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Portugues 2

Date post: 04-Jul-2015
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LCT Português _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 154 *MÓDULO 1* Organização textual Gêneros argumentativos Recursos para convencer Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso, precisa apresentar bons argumentos, que consistem em fatos e opiniões. É comum encontrarmos circulando no rádio, na TV, nas revistas, nos jornais e na internet temas polêmicos que exigem uma posição por parte dos ouvintes, espectadores e leitores. Num jornal, por exemplo, podemos identificar vários gêneros argumentativos o artigo de opinião, o editorial, a coluna. Por vezes, alguns textos de caráter informativo, como reportagens, podem trazer juízos de valor ou adotar um posicionamento crítico (veja a reportagem reproduzida em Atividades 1). O importante, para se preparar para a prova do ENEM, é saber reconhecer estratégias argumentativas e procedimentos de argumentação. Os procedimentos implicam estruturar o texto de acordo com o receptor (uso de linguagem adequada e construção coerente da argumentação), e as estratégias são recursos que podem ser usados para reforçar a argumentação. Agora, analisemos alguns gêneros que, de imediato, podem ser identificados como argumentativos: Artigo opinativo: comum nos jornais e revistas, ele é, em geral, escrito por colaboradores ou personalidades convidadas e não reflete necessariamente a opinião do veículo de comunicação. Analisa um fato ou uma série de fatos em relação ao contexto político, social, econômico ou comportamental. Segue a estrutura de um texto dissertativo: introdução/desenvolvimento/conclusão. Pode ser escrito na primeira ou na terceira pessoa. Coluna: é um espaço dos jornais e revistas prioritariamente destinado à informação exclusiva, ao bastidor da notícia – comporta a manifestação do colunista sobre aquele fato que está informando ou analisando, muitas vezes com postura crítica em relação aos acontecimentos. Dois exemplos: Gustavo Ioschpe, da revista Veja, e Clóvis Rossi, do jornal Folha de S. Paulo. Editorial/Carta ao leitor: espaço reservado nos jornais e revistas para manifestar a opinião do veículo, da instituição – opinião que, na verdade, é definida pelos dirigentes (muitas vezes, o próprio dono) da empresa. Diferentemente dos outros formatos, o editorial não tem nenhuma preocupação em informar o leitor, mas em formar opinião. Em vez de fatos, traz argumentos, que se tornam convincentes graças a recursos de retórica. Por emitir a opinião do veículo, o texto pode vir sem a assinatura do autor ou então ser assinado pelo editor, em nome da publicação. Esses são apenas alguns gêneros. É importante saber que a argumentação e a persuasão estão presentes no texto publicitário, nas cartas argumentativas e, principalmente, em textos de caráter teoricamente informativo. REPRODUÇÃO Campanha da Prefeitura de São Paulo mostra bons motivos para adotar um animal de estimação com responsabilidade Os gêneros argumentativos têm a finalidade de persuadir e convencer o leitor a respeito de determinado assunto. As estratégias argumentativas podem ser construídas a partir de exemplos e comparação, citações, menções a dados numéricos, uso de ironia ou, ainda, na apresentação de uma ideia para, em seguida, contradizê-la ou diminuir sua importância. A falácia é construída quando se dá segmento a um raciocínio errado, fazendo-o aparentar verdadeiro. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conter falácias, mas não deixam de ser falsos.
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 154

*MÓDULO 1*

Organização textual – Gêneros argumentativos

Recursos para convencer

Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem

a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso,

precisa apresentar bons argumentos, que consistem em

fatos e opiniões. É comum encontrarmos circulando no

rádio, na TV, nas revistas, nos jornais e na internet temas

polêmicos que exigem uma posição por parte dos

ouvintes, espectadores e leitores. Num jornal, por

exemplo, podemos identificar vários gêneros

argumentativos – o artigo de opinião, o editorial, a

coluna. Por vezes, alguns textos de caráter informativo,

como reportagens, podem trazer juízos de valor ou

adotar um posicionamento crítico (veja a reportagem

reproduzida em Atividades 1).

O importante, para se preparar para a prova do

ENEM, é saber reconhecer estratégias argumentativas e

procedimentos de argumentação. Os procedimentos

implicam estruturar o texto de acordo com o receptor

(uso de linguagem adequada e construção coerente da

argumentação), e as estratégias são recursos que podem

ser usados para reforçar a argumentação. Agora,

analisemos alguns gêneros que, de imediato, podem ser

identificados como argumentativos:

Artigo opinativo: comum nos jornais e revistas, ele é,

em geral, escrito por colaboradores ou

personalidades convidadas e não reflete

necessariamente a opinião do veículo de

comunicação. Analisa um fato ou uma série de fatos

em relação ao contexto político, social, econômico ou

comportamental. Segue a estrutura de um texto

dissertativo: introdução/desenvolvimento/conclusão.

Pode ser escrito na primeira ou na terceira pessoa.

Coluna: é um espaço dos jornais e revistas

prioritariamente destinado à informação exclusiva, ao

bastidor da notícia – comporta a manifestação do

colunista sobre aquele fato que está informando ou

analisando, muitas vezes com postura crítica em

relação aos acontecimentos. Dois exemplos:

Gustavo Ioschpe, da revista Veja, e Clóvis Rossi, do

jornal Folha de S. Paulo.

Editorial/Carta ao leitor: espaço reservado nos

jornais e revistas para manifestar a opinião do

veículo, da instituição – opinião que, na verdade, é

definida pelos dirigentes (muitas vezes, o próprio

dono) da empresa. Diferentemente dos outros

formatos, o editorial não tem nenhuma preocupação

em informar o leitor, mas em formar opinião. Em vez

de fatos, traz argumentos, que se tornam

convincentes graças a recursos de retórica. Por

emitir a opinião do veículo, o texto pode vir sem a

assinatura do autor ou então ser assinado pelo

editor, em nome da publicação.

Esses são apenas alguns gêneros. É importante

saber que a argumentação e a persuasão estão

presentes no texto publicitário, nas cartas argumentativas

e, principalmente, em textos de caráter teoricamente

informativo.

REPRODUÇÃO

Campanha da Prefeitura de São Paulo mostra bons motivos para adotar um animal de estimação com responsabilidade

Os gêneros argumentativos têm a finalidade de

persuadir e convencer o leitor a respeito de

determinado assunto.

As estratégias argumentativas podem ser

construídas a partir de exemplos e comparação,

citações, menções a dados numéricos, uso de ironia

ou, ainda, na apresentação de uma ideia para, em

seguida, contradizê-la ou diminuir sua importância.

A falácia é construída quando se dá segmento a um

raciocínio errado, fazendo-o aparentar verdadeiro.

Argumentos que se destinam à persuasão podem

parecer convincentes para grande parte do público

apesar de conter falácias, mas não deixam de ser

falsos.

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Articulação de ideias – Coesão e coerência

Articular ideias é estabelecer a relação entre

palavras e frases. Devidamente conectadas, elas

formam um todo que tem sentido para determinado

grupo de pessoas em determinada situação.

Há dois fatores importantes para tornar um texto

inteligível: coesão e coerência.

A coesão consiste nas articulações gramaticais

existentes entre as palavras, orações, frases, e

parágrafos que garantem sua conexão textual. Um

dos recursos mais comuns é o uso de conectivos,

como as conjunções, por exemplo. Para cada tipo de

relação que se pretende estabelecer entre duas

orações, existe uma conjunção que se adapta a ela.

Algumas conjunções:

aditivas: e, nem, não só... como também

adversativas: mas, porém, contudo, todavia,

entretanto

concessivas: embora, apesar de

explicativas: pois (antes de verbo), porque

conclusivas: portanto, logo, por isso, pois (depois de

verbo)

Coerência é o resultado da articulação das ideias de

um texto. É a estrutura lógico-semântica que faz com

que, numa situação discursiva, palavras e frases

componham um todo significativo para os

interlocutores. Ela está, portanto, ligada à

possibilidade de compreensão daquilo que se ouve

ou lê.

Recursos expressivos: as figuras de linguagem ou

de estilo são empregadas para valorizar o texto,

tornando a linguagem mais rica e expressiva. Usam-

se, para isso, as palavras em seu sentido conotativo,

e não com seu significado literal. As principais são:

comparação

metáfora

metonímia

ironia

Pontos de vista – Recursos persuasivos

Para se preparar para a prova do ENEM, é

importante desenvolver a capacidade de ler,

compreender e interpretar textos de diferentes

gêneros e linguagens, como fotos, charges e poesia.

Identificar diferentes pontos de vista – Não são

apenas os artigos opinativos das revistas e dos

jornais que apresentam uma postura sobre

determinado assunto. Ao resolver questões que

mostram pontos de vista diversos, é importante

distinguir frases ou períodos que evidenciem (ou

representem argumentos que reforcem) a opinião do

autor.

Em questões que exigem a análise de textos

opinativos, é fundamental responder de acordo com

a opinião expressa no texto, e não a partir de sua

própria. Não há posicionamento certo ou errado, mas

maneiras de expor um ponto de vista.

Existem duas principais estratégias de persuasão. A

explícita expõe claramente seu ponto de vista e

recorre a argumentos lógicos e racionais, às vezes

propositalmente incorretos. A implícita, mais sutil,

apela para o emocional.

Organização textual – Gêneros narrativos

Tipos de texto – Basicamente, há seis tipos de texto:

descrição, narração, injunção, argumentação,

exposição e agrupamento tipológico “relatar”. De

modo geral, podemos dizer que a descrição se

caracteriza por ser um “retrato verbal” de pessoas,

objetos, animais, sentimentos, cenas ou ambientes;

a narração é um entrelaçamento de fatos contados

por um narrador, envolvendo personagens,

localizadas no tempo e no espaço; e a argumentação

é a expressão de opinião a respeito de um assunto.

Elementos do texto narrativo:

Enredo: sequência de acontecimentos narrados na

história.

Foco narrativo (1.ª e 3.ª pessoa): presença de

narrador (narrador-personagem, narrador-

-observador).

Personagens (protagonista, antagonista e

coadjuvante).

Tempo (cronológico e psicológico).

Espaço.

Os gêneros narrativos são inúmeros; os mais

conhecidos são: romance, crônica, conto, novela,

fábula. Há ainda: piada, mito, novela etc.

Romance: narrativa longa, de enredo normalmente

imaginário, mas verossímil. Os personagens são

mais elaborados psicologicamente.

Crônica: narrativa curta, inspirada em algum fato

cotidiano. Pode fazer uma crítica indireta ou ter

toques de humor.

A diferença entre antítese e paradoxo é que a

antítese se baseia na comparação por contraste ou

justaposição de contrários, enquanto o paradoxo se

reconhece como uma relação interna de contrários:

Antítese: Eu sou tímido, você é extrovertido.

Paradoxo: Eu sou um tímido extrovertido.

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********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para a questão 1.

Por que tantas tragédias?

Há um imenso equívoco no modo de ocupação do solo brasileiro. Construímos casas nas várzeas e nas encostas íngremes

O Brasil foi premiado pela natureza por rios de imenso

volume d’água e, como consequência, algumas das

maiores várzeas (áreas originalmente florestadas) do

mundo. Isso é a razão de nossa proverbial fertilidade e

explica nossa aptidão para produzir comida, a base da

nossa atual prosperidade. No entanto, há um imenso

equívoco no modo de ocupação do solo brasileiro.

Construímos nossas casas nas várzeas – que, num

ecossistema equilibrado, absorviam a água que

transbordava dos rios – e nas encostas íngremes.

Esse erro é cometido mais ou menos do mesmo jeito

no país todo, o que explica por que regiões tão diversas

como Santa Catarina, Alagoas e Pará tenham problemas

semelhantes. Várzea ocupada é aquilo que os noticiários

chamam de enchente. Encosta ocupada é mais

conhecida como deslizamento. A questão central agora é

desocupar essas regiões para que, no ano que vem,

quando chover de novo, não haja ninguém mais morando

lá.

E onde botamos as pessoas que vivem em várzeas e

encostas? Para responder a essa pergunta, é importante

antes entender por que essas regiões foram ocupadas. A

resposta é complexa, mas pode ser simplificada em duas

palavras: especulação imobiliária.

No Brasil, país de economia historicamente instável,

sempre foi ótimo negócio ser dono de terra e ficar lá

sentado nela sem fazer nada. O modelo de urbanização

do país, que concentrava a economia no centro da

cidade e ia se expandindo para fora, garantia a certeza

de que um terreno distante ontem viraria centro amanhã

e seu valor se multiplicaria. Por conta disso, há na região

central das maiores cidades brasileiras uma quantidade

imensa de terrenos vazios ou subutilizados, só

esperando valorização. Isso faz os preços de imóveis

disparar, e os trabalhadores demandados pelas cidades

acabam indo se espremer em várzeas e encostas, únicas

terras baratas.

Isso é um problema para as cidades, porque força os

trabalhadores a atravessar dezenas de quilômetros de

asfalto para chegar ao trabalho, no centro. E é aí que

mora nossa grande oportunidade.

O que o Brasil precisa fazer agora é tirar as pessoas

das encostas e várzeas e colocá-las nesses pedaços

vazios do centro da cidade (a última coisa que queremos

é colocar as pessoas ainda mais longe, aumentando

ainda mais o trânsito e os custos do transporte público).

Isso trará várias vantagens. Permitirá às cidades fazerem

grandes parques lineares em volta dos rios, onde hoje há

avenidas, com instalações esportivas e ciclovias. Levará

trabalhadores para as regiões centrais, diminuindo a

pressão no transporte público e no trânsito. Embelezará

as cidades, criará oportunidades econômicas, moverá a

economia e fará o Brasil rodar.

Mas como fazer os especuladores colaborar? O

remédio tem três doses: educação, fiscalização e

punição. Primeiro ensina-se os proprietários a adaptarem

sua situação para que os terrenos vazios parem de

prejudicar a cidade e sejam ocupados. Dá-se a eles um

prazo para se adaptar – e prazos curtos funcionam muito

melhor do que prazos longos. Quem não se adapta paga

impostos cada vez mais altos ou é desapropriado.

Precisamos começar a fazer isso rápido, assim que as

chuvas pararem. Mas o planejamento precisa ser de

longuíssimo prazo, coisa de 30 anos, para que as obras

de 2011 não sejam apenas a maquiagem de sempre

(piscinões, muros, dragas e aumentos de calha), mas o

primeiro passo de uma reforma profunda no sistema de

ocupação do Brasil.

Blog Sustentável é Pouco. Adaptado. Disponível em:

< http://veja.abril.com.br/blog/denis-russo/ >.

1. (AED-SP)

O texto tem uma estrutura dissertativo-argumentativa –

há um posicionamento do autor e ele encadeia ideias

para sustentar seu ponto de vista. Quais foram os

argumentos utilizados?

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2. (ENEM-MEC)

O então presidente Lula assinou, em 29 de setembro de

2008, decreto sobre o Novo Acordo Ortográfico da

Língua Portuguesa. As novas regras afetam

principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do

trema e do hífen.

Longe de um consenso, muita polêmica tem-se levantado

em Macau e nos oito países de língua portuguesa: Brasil,

Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,

Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Comparando as diferentes opiniões sobre a validade de

se estabelecer o acordo para fins de unificação, o

argumento que, em grande parte, foge a essa discussão

é

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(A) “A Academia (Brasileira de Letras) encara essa

aprovação como um marco histórico. Inscreve-se,

finalmente, a Língua Portuguesa no rol daquelas que

conseguiram beneficiar-se há mais tempo da

unificação de seu sistema de grafar, numa

demonstração de consciência da política do idioma e

de maturidade na defesa, difusão e ilustração da

língua da Lusofonia.”

SANDRONI, C. Presidente da ABL. Disponível em:

< http://www.academia.org.br >.

(B) “Acordo ortográfico? Não, obrigado. Sou contra.

Visceralmente contra. Filosoficamente contra.

Linguisticamente contra. Eu gosto do ‘c’ do ‘actor’ e o

‘p’ de ‘cepticismo’. Representam um património, uma

pegada etimológica que faz parte de uma identidade

cultural. A pluralidade é um valor que deve ser

estudado e respeitado. Aceitar essa aberração

significa apenas que a irmandade entre Portugal e o

Brasil continua a ser a irmandade do atraso.”

COUTINHO, J. P. Folha de S. Paulo. Ilustrada.

28 set. 2008, E1 (adaptado).

(C) “Há um conjunto de necessidades políticas e

econômicas com vista à internacionalização do

português como identidade e marca econômica. É

possível que o [Fernando] Pessoa, como produto de

exportação, valha mais do que a PT [Portugal

Telecom]. Tem um valor econômico único.”

RIBEIRO, J. A. P. Ministro da Cultura de Portugal. Disponível em:

< http://ultimahora.publico.clix.pt >.

(D) “É um acto cívico batermo-nos contra o Acordo

Ortográfico. O acordo não leva a unidade nenhuma.

Não se pode aplicar na ordem interna um

instrumento que não está aceito internacionalmente

e nem assegura a defesa da língua como património,

como prevê a Constituição nos artigos 9.º e 68.º.”

MOURA, V. G. Escritor e eurodeputado. Disponível em:

< www.mundoportugues.org >.

(E) “Se é para ter uma lusofonia, o conceito [unificação

da língua] deve ser mais abrangente e temos de

estar em paridade. Unidade não significa que temos

que andar todos ao mesmo passo. Não é necessário

que nos tornemos homogéneos. Até porque o que

enriquece a língua portuguesa são as diversas

literaturas e formas de utilização.”

RODRIGUES, M. H. Presidente do Instituto Português

do Oriente, sediado em Macau. Disponível em:

< http://taichungpou.blogspot.com > (adaptado).

________________________________________________ *Anotações*

3. (ENEM-MEC)

A Herança Cultural da Inquisição

A Inquisição gerou uma série de comportamentos

humanos defensivos na população da época,

especialmente por ter perdurado na Espanha e em

Portugal durante quase 300 anos, ou no mínimo quinze

gerações.

Embora a Inquisição tenha terminado há mais de um

século, a pergunta que fiz a vários sociólogos,

historiadores e psicólogos era se alguns desses

comportamentos culturais não poderiam ter-se

perpetuado entre nós.

Na maioria, as respostas foram negativas, ou seja,

embora alterasse sem dúvida o comportamento da

época, nenhum comportamento permanece tanto tempo

depois, sem reforço ou estímulo continuado.

Não sou psicólogo nem sociólogo para discordar, mas

tenho a impressão de que existem alguns

comportamentos estranhos na sociedade brasileira, e

que fazem sentido se você os considerar resquícios da

era da Inquisição. […]

KANITZ, S. A Herança Cultural da Inquisição. In: Revista Veja.

Ano 38, n.º 5, 2 fev. 2005 (fragmento).

Considerando-se o posicionamento do autor do

fragmento a respeito de comportamentos humanos, o

texto

(A) enfatiza a herança da Inquisição em

comportamentos culturais observados em Portugal e

na Espanha.

(B) contesta sociólogos, psicólogos e historiadores sobre

a manutenção de comportamentos gerados pela

Inquisição.

(C) contrapõe argumentos de historiadores e sociólogos

a respeito de comportamentos culturais inquisidores.

(D) relativiza comportamentos originados na Inquisição e

observados na sociedade brasileira.

(E) questiona a existência de comportamentos culturais

brasileiros marcados pela herança da Inquisição.

Textos para as questões 4 e 5.

Texto I

É praticamente impossível imaginarmos nossas vidas

sem o plástico. Ele está presente em embalagens de

alimentos, bebidas e remédios, além de

eletrodomésticos, automóveis etc. Esse uso ocorre

devido à sua atoxicidade e à inércia, isto é: quando em

contato com outras substâncias, o plástico não as

contamina; ao contrário, protege o produto embalado.

Outras duas grandes vantagens garantem o uso dos

plásticos em larga escala: são leves, quase não alteram

o peso do material embalado, e são 100% recicláveis,

fato que, infelizmente, não é aproveitado, visto que, em

todo o mundo, a percentagem de plástico reciclado,

quando comparado ao total produzido, ainda é

irrelevante.

Revista Mãe Terra. Minuano, ano I, n.º 6 (adaptado).

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Texto II

Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por

isso, elas entopem esgotos e bueiros, causando

enchentes. São encontradas até no estômago de

tartarugas marinhas, baleias, focas e golfinhos, mortos

por sufocamento.

Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os

consumidores, mas têm um custo incalculável para o

meio ambiente.

Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário do

Instituto Akatu pelo Consumo Consciente.

4. (ENEM-MEC)

Na comparação dos textos, observa-se que

(A) o texto I apresenta um alerta a respeito do efeito da

reciclagem de materiais plásticos; o texto II justifica o

uso desse material reciclado.

(B) o texto I tem como objetivo precípuo apresentar a

versatilidade e as vantagens do uso do plástico na

contemporaneidade; o texto II objetiva alertar os

consumidores sobre os problemas ambientais

decorrentes de embalagens plásticas não recicladas.

(C) o texto I expõe vantagens, sem qualquer ressalva, do

uso do plástico; o texto II busca convencer o leitor a

evitar o uso de embalagens plásticas.

(D) o texto I ilustra o posicionamento de fabricantes de

embalagens plásticas, mostrando por que elas

devem ser usadas; o texto II ilustra o posicionamento

de consumidores comuns, que buscam praticidade e

conforto.

(E) o texto I apresenta um alerta a respeito da

possibilidade de contaminação de produtos

orgânicos e industrializados decorrente do uso de

plástico em suas embalagens; o texto II apresenta

vantagens do consumo de sacolas plásticas: leves,

descartáveis e gratuitas.

5. (ENEM-MEC)

Em contraste com o texto I, no texto II são empregadas,

predominantemente, estratégias argumentativas que

(A) atraem o leitor por meio de previsões para o futuro.

(B) apelam à emoção do leitor, mencionando a morte de

animais.

(C) orientam o leitor a respeito dos modos de usar

conscientemente as sacolas plásticas.

(D) intimidam o leitor com as nocivas consequências do

uso indiscriminado de sacolas plásticas.

(E) recorrem à informação, por meio de constatações,

para convencer o leitor a evitar o uso de sacolas

plásticas.

________________________________________________

*Anotações*

6. (ENEM-MEC)

Cientistas da Grã-Bretanha anunciaram ter

identificado o primeiro gene humano relacionado com o

desenvolvimento da linguagem, o FOXP2. A descoberta

pode ajudar os pesquisadores a compreender os

misteriosos mecanismos do discurso – que é uma

característica exclusiva dos seres humanos. O gene

pode indicar por que e como as pessoas aprendem a se

comunicar e a se expressar e por que algumas crianças

têm disfunções nessa área. Segundo o professor

Anthony Monaco, do Centro Wellcome Trust de Genética

Humana, de Oxford, além de ajudar a diagnosticar

desordens de discurso, o estudo do gene vai possibilitar

a descoberta de outros genes com imperfeições. Dessa

forma, o prosseguimento das investigações pode levar a

descobrir também esses genes associados e, assim,

abrir uma possibilidade de curar todos os males

relacionados à linguagem.

Disponível em: < http://www.bbc.co.uk > (adaptado).

Para convencer o leitor da veracidade das informações

contidas no texto, o autor recorre à estratégia de

(A) citar autoridade especialista no assunto em questão.

(B) destacar os cientistas da Grã-Bretanha.

(C) apresentar citações de diferentes fontes de

divulgação científica.

(D) detalhar os procedimentos efetuados durante o

processo da pesquisa.

(E) elencar as possíveis consequências positivas que a

descoberta vai trazer.

Texto para as questões 7 e 8.

Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de

vocês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode ser

aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa

aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de

hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de

pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para cá

asiáticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser

brasileiro. A importante pergunta que nós fazemos é:

qual é o pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo?

São seus olhos? Ou é o nome da sua rua? O nome da

sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio

dentro de vocês. Para nós, o importante é que vocês

olhem para a gente como seres humanos, como pessoas

que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser

tratadas com privilégios. Nós não queremos tomar o

Brasil de vocês, nós queremos compartilhar esse Brasil

com vocês.

TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes

locais. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado).

7. (ENEM-MEC)

Na situação de comunicação da qual o texto foi retirado,

a norma-padrão da língua portuguesa é empregada com

a finalidade de

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(A) demonstrar a clareza e a complexidade da nossa

língua materna.

(B) situar os dois lados da interlocução em posições

simétricas.

(C) comprovar a importância da correção gramatical nos

diálogos cotidianos.

(D) mostrar como as línguas indígenas foram

incorporadas à língua portuguesa.

(E) ressaltar a importância do código linguístico que

adotamos como língua nacional.

8. (ENEM-MEC)

Os procedimentos argumentativos utilizados no texto

permitem inferir que o ouvinte/leitor, no qual o emissor

foca o seu discurso, pertence

(A) ao mesmo grupo social do falante/autor.

(B) a um grupo de brasileiros considerados como não

índios.

(C) a um grupo étnico que representa a maioria europeia

que vive no país.

(D) a um grupo formado por estrangeiros que falam

português.

(E) a um grupo sociocultural formado por brasileiros

naturalizados e imigrantes.

9. (ENEM-MEC)

DIGA NÃO AO NÃO

Quem disse que alguma coisa é impossível?

Olhe ao redor. O mundo está cheio de coisas que,

segundo os pessimistas, nunca teriam acontecido.

“Impossível.”

“Impraticável.”

“Não.”

E ainda assim, sim.

Sim, Santos Dumont foi o primeiro homem a decolar a

bordo de um avião, impulsionado por um motor

aeronáutico.

Sim, Visconde de Mauá, um dos maiores

empreendedores do Brasil, inaugurou a primeira rodovia

pavimentada do país.

Sim, uma empresa brasileira também inovou no país.

Abasteceu o primeiro voo comercial brasileiro.

Foi a primeira empresa privada a produzir petróleo na

Bacia de Campos.

Desenvolveu um óleo combustível mais limpo, o OC

Plus.

O que é necessário para transformar o não em sim?

Curiosidade. Mente aberta. Vontade de arriscar.

E quando o problema parece insolúvel, quando o desafio

é muito duro, dizer: vamos lá.

Soluções de energia para um mundo real.

Jornal da ABI. n.º 336, dez. 2008 (adaptado).

O texto publicitário apresenta a oposição entre

“impossível”, “impraticável”, “não” e “sim”, “sim”, “sim”.

Essa oposição, usada como um recurso argumentativo,

tem a função de

(A) minimizar a importância da invenção do avião por

Santos Dumont.

(B) mencionar os feitos de grandes empreendedores da

história do Brasil.

(C) ressaltar a importância do pessimismo para

promover transformações.

(D) associar os empreendimentos da empresa petrolífera

a feitos históricos.

(E) ironizar os empreendimentos rodoviários de

Visconde de Mauá no Brasil.

10. (ENEM-MEC)

Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e

sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si,

malcriados, instantes cada vez mais completos. A

cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava

estouros. O calor era forte no apartamento que estavam

aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas

que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse

podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte.

Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha

na mão, não outras, mas essas apenas.

LISPECTOR, C. Laços de família.

Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no

fragmento apresentado. Observando aspectos da

organização, estruturação e funcionalidade dos

elementos que articulam o texto, o conectivo mas

(A) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em

que aparece no texto.

(B) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão,

se usado no início da frase.

(C) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na

abertura da frase.

(D) contém uma ideia de sequência temporal que

direciona a conclusão do leitor.

(E) assume funções discursivas distintas nos dois

contextos de uso.

________________________________________________

*Anotações*

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 160

11. (ENEM-MEC)

O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto

o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio-

-campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado

entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse

de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade

de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio

montado pelo Botafogo na frente da sua área.

No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o

gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga

alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área.

Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do

goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da

defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em

cima da linha: Flamengo 1 a 0.

Disponível em: < http://momentodofutebol.blogspot.com > (adaptado).

O texto, que narra uma parte do jogo final do

Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009,

contém vários conectivos, sendo que

(A) após é conectivo de causa, já que apresenta o

motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de

cabeça.

(B) enquanto tem um significado alternativo, porque

conecta duas opções possíveis para serem aplicadas

no jogo.

(C) no entanto tem significado de tempo, porque ordena

os fatos observados no jogo em ordem cronológica

de ocorrência.

(D) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais

posse de bola”, ter dificuldade não é algo

naturalmente esperado.

(E) por causa de indica consequência, porque as

tentativas de ataque do Flamengo motivaram o

Botafogo a fazer um bloqueio.

12. (ENEM-MEC)

No ano passado, o governo promoveu uma campanha a

fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato,

um jornal publicou a seguinte manchete:

CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE

A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o

entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse

problema poderia ter sido evitado com a seguinte

redação:

(A) Campanha contra o governo do Estado e a violência

entram em nova fase.

(B) A violência do governo do Estado entra em nova fase

de Campanha.

(C) Campanha contra o governo do Estado entra em

nova fase de violência.

(D) A violência da Campanha do governo do Estado

entra em nova fase.

(E) Campanha do governo do Estado contra a violência

entra em nova fase.

13. (ENEM-MEC)

Aumento do efeito estufa ameaça plantas, diz estudo

3

6

9

O aumento de dióxido de carbono na atmosfera,

resultante do uso de combustíveis fósseis e das

queimadas, pode ter consequências calamitosas

para o clima mundial, mas também pode afetar

diretamente o crescimento das plantas. Cientistas

da Universidade de Basel, na Suíça, mostraram

que, embora o dióxido de carbono seja essencial

para o crescimento dos vegetais, quantidades

excessivas desse gás prejudicam a saúde das

plantas e têm efeitos incalculáveis na agricultura de

vários países.

O Estado de S. Paulo, 20 set. 1992, p.32.

O texto acima possui elementos coesivos que promovem

sua manutenção temática. A partir dessa perspectiva,

conclui-se que

(A) a palavra “mas”, na linha 4, contradiz a afirmação

inicial do texto: linhas de 1 a 4.

(B) a palavra “embora”, na linha 7, introduz uma

explicação que não encontra complemento no

restante do texto.

(C) as expressões “consequências calamitosas”, na linha

3, e “efeitos incalculáveis”, na linha 10, reforçam a

ideia que perpassa o texto sobre o perigo do efeito

estufa.

(D) o uso da palavra “cientistas”, na linha 5, é

desnecessário para dar credibilidade ao texto, uma

vez que se fala em “estudo” no título do texto.

(E) a palavra “gás”, na linha 9, refere-se a “combustíveis

fósseis” e “queimadas”, nas linhas 2 e 3, reforçando

a ideia de catástrofe.

14. (ENEM-MEC)

O mundo é grande

O mundo é grande e cabe

Nesta janela sobre o mar.

O mar é grande e cabe

Na cama e no colchão de amar.

O amor é grande e cabe

No breve espaço de beijar.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.

Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a

reiteração de determinadas construções e expressões

linguísticas, como o uso da mesma conjunção para

estabelecer a relação entre as frases. Essa conjunção

estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de

(A) oposição.

(B) comparação.

(C) conclusão.

(D) alternância.

(E) finalidade.

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15. (FUVEST-SP)

Belo Horizonte, 28 de julho de 1942.

Meu caro Mário,

Estou te escrevendo rapidamente, se bem que haja

muitíssima coisa que eu quero te falar (a respeito da

Conferência, que acabei de ler agora). Vem-me uma

vontade imensa de desabafar com você tudo o que ela

me fez sentir. Mas é longo, não tenho o direito de tomar

seu tempo e te chatear.

Fernando Sabino.

No texto, o conectivo “se bem que” estabelece relação

de:

(A) conformidade.

(B) condição.

(C) concessão.

(D) alternância.

(E) consequência.

16. (ENEM-MEC)

Texto I

Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado; é

muito mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e

rir interminavelmente das mulheres, rir como se o

ridículo, visível ou invisível, provocasse uma tosse de riso

irresistível.

CAMPOS, Paulo Mendes. Ser brotinho. In: SANTOS, Joaquim

Ferreira dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras.

Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 91.

Texto II

Ser gagá não é viver apenas nos idos do passado: é

muito mais! É saber que todos os amigos já morreram e

os que teimam em viver são entrevados. É sorrir,

interminavelmente, não por necessidade interior, mas

porque a boca não fecha ou a dentadura é maior que a

arcada.

FERNANDES, Millôr. Ser gagá. In: SANTOS, Joaquim Ferreira

dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras.

Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 225.

Os textos utilizam os mesmos recursos expressivos para

definir as fases da vida, entre eles,

(A) expressões coloquiais com significados semelhantes.

(B) ênfase no aspecto contraditório da vida dos seres

humanos.

(C) recursos específicos de textos escritos em linguagem

formal.

(D) termos denotativos que se realizam com sentido

objetivo.

(E) metalinguagem que explica com humor o sentido de

palavras.

Texto para as questões 17 e 18.

Cidade grande

Que beleza, Montes Claros.

Como cresceu Montes Claros.

Quanta indústria em Montes Claros.

Montes Claros cresceu tanto,

ficou urbe tão notória,

prima-rica do Rio de Janeiro,

que já tem cinco favelas

por enquanto, e mais promete.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.

17. (ENEM-MEC)

Entre os recursos expressivos empregados no texto,

destaca-se a

(A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem

referir-se à própria linguagem.

(B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora

outros textos.

(C) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se

pensa, com intenção crítica.

(D) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em

seu sentido próprio e objetivo.

(E) prosopopeia, que consiste em personificar coisas

inanimadas, atribuindo-lhes vida.

18. (ENEM-MEC)

No trecho “Montes Claros cresceu tanto,/ (...),/ que já tem

cinco favelas”, a palavra que contribui para estabelecer

uma relação de consequência. Dos seguintes versos,

todos de Carlos Drummond de Andrade, apresentam

esse mesmo tipo de relação:

(A) “Meu Deus, por que me abandonaste / se sabias que

eu não era Deus / se sabias que eu era fraco.”

(B) “No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu /

a ninar nos longes da senzala – e nunca se

esqueceu / chamava para o café.”

(C) “Teus ombros suportam o mundo / e ele não pesa

mais que a mão de uma criança.”

(D) “A ausência é um estar em mim. / E sinto-a, branca,

tão pegada, aconchegada nos meus braços, / que rio

e danço e invento exclamações alegres.”

(E) “Penetra surdamente no reino das palavras. / Lá

estão os poemas que esperam ser escritos.”

________________________________________________ *Anotações*

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19. (ENEM-MEC)

Metáfora

(Gilberto Gil)

Uma lata existe para conter algo,

Mas quando o poeta diz: “Lata”

Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo,

Mas quando o poeta diz: “Meta”

Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso não se meta a exigir do poeta

Que determine o conteúdo em sua lata

Na lata do poeta tudonada cabe,

Pois ao poeta cabe fazer

Com que na lata venha caber

O incabível

Deixe a meta do poeta não discuta,

Deixe a sua meta fora da disputa

Meta dentro e fora, lata absoluta

Deixe-a simplesmente metáfora.

Disponível em: < http://www.letras.terra.com.br >.

A metáfora é a figura de linguagem identificada pela

comparação subjetiva, pela semelhança ou analogia

entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a

linguagem remetendo-nos a essa conhecida figura. O

trecho em que se identifica a metáfora é:

(A) “Uma lata existe para conter algo”.

(B) “Mas quando o poeta diz: ‘Lata’”.

(C) “Uma meta existe para ser um alvo”.

(D) “Por isso não se meta a exigir do poeta”.

(E) “Que determine o conteúdo em sua lata”.

Texto para as questões 20 e 21.

A carreira do crime

Estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo

Cruz sobre adolescentes recrutados pelo tráfico de

drogas nas favelas cariocas expõe as bases sociais

dessas quadrilhas, contribuindo para explicar as

dificuldades que o Estado enfrenta no combate ao crime

organizado.

O tráfico oferece aos jovens de escolaridade precária

(nenhum dos entrevistados havia completado o ensino

fundamental) um plano de carreira bem-estruturado, com

salários que variam de R$ 400,00 a R$ 12.000,00

mensais. Para uma base de comparação, convém notar

que, segundo dados do IBGE de 2001, 59% da

população brasileira com mais de dez anos que declara

ter uma atividade remunerada ganha no máximo o “piso

salarial” oferecido pelo crime. Dos traficantes ouvidos

pela pesquisa, 25% recebiam mais de R$ 2.000,00

mensais; já na população brasileira essa taxa não

ultrapassa 6%.

Tais rendimentos mostram que as políticas sociais

compensatórias, como o Bolsa-Escola (que paga

R$ 15,00 mensais por aluno matriculado), são por si sós

incapazes de impedir que o narcotráfico continue

aliciando crianças provenientes de estratos de baixa

renda: tais políticas aliviam um pouco o orçamento

familiar e incentivam os pais a manterem os filhos

estudando, o que de modo algum impossibilita a opção

pela delinquência. No mesmo sentido, os programas

voltados aos jovens vulneráveis ao crime organizado

(circo-escolas, oficinas de cultura, escolinhas de futebol)

são importantes, mas não resolvem o problema.

A única maneira de reduzir a atração exercida pelo

tráfico é a repressão, que aumenta os riscos para os que

escolhem esse caminho. Os rendimentos pagos aos

adolescentes provam isso: eles são elevados

precisamente porque a possibilidade de ser preso não é

desprezível. É preciso que o Executivo federal e os

estaduais desmontem as organizações paralelas

erguidas pelas quadrilhas, para que a certeza de punição

elimine o fascínio dos salários do crime.

Editorial. Folha de S. Paulo, 15 jan. 2003.

20. (ENEM-MEC)

No Editorial, o autor defende a tese de que “as políticas

sociais que procuram evitar a entrada dos jovens no

tráfico não terão chance de sucesso enquanto a

remuneração oferecida pelos traficantes for tão mais

compensatória que aquela oferecida pelos programas do

governo”. Para comprovar sua tese, o autor apresenta

(A) instituições que divulgam o crescimento de jovens no

crime organizado.

(B) sugestões que ajudam a reduzir a atração exercida

pelo crime organizado.

(C) políticas sociais que impedem o aliciamento de

crianças no crime organizado.

(D) pesquisadores que se preocupam com os jovens

envolvidos no crime organizado.

(E) números que comparam os valores pagos entre os

programas de governo e o crime organizado.

21. (ENEM-MEC)

Com base nos argumentos do autor, o texto aponta para

(A) uma denúncia de quadrilhas que se organizam em

torno do narcotráfico.

(B) a constatação de que o narcotráfico restringe-se aos

centros urbanos.

(C) a informação de que as políticas sociais

compensatórias eliminarão a atividade criminosa a

longo prazo.

(D) o convencimento do leitor de que para haver a

superação do problema do narcotráfico é preciso

aumentar a ação policial.

(E) uma exposição numérica realizada com o fim de

mostrar que o negócio do narcotráfico é vantajoso e

sem riscos.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 163

22. (ENEM-MEC)

Texto I

O professor deve ser um guia seguro, muito senhor de

sua língua; se outra for a orientação, vamos cair na

“língua brasileira”, refúgio nefasto e confissão nojenta de

ignorância do idioma pátrio, recurso vergonhoso de

homens de cultura falsa e de falso patriotismo. Como

havemos de querer que respeitem a nossa nacionalidade

se somos os primeiros a descuidar daquilo que exprime e

representa o idioma pátrio?

ALMEIDA, N. M. Gramática metódica da língua portuguesa.

Prefácio. São Paulo: Saraiva, 1999 (adaptado).

Texto II

Alguns leitores poderão achar que a linguagem desta

Gramática se afasta do padrão estrito usual neste tipo de

livro. Assim, o autor escreve “tenho que reformular”, e

não “tenho de reformular”; “pode-se colocar dois

constituintes”, e não “podem-se colocar dois

constituintes”; e assim por diante. Isso foi feito de caso

pensado, com a preocupação de aproximar a linguagem

da gramática do padrão atual brasileiro presente nos

textos técnicos e jornalísticos de nossa época.

REIS, N. Nota do editor. PERINI, M. A. Gramática descritiva

do português. São Paulo: Ática, 1996.

Confrontando-se as opiniões defendidas nos dois textos,

conclui-se que

(A) ambos os textos tratam da questão do uso da língua

com o objetivo de criticar a linguagem do brasileiro.

(B) os dois textos defendem a ideia de que o estudo da

gramática deve ter o objetivo de ensinar as regras

prescritivas da língua.

(C) a questão do português falado no Brasil é abordada

nos dois textos, que procuram justificar como é

correto e aceitável o uso coloquial do idioma.

(D) o primeiro texto enaltece o padrão estrito da língua,

ao passo que o segundo defende que a linguagem

jornalística deve criar suas próprias regras

gramaticais.

(E) o primeiro texto prega a rigidez gramatical no uso da

língua, enquanto o segundo defende uma

adequação da língua escrita ao padrão atual

brasileiro.

________________________________________________ *Anotações*

23. (ENEM-MEC)

Apesar da ciência, ainda é possível acreditar no sopro divino – o momento em que o Criador deu vida até ao mais insignificante dos microrganismos?

Resposta de Dom Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de

São Paulo, nomeado pelo papa Bento XVI em 2007:

“Claro que sim. Estaremos falando sempre que, em

algum momento, começou a existir algo, para poder

evoluir em seguida. O ato do Criador precede a

possibilidade de evolução: só evolui algo que existe. Do

nada, nada surge e evolui.”

LIMA, Eduardo. Testemunha de Deus. Superinteressante,

São Paulo, n.º 263-A, p. 9, mar. 2009 (com adaptações).

Resposta de Daniel Dennett, filósofo americano ateu e

evolucionista radical, formado em Harvard e Doutor por

Oxford:

“É claro que é possível, assim como se pode acreditar

que um super-homem veio para a Terra há 530 milhões

de anos e ajustou o DNA da fauna cambriana,

provocando a explosão da vida daquele período. Mas

não há razão para crer em fantasias desse tipo.”

LIMA, Eduardo. Advogado do Diabo. Superinteressante,

São Paulo, n.º 263-A, p. 11, mar. 2009 (com adaptações).

Os dois entrevistados responderam a questões idênticas,

e as respostas a uma delas foram reproduzidas aqui.

Tais respostas revelam opiniões opostas: um defende a

existência de Deus e o outro não concorda com isso.

Para defender seu ponto de vista,

(A) o religioso ataca a ciência, desqualificando a Teoria

da Evolução, e o ateu apresenta comprovações

científicas dessa teoria para derrubar a ideia de que

Deus existe.

(B) Scherer impõe sua opinião, pela expressão “claro

que sim”, por se considerar autoridade competente

para definir o assunto, enquanto Dennett expressa

dúvida, com expressões como “é possível”,

assumindo não ter opinião formada.

(C) o arcebispo critica a teoria do Design Inteligente,

pondo em dúvida a existência de Deus, e o ateu

argumenta com base no fato de que algo só pode

evoluir se, antes, existir.

(D) o arcebispo usa uma lacuna da ciência para

defender a existência de Deus, enquanto o filósofo

faz uma ironia, sugerindo que qualquer coisa

inventada poderia preencher essa lacuna.

(E) o filósofo utiliza dados históricos em sua

argumentação, ao afirmar que a crença em Deus é

algo primitivo, criado na época cambriana, enquanto

o religioso baseia sua argumentação no fato de que

algumas coisas podem “surgir do nada”.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 164

24. (ENEM-MEC)

Texto I

O chamado “fumante passivo” é aquele indivíduo que

não fuma, mas acaba respirando a fumaça dos cigarros

fumados ao seu redor. Até hoje, discutem-se muito os

efeitos do fumo passivo, mas uma coisa é certa: quem

não fuma não é obrigado a respirar a fumaça dos outros.

O fumo passivo é um problema de saúde pública em

todos os países do mundo. Na Europa, estima-se que

79% das pessoas estão expostas à fumaça “de segunda

mão”, enquanto, nos Estados Unidos, 88% dos não

fumantes acabam fumando passivamente. A Sociedade

do Câncer da Nova Zelândia informa que o fumo passivo

é a terceira entre as principais causas de morte no país,

depois do fumo ativo e do uso de álcool.

Disponível em: < www.terra.com.br > (fragmento).

Texto II

Disponível em: < www.rickjaimecomics.blogspot.com >.

Ao abordar a questão do tabagismo, os textos I e II

procuram demonstrar que

(A) a quantidade de cigarros consumidos por pessoa,

diariamente, excede o máximo de nicotina

recomendado para os indivíduos, inclusive para os

não fumantes.

(B) para garantir o prazer que o indivíduo tem ao fumar,

será necessário aumentar as estatísticas de fumo

passivo.

(C) a conscientização dos fumantes passivos é uma

maneira de manter a privacidade de cada indivíduo e

garantir a saúde de todos.

(D) os não fumantes precisam ser respeitados e

poupados, pois estes também estão sujeitos às

doenças causadas pelo tabagismo.

(E) o fumante passivo não é obrigado a inalar as

mesmas toxinas que um fumante, portanto depende

dele evitar ou não a contaminação proveniente da

exposição ao fumo.

25. (ENEM-MEC)

MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE COMPUTADOR E GUARDE

ESTA CONDIÇÃO: 12 X SEM JUROS.

Campanha publicitária de loja de eletroeletrônicos. Revista Época, n.º 424, 3/7/2006.

Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como

práticas de linguagem, assumindo configurações

específicas, formais e de conteúdo. Considerando o

contexto em que circula o texto publicitário, seu objetivo

básico é

(A) influenciar o comportamento do leitor, por meio de

apelos que visam à adesão ao consumo.

(B) definir regras de comportamento social pautadas no

combate ao consumismo exagerado.

(C) defender a importância do conhecimento de

informática pela população de baixo poder aquisitivo.

(D) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas

classes sociais economicamente desfavorecidas.

(E) questionar o fato de o homem ser mais inteligente

que a máquina, mesmo a mais moderna.

26. (ENEM-MEC)

Se os tubarões fossem homens

Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais

gentis com os peixes pequenos?

Certamente, se os tubarões fossem homens, fariam

construir resistentes gaiolas no mar para os peixes

pequenos, com todo o tipo de alimento, tanto animal

como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem

sempre água fresca e adotariam todas as providências

sanitárias.

Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas.

Nas aulas, os peixinhos aprenderiam como nadar para a

goela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo, a

usar a geografia para localizar os grandes tubarões

deitados preguiçosamente por aí. A aula principal seria,

naturalmente, a formação moral dos peixinhos. A eles

seria ensinado que o ato mais grandioso e mais sublime

é o sacrifício alegre de um peixinho e que todos deveriam

acreditar nos tubarões, sobretudo quando estes

dissessem que cuidavam de sua felicidade futura. Os

peixinhos saberiam que este futuro só estaria garantido

se aprendessem a obediência.

Cada peixinho que na guerra matasse alguns

peixinhos inimigos seria condecorado com uma pequena

Ordem das Algas e receberia o título de herói.

BRECHT, B. Histórias do Sr. Keuner. São Paulo:

Editora 34, 2006 (adaptado).

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 165

Como produção humana, a literatura veicula valores que

nem sempre estão representados diretamente no texto,

mas são transfigurados pela linguagem literária e podem

até entrar em contradição com as convenções sociais e

revelar o quanto a sociedade perverteu os valores

humanos que ela própria criou. É o que ocorre na

narrativa do dramaturgo alemão Bertolt Brecht mostrada.

Por meio da hipótese apresentada, o autor

(A) demonstra o quanto a literatura pode ser alienadora

ao retratar, de modo positivo, as relações de

opressão existentes na sociedade.

(B) revela a ação predatória do homem no mar,

questionando a utilização dos recursos naturais pelo

homem ocidental.

(C) defende que a força colonizadora e civilizatória do

homem ocidental valorizou a organização das

sociedades africanas e asiáticas, elevando-as ao

modo de organização cultural e social da sociedade

moderna.

(D) questiona o modo de organização das sociedades

ocidentais capitalistas, que se desenvolveram

fundamentadas nas relações de opressão em que os

mais fortes exploram os mais fracos.

(E) evidencia a dinâmica social do trabalho coletivo em

que os mais fortes colaboram com os mais fracos, de

modo a guiá-los na realização de tarefas.

Texto para as questões 27 e 28.

Negrinha

Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta?

Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos

assustados.

Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus

primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da

cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre

escondida, que a patroa não gostava de crianças.

Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do

mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e

camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas

no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali

bordava, recebia as amigas e o vigário, dando

audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora

em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio

da religião e da moral”, dizia o reverendo.

Ótima, a dona Inácia.

Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os

nervos em carne viva.

[...]

A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar

de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de

escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o

bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime

novo – essa indecência de negro igual.

LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos

brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento).

27. (ENEM-MEC)

A narrativa focaliza um momento histórico-social de

valores contraditórios. Essa contradição infere-se, no

contexto, pela

(A) falta de aproximação entre a menina e a senhora,

preocupada com as amigas.

(B) receptividade da senhora para com os padres, mas

deselegante para com as beatas.

(C) ironia do padre a respeito da senhora, que era

perversa com as crianças.

(D) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos

negros, evidenciada no final do texto.

(E) rejeição aos criados por parte da senhora, que

preferia tratá-los com castigos.

28. (AED-SP)

O fragmento apresenta característica marcante do

gênero narrativo conto ao:

(A) relatar um enredo imaginário, mas de caráter

verossímil, e apresentar personagens vivendo uma

sequência de conflitos, em vários capítulos.

(B) estruturar-se em uma narrativa curta, que gira em

torno de um só conflito, com poucos personagens.

(C) inspirar-se em temas do cotidiano, constituindo um

relato pessoal do autor sobre determinado fato do dia

a dia.

(D) estruturar-se exclusivamente em 1.ª pessoa: o

narrador, autor da história, relata os fatos.

(E) desenvolver uma narrativa eminentemente factual

sobre a realidade, sobrepondo o conteúdo real ao

imaginário.

29. (ENEM-MEC)

Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca,

orelha de porco e couve com angu, arroz-mole

engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo

enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e

um prato de caldo de couve, jantar encerrado por um

prato fundo de canjica com torrões de açúcar, Nhô Tomé

saboreou o café forte e se estendeu na rede. A mão

direita sob a cabeça, à guisa de travesseiro, o

indefectível cigarro de palha entre as pontas do indicador

e do polegar, envernizados pela fumaça, de unhas

encanoadas e longas, ficou-se de pança para o ar,

modorrento, a olhar para as ripas do telhado.

Quem come e não deita, a comida não aproveita,

pensava Nhô Tomé... E pôs-se a cochilar. A sua modorra

durou pouco; Tia Policena, ao passar pela sala, bradou

assombrada:

— Êêh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta...

Dá pisadêra e póde morrê de ataque de cabeça! Despois

do armoço num far-má... mais despois da janta?!

Cornélio Pires. Conversas ao pé do fogo. São Paulo:

Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 166

Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente

em 1921, o narrador

(A) apresenta, sem explicitar juízos de valor, costumes

da época, descrevendo os pratos servidos no jantar

e a atitude de Nhô Tomé e de Tia Policena.

(B) desvaloriza a norma culta da língua porque incorpora

à narrativa usos próprios da linguagem regional das

personagens.

(C) condena os hábitos descritos, dando voz a Tia

Policena, que tenta impedir Nhô Tomé de deitar-se

após as refeições.

(D) utiliza a diversidade sociocultural e linguística para

demonstrar seu desrespeito às populações das

zonas rurais do início do século XX.

(E) manifesta preconceito em relação a Tia Policena ao

transcrever a fala dela com os erros próprios da

região.

Texto para as questões 30 e 31.

Amor é fogo que arde sem se ver;

é ferida que dói e não se sente;

é um contentamento descontente;

é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem-querer;

é solitário andar por entre a gente;

é nunca contentar-se de contente;

é cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence, o vencedor;

é ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor

nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor?

(Luís de Camões)

30. (ENEM-MEC)

O poema tem como característica a figura de linguagem

denominada antítese, relação de oposição de palavras

ou ideias. Assinale a opção em que essa oposição se faz

claramente presente.

(A) “Amor é fogo que arde sem se ver”.

(B) “é um contentamento descontente”.

(C) “é servir a quem vence, o vencedor”.

(D) “Mas como causar pode seu favor”.

(E) “se tão contrário a si é o mesmo Amor?”.

31. (ENEM-MEC)

O poema pode ser considerado como um texto

(A) argumentativo.

(B) narrativo.

(C) épico.

(D) de propaganda.

(E) teatral.

32. (ENEM-MEC)

Miguilim

De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois.

Um senhor de fora, o claro de roupa. Miguilim saudou,

pedindo a bênção. O homem trouxe o cavalo cá bem

junto. Ele era de óculos, corado, alto, com um chapéu

diferente, mesmo.

— Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome?

— Miguilim. Eu sou irmão do Dito.

— E o seu irmão Dito é o dono daqui?

— Não, meu senhor. O Ditinho está em glória.

O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era

zelado, manteúdo, formoso como nenhum outro. Redizia:

— Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda...

Mas que é que há, Miguilim?

Miguilim queria ver se o homem estava mesmo

sorrindo para ele, por isso é que o encarava.

— Por que você aperta os olhos assim? Você não é

limpo de vista? Vamos até lá. Quem é que está em tua

casa?

— É Mãe, e os meninos...

Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos. O

senhor alto e claro se apeou. O outro, que vinha com ele,

era um camarada.

O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do

Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo: — Miguilim,

espia daí: quantos dedos da minha mão você está

enxergando? E agora?

João Guimarães Rosa. Manuelzão e Miguilim.

9.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

Essa história, com narrador-observador em terceira

pessoa, apresenta os acontecimentos da perspectiva de

Miguilim. O fato de o ponto de vista do narrador ter

Miguilim como referência, inclusive espacial, fica

explicitado em

(A) “O homem trouxe o cavalo cá bem junto.”

(B) “Ele era de óculos, corado, alto (...)”

(C) “O homem esbarrava o avanço do cavalo, (...)”

(D) “Miguilim queria ver se o homem estava mesmo

sorrindo para ele, (...)”

(E) “Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos.”

________________________________________________ *Anotações*

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 167

33. (ENEM-MEC)

Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da

atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua

relação com as pequenas e grandes cidades.

Bicho urbano

Se disser que prefiro morar em Pirapemas

ou em outra qualquer pequena cidade do país

estou mentindo

ainda que lá se possa de manhã

lavar o rosto no orvalho

e o pão preserve aquele branco

sabor de alvorada.

.....................................................................

A natureza me assusta.

Com seus matos sombrios suas águas

suas aves que são como aparições

me assusta quase tanto quanto

esse abismo

de gases e de estrelas

aberto sob minha cabeça.

Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro:

José Olympio Editora, 1991.

Embora não opte por viver numa pequena cidade, o

poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das

pequenas comunidades. Para expressar a relação do

homem com alguns desses elementos, ele recorre à

sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam

impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em

que se observa esse recurso.

(A) “e o pão preserve aquele branco / sabor de

alvorada.”

(B) “ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no

orvalho”

(C) “A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios

suas águas”

(D) “suas aves que são como aparições / me assusta

quase tanto quanto”

(E) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de

gases e de estrelas”

________________________________________________ *Anotações*

34. (ENEM-MEC)

O açúcar

O branco açúcar que adoçará meu café

nesta manhã de Ipanema

não foi produzido por mim

nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro

e afável ao paladar

como beijo de moça, água

na pele, flor

que se dissolve na boca. Mas este açúcar

não foi feito por mim.

Este açúcar veio

da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,

[ dono da mercearia.

Este açúcar veio

de uma usina de açúcar em Pernambuco

ou no Estado do Rio

e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana

e veio dos canaviais extensos

que não nascem por acaso

no regaço do vale.

(...)

Em usinas escuras,

homens de vida amarga

e dura

produziram este açúcar

branco e puro

com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.

A antítese que configura uma imagem da divisão social

do trabalho na sociedade brasileira é expressa

poeticamente na oposição entre a doçura do branco

açúcar e

(A) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o

açúcar.

(B) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se

dissolve na boca.

(C) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco,

onde se produz o açúcar.

(D) a beleza dos extensos canaviais que nascem no

regaço do vale.

(E) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas

escuras.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 168

35. (ENEM-MEC)

O jivaro

Um Sr. Matter, que fez uma viagem de exploração à

América do Sul, conta a um jornal sua conversa com um

índio jivaro, desses que sabem reduzir a cabeça de um

morto até ela ficar bem pequenina. Queria assistir a uma

dessas operações, e o índio lhe disse que exatamente

ele tinha contas a acertar com um inimigo.

O Sr. Matter:

— Não, não! Um homem, não. Faça isso com a

cabeça de um macaco.

E o índio:

— Por que um macaco? Ele não me fez nenhum mal!

(Rubem Braga)

O assunto de uma crônica pode ser uma experiência

pessoal do cronista, uma informação obtida por ele ou

um caso imaginário. O modo de apresentar o assunto

também varia: pode ser uma descrição objetiva, uma

exposição argumentativa ou uma narrativa sugestiva.

Quanto à finalidade pretendida, pode-se promover uma

reflexão, definir um sentimento ou tão somente provocar

o riso.

Na crônica “O jivaro”, escrita a partir da reportagem de

um jornal, Rubem Braga se vale dos seguintes

elementos:

ASSUNTO MODO DE

APRESENTAR

FINALIDADE

(A) caso

imaginário

descrição

objetiva

provocar

o riso

(B) informação

colhida

narrativa

sugestiva

promover

reflexão

(C) informação

colhida

descrição

objetiva

definir um

sentimento

(D) experiência

pessoal

narrativa

sugestiva

provocar

o riso

(E) experiência

pessoal

exposição

argumentativa

promover

reflexão

________________________________________________ *Anotações*

********** ATIVIDADES 2 **********

C1 Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.

H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.

36. (ENEM-MEC)

Observe a imagem:

< http://www.sunhill-phuket.com >.

O logotipo acima é da rede hoteleira Sun Hill, na

Tailândia. Ele trabalha formas que sugerem elementos

da paisagem ____________. Os traços dessas formas e

os das letras são ____________, evocando a imagem

do(a) ____________.

Qual a alternativa que completa as lacunas?

(A) campestre, arredondados, lua.

(B) marítima, irregulares, mar.

(C) campestre, irregulares, vegetação.

(D) marítima, arredondados, sol.

(E) urbana, irregulares, vegetação.

H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.

37. (ENEM-MEC)

José Dias precisa sair de sua casa e chegar até o

trabalho, conforme mostra o Quadro 1. Ele vai de ônibus

e pega três linhas: 1) de sua casa até o terminal de

integração entre a zona norte e a zona central; 2) deste

terminal até outro entre as zonas central e sul; 3) deste

último terminal até onde trabalha. Sabe-se que há uma

correspondência numérica, nominal e cromática das

linhas que José toma, conforme o Quadro 2.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 169

José Dias deverá, então, tomar a seguinte sequência de

linhas de ônibus, para ir de casa ao trabalho:

(A) L. 102 – Circular zona central – L. Vermelha.

(B) L. Azul – L. 101 – Circular zona norte.

(C) Circular zona norte – L. Vermelha – L. 100.

(D) L. 100 – Circular zona central – L. Azul.

(E) L. Amarela – L. 102 – Circular zona sul.

H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.

38. (ENEM-MEC)

Para verificarmos essa ideia de linguagem como forma

de representação da realidade, vamos ler os dois trechos

seguintes. Neles, dois jornais diferentes apresentam um

mesmo assunto: a presença de comerciais inseridos em

programas de televisão (o chamado merchandising), de

forma mais ou menos implícita.

Texto A – JORNAL A

MERCHANDISING

Quanto mais discreto melhor

Impulsionado pelos reality shows e novelas, o comercial

subliminar ganha novo fôlego e se adapta ao

temperamento de apresentadores e roteiristas.

O Estado de S. Paulo, São Paulo, 7 jul. 2002.

Caderno Telejornal, p. 4.

Texto B – JORNAL B

Quanto vale o show?

A publicidade invadiu programas e novelas, para alegria

das emissoras e apreensão dos que acham que a prática

extrapolou.

Folha de S. Paulo, São Paulo, 7 jul. 2002. Caderno

TVFolha, p. 6-7. Fornecido pela Agência Folha.

Tendo em vista que as duas reportagens tratam de um

mesmo assunto e foram publicadas na mesma data,

pode-se afirmar que:

(A) apenas o texto A levanta os aspectos negativos do

merchandising, a partir da opinião de roteiristas e

apresentadores.

(B) os dois textos transmitem diferentes visões sobre o

assunto: em A foram levantados os aspectos

positivos (marcados pelos termos “melhor”, “ganha” e

“se adapta”); em B, os negativos (marcados pelos

termos “invadiu”, “apreensão” e “extrapolou”).

(C) apenas o texto B levanta os aspectos positivos do

merchandising, a partir da opinião de jornalistas.

(D) os dois textos transmitem a mesma visão sobre o

assunto: em ambos, verifica-se 20% de aumento no

merchandising em programas de TV.

(E) os dois textos usam a mesma estratégia para noticiar

o merchandising e ambas as notícias são favoráveis

a ela.

H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.

39. (ENEM-MEC)

Em alguns supermercados, é comum observar que

produtos como arroz, feijão, leite, carnes etc. ficam nos

últimos corredores. Na entrada e nas laterais, ficam

bolachas, biscoitos, produtos de beleza, artigos

importados, bebidas etc. Essa maneira de organizar o

espaço faz parte de uma estratégia comercial que tem

por finalidade

(A) atrair o consumidor para os gêneros de primeira

necessidade.

(B) estimular o consumo de produtos que não são de

primeira necessidade.

(C) organizar melhor o espaço para que o consumidor se

sinta satisfeito.

(D) facilitar as compras do consumidor.

(E) levar o consumidor a comprar mais arroz, feijão e

leite.

40. (ENEM-MEC)

Comunicação contra o preconceito

Imagine assistir, na TV, a uma história infantil em que

o príncipe se apaixona por uma dama do “Palácio dos

Macacos”. Ela é representada por uma atriz branca com

o rosto inteiramente pintado de preto.

Ao ser beijada pelo príncipe, selando a união sob as

benções do rei, ela se transforma: some a tinta preta e

ela agora é uma princesa toda branca.

O estarrecedor preconceito manifesto na história não

foi veiculado em programa humorístico (o que não o

tornaria menos condenável), nem em uma produção

estrangeira pobre e inconsequente, nem em produção

independente brasileira. Foi levado ao ar na maior rede

de televisão da América Latina, umas das maiores do

mundo, em um dos programas infantis de maior

audiência do Brasil.

LORENZO, Aldé. Opinião. Jornal Educação Pública, 19/11/2003.

Os termos de concessão de emissoras no Brasil preveem

compromissos com a educação, a informação e o

entretenimento. A leitura do texto anterior permite afirmar

que a emissora

(A) educou para a igualdade entre as etnias.

(B) informou sobre a cultura afro-brasileira.

(C) incorreu em manifestação de preconceito.

(D) esclareceu sobre a diversidade étnica.

(E) contou uma história isenta de preconceito.

________________________________________________ *Anotações*

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 170

*MÓDULO 2*

Gêneros digitais – Comunicação e tecnologia

A internet reúne duas características importantes:

interatividade e massividade. Nesse meio de

comunicação, diferentemente da televisão, do rádio

ou dos jornais, todos podem ser, ao mesmo tempo,

emissores e receptores da mensagem. Conectados

com o mundo por meio dos nossos computadores e

celulares, vivenciamos um processo que o sociólogo

canadense Marshall McLuhan havia previsto e

chamado de “aldeia global”.

As Novas Tecnologias de Informação e

Comunicação (NTICs), que incluem equipamentos

como câmeras de vídeo em microcomputadores

(webcam), celulares, TV por assinatura e internet,

estão entre as principais ferramentas de troca de

informação. Pouco a pouco, elas fazem parte do

cotidiano de um número cada vez maior de pessoas

e afirmam-se como instrumentos indispensáveis às

comunicações pessoais, de trabalho e de lazer.

Exclusão digital: grande parte da população

brasileira e mundial ainda não tem acesso às NTICs,

permanecendo à margem do processo de

informatização da sociedade. Esse fenômeno é

chamado de exclusão digital – um descompasso

entre o ritmo de desenvolvimento tecnológico e a

distribuição de seus benefícios entre todos os

setores da sociedade.

Hipertexto é todo texto que possibilita uma leitura

não linear e uma maior interatividade e atuação

explorativa do leitor. O hipertexto permite que o leitor

desvie o fluxo da leitura para assuntos relacionados,

aprofundando sua compreensão do texto inicial. Não

raro, porém, o leitor opta por outros caminhos na

leitura e não retorna ao texto inicial.

Expressões corporais – Identidade e integração

A dança pode ser definida como uma sequência de

movimentos com o próprio corpo que segue uma

coreografia ou é realizada de forma livre, em

harmonia com um ritmo ou mesmo sem música. No

decorrer dos séculos, a dança firmou-se como uma

das três principais artes cênicas, ao lado da música e

do teatro – elementos que muitas vezes andam

juntos.

Folclore é o conjunto das tradições, lendas ou

crenças populares de um país. O folclore brasileiro é

rico em danças que representam as tradições e as

culturas regionais. Em geral, elas estão ligadas à

religiosidade, às festas, às lendas, aos

acontecimentos históricos e às brincadeiras.

As principais danças folclóricas brasileiras são:

samba, samba de roda, maracatu, frevo, forró, baião,

cateretê (catira), quadrilha, congo, tambor de crioula,

bumba meu boi, bugio e fandango.

WIKIMEDIA COMMONS

O frevo, típico de Pernambuco, caracteriza-se pelos movimentos rápidos

Brincadeiras e jogos são instrumentos de interação

social, pois desenvolvem tanto habilidades

perceptivo-motoras quanto habilidades sociais. A

criança, por exemplo, vivencia, na brincadeira,

situações de competição e de exclusão, preparando-

-se de forma saudável para vivências futuras.

Exemplos de brincadeiras tradicionais: jogar peteca,

pular amarelinha, empinar pipa e dançar ciranda

acompanhada de cantigas de roda,

Grande parte da população economicamente ativa

trabalha por um longo período de tempo em frente

aos computadores (muitas vezes, sem postura nem

iluminação adequadas) ou passa longos períodos

sentada ou em pé. Alguns problemas comuns

decorrentes do estilo de vida moderno:

sedentarismo, doenças decorrentes do esforço

repetitivo, alimentação desbalanceada e estresse.

Corpolatria é o culto exagerado do corpo, no sentido

do aperfeiçoamento estético, e não da preservação

da saúde. A mídia e a sociedade tendem a valorizar

determinados padrões de beleza, que excluem

grande parte da população.

Artes – Recursos expressivos

As manifestações artísticas são documentos

importantes para conhecer as grandes civilizações

do passado. As pirâmides do Egito, por exemplo,

foram construídas para servir de túmulo aos faraós.

Já a arte da Antiguidade Clássica (séculos VIII a.C. a

V a.C.) se refere às civilizações grega e romana.

O Renascimento (século XIII ao XVII) retomou

princípios da Antiguidade Clássica. Já o Barroco

(século XVII ao XVIII) foi marcado pela maior

dramaticidade em relação ao Renascimento e pela

demanda do espiritual, com grandes expressões na

arquitetura.

Arte Moderna é a denominação genérica que

recebem os movimentos artísticos que se

desenvolveram do fim do século XIX e no decorrer

do XX. Essa denominação abarca:

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Impressionismo: a pintura visa a captar as mudanças

da natureza. Representado por Claude Monet e

Auguste Renoir.

Fauvismo: simplificação das formas, cores brutais e

pinceladas violentas, como se vê na obra de Paul

Gauguin.

Cubismo: geometrização das formas e a sensação

de uma pintura escultórica, caso de Pablo Picasso.

Expressionismo: com suas cores violentas e a sua

temática de solidão e de miséria, reflete a amargura

que invadia os círculos artísticos e intelectuais. Entre

seus nomes está o norueguês Edvard Munch.

Surrealismo: representado pelo pintor espanhol

Salvador Dalí, enfatiza a importância do papel do

inconsciente na atividade criativa.

Dadaísmo: baseado no nonsense e no absurdo,

como forma de contradizer a cultura estabelecida.

Arte cinética: explora efeitos visuais por meio de

movimentos físicos ou ilusão de ótica.

Pop Art: consiste no uso de ícones da cultura de

massa como tema. Seu maior expoente foi Andy

Warhol.

A Semana de Arte Moderna de 1922 propunha uma

arte brasileira independente, livre das amarras e dos

complexos de inferioridade que a vinculavam aos

padrões estrangeiros. Entre seus organizadores

estavam os escritores Mário e Oswald de Andrade e

a pintora Anita Malfatti.

Culturas brasileiras – Diversidade

Os movimentos culturais são diferentes dos gêneros

musicais porque abrangem outras propostas, de

ideologia e de comportamento. Entre os principais

movimentos culturais da história recente do Brasil

estão a Bossa Nova e o Tropicalismo.

Entre os mais conhecidos gêneros musicais

praticados no Brasil estão choro (ou chorinho),

baião, marchinha, samba, rock, jazz, rap e MPB – a

sigla para Música Popular Brasileira abrange grande

diversidade de estilos musicais, derivados de várias

matrizes.

Heranças culturais: nossa cultura possui tradições

herdadas dos portugueses, africanos, indígenas e

imigrantes do período de guerras na Europa. Por

isso, é mais adequado falar em “culturas brasileiras”,

no plural.

Textos codificados – Sistemas simbólicos

Signos visuais são meios de comunicação visual,

que se subdividem em três categorias, de acordo

com a relação com o objeto representado:

Ícones: representam um modelo imitativo de um

objeto, de uma forma, de um espaço ou de uma

situação. Exemplos: ícones de programas na tela do

computador, fotografias, mapas, objetos de arte.

Indícios: têm origem em formas ou situações naturais

ou casuais. Exemplo: marcas dos pneus de um carro

indicam uma freada brusca.

Símbolos: representam o objeto de maneira

totalmente livre. Sua compreensão exige certo

conhecimento de mundo. Exemplo: suástica,

bandeira.

Os sistemas simbólicos surgiram diante da demanda

de situações específicas de interlocução. Alguns

sistemas universalmente usados são: a linguagem

de sinais ou libras, o braile, a sinalização por

bandeiras e as partituras.

********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para a questão 1.

A rede mudou a amizade?

Graças às redes sociais, nunca foi tão fácil conhecer gente nova; algo que está transformando a própria definição de amizade

Qual é a primeira coisa que você faz quando entra na

internet? Checa seu e-mail, dá uma olhadinha no Twitter,

confere as atualizações dos seus contatos no Orkut ou

no Facebook? Há diversos estudos comprovando que

interagir com outras pessoas, principalmente com

amigos, é o que mais fazemos na internet. Só o

Facebook já tem mais de 500 milhões de usuários, que

juntos passam 700 bilhões de minutos por mês

conectados ao site – que chegou a superar o Google em

número de acessos diários. A internet é a ferramenta

mais poderosa já inventada no que diz respeito à

amizade. E está transformando nossas relações: tornou

muito mais fácil manter contato com os amigos e

conhecer gente nova. Mas será que as amizades on-line

não fazem com que as pessoas acabem se isolando e

tenham menos amigos off-line, “de verdade”? Essa tese,

geralmente citada nos debates sobre o assunto, foi

criada em 1995 pelo sociólogo norte-americano Robert

Putnam. E provavelmente está errada. Uma pesquisa

feita pela Universidade de Toronto constatou que a

internet faz você ter mais amigos – dentro e fora da rede.

Durante a década passada, período de surgimento e

ascensão dos sites de rede social, o número médio de

amizades das pessoas cresceu. E os chamados heavy

users, que passam mais tempo na internet, foram os que

ganharam mais amigos no mundo real – 38% mais. Já

quem não usava a internet ampliou suas amizades em

apenas 4,6%.

Então, as pessoas começam a se adicionar no

Facebook e no final todo mundo vira amigo? Não é bem

assim. A internet raramente cria amizades do zero – na

maior parte dos casos, ela funciona como

potencializadora de relações que já haviam se insinuado

na vida real. Um estudo feito pela Universidade de

Michigan constatou que o segundo maior uso do

Facebook, depois de interagir com amigos, é olhar os

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 172

perfis de pessoas que acabamos de conhecer. Se você

gostar do perfil, adiciona aquela pessoa, e está formado

um vínculo. As redes sociais têm o poder de transformar

os chamados elos latentes (pessoas que frequentam o

mesmo ambiente social que você, mas não são suas

amigas) em elos fracos – uma forma superficial de

amizade. Pois é. Por mais que existam exceções a

qualquer regra, todos os estudos apontam que amizades

geradas com a ajuda da internet são mais fracas, sim, do

que aquelas que nascem e crescem fora dela.

Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito

geralmente são parecidos com você: pertencem ao

mesmo mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos

fracos não. Eles transitam por grupos diferentes do seu,

e por isso podem lhe apresentar coisas e pessoas novas

e ampliar seus horizontes – gerando uma renovação de

ideias que faz bem a todos os relacionamentos, inclusive

às amizades antigas.

Os sites sociais como Orkut e Facebook tornam mais

fácil fazer, manter e gerenciar amigos. Mas também

influem no desenvolvimento das relações – pois as

possibilidades de interagir com outras pessoas são

limitadas pelas ferramentas que os sites oferecem. “Você

entra nas redes sociais e faz o que elas querem que você

faça: escrever uma mensagem, mandar um link, cutucar”,

diz o físico e especialista em redes Augusto de Franco,

que já escreveu mais de 20 livros sobre o tema. O

problema, por assim dizer, é que a maioria das redes na

internet é simétrica: se você quiser ter acesso às

informações de uma pessoa ou mesmo falar

reservadamente com ela, é obrigado a pedir a amizade

dela, que tem de aceitar. Como é meio grosseiro dizer

“não” a alguém que você conhece, mesmo que só de

vista, todo mundo acabava adicionando todo mundo. E

isso vai levando à banalização do conceito de amizade.

“As pessoas a quem você está conectado não são

necessariamente suas amigas de verdade”, diz o

sociólogo Nicholas Christakis, da Universidade Harvard.

Superinteressante, São Paulo, fev. 2011.

1. (AED-SP)

De acordo com o texto, a afirmação de que “a internet

aumenta o número de amizades” é válida? Explique.

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2. (ENEM-MEC)

Cada vez mais, as pessoas trabalham e administram

serviços de suas casas, como mostra a pesquisa

realizada em 1993 pela Fundação Europeia para a

Melhoria da Qualidade de Vida e Ambiente de Trabalho.

Por conseguinte, a “centralidade da casa” é uma

tendência importante da nova sociedade. Porém, não

significa o fim da cidade, pois locais de trabalho, escolas,

complexos médicos, postos de atendimento ao

consumidor, áreas recreativas, ruas comerciais, shopping

centers, estádios de esportes e parques ainda existem e

continuarão existindo. E as pessoas deslocar-se-ão entre

todos esses lugares com mobilidade crescente,

exatamente devido à flexibilidade recém-conquistada

pelos sistemas de trabalho e integração social em redes:

como o tempo fica mais flexível, os lugares tornam-se

mais singulares à medida que as pessoas circulam entre

elas em um padrão cada vez mais móvel.

CASTELLS, M. A Sociedade em Rede.

V. 1. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

As tecnologias de informação e comunicação têm a

capacidade de modificar, inclusive, a forma de as

pessoas trabalharem. De acordo com o proposto pelo

autor,

(A) a “centralidade da casa” tende a concentrar as

pessoas em suas casas e, consequentemente,

reduzir a circulação das pessoas nas áreas comuns

da cidade, como ruas comerciais e shopping centers.

(B) as pessoas irão se deslocar por diversos lugares,

com mobilidade crescente, propiciada pela

flexibilidade recém-conquistada pelos sistemas de

trabalho e pela integração social em redes.

(C) cada vez mais as pessoas trabalham e administram

serviços de suas casas, tendência que deve diminuir

com o passar dos anos.

(D) o deslocamento das pessoas entre diversos lugares

é um dos fatores causadores do estresse nos

grandes centros urbanos.

(E) o fim da cidade será uma das consequências

inevitáveis da mobilidade crescente.

3. (ENEM-MEC)

O “Portal Domínio Público”, lançado em novembro de

2004, propõe o compartilhamento de conhecimentos de

forma equânime e gratuita, colocando à disposição de

todos os usuários da internet, uma biblioteca virtual que

deverá constituir referência para professores, alunos,

pesquisadores e para a população em geral.

Esse portal constitui um ambiente virtual que permite

a coleta, a integração, a preservação e o

compartilhamento de conhecimentos, sendo seu principal

objetivo o de promover o amplo acesso às obras

literárias, artísticas e científicas (na forma de textos,

sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou que

tenham a sua divulgação devidamente autorizada.

BRASIL. Ministério da Educação. Disponível em:

< http://www.dominiopublico.gov.br > (adaptado).

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Considerando a função social das informações geradas

nos sistemas de comunicação e informação, o ambiente

virtual descrito no texto exemplifica

(A) a dependência das escolas públicas quanto ao uso

de sistemas de informação.

(B) a ampliação do grau de interação entre as pessoas,

a partir de tecnologia convencional.

(C) a democratização da informação, por meio da

disponibilização de conteúdo cultural e científico à

sociedade.

(D) a comercialização do acesso a diversas produções

culturais nacionais e estrangeiras via tecnologia da

informação e da comunicação.

(E) a produção de repertório cultural direcionado a

acadêmicos e educadores.

4. (ENEM-MEC)

É muito raro que um novo modo de comunicação ou

de expressão suplante completamente os anteriores.

Fala-se menos desde que a escrita foi inventada? Claro

que não. Contudo, a função da palavra viva mudou, uma

parte de suas missões nas culturas puramente orais

tendo sido preenchida pela escrita: transmissão dos

conhecimentos e das narrativas, estabelecimento de

contratos, realização dos principais atos rituais ou sociais

etc. Novos estilos de conhecimento (o conhecimento

“teórico”, por exemplo) e novos gêneros (o código de leis,

o romance etc.) surgiram. A escrita não fez com que a

palavra desaparecesse, ela complexificou e reorganizou

o sistema da comunicação e da memória social.

A fotografia substituiu a pintura? Não, ainda há

pintores ativos. As pessoas continuam, mais do que

nunca, a visitar museus, exposições e galerias, compram

as obras dos artistas para pendurá-las em casa. Em

contrapartida, é verdade que os pintores, os desenhistas,

os gravadores, os escultores não são mais – como foram

até o século XIX – os únicos produtores de imagens.

LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo:

Editora 34, 1999 (fragmento).

A substituição pura e simples do antigo pelo novo ou do

natural pelo técnico tem sido motivo de preocupação de

muita gente. O texto encaminha uma discussão em torno

desse temor ao

(A) considerar as relações entre o conhecimento teórico

e o conhecimento empírico e acrescenta que novos

gêneros textuais surgiram com o progresso.

(B) observar que a língua escrita não é uma transcrição

fiel da língua oral e explica que as palavras antigas

devem ser utilizadas para preservar a tradição.

(C) perguntar sobre a razão de as pessoas visitarem

museus, exposições etc., e reafirma que os

fotógrafos são os únicos responsáveis pela produção

de obras de arte.

(D) reconhecer que as pessoas temem que o avanço

dos meios de comunicação, inclusive on-line,

substitua o homem e leve alguns profissionais ao

esquecimento.

(E) revelar o receio das pessoas em experimentar novos

meios de comunicação, com medo de se sentirem

retrógradas.

5. (ENEM-MEC)

Texto I

Época, 12 out. 2009 (adaptado).

Texto II

CONEXÃO SEM FIO NO BRASIL

Onde haverá cobertura de telefonia celular para baixar publicações para o Kindle

Época, 12 out. 2009.

A capa da revista Época de 12 de outubro de 2009 traz

um anúncio sobre o lançamento do livro digital no Brasil.

Já o texto II traz informações referentes à abrangência de

acessibilidade das tecnologias de comunicação e

informação nas diferentes regiões do país. A partir da

leitura dos dois textos, infere-se que o advento do livro

digital no Brasil

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(A) possibilitará o acesso das diferentes regiões do país

às informações antes restritas, uma vez que

eliminará as distâncias, por meio da distribuição

virtual.

(B) criará a expectativa de viabilizar a democratização

da leitura, porém, esbarra na insuficiência do acesso

à internet por meio da telefonia celular, ainda

deficiente no país.

(C) fará com que os livros impressos tornem-se

obsoletos, em razão da diminuição dos gastos com

os produtos digitais gratuitamente distribuídos pela

internet.

(D) garantirá a democratização dos usos da tecnologia

no país, levando em consideração as características

de cada região no que se refere aos hábitos de

leitura e acesso à informação.

(E) impulsionará o crescimento da qualidade da leitura

dos brasileiros, uma vez que as características do

produto permitem que a leitura aconteça a despeito

das adversidades geopolíticas.

6. (ENEM-MEC)

No programa do balé Parade, apresentado em 18 de

maio de 1917, foi empregada publicamente, pela primeira

vez, a palavra sur-realisme. Pablo Picasso desenhou o

cenário e a indumentária, cujo efeito foi tão

surpreendente que se sobrepôs à coreografia. A música

de Erik Satie era uma mistura de jazz, música popular e

sons reais tais como tiros de pistola, combinados com as

imagens do balé de Charlie Chaplin, caubóis e vilões,

mágica chinesa e Ragtime. Os tempos não eram

propícios para receber a nova mensagem cênica

demasiado provocativa devido ao repicar da máquina de

escrever, aos zumbidos de sirene e dínamo e aos

rumores de aeroplano previstos por Cocteau para a

partitura de Satie. Já a ação coreográfica confirmava a

tendência marcadamente teatral da gestualidade cênica,

dada pela justaposição, colagem de ações isoladas

seguindo um estímulo musical.

SILVA, S. M. O surrealismo e a dança. GUINSBURG, J.; LEIRNER

(Org.). O surrealismo. São Paulo: Perspectiva, 2008 (adaptado).

As manifestações corporais na história das artes da cena

muitas vezes demonstram as condições cotidianas de um

determinado grupo social, como se pode observar na

descrição acima do balé Parade, o qual reflete

(A) a falta de diversidade cultural na sua proposta

estética.

(B) a alienação dos artistas em relação às tensões da

Segunda Guerra Mundial.

(C) uma disputa cênica entre as linguagens das artes

visuais, do figurino e da música.

(D) as inovações tecnológicas nas partes cênicas,

musicais, coreográficas e de figurino.

(E) uma narrativa com encadeamentos claramente

lógicos e lineares.

7. (ENEM-MEC)

Teatro do Oprimido é um método teatral que

sistematiza exercícios, jogos e técnicas teatrais

elaboradas pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal,

recentemente falecido, que visa à desmecanização física

e intelectual de seus praticantes. Partindo do princípio de

que a linguagem teatral não deve ser diferenciada da que

é usada cotidianamente pelo cidadão comum (oprimido),

ele propõe condições práticas para que o oprimido se

aproprie dos meios do fazer teatral e, assim, amplie suas

possibilidades de expressão. Nesse sentido, todos

podem desenvolver essa linguagem e,

consequentemente, fazer teatro. Trata-se de um teatro

em que o espectador é convidado a substituir o

protagonista e mudar a condução ou mesmo o fim da

história, conforme o olhar interpretativo e contextualizado

do receptor.

Companhia Teatro do Oprimido. Disponível em:

< www.ctorio.org.br > (adaptado).

Considerando-se as características do Teatro do

Oprimido apresentadas, conclui-se que

(A) esse modelo teatral é um método tradicional de fazer

teatro que usa, nas suas ações cênicas, a linguagem

rebuscada e hermética falada normalmente pelo

cidadão comum.

(B) a forma de recepção desse modelo teatral se

destaca pela separação entre atores e público, na

qual os atores representam seus personagens e a

plateia assiste passivamente ao espetáculo.

(C) sua linguagem teatral pode ser democratizada e

apropriada pelo cidadão comum, no sentido de

proporcionar-lhe autonomia crítica para

compreensão e interpretação do mundo em que vive.

(D) o convite ao espectador para substituir o

protagonista e mudar o fim da história evidencia que

a proposta de Boal se aproxima das regras do teatro

tradicional para a preparação de atores.

(E) a metodologia teatral do Teatro do Oprimido segue a

concepção do teatro clássico aristotélico, que visa à

desautomação física e intelectual de seus

praticantes.

________________________________________________

*Anotações*

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8. (ENEM-MEC)

Disponível em: < http://algarveturistico.com >.

O desenvolvimento das capacidades físicas (qualidades

motoras passíveis de treinamento) ajuda na tomada de

decisões em relação à melhor execução do movimento.

A capacidade física predominante no movimento

representado na imagem é

(A) a velocidade, que permite ao músculo executar uma

sucessão rápida de gestos em movimentação de

intensidade máxima.

(B) a resistência, que admite a realização de

movimentos durante considerável período de tempo,

sem perda da qualidade da execução.

(C) a flexibilidade, que permite a amplitude máxima de

um movimento, em uma ou mais articulações, sem

causar lesões.

(D) a agilidade, que possibilita a execução de

movimentos rápidos e ligeiros com mudanças de

direção.

(E) o equilíbrio, que permite a realização dos mais

variados movimentos, com o objetivo de sustentar o

corpo sobre uma base.

9. (ENEM-MEC)

Jean-Baptiste Debret. Entrudo, 1834.

Na obra Entrudo, de Jean-Baptiste Debret (1768-1848),

apresentada acima,

(A) registram-se cenas da vida íntima dos senhores de

engenho e suas relações com os escravos.

(B) identifica-se a presença de traços marcantes do

movimento artístico denominado Cubismo.

(C) identificam-se, nas fisionomias, sentimentos de

angústia e inquietações que revelam as relações

conflituosas entre senhores e escravos.

(D) observa-se a composição harmoniosa e destacam-se

as imagens que representam figuras humanas.

(E) constata-se que o artista utilizava a técnica do óleo

sobre tela, com pinceladas breves e manchas, sem

delinear as figuras ou as fisionomias.

10. (ENEM-MEC)

MONET, C. Mulher com sombrinha. 1875, 100 × 81 cm. In: BECKETT, W. História da Pintura. São Paulo: Ática, 1997.

Em busca de maior naturalismo em suas obras e

fundamentando-se em novo conceito estético, Monet,

Degas, Renoir e outros artistas passaram a explorar

novas formas de composição artística, que resultaram no

estilo denominado Impressionismo. Observadores

atentos da natureza, esses artistas passaram a

(A) retratar, em suas obras, as cores que idealizavam de

acordo com o reflexo da luz solar nos objetos.

(B) usar mais a cor preta, fazendo contornos nítidos, que

melhor definiam as imagens e as cores do objeto

representado.

(C) retratar paisagens em diferentes horas do dia,

recriando, em suas telas, as imagens por eles

idealizadas.

(D) usar pinceladas rápidas de cores puras e

dissociadas diretamente na tela, sem misturá-las

antes na paleta.

(E) usar as sombras em tons de cinza e preto e com

efeitos esfumaçados, tal como eram realizadas no

Renascimento.

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11. (ENEM-MEC)

“Todas as manhãs quando acordo, experimento um

prazer supremo: o de ser Salvador Dalí.”

NÉRET, G. Salvador Dalí. Taschen, 1996.

Assim escreveu o pintor dos “relógios moles” e das

“girafas em chamas” em 1931. Esse artista excêntrico

deu apoio ao general Franco durante a Guerra Civil

Espanhola e, por esse motivo, foi afastado do movimento

surrealista por seu líder, André Breton. Dessa forma, Dalí

criou seu próprio estilo, baseado na interpretação dos

sonhos e estudos de Sigmund Freud, denominado

“método de interpretação paranoico”. Esse método era

constituído por textos visuais que demonstram imagens

(A) do fantástico, impregnado de civismo pelo governo

espanhol, em que a busca pela emoção e pela

dramaticidade desenvolveram um estilo

incomparável.

(B) do onírico, que misturava sonho com realidade e

interagia refletindo a unidade entre o consciente e o

inconsciente como um universo único ou pessoal.

(C) da linha inflexível da razão, dando vazão a uma

forma de produção despojada no traço, na temática e

nas formas vinculadas ao real.

(D) do reflexo que, apesar do termo “paranoico”, possui

sobriedade e elegância advindas de uma técnica de

cores discretas e desenhos precisos.

(E) da expressão e intensidade entre o consciente e a

liberdade, declarando o amor pela forma de conduzir

o enredo histórico dos personagens retratados.

12. (UFSCar-SP, adaptada)

Tropicália

Sobre a cabeça os aviões

Sob os meus pés os caminhões

Aponta contra os chapadões

Meu nariz

Eu organizo o movimento

Eu oriento o carnaval

Eu inauguro o monumento

No planalto central do país

Viva a Bossa, sa, sa

Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça

Viva a Bossa, sa, sa

Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça

O monumento

É de papel crepom e prata

Os olhos verdes da mulata

A cabeleira esconde

Atrás da verde mata

O luar do sertão

O monumento não tem porta

A entrada é uma rua antiga

Estreita e torta

E no joelho uma criança

Sorridente, feia e morta

Estende a mão

(...)

(Caetano Veloso)

No final da década de 1960, surgiu um movimento

musical no Brasil do qual participaram ativamente, dentre

outros, Gilberto Gil e Caetano Veloso – autor da letra de

música acima, que expressa muitas das propostas do

movimento. Essa tendência recebeu o nome de:

(A) Bossa Nova.

(B) Concretismo.

(C) Jovem Guarda.

(D) Tropicalismo.

(E) Semana de Arte Moderna.

13. (ENEM-MEC)

Antonio Rocco. Os imigrantes, 1910, Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Um dia, os imigrantes aglomerados na amurada da

proa chegavam à fedentina quente de um porto, num

silêncio de mato e de febre amarela. Santos. — É aqui!

Buenos Aires é aqui! — Tinham trocado o rótulo das

bagagens, desciam em fila. Faziam suas necessidades

nos trens dos animais onde iam. Jogavam-nos num

pavilhão comum em São Paulo. — Buenos Aires é aqui!

— Amontoados com trouxas, sanfonas e baús, num carro

de bois, que pretos guiavam através do mato por

estradas esburacadas, chegavam uma tarde nas

senzalas donde acabava de sair o braço escravo.

Formavam militarmente nas madrugadas do terreiro

homens e mulheres, ante feitores de espingarda ao

ombro.

Oswald de Andrade. Marco Zero II – Chão.

Rio de Janeiro: Globo, 1991.

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Levando-se em consideração o texto de Oswald de

Andrade e a pintura de Antonio Rocco reproduzida

acima, relativos à imigração europeia para o Brasil, é

correto afirmar que

(A) a visão da imigração presente na pintura é trágica e,

no texto, otimista.

(B) a pintura confirma a visão do texto quanto à

imigração de argentinos para o Brasil.

(C) os dois autores retratam dificuldades dos imigrantes

na chegada ao Brasil.

(D) Antonio Rocco retrata de forma otimista a imigração,

destacando o pioneirismo do imigrante.

(E) Oswald de Andrade mostra que a condição de vida

do imigrante era melhor que a dos ex-escravos.

14. (ENEM-MEC)

Cuitelinho

Cheguei na bera do porto

Onde as onda se espaia.

As garça dá meia volta,

Senta na bera da praia.

E o cuitelinho não gosta

Que o botão da rosa caia.

Quando eu vim da minha terra,

Despedi da parentaia.

Eu entrei em Mato Grosso,

Dei em terras paraguaia.

Lá tinha revolução,

Enfrentei fortes bataia.

A tua saudade corta

Como o aço de navaia.

O coração fica aflito,

Bate uma e outra faia.

E os oio se enche d’água

Que até a vista se atrapaia.

Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó.

BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua

materna. São Paulo: Parábola, 2004.

Transmitida por gerações, a canção Cuitelinho manifesta

aspectos culturais de um povo, nos quais se inclui sua

forma de falar, além de registrar um momento histórico.

Depreende-se disso que a importância em preservar a

produção cultural de uma nação consiste no fato de que

produções como a canção Cuitelinho evidenciam a

(A) recriação da realidade brasileira de forma ficcional.

(B) criação neológica na língua portuguesa.

(C) formação da identidade nacional por meio da

tradição oral.

(D) incorreção da língua portuguesa que é falada por

pessoas do interior do Brasil.

(E) padronização de palavras que variam regionalmente,

mas possuem mesmo significado.

15. (ENEM-MEC)

Figura 1

Disponível em: < http://www.numaboa.com >.

Figura 2

Disponível em: < http://www.poracaso.com >.

Figura 3

Disponível em: < http://www.decodificandocodigos.pbwiki.com >.

Figura 4

Disponível em: < http://www.numaboa.com >.

O homem desenvolveu seus sistemas simbólicos para

utilizá-los em situações específicas de interlocução. A

necessidade de criar dispositivos que permitissem o

diálogo em momentos e/ou lugares distintos levou à

adoção universal de alguns desses sistemas.

Considerando que a interpretação de textos codificados

depende da sintonia e da sincronia entre o emissor e o

receptor, pode-se afirmar que a

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(A) recepção das mensagens que utilizam o sistema

simbólico da figura 1 pode ser feita horas depois de

sua emissão.

(B) recepção de uma mensagem codificada com o

auxílio do sistema simbólico mostrado na figura 2

independe do momento de sua emissão.

(C) mensagem que é mostrada na figura 4 será

decodificada sem o auxílio da língua falada.

(D) figura 3 mostra um sistema simbólico cuja criação é

anterior à criação do sistema mostrado na figura 2.

(E) figura 4 representa um sistema simbólico que recorre

à utilização do som para a transmissão das

mensagens.

16. (ENEM-MEC)

Os signos visuais, como meios de comunicação, são

classificados em categorias de acordo com seus

significados. A categoria denominada indício corresponde

aos signos visuais que têm origem em formas ou

situações naturais ou casuais, as quais, devido à

ocorrência em circunstâncias idênticas, muitas vezes

repetidas, indicam algo e adquirem significado. Por

exemplo, nuvens negras indicam tempestade.

Com base nesse conceito, escolha a opção que

representa um signo da categoria dos indícios.

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

17. (ENEM-MEC)

A linguagem utilizada pelos chineses há milhares de

anos é repleta de símbolos, os ideogramas, que revelam

parte da história desse povo. Os ideogramas primitivos

são quase um desenho dos objetos representados.

Naturalmente, esses desenhos alteraram-se com o

tempo, como ilustra a seguinte evolução do ideograma

,

que significa cavalo e em que estão representados

cabeça, cascos e cauda do animal.

Considerando o processo mencionado acima, escolha a

sequência que poderia representar a evolução do

ideograma chinês para a palavra luta.

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 179

********** ATIVIDADES 2 **********

C3 Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade.

H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.

18. (ENEM-MEC)

Os vínculos entre o esporte e as guerras foram muito

estreitos. Há cem anos, na França, sociedades de

ginástica, de tiro e de esgrima se desenvolveram sob o

controle rígido do Exército. Cabia ao esporte preparar os

futuros quadros políticos do país. Atualmente o esporte

praticado pelas pessoas está mais relacionado ao lazer.

RAGACHE, G. Esportes e jogos. São Paulo:

Ática, 2001 (adaptado).

A partir da leitura do texto, pode-se inferir que, na

atualidade, a prática esportiva pessoal está mais

relacionada

(A) ao treinamento militar.

(B) à preparação de quadros políticos.

(C) ao interesse pela diversão.

(D) à participação nas Olimpíadas.

(E) às sociedades de ginástica e de esgrima.

19. (ENEM-MEC)

É bastante conhecida, no caso brasileiro, a história do

povo africano que, vivendo nas senzalas, inventou a

capoeira. Enquanto fingia estar dançando, treinava

golpes para defender-se dos seus opressores.

RAGACHE, G. Esportes e jogos. São Paulo:

Ática, 2001 (adaptado).

A partir da leitura do texto, é possível afirmar que os

povos

(A) copiam movimentos de outros lugares.

(B) criam movimentos relacionados às suas

necessidades.

(C) são incapazes de elaborar movimentos.

(D) se limitam aos movimentos que já conhecem.

(E) só se movimentam para se defender.

________________________________________________ *Anotações*

H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.

20. (ENEM-MEC)

Observe a charge e responda à questão.

< http://portaldearaguari.bIogspot.com >.

Assinale a alternativa correta.

(A) A charge satiriza o comportamento do jogador, que

não se preocupa com o próprio condicionamento

físico.

(B) A falta de uma bola de futebol, na charge, indica que

esta se refere, na verdade, a problemas políticos, e

não a problemas do futebol.

(C) A crítica maior da charge é feita à qualidade dos

times de futebol, representados pelos uniformes do

jogador.

(D) O fato de o autor não ter tirado das camisas de

uniforme as marcas patrocinadoras dos times mostra

crítica ao excesso de propaganda no futebol.

(E) A referência ao estilista do jogador mostra uma

crítica do autor da charge à invasão do mundo

fashion nos gramados, por meio de uniformes

estilizados.

H11

Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos.

21. (ENEM-MEC)

As pinturas corporais foram sempre muito utilizadas

pelos povos indígenas em rituais de festas, magias e

lutos. Atualmente vemos pessoas pintarem os rostos por

protesto político, como foi o caso dos estudantes

chamados de “caras-pintadas”. Também os torcedores

de futebol pintam no rosto a bandeira de seus times.

Com base nesses exemplos, pode-se concluir que tais

gestos representam diferentes formas de

(A) preconceitos.

(B) expressões culturais.

(C) manifestações esportivas.

(D) sentimentos religiosos.

(E) protestos políticos.

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*MÓDULO 3*

Literatura brasileira

Romantismo

RÉUNION DES MUSÉES NATIONAUX

Representação da Queda da Bastilha, evento que marcou a Revolução Francesa, auge do Iluminismo, movimento inspirador do Romantismo brasileiro

O indivíduo, com seus sentimentos e expectativas,

foi valorizado com o avanço da burguesia, a

decadência da monarquia e o triunfo dos valores

como a liberdade e a igualdade de direitos difundidos

pelo Iluminismo e pela Revolução Francesa.

O Romantismo foi a expressão desse individualismo.

A literatura romântica caracterizou-se pelo

egocentrismo, pela idealização e pela melancolia. No

Brasil, foi consolidado o sentimento de amor à pátria.

A poesia romântica brasileira divide-se em três

gerações:

A primeira geração é marcada pelo nacionalismo e

pelo indianismo.

A segunda geração, dos ultrarromânticos,

caracteriza-se pelo pessimismo e pelo desencanto

com a vida, sentimentos a que se refere a expressão

“mal do século”. É uma expressão também vinculada

às doenças pulmonares fatais, destacadamente a

tuberculose, que vitimavam os boêmios, entre eles

importantes nomes das artes nacionais e

internacionais.

A terceira geração somou à temática romântica as

questões sociais, entre elas a condenação das

desigualdades, como aquela determinada pela

escravidão.

A prosa romântica abordou essencialmente a mesma

temática explorada pela poesia do período no Brasil,

incluindo subjetividade, idealização, sentimentalismo,

nacionalismo e temática social. Nos romances, os

finais felizes ganharam espaço, atendendo à

expectativa do crescente público.

O romance brasileiro da época dividiu-se em três

gêneros principais:

O indianista valorizou o indígena como “bom

selvagem” e parte do mito fundador da identidade

nacional, em sua união com o colonizador europeu.

O urbano retratou o dia a dia e os eventos especiais,

como as festas, nas cidades. Alguns retrataram os

conflitos vividos pela sociedade burguesa, como o

dilema entre o interesse financeiro e o sentimento

amoroso.

O regionalista descreveu as diferentes áreas e

culturas do vasto território brasileiro, também em

busca de um mapeamento que ajudasse a criar uma

identidade nacional.

Uma obra se destaca do conjunto de romances do

período por descrever a sociedade de modo mais

realista, distanciando-se da idealização de

personagens e situações da sociedade burguesa:

Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel

Antônio de Almeida. A obra é construída em torno da

figura do malandro, que ressurgiria mais tarde em

vários romances brasileiros, como Macunaíma, de

Mário de Andrade, e Serafim Ponte Grande, de

Oswald de Andrade.

Realismo e Naturalismo

O avanço do conhecimento científico sobre a

natureza e as relações sociais a partir da segunda

metade do século XIX alimentou teorias cientificistas

e deterministas, ambiente que fomentou o

surgimento da literatura realista, atenta à condição

objetiva do ser humano em oposição à idealização

cultivada no Romantismo.

A crítica social foi outro aspecto essencial do

Realismo, com o uso da observação fria e

distanciada dos acontecimentos. O extremo da

postura cientificista na literatura foi o Naturalismo,

que procurou explicar o ser humano e sua situação

como resultado da raça, do ambiente e das

circunstâncias históricas.

Machado de Assis renovou a literatura brasileira com

a refinada ironia do texto e a originalidade da

narrativa, destacando-se o romance Memórias

Póstumas de Brás Cubas, no qual o narrador, depois

de morto, conta a história de sua vida. Em Portugal,

o grande nome da prosa realista foi Eça de Queirós,

que, assim como Machado de Assis, criticou os

costumes da elite burguesa da época.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 181

Parnasianismo e Simbolismo

O culto à forma foi o atributo fundamental do período

literário parnasiano, que surgiu e se consolidou no

cenário nacional nas últimas décadas do século XIX

(e continuaria influenciando o conceito de “bom

gosto” literário até a explosão do Modernismo, já na

segunda década do século XX). Os parnasianos

defendiam o retorno aos ideais clássicos da arte,

baseados na beleza greco-romana, equilíbrio e

objetividade. Reagiam contra o que chamavam de

excessos de fantasia e emoção do Romantismo. No

Brasil, Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de

Oliveira foram os principais autores do período e

formaram a “tríade parnasiana”.

Uma das pretensões fundamentais do Simbolismo

era a reintegração à natureza. O marco inaugural do

movimento foi a publicação, em 1857, de As Flores

do Mal, de Charles Baudelaire. Em

Correspondências, poema que integra o livro e que

influenciaria toda uma geração de autores, inclusive

no Brasil, o decifrar dos símbolos revelaria ao

homem a correspondência entre tudo no mundo,

matéria e espírito, homem e natureza. A sinestesia,

que estabelece vínculos entre sentidos diferentes, é

uma das figuras de linguagem mais utilizadas no

período. O discurso científico e materialista da época

foi posto em xeque pelos simbolistas.

A música, por seu caráter imaterial, fortemente

sugestivo, era uma das principais inspirações dos

simbolistas. Os autores do período buscavam a

aproximação entre literatura e música, pelo uso

recorrente de figuras de linguagem, como a

aliteração (repetições de sons consonantais) e a

assonância (repetição de sons vocálicos). Para os

simbolistas, só a sugestão era capaz de levar o

homem a intuir os mistérios do universo, como a

existência e a morte.

Cruz e Sousa foi o grande poeta simbolista brasileiro.

Os livros Missal (prosa) e Broquéis (poesia), de sua

autoria, inauguram o Simbolismo no Brasil, em 1893.

A poesia de Cruz e Sousa foi marcada pelos temas

da morte, da existência e da religiosidade e pela

predominância de imagens imprecisas e forte

musicalidade. Outro autor brasileiro de destaque foi

Alphonsus de Guimaraens, que tratou

frequentemente do tema da morte da mulher amada.

Pré-Modernismo

O nacionalismo foi uma das principais características

do Pré-Modernismo. Os autores desse período

literário defendiam a integração nacional ampla e

generosa e valorizavam os usos e costumes

brasileiros. Os pré-modernistas também fizeram da

literatura um instrumento de transformação social,

elegendo novas personagens (os pobres, de modo

geral) e denunciando e ironizando a ordem vigente.

Com a campanha de Canudos, Euclides da Cunha

chegou à conclusão: “O sertanejo é, antes de tudo,

um forte”. Revendo as teorias de superioridade de

raça e degenerescência social em vigor no começo

do século XX, o autor de Os Sertões reconheceu a

força genuína desse homem, vítima da pobreza, da

desnutrição, do analfabetismo, da doença.

Policarpo Quaresma, protagonista do romance Triste

Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, é

considerado o Dom Quixote brasileiro. Caracteriza-

-se, a exemplo da personagem do espanhol Miguel

de Cervantes, por seu idealismo e pela não

correspondência entre aquilo em que acredita e

aquilo que de fato é. Policarpo é defensor

apaixonado das coisas e da gente do Brasil,

sonhador de um país integrado e generoso.

Terminará a vida perseguido e desiludido, vítima

daqueles que sempre usaram o nome da pátria em

nome de vantagens pessoais.

Lima Barreto foi um dos defensores da nova atitude

preconizada pelos escritores pré-modernistas: a

adoção de uma linguagem mais coloquial, próxima

do cotidiano da população, contrária ao

academicismo vigente no Brasil. Por esse motivo,

Lima Barreto foi acusado, injustamente, de escrever

em mau português.

Monteiro Lobato foi também uma das principais

figuras do Pré-Modernismo. Ele revelou, por meio de

Jeca Tatu, personagem de conto do livro Urupês, a

situação de abandono do trabalhador rural e da

agricultura brasileira. Jeca Tatu era o símbolo do

caipira pobre, doente e desamparado. Lobato foi

também precursor de campanhas nacionalistas,

como a do petróleo brasileiro.

Augusto dos Anjos foi o maior destaque na poesia do

período. Publicou uma única obra: Eu.

Modernismo

Mário de Andrade e Oswald de Andrade foram os

principais teóricos e articuladores do movimento

modernista no Brasil, influenciados pelas vanguardas

artísticas europeias das duas primeiras décadas do

século XX, com destaque para o Cubismo, o

Dadaísmo e o Surrealismo.

Manuel Bandeira é o terceiro grande nome da

primeira geração do Modernismo brasileiro. O poema

Poética é uma síntese da nova sensibilidade

modernista, em oposição ao formalismo e

academicismo que vigoravam na arte.

A Semana de Arte Moderna foi o marco inaugural do

Modernismo no Brasil. Reuniu, no Teatro Municipal

de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de

1922, os novos artistas brasileiros. A arte moderna

provocou a reação irada de muitos na plateia, que

vaiaram.

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O nacionalismo também foi uma das características

do Modernismo brasileiro, mas com particularidades:

os modernistas defendiam a cultura brasileira, suas

tradições mais antigas e originais, sem idealização.

Era um nacionalismo crítico, capaz de valorizar as

qualidades brasileiras, como a cultura popular, e

também de apontar os vícios crônicos do país.

O romance de 30 foi uma das grandes realizações

da segunda geração do Modernismo, que vai de

1930 a 1945. Autores das mais diversas localidades

do país, como Graciliano Ramos, José Lins do Rego

e Érico Veríssimo, transformaram a literatura em

ferramenta de denúncia social, retratando problemas

da vida brasileira sem idealização, como retirantes

da seca. Empregaram linguagem que incorpora o

vocabulário e a sintaxe de suas personagens.

Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos, é a obra

mais popular da segunda geração do Modernismo (e

também a inspiração para um clássico do cinema

brasileiro, dirigido por Nelson Pereira dos Santos e

lançado em 1963). Revela a miséria de uma família

nordestina que foge da seca. Graciliano utilizou

linguagem concisa e direta, sem floreios, para

mimetizar a secura da vida sertaneja. Um dos

destaques da obra é o uso do discurso indireto livre,

que cria o efeito de monólogo interior e aproxima o

leitor dos dramas das personagens. Além disso, o

emprego das linguagens antropomórfica e

zoomórfica coloca homens e animais no mesmo

plano; ainda mais: animaliza os homens e humaniza

os animais, em especial a cadela Baleia.

O ciclo da cana-de-açúcar foi o grande tema de José

Lins do Rego. Seus romances retrataram a vida nos

engenhos do Nordeste e as oposições entre a casa-

-grande e a senzala. O livro que fecha o ciclo, Fogo

Morto, de 1943, mostra a derrocada do modo de

produção tradicional do açúcar, com a

industrialização e a chegada do sistema produtivo

das usinas. No Rio Grande do Sul, Érico Veríssimo

narrou a conturbada formação de seu estado, no

épico O Tempo e o Vento. Enquanto isso, seu

conterrâneo Dyonélio Machado se ocupou de temas

urbanos, de cunho psicológico.

A poesia de Carlos Drummond de Andrade lançou o

tema do gauchismo, isto é, do eu-lírico que não se

encaixa no mundo, vive em total descompasso com

ele. Seu livro de estreia, Alguma Poesia, de 1930,

representa essa fase gauche. Drummond foi também

o poeta engajado socialmente, como nas obras

Sentimento do Mundo e A Rosa do Povo. Depois,

adotou postura mais reflexiva, metafísica e filosófica,

como em Claro Enigma. A fase final de sua obra

poética é memorialista, como em Boitempo I e II.

A pesquisa estética foi uma das principais

características da terceira fase do Modernismo

brasileiro, a Geração de 45. Os autores do período

acompanham conquistas das gerações anteriores,

mas inovam nas formas artísticas de expressão.

Foi o alcance dado ao sertão de Minas Gerais o

grande destaque da obra do escritor João Guimarães

Rosa, principalmente em Grande Sertão: Veredas.

As questões em jogo no livro, como amor, amizade e

traição, dizem respeito a todos, independentemente

de serem vividas por jagunços.

Metalinguagem e fluxo de consciência são duas

características que distinguem a obra de Clarice

Lispector. O fluxo de consciência permite o

aprofundamento do exame psicológico da

personagem, levando o leitor para a “mente” delas.

João Cabral de Melo Neto foi o principal

representante da poesia do Modernismo da Geração

de 45. É reconhecido pelo estilo conciso e pelo apuro

formal de seus versos.

********** ATIVIDADES 1 **********

1. (ENEM-MEC)

Soneto

Já da morte o palor me cobre o rosto,

Nos lábios meus o alento desfalece,

Surda agonia o coração fenece,

E devora meu ser mortal desgosto!

Do leito embalde no macio encosto

Tento o sono reter!… já esmorece

O corpo exausto que o repouso esquece…

Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade,

Fazem que insano do viver me prive

E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!

Volve ao amante os olhos por piedade,

Olhos por quem viveu quem já não vive!

AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de

Janeiro: Nova Aguilar, 2000.

O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda

geração romântica, porém configura um lirismo que o

projeta para além desse momento específico. O

fundamento desse lirismo é

(A) a angústia alimentada pela constatação da

irreversibilidade da morte.

(B) a melancolia que frustra a possibilidade de reação

diante da perda.

(C) o descontrole das emoções provocado pela

autopiedade.

(D) o desejo de morrer como alívio para a desilusão

amorosa.

(E) o gosto pela escuridão como solução para o

sofrimento.

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2. (ENEM-MEC)

Pobre Isaura! Sempre e em toda parte esta contínua

importunação de senhores e de escravos, que não a

deixam sossegar um só momento! Como não devia viver

aflito e atribulado aquele coração! Dentro de casa

contava ela quatro inimigos, cada qual mais porfiado em

roubar-lhe a paz da alma, e torturar-lhe o coração: três

amantes, Leôncio, Belchior, e André, e uma êmula

terrível e desapiedada, Rosa. Fácil lhe fora repelir as

importunações e insolências dos escravos e criados; mas

que seria dela, quando viesse o senhor?!...

GUIMARÃES, B. A escrava Isaura. São Paulo:

Ática, 1995 (adaptado).

A personagem Isaura, como afirma o título do romance,

era uma escrava. No trecho apresentado, os sofrimentos

por que passa a protagonista

(A) assemelham-se aos das demais escravas do país, o

que indica o estilo realista da abordagem do tema da

escravidão pelo autor do romance.

(B) demonstram que, historicamente, os problemas

vividos pelas escravas brasileiras, como Isaura, eram

mais de ordem sentimental do que física.

(C) diferem dos que atormentavam as demais escravas

do Brasil do século XIX, o que revela o caráter

idealista da abordagem do tema pelo autor do

romance.

(D) indicam que, quando o assunto era o amor, as

escravas brasileiras, de acordo com a abordagem

lírica do tema pelo autor, eram tratadas como as

demais mulheres da sociedade.

(E) revelam a condição degradante das mulheres

escravas no Brasil, que, como Isaura, de acordo com

a denúncia feita pelo autor, eram importunadas e

torturadas fisicamente pelos seus senhores.

3. (ENEM-MEC)

O sertão e o sertanejo

Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos,

tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e

ressecado pelo ardor do sol transforma-se em vicejante

tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum

tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma

faúlha do seu isqueiro. Minando à surda na touceira,

queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer

aragem, por débil que seja, e levanta-se a língua de fogo

esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa e

vacilante os espaços imensos que se alongam diante

dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com

mais lentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo

até se extinguir de todo, deixando como sinal da

avassaladora passagem o alvacento lençol, que lhe foi

seguindo os velozes passos. Por toda a parte melancolia;

de todos os lados tétricas perspectivas. É cair, porém,

daí a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de

fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar às

pressas jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo

num trabalho íntimo de espantosa atividade. Transborda

a vida.

TAUNAY, A. Inocência. São Paulo:

Ática, 1993 (adaptado).

O romance romântico teve fundamental importância na

formação da ideia de nação. Considerando o trecho

acima, é possível reconhecer que uma das principais e

permanentes contribuições do Romantismo para

construção da identidade da nação é a

(A) possibilidade de apresentar uma dimensão

desconhecida da natureza nacional, marcada pelo

subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de

renovação.

(B) consciência da exploração da terra pelos

colonizadores e pela classe dominante local, o que

coibiu a exploração desenfreada das riquezas

naturais do país.

(C) construção, em linguagem simples, realista e

documental, sem fantasia ou exaltação, de uma

imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a

natureza brasileira.

(D) expansão dos limites geográficos da terra, que

promoveu o sentimento de unidade do território

nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes

do Brasil aos brasileiros.

(E) valorização da vida urbana e do progresso, em

detrimento do interior do Brasil, formulando um

conceito de nação centrado nos modelos da

nascente burguesia brasileira.

4. (ENEM-MEC)

No trecho a seguir, o narrador, ao descrever a

personagem, critica sutilmente um outro estilo de época:

o Romantismo.

Naquele tempo contava apenas uns quinze ou

dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da

nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não

digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as

mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que

o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às

sardas e espinhas; mas também não digo que lhe

maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era

bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele

feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro

indivíduo, para os fins secretos da criação.

Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Rio de Janeiro: Jackson,1957.

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador

ao Romantismo está transcrita na alternativa:

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(A) “... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos

às sardas e espinhas...”

(B) “... era talvez a mais atrevida criatura da nossa

raça...”

(C) “Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia

daquele feitiço, precário e eterno...”

(D) “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou

dezesseis anos...”

(E) “... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins

secretos da criação.”

5. (ENEM-MEC)

Capítulo III

Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e,

enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando

a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os

metais que amava de coração; não gostava de bronze,

mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e

assim se explica este par de figuras que aqui está na

sala: um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de

escolher, escolheria a bandeja, – primor de argentaria,

execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério.

Era espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o

aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse

que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e

não queria línguas estrangeiras em casa, o amigo Palha

insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados

brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que

ele queria pôr na sala, como um pedaço da província,

nem o pôde deixar na cozinha, onde reinava um francês,

Jean; foi degradado a outros serviços.

ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. V. 1.

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (fragmento).

Quincas Borba situa-se entre as obras-primas do autor e

da literatura brasileira. No fragmento apresentado, a

peculiaridade do texto que garante a universalização de

sua abordagem reside

(A) no conflito entre o passado pobre e o presente rico,

que simboliza o triunfo da aparência sobre a

essência.

(B) no sentimento de nostalgia do passado devido à

substituição da mão de obra escrava pela dos

imigrantes.

(C) na referência a Fausto e Mefistófeles, que

representam o desejo de eternização de Rubião.

(D) na admiração dos metais por parte de Rubião, que

metaforicamente representam a durabilidade dos

bens produzidos pelo trabalho.

(E) na resistência de Rubião aos criados estrangeiros,

que reproduz o sentimento de xenofobia.

6. (ENEM-MEC)

Cárcere das almas

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,

Soluçando nas trevas, entre as grades

Do calabouço olhando imensidades,

Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza

Quando a alma entre grilhões as liberdades

Sonha e, sonhando, as imortalidades

Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas

Nas prisões colossais e abandonadas,

Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,

que chaveiro do Céu possui as chaves

para abrir-vos as portas do Mistério?!

CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis:

Fundação Catarinense de Cultura / Fundação

Banco do Brasil, 1993.

Os elementos formais e temáticos relacionados ao

contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema

Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são

(A) a opção pela abordagem, em linguagem simples e

direta, de temas filosóficos.

(B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em

relação à temática nacionalista.

(C) o refinamento estético da forma poética e o

tratamento metafísico de temas universais.

(D) a evidente preocupação do eu-lírico com a realidade

social expressa em imagens poéticas inovadoras.

(E) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa

a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do

cotidiano.

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*Anotações*

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7. (ENEM-MEC)

Texto 1

O Morcego

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.

Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:

Na bruta ardência orgânica da sede,

Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

“Vou mandar levantar outra parede...”

Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho

E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,

Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego

A tocá-lo. Minh’alma se concentra.

Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!

Por mais que a gente faça, à noite, ele entra

Imperceptivelmente em nosso quarto!

ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.

Texto 2

O lugar-comum em que se converteu a imagem de um

poeta doentio, com o gosto do macabro e do horroroso,

dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o

olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo

certa frieza, certa impessoalidade científica.

CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia.

Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado).

Em consonância com os comentários do texto 2 acerca

da poética de Augusto dos Anjos, o poema O Morcego

apresenta-se, enquanto percepção do mundo, como

forma estética capaz de

(A) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos

banais são revestidos na poesia.

(B) expressar o caráter doentio da sociedade moderna

por meio do gosto pelo macabro.

(C) representar realisticamente as dificuldades do

cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho

existencial.

(D) abordar dilemas humanos universais a partir de um

ponto de vista distanciado e analítico acerca do

cotidiano.

(E) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de

elementos das histórias de horror e suspense na

estrutura lírica da poesia.

Textos para as questões 8 e 9.

O canto do guerreiro

Aqui na floresta

Dos ventos batida,

Façanhas de bravos

Não geram escravos,

Que estimem a vida

Sem guerra e lidar.

— Ouvi-me, Guerreiros,

— Ouvi meu cantar.

Valente na guerra,

Quem há, como eu sou?

Quem vibra o tacape

Com mais valentia?

Quem golpes daria

Fatais, como eu dou?

— Guerreiros, ouvi-me;

— Quem há, como eu sou?

(Gonçalves Dias)

Macunaíma (Epílogo)

Acabou-se a história e morreu a vitória.

Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na

tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um

em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares,

aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-

barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão

do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio

Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia

nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão

pançudos. Quem podia saber do Herói?

(Mário de Andrade)

8. (ENEM-MEC)

A leitura comparativa dos dois textos acima indica que

(A) ambos têm como tema a figura do indígena brasileiro

apresentada de forma realista e heróica, como

símbolo máximo do nacionalismo romântico.

(B) a abordagem da temática adotada no texto escrito

em versos é discriminatória em relação aos povos

indígenas do Brasil.

(C) as perguntas “— Quem há, como eu sou?” (1.º texto)

e “Quem podia saber do Herói?” (2.º texto)

expressam diferentes visões da realidade indígena

brasileira.

(D) o texto romântico, assim como o modernista, aborda

o extermínio dos povos indígenas como resultado do

processo de colonização no Brasil.

(E) os versos em primeira pessoa revelam que os

indígenas podiam expressar-se poeticamente, mas

foram silenciados pela colonização, como demonstra

a presença do narrador, no segundo texto.

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9. (ENEM-MEC)

Considerando-se a linguagem desses dois textos,

verifica-se que

(A) a função da linguagem centrada no receptor está

ausente tanto no primeiro quanto no segundo texto.

(B) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial,

enquanto, no segundo, predomina a linguagem

formal.

(C) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo

menos uma palavra de origem indígena.

(D) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se

na forma de organização da linguagem e, no

segundo, no relato de informações reais.

(E) a função da linguagem centrada na primeira pessoa,

predominante no segundo texto, está ausente no

primeiro.

10. (ENEM-MEC)

Erro de português

Quando o português chegou

Debaixo de uma bruta chuva

Vestiu o índio

Que pena!

Fosse uma manhã de Sol

O índio tinha despido

O português.

Oswald de Andrade. Poesias reunidas. Rio

de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

O primitivismo observável no poema acima, de Oswald

de Andrade, caracteriza de forma marcante

(A) o regionalismo do Nordeste.

(B) o concretismo paulista.

(C) a poesia Pau-Brasil.

(D) o simbolismo pré-modernista.

(E) o tropicalismo baiano.

11. (ENEM-MEC)

Namorados

O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:

— Antônia, ainda não me acostumei com o seu

[ corpo, com a sua cara.

A moça olhou de lado e esperou.

— Você não sabe quando a gente é criança e de

[ repente vê uma lagarta listrada?

A moça se lembrava:

— A gente fica olhando...

A meninice brincou de novo nos olhos dela.

O rapaz prosseguiu com muita doçura:

— Antônia, você parece uma lagarta listrada.

A moça arregalou os olhos, fez exclamações.

O rapaz concluiu:

— Antônia, você é engraçada! Você parece louca.

Manuel Bandeira. Poesia completa & prosa.

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.

No poema de Bandeira, importante representante da

poesia modernista, destaca-se como característica da

escola literária dessa época

(A) a reiteração de palavras como recurso de construção

de rimas ricas.

(B) a utilização expressiva da linguagem falada em

situações do cotidiano.

(C) a criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo

do tema abordado.

(D) a escolha do tema do amor romântico, caracterizador

do estilo literário dessa época.

(E) o recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do

Realismo.

12. (ENEM-MEC)

Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a

carta de Pero Vaz de Caminha.

A terra é mui graciosa,

Tão fértil eu nunca vi.

A gente vai passear,

No chão espeta um caniço,

No dia seguinte nasce

Bengala de castão de oiro.

Tem goiabas, melancias,

Banana que nem chuchu.

Quanto aos bichos, tem-nos muito,

De plumagens mui vistosas.

Tem macaco até demais

Diamantes tem à vontade

Esmeralda é para os trouxas.

Reforçai, Senhor, a arca,

Cruzados não faltarão,

Vossa perna encanareis,

Salvo o devido respeito.

Ficarei muito saudoso

Se for embora daqui.

Murilo Mendes. Murilo Mendes — poesia completa

e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse

poema, criando um efeito de contraste, como ocorre em

(A) “A terra é mui graciosa” / “Tem macaco até demais”.

(B) “Salvo o devido respeito” / “Reforçai, Senhor, a arca”.

(C) “A gente vai passear” / “Ficarei muito saudoso”.

(D) “De plumagens mui vistosas” / “Bengala de castão de

oiro”.

(E) “No chão espeta um caniço” / “Diamantes tem à

vontade”.

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*Anotações*

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13. (ENEM-MEC)

No poema “Procura da poesia”, Carlos Drummond de

Andrade expressa a concepção estética de se fazer com

palavras o que o escultor Michelângelo fazia com

mármore. O fragmento abaixo exemplifica essa

afirmação.

(...)

Penetra surdamente no reino das palavras.

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.

(...)

Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma

tem mil faces secretas sob a face neutra

e te pergunta, sem interesse pela resposta,

pobre ou terrível, que lhe deres:

trouxeste a chave?

Carlos Drummond de Andrade. A rosa do povo.

Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 13-14.

Esse fragmento poético ilustra o seguinte tema constante

entre autores modernistas:

(A) a nostalgia do passado colonialista revisitado.

(B) a preocupação com o engajamento político e social

da literatura.

(C) o trabalho quase artesanal com as palavras,

despertando sentidos novos.

(D) a produção de sentidos herméticos na busca da

perfeição poética.

(E) a contemplação da natureza brasileira na perspectiva

ufanista da pátria.

14. (ENEM-MEC)

Texto I

Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o

segurava era a família. Vivia preso como um novilho

amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não

fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não.

(...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço.

Deveria continuar a arrastá-los? Sinha Vitória dormia mal

na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o

pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um

patrão invisível, seriam pisados, maltratados,

machucados por um soldado amarelo.

Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo:

Martins, 23.ª ed., 1969, p. 75.

Texto II

Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro,

enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma

tentativa de incorporação dessa figura no campo da

ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis

soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas,

elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca,

uma constituição de narrador em que narrador e criaturas

se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o

debate acontece porque, para a intelectualidade

brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de

aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto

como um ser humano de segunda categoria, simples

demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente

complexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não

envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta

de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam

plenamente capazes.

Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa.

São Paulo: USP, n.º 2, 2001, p. 254.

A partir do trecho de Vidas Secas (texto I) e das

informações do texto II, relativas às concepções artísticas

do romance social de 1930, avalie as seguintes

afirmativas.

I. O pobre, antes tratado de forma exótica e

folclórica pelo regionalismo pitoresco,

transforma-se em protagonista privilegiado do

romance social de 30.

II. A incorporação do pobre e de outros

marginalizados indica a tendência da ficção

brasileira da década de 30 de tentar superar a

grande distância entre o intelectual e as

camadas populares.

III. Graciliano Ramos e os demais autores da

década de 30 conseguiram, com suas obras,

modificar a posição social do sertanejo na

realidade nacional.

É correto apenas o que se afirma em

(A) I.

(B) II.

(C) III.

(D) I e II.

(E) II e III.

15. (ENEM-MEC)

No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese

de que no Brasil havia duas literaturas independentes

dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul,

regiões segundo ele muito diferentes por formação

histórica, composição étnica, costumes, modismos

linguísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais

que publicou o título geral de Literatura do Norte. Em

nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou

mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em

verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as

características locais.

CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e

outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003.

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Com relação à valorização, no romance regionalista

brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas

regiões nacionais, sabe-se que

(A) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela

temática essencialmente urbana, colocando em

relevo a formação do homem por meio da mescla de

características locais e dos aspectos culturais

trazidos de fora pela imigração europeia.

(B) José de Alencar, representante, sobretudo, do

romance urbano, retrata a temática da urbanização

das cidades brasileiras e das relações conflituosas

entre as raças.

(C) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo

acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo

temário local, expressando a vida do homem em face

da natureza agreste, e assume frequentemente o

ponto de vista dos menos favorecidos.

(D) a literatura urbana brasileira, da qual um dos

expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a

formação do homem brasileiro, o sincretismo

religioso, as raízes africanas e indígenas que

caracterizam o nosso povo.

(E) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes

Neto e Jorge Amado são romancistas das décadas

de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a

problemática do homem urbano em confronto com a

modernização do país promovida pelo Estado Novo.

16. (ENEM-MEC)

Texto I

Logo depois transferiram para o trapiche o depósito

dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava.

Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não

mais estranhas, porém, que aqueles meninos, moleques

de todas as cores e de idades as mais variadas, desde

os nove aos dezesseis anos, que à noite se estendiam

pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam,

indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando,

indiferentes à chuva que muitas vezes os lavava, mas

com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os

ouvidos presos às canções que vinham das

embarcações...

AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia

das Letras, 2008 (fragmento).

Texto II

À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do

mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro – ali os

bêbados são felizes. Curitiba os considera animais

sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e

pirão. No trivial contentavam-se com as sobras do

mercado.

TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos.

Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento).

Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são

exemplos de uma abordagem literária recorrente na

literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos,

(A) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos

personagens marginalizados.

(B) a ironia marca o distanciamento dos narradores em

relação aos personagens.

(C) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela

a sua origem social.

(D) o espaço onde vivem os personagens é uma das

marcas de sua exclusão.

(E) a crítica à indiferença da sociedade pelos

marginalizados é direta.

17. (ENEM-MEC)

Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil

com uma mostra que abalou a cultura nacional do início

do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa,

Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho no

Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro

Lobato. Com a intenção de criar uma arte que

valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros

artistas modernistas

(A) buscaram libertar a arte brasileira das normas

acadêmicas europeias, valorizando as cores, a

originalidade e os temas nacionais.

(B) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até

então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação

artística nacional.

(C) representaram a ideia de que a arte deveria copiar

fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática

educativa.

(D) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras

retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada

à tradição acadêmica.

(E) buscaram a liberdade na composição de suas

figuras, respeitando limites de temas abordados.

18. (ENEM-MEC)

O poema abaixo pertence à poesia concreta brasileira. O

termo latino de seu título significa “epitalâmio”, poema ou

canto em homenagem aos que se casam.

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Considerando que símbolos e sinais são utilizados

geralmente para demonstrações objetivas, ao serem

incorporados no poema “Epithalamium - II”,

(A) adquirem novo potencial de significação.

(B) eliminam a subjetividade do poema.

(C) opõem-se ao tema principal do poema.

(D) invertem seu sentido original.

(E) tornam-se confusos e equivocados.

19. (ENEM-MEC)

Quem não passou pela experiência de estar lendo um

texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros?

Os textos conversam entre si em um diálogo constante.

Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade.

Leia os seguintes textos:

I. Quando nasci, um anjo torto

Desses que vivem na sombra

Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida

Carlos Drummond de Andrade. Alguma

poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964.

II. Quando nasci veio um anjo safado

O chato dum querubim

E decretou que eu tava predestinado

A ser errado assim

Já de saída a minha estrada entortou

Mas vou até o fim.

Chico Buarque. Letra e Música.

São Paulo: Cia. das Letras, 1989.

III. Quando nasci um anjo esbelto

Desses que tocam trombeta, anunciou:

Vai carregar bandeira.

Carga muito pesada pra mulher

Esta espécie ainda envergonhada.

Adélia Prado. Bagagem. Rio

de Janeiro: Guanabara, 1986.

Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem

intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de

Andrade, por

(A) reiteração de imagens.

(B) oposição de ideias.

(C) falta de criatividade.

(D) negação dos versos.

(E) ausência de recursos.

*Anotações*

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 190

********** ATIVIDADES 2 **********

C8

Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.

H27 Reconhecer os usos da norma-padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.

Observe o anúncio publicitário abaixo, publicado na

revista Le lis blanc (São Paulo, dez. 2004), e responda às

duas próximas questões.

saia de saia

Sim, elas estão com tudo: com flores imensas ou bem miúdas,

lisas, com pregas, rodadas e muito balanço

20. (ENEM-MEC)

No anúncio publicitário acima, ocorreu um caso de

homonímia perfeita, ou seja, palavras de mesma grafia,

mesma pronúncia, sentidos diferentes.

Assinale, dentre os itens seguintes, aqueles que

possuem a mesma caracterização semântica e depois

marque a alternativa adequada.

I. A dança de acasalamento do animal lembra a

maneira como o jovem dança neste momento.

II. A taxa cobrada pelo serviço taxa apenas as

pessoas de baixa renda.

III. O primeiro passo é dirigir-se ao paço municipal

para receber as orientações.

IV. Os devotos de São Tomás de Aquino são

extremamente fervorosos.

V. Na Capital Federal, a descriminação do senador

gerou manifestações contra a discriminação das

pessoas.

(A) Há homônimos perfeitos apenas nos itens I e II.

(B) Há homônimos perfeitos apenas nos itens I, II e III.

(C) Há homônimos perfeitos apenas nos itens II, III e IV.

(D) Há homônimos perfeitos apenas nos itens I, II e IV.

(E) Há homônimos perfeitos em todos os itens.

21. (ENEM-MEC)

Tendo como referência o anúncio publicitário acima,

marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as proposições

abaixo.

I. A preposição “com”, utilizada no texto

publicitário, orienta para uma relação semântica

de conteúdo, sendo que a expressão “estão com

tudo” pode ser substituída por “possuem” sem

que se prejudiquem a coerência e a correção

gramatical do texto.

II. No texto, o termo “rodadas” foi mal empregado,

uma vez que não mantém o paralelismo da

enumeração introduzida pelos dois-pontos, não

admitindo a preposição “com” na ligação com

seu termo regente.

III. No texto, os termos “imensas” e “miúdas” são

considerados antônimos, já que expressam

características opostas, em que um pode ser

empregado pelo oposto do outro.

Assinale a alternativa correta.

(A) Apenas a proposição I é verdadeira.

(B) Apenas a proposição III é verdadeira.

(C) Apenas as proposições II e III são verdadeiras.

(D) Apenas as proposições I e III são verdadeiras.

(E) Todas as proposições são verdadeiras.

22. (ENEM-MEC)

A figura a seguir trata da “taxa de desocupação” no

Brasil, ou seja, a proporção de pessoas desocupadas em

relação à população economicamente ativa de uma

determinada região em um recorte de tempo.

Disponível em: < http://www.ibge.gov.br > (adaptado).

A norma-padrão da língua portuguesa está respeitada,

na interpretação do gráfico, em:

(A) Durante o ano de 2008, foi em geral decrescente a

taxa de desocupação no Brasil.

(B) Nos primeiros meses de 2009, houveram acréscimos

na taxa de desocupação.

(C) Em 12/2008, por ocasião das festas, a taxa de

desempregados foram reduzidos.

(D) A taxa de pessoas desempregadas em 04/08 e

02/09, é estatisticamente igual: 8,5.

(E) Em março de 2009 as taxas tenderam à piorar: 9

entre 100 pessoas desempregadas.

________________________________________________

*Anotações*

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCT Português 191

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SITES

http://www.inep.gov.br

http://www.google.com.br

http://www.uol.com.br

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

COORDENAÇÃO DE ENSINO MÉDIO

______________ ORGANIZAÇÃO

BIOLOGIA

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