecta espaços vazios existentes
próximos as margens do rio de uma extremidade a outra da área urbana.
72
CAPÍTULO 05: PARTIDO GERAL
5.1 INTRODUÇÃO
Nesta parte será apresentado o partido geral do projeto, o programa de
necessidades e as propostas de zoneamento desenvolvidas para a proposta do
Parque Linear Arroio Bassano.
5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES
Tabela 2: Programa de Necessidades Área Dimensões (em m²) Mobiliário essencial
Playground1 600m² Balanços, escorregador gangorra, brinquedo para escalar, bancos, lixeiras.
Playground 2 725m² Balanços, escorregador gangorra, brinquedo para escalar, bancos
Quadra Poliesportiva 430m² Quadra
Sanitários 1 30m² Pia, vaso sanitário, mictórios
Sanitários 2 30m2 Pia, vaso sanitário, mictórios
Praça/espaços para sentar 1 708m² Bancos, lixeiras, bicicletário.
Academia ao ar livre1 730m2 Aparelho de alongamento, simulador de caminhada, esqui, remada. Simulador de cavalgada, rotação vertical, rotação diagonal dupla, multi-exercitador e outros.
Academia ao ar livre 2 730m² Aparelho de alongamento, simulador de caminhada, esqui, remada. Simulador de cavalgada, rotação vertical, rotação diagonal dupla, multi-exercitador e outros
Estacionamento 1 890m² -
Estacionamento 2 447m² -
Estacionamento 3 1000m² -
Estacionamento 4 811m² -
Estacionamento 5 500m² -
Praça/Espaço para sentar 2 4177 Bancos, lixeiras, bicicletários, pergolados, decks, auditório ao ar livre
Ciclovia ~ 1,8 km -
Pista de Caminhada ~ 1,8 km -
Pontes para carros pedestres e ciclistas
4 nos cruzamentos
Pontes para pedestres e ciclistas A cada 50m
Bicicletários
Fonte: Autora (2018).
5.3 PROPOSTAS DE ZONEAMENTO
O estudo e análise do projeto resultou três propostas diferentes da distribuição
do programa de necessidades proposto. Todas elas possuem em comum o fluxo que
conecta de uma extremidade a outra, áreas verdes, espaços de lazer e vazios urbanos
tendo como elementos principais de conexão uma ciclovia e uma pista de caminhada.
A área de intervenção é de uso comercial e as ruas possuem gabaritos diferentes,
73
sendo adotadas diferentes estratégias para cada setor de acordo com o gabarito de
rua. O critério principal adotado para locação dos espaços de acordo com os
equipamentos urbanos existentes foi o posicionamento dos playgrounds próximos as
escolas, de acordo com os vazios urbanos disponíveis e o uso existente no entorno.
Na área central onde o gabarito de rua é mais estreito, a estratégia adotada foram
bolsões de estacionamento para suprir o espaço das vagas devido a abertura do rio.
Figura 74: Proposta de Zoneamento 01
Fonte: Autora (2018).
Nesta proposta, os espaços para academia ao ar livre estão distribuídos na área central e próximo a
área de lazer existente. A ciclovia e a pista de caminhada nesta proposta, seguem sempre as margens
do curso do rio, sendo necessário em alguns pontos mais estreitos, devido ao avanço da urbanização
a passagem sobre rio.
A quadra poliesportiva na proposta, está localizada na extremidade oposta da área do campo de futebol existente, atendendo a população do entorno.
74
Figura 75: Proposta de Zoneamento 02
Fonte: Autora (2018).
Na proposta de zoneamento 02, os espaços para academia ao ar livre estão distribuídos na área
central e na extremidade oposta à área de lazer existente. A ciclovia e a pista de caminhada nesta
proposta, seguem sempre as margens do curso do rio, sendo necessário em alguns pontos mais
estreitos, devido ao avanço da urbanização a passagem sobre rio.
Os espaços mais amplos para lazer e para sentar, estão posicionados também nas extremidades do
parque linear próximos aos playgrounds e atendem a população dos bairros do entorno que não
dispõe deste tipo de espaço.
A quadra poliesportiva nesta proposta, está localizada na extremidade próxima à área do campo de
futebol existente.
75
Figura 76: Proposta de Zoneamento 03 – Estudo escolhido
Fonte: Autora (2018).
Proposta 3
Na proposta 3, os espaços para academia ao ar livre estão localizados na área central, próximo ao
local que existente atualmente (sobre a canalização) e outro na extremidade próxima à área de lazer
existente. A ciclovia e a pista de caminhada nesta proposta, seguem as margens do curso do
rio.Porém em alguns pontos mais estreitos, devido ao avanço da urbanização ocorre o desvio para a
rua lateral evitando a cobertura do rio.
Os espaços mais amplos para lazer e para sentar, estão posicionados também nas extremidades do
parque linear próximos aos playgrounds e atendem a população dos bairros do entorno que não
dispõe deste tipo de espaço.
A quadra poliesportiva na proposta, está localizada na extremidade oposta à área do campo de futebol
existente, atendendo a população do entorno.
76
Após o estudo de 03 (três) propostas de zoneamento, optou-se pela proposta
de zoneamento 03 que segundo a análise é a que melhor atende o conceito proposto,
valoriza a natureza, recria o que existia antes da canalização e devolve o rio
renaturalizado a cidade, conectando áreas verdes, espaços de lazer e vazios urbanos
existentes através de opções de mobilidade, mais sustentáveis como a de pedestres
e ciclistas.
77
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através do estudo foi possível desenvolver uma proposta para implantação de
um parque Linear no Arroio Bassano em Nova Bassano - RS, com o objetivo de
devolver o rio e a sua importância para a cidade.
Sendo assim, foi possível compreender que a principal função dos parques
lineares é amenizar os problemas causados por uma urbanização descontrolada, que
reflete resultados inconsequentes. Percebe-se que reintegrar os rios à paisagem
urbana não só é possível, como também é uma das melhores oportunidades para
recriar a cidade e buscar o equilíbrio entre a paisagem urbana e a paisagem natural.
Ao observar a dinâmica da cidade, evidenciou-se a necessidade de criar novos
espaços públicos, conectar os espaços existentes e oportunizar que as pessoas
utilizem e se apropriem dos mesmos.
78
CAPÍTULO 06: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Rev. UFMG, Belo Horizonte. Volume 20, nº 2, p. 124-153, 2013. Disponível em: <https://www.ufmg.br/revistaufmg/downloads/20-2/05-rios-e-cidades-marcio-baptista-adriana-cardoso.pdf> Acesso em:29/08/18.
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Recuperação de Rios, Possibilidades e Limites da Engenharia Ambiental. Rio de Janeiro: SEMADS, 1998. Cooperação Técnica Brasil-Alemanha,2001. Projeto PLANÁGUASEMADS / GTZ. Disponível em:<https://www.ebah.com.br/content/ABAAAAlTIAC/rios-corregos-livro-2-publicacoes-serla>. Acesso em: 24/09/2018.
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a elaboração de planos de drenagem urbana: estudo de caso da cidade de Tupã/SP. 2015. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2015. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/123900> .Acesso em:03/09/18.
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